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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICO-QUÍMICA E QUÍMICA ANALÍTICA
RELATÓRIO DE FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL II

ADSORÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO PELO CARVÃO ATIVO

TELLIN DINO NOGUEIRA VIEIRA

FORTALEZA - CE
2023
TELLIN DINO NOGUEIRA VIEIRA

RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA: ADSORÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO PELO


CARVÃO ATIVO

Relatório da aula prática sobre


ADSORÇÃO DO ÁCIDO ACÉTICO
PELO CARVÃO ATIVO realizada
no dia 03 de maio de 2023. Curso
de Química Bacharelado da
Universidade Federal do Ceará –
UFC- Campus do Pici.

FORTALEZA - CEARÁ
2023
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RESUMO
O experimento tem como objetivos avaliar á influência da temperatura e a
concentração na adsorção do ácido acético em carvão ativo, e se o processo
segue a Isoterma de FREUNDLISH.
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1. INTRODUÇÃO

A adsorção é um fenômeno físico-químico onde uma substância, sendo ela


líquida ou gasosa, interage com a superfície de um sólido. As espécies que
interagem com a superfície são chamados adsorvatos ou adsorbatos, enquanto que
a fase sólida que retém o adsorvato é chamada adsorvente ou adsorbente. A
migração destes componentes de uma fase para outra tem como força motriz a
diferença de concentrações entre o seio do fluido e a superfície do adsorvente.
Usualmente o adsorvente é composto de partículas que são empacotadas em um
leito fixo por onde passa a fase fluida continuamente até que não haja mais
transferência de massa. Como o adsorvato concentra-se na superfície do
adsorvente, quanto maior for esta superfície, maior será a eficiência da adsorção
(VALENCIA, 2006).
A adsorção pode ser classificada em adsorção física e adsorção química
dependendo da natureza das forças envolvidas. Na adsorção física, a ligação do
adsorvato à superfície do adsorvente envolve uma interação relativamente fraca que
pode ser atribuída às forças de Van der Waalls ou disperssão de London, que são
similares às forças de coesão molecular. A energia liberada quando uma molécula é
adsorvida fisicamente é relativamente menor em relação a química. Estas energias
pequenas essa perda gradual de energia faz com que a molécula seja adsorvida por
um processo denominado acomodação. A entalpia da adsorção física pode ser
medida pela determinação da elevação da temperatura de uma amostra de
capacidade calorífica conhecida, sendo valores típicos por volta de -22 kJ mol -1
Diferentemente, a quimissorção, a qual envolve a troca ou partilha de elétrons entre
as moléculas do adsorvato e a superfície do adsorvente, resultando em uma reação
química. Isso resulta essencialmente numa nova ligação química (usualmente
covalente) e, portanto, bem mais forte que no caso da fisissorção. Em relação a
entalpia de adsorção a química também possui um valor bem superior a física tendo
valores por volta de -200 kJmol-1. A distância entre molécula e superfície de
adsorvente também são menores tornando a ligação mais forte. (ATKINS; PAULA,
2009)
A aplicação industrial dos materiais carbonosos porosos, como o carvão ativo se
baseia principalmente em suas propriedades texturais e em sua natureza química,
portanto, a sua caracterização destes materiais é de grande importância. O carvão
ativo vem sendo usado em larga escala nos últimos tempos para as mais variadas
finalidades que vão desde seu uso em cosméticos, produtos de higiene, como é o
caso de sabonetes e enxaguantes bucais, bem como suas aplicações industriais e
no tratamentos de água e efluentes. (VALENCIA, 2006).
A interação adsorvato/adsorvente na adsorção física é uma função da polaridade
da superfície do sólido e da adsortividade. O caráter não polar da superfície no
carvão ativado é fator preponderante na adsorção de moléculas não polares por um
mecanismo não específico, podendo ser incrementada pela adequada modificação
da natureza química da superfície do carvão (por exemplo: oxidação), desde que
este produza um incremento na interação superfície-adsorvato. (VALENCIA, 2006).
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Para a observação de um fenômeno de adsorção de um determinado composto


com outro tende de se levar em consideração a natureza do tanto do adsorvato
quanto a do adsorvente, pois as características dos mesmos influenciam
diretamente no processo de adsorção. Tomamos como exemplo de adsorção em
superfícies metálicas e em superfícies porosas, como é o caso do carvão ativo
utilizado nesse experimento. Podemos observar como mostrado na figura abaixo
que o adsorvato interage de maneiras distintas durante o processo em cada região.
1- Transporte no seio da solução envolve o movimento do material Figura 1- Passos da adsorção
(substância) a ser adsorvido (adsorvato) através do seio da solução
líquida para a camada-limite ou filme fixo de líquido existente ao redor
da partícula sólida do adsorvente.

2- Transporte por difusão através da camada limite corresponde ao


transporte do adsorvato por difusão através da camada limite até a
entrada dos poros do adsorvente (difusão externa).

3- Transporte através dos poros envolve o transporte do adsorvato através


dos poros da partícula por uma combinação de difusão
molecular através do líquido contido no interior dos poros e difusãoao
longo da superfície do adsorvente (difusão interna).

4- Adsorção, ligação do adsorvato em um sítio disponível do adsorvente,


envolvendo vários mecanismos, tais como: adsorção física, adsorção
química, troca iônica, precipitação, complexação.
Fonte: VALENCIA, 2006

Isotermas de adsorção são equações matemáticas usadas para descrever, em


termos quantitativos, a adsorção de solutos por sólidos, a temperaturas constantes.
Uma isoterma de adsorção mostra a quantidade de um determinado soluto
adsorvida por uma superfície adsorvente, em função da concentração de equilíbrio
do soluto. A técnica usada para gerar os dados de adsorção é, a princípio, bastante
simples, pois uma quantidade conhecida do soluto é adicionada ao sistema
contendo uma quantidade conhecida de adsorvente. Admite-se que a diferença
entre a quantidade adicionada e a remanescente na solução encontra-se adsorvida
na superfície adsorvente (ALLEONI et all, 1998).
Usualmente têm-se duas equações de adsorção que são utilizadas para
descrever a adsorção em superfícies. A equação de Langmuir, que foi inicialmente
utilizada para descrever a adsorção de gases em superfícies sólidas, baseiando-se
em três suposições: (a) a superfície de adsorção é homogênea, isto é, a adsorção é
constante e independente da extensão da cobertura da superfície; (b) a adsorção
ocorre em sítios específicos, sem interação com as moléculas do soluto; (c) a
adsorção torna-se máxima quando uma camada monomolecular cobre totalmente a
superfície do adsorvente. A forma mais comum da equação de Langmuir é:
x/m = KL.C.bL / 1 + KL.C
em que x/m é a massa de soluto por unidade de massa do adsorvente, K L é a
constante relacionada à energia de ligação soluto-superfície adsorvente, C é a
concentração de equilíbrio do soluto e b L é a quantidade máxima de soluto que pode
ser adsorvida, o que ocorre após a formação de uma camada monomolecular
completa (ALLEONI et all, 1998).
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O segundo modelo que é utilizado para descrever fenômenos de adsorção é o de


Freundlich, segundo a qual os dados de adsorção para soluções muito diluídas
podem ser assim representados:
x/m = K.C1/n
onde: x/m= massa adsorvida por unidade de massa, m, do adorvente;
C= concentração da solução no equilíbrio;
n= constante maior que a unidade, sendo característica do sistema
K= outra constante empírica do sistema
em que K e n são constantes experimentais, e os outros termos são os mesmos
da equação de Langmuir. A equação de Freundlich sugere que a energia de
adsorção diminui logaritmicamente, à medida que se forma uma camada de
adsorvato na superfície do adsorvente, o que a diferencia da equação de Langmuir,
uma vez que para Langmuir umaa superfície homogênea é preenchida de maneira
uniforme. O modelo de Freundlich pode ser derivado teoricamente ao se considerar
que o decréscimo na energia de adsorção com o aumento da superfície coberta pelo
soluto é devido à superfície heterogênea do adsorvente (ALLEONI et all, 1998).
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2. OBJETIVOS
2.1 - GERAL :
2.1.1- Verificar o processo de absorção do ácido acético sobre o carvão ativado.
2.2 – ESPECÍFICOS:
2.2.1- Determinar a influência das concentrações de ácido acético sobre o
processo de absorção do carvão ativado;
2.2.2- Avaliar o efeito da temperatura sobre o processo de adsorção.

3. MATERIAIS E REAGENTES

 5 erlenmeyers de 125 mL;


 1 bureta de 25 mL;
 1 pipeta volumétrica de 10 mL;
 Carvão ativo;
 Banho termostatizado;
 Soluções de Àcido acético nas concentrações 0,05; 0,1; 0,2; 0,3 e 0,5 mols
dm3;
 Solução de NaOH 0,0123 M;
 Funil de vidro;
 Papel filtro;
 Pêra de sucção;
 Água destilada;
 Suporte para bureta;
 Fenolftaleína.
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4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Em cinco erlenmeyers secos numerados de 1 a 5 de 125 mL pesou-se


cerca de 1 g de carvão. Em seguida adicionou-se 50 mL de cada solução de
ácido acético nas concentrações 0,05; 0,1; 0,2; 0,3 e 0,5 mols dm3, com o
auxílio de uma pipeta volumétrica. Como mostra a tabela abaixo:
Tabela 1 – Massas de carvão ativo pesadas para cada concentração de ácido acético e temperatura.

Concentração de
ácido acético Massa de carvão (g)
mol/dm3
20°C 25°C 40°C
0,05 0,9953 1,0338 1,0006
0,1 1,0232 1,0128 1,0022
0,2 1,0124 1,0214 1,0358
0,3 1,0146 1,012 1,0008
0,5 1,0097 1,0327 1,005

Deixaram-se as soluções de ácido acético em contato com o carvão


durante trinta minutos, com agitação ocasional, em banho termostático em
temperaturas constantes de 20, 25 e 40 °C. Ao termino do tempo filtrou-se as
soluções em papel filtro em funil de vidro, sendo coletado o filtrado em
erlenmeyers previamente identificados de acordo com cada concentração e
temperatura.
Colheu-se uma alíquota de 10 mL de cada filtrado, em seguida titulou-
se as soluções com NaOH 0,1023 M adicionando 3 gotas de fenolftaleína
como indicador. Anotou-se os volumes (V 0) gastos em cada titulação nas
tabelas abaixo de acordo com suas respectivas temperaturas.

Tabela 2- Influência da temperatura na adsorção de ácido acético em carvão ativo

Solução V0 V V0-V log(V0-V) log V


0,05 4,45 2,2 2,25 0,3521825 0,3424227
0,1 9,2 5,9 3,3 0,5185139 0,7708520
0,2 18,9 14,2 4,7 0,6720979 1,1522883
0,3 28,5 23,8 4,7 0,6720979 1,3765770
0,5 47,7 41,5 6,2 0,7923917 1,6180481
T = 20 °C
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Tabela 3-Influência da temperatura na adsorção de ácido acético em carvão ativo

Solução V0 V V0-V log(V0-V) log V


0,05 4,45 2,1 2,35 0,3710679 0,3222193
0,1 9,2 6,2 3 0,4771213 0,7923917
0,2 18,9 14,3 4,6 0,6627578 1,1553360
0,3 28,5 24,1 4,4 0,6434527 1,3820170
0,5 47,7 42,3 5,4 0,7323938 1,6263404
25°C

Tabela 4- Influência da temperatura na adsorção de ácido acético em carvão ativo

Solução V0 V V0-V log(V0-V) log V


0,05 4,45 3,1 1,35 0,1303338 0,4913617
0,1 9,2 6,8 2,4 0,3802112 0,8325089
0,2 18,9 16,45 2,45 0,3891661 1,2161659
0,3 28,5 25,3 3,2 0,5051500 1,4031205
0,5 47,7 45,1 2,6 0,4149733 1,6541765
40°C

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1- Experimento a 20°C


As concentrações de ácido acético para cada concentração podem ser pela relação
M1V1=M2V2
0,05V1= 0,1023x 2,2 = 4,5 mL
Isso quer dizer que da alíquota de 10 mL 4,5mL de ácido acético foram
neutralizados, como o volume inicial era de 50 mL, temos que 22,5 mL de àcido
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acético não foi adsorvido, restando 27,5 ml de ácido acético teoricamente foram
adsorvidos no carvão ativo.

A partir dos dados da tabela 02 elaborou-se o seguinte gráfico.


Figura 2- Representação gráfica do experimento a 20° C

T = 20 °C
0.9000000
0.8000000
0.7000000 f(x) = 0.332190002266465 x + 0.251980393923034
0.6000000 R² = 0.973347513990786
log (V0-V)

0.5000000 T = 20 °C
0.4000000
Linear (T = 20 °C)
0.3000000
0.2000000
0.1000000
0.0000000
0.0000000 0.5000000 1.0000000 1.5000000 2.0000000
log V

Pelo o coeficiente angular da reta podemos calcular 1/n, onde m= 0,332, logo
m=1/n
n=1/0,332= 3,01
Para o cálculo de K utilizaremos a seguinte relação
Log(C0-C)= logK+ log (m/V) + (1/n)log C
Log k= 0,603560275
k= 4,013842018

5.2- Experimento a 25°C


Figura 3- Representação gráfica do experimento a 25° C

T = 25 °C
0.8000000
0.7000000 f(x) = 0.28231279435972 x + 0.279332102280506
0.6000000 R² = 0.947160606634103
0.5000000
log (V0-V)

0.4000000 T = 25 °C
0.3000000 Linear (T = 25 °C)
0.2000000
0.1000000
0.0000000
0.0000000 0.5000000 1.0000000 1.5000000 2.0000000
log V
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5.2- Experimento 40°C

T = 40 °C
0.6000000
0.5000000
0.4000000 f(x) = 0.248470337241354 x + 0.0858126121208845
log (V0-V)

R² = 0.674674436074728
0.3000000 T = 40 °C
0.2000000 Linear (T = 40 °C)
0.1000000
0.0000000
0.0000000 0.5000000 1.0000000 1.5000000 2.0000000

log V
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6. CONCLUSÃO
Pode-se concluir a partir desse experimento que a adsorção do ácido acético
em carvão ativo possui uma forte tendência a seguir o modelo proposto por
Freundlich devido a linearidade do modelo, podesse observar no gráfico de log (V0-
V) versus logV que as temperaturas de 20 e 25° C tivemos um maior favorecimento
da adsorção, diferentemente da temperatura de 40° C onde podesse constatar uma
falta de linearidade no gráfico de log (V0-V) versus logV, mostrando que temos um
desfavorecimento da adsorção e um maior favorecimento da adsorção. Não se pode
afirmar com exatidão devido as limitações do próprio experimento, onde não se
utilizou sistema fechado, para que as condições de contorno pudessem ser
controladas. Outro fator a ser observado seria um acompanhamento do experimento
por meio de técnicas como a espectroscopia de foto emissão que pode determinar a
composição da superfície.
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7. BIBLIOGRAFIA

VALENCIA, Claudia Alexandra Vizcarra. Aplicação da adsorção em carvão ativado e


outros materiais carbonosos no tratamento de águas contaminadas por pesticidas
de uso agrícola. 2006. 116 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em
Engenharia Metalúrgica, Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. Cap. 3.
Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?
strSecao=resultado&nrSeq=10607@1. Acesso em: 19 maio 2023.

ALLEONI, L. R. F., CAMARGO, O. A., & CASAGRANDE, J. C.. (1998). Isotermas


de langmuir e de freundlich na descrição da adsorção de boro em solos
altamente intemperizados. Scientia Agricola, 55(3), 379–387.
https://doi.org/10.1590/S0103-90161998000300005

GONÇALVES, B. J. A.; FIGUEIREDO, K. C. S.. ADSORÇÃO DE ÁCIDO


ACÉTICO EM CARVÃO ATIVADO PARA O ENSINO DE ADSORÇÃO. 2020.
Disponível em: ttps://doi.org/10.18540/jcecvl6iss5pp0704-0708. Acesso em: 19
maio 2023. (GONÇALVES; FIGUEIREDO, 2020)

ATKINS, Peter; PAULA, Julio de. FISICO- QUÍMICA: Fundamentos. 5. ed. Rio de


Janeiro: Ltc, 2009. 600 p. (ATKINS; PAULA, 2009)

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