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TRABALHO FILOSOFIA E COMUNICAÇÃO: NIETZSCHE

Nietzsche inicia o texto com uma citação de Goethe, iniciando sua análise ao limite
entre o valor e a falta de valor da história em seu todo. Ele comenta sobre o
equilíbrio necessário em relação ao acesso e aquisição do conhecimento.É
abordada a supervalorização da história em um contexto teórico, mas não vivido, e
como ela pode obter um cunho limitante ao invés de libertador. Segundo o filósofo,
reter conhecimento histórico sem poder exercê-lo na prática não possui uma
finalidade útil. Ele acredita que a história é sim de suma importância, porém é
necessário certo tato para lhe enxergar e lidar com ela. Na obra, é dito que a história
é necessária para vivermos e agirmos, mas não para escapar da realidade ou
moldá-la de forma ilusória. O autor afirma que é necessário reconhecer e valorizar o
fato de que viemos a partir de um contexto histórico prévio.

O filósofo discorre sobre a confusão acerca do período histórico em que vive, sobre
como ao mesmo tempo em que há avanços, os mesmos erros seguem sendo
cometidos. Ele sente uma angústia por ter acesso ao conhecimento em tamanha
expansão, pois acaba criando comparações torturantes, mas de forma alguma
incentiva a repressão do acesso à lembrança, entendendo sua necessidade
fundamental para a evolução.
Nietzsche reconhece que o homem encontra um fascínio em sua natureza pensante,
nas memórias armazenadas, em sua capacidade de revivê-las mentalmente e
carregá-las consigo. Ainda que haja certa admiração no pensamento ativo, ele
discorre extensamente sobre o sofrimento humano acerca da sua própria
consciência, focando especificamente na dor das lembranças, utilizando inclusive a
palavra “fardo” para descrever a convivência com a própria recordação. Ele acredita
que o homem acaba desenvolvendo uma certa inveja de animais irracionais, pela
sua inabilidade de racionalizar seus sentimentos, os impossibilitando de ter reflexões
sobre a vida, o tempo, o mundo e/ou absolutamente qualquer coisa.

Ele também fala sobre o conceito de felicidade, o associando à capacidade de


esquecimento em prol da ação. Para ele, é possível viver uma vida plena e feliz com
poucas lembranças. Entretanto, em sua opinião, a habilidade de esquecer é
fundamental, pois sem ela, um ser humano, uma cultura, ou até mesmo uma nação
inteira acaba sofrendo certa degradação, imobilizado pelo tormento e ego de sua
própria história.
Na visão do filósofo, para encontrar um equilíbrio saudável entre o antes e o
agora,se faz necessário olhar para o interior, se apropriar do próprio passado,
transformando,curando e ressignificando o que foi perdido, construindo um presente
mais firme e consciente. Isso só se torna possível caso haja um limite claro de
quando acionar lembrança e o esquecimento, sentimento histórico e a-histórico. Ele
retorna ao seu apreço pela racionalidade do homem, alegando que ela é
responsável por torná-lo o que é, mas segue demonstrando grande insatisfação por
seu excesso, pois acredita que o afasta novamente de si.

Em seguida, o autor discorre mais a fundo sobre os conceitos de homem a-histórico


e histórico. O homem a-histórico consiste, resumidamente, naquele que possui
motivações puramente irracionais, derivadas de vontades instintivas, que ignoram
completamente o julgamento interior e individual, tornando-o um ser avulso à
realidade ao seu redor. Já o histórico utiliza seu passado para conseguir trilhar seu
futuro de forma diferente, acreditando que a felicidade é um processo e se faz
necessário compreender o presente para ansiar o futuro. Além desses termos,
também é introduzido ao leitor o conceito de homem supra-histórico, que
basicamente acredita na equivalência do ontem e do hoje, sendo iguais
independente se sua multiplicidade, incorporando um certo ceticismo e sabedoria.

No decorrer, o filósofo apresenta sua interpretação de história como uma conclusão


da vida, que geraria um balanço final para a sociedade em um todo, seguindo para a
explicação dos diferentes tipos de usos da história. Ele realiza uma divisão explícita
entre monumental, antiquária e crítica. A história monumental é aquela que
reconhece e louva eventos e personagens históricos antepassados, em prol de um
coletivo humano para sua evolução, servindo um propósito inspiracional. Todavia, há
a possibilidade de uma sacralização do passado, atingindo um ponto de arrogância
por não acreditar que ele possa se repetir, ou a repetir o que já passou, sem
reconhecer as camadas complexas existentes em ocasiões prévias. Já a antiquária
nos fornece os fundamentos reais de nossa cultura, além de nos remover da
perspectiva simples de uma mera existência animal sem distinções, nos
proporcionando uma personalidade. A percepção crítica serve para analisar o
passado, mas seu excesso pode causar uma percepção injusta e dura perante os
acontecimentos.

Nietzsche discorre durante uma grande parte do texto sobre o tipo de erudição
histórica que não faz outra coisa senão sobrecarregar a juventude com informações,
de modo que ela se perde nessa variedade e passa a não querer assumir qualquer
caráter, qualquer particularidade, perdendo, assim, qualquer possibilidade de
desenvolver alguma personalidade. Além disso, é essa mesma forma de erudição
acaba por separar o que se pensa do que se vive. Para o filósofo, é justamente isso
que resultou na anulação de qualquer possibilidade de uma cultura autêntica na
Alemanha. Nietzsche crê que os alemães criaram uma ilusão de que sua nação
seria o pico da história, e sua população pioneira de uma evolução nunca antes
vista, enxergando toda a história prévia como nada mais do que a preparação para
eles próprios. Desta forma, se enxergavam como aceleradores do desenvolvimento
do mundo. Isso lhes anulava qualquer senso de identidade e os fazia olhar para a
história de forma soberba e apática.
Há, por fim, um ataque ao coletivismo. Ele vê a massa basicamente como estúpida,
e entende que a perspectiva de perda da autenticidade em nome de um coletivo
resultará na produção de uma cadeia de egoísmos utilitários e de uma vida sem
significado, ausente da verdadeira vivência cultural. Essas forças são, como um
todo, antagônicas à vida e à visão do futuro, principalmente a de um futuro mais feliz
para a população alemã, pois não tinham, e se os acontecimentos seguissem o
mesmo rumo, jamais teriam uma autêntica cultura alemã. É preciso, afirma
Nietzsche, aprender a esquecer e a olhar para a história a partir de uma perspectiva
que lhe dê um sentido, sem que essa opção seja a que mata o futuro com a ilusão
de que se alcançou o melhor dos mundos.

Portanto, baseado na leitura da obra de Nietzsche, creio que o filósofo tinha uma
visão bem certeira do seu próprio ponto de vista, dissecando todos seus
pensamentos e colocando-os no papel, e isso é notório até os dias de hoje, visto que
o estudioso e suas teorias ficaram marcadas na história, o que torna Nietzsche
extremamente conhecido hodiernamente. Em relação aos seus conceitos, concordo
plenamente que a memória seja uma via de mão dupla, em que de um lado ela é a
melhor forma de acessar seus pensamentos acumulados, e com isso, é mais fácil
tomar melhores decisões, mas de outra forma, a lembrança pode trazer diversos
sentimentos ruins e perturbadores. Por conta disso, creio que seja necessário
conciliar mentalmente a função da lembrança em nossos corpos, e essa
diferenciação entre alguém que consegue, ou não, fazer a conciliação da memória é
descrita perfeitamente pelo próprio filósofo quando o mesmo fala sobre o homem
histórico e a-histórico.

Enfim, também preciso comentar sobre a crítica do filósofo sobre a ideia de


coletivismo, me recordei do contexto atual político brasileiro, em que há um
pensamento coletivo em apoio ao atual presidente Jair Bolsonaro, que chega a ser
fanático, visto que muito dos seus apoiadores são minorias atacadas pelo mesmo, e
ainda assim, essas pessoas continuam presas nessa ideia insana e coletiva. E por
conta disso, de certa forma também concordo com Nietzsche, pois ao menos nesse
contexto que citei, a ideia de coletivismo praticamente faz uma lavagem cerebral nos
indivíduos, fazendo-os acreditar que não há um alvo nas suas próprias costas, o que
os torna, infelizmente, pessoas sem autenticidade e noção de realidade. Por fim,
achei a obra interessante e é possível fazer várias alusões acerca dos conceitos
citados no livro, o que facilita a leitura e a interpretação das diversas ideias
dissecadas no exemplar criado por Nietzsche.

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