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PIQUENIQUE EM ASGARD.
Jenny T. Colgan.
Segunda-feira, 5 de maio de 5147.
Stormcage.
O Saltador não consegue fazer você passar do campo de força Tesla, claro,
mas
Eu tenho quase cem por cento de certeza...talvez setenta e nove por cento de
certeza...que um de seus colegas vai chegar com um suprimento de oxigênio
reserva a tempo.
Asgard
"Vamos lá" ele disse. "Já está aberto! Nós estamos perdendo!"
"Olá Docinho."
Ele olhou duvidosamente para a cesta que eu trouxe. "O que vamos comer?"
"Eu só quero..."
Eu o cutuquei para olhar a família que estava perto. Eles eram Pharax. Azul,
claramente. Três pais, e um grupo de crianças em vários estágios, incluindo
um quase que totalmente crescido, e obviamente um adolescente. Suas
roupas
A expressão do rapaz mostrava claramente o quão irritado ele estava por ter
sido arrastado até aqui, mesmo com seus irmãos mais novos saltando e
pulando alegremente em volta de seus pés, apontando para coisas que eles
queriam comprar mais tarde. Ele continuava mexendo em um dispositivo
eletrônico que um de seus pais lhe dizia para guardar e ele faria uma
carranca e o guardaria com relutância.
"Oh," disse que Doutor, parecendo ferido. "Não, nós nunca furaríamos uma
fila."
"Doutor! Eu não vou esperar por horas para entrar nos brinquedos. Pegue os
ingressos!"
Mas mesmo assim, você teria que ser muito bem grosseira do que eu - e ter
passado muito menos tempo encarando as paredes de tijolos - para não se
impressionar com a Ponte de Arco-íris.
"Vamos lá! Se junte à 5,000 trolls cavando ouro e diamantes nos tuneis de
uma montanha a meros águias de distância!" O Doutor leu do mapa. "O que
não parece divertido nisso?"
"Você deve estar se esquecendo que eu por pouco evitei as minas de trabalho
pesado..." eu comece a falar, mas ele já tinha saído dali. Eu olhei em volta. É
melhor ele não estar procurando por confusão. Esse não é o dia para isso.
Além disso eu preciso falar com ele sobre...
"Está tudo bem," ele estava dizendo. "Você não está perdido. Bom, não por
muito tempo. Ninguém pode ficar perdido por muito tempo. Não quando eu
estou por perto. Aqui, olhe isso."
Ele tirou sua Chave de Fenda Sônica e fez ela disparar pequenos fogos de
artifício no ar. Eu tinha achado um desperdício de espaço quando ele fez a
modificação, o que mostra o quanto eu entendo dessas coisas.
"Eu sei, é o meu favorito também," disse o Doutor. "Mas não toque. Qual o
nome da sua mãe? Você sabe?"
"O negócio é o seguinte, se você devolver pra mim eu vou poder encontrar
sua mamãe."
"Mure! Ai está você! Ei! O que diabos você pensa que está fazendo?"
"Mas eu estava..."
"Mas eu estava..."
"DÊ!"
Eu dei um grande sorriso e puxei meu casaco para ela poder ter um rápido
vislumbre na minha tatuagem da prisão. (É temporária: Eu precisava ganhar
a confiança de Frodene. Bem, eu espero que seja temporária.) A mulher
parou e recuou. "Da pra ver quem dos dois usa as calças," ela cuspiu,
andando para longe. "Vamos, Mure."
"O que tem de errado com suar calças?" perguntou o Doutor, intrigado. Ele
disse adeus para a criança, que estava sendo arrastada com brutalidade, com
grandes poças de muco se acumulando em seu lábio superior.
A questão é que, normalmente eu adoro faze-lo rir quando eu faço coisas que
ele não faria. Mas eu nunca sou tão corajosa quanto eu finjo ser, e, na
verdade,
Afinal de contas, que tipo de pai ele daria? Ele vive no momento, apenas no
agora. É isso o que crianças fazem, não o que elas precisam. Elas precisam
de um tédio, total e repetitivo, dia após dia após dia, a vida é sempre a
mesma; uma grande rede de tédio: de um amor entediante e tabuadas e
legumes. Nada que nós pudéssemos fornecer.
Mas se não agora, quando? Porque eu não estou ficando mais nova.
O vasto anfiteatro estava lotado com pessoas de toda a galáxia. Mas eu não
conseguia descobrir o que era a coisa estranha que eu estava sentindo; e
então eu percebi. Era normalidade. Ir a um parque temático. Por diversão.
Com alguém que você se importa. Sendo basicamente extorquidos pelo
Hidromel. Eu estava gostando de tudo isso.
"Os VIPs são uma merda!" gritou alguém atras de nós, ambos estávamos
envergonhados e concordamos. Eu olhei em volta. Era o adolescente mal-
humorado de antes. Um de seus TriPais estava tentando adverti-lo.
Eu o ouvi falando:" Se odeia isso tanto assim, você está mais do que
convidado a conseguir um trabalho, Tomith."
"Sim, e acabar como você?” o adolescente falou e enterrou a cara de volta no
dispositivo ignorando completamente o que estava acontecendo na frente
dele.
O que foi uma pena, devo admitir, eu já vi alguns pontos turísticos, mas o
show do Dragão de Asgard era o mais espetacular.
Então houve outro barulho, depois outro e depois outro próximo a entrada. A
equipe de artistas se encolheu, o público também. Foi quando aconteceu uma
explosão de chamas, todos saltaram. Foi algo imenso; podíamos sentir o
calor de onde estávamos.
E então BOOM, você podia ver, entrando na arena, uma garra de metal
enorme.
"sssh" eu disse. "Agora está ficando interessante. Ele está todo oleoso."
"Dragão poderoso e feroz!" Gritou Thor, sua voz sendo amplificada por toda
arena. "Enfrente-me em combate!"
O dragão se virou, piscou seus olhos vermelhos, fumaça saiu de suas narinas
gigantes. Com um rugido ele se preparou para atacar. Thor se manteve firme.
Parecia uma luta ridiculamente desigual, enquanto o dragão encurralava o
homem em um canto, Thor girava sua arma poderosamente, faíscas verdes
caíram nas primeiras fileiras. Ele girou o martelo e com algumas pirotecnias
desnecessárias acertou a cabeça do dragão, que cambaleou para traz, e então
se ergueu para ir em sua direção novamente. Agora, Thor fez um
movimento; girando e girando; aparentemente parecendo encurralado, então
ele rolou para
O dragão estava girado, seus membros robóticos estavam por todo o lugar, e
tinha acidentalmente pegado alguém da plateia. Era uma criança; a mesma
criança que tínhamos encontrado antes, vagando livremente sem os pais.
Devia ter uma sala de controle em algum lugar, porque o dragão cambaleou
para a esquerda e depois para a direita como se estivesse lutando para se
controlar.
A criatura era um robô, claro, não pensava por si só, mas respondia ao
movimento e ao barulho. Eu desci os degraus em direção ao palco e pulei as
barreiras. A segurança também havia desaparecido, o que foi um pouco
decepcionante. Talvez todo o sorriso os tivesse cansado.
O doutor estava tentando chegar perto, mas toda vez que ele se aproximava,
o dragão abaixava a cabeça e fazia um barulho, que ele estava programado a
fazer para o Thor, que eu tinha percebido, agora estava em uma das entradas
laterais pressionado contra a parede, apavorado. Ele deixou seu martelo no
meio do palco.
"Vou distrai-lo" gritei, esperando que o martelo tivesse algum efeito no robô,
o que aconteceu. Eu não conseguia levanta-lo, mas conseguia balança-lo de
um lado para outro. O robô então virou a cabeça para na minha direção.
"De a ele um daqueles seus olhares," disse o Doutor, enquanto ele corria e
tentava agarra-lo pela cauda, que chicoteava furiosamente.
A criança estava gritando, mas parecia estar sendo segurada com segurança.
Eu não tinha esperança de conseguir alcançar lá, e queria ainda ter meu laço
de confiança. Em vez disso, olhei ao redor. Haviam pedras no chão,
cercando a fogueira. Eu peguei e tentei descobrir onde jogar para não atingir
a criança. Eu mirei no joelho, o que pareceu funcionar; a criatura começou a
se desiquilibrar.
Ele soltou as duas mãos, e ficou apenas com as pernas agarradas a cauda da
criatura, então ele se jogou para trás. A criatura cambaleou, a parte que eu
danifiquei estava agora se movendo no ar - então, crack, como o barulho de
um grande interruptor sendo acionado, e a enorme criatura congelou.
Assim como todas as pessoas que estavam tentando escapar pelas saídas.
Eu respirei fundo e tentei parece o mais confiante possível. Então gritei para
a criança: 'Mure! Mure! Você pode pular?"
"Você precisa pular!" eu disse. "Vamos lá Mure. Você tem que pular. Apenas
pule!"
Ele balançou a cabeça novamente.
"Isso mesmo!" eu disse. "Vamos lá! Eu sei que você é muito corajoso, e eu
vou te pegar!"
"Vamos lá!"
"AGORA!"
"Mure. Por Favor," eu disse. Era uma grande queda, e ele era uma criança
tão pequena.
Mure pulou para os braços de sua mãe; ela agarrou a criança e o sufocou
com uma mistura de abraços e beijos. O robô estava imóvel e sem vida, meia
seção de assentos completamente esmagadas de baixo dele.
Se você olhar pela parte de trás da praça da cidade, existe um grande bosque,
onde você encontra uma grande variedade de biologia; e um pequeno
caminho, sem sinalização. Olhamos um para o outro e assentimos.
O Centro de Comando era um bunker cinza bem discreto, sem janelas, e com
vários painéis de controle no telhado. Havia um teclado ao lado da porta e
quando fomos nos aproximar várias pessoas de ternos escuros marcharam
abruptamente em direção a porta, então nós simplesmente nos esgueiramos
atras deles.
"Quem são vocês?" disse uma voz não muito amigável. Eu olhei para cima.
A voz pertencia a uma espécie que eu não conhecia, mas parecia um pouco
com um castor. Era do tamanho de um humanoide, e se apoiava em duas
pernas semelhantes a pernas de pau, ele parecia um pouco zangado e fofo ao
mesmo tempo.
"Não, não estão" disse o castor. Uma explosão de gritos aparecia nos
monitores.
Ele dobrou suas pequenas patas, nada muito impressionante, embora sua
expressão fosse seria, assim como a arma enfiada no bolso em seu
francamente adorável macacão de castor.
"Fora!"
"Está vendo esses caras na tela?" soou uma voz de uma criatura menor e
mais cinza - mais parecida com uma toupeira, embora tivesse os mesmos
membros aumentados. "Eles salvaram uma criança na multidão! Nós
deveríamos dar-lhes um prêmio ou algo assim. Na verdade, sabe o que mais
chefe, fazer um evento que quase termina terrivelmente errado e no último
minuto da tudo certo...essa pode ser uma ideia sabe. Poderia adicionar um
certo nível de perigo para a plateia..."
O Castor fez uma careta e revisou os monitores. "Aqueles ali eram vocês?"
O Castor franziu a testa. "Ajudando as pessoas nas saídas. Para que não
entrassem em pânico. Exatamente o que eles deveriam estar fazendo."
"Fico feliz em ver que não tem mais pânico...Eu sou o Doutor a proposito."
O Castor fungou. "Eu sou Caius Rose. Diretor do parque" ele disse. "E isso
não é nada para se preocupar. Pequena falha mecânica. Tudo já está
consertado.”
"Certo. E o que eles vão comer quando descobrirem que o papai perdeu o
emprego?" Caius se virou novamente. "Existem 76,000 pessoas trabalhando
na Asgard™".
Ele gesticulou em direção das longas filas de pessoas na fila para pegar os
trens, e então para outra horda de trabalhadores de aparência cansada
chegando.
"É uma importante fonte de emprego em uma parte muito abatida da galáxia.
E
"E por eles também," disse o Doutor, apontando as telas que cobriam todo o
parque. Em todos os lugares estavam jovens felizes passeando com suas
famílias; com balões em forma de chifre; bebês em carrinhos; pessoas tendo
dias incríveis ao sol.
"Isso mesmo" disse Caius. "E veja: não há pânico. Porque tudo está bem.
Vamos investigar a falha mecânica por isso tudo pode continuar como
antes."
"Obrigado por sua ajuda, mas eu não vou fechar esse lugar e manda-los para
casa passar fome sem uma boa razão. Agora chega de vocês dois, eu peço
educadamente apenas uma vez."
Postumus assentiu.
"Então se quiséssemos entrar e dar uma olhada no parque sem que Caius
soltasse os valentões peludos em cima da gente..."
Postumus parecia ainda mais preocupado. "Olha," ele é disse. "Caius, ele é
difícil, mas é um bom chefe. Eu não quero me meter em problemas."
"Não, não, eu sei disso," disse o Doutor. "Mas você acha que tem algo
errado, não acha?"
Vamos lá, eu falei para mim mesma, faça isso agora. Estamos
completamente sozinhos, e está perfeitamente pacifico. Eu percebi que as
folhas sob minhas
"Oh, olhe ali!" disse ele de repente, quando eu abri minha boca para falar.
Uma abertura tinha aparecido na arvore, eu pude ver as montanhas cobertas
de neve de Asgard ao norte - iluminadas e cheia de esquiadores alegres
descendo a montanha, gritando de empolgação.
"Eu sempre quis tentar isso. Acho que eu seria muito bom."
Eu comecei a rir. "Não seja tolo, seu centro de gravidade é muito alto. Você
iria parecer Crane, a cegonha perna fina. Em todo o caso," eu continuei.
"Olhe, tem uma coisa...uma coisa que eu preciso te perguntar, e eu nem sei
se é teoricamente possível, e nem mesmo é sobre você...provavelmente...,
mas se você achar que não, eu preciso saber, e se sim eu também preciso
saber, eu só preciso perguntar, apenas uma vez, e eu não tenho, mas ninguém
pra perguntar... Você acha que algum dia...quero dizer...algum tempo. Você
acha que nós...eu...eu posso...você acha que eu ..."
Eu larguei seu braço e olhei pra ele. "O que você acabou de fazer?"
"Nada."
Algo brilhou dentro de sua jaqueta. Eu peguei.
"Espera ai River!" ele gritou. "Eu não posso correr meus joelhos estão
machucados."
O Palacio de Valhalla parecia uma ilusão de ótica, e realmente era. Era torre
após torre, toda em granito cinza; parecia um grande órgão de uma catedral.
Corremos ao longo do caminho coberto de gelo até a base de uma das torres.
Uma garota com uma couraça de metal estava deitada no chão; ainda
respirando. Ela usava o manto branco de uma das Valquírias; ela era muito
jovem e estava muito maquiada. Sua longa peruca estava caída na neve.
Em pouco tempo ela foi levada, e desapareceu em uma das muitas portas nas
paredes.
Nós os seguimos pela porta por onde eles tinham acabado de desaparecer;
mas nós encontramos em um enorme salão, com apenas uma porta.
Eu não conseguia entender como uma maca podia ter acabado de passar por
aqui: na parte de dentro, todos estava festejando. A sala era obviamente um
truque interdimensional: tinha uma grande mesa de madeira, e as linhas de
visão convergiam. Por todo o lugar haviam diferentes famílias e grupos de
pessoas, comendo, bebendo alegremente, rindo e claro, fazendo ótimos
brindes. Haviam enormes lareiras, acima das quais as carnes giravam no
espeto, cobertas de ervas. A equipe enchia as enormes taças com o
interminável hidromel.
"Não," ele disse, sombriamente. "Eu entrei por uma porta diferente. Tente."
Ele olhou em volta. "Algo aqui está muito errado. O que é? Deixe-me
pensar."
Ele ergueu uma taça de hidromel de uma bandeja que passava, bebeu de uma
só vez e fez uma careta.
"Beba alguma coisa que você não sabe se vai gostar!" eu disse irritada. Eu
estava para experimentar uma também quando uma das garçonetes veio
correndo na minha direção.
"Você deveria estar lá embaixo!" ela disse baixinho. "O segundo show está
para começar."
Eu pisquei.
O rato chamado Tullus ergueu os olhos. "Nós amamos esse lugar," ele disse,
e os outros concordaram.
Eu esperava que ele estivesse fazendo o que costuma fazer: ficando amigo
de todos e se tornando o centro das atenções enquanto fingia que esse tipo de
coisa não importava.
Ao invés disso ele estava sentada, de mau humor, empurrando comida pelo
prato.
"Ah, por nenhuma razão," ele disse. "Apenas, você sabe. A História do
Metamorfo mitológico da Terra Antiga? Tem muitos rostos? Faz truques?"
Eu olhei pra ele. "O ator está interpretando você? Você é o Loki?"
"Os créditos devem ser dados a quem merece, é tudo o que eu estou dizendo.
"De qualquer forma esse não é o ponto," eu disse, e expliquei que alguém
tinha mexido om o Calibrador Dimensional.
"Isso é ruim?"
"Ruim? River...claro que isso é ruim. É como puxar um fio...você não pode
simplesmente mexer com um calibrador dimensional..."
E assim que ele disse isso algo começou a mudar. Algo pequeno, quase nada.
"Nós temos que tira-los daqui!" gritou o Doutor, "Vai começar a se dobrar
em si mesmo."
Funcionários aterrorizados corriam de portas secretas por todos o lugar,
tentando fazer com que a multidão saísse pelas grandes portas. Eu fui até a
grande porta. Mas quando abriu eu vi que ela não se abria para a parte de
fora, mas para dentro de outa salão, com outro Loki e outro grupo de pessoas
aterrorizadas, tentando escapar por outra porta. Na outra porta a mesma
situação. Tudo tinha se tornado um infinito corredor de espelhos. Pior: o
fogo que tinha atingido a garçonete agora estava na tapeçaria. As chamas
estavam subindo pelas paredes. Não apenas em um salão, mas em todos os
salões.
"O salão irá colapsar," gritou o Doutor, "vai sobrar apenas o fogo! Nós
temos que tirar essas pessoas daqui!"
Nós circulamos o salão, e então ele atravessou pelo feno fumegante no teto
até a noite estrelada e eu o segui. Abaixo o grande palácio de Valhala agora
era uma cidade sem fim; cômodo dentro de cômodos que estavam dentro de
outros cômodos; Atras de nós outras Valquírias voavam pelos telhados;
ousadas, fortes e destemidas; e de todos os outros telhados de todas as outras
repetições saiam
fileiras de Valquírias; então todos nós nos inclinamos e voamos para baixo,
pegando as pessoas das nossas próprias versões do grande salão, uma por
uma, ou duas de uma vez, ou como no caso de uma pequena família de
Junveres, 17 de uma só vez; nós os colocamos nas costas dos nossos cavalos
alados, voávamos pelas chamas através do teto sob a grande lua branca de
inverno e os deixávamos nos grandes campos dourados de Freyr, a deusa da
colheita, sob as estrelas congelantes.
Então, um grande rangido, e mais um, e depois outro, então outro salão se
dobrou e desapareceu completamente, como uma casa de cartas, um atras do
outro até que todos colapsaram; todos se dobraram e desapareceram
completamente, sobrando apenas as redes de tuneis do metro de Asgard™.
A multidão aplaudiu quando pousamos o último dos resgatados e pulamos
dos cavalos, mas o Doutor não tinha tempo pra isso; ele estava examinando
os rostos.
"Quem fez isso?" ele exigia saber. "Quem? Porque as pessoas trabalham
muito para ter suas férias e vocês apenas... vocês estragaram tudo." Ele
encarou a multidão. “Vocês têm alguma ideia de quanto precisávamos dessas
férias? Eu viajo pelo universo e ela está na CADEIA."
"...e eu aposto que todos vocês se sentem do mesmo jeito. Apenas um dia.
Fugir da sua rotina. Para se lembrar do quanto você ama sua família. Para
escapar daquela sensação de que tudo está desabando sobre suas cabeças. E
então tudo desaba sobre a sua cabeça. E eu acho que alguém aqui é
responsável..."
De repente eu bati em algo e quase tropecei. Minha perna ficou presa. "O
que é isso?"
"As o que?" eu disse. mas já era tarde demais. Eu já conseguia ver um raio
de luz a frente, quando um dos pequenos pods estava vindo na nossa direção.
Eu não conseguia mover minha perna. O trem estava cada vez mais perto.
Não parecia ter um motorista.
A capsula branca passou por cima dele e debaixo nós vimos uma pequena
pata, sem vida nos trilhos.
Nós andamos até ele. Postumus estava deitado de olhos fechados. Suas
pernas estavam horrivelmente mutiladas. Eu acariciei seus pelos. E então
olhei para cima. No final do corredor, havia uma figura humanoide alta azul,
delineada pelas luzes.
Eu me levantei e puxei minha espada. "E agora," eu gritei, "eu acredito que
você tenha machucado um amigo meu."
"Eu não queria," ele gritou, sua boca era em uma linha tremula.
"Não é tão ruim depois que você se acostuma," disse o Doutor limpando os
lábios.
Acariciei seu nariz. "Está tudo bem," eu disse. "Você machucou suas pernas.
Ele assentiu. "Elas não doem," ele sussurrou, "Na verdade elas são pernas
aumentadas."
Para alguém que se parecia com um Castor, ele era realmente assustador.
"Você matou pessoas! Você quase matou pessoas da minha equipe! Você
poderia ter matado todo mundo naquele salão.
Tomith encarava o chão, tremendo. "Eu não quis fazer nenhum mal."
"Ah, você não quis fazer," disse Caius. "Você podia ter destruído esse lugar
para sempre, você sabe disso?"
"Eu estava apenas hackeando. Os seus sistemas de segurança são tão
simples."
"Bom, eles ainda são terríveis," disse Tomith. "Mas eu não sabia...não sabia
que isso aconteceria se mexesse com o calibrador dimensional."
Tomith tremia ainda mais. "Me desculpe. Eu tenho provas e tudo na Nurfer.
Eu estou muito, muito, arrependido, senhor."
"O que?"
"Consertar suas falhas de segurança de uma vez por todas. Porque me parece
Caius, que você precisa de uma nova perspectiva."
"Mas ele vai ser processado..."
"E como você acha que ele vai se sentir quando descobrir que seu pai perdeu
o emprego por deixar o parque ser destruído... Ou talvez tenha apenas
resistido a um grande incidente. E agora aprendeu como fazer do parque
verdadeiramente seguro."
Um dos três pais cutucou o outro. "Um trabalho!" eles disseram espantados.
"E existe algo Caius? Que poderia fazer com que você sentenciasse eles?"
Então Caius balançou as patas em sinal de dispensa. "Tudo bem," ele disse.
Tomith mal podia acreditar na sua sorte. Um dos pais começou a cantar uma
música na língua dos Pharax de profunda gratidão que não era
particularmente convidativa. O Doutor olhou para Tomith.
Não que fosse da minha conta. Mas era assim que ele seria como um pai.
E o que eu sei? Talvez ele já seja. Talvez eles existam e ele apareça toda
manhã para o café da manhã. Talvez ele volte no tempo e os coloque na
cama toda noite, um milissegundo atrasado as vezes ou quase na hora; rostos
diferentes; eles não se importariam.
Talvez ele seja o tio engraçado; ou talvez ele tenha espiado cada canto
escuro do universo e decidido que ele não poderia ser tão cruel a ponto de
trazer uma vida inocente para isso.
"Me dá."
"Piquenique?"
"No que você está pensando?" ele disse. "Você parece triste. Eu odeio
tristeza.
Me dá coceiras."
Eu olhei pra ele. "Eu sei," eu disse, e acariciei sua bochecha. "Não é nada."
"Mesmo assim você ainda devia me contar River. Não deveria? Deveria? É
uma daquelas coisas que eu sempre entendo errado, como as flores que são
BONS
"Não!"
"ooh! Eu quero," ele disse, lutando para ficar de pé. Então começamos a
andar na direção dos Meridianos da Colmeia.
E nós nos divertimos. Foi brilhante. Nós rimos e comemos demais, ele nem
reclamou muito da comida, nós ficamos acordados até tarde e dançamos com
póstumos e suas novas pernas na festa de celebração da equipe na floresta
sob as três luas e as luzes do norte; ele me trouxe de volta ontem à noite um
pouco antes de soarem os alarmes, eu me deitei no meu beliche de pedra fria,
sozinha e pensei, Asgard™ daria um ótimo lugar para um dia divertido em
família, ou poderia dar ou já deu, um dia.
Mas eu o encontrei facilmente. Eu pude dizer, em uma olhada, que ele não
era só mais um na multidão, e isso me deixou encucada. Então eu decidi
naquele momento, que iria pegá-lo pra mim, de um jeito ou de outro.
Eu tive que esperar até que o museu fosse fechado a noite, mas assim que o
último faxineiro guardou o balde e o rodinho, eu baixei minha bandeja de
laranjas (Ah sim – troquei de lugar com uma atriz conhecida como Nell
Gwynn; Nós temos muitos gostos em comum, como cachos de cabelo
caídos, corpetes e vocês sabem que decotes vazados sempre foram meus
melhores amigos), caminhei até sua sessão e me inclinei com os braços
cruzados para uma estátua do Elton John, e apenas o encarei.
“O que um Auton legal como você, está fazendo num lugar como esse?”
Perguntei.
“Sabe como é, estou só dado uma volta.” Disse ele em com um sotaque
sulista, soando sedutoramente exótico na Londres do ‘Three-Days Week’
com marchas da frente nacional e campanhas de bombardeio no Irã. De
verdade, não foi uma boa época para uma visita. Eu só decidi aparecer,
porque ouvi por aí que nada mais do que três encarnações diferentes dele
mesmo, resolveram se juntar nessa época, e eu fiquei morrendo de vontade
de saber no que isso ia dar.
Nós conversamos durante a noite. Bom, não fizemos só isso. Mas a conversa
foi bem divertida também. Ele estava apenas “passeando” por um tempo,
desde uma tentativa fracassada de invasão Nestene e – Alerta universal! - foi
um certo homem que não é médico, mas é um grande conhecido meu, que
frustrou os planos dos alienígenas! Nós rimos muito sobre isso. A maioria
dos companheiros Autons do Elvis foram desativados quando a Consciência
Nestene deixou a terra, mas de alguma forma ele conseguiu manter sua
consciência, talvez, - e claro, essa é apenas minha teoria – porque ele
realmente queria ficar.
das réplicas realmente precisas que poderia se passar por humano, então ele
foi forçado a ficar no único lugar onde ninguém o notaria – Madame
Tussauds.
Elvis adorava observar as pessoas, mas estava certamente grato por uma
interação pouco mais pessoal, e eu também me diverti muito, então não foi
muito difícil concordar em voltar e visitá-lo de tempos em tempos. Claro que
eu só consegui fazer isso de década em década, mas aproveitamos o máximo
de todas as oportunidades que tivemos.
Ele foi quase sempre o Elvis, exceto por um breve período nos anos 80,
quando ele experimentou ser o Jason Donovan, e depois dos tristes
acontecimentos de agosto de 1977, nós as vezes nos aventurávamos em
público (de noite, quando sua cara de plástico não chamava muita atenção),
pois não havia perigo de ninguém o confundir com o verdadeiro rei do rock.
Bom, vamos dizer assim, -
Ele deu um pulo e tentou fingir que não havia caído como um flamingo
assustado. Então ele me olhou e balançou um dedo ossudo na minha cara.
“Ah, não, não, não. Não, não, não. Isso não está acontecendo.”
“Isso o que?” perguntei dando uma volta. (Os turistas búlgaros começaram a
aplaudir)
“Esse cara está te incomodando?” Era o Elvis vindo até nós. Os Búlgaros
aplaudiram novamente.
O Doutor olhou para cima e para baixo, e então sacou sua Sonic.
“River, Corra!”.
“Essa é outra forma de marcar pontos não ? Você vem, verifica a nova onda
de celebridades, e em seguida organiza reuniões com aqueles que você
nunca viu antes, para que possa falar sobre isso ocasionalmente. O Madame
Tussauds é basicamente sua check list.”
O Auton pensou por alguns segundos. “Alguns meses atrás chegou o Posh e
a Becks – Oh, e os cachorrinhos do Andrex.”
“Aí está Doutor. É melhor você ir procurar os cachorrinhos do Andrex.
Leve-os para passear. Todos ficarão impressionados.”
“Olha, o Elvis é um cara legal. Você vai gostar dele quando se conhecerem.”
Bom. Isso não me desceu muito bem. A quanto tempo ele me conhece?
(Essa não é uma pergunta retórica, a propósito. Nós não estabelecemos onde
esse encontro se encaixa na nossa linha do tempo ainda.) Não importa o
tempo, ele sabe com certeza, desde a primeira vez que me viu, que não tem
que falar nada sobre as pessoas com quem escolho me associar. Mesmo que
ele ache que é para o eu próprio bem.
Mas espera aí. Existe uma pista que pode me dizer por quanto tempo ele me
conhece. “Você me chamou de esposa!” eu disse.
Jovens e velhos ao mesmo tempo, e oh, eu poderia olhar para eles por horas.
Eu ri. “Tudo bem, acho que estamos na mesma página. Eu só quis dizer, que
bem, você me chamou de esposa. Então pra você – assim como pra mim –
isso já aconteceu.”
Eu continuei. “E sendo assim, você bem sabe que podem existir Autons do
bem.
“E?”
“E que o seu amigão aqui, o Elvis, vai ser arrastado de volta para isso. Ele
pode ter sido capaz de resistir a uma pequena invasão ou duas no passado,
aquelas que os Nestene não foram tão longe, mas não a essa. Essa é um
problema. Ele não será capaz de manter sua autonomia, sem brincadeira, de
verdade, River, para de fazer essa cara. Ele se tornará um perigo. Rory – era
uma outra história.
Então bem ali, na câmara dos horrores, cercados por instrumentos de tortura
e imagens de matadores, eu expliquei ao Elvis que sua vida chegaria ao fim
em breve.
“É, eu meio que adivinhei que isso aconteceria algum dia.” Ele disse. “Meus
velhos amigos, os Nestene, eles acham que esse planeta meio que é um
planeta legal. Eu achei melhor ficar esperando, do jeito que eu estava.”
“Eu não acho que isso vai acontecer.” Disse o Doutor, docemente. “Me
desculpe.”
“Tem mais uma coisa...” Eu olhei do Doutor para o Elvis e depois para o
Doutor de novo. “Nós poderíamos...” Eu continuei olhando para o Doutor.
“Poderíamos?”
Ele não precisou perguntar do que eu estava falando. “Eu... poderia. Se é tão
importante pra você.”
Meu amigo Auton, ficou surpreso. “Ah não.” Ele disse. “Eu agradeço, mas
essa é a minha casa. Esse lugar, nesse tempo, nesse planeta.”
“E então eu só fico aqui sentado esperando pela próxima vez? Não.” Ele se
ergueu até os dois metros de altura de Elvis. “Eu não vou embora – mas
também não vou me tornar uma máquina mortal de novo. Me diga a data em
que eles chegam, Doutor. Eu vou me desativar antes disso.”
“Você tem quatorze dias,” disse o Doutor. Eu percebi que ele mal podia
esperar para sair dali. Sabe? Grandes cenas dramáticas não o incomodam,
mas pequenos draminhas assim o deixam bastante desconfortável. Um
grande e pomposo discurso sobre o destino do universo? Aí tudo bem. O
olhar no rosto de uma criatura prestes a derreter em uma fornalha?
Desconfortável. Mas eu não iria deixar as coisas assim.
“Uma última aventura,” sugeri. “Ver o mundo antes... bem. Antes. Existe
algum lugar que gostaria de ir?”
Milhões das coisas que poderiam ter saído da boca dele, não teriam me
surpreendido. Graceland, obviamente. Las Vegas. Havaí. Talvez até as luzes
brilhantes de Blackpool. Mas não. Eu fiquei surpresa quando ele perguntou:
“Já ouviu falar dos Campos?”
Elvis balançou a cabeça. “Não senhor, acho que são apenas chamados de
‘Campos’. Ouvi alguns visitantes falando deles. O lugar mais bonito na terra,
ele disse, bastante exclusivo pelo que ele disse. Eu gostaria de ver o lugar
mais bonito na terra, mas eu acho – bem, que isso não seja possível. Um
pouco difícil, visto que eu nem sei onde fica.”
Eu peguei os ingressos das mãos dele. “Dr. John Smith, Dr. River Smith e
Dr.
“Bem, sim.”
“Bem, esses campos são dos insetos. O Doutor estava certo, era tudo sobre
os insetos. Na verdade, ele estava próximo de fazer um discurso sobre os
insetos.
Sobre a importância deles e sobre como o homem foi perverso, em permitir
que certas coisas acontecessem. Eu me senti meio culpada em nome de toda
a raça humana antes de ler, e tentar entender quantas vezes na minha vida eu
matei uma mosca. Moscas demais, pela minha conta. Mas concordei com a
viajem para o paraíso dos insetos com os meus meninos.
Mesmo já tendo estado lá, eu não sei exatamente onde ficam esses campos.
Em algum lugar do mediterrâneo, eu diria, pela cor do céu - Acredite. Estou
começando a soar como um certo Senhor ‘é só molhar o dedo na água e
lamber pra saber exatamente a latitude e a longitude, pelo tanto de sal’ (e eu
sei que ele só faz isso depois de ter olhado em algum monitor da TARDIS).
Mas enfim, nós chegamos, onde quer que estivéssemos, e o sol brilhava, e o
céu estava limpo, e o ar era doce, e o lugar todo estava cercado por um
campo de força. Isso foi meio que uma surpresa, já que parecia avançado
demais para essa época. Eu sugeri que isso poderia ter algo a ver com um
provável envolvimento alienígena, então era melhor que entrássemos com
cautela, mas o Doutor me assegurou (aconteceu de ele estar certo), de que
aquela tecnologia já estava disponível na Terra naquela época, para aqueles
que podiam pagar, que tinham contato e a obsessão necessária.
Melissa Tokana era baixinha e loira, e era difícil dizer sua idade. Não que
fosse particularmente suspeito. Tipo, olhe os três aqui. Eu não tenho certeza
de quantos anos eu tenho, pra começar. Aí tem o Doutor, que tem mais de
1000, mas ninguém dá mais de 30 para ele, e Elvis, que parece – e tem- mais
ou menos 30, o que não mudou desde que ele tinha uma semana de vida.
Melissa nos encontrou – e os outros visitantes, uns que chegaram por meios
mais convencionais do que naves Gallifreyanas – em pessoa e nos deu boas
vindas ao seu mundo.
Claro, boa sorte com isso. Eu sou do século 51, e eu posso afirmar que os
humanos nunca vão acordar e perceber os danos que estão causando. Vocês
só dizem ‘ops’ e fazem de novo.
Nós fomos levados pelo campo de força em direção a um prédio que parecia
uma Colmeia, uma estrutura em formato de favo de mel que te desorientava
imediatamente. As portas levavam em todas as direções, e apesar dar
repartições serem feitas de vidro, a refração da luz do sol e das vistas
repartidas criavam um efeito de labirinto, um corredor de espelhos que não
te permitia ver se você ia para cima, para baixo, ou para os lados.
Melissa nos guiou em uma sala hexagonal que tinha várias formas quando
vista pelo lado de fora, mas tudo o que eu sabia com certeza, era que o lado
de fora era todo... verde. A coisa toda, verde, não era exatamente do que eu
gostava, mas estávamos fazendo isso pelo Elvis, não por mim – e de
qualquer jeito, deveria ser mais legal quando estivéssemos vendo a coisa
toda do lado de fora e não olhando por uma lente distorcida.
Não parecia que iríamos chegar tão cedo na parte de fora, entretanto.
Aparentemente, antes tínhamos que ouvir uma palestra sobre porque é bom
ser legal com mosquitos – ou alguma coisa assim – antes da Melissa decidir
que nós merecíamos ver os seus preciosos campos. Acho que eu não podia
culpa-la, de verdade. Era o trabalho da vida dela, um paraíso para insetos,
uma recriação meticulosa do ecossistema ideal para o florescimento de
muitas espécies. Ela não queria turistas andando por todos os lugares. (Ela
não ficou muito impressionada quando percebeu que o Doutor havia trazido
uma cesta de piquenique. Ele tentou esconder, mas ela acabou confiscando
mesmo assim.) Aceitando nosso destino, nós nos sentamos para ouvir a
apresentação antes da visita.
“Por exemplo, polinização.” O Doutor gritou para todos a sua volta. Ele
gosta de ser o centro das atenções.
Era só uma observação. Claro, eu sei que ele estava se referindo a sua
classificação taxonômica e não tentando ser rude, mas é mais divertido fingir
que fiquei ofendida: “Esposa humana, sentada bem do seu lado!” Eu apontei.
“E você vai negar, River, que as vezes você poder ser um pouco como um
animal?”
Ah, elogios abrem qualquer porta. Eu sorri pra ele. Melissa não ficou tão
impressionada e estava impaciente esperando que parássemos de
interromper.
“Claro, insetos também são parte da cadeia alimentar, como uma importante
fonte de comida para muitas criaturas – pássaros, répteis, mamíferos, entre
outros – que também são eles mesmos, parte da cadeia alimentar. Então sem
insetos, tanto as plantas – e carnívoros, morreriam de fome. Mas o papel dos
insetos na produção de comida vai além disso.”
Eu pude ver a raiva nos olhos dela quando o Doutor levantou a mão pela
terceira vez. Ela realmente não havia planejada uma palestra interativa.
“Sim, Solo. Você gostaria de elaborar?” as palavras saíram entre dentes. Mas
não a culpo, o Doutor tinha a capacidade de fazer professoras de crianças de
5
“Obrigado, bom – “
“E eu tenho certeza que você vai falar sobre o papel deles em airar o solo e
também sobre a importância na produção de estrume.”
“Os insetos airam o solo,” disse Melissa. “Eles também ajudam na produção
de estrume.” Ela suspirou. Eu pude ver o Doutor se levantando de novo e ela
também, porque começou a falar mais rápido. “E não é só o estrume. Sem
eles, o planeta se afogaria sob o peso da matéria podre, animal e vegetal. As
lesmas por exemplo, são uma ferramenta essencial na gestão do desperdício,
consumindo carne apodrecida e vegetação.”
“lesma são essenciais se você quiser manter seus repolhos!” Disse o mesmo
homem.
Mas nem todos estavam tão empolgados quanto eu. Eu estava olhando entre
a Melissa (a normal educação humana) e o Doutor (fascinado com o que ele
podia fazer depois) e nem me preocupei com o Auton Elvis (apesar de eu ter
reparado antes que as pessoas estavam tentando não o encarar. Não é todo
dia que você se depara com uma réplica de plástico do Elvis que anda e
fala.) Mas agora, um certo tipo de admiração (impressionante, já que ele não
respira; Ele me contou que entre os anos de 1979 a 1980 ele tentou
aperfeiçoar as maneiras humanas.) Eu olhei pra ele e vi um olhar visionário
em seus sólidos olhos de plástico. Ele prestava atenção e assimilava cada
sílaba que ela pronunciava.
“Senhora?” ele disse. “Se eu entendi direito, você está dizendo que a
humanidade não poderia sobreviver sem os insetos?”
Eu não achei que a Melissa era o tipo de mulher que encontrava o meio
termo.
“Não! Ela está salvando a humanidade.!” Bom, isso foi uma surpresa. Elvis
se levantou, um novo discípulo devoto. “Você não consegue ver? Humanos
não podem sobreviver sem os insetos. Salvando os insetos aqui, essa mulher
está salvando a raça humana! Salvando os humanos deles mesmos!
Devolvendo a eles o lar que o homem tirou.”
Oh, a Melissa gostou disso. Ela sorriu para o Elvis. “Sim! Meus campos são
a recriação perfeita de um ecossistema para muitas espécies importantes. Lá
fora você encontrará variedades de borboletas e moscas, gafanhotos e grilo,
libélulas e claro, abelhas, pirilampos, besouros... Eu levaria horas para listar
todos.”
Eu respirei fundo. Não parecia impossível que ela resolvesse fazer isso. O
que seria mais uma hora ou duas ouvindo sobre espécies de insetos entre
amigos?
A Melissa não disse nada. Mas as sobrancelhas dela se arquearam até a lua.
Se ela tivesse um livro de tamanho gigante com ela, eu não ficaria surpresa
se ela desse com ele na cabeça do homem que matou a mosca. Eu estava
tensa e pronta pra agir.
Bom, depois disso, nós finalmente fomos considerados dignos de entrar nos
campos. Fomos divididos em grupos menores de três ou quatro e seriamos
enviados a direções diferentes, com um pedido de não nos separarmos de
nossos grupos. Melissa de um jeito plausível explicou que muitas pessoas no
mesmo lugar seria perigoso para um ecossistema frágil, então ela nos
encorajou a ficarmos juntos. Sim, foi bem plausível. Nada suspeito. Exceto
pela parte em que eu notei que em um dos grupos estava o homem que
matou a mosca, a mulher que estava com ele (esposa?), que riu do que ela
estava falando, o homem que gostava de lesmas e a mulher de óculos. Eu
andei casualmente perto enquanto a Melissa falava com eles.
“Vocês já devem ter percebido que eu sou meio que um jardineiro,” disse o
homem das lesmas – baixo rosto vermelho, bigode cumprido – “e é
surpreendente como os seus campos crescem, assim sozinhos.”
“Bem, talvez,” disse Melissa. “Talvez eu possa te dar umas dicas. Já que
você é um parceiro jardineiro.”
Eu observei o rosto dela. Ela estava sorrindo, não havia nenhuma pista –
“River!” O Doutor estava chamando. Ele havia ficado inquieto durante toda
a palestra, e mal podia esperar para andar de novo. Eu esqueci do mistério na
expressão da Melissa e me juntei novamente ao Doutor e Elvis- nosso
pequeno grupo – e esperei que liberassem nossa saída.
Melissa começou a liberar um grupo por vez. Nós não passamos de uma
porta para os campos, nós fizemos um caminho desorientado pelo favo de
mel até uma saída. Eu olhei em volta, tentando enxergar onde o grupo do
cara das lemas e da mulher dos óculos fora, mas não havia mais nenhum
humano por ali.
Para ser honesta, eu fiquei tão impressionada pela nossa recepção, que os
outros grupos sumiram da minha mente quase que imediatamente. Eu
mencionei que campos verdes não eram a minha praia? Bom, talvez não,
mas ‘verde’ era só uma descrição desse caleidoscópio de vários tons, da
mesma forma que
índigos e belos tons de violeta. Parecia tão tranquilo que você assumia que
também era silencioso, até você se concentrar e perceber que havia um
zumbido constante de um milhão de insetos. O chilear dos grilos, o zumbido
amigável das abelhas. Gramas altas o suficiente para fazer cócegas no meu
queixo; pequenos ninhos na grama, com narizinhos de ratos despontando.
Pássaros voando, empoleirando-se, assobiando. Coelhos deslizaram sem
medo e uma cobra passou pelo sapato do Elvis, para seu total deleite.
E então tantos perfumes, tantas essências diferentes nos circularam para criar
um incrível cheiro adocicado. Se pudesse ser envazada, custaria uma
fortuna.
O Elvis havia escolhido certo. Esse era um planeta que traria paz e
tranquilidade para seus últimos dias. Nós andamos juntos, os três, sem falar,
indo cada vez mais fundo naquela selva, todos os nossos sentidos sendo
esmagados pela beleza a nossa volta, desejando que houvessem mais lugares
assim no mundo.
Ah, humanidade. Existe algum dos presentes que foi lhe dado que vocês não
destruíram? Eu sou uma de vocês, mas também sou filha do tempo e já
testemunhei tanta coisa. Eu me conheço bem e não planejo dar nenhuma
aula sobre guerras ou ódio, mas eu gostaria que vocês tivessem mais cuidado
com as pequenas coisas: Os pássaros e as abelhas e as flores. Esse tipo de
beleza é preciosa.
E aí, eu congelei.
Smith.
O cara que matou a vespa, a mulher que gostava de casas. O homem que
gostava de lesmas. De repente, eu entendi de onde aquela expressão da
Melissa era familiar, aquele sorriso heroico e triunfante. Era a mesma
expressão do boneco de cera do George Joseph Smith, aquele que o Doutor
tropeçou no museu, na câmara de horrores. Smith, o homem que fez com
que suas esposas o colocassem no testamento e depois as afogava em suas
banheiras. Sim, eu tenho certeza. Aquele sorriso arrogante – aquele como
quem diz, “Você está a caminho de sua própria destruição, basta eu querer” –
foi reproduzido, em todas
as partes do rosto de Melissa. Minha antiga suspeita agora era a única coisa
em que eu conseguia pensar.
Eu recusei educadamente. Eu sei bem o que mais ele guarda nesses bolsos.
Se ele não percebeu nada ‘estranho’ na Melissa, então não deveria existir
nada com o que me preocupar. E ele parecia tão feliz esparramado na grama
nesse lugar maravilhoso. O Elvis também. Eu não queria estragar isso, para
nenhum dos dois, mas especialmente para quem iria morrer em breve. O
problema é que a expressão “esposas na banheira” estava me incomodando.
“Eu vou dar mais uma olhada,” eu disse. “Se eu ficar com fome, eu aviso.”
Não era uma ideia ruim. Eu sempre soube bem como me encontrar, mas esse
lugar era enorme e selvagem. Eu guardei no cós da minha saia.
Eu andei pra lá e pra cá, na tentativa de entender até onde aquela barreira ia,
mas eu não consegui ver o final. Eu fiquei tentada a voltar para o Elvis e
para o Doutor e ridicularizar minha suspeita descabível, mas eu sou teimosa
e queria saber o que estava acontecendo. E eu tinha a Sonic Screwdriver
comigo! Não demorei muito tempo para conseguir desligar aquele campo de
força.
Minha vida – eu não tive muita calma nessa vida, e era assim que eu
gostava.
Ser jogada de uma aventura mortal para a outra, era o que me mantinha viva.
Pensar nas coisas que fiz ou no que eu sou. Ou sobre as coisas que eu
gostaria que terminassem de forma diferente, mas que não podem mais
mudar.
Eu deveria ter percebido que algo estava errado quando comecei a não
pensar nele.
Não como se houvesse uma fenda no tempo, não como se ele tivesse sido
apagado da minha memória, mas como se ele não fosse mais importante. O
Doutor não estar nos meus pensamentos era uma coisa nova pra mim, nunca
havia experimentado isso antes.
Tanta calma.
Tanta felicidade.
Tanta paz.
NÃO!
Eu fiquei perturbada por um momento. Eu jamais esqueceria o Doutor
completamente. Talvez eu jamais pudesse estar em paz enquanto ele fosse
parte de mim. Mas eu sabia que jamais estaria em paz sem ele.
Exceto que...
Apenas dormir.
Apenas paz.
Para sempre.
Meus olhos se abriram. Eu encarei a coisa que estava segurando. Uma mão
esquelética segurando a minha de carne e osso. Mais ossos o seguiam,
ligados a ele, uma armadura de ossos se formando em sua volta, se
arrastando no chão conforme eu larguei sua mão.
Talvez fosse melhor se eu tivesse voltado para o Doutor e para o Elvis, mas
eu não conseguia penar direito. Minha cabeça estava voando, mas eu estava
usando todas as minhas forças para me manter com os pés no chão, porquê
agora eu sabia qual era o destino daquelas quatro pessoas que não
compartilhavam dos mesmos sonhos que a Melissa, de um mundo coberto
por insetos.
Eu ainda não conseguia ficar em pé, e algumas vezes não conseguia ver para
onde estava indo quando a grama era alta. Simplesmente não conseguia. Ir
para frente, mãos e joelhos para frente, mantenha o ritmo e você vai
conseguir. Eu estava sonâmbula – não me arrastando dormindo – mas ainda
mantinha algum controle. Um pouco.
inclinei minha cabeça para ouvir, então o peso e o cansaço tomaram conta de
mim de novo. Deitei ao lado dela, bem perto, perto o suficiente para sentir o
subir e descer de seu peito. Ela estava viva, mas não conseguia se mexer. Eu
não queria também. Aquela paz me puxou de volta e adicionou uma coisa
nova: Eu era uma criança agarrada ao seio de sua mãe, ouvindo a respiração
suave de uma mãe, um som que dizia 'Eu sempre protegerei você. Vou
mantê-la segura.
Eu arranquei aquela paz para fora da minha cabeça e substitui por raiva.
Raiva por ter sido tirada dos meus pais. Raiva pela vida que me foi roubada.
Raiva das pessoas que me tornaram o que eu sou. (Eu gostaria de dizer ‘o
que eu era’, mas eu nunca vou ter certeza.) Raiva do universo que permitiu
que isso acontecesse. Talvez até raiva do Doutor, porque amá-lo pode até
fazer sua vida melhor, mas também a torna muito, mas muito mais difícil.
O ar era mais pesado lá dentro. O cheiro doce que eu notei antes havia se
transformado em algo doentio e enjoativo. Toda vez que eu respirava uma
onda de sonolência me atingia. Algo no ar estava causando isso. Tentei, em
vão arrastar os corpos inconscientes para longe, mas o ar estava minando
minhas forças e quanto mais eu tentava, mais o sono ameaçava me dominar
novamente.
Doutor está tirando uma soneca” ele sussurrou, quando cheguei perto o
suficiente para ouvir. “Acho que salvar o universo todas as vezes é um
negócio bem cansativo.”
Os olhos deles se abriram e seu sorriso cresceu, mas ele não conseguia focar.
A urgência na minha voz enfim penetrou e ele ficou de pé. “O que está
acontecendo?” Ele disse, sonolento, mas mais parecido com ele.
“Você não vai voltar dormir de novo! Olha, isso é minha culpa. Eu desliguei
o campo de força, e o gás, ou o que quer que seja, está se espalhando rápido
por aqui. Mas você é um Senhor do tempo! Ligue seu sistema de by-pass
respiratório ou algo assim! Há pessoas para salvar!
Esse era o tipo de papo que ele respondia. Em segundos ele estava sentado,
balançando a cabeça como se para dissipar o gás, e olhado para mim, agora
com os olhos alertas. “Não é bem assim que o sistema de by-pass
respiratório funciona,” ele disse. “Mas boa ideia, fisiologia Gallireyana, vai
me manter a salvo por um tempo.”
Nós nos preparamos. Elvis não estava feliz. A ilusão que ele tinha foi
destruída.
Eu vi o rosto dele e ele não parecia com raiva, parecia mais com um filhote
que não entendia porque seu amado dono o estava chutando. “Mas ela estava
fazendo isso para salvar os humanos,” ele disse, intrigado. “Por que ela os
mataria?”
Bom a resposta pra isso era clara. Eu já conheci muitas pessoas de “boas
intenções” nessa vida. Mas eu não sabia exatamente como iria explicar essas
complexidades para o Elvis, que era uma alma simples de coração de
plástico –
não de madeira
Eu percebi que estávamos perto do lugar onde o gás estava maisforte porque
eu comecei a andar mais devagar. Sabe quando você está tentando correr em
um sonho, mas percebe que mal consegue se mover, como se tivesse colado
suas pernas? Era assim, mas de verdade. Pelo menos tínhamos o Elvis com a
gente, então caso eu ou o Doutor sucumbíssemos, ele estaria lá para nos
acordar. Aí eu percebi que definitivamente estávamos no lugar certo, quando
comecei a tropeçar em ossos de novo.
“Ainda está quente,” disse o Doutor, olhando para outro corpo. Que foi
quando eu percebi o completo horror daquela situação.
Melissa havia dito que ela devia todo o sucesso dos campos ao 206 – o seu
fertilizante especial. E eu percebi exatamente o que era.
“Você estourou como uma bolha.” Ele disse. “Não dá pra restaurar uma
bolha.”
O rosto dele virou um grande ‘hmmm’. “Não daqui, não posso. Devem
existir controles em algum lugar.”
Eu não sei quanto tempo levamos para chegar até o local de onde viemos. Eu
passei metade do tempo de volta aquele mundo de sonhos. Tiveram
momentos onde eu teria desistido e caído no sono, não fosse o Doutor estar
lá para me acordar e dizer para continuar. O Elvis praticamente me carregou
pela metade do caminho. Bem, as vezes não tem problema ser uma donzela
em perigo. Faz bem para as pernas.
A porta da frente não era de vidro, era feita de algo preto e amarelo. Não –
era feita de vidro. Eu percebi que o preto e o amarelo estavam agora se
movendo.
“Sai sim.” Ele disse. Eu gosto de quando ele é mandão. “Quando o Elvis
abrir a porta, algumas delas vão acabar escapando,” ele elaborou. “Elas
podem ser vespas bem, mais bem amigáveis, que não vão picar ninguém,
mas no caso de elas terem saído da cama com o pé esquerdo, eu prefiro que
você não esteja aqui.”
“E você?”
“Eu vou ficar bem, contanto que não saiam várias delas. Eu preciso ficar
perto para instruir o Elvis sobre como desativar o sistema.”
Eu não gostei muito da ideia, mas eu concordei. Eu não fui longe, entretanto.
Graças as paredes de vidro eu pelo menos conseguia ter uma ideia do que
estava acontecendo, mesmo com a visão distorcida. Eu encontrei a cesta de
piquenique confiscada do Doutor embaixo de uma mesa e terminei um dos
sanduiches para passar o tempo.
Eu me agachei perto da porta, tentando ser o mais discreta possível, caso ela
olhasse na minha direção. Sempre preserve o elemento surpresa, caso seja
necessário.
“Desculpa, mas não. É você quem precisa ser impedida.” O Doutor ergueu a
voz.
“Eu vou atirar!” Ela ameaçou, e eu acreditei nela. Eu abri a porta e joguei a
primeira coisa que encontrei. A cesta de piquenique.
Sabe como as pessoas costumam dizer ‘jogar como uma garota’ como
insulto?
O Doutor correu pela porta em minha direção e eu cai atrás dele. Não
conseguia ver a Melissa pelo vidro, apenas uma cortina de insetos. o Doutor
instintivamente se virou, pronto para entrar de volta na briga, mas eu peguei
seu braço. “Elvis vai resolver isso.” eu disse.
O Doutor olhou pra ela. “Me desculpe. Esse veneno é letal nessa quantidade
–
ela não teve chance.” Ele suspirou. “Vamos. Vamos sair daqui.”
Quando se trata de aventuras, o Doutor é do tipo ‘é-isso-obrigado’. Depois
disso, não vai vê-lo novamente.
“Nós não deveríamos...” Elvis começou, ele não tinha experiência em estar
por perto no final de uma das pequenas excursões do Doutor
“Eu sei que você queria passar seus últimos dias aqui...” Comecei a falar,
mas Elvis me parou.
“Não, não. Não é por isso que vou ficar. Essas coisas – “ Ele apontou para o
lugar em sua volta, o que significava que ele estava apontando para algumas
vespas e uma mulher morta coberta de geleia, mas entendi o que ele quis
dizer
“Mas os Nestene...”
Eu evitei a próxima invasão Nestene - bem, tudo isso de ‘é uma mão? Não, é
uma arma!’ Fica entediante depois de um tempo - mas dei uma olhada rápida
para ver se Elvis estava intacto. Eu não precisava ficar preocupada. ‘Os “fãs”
foram a loucura pelo Elvis de plástico.’ Foi um dos títulos que eu li, e
acontece que os shows em ‘benefício das abelhas’ foram um grande sucesso.
Eu fui disfarçada em um e o vi (cantando enquanto as abelhas voavam em
sua volta).
Ele estava causando um grande impacto e eu nunca tinha visto seu rosto de
plástico tão feliz. Quando ele terminou com ‘Peace In The Valley’ e ‘This Is
My Heaven’, eu sabia que as coisas estavam bem.
tudo para ajudar as abelhas) quando ouvi alguém limpar a garganta atrás de
mim. Eu me virei, e todo mundo fez o mesmo, quando Elvis o Auton
começou a cantar “Você está se sentindo sozinha essa noite?” com os olhos
presos em mim.
Eu ouvi, e percebi que ele havia tocado com aquele dedo de plástico de um
jeito inalterável na minha vida.
Quando ele terminou, eu fui até ele e coloquei as mãos nas suas bochechas
lisas. “Estou arrepiada.” Eu disse pra ele. “É disso que eu gosto em você.”
Dei um beijo nele. “Pelos bons tempos.” Eu disse. Então eu sai.
Seu nome era Martin Flint. Ele era um vendedor de seguros de quarenta e
seis anos, vivendo sozinho em um apartamento de porão suburbano que mal
podia bancar.
Às dez daquela manhã, ele estava esperando a hora de abrir a porta da sua
agência de apostas local. Ele estava vestindo botas de couro marrom, sem
meias e uma jaqueta de terno amassada por cima de seus pijamas de hospital
listrados.
ele saberia porque mostrar seu rosto - qualquer um deles - em Stormcage era
uma péssima ideia.
Mas nem tanto, pois o disfarce era um capacete britânico do século XX. Ele
parecia achar que isso seria capaz de lhe deixar irreconhecível. Um quadrado
de papel psíquico e uma expressão idiota podem fazer milagres - para a sorte
dele.
Por trás das costas dos guardas, ele tirou o capacete e apontou para seu rosto
sorridente como se revelasse sua identidade para mim.
Nos aproximamos da saída com um ritmo medido, cientes dos olhos e lentes
de câmeras focados em nós. Conforme saímos do alcance da audição dos
guardas eu sussurrei de lado para o meu acompanhante: “Pulseiras legais.
Não me são estranhas”
“Você disse que iríamos encontrar um uso para elas.” ele sussurrou de volta
pra mim.
“Eu perdi alguém. Uma pessoa humana. Eu preciso que você o encontre.
“Perder” é a palavra errada, na verdade. Ele foi extraviado. Eu sei onde ele
está, mas não posso chegar até lá. Sabe, tinha essa lesma alienígena verde e
gigante, e –“
Isso nos deu uma vantagem quando o tiroteio começou. Não que tenha nos
ajudado muito. Com tiros se aproximando vindo de todas as direções, nós
entramos em um banheiro vazio. O Doutor derreteu a fechadura
sonicamente, o que nos rendeu um minuto ou dois.
Não havia outra maneira de sair, claro - exceto uma. O Doutor balançou sua
chave de fenda novamente e removeu nossas algemas. Ele enrolou um
dispositivo ao redor do meu pulso para substituí-las. Eu reconheci aquilo
como um Manipulador de Vórtex. Bem, eu seria capaz de reconhecer. Tinha
um igualzinho.
“Martin Flint,” ele disse alto, por cima do som de guardas batendo na porta.
“Quem?”
“No dia sete de julho de 2016, duas e trinta e oito da tarde, ele tropeçou em
uma fenda no Vórtex. Em um estacionamento perto da Rua Great Russell.”
“Ele teria sido jogado de volta no tempo, não muito longe. Algo entre oito e
dez horas. Eu preciso que você o ache e fique de olho até que o tempo o
alcance.
Se certifique de que ele não faça nada estupido - como contatar seu eu mais
novo ou contar pra todo mundo o que acontece em Deal or No Deal ou –“
“Você quer que eu banque a babá pra você!” Eu levantei uma sobrancelha.
“E você?” Perguntei a ele. ”Aqueles guardas vão atirar em você assim que te
acharem. Como vai sair daqui?”
Ele abriu um sorriso largo para mim. Ele ajustou seu capacete de policial
para um ângulo mais confiante. “River Song” ele disse, “Eu achei que você
me conhecesse.”
Seu emissor acendeu uma luz verde, o dispositivo em meu pulso zumbiu
quando foi ativado - e eu senti uma terrível sensação de estar sendo torcida
enquanto o banheiro, a Instalação Stormcage de Contenção e o século
cinquenta e dois A.D.
A próxima coisa pela qual me dei conta foi tropeçar em uma superfície
pavimentada.
Viajar pelo Vórtex não é geralmente tão difícil - exceto para meu cabelo,
mas não me faça falar disso. Algo estava errado. Olhando para o céu, pude
confirmar isso.
Não eram quatro e trinta e oito da manhã. Estava claro demais para isso,
mesmo com a tempestade se formando acima. Eu podia escutar o barulho do
trânsito da hora de pico de ruas próximas. A tempestade deve ter me tirado
do curso. Eu não ousei tentar de novo.
“Com licença,” eu disse. “Estou procurando por um… amigo. Suponho que
você o conheça. Martin Flint? Ele esteve aqui hoje de manhã.”
Querido Diário, você está na minha frente agora. Você sabe que esse homem
é mais do que ele parece, se não por que chamar atenção para ele? Eu não
tinha o benefício do prenúncio dramático, no entanto. Pedi desculpas
novamente e fui embora.
Fui em direção à estrada principal. Procurei nos bolsos do meu macacão
cinza de prisão enquanto caminhava. Eu tinha você, Querido Diário, uma
caneta e um tubo de batom alucinógeno, que eu estava guardando para uma
ocasião especial. Se eu soubesse que iria em uma aventura hoje, teria me
preparado melhor.
Eu tinha que encontrar Martin Flint o mais rápido possível. Eu tinha que
descobrir o que ele havia feito para causar a tempestade temporal, e eu tinha
que consertar
- se pudesse.
Se apenas seus pais tivessem sido mais criativos na hora de lhe dar um
nome…
Ele tinha aberto às sete. Uma ambulância tinha passado rápido por ele já que
ele tinha chegado quinze minutos mais cedo. Ele tinha certeza que tinha
saído da rua paralela que levava ao estacionamento. Eu fiz com que me
dissesse os nomes dos hospitais mais próximos.
Trinta e sete minutos depois, deixei uma moto roubada em uma baía de
ambulância. Eu agradeci mentalmente o carteiro que tinha deixado o veículo
desatendido, completo com chaves e um capacete. Eu tenho certeza que se
tivesse mais tempo pra explicar o motivo pelo qual precisei da moto, ele
teria se importado menos. Ou ele teria me xingado menos.
Eu já tinha estabelecido que Martin Flint fora trazido para cá. Pedi por mais
detalhes na mesa de recepção. Em resposta me perguntaram se eu era parente
dele. Tendo familiaridade com esse tempo e lugar, eu tinha esperado por essa
pergunta e ensaiado uma mentira eficiente. “Sim, eu sou.” eu disse.
Com uma pontada de ansiedade, eu parei uma enfermeira que passava. Lhe
informei que um de seus pacientes estava desaparecido.
Ela não ficou preocupada demais a princípio. “Ele não pode ter ido muito
longe,”
“Ele estava se sentindo muito melhor, de qualquer forma. Ele tinha tido uma
espécie de desmaio, mas não conseguimos encontrar nada de errado com ele.
Vamos mandá-lo para um exame de tarde, mas ele provavelmente vai poder
ir para casa depois. Você é uma parente?”
Outra pessoa tinha lhe visto sair de fininho, com uma jaqueta de terno
debaixo de seu braço. Suas mãos estavam tremendo. “Eu achei que ele ia só
fumar um cigarrinho.” Um porteiro foi enviado para checar, mas voltou de
mãos abanando.
Esperava que minha moto roubada não tivesse sido presa ou guinchada
ainda.
Esse homem estava do meio pro fim dos quarenta, idade que combinava com
o que eu tinha recolhido dos registros de Martin no hospital. Seus ombros
estavam curvados como se carregassem o peso do mundo. Ele vestia uma
jaqueta de terno cinza amassada e sapatos marrons - mas foi a maleta que
realmente lhe entregou.
Ele carregava uma maleta de couro marrom surrada, como a que eu tinha
visto no hospital. Não, eu pensei, não como a do hospital…
Eu tinha sim encontrado Martin Flint - mas o Martin Flint errado. Esse era o
modelo mais jovem - mais jovem por oito ou dez horas - aquele que
pertencia a esse momento. Ele estava caminhando com pressa e mantinha a
cabeça baixa, sentido norte na rua, em direção a estação de metrô virando a
esquina.
Eu estava dividida entre procurar por pistas do paradeiro de seu eu futuro no
apartamento ou segui-lo. A primeira opção, eu percebi, podia me deixar com
nada.
Esse Martin Flint estava vestindo botas marrons, sem meias e uma jaqueta
de terno amassada por cima de pijamas de hospital listrados.
O Martin mais novo, prestando pouca atenção aos seus arredores, não tinha
notado seu eu mais velho ainda. Flint-mais-velho, no entanto, tropeçou e
parou diretamente em seu caminho. Ele estava encarando seu gêmeo menos
bagunçado com olhos arregalados.
Eu apertei meu passo - não o suficiente, esperei, para que o Martin mais
jovem me notasse enquanto eu lhe ultrapassava. Me enfiei entre os dois,
abrindo meus braços para bloquear a visão um do outro. “Querido!” eu
elevei a voz. Corri para o Martin mais velho, lhe abracei com força e prendi
seus lábios nos meus.
O Martin mais novo olhou quando passou pela gente, mas não reconheceu a
traseira de sua própria cabeça. Eu segurei o beijo até que ele tivesse virado a
esquina, nesse ponto ele se afastou de mim.
“O que você está fazendo?” Ele balbuciou. “Quem é você?” Para registro,
Querido Diário, quando eu beijo um completo estranho, costumo receber
reações muito melhores.
Olhei para Martin Flint com confiança, um olhar que demonstrava saber
mais do que eu sabia. “O Doutor me mandou –“
“Eu… Ele… Eu tinha que ir para o escritório por umas duas horas. Então eu
tinha uma… uma entrevista na cidade hoje de tarde, só que eu…” Seus
ombros caíram. Ele esfregou seus olhos vermelhos e inchados com seus
polegares. Ele não tinha nem tomado banho nem feito a barba.
“Queixo. Então seu apartamento deve ficar vazio pelo resto do dia”
Martin piscou para mim. “Como você sabia que eu moro sozinho?”
“Eu não... eu não estou ficando louco, estou?” Martin Flint me perguntou.
“Sete de julho.”
“-já viveu essa quinta-feira, sete de julho, uma vez. Eu sei. Eu acabei de ver
você fazendo isso, lembra? Bem vindo de volta.”
Eu andei por uma pequena cozinha cheia de coisas. Tirei dois copos limpos
de uma pilha de tralha no escorredor e os enchi com água da torneira.
Podia ver Martin pela abertura na partição dos ambientes, apesar de suas
costas estarem viradas para mim. Ele estava encarquilhado, ainda tentando
entender o ininteligível.
“Seu futuro? Ah, Martin, você sabe como são os dias de hoje. Spoilers para
todos os lugares que você olha, não dá para evita-los. Eu culpo a internet -
por isso e por fazer gatos acreditarem que vão dominr o mundo.”
Eu coloquei um copo de água fria em suas mãos. Ele pegou de mim, mas
não olhou para o objeto. “Você… voltou no tempo também? Você me seguiu
até aqui?”
“Bem, alguém tinha que fazer isso.” Eu declarei. “Você sabe o que teria
acontecido se eu não tivesse te impedido de conhecer a si mesmo?”
“Sim, sim, é isso que eu quero dizer. Pode ser que… Eu não tenho certeza,
mas pode ser que esteja um pouco pior dessa vez… Isso é possível? Como
isso é possível”
Mas isso não precisava nem ser dito, precisava? Por que outro motivo ele
mesmo não poderia voltar aqui? Ele pode ser um verdadeiro chato com suas
Leis do Tempo - quando lhe convém. Ter dois Martin Flints em Londres no
mesmo dia já era ruim o suficiente. Imagina adicionar dois Doutores em
cima disso…
“E isso é tudo?”
Eu lhe mirei com os olhos entreabertos. “Você não tem mais nada para me
contar?”
“Então você veio direto para casa do hospital. Não fez nenhum desvio?”
Olhei para o relógio de mesa na estante acima da lareira. Me disse que a hora
era 11:03. Eu tinha saído do hospital depois dele, mas chego antes em casa.
“Martin, me escute, isso é importante. Você não deveria estar aqui, sabe
disso.
Seus olhos se arregalaram. “É… É com isso que você está preocupada? Mas
você viu tudo o que aconteceu. Eu não falei com ele. O outro eu, ele não me
viu.
Eu me levantei e cruzei o ambiente, até uma janela nos fundos. Tinha vista
para um quintal austero com poucas flores murchando em canteiros. A
construção devia ser em um declive, pois o quintal - e o beco atrás dele -
estavam no mesmo nível da sala de estar de Martin. Degraus descem até o
mencionado anteriormente vindos do apartamento de cima.
Ficar de vigia por pouco mais de três horas e meia, e então sair de fininho.
Confiar que, o que quer que estivesse acontecendo lá fora, o Doutor cuidaria
de tudo - sim, já estava sob controle. Um simples trabalho de babá, então,
conforme o anunciado.
Eu virei de volta para Martin. Ele estava abraçando seus joelhos, olhando
desfocado para a frente. “Conte-me sobre o doutor e a lesma alienígena
verde gigante,” eu disse. “Me diz o que aconteceu no estacionamento.”
“Não atenda a porta,” lhe adverti. “Martin Flint não está em casa, lembra?”
Ele está sentado em um trem a caminho do escritório, então ele tem-”
“Quem?”
“é o Senhor… O que ele está fazendo aqui? Isso poderia ser importante. Eu
tenho que… “
Ele se enfiou no pequeno corredor antes que eu pudesse pará-lo. Ele abriu a
porta. Escutei sua voz e outra - suave e rouca - trocando amenidades. Então
Martin voltou, com seu visitante lhe seguindo. “Senhor Smith, essa é, uh… “
“E esse é, ah, Senhor Smith. Eu tinha… Eu tenho uma entrevista com ele
hoje de tarde, lembra que eu mencionei? Uma segunda entrevista. Ele cuida
de um negócio na cidade chamado-”
“Então você encontrou seu ‘amigo’, Senhorita Song. Fico feliz por você.”
“Talvez você devesse marcar uma entrevista para si mesma. Isso é, se seus
empregadores atuais não tiverem objeções?”
“Oh, eu não trabalho para - Ah.” Senhor Smith estava encarando meu pulso
direito incisivamente. Minha manga tinha ficado presa acima do
Manipulador de Vórtex.
Sua expressão não deixou dúvidas em mim de que ele reconheceu o objeto
pelo que era.
Sua mão foi para seu quadril. Eu já estava pulando para o abrigo atrás do
sofá.
De repente, ele tinha uma arma, como se tirada de um coldre invisível. Era
um blaster branco cheio de rebites que certamente não tinha sido produzido
nesse mundo ou nesse ano. Ele atirou um raio de energia, que queimou
acima da minha cabeça e transformou um espelho na parede em gosma.
Ele era mais forte do que parecia, conseguiu me tirar de cima dele. Ele
tentou se arrastar até sua arma caída e eu peguei em seu cinto, pelo menos
achei que sim. Tentei arrastá-lo de volta em minha direção, mas algo saiu em
minha mão ao invés disso. No mesmo momento, houve um flash de luz
verde e a aparência do Senhor Smith… mudou.
Eu procurei por uma arma: uma faca, qualquer coisa que eu pudesse usar.
Tinha que ser o Doutor para me mandar para uma situação perigosa
desarmada! Eu juro, amo aquele homem, mas as vezes quero bater nele.
Escutei uma voz assustada do ambiente de fora, então uma briga e um
guincho estrangulado.
“Saia daí, Agente do tempo.” o monstro sibilou. Sua voz, que parecia com a
do Senhor Smith, emergia de uma grade em seu manto enquanto seus olhos
em suas antenas piscavam furiosamente em suas antenas. A criatura
segurava Martin com um braço mecânico ao redor de sua garganta e
pressionava a arma em sua cabeça. “Ou me assista matar seu amigo.”
“Mas com certeza - e eu sou apenas uma mulher louca com um Manipulador
de Vórtex, que apareceu em seu estacionamento quando eu apareci apenas
por acidente. Então você tem feito um pouco de viagem no tempo por conta
própria?
Eu dificilmente poderia criticar, e eu não vim até aqui para colocar um fim
nisso.”
Até agora era tudo verdade.
“E eu… eu não quis…” Martin interrompeu. “Eu fui para a minha entrevista,
te vi lutando com aquele tal de Doutor no estacionamento e eu-”
Gharjhax apareceu atrás de mim com seu blaster em posição. Eu sabia que
não podia confiar nele. “Na verdade-” ele começou. Eu tenho certeza que
teria sido uma fala perfeitamente vigorosa. Eu também não queria escutar.
Não tinha encontrado um saco cheio de sal, mas tinha visto um pote pela
metade em um dos balcões. Sacudi isso na direção da lesma.
Ele guinchou - mais de medo do que de dor eu acho, poucos grãos poderiam
ter lhe atingido - e seu tiro saiu pela culatra. Atingiu uma das lâmpadas
compridas no teto, precipitando uma chuva de eletricidade entre nós.
Ele se preocupou com a porta dos fundos aberta e a janela derretida. Disse
que haviam acontecido assaltos na área. Eu lhe disse que, se Gharjhax
colocasse os olhos nele de novo, ele perderia mais que suas posses.
Já tive a ideia de não pisar em borboletas. Eu sabia agora que Gharjhax tinha
visto ou detectado minha chegada em 2016 - enquanto eu o tinha dado o
nome de Martin Flint e, portanto, lhe dito exatamente onde me encontrar
mais tarde.
Bem, como eu deveria saber que ele teria o endereço de Martin no arquivo?
“Eu sei o que eu disse, Martin. Isso é sobre o que você disse.”
“Você poderia muito bem ter previsto o futuro de Gharjhax para ele lá atrás.
Você lhe avisou que algo ruim está prestes a acontecer com ele - e que você,
sua versão mais nova, estará envolvida. O que você faria, armado com essa
informação, se fosse uma lesma alienígena gigante, verde, homicida e que
viaja no tempo?”
“Eu deveria ligar para ele.” Martin disse de repente. “Eu. Eu deveria me
avisar sobre...“ Ele estremeceu enquanto apalpava seus bolsos. “Meu
telefone. Eu deixei na minha maleta no hospital. Será que tem um telefone
público por aqui?
“Ligar para si mesmo não é nunca uma boa ideia,” Eu lhe aconselhei. “Só
imagina por um segundo como essa conversa seria - e de qualquer forma
nosso trem chegou.”
Estava apenas parando, com um ruído estridente. Nessa hora do dia, a essa
distância do centro da cidade, seus vagões estavam praticamente vazios.
Perguntei para Martin quanto tempo a jornada levaria. “Em um dia bom, três
quartos de hora,” foi sua resposta.
Poderia Gharjhax chegar lá mais rápido? Eu imaginei. Primeiro ele teria que
juntar os pontos, então encontrar o endereço do trabalho de Martin - a não
ser que já tivesse - e o estacionamento atrás de seu escritório estava vazio, eu
me lembrei.
Meu coração afundou com a visão de uma familiar moto jogada do lado de
fora das portas.
Gharjhax havia deixado sua marca aqui. Haviam marcas de queimadura nas
paredes e um cheiro ionizado no ar. Monitores de computador e teclados
haviam sido derretidos em novas e interessantes formas. Cadeiras tinham
sido derrubadas.
“Martin!”
Eu improvisei. “Ele não pode falar. Ele está em choque. O que o monstro fez
com ele?” Eu não tinha visto um corpo, ainda bem. “Levou ele como refém?
Pareceu em algum momento que - sei lá - ele foi desintegrado?
“Ele não estava aqui,” o adolescente pálido ofereceu. “Foi por isso que o
monstro atirou no lugar todo. Disse que se não disséssemos onde ele estava
-”
“Não estava aqui?” Martin havia encontrado sua voz. “Mas isso é
impossível.
Eu…
“Não tivemos escolha. Desculpa, Martin, mas aquilo teria matado todos
nós.”
“Kath contou sobre sua ligação,” outra pessoa interrompeu, “do banco. Ela
disse que você tinha ido resolver algumas coisas - mas ela não sabia para
qual banco você tinha ido, não exatamente. Nenhum de nós sabia. Então -”
Eu dei uma olhada para procurar um relógio de parede não derretido. Era
12:34.
Escutei uma pequena versão de uma música pop dos anos 80, abafada, mas
crescendo em volume conforme a fonte se aproximava de mim. Uma jovem
mulher vestida perfeitamente bem com os cabelos bagunçados estava
carregando uma maleta conhecida.
“Você saiu com tanta pressa que se esqueceu de levar isso com você. Eu
tentei te alcançar, mas…” Ela levou a maleta para Martin, que remexeu no
conteúdo por trás de uma aba de couro maltratado, achando um telefone
móvel tocando e me dando um olhar desamparado.
“Eu fiz besteira, não fiz?” Disse Martin desamparado. “Mudei meu próprio
passado. De volta para o futuro. O que acontece agora? Eu vou começar a…
“O que você fez? A verdade, dessa vez. Eu sei que tem alguma coisa.”
“Eu posso ter… Eu fiz… Eu fiz uma aposta. Uma aposta pequena. Talvez
não tão pequena… “
Ele me deu um olhar de canto de olho. Deve ter visto a reprovação em meus
olhos porque ficou na defensiva. “Bem, como eu deveria saber…? Eu
chequei os resultados da corrida antes de sair do escritório. No hospital,
lembrei do ganhador do 12:30, chances de 16-para-um… e eu não merecia
algo depois de…?
“Sim.”
eu concordei com Martin, “Você provavelmente está certo sobre isso. Eles
provavelmente não vão dar falta.”
“Isso seria… ruim, não seria?” Eu não senti necessidade de responder aquela
pergunta. “Tem algo que a gente poderia, você sabe, fazer a respeito disso?”
“O Doutor?”
Retornamos para o lugar onde - se você puder perdoar meus tempos verbais
bagunçados, Querido Diário - tudo estava prestes a começar.
Tínhamos tempo para matar. Era 1:52 da tarde. Tínhamos chegado cedo.
Martin aquiesceu. “Eu cheguei aqui… vou chegar aqui às 2:20. Interfonei e
interfonei, mas ninguém me atendeu. Ele indicou um sistema de controle de
entrada com três botões. “Pensei que talvez tivesse chegado muito cedo.
Esperei até meia hora depois do meu horário marcado, mas ninguém veio.
Comecei a me perguntar se tinha errado a hora ou o dia ou… “
“Dar uma olhada nos fundos do prédio, ver se tinha outra porta lá.”
“E tinha,” Me lembrei. Com um passo rápido, levei Martin por uma familiar
viela em direção ao conhecido estacionamento pavimentado.
Martin concordou com a cabeça. “Eu escutei os dois gritando pra começo de
conversa, e vi umas luzes estranhas piscando. Eu virei a esquina daquele
prédio ali, e o - Doutor? - estava no topo daqueles degraus perto da porta,
enquanto o monstro -”
“A porta. Estava fechada ou aberta?” Eu perguntei.
Eu subi os degraus até a saída de incêndio, onde tinha visto “Senhor Smith”
naquela manhã. Me abaixei para examiná-la. Não havia como abri-la por
esse lado. Tentei empurrá-la experimentalmente. A porta não se rendeu.
Uma chave de fenda sônica abriria ela em um segundo, é claro - desde que o
dono tivesse um segundo.
“Ele estava aqui,” disse Martin, atrás de mim. “Ele estava bem aqui no pé
das escadas. Será que isso…? Isso ajuda?”
Rabisquei uma mensagem breve, apenas quatro palavras, em letras com mais
ou menos trinta centímetros de altura, na porta da saída de incêndio. Eu
adicionei três beijos na parte de baixo ao invés de uma assinatura. Me
levantei para admirar meu trabalho.
Encontramos um lugar para nos escondermos atrás das latas de lixo, o que
nos deu uma visão perfeita da prospectiva arena. Nós ficamos agachados em
um silêncio nervoso e escutamos a tempestade.
Martin começou a se mexer. Lhe dei uma bronca em um forte sussurro. Ele
estava com câimbra na perna, choramingou. Ele se esqueceu disso rápido o
suficiente quando ouvimos uma tossida suave e um barulho se aproximando
que não parecia nada com passos.
Eu abri a aba da maleta dele para checar a hora em seu celular. Eram 2:16.
“Ele está adiantado.”
“Quer dizer que ele está aqui. Quer dizer que um membro do nosso elenco
está a postos aguardando sua deixa. Faltam apenas dois. Quer dizer que
temos uma chance.”
Ele entrou passeando na cena com suas mãos atrás das costas, assobiando.
Ele subiu os degraus até a porta. Conforme fazia isso, Martin segurou meu
braço, enfiando suas unhas em minha pele. Eu segui seu olhar apavorado.
“Senhor
“Isso não vai acontecer.” “Senhor Smith” sorriu seu sorriso contorcido
novamente e de repente sua arma tinha voltado. “Eu vi o futuro.” Ele apertou
o gatilho.
“Senhor Smith, qualquer que seja seu nome, me escuta,” O Doutor berrou,
virando de uma lesma gigante para a outra. “Eu não percebi - deveria ter
percebido - mas seu manipulador de vórtex está acoplado ao seu manto. É-”
A primeira lesma lhe empurrou com força contra a parede atrás dele, lhe
tirando a respiração. O Doutor lutou desesperadamente contra ela, mas
estava preso pelo tronco transparente do monstro.
Seu manto estava cercado por uma energia reluzente, que claramente lhe
causava dor. Também gerava descargas em formato de raio em todas as
direções. Martin e eu recuamos quando um atingiu uma lixeira azul bem na
nossa frente, lhe apagando da existência - pelo menos da existência no
presente - e, Querido Diário, essa não foi nem a pior parte.
“Eu escutei isso,” Martin Flint - o que estava ao meu lado, o errado -
respirou. Eu não entendi o que ele quis dizer a princípio. “Eu estava aqui,”
ele disse com mais urgência, “quando disseram tudo isso - pela primeira vez.
Eu estava aqui.”
Nós tentamos olhar para além das rajadas de energia do vórtex e dos rasgos
no ar para a entrada do estacionamento - a entrada vazia do estacionamento.
“Eu deveria estar aqui,” insistiu Martin. “Eu deveria estar em pé bem ali.
Onde é que eu fui parar?”
Ele dançou ao redor de seu inimigo. Estava tentando chegar mais perto dele,
mas era repetidamente repelido por raios de energia ou braços mecânicos
fazendo movimentos erráticos.
Ele viu uma abertura - ou acho que tinha visto - e se jogou. A mão
cybertronica restante de Gharjhax lhe pegou pela garganta. O Doutor ficou
de joelhos, tentando desesperadamente falar, apenas sendo capaz de soltar
chiados e sílabas soltas. Os olhos vermelhos da lesma gigante se projetavam
de suas antenas conforme seus dedos de metal ficavam cada vez mais
apertados.
“Vai matar ele,” Martin guinchou. “Você tem que fazer algo!”
Levou todo meu autocontrole para negar com a cabeça. “Queria poder,
Martin,”
O Doutor tinha me mandado para cá. Ele não tinha ousado cruzar sua própria
linha do tempo. Se eu interferisse diretamente em seu passado, no entanto -
isso seria tão ruim quanto. Como Martin, eu estaria alterando os eventos que
me trouxeram aqui em primeiro lugar.
Eu tinha uma ideia melhor, no entanto. Querido Diário, não era uma ideia
muito legal…
“Martin Flint salvou a vida do Doutor,” Lhe lembrei. Foi assim que
aconteceu - e é assim que deve acontecer, se temos alguma esperança de
reparar a história.”
Será que ele realmente entendia o que estava prestes a fazer? Eu ainda
imagino se sim.
Gharjhax colidiu com a parede dos fundos do próprio prédio. Isso deve ter
deslocado algo em seu manto - pois, com um estouro final e uma baforada
de fumaça, o manto morreu. A Lesma gigante foi ao chão, inconsciente ou
morta.
“Não.” Ele lamentou para si mesmo. “Não, não, não, não.” Ele se ajoelhou
ao lado do Gharjhax caído e lhe escaneou. Respirou profundamente e lhe
deixou sair.
“River Song. Porque é que, sempre que existe uma ameaça existencial ao
universo do tempo e espaço, você sempre parece estar envolvida?”
“Na verdade, eu acabei de lhe fazer um enorme favor. Como ele está?”
“Vai viver. Vou dar uma ligada para a UNIT. Eles podem mandar um time
para coletar ele em quinze minutos. Então, se eu ligar dez minutos atrás…”
Ele me deu uma olhada inquisitiva. Respondi levantando meu dedo para
meus lábios. Ele saberia o que aquilo queria dizer. Pela segunda vez hoje, no
entanto, o dispositivo em meu pulso me traiu. “Pulseira legal,” disse o
Doutor. “Parece familiar.”
“Rapaz esperto.”
mas uma vez que tiver acabado, temos mesmo um encontro. Em Temple
Beach.”
Sua face se contorceu em desânimo. “Eu não concordei com isso - vou
concordar?”
“Eu achei que poderíamos pular essa parte, economizar tempo.” Eu sorri
docemente. “Eu mencionei que era um favor muito grande?”
“mas já vou te dizendo que não vou usar um fio dental - de novo.”
Ele pegou minha mão estendida sem muita certeza, ainda tentando olhar para
além de mim, em direção ao monstro adormecido no pavimento. “Um, sim,
eu…
eu estou aqui para uma entrevista com o Senhor Smith, mas estou atrasado
uns minutos, teve um problema no -”
Ele tinha que ir ao seu escritório por algumas horas. Naquela tarde, ele tinha
uma entrevista com um negócio novo, mas promissor baseado na rua Great
Russell.
No escritório, ele recebeu uma ligação do seu banco, lhe dizendo que sua
conta havia sido esvaziada. Agitado, ele saiu para lidar com o problema.
Eu imaginei que isso levou a uma longa reunião com seu gerente do banco
ou representante de serviço ao consumidor. Sem dúvidas, lhe foi prometida
uma profunda investigação. Suas economias de uma vida, no entanto - quase
mil e quinhentas libras - podem ter sido perdidas para sempre.
Ele chegou atrasado para sua entrevista e ninguém atendeu a porta. Ele deu a
volta até os fundos, onde encontrou um par de estranhos. Eles lhe
informaram que a Dead Cert Investimentos tinha sido inesperadamente
liquidada. O contato de Martin ali - um Senhor Smith - tinha deixado o país.
Ele também notou uma lesma alienígena verde e gigante, dormindo no
estacionamento. Eu esperei que ele não tentasse pensar muito a respeito
disso.
Ele tinha deixado sua maleta no trabalho. Outro choque lhe esperava quando
foi colocá-la. Uma lesma alienígena verde e gigante tinha ameaçado seus
colegas de trabalho, à sua procura. Mais desconcertante ainda deve ter sido
seus colegas insistindo que Martin tinha estado ali logo depois do ataque - e
levado sua maleta junto.
Nesse ponto ele já deveria estar se preocupando com sua saúde mental.
Voltando para casa, ele encontrou seu apartamento em uma terrível bagunça.
Ele entregou a ficha em sua casa de aposta local, hesitante, temendo uma
pegadinha - e se encontrou vinte mil libras mais rico. Ele tinha dinheiro o
suficiente para consertar seu apartamento e mais.
Você está certo, Querido Diário, o Doutor provavelmente não aprovaria. Em
contrapartida, quem é que vai contar para ele? De qualquer forma, eu sei que
ele se apropriou de alguns prêmios de loteria ele mesmo. Como eu disse -
um verdadeiro certinho quando lhe vem a calhar.
Ele merecia porque, em algum lugar, em algum tempo, outro Martin Flint - e
não me pergunte de onde ele saiu, pois não há resposta simples pra essa
pergunta
Todos os dias para ele são Quinta-Feira, sete de julho. Toda manhã, ele
acorda com frio em um estacionamento, sua memória em frangalhos. Todas
as tardes, ele tropeça para dentro de uma fenda temporal, que lhe manda de
volta para o começo.
Uma das principais vantagens da viagem no tempo é que você pode fazer
compras. Pegue o final do século XV, por exemplo: cheira mal, mas tem
classe.
Ele também tem uma atitude bastante libertária (amo uma atitude libertária).
Quero dizer, sim, depois de alguns dias adoráveis trabalhando, acabei sendo
perseguida pelos guardas do Doge, nada mais justo, eu havia invadido o
palácio, então eles estavam apenas fazendo seu trabalho.
Mas claro, eu também estava apenas fazendo meu trabalho, algo que eu
precisava explicar a Docherty, aparentemente diariamente.
—Professora Song— ele dizia —por favor, apenas faça o seu trabalho.
algodão, a menos que o sinta próximo à pele). E sim, acho que o Capitão da
Guarda estava exagerando um pouco quando tentou me enganar com um
machado decorativo, mas, viva e deixe viver, foram surpreendentes cinco
minutos para todos nós e tenho certeza que ele provavelmente é um boneco
quando não está sendo jogado para o ar por uma mulher parcialmente
vestida.
Até parei para apreciar e memorizar o encantador vitral que dava para o
Grande Canal.
DreamInc, sim, vamos falar um pouco sobre eles, certo? Afinal, todo mundo
fala.
Além disso, eles são meus atuais empregadores, e a seção 87, parágrafo 112
Felizmente, meu contrato não faz tal estipulação quando se trata de discutir
os funcionários da empresa, então deixe-me deixar registrado: o gerente
executivo da DreamInc com quem tenho lidado, Milton Docherty, é um
canalha, e apenas olhar para ele faz meus órgãos reprodutivos esconder-se à
esquerda dos meus
rins com medo de permitir que acidentalmente seu DNA se propague. Isso
nunca aconteceria, eles deveriam confiar em mim, mas posso entender sua
recusa em assumir riscos desnecessários.
Em algum momento, alguém uma vez disse a ele que um rabo de cavalo era
atraente, possivelmente como uma piada. Não conseguindo ver o lado
engraçado, ele teve um transplantado e o resultado enrola-se em seu pescoço
de uma forma que só seria aceitável se o estrangulasse.
Ele usa ternos feitos daquela horrenda seda strackiana que muda de cor para
complementar o ambiente. Como ele atualmente está gastando muito do seu
tempo em um canteiro de obras, isso significa que ele está vagando por aí
usando meio milhão de sacos de crédito de cimento.
Ele tem duas maneiras de apertar a mão das pessoas. Se você é um homem,
ele o ataca, desesperado para provar o quão forte é seu controle. Se você é
mulher, ele fica parado, como se esperasse que você se esquecesse de
compilar seu corpo corretamente naquela manhã e você acidentalmente
colocou uma parte muito mais frutada de si mesmo onde suas palmas
deveriam estar.
Talvez eu esteja sendo injusto, deve haver algo bom que posso dizer sobre
ele.
Ah, sim, ele teve o bom senso de me contratar. Talvez ele apenas goste de
apertar minha mão.
precisamente por que uma cozinha espancando seus habitantes até virar
polpa não era responsabilidade legal da DreamInc.
O WishCrete também é onde eu entro e por que tenho feito tantas viagens
divertidas para Veneza ao longo dos tempos, absorvendo a atmosfera em
geral e a arquitetura em particular. Cada manhã, estou conectado ao hub de
programação central WishCrete e o que aprendi é absorvido em sua estrutura
central. Claro, DreamInc não sabe que estou obtendo minhas informações
por realmente ir para Veneza, eles só pensam que sou terrivelmente
inteligente e bem informada. O que eu sou, então, se este diário cair em suas
mãos, também gostaria de salientar que, de acordo com a Seção 34,
Parágrafo 17, como faço minha pesquisa é assunto meu e eles não podem me
despedir por isso.
Bem, essa foi uma manhã interessante. E você sabe disso, quando eu digo
Suas rebatidas são golpes de martelo e sua língua é afiada como serra de
metal.
Certa vez, a vi fazer um grito siderúrgico lascivo depois que cometeu o erro
de bater nela na barra do site. Um olhar e ele estava implorando por
misericórdia.
— Este não é um bom dia, — ela me disse quando me sentei com meu bacon
falso e café. — Eu gostaria que este dia fosse baleado por crimes contra
mim.
— Qual é o perigo?
Ela me olhou bem nos olhos (roubando um pedaço de bacon com a mão
esquerda, pensando que eu não notaria, a atrevida) e disse: ‘Fantasmas’.
— Fantasmas?
— Fantasmas.
Agora, esse é o tipo de coisa que requer explicação e eu tinha certeza que
Gloriana resolveria assim que terminasse de mastigar o bacon que roubou de
mim.
— Não é a primeira vez que alguém afirma ter visto algo, — disse ela. — Na
verdade, tem sido uma fofoca em todo o site desde a última semana ou mais,
desde que um dos trabalhadores viu uma mulher dançando no quarto da casa
em que ele estava trabalhando.
— Bons movimentos.
— Eu sei? Ele saiu correndo e disse a todos para virem olhar e, é claro,
quando o fizeram, não havia nada lá. —Ela tomou um gole do meu café. —
O cara tem um pouco de história com bebidas, então, para começar, ninguém
estava levando a sério. Então ele se levantou e saiu, desistiu do contrato
porque estava com muito medo de voltar para casa. As pessoas o levaram
um pouco mais a sério depois disso.
— De acordo com um cara com quem ele fez amizade, o apagamento mental
foi uma das razões pelas quais ele aceitou, disse que mal podia esperar para
esquecer o que viu.
Terminei meu café antes que ela pudesse fazer por mim. — OK, então é
apenas um homem, e o resto?
— É aí que fica realmente estranho. Você sabe como são as histórias. Depois
que o primeiro cara saiu, a coisa toda deixou de ser uma piada para ser algo
que as pessoas levavam a sério. Dentro de vinte e quatro horas, ninguém
estava
admitindo que riu disso. Foi um fato. Nova Veneza estava assombrada. O
Aqui está o que ela me disse. (Não tenho tempo para todo esse maldito
diálogo, além de estar parafraseando como o diabo, se eu pudesse realmente
me lembrar do que ela disse, palavra por palavra, minha memória seria tão
brilhante que eu não precisaria de um diário.)
Então havia uma velha sentada em uma banheira, ainda sem encanamento,
que parecia estar fazendo crochê. Ela foi vista por alguém com um pouco
mais de coragem. Ele se aproximou dela e tentou tocá-la. Nesse momento,
ela fincou a agulha de crochê em seu braço e deu uma gargalhada. Quando
ele correu para o posto médico, não havia mais nenhum sinal da agulha;
tinha desaparecido no caminho. A ferida era bastante real, porém, e
sangrando profusamente. O
— Quanto custa para trazer um padre aqui em uma nave auxiliar de alta
velocidade? — Ele estava gritando em seu telefone via satélite. — Que tipo
de padre? O que eu sei? Um barato!
(Eu sei, estou parecendo preconceituosa. Só estou zangada. Vou tentar dizer
algo legal para um fractal em algum momento para expiar, mas não agora.
Agora estou muito furiosa.)
— Tire suas malditas mãos de mim, mulher! — Foi sua resposta calculada.
Suponho que fui com armas em punho.
Você me conhece.
Não sei por que fiquei surpresa. A grande inauguração está a apenas quinze
dias de distância e uma abertura tardia vai custar ao DreamInc o tipo de
dinheiro que seres sencientes normais não podem escrever numericamente
sem ficar entediado com todos os zeros. Cada dia de atraso é um apocalipse
financeiro. É
o tipo de dinheiro que é tão grande que provavelmente não é mais real,
economia teórica, mas tem peso para pessoas como DreamInc e Docherty.
Na verdade, é a única coisa que tem. Argumentar contra isso é apenas lutar
contra o vento.
Acho que até os trabalhadores entendem isso. Eu dei a eles uma tarde antes
que eles voltassem ao trabalho.
Basicamente: "Não, você não pode ter mais tempo, mas vamos pagar-lhe
muito dinheiro extra se você parar de discutir e continuar com isso."
O sindicato aceitou. O dinheiro fala em todos os níveis. Os trabalhadores
precisam do pagamento e o bônus é grande o suficiente para que até mesmo
os reclamantes mais barulhentos possam ser encontrados atualmente
balançando martelos como se fosse uma questão de vida ou morte.
LIVRO.
Assim que o site estiver aberto, o WishCrete vai atuar diretamente com os
moradores e sem toda essa intimidade, mas aí sua resposta será mais vaga.
Ele responderá apenas a emoções particularmente fortes, e não (eles
esperam) de uma forma tão profunda e dramática. Quando penso em Veneza,
esses
Todo o negócio é indolor. O único efeito colateral parece ser uma espécie de
devaneio, uma sensação de desconexão da realidade que dura quase tanto
quanto a carga estática. Eu estarei vagando para casa com minha cabeça nas
nuvens, os pés parecendo ter a largura de um fio de cabelo acima do solo.
Quando termino, Viola me dá uma toalha com solução salina para limpar as
conexões e outra bebida horrível, esta doce o suficiente para fazer seus
dentes tremerem. É nojento, mas desaparece depois de uma ressaca como
ninguém, então hoje eu peguei uma garrafa para dar a Gloriana na minha
volta, sabendo que ela me amaria por isso.
Ela amou. Na verdade, quando ela conseguiu passar por um copo cheio, ela
era quase humana e eu não precisava mais me preocupar com o possível
destino dos tapetes.
— Já é manhã?
jato de replicação de gás com defeito. Ela ficou pendurada ali, agarrada ao
ferro como um urso em uma árvore, observando a água suja jogando seus
homens de um lado a outro da praça. Embora muitos deles tivessem tentado
nadar para longe, a maré estava muito forte e eles foram lançados impotentes
em qualquer direção que a água escolhesse.
Tudo estava seco, o único sinal da enchente eram os corpos de trinta e dois
trabalhadores da construção, espalhados pela pedra como madeira flutuante,
secos, mas inchados, rostos chocados pressionados contra o solo. Alguns
foram alojados em grades ou janelas, alguns varridos para o próprio canal,
onde flutuaram de cara para baixo entre os restos borrifados do lutador
cibernético, balançando para cima e para baixo na maré falsa causada pelas
máquinas de ondas subaquáticas.
A equipe de hidrovias jurou que a situação não tinha nada a ver com eles (e
o fato de a água ter sumido deixando tudo totalmente seco, em vez disso os
sustenta). DreamInc se recusa a aceitar suas garantias, principalmente
porque a única outra explicação é que toda uma tripulação morreu por um
fantasma de uma enchente e até mesmo o sindicato está apavorado em
aceitar isso como um conceito. A racionalidade é engraçada. As pessoas vão
aceitar um fantasma se for uma costureira louca, mas não se for uma
inundação inteira. Como se a escala fizesse toda a diferença.
Não que eu esteja dizendo que era um fantasma no sentido tradicional, é
claro, porque eu também sou uma racionalista, mas alguém que viu o
suficiente do universo para rolar com os golpes. Seja o que for que esteja
acontecendo - e sejamos honestos, não é difícil juntar as peças - é preciso
abordar, não negar.
Exceto eu.
Acredite em mim, estou olhando para você neste exato minuto e o que estou
imaginando acontecendo com você não é, por qualquer definição da palavra,
bom.
Ele estava prestes a dizer algo de que se arrependeria, então fiquei com pena
dele e o interrompi, continuando a falar:
Mas assim que ele falou sobre isso, a história se espalhou, o conceito
cresceu.
— Bastou uma pessoa para pensar sobre isso. “Imagine”, eles pensam,
“como seria se você estivesse aqui e todo este lugar inundado.” No minuto
em que esse pensamento estiver lá fora ...
— Bobagem — disse ele, provando como toda aquela conversa era inútil.
Se eu ficar, finja ser uma boa garota, talvez consiga fazer algo.
Poderia.
Como odeio minha vida às vezes.
se ela saltasse muito alto e batesse com a cabeça em uma das pontes baixas.
Eu tive que me conter. Se eu estivesse certo - e estou - poderia ter feito isso
acontecer. Um pensamento perdido e uma ponte poderiam ter se agachado e
cortado ela acima do pescoço enquanto eu observava.
Não houve mais acidentes. Viva o poder do pensamento positivo. Assim que
todos estiverem presentes, isso vai mudar. Essa visão de túnel vai se alargar
e quem sabe o que vai acontecer? Nada de bom, a menos que eu consiga
pensar em uma maneira de pará-lo, o que, agora, não posso.
Eu sei que Docherty quer me manter por perto; eu sou outra coisa para
flutuar na frente de seus clientes ricos.
Falta um dia.
10
A cerimônia de abertura.
Suspirar…
Ninguém morreu, deixe-me deixar isso bem claro. Embora o dia ainda esteja
começando, então não fique muito calmo.
Eu tinha tentado evitar isso, mas Docherty deixou claro que eu deveria me
juntar a um casal de idosos que havia pedido especificamente para me
conhecer.
Como Nova Veneza não foi oficialmente declarada aberta por mais uma
hora, eu não tive escolha a não ser subir a bordo e colocar meu melhor
sorriso falso.
O querido Ludovic não disse muito, apenas olhou para o meu peito e tentou
impedir que suas calças de montaria subissem para expor seus joelhos
reparados cirurgicamente. Acho que Darling Ludovic vive com medo de sua
esposa.
— Suponho que este lugar seja aceitável — disse ela, desviando os olhos do
espelho de maquiagem por alguns segundos. — Só espero que seja seguro.
assegurei a ela. — Você não pode nem pousar aqui se seu saldo bancário não
for grande o suficiente.
Esse não é um pensamento que ela queira ter em Nova Veneza porque, mais
cedo ou mais tarde, isso provará que ela está certa.
Voltei para Nova Veneza cerca de cinco minutos depois de ter saído e a
gritaria já havia começado.
O primeiro a cair foi um jovem de Alcapha que, estou informado, era uma
famosa estrela pop em sua galáxia. O homem por trás de sucessos de ouro
como (traduzidos para o português) "Garota, este é meu pseudópode que
você está segurando" e "Talvez nós devêssemos apenas fazer ovos". Talvez
encorajado pelo som da banda marcial, ele saltou para a procissão e
começou a dançar lascivamente com uma mulher em um cocar de penas e
camadas e camadas de seda e renda. Ela arrancou sua cabeça com uma
mordida.
Parecia justo que ela visse algum tipo de retorno de seu tempo em Nova
Veneza.
Você pode imaginar meu alívio, pois o som de alguns quilômetros quadrados
de ar deslocado me permite saber que ela está se movendo para a atmosfera
acima de nós.
— Nele. Você sabe que eu não posso trazer todos de uma vez?
Eu rebatizei no caminho. Durante sua curta vida, tornou-se a Ponte dos Juros
Biológicos Deliciosamente Inventivos.
Eu não tinha nenhuma razão para esperar que essas construções WishCrete
se importassem se eu atirasse nelas - afinal, elas não eram de carne e osso -
mas eu coloquei minha arma em sua configuração mais alta, esperando que
pudesse pelo menos causar danos suficientes à sua estrutura para obter por
eles.
Eu abri buracos para fora deles enquanto passava correndo, seus braços se
liquefazendo e estendendo a mão para me agarrar enquanto eu abria seus
corpos para o ar. Um deles me pegou pela parte de trás do vestido, mas
consegui cortá-lo no pulso com um tiro que também me cortou o cabelo.
Eu estava batendo na mão que rastejava enquanto fazia a parada do ônibus
aquático e digitava meu código de segurança para o elevador. Sempre tive
um problema com mãos errantes.
— Professora Song! Que alívio ver que você está bem! — Ele fez um belo
punho parecendo sincero, mas eu não estava interessada; grande parte da
matança acontecendo acima de nós era responsabilidade dele.
— Achei que deveria ver se poderia ajudar aqui — disse ele, antes de
perceber que não era criativo o suficiente para estender a mentira ainda mais.
Não havia nada que ele pudesse alcançar aqui porque, ao contrário de mim,
ele não foi feito para fazer o que precisava ser feito.
— Maravilhoso.
— Isso me custou uma fortuna. Que tal aproveitar esta oportunidade para
receber o crédito e também cobrir meus custos?
Eu disse a ele. Ele empalideceu um pouco, e não estou surpresa, pois dobrei
minhas despesas reais, a fim de incluir um pagamento considerável para
mim e Gloriana na equação.
— Não há tempo para isso, infelizmente. É assim que vai funcionar: hoje
pode colocar DreamInc fora do negócio. Imagine quantas pessoas tentarão
processar em cerca de uma hora. Mas se você puder convencer a todos que
os planos para os colocar em segurança e lidar com o problema WishCrete
são seus e já estão em vigor, você pode sair de tudo isso com uma chance de
salvar sua carreira, mesmo que o DreamInc afunde. Pense em todas as
pessoas ricas que você poderá dizer que devem sua existência contínua a seu
pensamento rápido.
Ele pensou sobre isso por um momento e então acenou com a cabeça.
Realmente foi a única coisa útil que pude pensar para ele fazer.
— Todo o conjunto está entrando em colapso! — Disse ela. — Não sei como
impedir.
Foi uma sorte que ele ainda estava atacando em uma base individual; isso
nos deu tempo. Sobre o assunto ...
— Só até eu fazer o que precisava ser feito — disse a ele. — Vamos ficar
bem, isso não pode nos matar aqui de qualquer maneira.
Eu podia sentir sua relutância. Não conseguia se afastar das vítimas que
zurravam acima, mesmo quando elas estavam desaparecendo graças a
Gloriana. Talvez não quisesse, talvez tivesse um pouco mais de sensibilidade
do que eu dei crédito. Talvez estivesse realmente começando a se divertir.
Faça o que lhe foi dito! Eu insisti, meu pensamento final antes de me arrastar
de volta ao mundo real e ao som do pânico.
— Achei que você preferia estar aqui a com o resto deles — disse Gloriana,
afastando-se dos controles para nos encarar. — Eles não estão muito felizes.
— Oh meu Deus, — disse Docherty, seu rosto ficando branco ao ver a soma
total de trilhões de créditos e meses de trabalho desaparecer bem na frente
dele. —
RIOS DO TEMPO.
Andrew Lane
O maior problema que uma garota tem com o encarceramento de longo
prazo em um planeta-prisão remoto e sombrio é, eu descobri, o efeito que
isso tem em seus sapatos.
Quando você tem que usar os saltos dos sapatos como ferramentas para
retirar os painéis de acesso dos guardas robóticos, você tende a quebrar
muitos deles também. É por isso que, a cada poucos meses, tenho que
escapar de Stormcage para fazer algumas compras sérias. Afinal, uma garota
tem que estar linda, não é? Nunca se sabe quando alguém pode receber a
visita do marido - exceto, é claro, que esse alguém esteja aqui em primeiro
lugar, por matá-lo. Exceto que ninguém consegue se lembrar direito quem
ele era.
Tenho muito tempo para pensar aqui em Stormcage. Decidi que isso pode
não ser bom. Ainda assim, pelo menos os artrópodes e eu temos muito o que
conversar.
Isso a deixa irritada. Não sei porque - sempre volto no final. Na verdade,
tenho um manipulador de vórtice que uso para sair, mas eles nunca o
encontram quando revistam minha cela.
Claro que não - eu mantenho isso um pouco fora de fase com essa realidade.
O
controle remoto que aciona quando preciso é pequeno o suficiente para que
eu
Eu estava preparada esta manhã para uma pequena viagem até a Estação
Kanenda, que atende aos clientes mais exclusivos deste quadrante da
galáxia.
ela vociferou.
verdade - eu posso.
'Oh, que fabuloso!' Eu disse, mas por dentro eu estava preocupada. Eu podia
contar nas juntas de um dedo quantas vezes eu tinha sido oficialmente
autorizada a sair de Stormcage desde que cheguei, e nenhuma delas foi
agradável.
Fui escoltada pelos guardas até o escritório da Governadora, que fica em
uma torre com vista panorâmica do segundo terreno mais desolado, escuro e
devastado pela tempestade que já vi. (O terreno mais desolado, sombrio e
devastado por tempestades que já vi foi um lugar chamado Ilha de Cave, em
um planeta chamado Terra, em uma época que os habitantes locais se
referem como os anos 1970, mas isso também é outra história.) Suspeitei por
um tempo que a torre é na verdade uma nave de fuga que a Governadora
pode usar se houver um tumulto, e pretendo verificar isso em algum
momento, mas quando fui empurrada para o escritório dela, fiquei mais
intrigada com a outra pessoa sentada na frente de sua mesa. Ele tinha uma
pasta ao seu lado.
'Preso 50243,' disse a Governadora (não estamos nos tratando pelo primeiro
nome, apesar de minhas frequentes tentativas de sermos amigas), 'este é o
professor Darin Forcade.'
"Eu sei", disse ele, levantando-se e caminhando até mim. Ele era um homem
corpulento com uma barba espessa com mechas grisalhas. - Fiquei muito
impressionado com seu artigo sobre as ruínas de Racnoss em Arcnoy
Twelve.
Olhei para a Governadora, depois de volta para ele. “Adoraria ajudar”, falei.
'Infelizmente, minha agenda está um pouco cheia no momento com essa
coisa cansativa de' prisão perpétua por assassinato '. Você pode ter ouvido
falar sobre isso.'
O que o papel mostrou foi uma gravação em loop com duração de alguns
minutos de várias pessoas em macacões sujos tentando abrir uma porta sem
quebrar nada. A porta era de metal, mas velha o suficiente e estragada o
suficiente para parecer pedra. A parede em que foi colocada não tinha
características, mas três coisas me impressionaram.
A primeira coisa foi que a porta tinha cerca de cinco vezes o tamanho dos
arqueólogos que tentaram abri-la. A segunda coisa é que alguém deveria
projetar um conjunto de roupas de trabalho mais atraente para os
arqueólogos do que o macacão bege padrão que todos usam. Eles devem
obter um desconto em massa, mas, francamente, não vale a pena. A terceira
coisa era que, a julgar pelos hieróglifos colocados na moldura da porta, ali
não era Gallifrey. Isso era um alívio.
Não sei muito sobre Gallifrey - apenas o fato de que foi o lar de uma das
primeiras civilizações a emergir na galáxia, as lendas sobre ser "um planeta
além do tempo" e o fato de que meu marido e o amor da minha vida nasceu
lá, mas eu sei, a partir dessas lendas e das coisas que ele deixou escapar, que
se Gallifrey for encontrado, coisas ruins vão acontecer. Felizmente, não era o
caso.
"Pode ser apenas uma grande porta para fins cerimoniais", aventurou-se. Eu
sabia que ele estava me testando. 'Não,' eu o corrigi, 'a raça que usou aquela
porta foi enorme. O glifo de controle que o abre é cerca de dezoito pés acima
do chão. '
'O símbolo que eles teriam tocado para abrir a porta. Está mais gasto do que
o resto deles. “Eles têm milênios de idade”, ressaltou. - Estão todos gastos.
- Sim, mas um deles está um pouco mais degradado do que os outros. Diga a
sua equipe para empurrá-lo para dentro para liberar a porta. A maioria das
civilizações precursoras usaram energia geotérmica do núcleo do planeta
para alimentar suas cidades. Supondo que a fiação de cerâmica ainda esteja
intacta, as portas se abrirão e fecharão até o momento em que o planeta se
desfaça, e dado o fato de que todas as raças daquela época se foram, isso só
acontecerá devido ao estresse gravitacional natural.
Eu amo estar certa, mas não tive tempo para me deleitar com isso. 'O que
estava dentro?' Perguntei ansiosamente.
"É isso que quero mostrar a você", respondeu ele. Seu olhar cintilou em
direção a Governadora. Mas não aqui. No planeta.
'Antes que qualquer uma das raças no universo hoje evoluísse', respondi com
minha melhor voz de sala de aula, 'havia outras raças. Raças mais antigas.
Os arqueólogos os chamam de “os precursores”. Todos eles morreram -
alguns pela decadência natural e senescência que aflige qualquer civilização,
mas alguns por causa de uma série de grandes clareiras que ocorreram há
mais tempo do que qualquer um pode se lembrar. Senti-me franzir a testa,
enquanto minhas antigas pesquisas surgiam das profundezas da minha
memória. Parei de franzir a testa o mais rápido que pude. É simplesmente a
pior coisa para criar linhas permanentes. 'Diz-se que várias raças aderiram
juntos em uma coalizão para lutar contra horrores muito piores do que
qualquer coisa que vivemos agora. Esta coalizão foi liderada por uma raça
de um planeta misterioso conhecido apenas como ... Gallifrey. '
Meus dedos estavam cruzados nas minhas costas, mas nem o governador
nem o professor Forcade perceberam. - “Os governantes do tempo” -
murmurou Forcade. 'Ou talvez "os Senhores do Tempo" - os registros não
estão claros.
''Senhores 'é mais preciso', eu disse calmamente, então continuei mais alto:
'Por um período indeterminado de tempo eles destruíram Racnoss, Narlok e
os Grandes Vampiros, bem como outros dos quais não temos registro de ... '
'A frase' Grandes Vampiros 'é um termo baseado em vários textos muito
antigos.
Você pode preferir pensar neles como criaturas humanoides enormes,
capazes de sugar a vida de um mundo inteiro e transformar seus habitantes
em acólitos.
De qualquer forma, uma vez que essas ameaças foram eliminadas, a coalizão
"Os Qwerm?" Forcade estava olhando para mim com os olhos arregalados.
“Eles eram, pelo que pude reunir, uma raça de filósofos que se tornou, por
algum estranho conjunto de circunstâncias, o braço guerreiro da coalizão.
Maciços, de seis patas, como enormes gafanhotos do tamanho de uma
grande locomotiva a vapor eduardiana, se você sabe o que é - e como um
arqueólogo certamente deve saber - com cinco cérebros separados e
interligados, capazes de rápida análise tática e estratégica paralela.
Olhei para o governador, que ouvia tudo isso com a boca aberta fascinado.
Ela quer fazer as malas?" Ele parecia confuso sobre quem tinha autoridade
aqui.
Achei isso muito gentil da parte dele. Obviamente, era eu, mas ele tinha
acabado de me conhecer. Ele vai aprender.
"Tudo bem", eu disse. 'Eu mantenho uma mala feita na porta da minha cela,
pronta para quando eu quiser sair.'
Tenho revisado o pouco que sei sobre as primeiras campanhas dos Senhores
do Tempo. Eu sei que levaram muito tempo para se libertar de seu torpor de
complacência e iniciar a Guerra do Tempo contra o Império Dalek, mas
quando eram uma raça jovem, eram muito mais ativos e muito mais morais
('moral 'sendo um termo relativo para tudo o que alguém acredita ser certo e
está disposto a lutar). E eles estavam muito mais dispostos a sujar as mãos
trabalhando com outras raças. Eu os imagino como sendo então uma raça
inteira composta de pessoas como meu marido.
Também estive pensando sobre o que o Professor quer que eu olhe - a razão
pela qual ele veio especificamente para me pegar. Minha autoestima é alta o
suficiente para que eu pudesse abastecer um pequeno mundo com ela por
vários anos, mas mesmo eu não acho que minha fama como arqueóloga se
estenda por toda a galáxia. Então, como Forcade veio me escolher?
'Docinho', a menos que por algum motivo meu cérebro decidisse colocar
seus nomes em algum lugar que costumava conter os ingredientes para uma
surpresa Gumblejack (que, a propósito, é um dos coquetéis que não quero
lembrar).
Markol certamente pensa que estou - ele me encara de uma forma muito
hostil.
Acabou de chegar ou já está aqui há algum tempo? Minha mãe e meu pai
também estão aqui? O Doutor está lá dentro ou está explorando? É algo a ver
com as campanhas antigas que os Time Lords travaram contra as raças mais
perigosas de seu tempo, ou uma fusão acidental de duas coisas separadas?
Por que rosa combina com preto, mas não com azul marinho? Percebi muito
cedo na minha vida que o universo está cheio de perguntas para as quais
talvez eu nunca obtenha as respostas.
Afinal, não consigo mais regenerar minhas rugas. Eu usei esse pequeno
truque na Alemanha nazista na década de 1930. Agora tudo o que tenho para
salvar minha aparência são bons genes e um regime de hidratação
abrangente.
Eu ouvi mais cliques de algum lugar próximo. Virei minha cabeça e vi que o
Professor Forcade estava sendo carregado ao meu lado. Ele parecia confuso
e indignado ao mesmo tempo, mas eu estava realmente mais interessada no
que
A loira de raízes negras - Toulder - era um dos piolhos. Ela olhou para mim
com olhos dos quais toda a humanidade havia sido drenada.
Eu realmente esperava que isso fosse um pesadelo, mas as batidas rápidas do
meu coração, o aperto das garras na minha pele e a brisa no meu rosto
sugeriam que não era. Além disso, muitos dos meus pesadelos giram em
torno de mim aparecendo nua para uma festa, o que é engraçado porque
muitas das festas que vou acabam ao contrário.
O que eles querem? Seu rosto indicava que ele estava à beira do pânico.
"Nós, obviamente."
outra. Ela me soltou e, com os dois braços livres, consegui limpar meu
batom nas cascas de todos os demais. Elas me deixaram cair no chão e
correram por caminhos aleatórios. Uma ou duas apenas corriam em círculos.
O batom vermelho ('Pecado Escarlate', acho que se chamava) borbulhava e
borbulhava em suas embalagens de metal. Suas cabeças humanas estavam
fixas em expressões de agonia, e seus olhos de lentes pretas pareciam estar
olhando com horror.
'Eles deveriam se considerar sortudos por eu não ter nenhum blush comigo',
respondi. Agarrando seu braço, comecei a correr em direção ao zigurate.
'É para lá que eles estavam nos levando!' ele gritou, se afastando.
"Eu sei", disse eu, "mas é defensável e, além disso ... você não quer ver o
que eles estavam nos levando para fazer?"
Ele estava olhando por cima do ombro em estado de choque. "Eu não
entendo nada que está acontecendo!" O que aconteceu com eles? O que eles
querem de nós? '
A primeira coisa que percebi foi que aquela não era a TARDIS do Doutor,
apesar da aparência externa deslocada e da placa na porta. Ele muda o visual
com a mesma frequência que eu mudo meu penteado, e pelas mesmas
razões, mas ele tem um certo estilo taciturno e gótico e eu poderia dizer que
esse não era um de seus designs.
A entrada dava para uma escada que subia, passando pelo espaço também
ocupado pela cobertura e pela luz azul. As escadas eram de mármore branco
com inclusões rosadas: um estilo clássico que nunca parece velho, descobri.
O
"Eu sei - é impossível", eu disse enquanto fechava a porta atrás de nós para
manter os piolhos do lado de fora. — Supere.
Havia dezessete degraus que levavam a uma abertura no chão de ... alguma
coisa. Quando saímos da abertura, percebi que estávamos apenas fora do
centro na base de uma esfera branca tão grande que provavelmente poderia
caber uma pequena lua dentro, ou mesmo minha coleção completa de
sapatos.
Esta é... uma Tecnologia precursora? ' o professor perguntou. - Passamos por
algum tipo de portal para um espaço diferente?
vertical, horizontal, diagonal - mas a teia de aranha parecia ligá-los por suas
extremidades. Na verdade, havia longos fios dessas coisas cruzando o vazio,
como bizarras decorações de Natal amarradas em linhas impossivelmente
longas.
- Sshhh - falei, levando um dedo aos lábios dele. Ele parou de falar e eu ouvi
atentamente. Como os grandes motores de tempo desta TARDIS ficaram em
silêncio por um milhão de anos, não deveria haver nenhum barulho lá, mas
eu podia ouvir um farfalhar, muito longe. Parecia que o vento soprava
através de pilhas de folhas secas, mas suspeitei que fosse de uma fonte muito
mais desagradável. Suspeitei que algumas dessas crisálidas estavam perto de
eclodir, mas como isso poderia ser verdade depois de tanto tempo? Havia
coisas aqui que eu simplesmente não entendia.
Afastei-me do Professor Forcade para que ele não pudesse ver o pânico que
eu podia sentir no meu rosto. Eu me vi olhando para o console na base da
esfera -
Professor Forcade parecia chocado em silêncio. Isso era uma coisa boa.
Tagarelice nunca fica bem em um homem.
Eles ainda tinham vestígios de fluido biológico neles. Isso não era um bom
sinal.
Eu costumava perguntar a ele quem eram 'eles', mas ele apenas olhava para
mim exasperado e dizia: 'É um “eles” metafórico. “Eles” como “a
personificação de tudo o que está causando o perigo”. '
'Mas por que' eles '?' Eu o pressionaria. 'Por que não "ele" ou "ela" ou
"isso"?'
“Porque o perigo sempre vem com reforços”, ele dizia.
Forcade olhou nervosamente para as escadas. - Mas por que parecem aquelas
"Não sei", respondi, "mas não acho que seja uma coincidência."
'Quando o Qwerm não tem servos,' uma voz seca e sussurrante disse, 'eles
devem fazer novos.' O som foi chocante no silêncio denso criado pelos
casulos e as teias de aranha. Nós dois nos viramos. Acho que o professor
pode ter molhado as calças um pouco.
Fios de teia de aranha envolviam seu corpo e levavam para o vasto espaço da
TAR-DIS. Era como se ela estivesse presa às crisálidas pelos antigos
fantasmas de cabos e fios.
- Não vou dizer meu nome verdadeiro - respondeu ela baixinho -, mas
algumas pessoas costumavam me chamar de Rocinante. A voz dela começou
velha e rachada, mas gradualmente mudou para algo mais jovem e mais
hesitante enquanto ela falava.
Há quanto tempo você está aqui?" Perguntou Forcade. Seus olhos estavam
arregalados. Eu não tinha certeza de quanto mais disso ele poderia aguentar.
E
"Para mim, algumas semanas", disse ela. Seus olhos eram castanhos e seu
cabelo era claro, apenas ligeiramente mais escuro do que as teias de aranha.
- Não para mim - protestou Forcade. Ele estava puxando a gola do macacão
para longe da pele como se algo por baixo o irritasse.
"Tudo tem a ver com as antigas alianças", expliquei na minha melhor voz de
palestrante. 'Os Senhores do Tempo se aliaram aos Qwerm e outros para
lutar contra os Racnoss, os Grandes Vampiros e quaisquer outras raças que
quisessem varrer o universo como uma praga e destruir tudo, mas assim que
as alianças acabaram os Senhores do Tempo olharam em volta e perceberam
que eles criaram uma nova geração de problemas. Raças como os Qwerm
haviam se militarizado e não podiam voltar. Sem mais nada para lutar, o que
eles fariam?
'
'E sobre…' Fiz um gesto para os dois lados do corpo dela, para o braço velho
e esquelético de um lado, como uma raiz retorcida de árvore e o galho jovem
do outro.
'A dor do que eles fizeram, usando-me como uma interface entre minha
TARDIS
"E eu", indiquei. 'Não que eu queira fazer com que tudo seja sobre mim,
embora seja, mas por que meu nome estava na capa desta TARDIS, e por
que parecia
'Uma vez que esta TARDIS foi descoberta pela equipe de arqueologia do
Professor, o campo temporal entrou em colapso e minha TARDIS foi
liberada.
- Elas costumavam poder. Tínhamos algo que chamamos de Teia Vortex. Ele
conectava todas as nossas TARDIS para fins de planejamento tático e
comunicação. A capacidade ainda está lá, mas aparentemente ninguém a usa
mais. ' Ela sorriu timidamente na metade do rosto. 'Foi assim que as larvas
de Qwerm, ligada através de mim à minha TARDIS, descobriram sobre essa
pessoa fascinante chamada Doutor, e sobre você. Ela preparou uma
armadilha. A Teia usou o circuito camaleão para alterar a parte externa da
minha TAR-DIS para se parecer com a TARDIS quebrada deste Doutor, e o
recado na frente para ter certeza de que era você, e não ele, que seria atraído
aqui. A mente-colmeia larval dos Qwerm decidiu que você seria menos
perigosa do que ele. Ela inclinou a cabeça para o lado e fez uma careta. —
Me desculpe. Essa foi a avaliação deles, não minha.
- E a equipe arqueológica?
'O pó amarelo', eu disse baixinho, me chutando por não ter percebido antes.
e, mais importante, as larvas de Qwerm que nos ouviam por seus ouvidos
não percebessem.
Eu estava errada.
“De acordo com a história que minha TARDIS baixou da Teia Vortex”, disse
ela,
“os Senhores do Tempo estão velhos e decrépitos agora. Seu tempo acabou.
Sua única chance de se redimir e recapturar suas antigas glórias nesta Guerra
do Tempo falhou, e eles se esconderam em outra dimensão em algum lugar.
"Os Qwerm", ela se corrigiu, franzindo a testa. 'Na verdade, uma vez que os
Qwerm tomem o controle do universo, como é seu direito, eles podem muito
bem convidar os Senhores do Tempo para se juntarem a eles. Como sócios
juniores, é claro. Em nome dos velhos tempos.'
"Que fofo", eu disse.
Rocinante abriu a boca para dizer algo, mas houve um estrondo repentino
próximo. Virei-me para ver uma das crisálidas caindo no fundo da esfera do
interior da TARDIS, ricocheteando na teia que cruzava o espaço enquanto
passava. A crisálida tinha um longo rasgo na lateral, por onde algo havia
escorregado.
Outra crisálida desabou, quase cobrindo a escada por onde havíamos entrado
e que era nossa única chance de sair.
Eu olhei para o Professor Forcade. Minha boca estava se abrindo para dizer:
'Vou precisar da sua ajuda com isso', quando percebi que ele estava me
olhando
Eu sabia que era apenas uma questão de tempo antes que os nano robôs
Qwerm conseguissem infectá-lo. Eles provavelmente me infectaram
também, exceto que eu esperava que minha herança genética como uma filha
da TARDIS
os impedisse de funcionar.
O corpo de Forcade caiu no chão curvo enquanto sua cabeça deu um salto
para os fios de teia mais próximos e fugiu, estalando suas garras em mim e
olhando malignamente através de aglomerados de olhos para o que tinha
sido a parte de trás de sua cabeça. Eu não receberia nenhuma ajuda dele
também.
'Minha intenção original era que o professor pressionasse o botão final assim
que eu passasse pelas portas,' eu disse severamente, 'o que teria sido bom
para mim e para o universo, mas não tão bom para o professor. Isso não vai
funcionar agora. Eu nunca pensei que seria assim que eu iria acabar, mas ei!
Todos nós temos que morrer alguma hora. '
— Tem certeza?
— Obrigado — falei.
Corri para as escadas o mais rápido que pude. Eu caí nelas e rolei pelas
portas abertas. Quando elas se fecharam atrás de mim, vi, apenas por um
momento, todo o espaço interno se embrulhar de volta.
Eu ainda tinha que passar pelos piolhos antes de encontrar refúgio seguro na
espaçonave do Professor Forcade, é claro, mas comparado ao que eu já havia
feito, isso era brincadeira de criança. Eles não pareciam saber o que estava
acontecendo, e chutá-los enquanto eu corria produzia um som de trituração
satisfatório. Estragou meus sapatos, mas podem ser facilmente consertados.
Eu tinha passado por uma experiência infernal, mas a única terapia de que
precisava era de compras.
Acho que a Governadora não gostou de me ver, apesar de eu ter voltado por
conta própria. Ela queria saber o que tinha acontecido com o Professor
Forcade, mas eu não queria compartilhar essa história particularmente, então
fiquei quieta (o que não costumo fazer). Ela retirou todos os meus
privilégios e tirou da minha cela todos os livros e fotos que eu havia
acumulado ao longo do meu encarceramento. Ela também me proibiu de ver
ou falar com qualquer outra pessoa, incluindo os guardas.
Então, aqui estou eu, memorizando minhas próprias anotações de diário para
que eu possa anotá-las corretamente quando receber meu diário de volta.
Isso não importa. Ter tempo para mim mesmo para pensar é bom. Ter muito
tempo para mim mesmo significa que posso pensar muito.
Os artrópodes que vivem nas fendas das paredes de minhas células tiveram
algumas ideias interessantes para recuperar meu manipulador de vórtices.