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publicação em páginas de diários, sendo mais comum serem publicadas na forma de livros ou
documentários em vídeo.
Para os autores Noronha e Rocha (2018), o jornalismo investigativo requer mais
esforço e engajamento do repórter. Consequentemente, exige um maior empenho no
levantamento de informações, entrevistas, checagem e rechecagem. Sendo assim, é necessário
mais tempo para concluir o trabalho.
Pode-se concluir que o jornalismo investigativo é uma categoria que se diferencia das
outras áreas do jornalismo por ter processos mais trabalhosos e aprofundados de investigação,
requerendo recursos e tempo. Além disso, os processos são delicados e até arriscados de se
produzir e colocar em prática. Esse tipo de jornalismo, segundo Sequeira (2005), pode ser
encontrado nas publicações dos veículos de comunicação brasileiros desde a metade dos anos
1970, no final da ditadura militar, quando findou a censura prévia aos jornais.
O jornalismo investigativo, além de produzir um material de qualidade e conteúdo,
também tem seu papel social. Moser (2019) pondera sobre a importância do jornalismo
investigativo como um instrumento para a promoção dos direitos humanos, com foco na
realidade brasileira, com um histórico de desigualdades, violências e autoritarismo. “Como
agentes do exercício da liberdade de expressão, a partir de práticas de investigação, jornalistas
desempenham papel central na ampliação do debate público desta temática” (MOSER, 2019,
p. 1).
Caco Barcellos e Daniela Arbex, duas referências no jornalismo investigativo
brasileiro, em entrevistas concedidas a Moser (2019, p. 2), trazem questionamentos relevantes.
Caco diz que “as pessoas deixaram de ser ouvidas e os problemas reais de serem vistos com o
afastamento de jornalistas das ruas e a disseminação de matérias feitas das redações” (apud
MOSER, 2019, p. 2). Ainda defende que, no Brasil, a questão de classe deve ser obrigatória,
não importa a temática: “Por que em Higienópolis a expectativa de vida é de 74 anos e em
Capão Redondo é de 48?” (apud MOSER, 2019, p. 2), exemplificando bairros com grande
contraste social na cidade de São Paulo. Também faz críticas às abordagens midiáticas contra
pobres e programas sensacionalistas de fim de tarde, acreditando que a imprensa é frágil e
covarde contra os poderosos, e conclui dizendo que o jornalismo crítico deve usar a lógica
contrária. Já para Daniela os direitos humanos devem fazer parte da ética e do cotidiano do
profissional, em um país em que a sociedade é machista, individualista, preconceituosa e
intolerante, que acredita que há vidas que valem mais do que outras, pensamento secular de
uma sociedade higienista (apud MOSER, 2019, p. 2).