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Corbridge, Inglaterra. Primeiro um fortim, Corbridge tornou-se depois um povoado civil que
ajudava a abastecer os soldados estacionados na Muralha de Adriano. Actualmente, as ruínas do
esplendor de Roma servem de pátio de recreio para Angus Buchanan.
A partir de 500 a.c., Roma expandiu-se sem cessar durante seis séculos. De
uma pequena cidade-estado rodeada de vizinhos agressivos tornou-se o maior
império que a Europa conheceu.
Essa “ilha mais distante” foi o lugar onde Adriano construiu o monumento
que ainda hoje ostenta o seu nome, uma muralha de pedra e turfa que divide a
Grã-Bretanha a meio. Na actualidade, a Muralha de Adriano é um dos mais
bem preservados e mais bem documentados troços da fronteira de Roma.
Vestígios dessa barreira de 118 quilómetros atravessam os pântanos salgados,
as verdejantes pastagens de ovelhas e, num troço desolado, correm junto a
uma auto-estrada de quatro faixas de rodagem.
Um imperador itinerante. Adriano passou mais de metade dos 21 anos do seu reinado em
viagem, supervisionando a construção de novas cidades e fortificações de fronteira. Vemo-lo
montado a cavalo com um braço erguido, cavalgando à frente da guarda pretoriana para
inspeccionar o fortim de Saalburg, cerca do ano 121.
Fundada pelos gregos por volta de 300 a.C., Dura seria conquistada pelos
romanos quase quinhentos anos mais tarde. As suas muralhas espessas e a sua
posição de atalaia sobre o Eufrates transformavam-na no posto fronteiriço
perfeito. A extremidade setentrional foi rodeada de muralhas e dotada de
aquartelamentos, um quartel-general para o comandante da guarnição, termas
suficientes para um exército de mil homens, o anfiteatro mais oriental do
império e um palácio com 60 quartos.
O sossego, porém, não durou muito. A Pérsia foi-se erguendo como ameaça
de monta, ao longo da fronteira oriental do império, meio século depois de os
romanos conquistarem Dura. A partir de 230, a guerra entre as potências
eclodiu na Mesopotâmia. Em breve tornou-se evidente que a estratégia de
fronteira que fora útil a Roma durante mais de um século já não servia para
um inimigo determinado e numeroso.
A vez de Dura chegou em 256, mas Simon James demorou dez anos a
descortinar os momentos finais da cidade. Segundo afirma, os romanos devem
ter sabido que estava iminente um ataque. Tiveram tempo para reforçar a
enorme muralha ocidental, enterrando parte da cidade para construir um pano
de muralha inclinado.
Durante quase 150 anos, Roma ignorara uma realidade dolorosa: o mundo
para lá das muralhas recuperara o seu atraso, em parte devido aos próprios
romanos. Os bárbaros que tinham servido no exército romano passaram a
possuir os conhecimentos, armas e estratégia militar romanos, diz o
arqueólogo Michael Meyer.
O seu comandante erigiu um altar à deusa Vitória. Mas nas entrelinhas o texto
revela uma história diferente: há meses que os bárbaros vinham atacando o
interior profundo da península itálica e regressavam a casa com milhares de
cativos. O império não voltaria a sentir-se seguro. As cidades começaram a
construir as suas próprias muralhas: os imperadores acorriam a repelir
invasões regulares. Dois séculos mais tarde, o vasto império tinha
desaparecido.