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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE ITAPIPOCA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA: CIÊNCIA POLÍTICA

DANIEL MIRANDA HOLANDA


JOÃO PEDRO POSSIDÔNIO DE SOUSA
JOSÉ ARTHUR FEITOZA DA SILVA
WESLEI DE SOUSA TEIXEIRA

A RELAÇÃO ANALÓGICA: "O Leviatã" e "A Revolução


dos Bichos"

ITAPIPOCA - CEARÁ
2023
DANIEL MIRANDA HOLANDA
JOÃO PEDRO POSSIDÔNIO DE SOUSA
JOSÉ ARTHUR FEITOZA DA SILVA
WESLEI DE SOUSA TEIXEIRA

A RELAÇÃO ANALÓGICA: "O Leviatã" e "A Revolução


dos Bichos"

Trabalho para fechamento de


nota da disciplina de Ciência
Política apresentando ao Curso
de Graduação em Ciências
Sociais 2023.1

Orientador: Prof. Monalisa

ITAPIPOCA - CEARÁ
2023
RESUMO

Usando os meios da abordagem qualitativa, busca-se


identificar elementos no livro “A Revolução dos Bichos” que
faz analogia a obra “Leviatã” do escritor Thomas Hobbes.
Com o objetivo de levantar uma reflexão sobre a formação
de um Estado e como um governante deve governar, este
artigo utiliza várias obras com o tema ciência política, a fim
de agregar uma argumentação válida a comparação
estabelecida no decorrer das próximas páginas. A partir
dos significados que o escritor George Orwell estabelece
para os personagens do livro do tema central, é possível
iniciar um vínculo político nas obras dos autores propostos.
A análise instituída tem como lógica mais notável o ligame
das características de um líder para Hobbes e o
comportamento governamental do personagem
“Napoleão”.

Palavras-chaves: Thomas Hobbes, George Orwell,


Leviatã, Estado, Governo, A Revolução dos Bichos.
SUMARIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 5

2 O QUE É O ESTADO PARA HOBBES?................................................................................ 6

3 O ESTADO DE NATUREZA .................................................................................................. 7

4 O ESTADO DA GRANJA ....................................................................................................... 8

5 A FORÇA DO CORPO SOCIAL .......................................................................................... 10

6 O TOTALITARISMO ANIMAL .............................................................................................. 11

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES. ........................................................................................ 13

8 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 14
1 INTRODUÇÃO

Em uma crítica a Revolução de 1917, o escritor George


Orwell escreve o livro “A Revolução dos Bichos”, no qual
atribui a maioria dos personagens um significado especial.
Sabendo da importância da importância desse livro para a
Ciência Política, tentar fazer uma nova compreensão desse
tema torna-se uma peça-chave para começar a entender
os clássicos das Ciências Sociais. No intuito de fazer uma
ligação entre Thomas Hobbes e George Orwell, no qual
ambos abordam assuntos relacionados ao Estado, busca-
se aprimorar e levantar uma nova discussão sobre a
formação de um Estado por meio de uma revolução.
Usando os personagens Bola de Neve e Napoleão, o
escritor George Orwell faz uma referência a situação
política da URSS (União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas) após-Lenin, no qual Josef Stalin e Leon Trotsky
disputam o comando da nação fruto da Revolução Russa.
Ainda no livro A Revolução dos Bichos, a fuga de Bola de
Neve e a sua perseguição, faz uma analogia à ascensão
de Stalin no comando da União Soviética. A ditadura militar
de Stalin pode aplicar diretamente a forma de governo que
Hobbes deseja, onde o poder deve estar centralizado nas
mãos de um governante. Por meios dos textos de Hobbes
e a clara demonstração de sua visão sobre o
comportamento de um líder, podemos refazer o simbolismo
estabelecido por Orwell e fazer uma relação entre Leviatã
e A Revolução dos Bichos.
2 O QUE É O ESTADO PARA HOBBES?

Segundo o filósofo Danilo Marcondes, Hobbes não


defende propriamente a monarquia absolutista, e não
acredita no direito divino que os reis têm, mas seu poder
deve basear-se em uma idéia de que sua autoridade para
se tornar eficaz, deve ser exercida de forma absoluta e seu
poder não deve ser dividido com um parlamento.
Hobbes afirma em seu livro “O Leviatã”, que os seres
humanos são egoístas, egocêntricos e inseguros por
natureza e os mesmos desconhecem as leis. Com essa
natureza optariam a sempre estimular o caos no corpo
social. Assim, para não os eliminarmos uns aos outros
seria preciso um contrato social que estabeleça a ordem na
sociedade, a qual guiará os homens a deixarem a guerra
contra outros homens. Mas, pela natureza do homem,
necessitariam de um lider que seja forte para punir aqueles
que não obedecem ao contrato social estabelecido.
Portanto, sua grande idéia de Estado afirma que é
necessário um Estado forte e que sua função básica é
manter a sociedade em ordem e paz, pois o homem é
movido pela emoção e a consequência disso seria o
colapso da ordem.
No livro “A Revolução dos Bichos”, após Napoleão
estabelecer-se no poder da Granja do Solar, ele impõe a
ordem nos demais animais por meio da sua força, baseada
em sua guarda pessoal, que é formada por vários
cachorros. Napoleão claramente é um exemplo claro da
forma que um líder deve agir, e sua guarda pessoal pode
ser aplicada a um conceito de Estado, pois os mesmos
estabelecem a ordem na sociedade pós-revolução.
Quando o líder da Granja ver seu poder ameaçado, ele logo
conclui o que deve ser feito e não deixa que ordem
estabelecida pelo mesmo seja questionada.

3 O ESTADO DE NATUREZA

A rede de conexões dos seres movidos pelas emoções, em


Hobbes, é chamada de “a guerra de todos contra todos”.
Isto seria o resultado do “Estado de Natureza” do homem.
Tal consequência na percepção de Hobbes busca afirmar
que o homem é mau por natureza. O fato do ser humano
ser mal e movido pelos seus sentimentos, o fazem buscar
o colapso social por meio da guerra.
Dentro da abordagem feita no parágrafo anterior, é
visível afirmar que o porco Napoleão consegue sobressair-
se sobre os demais animais da Granja por meio da sua
liderança tirânica. Em vários trechos do livro, é possível ver
como Napoleão consegue modificar as leis da Granja a seu
favor, ou seja, o poder está totalmente concentrado em
suas mãos. Por meio de discursos amigáveis e a lealdade
de sua guarda, Napoleão consegue manter a sociedade
animal em perfeita ordem, no qual os mesmos trabalham
para manter aquilo que foi construído com seus esforços.
É mencionado no capítulo 2 do livro A Revolução dos
Bichos que Napoleão possuía uma personalidade mais
ameaçadora que a do seu rival, o porco Bola-de-neve, e
isso foi um fator interessante, pois assim ele passava a
imagem de um líder forte.
Quando o Animalismo é formado, entende-se que a
comparação mais próxima a aquele momento é a criação
de um parlamento. Para Hobbes, o poder do rei não deve
ser dividido com um parlamento, pois a divisão do poder é
uma ameaça a ordem civil. Como mencionado
anteriormente, Napoleão mudava as leis para adaptar-se a
sua vontade, e em nenhum momento encontra-se uma
reunião formal sob sua autoridade para discutir sobre a
produção da Granja, a distribuição dos alimentos ou sobre
as mudanças nos horários de trabalho. Tal comportamento
faz uma clara analogia a um líder para Hobbes.

4 O ESTADO DA GRANJA

Seguindo a lógica apresentada, o Estado da Granja é


formado a partir da revolução dos bichos, na ótica que
todos são iguais, a fim de obterem uma sociedade ideal,
então eles criaram um conjunto de regras (legislação) e se
preparam para tomar o poder do humanos por meio de uma
revolução, tudo isso, inspirados no Velho Major que traria
uma representação de Karl Marx e Vladimir Lênin dessa
forma construiu-se o Estado da Granja, usando o modelo
econômico socialista, onde não existe a propriedade
privada e todos trabalhariam para o bem comum, formado
por diversas instituições como os líderes Napoleão e Bola
de Neve, como chefes do executivo, Porco Garganta que
estaria no comando da informações, que mentirosas e
manipuladas ,além da força policial, os cães, pondo em
evidência a máxima “o Estado possui o monopólio do uso
da força legítima” .(Marx Weber) a legislação do Estado da
Granja foi pautada em 7 mandamentos específicas ou um
conjunto de leis, são ela:
1.Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
2. O que anda sobre quatro pernas, ou tenha asas, é
amigo.
3. Nenhum animal usará roupa.
4. Nenhum animal dormirá em cama.
5. Nenhum animal beberá álcool.
6. Nenhum animal matará outro animal.
7. Todos os animais são iguais
Entretanto,alguns animais não conseguiam lembrar de
todos os mandamentos, então Napoleão os reduziu em
apenas um: QUATRO PERNAS BOM, DUAS PERNAS
RUIM isso significaria o total repúdio ao homem (toda
nobreza e burguesia) mas que no decorrer do livro as
regras vão mudando e o que seria um Estado igualitário, o
paraíso na terra se tornou um Estado pobre. Como
Napoleão era ambicioso e ditador, expulsou Bola de Neve
(Trotsky) e usava da impressa, como único meio de
informação, para caluniar seu antigo parceiro. Vale
observar que no início houve um socialismo democrático,
liberdade de opinião e todos os animais participavam de
assembleias (Congresso) dando ideias e sugestões,
liderados por Bola-de-Neve, bem aceito pelos animais em
geral. Tendo em vista que todo governo autoritário visa
manter o poder a todo custo, mesmo que este acabe com
a liberdade de escolha de seus governados, então os
golpistas napoleão e Bola de Neve que certamente
dissolveria outras instituições políticas, desde sempre
manipulavam o que é considerado o 4° poder de um
Estado,a impressa e controlava as forças armadas. Dessa
forma,eles mantinham o Estado em ordem por meio de dois
tipos de dominação: Dominação pela sedução: Garganta
persuadia os animais com seus argumentos convincentes
e eles aceitavam pacificamente as mudanças efetuadas, e
a dominação pela força bruta: quem se rebelasse contra as
ordens era punido fisicamente, torturado por cães treinados
ou levados até à morte. O personagem Garganta ou Bocão,
obediente, fazia por meio desses bons argumentos, os
animais acreditarem que tudo que Napoleão fizesse seria
para o bem deles, Garganta era o único veículo de
informação, este ainda, gerido pelo governo e todas as
vezes que mudavam uma lei que certamente prejudicaria a
classe operária, o Garganta entrava em ação e por meio da
semântica enganava todos os animais.

5 A FORÇA DO CORPO SOCIAL

A força do corpo social é formada através da


capacidade de organização de uma sociedade, apesar que
para Hobbes não existia sociedade, apenas classificando
apenas como um aglomerado de pessoas. Seu
pensamento, introduzido a sua obra “Leviatã” remonta a
necessidade do estabelecimento de um poder (força) ainda
superior ao dos homens e que esse poder ou força é a base
para a formação e existência de como hoje conhecemos
como: o Estado. Remetendo ao Estado de Natureza do ser
humano, que por ser um ser medroso e em busca da
autopreservação, na qual luta pelo o poder e proteção,
gerando a luta de todos contra todos que para Hobbes seria
uma lei natural, dando vida a sua frase: “O homem é o lobo
do próprio homem”, e para que garantisse a regulação das
relações humanas o Estado teria esse papel mas é claro
as pessoas inseridas na sociedade que concordasse com
o contrato social teriam que abdicar da sua liberdade em
troca da segurança e proteção que viria do soberano.
Na qual Orwell em seu livro a “Revolução dos bichos”
que tem uma parte em que o personagem Napoleão
desenvolve um governo totalitário, mas ele é totalmente
depende dos outros animais da granja, pois uma base de
governo sustentasse por meio de governados. E muitas
vezes a proteção da própria granja vinha não do líder em
si, mas dos próprios animais da granja que formava uma
força, do corpo social (A granja em si) para enfrentar os
humanos que tentavam invadir o território dos animais para
destruir a forma de revolta dos bichos contra a opressão da
tirania humana. E devido a essa força construída em
sociedade mesmo sem ter um “cabeça” ainda continuaram
a persistir a preservar a sociedade em que viviam.

6 O TOTALITARISMO ANIMAL

Em todo o decorrer da obra nos é apresentado vários


processos no qual levou a sociedade a um
desenvolvimento, onde teve diversos conflitos que retrata
parte da realidade no qual vivemos e o principal processo
é o “Totalitarismo”. O Totalitarismo(animal) como é
retratado na obra representa semelhantemente, se não
igual aos acontecimentos no século XX, após o fim da
primeira guerra mundial onde o mundo estava sofrendo
com as consequências da própria guerra.
A obra “A Revolução dos Bichos” faz uma grande
analogia a Revolução Russa, na narrativa teve uma
rebelião por partes dos bichos sobre seus donos, no qual
obtiveram o domínio da fazenda e começaram a tomar as
decisões a partir do ocorrido já que os seres
opressores(humanos) não estavam mais por perto. O fato
se assemelha com a classe trabalhadora oprimida pelos
homens poderosos da sociedade e que sua indignação
ocasionada a sua revolta levando a classe trabalhadora a
se organizar a sua própria maneira, o mesmo aconteceu na
história escrita por George Orwell que após expulsarem os
seres humanos os bichos se reuniram e decidiram criar
uma sociedade onde todos cooperam entre si buscando a
melhoria do grupo.
No decorrer desse processo e no passar do próprio,
aqueles no qual lideram e se julgavam mais inteligente
acabaram abusando do poder e da confiança dadas a eles
para benefício próprio, com a alienação dos outros e a
manipulação de informações por parte daqueles que
estavam a frente e com a liderança nas mãos usaram de
sua influência para controlar a situação ao seu favor, já que
eles desfrutavam do melhor enquanto os outros sofriam
com o trabalho acreditando que aquilo traria benefício para
todos sendo que era o objetivo deste o começo da rebelião.
Com tudo, aqueles que não aceitava as ordens
acabavam sendo convencidos que com argumentos que se
não fosse por a inteligência e os planejamentos deles,
jamais estaria meio que “livres” e que eles seriam os únicos
a manterem esse estado. As ordens, leis, recursos seriam
ditados e direcionados apenas por eles e mudaria sempre
que houvesse alguma interferência sobre seu domínio
assim sempre se mantendo no poder.
Dentro dos conceitos que Hanna Arendt afirma sobre o
totalitarismo, fica evidente ao leitor no decorrer do livro o
Leviatã que os aspectos que Hobbes entrega a um líder
correspondem ao de um governo totalitário e baseado na
opressão. A obra mencionada anteriormente, é uma
resposta para a desordem social vivenciada pelo escritor,
durante a Guerra Civil Inglesa. Para Hobbes, a autoridade
do soberano está acima das leis, parlamento e constituição
e seu poder deve ser absoluto para manter a sociedade
civilizada. Tal comportamento de um líder implicaria uma
falta de opinião pública e de fato poderia ser aplicada uma
definição de um governo totalitário. Entra a forma de
governo que Hobbes deseja, o absolutismo acaba sendo o
modelo “ideal”, pois o poder estaria centralizado e o mesmo
não poderia ser dividido, mas Hobbes elimina qualquer
argumento religioso para defender o direito dos reis e
buscava mostrar a veracidade de seus estudos por meio
da racionalidade.

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES.

E, portanto, tivemos como objetivo geral – reanalisar as


a obra de Orwell e refazer uma discussão usando os meios
de governo ditados por Hobbes. O que resulta nos
seguintes objetivos específicos: identificar pontos não
observados na forma de governo estabelecido por
napoleão, ampliar o significado de Orwell para a Ciência
Política e manter uma conexão entre Orwell e Hobbes.
Importância dessa pesquisa faz-se necessária, uma vez
que, a Ciência Política está em processo de expansão para
outras áreas e necessita reformular o diálogo com os seus
autores clássicos, para assim facilitar a leitura e
compreensão dos futuros alunos da área de atuação. De
certo, trabalhar com as escritas de Hobbes, de certo modo
trouxe outras referências para o nosso artigo científico, pois
os escritos do autor podem ser aplicados em outros
momentos da obra de Orwell, mas o grande destaque fica
para a formação no Estado da Granja. Dentro do
simbolismo que cada personagem de Orwell na Revolução
dos Bichos possuí, fica concluído uma crítica de cunho
negativo a forma de governo que Hobbes defendia, no qual
o mesmo não acreditava em uma democracia plena e
mostrava-se favorável a aplicação de regimes autoritários
para a manutenção da ordem social. Após tal conclusão,
as idéias de Hobbes passam a um questionamento, que
usando a práticas qualitativas, buscam mostrar como sua
visão de mundo torna-se um ideal para uma idéia que
muitos ditadores usam para legitimar o seu poder.

8 BIBLIOGRAFIA

ORWELL, George. A Revolução do Bichos, Secker and


Warburg, [s. I.], 1945.
HOBBES, Thomas, Leviatã, trad João Paulo Monteiro e
Maria Beatriz Nezza da Silva, [s. /.], 1974.
HOBBES, Thomas et al. O Leviatã. Hackett Pubishing, [s.
I.], 1651.
SILVEIRA, Pedro. Introdução à Ciência Política. [S. I.: s.
n.], 2018.

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