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Nelson Rosenvald

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O que é o Dano Moral? Posts em Destaque


11/5/2015 | Nelson Rosenvald POR UMA TIPOLOGIA ABERTA
DOS DANOS
Na semana passada coordenamos um congresso de direito civil na UFMG em Belo Horizonte. EXTRAPATRIMONIA...
Ainda na fase de organização do evento, dentre várias interessantes palestras, uma em particular
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despertou curiosidade pela ousadia do título: “A superutilização do princípio da dignidade da
pessoa humana”. O tema foi brilhantemente exposto pelo Professor Giovanni Ettore Nanni da PUC-
SP e suas diversas provocações merecerão abordagem em outro post.

Faço menção à dignidade para tratar de uma questão a ela umbilicalmente ligada. O que é o dano
moral? De forma açodada, alguns diriam se tratar da dor, mágoa, depressão, enfim de dissabores
decorrentes do ilícito. Essa é uma visão equivocada e, felizmente superada . Não se pode confundir
a lesão com eventuais consequências que dela derivam. Com efeito, comumente pessoas
padecem (e até exageradamente) sem que se constate o dano extrapatrimonial. Em sentido
inverso, muitos sofrem dano moral, sem que exprimam sofrimento. Basta pensarmos em danos
sofridos por um nascituro, um portador de graves transtornos psíquicos ou alguém que se
encontre em estado comatoso. Ninguém negará que o nascituro sofre dano moral quando o pai é
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vítima de homicídio, ou que se recuse a mesma pretensão ao louco humilhado e àquela mulher
estuprada enquanto inconsciente no leito hospitalar. POR UMA TIPOLOGIA
ABERTA DOS DANOS
Por outro lado, e sem pestanejar, a maioria dos acadêmicos e advogados responderia que o dano EXTRAPATRIMONIAIS
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moral é “uma lesão à dignidade da pessoa humana”. A sentença encanta, afinal, a dignidade é um
imperativo categórico, parte da própria essência do ser humano. Ela antecede e fundamenta a
ordem política, inserindo a pessoa como protagonista do ordenamento. Por isso, a dignidade é um POR UMA ISENÇÃO
princípio fundante de toda a disciplina privada, significando que a personalidade humana não é DE
redutível apenas à sua esfera patrimonial, possuindo dimensão existencial valorada juridicamente RESPONSABILIDADE
à medida que a pessoa considerada em si e por sua humanidade, constitui o valor ético que DOS PROFISSIONAIS
justifica a reconstrução de institutos e conceitos do direito civil, entre eles a responsabilidade civil. DE SAÚDE POR
SIMPLES
Todavia, arriscamos ir além da superfície. Resumir o dano moral à sedutora noção da ofensa à NEGLIGÊNCIA EM
dignidade, poderá redundar em uma fórmula abstrata e genérica, que não propiciará segurança TEMPOS DE
jurídica, pois a dignidade se converterá em figura retórica, capaz de justificar qualquer pretensão PANDEMIA
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de reparação, promovendo a generalização do dano moral in reipsa. Seria como substituir o
subjetivismo da dor e da mágoa pelo subjetivismo da dignidade, mais palatável – apesar de ambos
se encontrarem no plano consequencial da lesão -, por sua autoridade moral, universalmente O DIREITO COMO
reconhecida a todos os seres humanos. EXPERIÊNCIA

De fato, há uma série de situações em que para determinada pessoa houve uma intensa ofensa ao 31/3/2020
núcleo da dignidade, enquanto para outras o mesmo episódio em nada a compromete. Podemos
citar o “surrado” exemplo do arremesso do anão. Enquanto a comunidade local se sentiu OS IMPACTOS DO
profundamente ultrajada pelo fato do anão ser coisificado para a diversão alheia, o próprio CORONAVIRUS NA
envolvido se via realizado em sua dignidade, concretamente considerada. Qualquer sociedade RESPONSABILIDADE
civilizada, adverteDworkin, tem os seus próprios padrões e convenções a respeito do que constitui CONTRATUAL E
essa indignidade. AQUILIANA
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Preferimos entender o dano moral como uma lesão a um interesse existencial concretamente
merecedor de tutela. De modo conciso e simplificado, a afirmação da reparação pelo dano injusto O TRISTE FIM DO
exigirá uma análise concreta e dinâmica dos interesses contrapostos, ou seja, uma ponderação DPVAT
entre a conduta supostamente lesiva e o bem jurídico supostamente lesado, invariavelmente 12/12/2019
subsidiada por parâmetros objetivos que tornem a decisão controlável. Legitimar caso a caso o
direito à reparação de danos não é uma tarefa singela, mas ainda não se descobriu nada melhor.

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