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Energias Renováveis

Energias Renováveis

Conteúdo

Leis Básicas da Eletricidade .......................................................... 03

Eletricidade Básica II ..................................................................... 16

Medições de corrente, tensão, resistência e potência ................... 34

Leis de Kirchhoff e a representação fasorial .................................. 52

Recursos energéticos e meio ambiente ......................................... 77

Uso de energias limpas ............................................................... 105

Recursos naturais renováveis e não renováveis ......................... 117

Energia eólica, energia nuclear, solar e geotérmica. Hidroelétricas


...................................................................................................... 129
Leis básicas da eletricidade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Reconhecer a lei de Ohm.


„ Determinar a lei de Kirchhoff.
„ Analisar aplicações das leis básicas da eletricidade.

Introdução
Na análise de circuitos elétricos, geralmente calculamos o valor da corrente,
da tensão e/ou da potência elétrica. Para encontrarmos esses valores de
forma eficiente, é necessário conhecer as leis fundamentais da teoria de
circuitos: a lei de Ohm e as leis de Kirchhoff. Após a compreensão dessas
leis, estaremos prontos para aplicar técnicas de análise de circuitos simples
ou mais complexos, como a associação de resistores em série, em paralelo
ou mistos, a divisão de tensão, a divisão de corrente, entre outras.
Neste capítulo, você vai conhecer a mais popular dentre as leis da
teoria de circuitos: a lei de Ohm. Na sequência, você vai analisar circuitos
aplicando as leis de Kirchhoff, que são compostas pela lei de Kirchhoff
para as tensões (LKT) e pela lei de Kirchhoff para as correntes (LKC). Por
fim, você vai verificar aplicações para as leis básicas da eletricidade.

Lei de Ohm
Um condutor elétrico apresenta propriedades que são características de um
UHVLVWRURXVHMDTXDQGRXPDFRUUHQWHÀXLSRUHOHRVHOpWURQVFROLGHPFRPRV
átomos no condutor — isso impede o movimento dos elétrons. Quanto maior
o número de colisões, maior será a resistência do condutor. Basicamente, um
UHVLVWRUpTXDOTXHUGLVSRVLWLYRTXHDSUHVHQWDUHVLVWrQFLD$UHVLVWrQFLDpGH¿QLGD
FRPRDKDELOLGDGHGRHOHPHQWRHPUHVLVWLUDRÀX[RGHFRUUHQWHHOpWULFD$
XQLGDGHGHPHGLGDGDUHVLVWrQFLDpRRKP ȍ 

3
A resistência (R SDUDTXDOTXHUPDWHULDOFRPiUHDXQLIRUPHGHVHomR
transversal A e comprimento l é diretamente proporcional ao comprimento e
LQYHUVDPHQWHSURSRUFLRQDOjiUHDGDVHomRWUDQVYHUVDO1DIRUPDPDWHPiWLFD

GHILQLomRGHUHVLVWrQFLD 

Onde:

„ ȡ UHVLVWLYLGDGHGRPDWHULDO ȍ±P
„ l FRPSULPHQWR P
„ A = área (m2

O resistor é um modelo para o comportamento da resistência do material à


SDVVDJHPGDFRUUHQWHHOpWULFD$)LJXUDDDSUHVHQWDXPFRQGXWRUFRPVHomR
WUDQVYHUVDOXQLIRUPHFRPiUHDA, comprimento l e resistividade ȡ do material.
A Figura 1b ilustra o símbolo do resistor utilizado em circuitos elétricos; ele
é o elemento passivo mais simples.

Figura 1. (a) Condutor com seção transversal uniforme; (b) símbolo da resistência usado
em circuitos.
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 27).

O cobre e o alumínio são considerados bons condutores, pois eles possuem


EDL[DUHVLVWLYLGDGHMiRVPDWHULDLVLVRODQWHVFRPRRYLGURHRWHIORQDSUH
sentam alta resistividade. O Quadro 1 apresenta a resistividade (ȡ GHDOJXQV
materiais comuns, como a prata, o ouro, o carbono e o papel.
4
Quadro 1. Resistividade de alguns materiais comuns

Material Resistividade (Ω–m) Emprego

Prata 1,64 × 10 –8 Condutor

Cobre 1,72 × 10 –8 Condutor

Alumínio 2,8 × 10 –8 Condutor

Ouro 2,45 × 10 –8 Condutor

Carbono 4 × 10 –5 Semicondutor

Germânio 47 × 10 –2 Semicondutor

Silício 6,4 × 102 Semicondutor

Papel 1010 Isolante

Mica 5 × 1011 Isolante

Vidro 1012 Isolante

Teflon 3 × 1012 Isolante

Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 27).

$OHLGH2KPDILUPDTXHDWHQVmR v em um resistor RpGLUHWDPHQWHSUR


porcional à corrente iTXHSDVVDDWUDYpVGHOHFRQIRUPHOHFLRQDP$OH[DQGHU
H6DGLNX  $VVLP

OHLGH2KP 
Onde a constante de proporcionalidade R é denominada de resistência, e
DXQLGDGHGHUHVLVWrQFLDpRRKPRXȍ
5HSUHVHQWDQGRD(TXDomROLQHDU  JUDILFDPHQWHHPi · v, a Figura 2
ilustra o resultado de uma reta que passa pela origem. Portanto, consideramos
o resistor como um resistor linear.
$SOLFDQGRVHDOHLGH2KPFRQIRUPHD(TXDomR  GHYHPRVILFDUDWHQWRV
ao sentido da corrente i e à polaridade da tensão v, que devem estar de acordo
FRPDFRQYHQomRGHVLQDOSDVVLYRLOXVWUDGDQD)LJXUDELPSOLFDQGRTXH
DFRUUHQWHSDVVDGHXPSRWHQFLDOVXSHULRU  SDUDXPPDLVLQIHULRU í GH
IRUPDTXHv = iR&DVRDFRUUHQWHIOXDGHXPSRWHQFLDOLQIHULRU í SDUDXP
SRWHQFLDOVXSHULRU  WHUHPRVv íiR.

5
Figura 2. Relação corrente–tensão para um resistor linear.
Fonte: Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014, p. 24).

Encontre a tensão v para o circuito ilustrado na Figura 3.

Figura 3. Circuito para o exemplo acima.


Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 31).

Solução:
Encontrando a tensão v pela lei de Ohm, Equação (2), obtemos:

Lei de Kirchhoff
$QDOLVDUFLUFXLWRVHPSUHJDQGRDSHQDVDOHLGH2KPQHPVHPSUHpVX¿FLHQWH
somente nos casos de circuitos mais simples, quando a tensão nos terminais
GHFDGDHOHPHQWRHDFRUUHQWHFRUUHVSRQGHQWHIRUHPGHWHUPLQDGDVFRQIRUPH
6
OHFLRQDP1LOVVRQH5LHGHO  8WLOL]DQGRVHDOHLGH2KPMXQWDPHQWH
FRPDVOHLVGH.LUFKKR൵RHVWXGRGHFLUFXLWRVHOpWULFRV¿FDUiPDLVFRPSOHWR
HVDWLVIDWyULR
$VOHLVGH.LUFKKRIIVmRFRPSRVWDVSRUGXDVOHLVDOHLGH.LUFKKRIISDUD
WHQVmR /.7 RXOHLGDVPDOKDVHDOHLGH.LUFKKRIISDUDFRUUHQWH /.& 
RXOHLGRVQyV

Os elementos de um circuito elétrico geralmente são interligados de várias maneiras


diferentes, e a interconexão entre elementos ou dispositivos é denominada rede. A
configuração dos elementos da rede inclui ramos, nós e laços, conforme explicam
Alexander e Sadiku (2013). Seguem as definições desses elementos:
„ Ramo: representa um único elemento de dois terminais, seja resistor ou fonte. Na
Figura 4a, há 5 ramos: a fonte de tensão de 10 V, a fonte de corrente de 2 A e os
três resistores.
„ Nó: é o ponto em que um ou mais elementos têm uma conexão em comum. Na
Figura 4a, há três nós: a, b e c.
„ Laço: é o caminho fechado que é formado a partir de um nó, passa por uma série
de nós e retorna ao nó de partida. A Figura 4b apresenta três laços abca: com o
resistor de 2 Ω, com o resistor de 3 Ω e com a fonte de corrente de 2 A. Outro laço
é formado com o resistor de 2 Ω em paralelo com o resistor de 3 Ω.


a 5Ω b


3Ω 2A
10 V +
_ 2Ω 3Ω 2A
a
+
_

10 V
c c

a) b)

Figura 4. (a) nós, ramos e laços; (b) Figura (a) redesenhada.


Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 32).

7
Lei de Kirchhoff para tensão (LKT)
&RQIRUPH$OH[DQGHUH6DGLNX  DVRPDDOJpEULFDGHWRGDVDVWHQV}HV
HPWRUQRGHXPFDPLQKRIHFKDGR RXODoR p]HURVHJXQGRD/.70DWHPD
ticamente, essa lei pode ser representada por:


Onde MpRQ~PHURGHWHQV}HVQRODoRHvmpDPpVLPDWHQVmR
$SOLFDQGRVHD/.7(TXDomR  QRFLUFXLWRLOXVWUDGRQD)LJXUDH
HVFROKHQGRDFRQYHQomRGRODoRQRVHQWLGRKRUiULR RXDQWLKRUiULR SDUDDV
WHQV}HVDVRPDDOJpEULFDGDVWHQV}HVVHULDíY1, + v2, + v3íY4 e + v. Dessa
IRUPDD/.7VHUi

E pode ser reescrita desta maneira:

Figura 5. Circuito com um laço ilustrando a LKT.


Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 36).

8
Encontre as tensões v1 e v2 no circuito ilustrado na Figura 6.
Solução:
1ª forma de solução: aplicando-se a LKT, usando a Equação (3). Adotando o sentido
horário para a corrente que passa pelo circuito (Figura 6b), teremos:

–20 + v1 + v2 = 0 = > − 20 + 2i + 3i = 0 = > − 20 + i5 = 0 = > i5 = 20 A = > i =4 A

Como v1 = 2i e v2 = 3i, teremos: v1= 8 V e v2 = 12 V.


2ª forma de solução: aplicando-se a divisão de tensão para encontrar as tensões v1
e v2. Assim, obtemos:

Figura 6. Circuito com uma fonte de tensão independente e dois resistores em série.
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 37).

Lei de Kirchhoff para corrente (LKC)


&RQIRUPH$OH[DQGHUH6DGLNX  DVRPDDOJpEULFDGDVFRUUHQWHVTXH
HQWUDPHPXPQyp]HURVHJXQGRD/.&0DWHPDWLFDPHQWHHVVDOHLSRGH
ser representada por:

9


Onde NpRQ~PHURGHUDPRVFRQHFWDGRVDRQyHLn é a enésima corrente


TXHHQWUD RXVDL GRQy
$FRQYHQomRGDVFRUUHQWHVTXHHQWUDPHVDHPGRQySRGHVHUDGRWDGD
FRPRSRVLWLYDSDUDDFRUUHQWHTXHHQWUDQRQyHQHJDWLYD para a corrente que
VDLGRQyRXYLFHYHUVD
A Figura 7 ilustra correntes entrando (iA e iB HVDLQGR LC e iD GRQy
$SOLFDQGRVHD/.&(TXDomR  

,VVRSRGHVHUUHHVFULWRGHVWDRXWUDIRUPD

Figura 7. Correntes em um nó ilustrando a LKC.


Fonte: Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014, p. 40).

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Encontre as correntes I1, I2 e I3 no circuito ilustrado na Figura 8a.
Solução:
1ª forma de solução: aplicando-se a LKC ao nó M, usando a Equação (4). Inicialmente
definimos o nó inferior como o nó de referência (ou nó terra), exibido na Figura 8a.
Assim, obtemos:

O MMC de 16, 36 e 72 é igual a 144. Assim, obtemos o valor de VM:

Mas,

; ;

2ª forma de solução: aplicando-se a divisão de corrente para encontrar as correntes


I2 e I3, sendo I1 conhecida. Inicialmente, encontramos a resistência equivalente:

A resistência equivalente total, no circuito ilustrado na Figura 8b, será:

A corrente I1 é a corrente total do circuito que sai da fonte de 20 V. Pela lei de Ohm,
obtemos:

Para as correntes I2 e I3, aplicando-se a divisão de corrente, obtemos:

I1
16 Ω I1
16 Ω
R1 I2 I3
+ +
20 V _ R2 36 Ω R3 72 Ω 20 V _ 24 Ω

a) b)

Figura 8. (a) Circuito com duas malhas e alimentado por uma fonte de tensão inde-
pendente; (b) O circuito em (a) simplificado.
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 110).

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Aplicações das leis básicas da eletricidade
8PDGDVDSOLFDo}HVPDLVXWLOL]DGDVQDiUHDGDHOHWULFLGDGHHVWiUHODFLRQDGDjV
PHGLo}HVGHWHQVmR corrente e resistência. O instrumento utilizado para medir
tensões é o voltímetro. O amperímetro é utilizado para medir corrente. Já o
RKPtPHWURpXWLOL]DGRSDUDPHGLUUHVLVWrQFLDV(VVDVLQVWUXPHQWDo}HVSRGHP
ser reunidas em um único instrumento, denominado multímetro.
2PXOWtPHWURPDLVXWLOL]DGRSHORVHOHWULFLVWDVpRPXOWtPHWURGLJLWDOLOXV
WUDGRQD)LJXUD(OHpGHIiFLOLQWHUSUHWDomRHYLWDQGRHUURVGHOHLWXUDSHOR
XVXiULRMiTXHDVDtGDGLJLWDOGRPHGLGRULQGLFDRYDORUQXPpULFRGDPHGLomR
(OHDSUHVHQWDVHOHWRUHVGHIXQomRIDL[DHFRQHFWRUHVGHHQWUDGDSDUDUHFHEHU
as pontas de prova. Os multímetros digitais precisam, basicamente, de baterias
LQWHUQDVSDUDDOLPHQWDURVFLUFXLWRVHOHWU{QLFRVLQWHUQRVSDUDDX[LOLDUQDV
PHGLo}HVGHWHQVmRFRUUHQWHHUHVLVWrQFLD

Figura 9. Multímetro digital.


Fonte: Petruzella (2014, p. 152).

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Para medir a tensão, precisamos conectar o voltímetro, ou o multímetro na
IXQomRYROWtPHWURHPSDUDOHORFRPRHOHPHQWRTXHGHVHMDPRVPHGLUDWHQVmR
como ilustrado na Figura 10a. Para medir a corrente, precisamos conectar o
DPSHUtPHWURRXRPXOWtPHWURQDIXQomRDPSHUtPHWURHPVpULHFRPRHOH
PHQWRSRURQGHDFRUUHQWHIOXLHGHVHMDVHPHGLUFRPRLOXVWUDD)LJXUDE
Para medir a resistência de um elemento, é preciso conectar o ohmímetro,
RXRPXOWtPHWURQDIXQomRRKPtPHWURDWUDYpVGHOHDQWHVSRUpPXPDGDV
H[WUHPLGDGHVGRHOHPHQWRGHYHHVWDUGHVFRQHFWDGDGRFLUFXLWRSDUDTXHD
UHVLVWrQFLDSRVVDVHUPHGLGDGHIRUPDHILFLHQWHFRPRLOXVWUDD)LJXUDF

a) b)

c)

Figura 10. Instrumentos de medida: (a) medindo tensão; (b) medindo corrente; (c) medindo
resistência.
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 37).

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Na maioria dos resultados, a unidade do Sistema Internacional de Unidades (SI) é muito
pequena ou muito grande para ser utilizada de forma conveniente. Dessa forma, prefixos
baseados na potência de 10 são aplicados para a obtenção de unidades maiores e
menores em relação às unidades básicas, como mostrado a seguir.

Prefixos SI

Multiplicador Prefixo Símbolo

1012 tera T

109 giga G

106 mega M

103 quilo k

102 hecto h

10 deca da

10 –1 deci d

10 –2 centi c

10 –3 mili m

10 –6 micro μ

10 –9 nano N

10 –12 pico p

Todos esses prefixos estão corretos, mas os engenheiros costumam utilizar com mais
frequência os prefixos que representam potências divisíveis por 3. Já os prefixos centi,
deci, deca e hecto são raramente utilizados. Por exemplo, a maioria dos engenheiros
descreveria 10 –5 s ou 0,00001 s como 10 μs, em vez de 0,01 ms ou 10.000.000 ps.
Fonte: Adaptado de Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 5).

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Precauções ao trabalhar com eletricidade
Antes de trabalhar com eletricidade, siga rigorosamente as seguintes regras, para
evitar o risco de choque elétrico:
„ Verifique se o circuito está desligado antes de iniciar os trabalhos.
„ Desligue sempre o aparelho ou a lâmpada antes de consertá-lo.
„ Deixe um aviso para que ninguém ligue a eletricidade enquanto você trabalha; co-
loque um adesivo sobre o disjuntor, interruptor ou sobre o soquete vazio do fusível.
„ Verifique se o isolante do metal está em bom estado e utilize as ferramentas
adequadamente.
„ Para medir a tensão ou a corrente, ligue a energia e anote a leitura. Para medir a
resistência, não ligue a energia.
„ Não utilize roupas folgadas, para não ter o risco de ficar preso em algum aparelho.
„ Utilize calças, camisas de manga longa e sapatos adequados; mantenha-os secos.
„ Não fique em piso molhado ou metálico, pois a junção de eletricidade e água
oferece riscos.
„ Procure ficar em área com iluminação adequada.
„ Não use adornos (relógios, anéis, pulseiras, etc.).
„ Descarregue qualquer capacitor que possa reter alta tensão.
„ Não trabalhe sozinho.
„ Em caso de áreas em que a tensão é elevada, procure trabalhar com apenas uma
mão por vez.
Estas são algumas informações importantes para evitar choques e acidentes, que
podem causar lesões e danos ao trabalhador que lida com eletricidade. Zelar pela
segurança é uma regra fundamental para o ser humano.
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014).

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. Porto Alegre:


Bookman, 2013.
HAYT JR., W. H.; KEMMERLY, J. E.; DURBIN, S. M. Análise de circuitos em engenharia. 8. ed.
Porto Alegre: Mc Graw Hill, 2014.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2009.
PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica I. Porto Alegre: Bookman, 2014. (Série Tekne).
SADIKU, M. N. D.; MUSA, S.; ALEXANDER, C. K. Análise de circuitos elétricos com aplicações.
Porto Alegre: Bookman, 2014.

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Eletricidade básica II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar capacitores, diodos e LEDs.


„ Relacionar as grandezas envolvidas nos circuitos utilizando capacitores,
diodos e LEDs.
„ Analisar a aplicação de capacitores, diodos e LEDs nos circuitos.

Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer os capacitores, os diodos e um tipo
especial de diodo que emite luz, o LED. Esses componentes, juntamente
aos resistores, formam um grupo de componentes básicos que são in-
dispensáveis para a maioria dos circuitos eletrônicos. Você estudará o
conceito fundamental de cada um desses componentes, para que consiga
diferenciá-los, e verá noções fundamentais de análise de circuitos envol-
vendo esses componentes. Por fim, você vai estudar algumas aplicações
simples para cada componente, com uma discussão a respeito do seu
funcionamento elétrico.

Capacitores, diodos e LEDs


Vamos começar estudando o que são os capacitores e os diodos, com uma
descrição breve de sua função e sua aplicação básica. Veremos ainda os prin-
cipais tipos desses componentes existentes no mercado e como você pode
LGHQWL¿FiORVD¿PGHFRQVHJXLUFRQVWUXLUFLUFXLWRVHOHWU{QLFRV

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Capacitores
O capacitorpXPFRPSRQHQWHHOHWU{QLFRFXMDIXQomRHVVHQFLDOpDUPD]HQDU
FDUJDHOpWULFD$FDSDFLGDGHGHDUPD]HQDPHQWRGHVVDFDUJDpGHQRPLQDGD
capacitância e sua unidade fundamental é o Farad, representado por F. O
)DUDGpXPDXQLGDGHFRQVLGHUDGDPXLWRJUDQGHSDUDFLUFXLWRVSUiWLFRVSRU
LVVRpPXLWRFRPXPXVDUPRVVXEP~OWLSORVGR)DUDGFRPRRPLFURIDUDG ȝ) 
R QDQRIDUDG Q) RXPHVPRRSLFRIDUDG S) VHQGR

„ ȝ í
„ Q í
„ S í

Outro termo que pode ser usado para designar o capacitor é condensador, porém
ele está em desuso. Se pesquisar em fontes antigas, talvez você encontre esse termo.
Alguns países de língua portuguesa ainda consideram o termo usual (GUSSOW, 2009).

Grosso modo, um capacitor é formado por duas placas metálicas, deno-


minadas armadurasTXHVmRLVRODGDVHQWUHVLSRUDOJXPPDWHULDOLVRODQWHR
dielétricoFRQIRUPHPRVWUDD)LJXUD6HJXLQGRRSULQFtSLRGHDWUDomRGH
FDUJDVHOpWULFDVpSRVVtYHODUPD]HQDUFHUWDTXDQWLGDGHGHFDUJDQHVVHSDUGH
SODFDV1DSUiWLFDDFRQVWUXomRItVLFDGRFDSDFLWRUYDULDTXDQWRjJHRPHWULD
GDVSODFDVHDRGLHOpWULFRXWLOL]DGR

17
armaduras

dielétrico
Figura 1. Estrutura esquemática de um capacitor, formado pelas armaduras e pelo dielétrico.
Fonte: Adaptada de Gussow (2009).

Normalmente, os capacitores são classificados em relação ao seu dielétrico.


2VSULQFLSDLVWLSRVVmRRVFHUkPLFRVHRVHOHWUROtWLFRV *8662: 
Existem outros tipos de capacitores, mas esses dois são os mais comuns nos
FLUFXLWRVHOHWU{QLFRV2VVtPERORVXVXDLVSDUDUHSUHVHQWDURVFDSDFLWRUHVIL[RV
HVWmRLOXVWUDGRVQD)LJXUDD([LVWHPDLQGDRVFDSDFLWRUHVYDULiYHLVRVTXDLV
SRUPHLRGHXPDUUDQMRPHFkQLFRSHUPLWHPTXHDFDSDFLGDGHGHDUPD]HQDU
FDUJDVHMDDOWHUDGD2VtPERORSDUDHVTXHPDVHOHWU{QLFRVGHVVHVFDSDFLWRUHV
HVWiLOXVWUDGRQD)LJXUDE

18
(
(
(a) (b)
Figura 2. Símbolos empregados para os capacitores fixos (a) e variáveis (b).
Fonte: Adaptada de Gussow (2009).

Os capacitores cerâmicos são elementos compactos e apresentam um


custo muito baixo. Eles podem ser tubulares ou de disco. O dielétrico desses
capacitores é feito de um material cerâmico e possuem uma capacitância
EDL[DGDRUGHPGHDWpȝ)VHQGRPDLVFRPXQVYDORUHVQDRUGHPGHQ)HS)
3RUHVVHPRWLYRHVVHVFDSDFLWRUHVXWLOL]DPXPFyGLJRSDUDLQGLFDURVHX
YDORUQRPLQDOGHFDSDFLWkQFLDIRUPDGRSRUWUrVQ~PHURVRVGRLVSULPHLURV
dão o valor nominal do capacitor em pF e o terceiro indica o expoente do fator
GHPXOWLSOLFDomRHPWHUPRVGHSRWrQFLDGHTXHGHYHVHUDSOLFDGR

Um capacitor cerâmico com a inscrição 22 possui uma capacitância nominal de 22pF.


Já um com a inscrição 104 possui a seguinte capacitância:

10pF × 104 = 100.000pF = 100nF = 0,1μF

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([LVWHDLQGDXPFyGLJRGHOHWUDVSDUDLQGLFDUVXDWROHUkQFLDFRQIRUPHD
QRUPDGR&RPLWp,QWHUQDFLRQDOGH(OHWURWpFQLFD,(&(VVHVFDSDFLWRUHV
também apresentam uma boa resistência a altas temperaturas e são muito
usados como filtros de sinais.
Nos capacitores eletrolíticosRGLHOpWULFRpFRQVWLWXtGRSRUXPDILQD
FDPDGDGHy[LGRVREUHDDUPDGXUDSRVLWLYD8PDVROXomRHOHWUROtWLFDPXLWDV
YH]HVQDIRUPDGHXPJHOpGHSRVLWDGDVREUHDFDPDGDGHy[LGRSDUDFRP-
SRUDDUPDGXUDQHJDWLYDGRFDSDFLWRU3RUHVVDUD]mRHVVHVFDSDFLWRUHVWrP
SRODULGDGHHFDVRDSRODULGDGHQmRVHMDUHVSHLWDGDQDKRUDGHID]HUDOLJDomR
elétrica, o capacitor pode ser danificado de forma permanente.
2VFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVSRVVXHPXPDDOWDFDSDFLGDGHGHDUPD]HQDPHQWR
GHFDUJDFRQVHJXLQGRDWLQJLUFRPIDFLOLGDGHYDORUHVGDRUGHPGHȝ)
*8662: (VVHVFDSDFLWRUHVVmRPXLWRHPSUHJDGRVQRVILOWURVGDV
IRQWHVGHDOLPHQWDomRRTXHYHUHPRVHPGHWDOKHVPDLVDGLDQWH
2VFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVSRGHPVHUVXEGLYLGLGRVDLQGDTXDQWRDRPDWHULDO
GDDUPDGXUDSRVLWLYDTXHSRGHVHUGHDOXPtQLRRXGHWkQWDOR *8662: 
2VFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVGHalumínio são os mais comuns.
-iRVFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVGHtântalo apresentam uma maior capacitância
por volume e, consequentemente, um menor espaço ocupado pelo dispositivo
em termos comparativos. Por causa do uso do tântalo, esses capacitores têm
um custo alto, quando comparados com os demais, porém, mesmo sendo mais
caros, eles são muito usados em produtos de informática, por exemplo, por
serem compactos.

Diodos
O diodo é um dispositivo semicondutor, composto por uma parte de material
semicondutor tipo N e outra parte de material semicondutor tipo P, conforme
DHVWUXWXUDUHSUHVHQWDGDQD)LJXUD8PPDWHULDOVHPLFRQGXWRUpFRQVWUXtGR
DSDUWLUGHDOJXPDVXEVWkQFLDTXHWHQKDSURSULHGDGHVVHPLFRQGXWRUDV FRPR
R VLOtFLRRJHUPkQLRHWF GRSDGDVSRUDOJXPDRXWUDVXEVWkQFLD

20
Dopar aqui quer dizer “deixar impuro”, isto é, para obter material semicondutor tipo
N deve-se “pegar” um pedaço de silício puro e “contaminá-lo” com um pouco de
fósforo, por exemplo.

7RGRPDWHULDOVHPLFRQGXWRUFRQVHJXHFRQGX]LUXPDFRUUHQWHHOpWULFD
GHVGHTXHVHMDVDWLVIHLWDDOJXPDFRQGLomR1RFDVRGRVGLRGRVGHVLOtFLR
por exemplo, a condição é que a corrente flua do ânodo para o cátodo (polos
SRVLWLYRVHQHJDWLYRVUHVSHFWLYDPHQWH HTXHDGLIHUHQoDGHSRWHQFLDOVHMDGH
QRPtQLPR§9

Ânodo

Cátodo
Figura 3. Símbolo e construção típica do diodo.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

21
8PDFDUDFWHUtVWLFDPDUFDQWHGRVGLRGRVpTXHHOHVIXQFLRQDPFRPRVH
IRVVHPXPDYiOYXODGHUHWHQomRHPXPDWXEXODomRKLGUiXOLFDLVWRpHOHV
VySHUPLWHPTXHDFRUUHQWHHOpWULFDIOXDSRUXPVHQWLGR$OpPGLVVRDOJXQV
GLRGRVSRGHPVHUIDEULFDGRVGHIRUPDDH[LELUDOJXPFRPSRUWDPHQWRHVSHFLDO
Temos os diodos retificadoresFXMDSULQFLSDOIXQomRpMXVWDPHQWHID]HUFRP
TXHDFRUUHQWHHOpWULFDIOXDVRPHQWHHPXPVHQWLGR 0$/9,12%$7(6
 2diodo zenerpRXWURWLSRGHGLRGREDVWDQWHFRPXPFXMDSULQFLSDO
FDUDFWHUtVWLFDHVSHFLDOpDGHPDQWHUFRQVWDQWHDWHQVmRHQWUHVHXVWHUPLQDLV
SRGHQGRVHUXVDGRFRPRXPUHJXODGRUGHWHQVmR
([LVWHPDOJXQVGLRGRVTXHFRQVHJXHPHPLWLUIyWRQVLVWRpOX]FRPD
SDVVDJHPGDFRUUHQWHHOpWULFD²HVWHVGLRGRVVmRFRQKHFLGRVFRPR/('V
HVHUmRGHVFULWRVORJRPDLV$OpPGR/('H[LVWHPDLQGDRVIRWRGLRGRVTXH
VmRGLRGRVTXHPXGDPVXDFXUYDGHUHVSRVWDHPIXQomRGDOX]LQFLGHQWHQD
MXQomR31
2VGLRGRVJHUDOPHQWHVmRFRPSRQHQWHVSHTXHQRV6HXHQFDSVXODPHQWR
SRGHVHUGHSOiVWLFRYLGURRXUHVLQDHSy[L2VGLRGRVFRQWDPDLQGDFRPXPD
faixa de cor branca ou preta, para indicar qual perna é o cátodo do diodo.

Um diodo especial que emite luz — o LED


$SDODYUDLEDYHPGDVLJODHPLQJOrVGHLight-Emitting Diode (diodo emissor
GHOX] 2/('pXPWLSRGHGLRGRHVSHFLDOQRTXDOPHGLDQWHDSDVVDJHPGD
HQHUJLDHOpWULFDRFRUUHDHPLVVmRGHIyWRQV(OHSRGHVHUIDEULFDGRSDUDHPLWLU
OX]HPTXDOTXHUIDL[DGRHVSHFWURYLVtYHOHDLQGDQDUHJLmRGRLQIUDYHUPHOKR
TXHQmRpYLVtYHOSDUDRROKRKXPDQR 
2V/('VVmRXPDIRQWHOXPLQRVDEDVWDQWHYHUViWLO(OHVFRQVRPHPSRXFD
HQHUJLDHVXDOX]WHPXPDDOWDPRQRFURPDWLFLGDGH6HXHQFDSVXODPHQWRJH-
UDOPHQWHpIHLWRDSDUWLUGHDOJXPDUHVLQDWUDQVO~FLGDFRORULGDRXWUDQVSDUHQWH
0$/9,12%$7(6 
2V/('VPDQWrPDFDUDFWHUtVWLFDEiVLFDGRVGLRGRVTXHpDGHSHUPLWLUD
SDVVDJHPGDFRUUHQWHHOpWULFDHPVRPHQWHXPVHQWLGRHJHUDOPHQWHSRVVXHP
XPDSHUQDPHQRUGRTXHDRXWUDFRQIRUPHLOXVWUDGRQD)LJXUDDSHUQDPDLV
FXUWDpRFiWRGRGR/('$OJXQVSRVVXHPWDPEpPXPFKDQIURGRPHVPR
ODGRGRFiWRGRWDPEpPLQGLFDGRQD)LJXUD

22
Lente/encapsulamento
Fio de conexão de epoxi
Cavidade reflexiva
Pastilha de semicondutor

Batente Estrutura
Suporte de condutores

Chanfro

Ânodo Cátodo

Figura 4. Estrutura de um LED.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

$OpPGLVVRH[LVWHP/('VTXHVmRIDEULFDGRVSDUDVHUHPVROGDGRVHP
VXSHUItFLHV(VVHVVmRWmRSHTXHQRVTXHpQHFHVViULRXWLOL]DUSLQoDVSDUD
PDQLSXOiORV([LVWHPDLQGDRV/('VGHDOWDSRWrQFLDTXHSUHFLVDPGHUDGLD-
GRUGHFDORUSDUDPDQWHUVXDWHPSHUDWXUDHPXPQtYHOVHJXURSDUDRSHUDomR

Circuitos elétricos

Circuitos com capacitores


Nos circuitos com capacitores, a capacitância CpGDGDSHOD(TXDomRRQGH
*8662: 
V WHQVmRHQWUHDVDUPDGXUDVGRFDSDFLWRUH[SUHVVDHPYROWV
Q FDUJDHOpWULFDDUPD]HQDGDHP&RXORPEV
$FDSDFLWkQFLDHTXLYDOHQWHCeq para capacitores em série, conforme mostra
)LJXUDDpGDGDSHORVRPDWyULRGD(TXDomR3DUDFDSDFLWRUHVHPSDUDOHOR
)LJXUDE DFDSDFLWkQFLDpGDGDSHOD(TXDomR2WHUPRCn nas Equações
HUHSUHVHQWDFDGDXPGRVn-ésimos capacitores associados.

23
Q
C= V (1)

1 1
Ceq = ∑ Cn (2)

Ceq = ∑Cn (3)

C1 C2 Cn
C1 C2 Cn

(a) (b)

Figura 5. Associação de capacitores: (a) capacitores em série; (b) capacitores em paralelo.


Fonte: Adaptada de Gussow (2009).

Circuitos com diodos


2VGLRGRVJHUDOPHQWHDSUHVHQWDPXPDFXUYDGHUHVSRVWDFRQIRUPHLOXVWUDGR
QD)LJXUD4XDQGRRGLRGRHVWiSRODUL]DGRQDUHJLmRGLUHWDLVWRpFRPD
FRUUHQWHHOpWULFDÀXLQGRGRkQRGRSDUDRFiWRGRFRQIRUPHD)LJXUDDRGLRGR
SHUPLWHDSDVVDJHPGDFRUUHQWHHOpWULFDVHPPDLRUHVUHVWULo}HV 0$/9,12
%$7(6 -iFRPRGLRGRSRODUL]DGRQDUHJLmRLQYHUVD²FRUUHQWHÀXLQGR
GRFiWRGRSDUDRkQRGRFRQIRUPHD)LJXUDE²RGLRGRLPSHGHDSDVVDJHP
de corrente elétrica até que a tensão ultrapasse o valor de ruptura do diodo
0$/9,12%$7(6 
eSRVVtYHOID]HUXPDDQDORJLDGRVGLRGRVFRPFKDYHV8PGLRGRSRODUL]DGR
QDUHJLmRGLUHWDpHTXLYDOHQWHDXPDFKDYHIHFKDGD-iXPGLRGRSRODUL]DGR
QDUHJLmRLQYHUVDpDQiORJRDXPDFKDYHDEHUWD2VGLRGRVDSUHVHQWDPDLQGD
XPDWHQVmRGHMRHOKR SDUDRVGLRGRVGHVLOtFLRpGH§9 DTXDOUHSUHVHQWD
DWHQVmRPtQLPDTXHGHYHVHUDSOLFDGDSDUDTXHRGLRGRSHUPLWDDSDVVDJHP
de corrente elétrica.

24
ID

Ruptura Região
Corrente
direta
inversa

VD
Joelho ≈ 0,7 V
Região
inversa

Figura 6. Curva de resposta típica para o diodo.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

R
V R V

(a) (b)

Figura 7. Circuitos de polarização dos diodos: (a) polarização direta; (b) polarização indireta.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

$SRWrQFLDGLVVLSDGDP por um diodo pode ser calculada de acordo com a


(TXDomRRQGHV representa a tensão sobre o diodo e I representa a corrente
HOpWULFDTXHIOXLSHORGLRGR 0$/9,12%$7(6 &DGDGLRGRSRVVXLXP
OLPLWHGHSRWrQFLDTXHpFDSD]GHGLVVLSDUEHPFRPRXPDFRUUHQWHHWHQVmR
Pi[LPDVFRPTXHHOHFRQVHJXHWUDEDOKDUGHIRUPDVHJXUD

P=V.I (4)

25
O limite de potência que pode ser dissipada, a corrente e a tensão máximas variam muito
de modelo para modelo. Você pode encontrar estas informações nas especificações
técnicas do componente. Os fabricantes publicam os datasheets, que nada mais são
do que um conjunto de especificações técnicas do componente, o qual inclui esta e
muitas outras informações sobre o componente escolhido (MALVINO; BATES, 2016).

Circuitos com LEDs


8PDVSHFWRVLJQL¿FDWLYRDUHVSHLWRGRV/('VpDWHQVmRGHMRHOKR(QTXDQWR
SDUDRVGLRGRVGHVLOtFLRHVVDWHQVmRpGDRUGHPGH§9SDUDRV/('VHVVD
WHQVmRYDULDQDPpGLDGH9DWp92YDORUH[DWRGHVVDWHQVmRGHSHQGHGH
YiULRVIDWRUHVHQWUHHOHVGDFRUHGDWROHUkQFLDGRFRPSRQHQWH 0$/9,12
%$7(6 
2V/('VWrPXPDEDL[DFDSDFLGDGHGHGLVVLSDUSRWrQFLD FRPDOJXPDV
H[FHo}HV GHIRUPDTXHpQHFHVViULRXVDUXPUHVLVWRUHOpWULFRSDUDOLPLWDU
DFRUUHQWHHOpWULFDHDSRWrQFLDGLVVLSDGDSHOR/('2UHVLVWRUpXPFRPSR-
QHQWHTXHRIHUHFHUHVLVWrQFLDjSDVVDJHPGDFRUUHQWHHOpWULFD$FRUUHQWHGH
RSHUDomRGHXP/('JHUDOPHQWHpGDRUGHPGHP$DP$VHQGRTXHR
EULOKRpGHSHQGHQWHGDFRUUHQWHHOpWULFD4XDQWRPDLRUIRUDFRUUHQWHPDLRU
VHUiREULOKR
1D)LJXUDWHPRVRFLUFXLWREiVLFRSDUDDFLRQDPHQWRGHXP/('HPTXH
DOpPGR/('WHPRVXPUHVLVWRUSDUDOLPLWDUDFRUUHQWHHOpWULFD

RS

VS VD

Figura 8. Circuito típico para acionamento de um LED.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

26
3RUPHLRGD(TXDomRSRGHPRVUHODFLRQDUDWHQVmRDFRUUHQWHHDUHVLV-
tência elétrica. Nessa equação, IS representa a corrente que irá percorrer no
/('VSUHSUHVHQWDDWHQVmRGHDOLPHQWDomRGDIRQWHVD representa a tensão de
MRHOKRGR/('HRSUHSUHVHQWDDUHVLVWrQFLDQHFHVViULDSDUDDRSHUDomRGR/('

VS – VD
IS = (5)
RS

Aplicações dos capacitores e diodos


8PDDSOLFDomRPXLWRFRPXPSDUDGLRGRVHFDSDFLWRUHVVmRFLUFXLWRVUHWL¿FD-
GRUHVTXHYHUHPRVDVHJXLU'HSRLVYHUHPRVFRPRXWLOL]DURVGLRGRVSDUD
OLPLWDUDWHQVmRSDUDFLUFXLWRVVHQVtYHLV

Retificador em meia onda


8PDDSOLFDomRVLPSOHVSDUDRVGLRGRVVmRRVUHWL¿FDGRUHVHPPHLDRQGD1D
)LJXUDWHPRVXPFLUFXLWRHOHWU{QLFRVLPSOHVHPTXHXPGLRGRpFRORFDGR
em série com um resistor.

RL

Figura 9. Circuito eletrônico típico do retificador em meia onda.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

27
6HIRUDSOLFDGRXPVLQDOGHHQWUDGDFRQIRUPHLOXVWUDGRQDFXUYDGHWHQVmR
HPIXQomRGRWHPSRGD)LJXUDDSRGHPRVREVHUYDURVLQDOGD)LJXUDE
QDFDUJDUHSUHVHQWDGDSHORUHVLVWRUR L (VVHVLQDOGHVDtGDpFRQKHFLGRFRPR
sinal de meia onda, porque ele representa somente os semiciclos positivos
GRVLQDOGHHQWUDGD'HVVDIRUPDDVDtGDGHVVHFLUFXLWRpXPVLQDOSXOVDQWH
2GLRGRIXQFLRQDFRPRXPDFKDYHTXHSHUPLWHDSDVVDJHPGDFRUUHQWH
HOpWULFDVRPHQWHTXDQGRDWHQVmRGHHQWUDGDIRUVXSHULRUD9 0$/9,12
%$7(6 

vin (a)

Vp(in)

vout
(b)
Vp(out)

Figura 10. Circuito eletrônico típico do retificador em meia onda com o sinal de entrada
e saída: (a) tensão de entrada Vin; (b) tensão de saída.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

28
$WHQVmRQDVDtGDGDSRQWHUHWLILFDGRUDVoutGD)LJXUDSRGHVHUH[SUHVVD
GHIRUPDDSUR[LPDGDSHOD(TXDomRRQGHVin representa a tensão da fonte de
DOLPHQWDomRH9UHSUHVHQWDDEDUUHLUDGHSRWHQFLDOSDUDTXHRGLRGRSRVVD
FRQGX]LU 0$/9,12%$7(6 1HVVHFLUFXLWRUHWLILFDGRUDIUHTXrQFLD
GRVLQDOGHVDtGDpLJXDOjIUHTXrQFLDGRVLQDOGHHQWUDGD

Vout = Vin – 0,7V (6)

2UHWLILFDGRUGHRQGDFRPSOHWDpRXWURFLUFXLWRTXHpXPDPHOKRULDQDWXUDO
GHVVHUHWLILFDGRUHVHUiDERUGDGRQDSUy[LPDVHomR

Retificador de onda completa em ponte


2UHWL¿FDGRUGHRQGDFRPSOHWDHPSRQWHUHSUHVHQWDGRQD)LJXUDpXPD
YDULDomRGRUHWL¿FDGRUGHPHLDRQGDFXMDSULQFLSDOFDUDFWHUtVWLFDpUHGX]LUD
WHQVmRSXOVDQWHQDVDtGDFRQIRUPHIRLLOXVWUDGRQD)LJXUDE1HVWHFLUFXLWR
temos quatro diodos, associados em ponte, de forma que os diodos D e D irão
IXQFLRQDUFRPRFKDYHTXDQGRDIRQWHHVWLYHUQRVHPLFLFORSRVLWLYRHQTXDQWR
RVRXWURVGRLVGLRGRVHVWDUmRRSHUDQGRFRPRFKDYHDEHUWD

D3 D1
Vin

D2 D4 RL

Figura 11. Circuito eletrônico típico do retificador de onda completa em ponte.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

29
4XDQGRDIRQWHHQWUDQRVHPLFLFORQHJDWLYRDVLWXDomRLQYHUWHLVWRpRV
diodos D e DSDVVDPDFRQGX]LUHQTXDQWRD e DILFDPHPFRUWH$VVLP
R VLQDOGHVDtGDPHGLGRQDFDUJDR L em função do tempo pode ser observado
QD)LJXUD&RPSDUHHVWDVDtGDFRPDVDtGDGD)LJXUDE2UHWLILFDGRUGH
RQGDFRPSOHWDHPSRQWHDSUHVHQWDXPVLQDOGHVDtGDPDLVSUy[LPRGRVLQDO
FRQWtQXRGRTXHRUHWLILFDGRUHPPHLDRQGD 0$/9,12%$7(6 

vout

Vp

Figura 12. Sinal de saída típico para o retificador de onda completa em ponte.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

1RUHWLILFDGRUGHRQGDFRPSOHWDHPSRQWHDWHQVmRGHVDtGDVout é dada
SHOD(TXDomRHPTXHVin representa a tensão de entrada na ponte. O termo
í9FRQWHPSODDSHUGDGHWHQVmRGHFRUUHQWHGDEDUUHLUDGHSRWrQFLDGRGLRGR
&RPRQHVVHFLUFXLWRSDUDKDYHUDFRQGXomRVmRQHFHVViULRVQRPtQLPRGRLV
GLRGRVGHYHPRVPXOWLSOLFDUā9 93DUDHVVHFLUFXLWRDIUHTXrQFLD
GRVLQDOGHVDtGDpRGREURGRVLQDOGHHQWUDGD 0$/9,12%$7(6 

Vout = Vin – 1,4V (7)

30
O circuito da ponte retificadora de onda completa em ponte, ilustrado na Figura 11, é
tão comum que existe um componente em que os quatro diodos já estão montados
dentro de um encapsulamento próprio. A Figura 13 mostra vários encapsulamentos
de pontes retificadoras.

Figura 13. Diodos montados na forma de ponte retificadora de onda completa.


Fonte: Malvino e Bates (2016, p. 99).

Retificador de onda completa em ponte com filtro


1D)LJXUDYRFrYrRUHWL¿FDGRUGHRQGDFRPSOHWDHPSRQWHFRP¿OWUR(VVH
FLUFXLWRpDQiORJRDRFLUFXLWRGD)LJXUDSRUpPFRPRDFUpVFLPRGHXP
FDSDFLWRUHPSDUDOHORFRPDFDUJD2FDSDFLWRUC é denominado capacitor de
¿OWUR&RPRYRFrYLXQD)LJXUDDWHQVmRQDFDUJD R L pXPDWHQVmRSXOVDQWH
3DUDTXHHVVDWHQVmR¿TXHFRQVWDQWHHVWHFDSDFLWRUIXQFLRQDDUPD]HQDQGR
SDUWHGDFDUJDHOpWULFDSDUDTXHTXDQGRRQtYHOGHWHQVmRYROWDUDFDLUHOH
FRQVLJDPDQWHURQtYHOGHVDtGDHPXPYDORUPpGLRUHODWLYDPHQWHFRQVWDQWH

31
D3 D1
Vin

D2 D4 C1 RL

Figura 14. Diodos montados na forma de ponte retificadora de onda completa.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

1D)LJXUDYRFrYrDWHQVmRGHVDtGDHPOLQKDFKHLDHDWHQVmRGHHQWUDGD
HPOLQKDWUDFHMDGD2EVHUYHTXHDSUHVHQoDGRFDSDFLWRUID]FRPTXHRQtYHOGH
WHQVmRILTXHPDLVFRQVWDQWHTXDQGRFRPSDUDGRFRPDVDtGDVHPRFDSDFLWRUGH
ILOWURGD)LJXUD$RQGXODomRSHUFHELGDQD)LJXUDpFRQKHFLGDFRPRrip-
ple. Para a maioria das aplicações, uma pequena ondulação é aceitável. O valor
GHRQGXODomRSLFRDSLFRGD)LJXUDSRGHVHUGHWHUPLQDGRSHOD(TXDomR
onde IUHSUHVHQWDDFRUUHQWHHOpWULFDQDFDUJDR L, f representa a frequência da
ondulação e C representa a capacitância do capacitor C.

I
VR = (8)
fC

Vout
Vp

Vin

Figura 15. Nível de tensão no circuito da Figura 15.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

32
Diodo como limitador de tensão
8PDDSOLFDomRPXLWRFRPXPVLPSOHVHSUiWLFDSDUDRGLRGRVmRRVFHLIDGRUHV
RXJUDPSRVGHWHQVmR1D)LJXUDWHPRVXPH[HPSORGHFLUFXLWRHPTXHRV
GLRGRVRSHUDPGHVVDIRUPD6HXFRPSRUWDPHQWRpDQiORJRDRFRPSRUWDPHQWR
HVSHUDGRQRVFLUFXLWRVUHWL¿FDGRUHV2REMHWLYRGHVVHFLUFXLWRpSURWHJHUDOJXP
FLUFXLWRTXHVHMDVHQVtYHODXPDWHQVmRVXSHULRUDV e inferior a V. Caso a
HQWUDGDVHMDVXSHULRUDV ou inferior a VRVGLRGRVLUmRFRQGX]LUJDUDQWLQGR
TXHDHQWUDGDSDUDRFLUFXLWRVHQVLWLYRHVWHMDGHQWURGRVOLPLWHVHVWDEHOHFLGRV
por V e V 0$/9,12%$7(6 

V1

Circuito
Entrada
sensitivo

V2

Figura 16. Diodo como grampo de tensão.


Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).

GUSSOW, M. Eletricidade básica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. (Coleção Schaum).
MALVINO, A.; BATES, D. Eletrônica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. v.1.

Leituras recomendadas
FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade: corrente contínua e magnetismo. 7. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne).
HOROWITZ, P.; HILL, W. The art of electronics. 3. ed. Cambridge: Cambridge University
Press, 2015.

33
Medições de corrente,
tensão, resistência
e potência I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os multímetros analógicos e digitais e os cuidados no uso


e nas medições.
„ Construir procedimentos para medições de corrente e tensão, em
correntes contínua e alternada.
„ Realizar a medição de corrente de forma indireta, com a medição do
campo magnético do condutor.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a medição de corrente e tensão (contínua
e alternada), conhecendo as características, os tipos e as unidades de
funcionamento dos instrumentos analógicos e digitais mais utilizados,
com destaque para o multímetro. Você vai aprender a realizar medições
de tensão com identificação de polaridade, medições de corrente (em
série) e medições indiretas (medição de campo magnético).

Leitura dos medidores


2VHTXLSDPHQWRVXWLOL]DGRVSDUDPHGLUJUDQGH]DVHOpWULFDVVmRGHQRPLQDGRV
PHGLGRUHV$RWHQWDUID]HUXPDOHLWXUDFRPTXDOTXHUWLSRGHPHGLGRUpPH
OKRUFRQVXOWDUDVLQVWUXo}HVGHRSHUDomRGRIDEULFDQWHSRLVDVFDUDFWHUtVWLFDV
GHVVHVLQVWUXPHQWRV FRPRRPpWRGRXVDGRSDUDDVHOHomRGDIDL[DHRIRUPDWR
DGRWDGR YDULDP

34
Medidores analógicos
2VLQVWUXPHQWRVDQDOyJLFRVFRQWrPXPSRQWHLURHXPVLVWHPDPHFkQLFR
GHPRYLPHQWR2PHGLGRUpIRUPDGRSRUXPDERELQDPyYHORXIHUURPyYHO
VXVSHQVRHQWUHRVSRORVGHXPtPmSHUPDQHQWHQDIRUPDGHIHUUDGXUD$VVLP
DPHGLomRpUHDOL]DGDDSDUWLUGRSRVLFLRQDPHQWRGRSRQWHLURTXHVHPRYH
VREUHXPDHVFDOD¿[D2VPHGLGRUHVDQDOyJLFRVSRGHPVHUXVDGRVWDQWRQD
PHGLomRGHFRUUHQWHFRPRQDGHRXWUDVJUDQGH]DVFRPRWHQVmRHUHVLVWrQFLD
$OHLWXUDPDLVSUHFLVDGDHVFDODGHXPPHGLGRUDQDOyJLFRpREWLGDTXDQGR
VXDFDEHoDpSRVLFLRQDGDGHPRGRSHUSHQGLFXODUjHVFDODHGLUHWDPHQWHVREUH
R SRQWHLUR$OJXQVPHGLGRUHVDQDOyJLFRVXVDPXPHVSHOKRQDHVFDOD8P
SDUDIXVRGHDMXVWHGH]HURpXWLOL]DGRSDUDFRORFDURSRQWHLURGRPHGLGRUHP
]HURQDHVFDODTXDQGRQmRKRXYHUFRUUHQWHFLUFXODQGR
$OHLWXUDGHXPDHVFDODGHPHGLGRUGH~QLFDIDL[Dp VLPLODUj OHLWXUDGD
HVFDODGHXPDUpJXD )LJXUD $HVFDODQD)LJXUDpOLGDGDVHJXLQWHIRUPD
9DORUGHFDGDGLYLVmRSULQFLSDO 
9DORUGHFDGDGLYLVmRPHQRU 
?/HLWXUD 

Figura 1. Leitura de uma escala de medidor analógico de única faixa.


Fonte: Petruzella (2013, p. 153).

2VPHGLGRUHVGHP~OWLSODVIDL[DVVmRPDLVGLItFHLVGHOHUSRLVJHUDOPHQWH
pXVDGDXPDHVFDODFRPGXDVRXPDLVIDL[DV3DUDOHUHVVHWLSRGHPHGLGRU
SULPHLURGHWHUPLQDPRVDOHLWXUDQDHVFDODHHPVHJXLGDDSOLFDPRVRIDWRU
PXOWLSOLFDGRURXGLYLVRUDGHTXDGRFRQIRUPHLQGLFDGRSHORVHOHWRUGHIDL[DV
)LJXUD 

35
Figura 2. Leitura de uma escala de um medidor analógico de múltiplas faixas.
Fonte: Petruzella (2013, p. 154).

2VRKPtPHWURVVmRLQVWUXPHQWRVHPSUHJDGRVSDUDPHGLUDUHVLVWrQFLD
HOpWULFDGHXPFRPSRQHQWHGHFLUFXLWREHPFRPRSDUDORFDOL]DUFRPSRQHQWHV
DEHUWRVRXHPFXUWRFLUFXLWRHGHWHUPLQDUDFRQWLQXLGDGHGRFLUFXLWR3DUD
UHDOL]DUDPHGLomRGDUHVLVWrQFLDGHXPHOHPHQWREDVWDSRVLFLRQDUHPSDUDOHOR
RLQVWUXPHQWRVREUHRFRPSRQHQWH3DUDTXHYRFrWHQKDXPDPHGLomRFRUUHWD
R HOHPHQWRDVHUPHGLGRSUHFLVDHVWDULVRODGRGRVGHPDLVFRPSRQHQWHVGR
FLUFXLWR$VHVFDODVGHRKPtPHWURVDQDOyJLFRVQmRVmRPDUFDGDVXQLIRUPH
PHQWHVHQGRHQWmRGHQRPLQDGDVQmROLQHDUHV

Figura 3. A face de um VOM analógico tem uma combinação de escalas.


Fonte: Petruzella (2013, p. 154).

36
Medidores digitais
2VPHGLGRUHVGLJLWDLVVmRPDLVIiFHLVGHOHUGRTXHRVPHGLGRUHVDQDOyJL
FRV(QWUHVXDVSDUWHVSULQFLSDLVGHVWDFDPRVRdisplayGHFLPDORFLUFXLWR
HOHWU{QLFRGLJLWDOGHGLFDGRHXPFRQYHUVRU$'0XLWRVPHGLGRUHVGLJLWDLV
SRVVXHPVHOHomRDXWRPiWLFDGHIDL[DLVWRpRSUySULRPHGLGRUDMXVWDDIDL[D
QHFHVViULDSDUDDPHGLomRGHWHUPLQDGD6HJXQGR3HWUX]HOOD  pQRUPDO
TXHR~OWLPRGtJLWR jGLUHLWD YDULHFRQWLQXDPHQWHHQWUHGRLVRXWUrVYDORUHV
(PJHUDOQmRVHUiQHFHVViULDXPDSUHFLVmRWmRHOHYDGDHR~OWLPRGtJLWR
SRGHVHULJQRUDGRRXDUUHGRQGDGR&RPWDQWDVIDFLOLGDGHVQmRpGHDGPLUDU
TXHHVVHVLQVWUXPHQWRVRIHUHoDPPDLVSUHFLVmRHXPDOHLWXUDPDLVFRQ¿iYHO
HDXPFXVWRDFHVVtYHO

Medição de tensão
3DUDDPHGLomRGHWHQVmR&&HQWUHGRLVSRQWRVpIXQGDPHQWDODXWLOL]DomR
FRUUHWDGHXPLQVWUXPHQWRSDUDHVVD¿QDOLGDGH9RFrSURYDYHOPHQWHWHUiGH
UHDOL]DUHVVDPHGLomRSDUDYHUL¿FDUDWHQVmRIRUQHFLGDSRUXPDIRQWHJHUDGRUD
GHWHQVmR&&
+iGRLVWLSRVGHLQVWUXPHQWRVSDUDPHGLUDWHQVmR&&RYROWtPHWUR )LJXUD
 HRPXOWtPHWUR )LJXUD 

Figura 4. O voltímetro.
Fonte: Fowler (2012, p. 55).

37
Figura 5. O multímetro.
Fonte: Fowler (2012, p. 57).

2VYROWtPHWURVHPLOLYROWtPHWURVVmRLQVWUXPHQWRVSUySULRVSDUDDPHGLomR
GHWHQVmRHDSUHVHQWDPDOHWUD9RXP9QDVXDHVFDODIURQWDO
7DPEpPH[LVWHPYROWtPHWURVHPLOLYROWtPHWURVHVSHFtILFRVSDUDDPHGLomR
GHWHQV}HVFRQWtQXDV(OHVSRVVXHPGRLVERUQHVQDSDUWHSRVWHULRUGHVWLQDGRV
DUHFHEHUDWHQVmRFXMRYDORUVHUiLQGLFDGRQDHVFDOD&RPRRVYROWtPHWURVWrP
SRODULGDGHHVWDEHOHFLGDSDUDOLJDomRRVVLQDLVH±LGHQWLILFDPRVERUQHV
3DUDUHDOL]DUDPHGLomRFRQHFWDPRVGRLVFRQGXWRUHVFKDPDGRVSRQWDVGH
SURYDDRVERUQHVGRLQVWUXPHQWR+iGXDVSRQWDVGHSURYDXPDYHUPHOKD
HXPDSUHWD&RORFDPRVDSRQWDGHSURYDYHUPHOKDQRERUQHSRVLWLYR  
GRLQVWUXPHQWR$SyVDFRQH[mRQRVERUQHVGRLQVWUXPHQWRFRQHFWDPRVDV
H[WUHPLGDGHVOLYUHVGDVSRQWDVGHSURYDQRVSRQWRVRQGHGHVHMDPRVPHGLU
DWHQVmR&&'HYHPRVOLJDUDSRQWDGHSURYDYHUPHOKDRXRFRQGXWRUTXH
HVWLYHUFRQHFWDGRDRERUQHSRVLWLYR  GRLQVWUXPHQWRQRSRQWRSRVLWLYRD
VHUPHGLGRHDRXWUDSRQWDGHSURYDQRSRQWRQHJDWLYR
4XDQGRFRQHFWDPRVDVSRQWDVGHSURYDGHPRGRDSURSULDGRQRVSRQWRV
GHPHGLomRFRPVXDUHVSHFWLYDSRODULGDGHRSRQWHLURGRLQVWUXPHQWRVDLGD
SRVLomRGHUHSRXVRGHVORFDQGRVHQRVHQWLGRKRUiULR VHQWLGRFRUUHWR HP
GLUHomRDRILPGDHVFDOD2YDORUGDWHQVmRPHGLGDpLQGLFDGRQDHVFDODGR
LQVWUXPHQWR

38
&DVRDVSRQWDVGHSURYDVHMDPOLJDGDVFRPDSRODULGDGHLQYHUWLGDRSRQWHLUR
LUiVHGHVORFDUQRVHQWLGRDQWLKRUiULR VHQWLGRLQFRUUHWR DVVLPYRFrWHUiGH
LQYHUWHUDVSRQWDVGHSURYDQRVSRQWRVGHPHGLomR
(PXPFLUFXLWRHOpWULFRXPYROWtPHWURVHUYHSDUDPHGLUDIRUoDHOHWUR
PRWUL] IHP RXDWHQVmR GLIHUHQoDGHSRWHQFLDO (VVHLQVWUXPHQWRSRGHVHU
XWLOL]DGRDLQGDSDUDYHULILFDUDGLVSRQLELOLGDGHGHXPDWHQVmR&$HPXPD
WRPDGDUHVLGHQFLDO )LJXUD DWHQVmR&&SRUPHLRGRVWHUPLQDLVGHXPD
EDWHULDRXDWHQVmR&$RX&&HQWUHGRLVSRQWRVHPXPFLUFXLWR
$MXVWHRVHOHWRUSDUDDIXQomRGHWHQVmRDGHTXDGD&$RX&&DQWHVGH
UHDOL]DUDPHGLomR3HJXHDVSRQWDVGHSURYDHFRQHFWHDVDRFLUFXLWRGH
PRGRTXHQHQKXPDSDUWHGRVHXFRUSRHQWUHHPFRQWDWRFRPDOJXPDSDUWH
HQHUJL]DGD YLYD GRFLUFXLWR3DUDWHQVmR&&FRQHFWHDSRQWDGHSURYDSUHWD
DRSRQWRGHSRODULGDGHQHJDWLYDHDSRQWDGHSURYDYHUPHOKDDRSRQWRGH
WHVWHGHSRODULGDGHSRVLWLYD

Figura 6. Verificando a tensão CA de uma tomada comum.


Fonte: Petruzella (2013, p. 156).

$IDL[DGHPHGLomRGHWHQVmRGRPHGLGRUGHERELQDPyYHODQDOyJLFR
EiVLFRRXJDOYDQ{PHWURp OLPLWDGDj IDL[DGHPLOLYROWVGHYLGRj QDWXUH]D

39
GHOLFDGDGDERELQDHGDVPRODVTXHFRPS}HPRPHGLGRUGHFRQMXQWRPyYHO
3DUDDXPHQWDUDIDL[DGHWHQVmRXPUHVLVWRUFRPXPDOWRYDORUGHUHVLVWrQFLD
pFRQHFWDGRHPVpULHFRPRPHGLGRUGHFRQMXQWRPyYHO2UHVLVWRUpFKDPDGR
PXOWLSOLFDGRUSRUTXHHOHPXOWLSOLFDDIDL[DGRPHGLGRU$RDOWHUDURYDORUGR
UHVLVWRUPXOWLSOLFDGRUDIDL[DGHWHQVmRSRGHVHUYDULDGD )LJXUD 

Figura 7. Voltímetro CC analógico de múltiplas faixas.


Fonte: Petruzella (2013, p. 157).

Quanto maior for o valor da resistência do multiplicador, maior será a faixa de tensão
do medidor.

40
8PGLDJUDPDGHEORFRVGHXPYROWtPHWUR&$GLJLWDOpPRVWUDGRQD)LJXUD

Figura 8. Voltímetro CA digital.


Fonte: Petruzella (2013, p. 158).

$VSRQWDVGHSURYDVmRFRQHFWDGDVjWHQVmR&$DVHUPHGLGDTXHpWUDQVPL
WLGDSDUDRFLUFXLWRFRQGLFLRQDGRUGHWHQVmR2FRQGLFLRQDGRUGHWHQVmRDWHQXD
RXDPSOLILFDRVLQDOGHWHQVmRSDUDXPGDGRQtYHOFRPRTXDORVFLUFXLWRVGH
PHGLomRVmRSURMHWDGRVSDUDWUDEDOKDU$VHJXLURVLQDOpWUDQVPLWLGRSDUDXP
FLUFXLWRFRQYHUVRU&$&&TXHFRQYHUWHRVLQDOGHWHQVmRGH&$SDUD&&2
FRQYHUVRUDQDOyJLFRGLJLWDO $' UHFHEHHVVDWHQVmRHWUDQVIRUPDDHPXP
FyGLJRGLJLWDOTXHUHSUHVHQWDRYDORUGDWHQVmR2FyGLJRGLJLWDOpXVDGRSDUD
JHUDURVGtJLWRVQXPpULFRVTXHPRVWUDPRYDORUPHGLGRQRPRVWUDGRUGLJLWDO
6HDWHQVmRGHHQWUDGDDVHUPHGLGDp&&RFLUFXLWRGHFRQYHUVmR&$&&p
FRQWRUQDGRHRVLQDOp WUDQVPLWLGRGLUHWDPHQWHGRFRQGLFLRQDGRUGHWHQVmR
SDUDRFRQYHUVRUDQDOyJLFRGLJLWDO
2YROWtPHWURGHYHVHUFRQHFWDGRHPSDUDOHORSRUPHLRGHFDUJDRXIRQWHGH
DOLPHQWDomR(OHWHPXPDUHVLVWrQFLDHOHYDGDHGHVYLDXPDSHTXHQDTXDQWLGDGH
GHFRUUHQWHSDUDRSHUDURFLUFXLWRGHPHGLomR6HRYROWtPHWURIRVVHFRQHFWDGR
HPVpULHFRPRFLUFXLWRHVVDUHVLVWrQFLDHOHYDGDUHGX]LULDDFRUUHQWHGRFLU
FXLWRHRPHGLGRUIRUQHFHULDXPDOHLWXUDLQFRUUHWD7DQWRRVYROWtPHWURV&&
FRPRRV&$VmRVHOHFLRQDGRVGHDFRUGRFRPRWLSRGHWHQVmRDVHUPHGLGD
2VYROWtPHWURVGLJLWDLVLQGLFDPDXWRPDWLFDPHQWHDSRODULGDGHFRUUHWDGHXPD
PHGLomRGHWHQVmR&& )LJXUD 

41
Figura 9. Identificação de polaridade em um multímetro digital CC.
Fonte: Petruzella (2013, p. 159).

$RFRQHFWDURWHUPLQDOSRVLWLYRGRPHGLGRUDRSRQWRSRVLWLYRGRFLUFXLWRR
PHGLGRULQGLFDXPDSRODULGDGHSRVLWLYD  QRPRVWUDGRUGLJLWDO$RFRQHFWDU
RWHUPLQDOSRVLWLYRGRPHGLGRUDRSRQWRQHJDWLYRGRFLUFXLWRRPHGLGRULQGLFD
XPDSRODULGDGHQHJDWLYD ± QRPRVWUDGRUGLJLWDO2VYROWtPHWURVDQDOyJLFRV
GHYHPVHUFRQHFWDGRVFRPDSRODULGDGHFRUUHWD2WHUPLQDOQHJDWLYR ± GR
YROWtPHWURpFRQHFWDGRDRODGRQHJDWLYR ± GRFLUFXLWRHRWHUPLQDOSRVLWLYR
 GRYROWtPHWURDRODGRSRVLWLYR  GRFLUFXLWR6HRVWHUPLQDLVIRUHPLQ
YHUWLGRVRSRQWHLURGRLQVWUXPHQWRGHIOHWLUiQRVHQWLGRFRQWUiULRGDHVFDOD
jHVTXHUGDGR]HURRTXHSRGHUiғ GDQLILFDURPHGLGRU
&RQIRUPH3HWUX]HOOD  DTXHGDGHWHQVmRpD³SHUGDGHWHQVmR´FDX
VDGDSHORIOX[RGHFRUUHQWHSRUPHLRGHXPDUHVLVWrQFLD4XDQWRPDLRUIRUD
UHVLVWrQFLDPDLRUVHUiDTXHGDGHWHQVmR3DUDYHULILFDUDTXHGDGHWHQVmR
FRQHFWHXPYROWtPHWURHQWUHRVSRQWRVHPTXHDTXHGDGHWHQVmRGHYHVHU
PHGLGD(PFLUFXLWRV&&HFLUFXLWRV&$UHVLVWLYRVDVRPDWRWDOGHWRGDVDV
TXHGDVGHWHQVmRSRUPHLRGDVFDUJDVHGRVGLVSRVLWLYRVFRQHFWDGRVHPVpULH
GHYHVHULJXDOjWHQVmRDSOLFDGDDRFLUFXLWR )LJXUD 

42
Figura 10. Medição de quedas de tensão através de carga.
Fonte: Petruzella (2013, p. 159).

3DUDRSHUDUDGHTXDGDPHQWHFDGDFDUJDGHYHUHFHEHUVXDWHQVmRQRPLQDO
6HQmRKiWHQVmRVXILFLHQWHGLVSRQtYHORGLVSRVLWLYRQmRRSHUDUiGDPDQHLUD
FRPRGHYHULD9RFrWDPEpPGHYHVHPSUHVHDVVHJXUDUGHTXHDWHQVmRTXH
YDLPHGLUQmRH[FHGHDIDL[DGRYROWtPHWURSRLVLVVRSRGHFDXVDUGDQRVDR
LQVWUXPHQWR6HDPHGLGDIRUGHVFRQKHFLGDYRFrGHYHUiFRPHoDUFRPDIDL[D
PDLVDOWDGHPHGLomRGRYROWtPHWUR0XLWDVYH]HVYRFrSRGHSUHFLVDUPHGLUD
WHQVmRGHXPSRQWRHVSHFtILFRQRFLUFXLWRHPUHODomRDRWHUUDRXDXPSRQWR
GHUHIHUrQFLDFRPXP )LJXUD 

Figura 11. Medição de tensão em relação ao ponto comum ou ao terra do circuito.


Fonte: Petruzella (2013, p. 160).

43
1HVVHVFDVRVSULPHLURFRQHFWHDSRQWDGHSURYDSUHWDGRYROWtPHWURDR
WHUUDGRFLUFXLWRRXDRSRQWRFRPXP(PVHJXLGDFRQHFWHDSRQWDGHSURYD
YHUPHOKDDTXDOTXHUSRQWRQRFLUFXLWRTXHYRFrGHVHMDPHGLU

Os voltímetros e milivoltímetros para tensões contínuas têm polaridade de ligação


especificada.

2WHVWDGRUGHWHQVmRp XPWLSRHVSHFLDOGHYROWtPHWURJHUDOPHQWHXVDGR
SRUHOHWULFLVWDV )LJXUD 

Figura 12. Testador de tensão.


Fonte: Petruzella (2013, p. 160).

2WHVWDGRUGHWHQVmRVHUYHSDUDYHULILFDUDSUHVHQoDRXDDXVrQFLDGHWHQVmR
HPXPGDGRSRQWRHQmRLQGLFDRYDORUH[DWRGHWHQVmRSUHVHQWH2YDORU
UHDOGHWHQVmRSRGHHVWDUXPSRXFRDEDL[RRXDFLPDGRYDORULQGLFDGRSHOR

44
DSDUHOKR5HFRPHQGDVHWHVWiORDQWHVHPXPDIRQWHGHWHQVmRHQHUJL]DGD
FRQKHFLGDSDUDJDUDQWLUTXHRPHGLGRUHVWiRSHUDQGRDGHTXDGDPHQWH

Medição de corrente
3DUDPHGLUDTXDQWLGDGHGHFRUUHQWHÀXLQGRHPXPFLUFXLWRXWLOL]DPRV
XPDPSHUtPHWUR2VDPSHUtPHWURVPHGHPRÀX[RGHFRUUHQWHHPDP
SqUHV3DUDIDL[DVPHQRUHVTXHDPSqUHVmRXVDGRVPLOLDPSHUtPHWURVRX
PLFURDPSHUtPHWURV9HMDQD)LJXUDXPPXOWtPHWURFRPPLOLDPSHUtPHWUR
&&SDUDPHGLomRGHFRUUHQWH

Figura 13. Miliamperímetro conectado para medir corrente.


Fonte: Petruzella (2013, p. 161).

45
$SRQWDGHSURYDYHUPHOKDpOLJDGDDRFRQHFWRUGHHQWUDGDGHDOWDFRUUHQWH
$ RXGHEDL[DFRUUHQWH P$ GHSHQGHQGRGDIDL[DGHFRUUHQWHTXH
YRFrGHVHMDPHGLUQRFLUFXLWR&RPH[FHomRGRVPHGLGRUHVWLSRDOLFDWHRV
PHGLGRUHVGHFRUUHQWHGHYHPVHPSUHVHUFRQHFWDGRVHPVpULHFRPDIRQWHGH
DOLPHQWDomRHDFDUJDQXQFDHPSDUDOHORFRPHODV

O shunt é um resistor de alta precisão que produz uma pequena queda de tensão
(milivolts) proporcional à quantidade de corrente fluindo através dele. O shunt
pode ser conectado dentro da caixa do medidor de corrente ou no lado externo
da caixa (Figura 14). Os medidores projetados para medir correntes mais altas
normalmente usam shunts externos devido ao seu tamanho e à quantidade de
calor que eles geram.

Figura 14. Resistor shunt externo.


Fonte: Petruzella (2013, p. 163).

2DPSHUtPHWURSRVVXLXPDUHVLVWrQFLDLQWHUQDPXLWREDL[DORJRHOHLQ
IOXHQFLDPXLWRSRXFRRIOX[RGHFRUUHQWHGXUDQWHDPHGLomR'HVVHPRGRD
OLJDomRDFLGHQWDOGHXPDPSHUtPHWURHPSDUDOHORFRPXPDFDUJDRXIRQWHGH
WHQVmRIDUiRPHGLGRUGUHQDUXPDFRUUHQWHHOHYDGDDTXDOSRGHUiGDQLILFDU
R PHGLGRU2DPSHUtPHWURSDGUmRGHYHVHPSUHVHUFRQHFWDGRHPVpULHFRP
R FLUFXLWRSDUDTXHDFRUUHQWHGRFLUFXLWRIOXDSHORPHGLGRU

46
9RFrSRGHXVDUXPDFKDYHSDUDPHGLUDFRUUHQWHVHPDIHWDURIXQFLRQDPHQWR
GRFLUFXLWR$)LJXUDPRVWUDFRPRLVVRpIHLWR

Figura 15. Amperímetro tipo alicate.


Fonte: Petruzella (2013, p. 163).

4XDQGRDFKDYHp IHFKDGDRDPSHUtPHWURUHJLVWUDXPDFRUUHQWHQXOD
SRLVDFRUUHQWHSDVVDSHODFKDYHHQmRSHORDPSHUtPHWUR4XDQGRDFKDYHp
DEHUWDDFRUUHQWHSDVVDSHORDPSHUtPHWUR$JRUDp SRVVtYHOPHGLURYDORU
GDFRUUHQWH$VVLPTXHDPHGLomRIRUUHDOL]DGDYRFrSRGHIHFKDUDFKDYH
UHPRYHURDPSHUtPHWURHRFLUFXLWRFRQWLQXDUiRSHUDQGRQRUPDOPHQWH
eFRPXPXVDUXPDPSHUtPHWURWLSRDOLFDWH )LJXUD SDUDPHGLUFRUUHQWHV
&$PDLVHOHYDGDVQDIDL[DGHDPSqUHVSDUDDVVLPHYLWDUDEULURFLUFXLWR,VVRp
SRVVtYHOSRUTXHRLQVWUXPHQWR³DEUDoD´RFRQGXWRUGRFLUFXLWRHLQGLFDRYDORU
GDFRUUHQWHDRPHGLUDLQWHQVLGDGHGHFDPSRPDJQpWLFRGHYLGRjFRUUHQWHTXH
FLUFXODSHORFRQGXWRU2VDPSHUtPHWURVWLSRDOLFDWHEDVHDGRVQRHIHLWR+DOO
VHUYHPSDUDPHGLUWDQWRFRUUHQWHV&&TXDQWRFRUUHQWHV&$
3HTXHQRVWUDQVIRUPDGRUHVSRGHPVHUHPSUHJDGRVHPFRQMXQWRFRPLQV
WUXPHQWRVGHWHVWHHGHPHGLomR8PWUDQVIRUPDGRUGHFRUUHQWH )LJXUD 
DOLPHQWDRLQVWUXPHQWRFRPXPDSHTXHQDFRUUHQWHSURSRUFLRQDOj FRUUHQWH
SULQFLSDO

47
Figura 16. Transformador de corrente.
Fonte: Petruzella (2013, p. 166).

Os transformadores de corrente são utilizados também com grandes dispositivos de


sobrecorrente e sobrecarga. Uma tensão muito alta, capaz de produzir um choque
fatal, pode se desenvolver no enrolamento secundário quando ele está aberto. Por isso,
se o medidor for removido, os terminais secundários devem sempre ser conectados
a um amperímetro ou mantidos em curto-circuito.

Multímetro
2PXOWtPHWURWDPEpPFRQKHFLGRSRUPXOWLWHVWHpXPLQVWUXPHQWRTXHWHP
DSRVVLELOLGDGHGHUHDOL]DUPHGLo}HVQmRVyGHWHQVmRPDVWDPEpPGHYiULDV
RXWUDVJUDQGH]DVGHQDWXUH]DHOpWULFD3RULVVRHOHpRSULQFLSDOLQVWUXPHQWR
QDEDQFDGDGHTXHPWUDEDOKDFRPHOHWU{QLFDHHOHWULFLGDGH6XDLPSRUWkQFLD
VHGHYHDVXDVLPSOLFLGDGHGHRSHUDomRDRWUDQVSRUWHHjFDSDFLGDGHGH
SRVVLELOLWDUPHGLo}HVGHGLYHUVDVJUDQGH]DVHOpWULFDV

Medição de tensão CC com o multímetro


$WHQVmRFRQWtQXDpXPDGDVJUDQGH]DVHOpWULFDVTXHSRGHPVHUPHGLGDV
FRPRPXOWtPHWUR&RPRRPXOWtPHWURpXPLQVWUXPHQWRP~OWLSORRXVHMDp
DGHTXDGRSDUDGLYHUVRVWLSRVGHPHGLomRRVFRQKHFLPHQWRVHSURFHGLPHQ

48
WRVQHFHVViULRVSDUDDVXDFRUUHWDXWLOL]DomRVHUmRDSUHVHQWDGRVHPSDUWHV
LQLFLDQGRSHODPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXD
$)LJXUDPRVWUDRSDLQHOGHXPPXOWtPHWURUHVVDOWDQGRDVSDUWHVUHOD
FLRQDGDjPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXD

Figura 17. Painel de um multímetro.


Fonte: Adaptada de Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 43).

1RERUQHLQGLFDGRSHODDEUHYLDWXUD&20RXSHORVLQDOQHJDWLYR  TXH
pFRPXPSDUDTXDOTXHUWLSRGHPHGLomRFRPRLQVWUXPHQWRFRQHFWDPRVD
SRQWDGHSURYDSUHWD1RRXWURERUQHLQGLFDGRSHODDEUHYLDWXUD'&RXSHOR
VLQDO  FRQHFWDPRVDSRQWDGHSURYDYHUPHOKD
$FKDYHVHOHWRUDVHUYHSDUDGHWHUPLQDU

„ $JUDQGH]DHOpWULFDTXHVHUiPHGLGD H[HPSORWHQVmRFRQWtQXD 
„ 2YDORUPi[LPRTXHRLQVWUXPHQWRSRGHPHGLUQHVWDSRVLomR SRU
H[HPSOR9 

$VSRVLo}HVGDFKDYHVHOHWRUDGHVWLQDGDVjPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXD
VmRLGHQWLILFDGDVSHODDEUHYLDWXUD'&9RXDSHQDV'&

49
eLPSRUWDQWHOHPEUDUTXHRYDORULQGLFDGRSHODFKDYHVHOHWRUDpRPi[LPR
TXHRLQVWUXPHQWRSRGHPHGLUQHVWDSRVLomRGDFKDYH1RH[HPSORGD)LJXUD
DWHQVmRFRQWtQXDPi[LPDTXHRLQVWUXPHQWRSRGHPHGLUFRPDFKDYH
VHOHWRUDQHVWDSRVLomRp9

Figura 18. Chave seletora indicando a tensão máxima que pode ser medida.
Fonte: Adaptada de Sadiki, Musa e Alexander (2014, p. 43).

$HVFDODGRPXOWtPHWURpXVDGDSDUDDOHLWXUDGRYDORUPHGLGRSHORLQV
WUXPHQWR&RPRRPXOWtPHWURVHGHVWLQDDLQ~PHUDVPHGLo}HVDVXDHVFDOD
pP~OWLSODFRPRPRVWUDD)LJXUD

Figura 19. Painel de um multímetro mostrando diversas escalas.


Fonte: Adaptada de Sadiku, Musa e Alexander (2012, p. 43).

50
3DUDDPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXDFRPXPPXOWtPHWURDSyVFRQHFWDU
DVSRQWDVGHSURYDQRVERUQHVGRLQVWUXPHQWRYRFrGHYHSRVLFLRQDUFRUUH
WDPHQWHRVHOHWRUGHHVFDODVSDUDDUHDOL]DomRGHXPDPHGLomRGHWHQVmR
4XDQGRFRQKHFHPRVDSUR[LPDGDPHQWHRYDORUTXHYDLVHUPHGLGRSRVL
FLRQDPRVDFKDYHVHOHWRUDSDUDDHVFDODGHWHQVmRLPHGLDWDPHQWHVXSHULRU
DRYDORUHVWLPDGR

A chave seletora deve ser sempre posicionada para um valor mais alto do que a tensão
que será medida. Por exemplo, para medir a tensão de uma pilha que tem valor máximo
de 1,5V, selecionamos uma escala de 2,5 ou 3V, ou outras próximas a estas, conforme
disponível no instrumento.

$SyVDFRORFDomRGDVSRQWHLUDVHDFRUUHWDVHOHomRGDHVFDODFRQHFWDPRV
DVH[WUHPLGDGHVOLYUHVGDVSRQWDVGHSURYDDRVSRQWRVGHPHGLomR$SRQWD
GHSURYDYHUPHOKDpFRQHFWDGDDRSRQWRGHPHGLGDSRVLWLYR  HDSUHWDDR
QHJDWLYR  &RPDFRQH[mRFRUUHWDGDVSRQWDVGHSURYDRSRQWHLURGRLQVWUX
PHQWRVHPRYHUiQRVHQWLGRKRUiULRSDUDQGRHPXPDSRVLomRGHILQLGD3DUD
UHDOL]DUDOHLWXUDFRUUHWDPHQWHRREVHUYDGRUGHYHVHSRVLFLRQDUIURQWDOPHQWH
DRSDLQHOGHHVFDODV
2YDORUGDWHQVmRPHGLGDpGHWHUPLQDGRSHODSRVLomRGRSRQWHLURHSHOD
SRVLomRGDFKDYHVHOHWRUD

FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. (Corrente


Continua e Magnetismo, v. 1).
PETRUZELLA, F. D. Eletrotécnica I. Porto Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne).
SADIKU, M. N. O.; MUSA, S.; ALEXANDER, C. K. Análise de circuitos elétricos com aplicações.
Porto Alegre: AMGH, 2014.

51
Leis de Kirchhoff e
a representação fasorial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Examinar a lei de Kirchhoff para a corrente em circuitos com fasores.


„ Expressar a lei de Kirchhoff para a tensão em circuitos com fasores.
„ Aplicar teoremas de circuitos com fasores.

Introdução
Apesar de os circuitos de corrente alternada possuírem variações de
tensão e corrente de forma constante, a partir de determinado momento,
o circuito abandona a resposta natural e passa a ter o comportamento
totalmente determinado pelo sinal forçado, situação em que se diz estar
em regime permanente.
Nesse tipo de circuito, devido à presença de elementos acumulado-
res de energia, como indutores e capacitores, as relações entre tensão
e corrente são determinadas por equações diferenciais. No entanto,
ao utilizar fasores, a impedância de cada elemento, representada de
maneira complexa, pode ser utilizada em uma equação algébrica passível
de soluções lineares novamente, como, por exemplo, utilizando as leis
de Kirchhoff.
Neste capítulo, você verá de que forma as duas leis de Kirchhoff,
para tensões e correntes, podem ser aplicadas em circuitos de corrente
alternada com o auxílio dos fasores. Além disso, vai conhecer quatro dos
principais teoremas de circuitos elétricos, muito utilizados em circuitos
de corrente contínua, mas que também podem ser aplicados em regime
permanente de corrente alternada: superposição, transformação de fon-
tes, Thévenin e Norton.

52
1 Lei de Kirchhoff para corrente usando fasores
Os fasores podem ser empregados nas análises de regime permanente, uma vez
que consideram a frequência (Ȧ) constante. São descartados, portanto, valores
iniciais e toda a resposta em regime transitório do circuito (ALEXANDER;
SADIKU, 2013).
Naturalmente, o fasor está associado à função cosseno, sendo mais conve-
niente converter toda e qualquer função utilizada para expressar as tensões,
correntes e demais variáveis também por meio da função cosseno antes de
convertê-las para fasores (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Utilizando fasores e o conceito de impedância, pode-se expressar a lei de
Ohm para qualquer elemento (Equação 1):

V=Z·I (1)

onde:

„ V: tensão elétrica complexa (fasor) [V].


„ Z:LPSHGkQFLDHOpWULFDFRPSOH[D>ȍ@
„ I: corrente elétrica complexa (fasor) [A].

Fasores são números complexos que expressam algumas características senoidais,


a saber: o valor de pico ou eficaz e a fase. A vantagem é que essa ferramenta matemática é
mais facilmente manipulável que as senoides em si e permite a análise rápida de circuitos
lineares. No entanto, os fasores não consideram valores de frequência, sendo utilizados
somente em situações em que todos os sinais envolvidos possuem a mesma. Além disso,
os fasores podem ser expressos nas formas polar, retangular e exponencial, cada qual com
suas vantagens em diferentes situações (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Neste capítulo, os fasores são identificados por variáveis em negrito, mas outras
notações também podem ser encontradas, como:

V = VƸ = Vሶ

Observe, ainda, que nem todo número complexo é um fasor, sendo esse um número
complexo específico e que, a rigor, deve ser o coeficiente de ejwt, motivo pelo qual
as impedâncias, apesar de expressas como números complexos, não são fasores
(NILSSON; RIEDEL, 2015).

53
Considerando os componentes elétricos passivos, pode-se expressar a
relação entre tensão e corrente a partir dos fasores, conforme as Equações 2,
3 e 4, para resistores, indutores e capacitores respectivamente.

(2)

(3)

(4)

onde:

„ RUHVLVWrQFLDHOpWULFD>ȍ@
„ L: indutância elétrica [H].
„ C: capacitância elétrica [F].

Percebe-se, pelas Equações 3 e 4, que a impedância de indutores e capaci-


tores depende da frequência, ao contrário dos elementos puramente resistivos.
A relação entre dois fasores, como nas Equações 2 a 4, resulta em um valor
constante, como o são os valores de resistência, indutância e capacitância.
Rapidamente, pode-se perceber, também, que a impedância de capacitores
e indutores nos limites 0 e infinito da frequência resulta em situações extre-
mas que podem ser análogas a circuitos em curto ou circuitos abertos, como
normalmente são analisados esses componentes em início e fim de carga
(ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Destaca-se, ainda, que, enquanto o resistor é invariável na frequência e
apresenta apenas uma impedância de valor real, os demais componentes têm
impedâncias puramente imaginárias, também conhecidas como reatâncias,
indutivas ou capacitivas.

54
Assim, qualquer que seja o circuito, pode-se representar um conjunto de
impedâncias por seu equivalente na forma de um número complexo, em que
o eixo real é composto das resistências e o imaginário das reatâncias, como
na Equação 5, em que já está demonstrada a relação entre as formas polares
e retangulares de representação fasorial.

Z = |Z| ‫ ס‬ș 5M; (5)

onde:

„ |Z|: módulo da impedância, determinado por:

„ ;UHDWkQFLDHOpWULFD>ȍ@

Independentemente dos sinais, componentes e da forma como esses estão


conectados, é certo que a quantidade de carga deve ser conservada em todos
os casos (ALEXANDER; SADIKU, 2013), de forma que a lei de Kirchhoff
para corrente (LKC), também conhecida como lei de Kirchhoff para os nós,
pode ser aplicada da mesma forma como em circuitos de corrente contínua.
A LKC determina que em qualquer nó (ponto que conecta dois ramos/
componentes de um circuito) a soma das correntes que entram nele deve ser
idêntica as correntes que saem. Vista de outra forma, se adotados sinais opos-
tos para as correntes que entram e saem de um nó, a LKC pode ser expressa
conforme a Equação 6:

(6)

onde:

„ N: quantidade total de correntes elétricas que entram ou saem do nó.


„ in: n-ésima corrente elétrica do nó [A].

55
Quando se associa a LKC à lei de Ohm, pode-se analisar circuitos elétricos
na forma em que se encontram originalmente, sem que seja necessário alterar
a sua estrutura (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Entretanto, quando utilizada a LKC com circuitos que utilizam indutores e
capacitores, em vez de apenas resistores, obtêm-se equações diferenciais que
podem complicar a resolução do problema. Ao utilizar a notação fasorial, é
possível obter uma equação algébrica simplificada para analisar o circuito no
regime permanente (HAYT JR.; KEMMERLY; DURBIN, 2014).
Formalmente, a LKC fasorial apenas altera a representação da corrente
no domínio do tempo (i(t)), pela representação no domínio da frequência,
utilizando letras maiúsculas e em negrito (Equação 7).

(7)

onde:

„ In: n-ésimo fasor de corrente elétrica do nó [A].

A identidade de Euler permite converter um sinal do tipo senoidal para um


fasor na forma exponencial, como se pode ver na Equação 8, da qual apenas
a componente real pode ser considerada para uma alimentação real. Por esse
motivo, sempre é mais fácil converter todos os sinais para a forma cossenoidal,
como o da Equação 9, sendo possível aplicar o processo das Equações 10 a
12 na conversão para fasores (HAYT JR.; KEMMERLY; DURBIN, 2014).

eM(ȦW“ș) = cos(ȦW“ș) + M sen(ȦW“ș) (8)

i(t) = Im cos(ȦW‫)׋‬ (9)

i(t) = Re{ImeM(ȦW‫})׋‬ (10)

I = ImeM‫׋‬ (11)

I = Im ‫׋ ס‬ (12)

56
Assim, o Exemplo 1, a seguir, demonstra a LKC, convertendo cada uma
das correntes em fasores para facilitar o cálculo.

Exemplo 1

O nó da Figura 1 possui duas correntes que saem dele e uma que entra nele.

Figura 1. Nó.

Todas possuem exatamente a mesma frequência (Ȧ), sendo possível utilizar


fasores para analisá-las em regime permanente.

i1(t) = 10 sen (5t) A

i2(t) = 20 cos (5t + 30°) A

i3(t) = 26,46 cos (5t + 49,1°) A

Aplicando as identidades trigonométricas, é possível converter a corrente


i1 para uma função cosseno:

i1(t) = 10 sen (5t) = 10 cos (5t – 90°) A

Então, todas as correntes são expressas no domínio da frequência:

I1 = 10e–M90° = 10 ‫– ס‬90° A

I2 = 20eM30° = 20 ‫ ס‬30° A

I3 = 26,46e–M49,1° = 26,46 ‫ ס‬49,1° A

57
A LKC determina que o somatório das correntes em um nó deve ser nulo;
logo:

–I1 + I2 – I3 = 0

No entanto, fasores são mais facilmente adicionados e subtraídos na forma


retangular, em vez da polar:

Im ‫ ס‬ș = Imcosș + M Im senș

I1 = 10 ‫– ס‬90° = 10 cos(–90°) + M 10sen(–90°)

I1 = –M10 A

I2 = 20 ‫ ס‬30° = 20 cos(30°) + M 20sen(30°)

I2 = 17,32 + M10 A

I3 = 5 ‫ ס‬45° = 26,46cos (49,1°) + M 26,46sen(49,1°)

I3 = 17,32 + M20 A

Aplicando a LKC às correntes retangulares:

–I1 + I2 – I3 = 0

–(–M10) + (17,32 + M10) – (17,32 + M20) = 0

M10 + 17,32 + M10 – 17,32 – M20 = 0

M0 + 0 = 0

O mesmo processo pode ser aplicado para se determinar valores desco-


nhecidos de corrente como para a corrente i4 do Exemplo 2.

58
Exemplo 2

Veja o nó da Figura 2.

Figura 2. Nó.

i1(t) = 2 cos(3t – 60°) A

i2(t) = 5 cos(3t + 30°) A

i3(t) = 4 cos(3t – 45°) A

Dessa vez, são duas correntes entrando e duas saindo do nó; logo:

–I1 + I2 + I3 – I4 = 0

Deve-se converter as correntes para o domínio da frequência:

I1 = 2e–M60° A = 2 ‫– ס‬60° A

I2 = 5eM30° A = 5 ‫ ס‬30° A

I3 = 4e ±M45° A = 4 ‫–ס‬45° A

I4 = ?

59
Na forma retangular:

I1 = 2 ‫– ס‬60° A = 2 cos(–60°) + M 2sen(–60°) A

I1 = 1 – M1,73 A

I2 = 5 ‫ ס‬30° A = 5 cos(30°) + M 5sen(30°) A

I2 = 4,33 + M2,5 A

I3 = 4 ‫– ס‬45° A = 4cos(–45°) + M 4sen(–45°) A

I3 = 2,83 – M2,83 A

Aplicando a LKC:

–I1 + I2 + I3 – I4 = 0

–(1 – M1,73) + (4,33 + M2,5) + (2,83 – M2,83) – I4 = 0

I4 = (1 – M1,73) – (4,33 + M2,5) – (2,83 – M2,83)

I4 = –6,16 – M1,4 A

Ao converter novamente para a forma polar, pode-se determinar o pico de


corrente e o seu ângulo de fase:

60
As equações diferenciais que determinam a relação corrente-tensão no
domínio do tempo e da frequência para cada um dos três componentes passivos
(resistores, indutores e capacitores) estão descritas no Quadro 1.

Quadro 1. Relação corrente-tensão para os três componentes passivos

Domínio do tempo Domínio da frequência


Elemento
v(t) v(t) = Vm cos ωt Vm ‫ ס‬θ V

Resistor

Indutor

Capacitor
iC(t) = ωCVm cos(ωt I=
+ 90°) jωCV

Fonte: Adaptado de Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014).

Percebe-se que o uso dos fasores facilita muito a aplicação do cálculo. Tanto
a notação com ângulo de defasagem explícito quanto a notação simplificada
(última coluna) podem ser utilizadas. Para a última, no entanto, deve-se recordar
que = –M, e que, ao multiplicar um termo por M, é aplicada uma rotação de 90°
anti-horária no plano complexo, e horária se M for negativo.

61
Utilizando a LKC e as equações do Quadro 1, pode-se descrever o circuito
da Figura 3 para determinar os níveis de tensão e corrente em cada nó e ramo
do circuito.

Figura 3. Circuito.

O Exemplo 3, a seguir, aplica a LKC para cada um do nós a fim de deter-


minar as correntes elétricas em cada um dos componentes passivos.

Exemplo 3

Determine as correntes I2, I3 e I4 no domínio da frequência do circuito da


Figura 3.
Primeiramente, é preciso determinar a impedância de cada componente, já que
será utilizada a lei de Ohm para calcular tensões e correntes ao longo do circuito.
A impedância do resistor corresponde exatamente à sua resistência elétrica;
já o capacitor e o indutor dependem da frequência angular e da capacitância/
indutância. Sabe-se, pela fonte de alimentação, que a frequência angular do
circuito é de Ȧ = 10; logo:

Aplica-se a LKC para o nó superior:

I1 – I2 – I3 – I4 ou I1 = I2 + I3 + I4

62
A corrente I1 é conhecida, e as demais são substituídas pela lei de Ohm
para reduzir a quantidade de variáveis:

As tensões em cada componente são desconhecidas. Mas, se assumido


o nó inferior como nó de referência e, portanto, de potencial elétrico nulo, é
fácil determinar a tensão relativa de cada componente pela diferença entre o
potencial na entrada da corrente e o potencial na saída dela:

2 ‫ ס‬0° = (V1 – 0) + M(V1 – 0) – M(V1 – 0)

2 ‫ ס‬0° = V1 + MV1 – MV1

2 ‫ ס‬0° V = V1

Percebe-se que não há qualquer atraso ou avanço da tensão em relação


à fonte de corrente, já que a reatância do capacitor e do indutor são iguais,
anulando o efeito uma da outra.

63
A lei de Kirchhoff parte do princípio de que a carga em um circuito fechado
deve ser preservada, ainda que existam diversos caminhos para a corrente
elétrica nesse circuito, de forma que as correntes que saem de um nó devem
ter a mesma intensidade do total de correntes que entraram nesse mesmo nó,
o que nos permite determinar o comportamento de cada componente no cir-
cuito. Na seção seguinte, você verá como outra técnica pode fazer o mesmo,
mas considerando as tensões dentro de uma malha em vez das correntes de nós.

2 Lei de Kirchhoff para tensões usando fasores


A lei de Kirchhoff para as tensões (LKT) determina que, em um laço, o
somatório de todas as tensões elétricas deve ser igual a zero. Assim, toda
a tensão fornecida deve ser utilizada pelos elementos dentro daquele laço,
conforme a Equação 13 para o domínio do tempo e a 14 para o domínio da
frequência utilizando fasores:

(13)

(14)

onde:

„ vn: tensão elétrica do n-ésimo elemento [V].


„ Vn: fasor da tensão elétrica do n-ésimo elemento [V].

O circuito da Figura 4 possui apenas uma malha, em que três componentes


dividem a tensão da fonte de tensão alternada V1.

64
Figura 4. Circuito.

Como se sabe, a corrente elétrica para todos os elementos em série deve ser
a mesma, no entanto, a tensão será dividida proporcionalmente às impedâncias
ao longo da malha. O Exemplo 4 demonstra de que forma é possível obter a
corrente elétrica do circuito da Figura 4 utilizando a LKT.

Exemplo 4

Determine o fasor corrente elétrica do circuito da Figura 4.


A impedância de todos os componentes já é conhecida, basta, portanto,
aplicar a LKT. A polaridade de cada queda de tensão é arbitrária, mas, por
convenção, adota-se uma corrente fictícia em sentido horário, de forma que a
tensão é sempre maior na “entrada” e menor na “saída” dessa corrente sobre
cada componente.

V1 – VR1 – VL1 – VC1 = 0 ou V1 = VR1 + VL1 + VC1

Para reduzir a quantidade de variáveis, utiliza-se a lei de Ohm:

65
Para determinar a corrente (I), deve-se converter o denominador (1 – M2)
para a forma polar:

Ao contrário do Exemplo 3, quando foi utilizada a LKC no circuito da


Figura 1, existe um atraso de corrente em relação à tensão, já que a reatância
dos elementos é diferente.
A LKT pode, ainda, ser aplicada na existência de duas ou mais malhas.
É o caso do circuito da Figura 5.

Figura 5. Circuito.

Nesse caso, além das duas malhas, há ainda uma fonte de tensão adiantada.
É importante lembrar, aqui, que, para os fasores, as informações de frequência
e tempo são descartadas, mas a fase é de fundamental importância, assim
como a amplitude. A determinação das correntes em cada ramo é feita no
Exemplo 5, a seguir.

66
Exemplo 5

Determine a queda de tensão sobre cada componente do circuito da Figura 5.


Primeiramente, é preciso determinar a impedância do indutor L1 e do
capacitor C1, sabendo-se que a frequência angular corresponde a Ȧ = 5:

;C1 = –MȦ&1 = –M5 · 0,4 = –Mȍ

; L1 = MȦ/1 = M5 · 0,2 = Mȍ

Pode-se, agora, aplicar a LKT para as duas malhas. A primeira malha tem
como equação:

V1 – VR1 – VL1 = 0 ou V1 = VR1 + VL1

A segunda malha tem como equação:

–VL1 – VC1 = 0

Para reduzir a quantidade de variáveis, utiliza-se a lei de Ohm na primeira


malha:

67
O mesmo procedimento é feito com a segunda malha:

–M(I2 – I1) – (–M2)I2 = 0

–MI2 + MI1 + M2I2 = 0

MI1 + MI2 = 0

MI1 = –MI2

I1 = –I2

Podemos, então, substituir a corrente I1 na equação da primeira malha:

68
Portanto:

I1 = –I2

I1 = –(–0,5 + M)

I1 = 0,5 – j A = 1,12 ‫ ס‬63,43° A

As quedas de tensão são:

69
Como era de se esperar, a tensão sobre os dois elementos em paralelo,
capacitor e indutor, é a mesma, ainda que as impedâncias e, portanto, também
as correntes, sejam diferentes.
Ao comparar a LKT e a LKC, deduzimos as máximas de que: as tensões se
dividem entre os componentes associados em série de forma a distribuir maior
tensão para as maiores impedâncias, mas se mantêm iguais para associações
em paralelo; já as correntes elétricas se dividem entre os diversos ramos que
compõem um nó, de forma a minimizar a impedância total, mas se mantêm
as mesmas para múltiplos componentes associados em série, já que a matéria
não possui um caminho alternativo.
Junto a essas duas leis e para facilitar ainda mais a análise de circuitos
elétricos, podemos utilizar diversos teoremas de circuitos, como superposição,
transformação de fontes, Thévenin e Norton, que serão tema da próxima seção.

3 Teoremas de circuitos usando fasores


Muitas vezes, os circuitos possuem mais que uma fonte de alimentação, sejam
elas de tensão ou corrente. Nesses casos, as Leis de Kirchhoff também podem
ser utilizadas para calcular tensões e correntes em determinados pontos do
circuito. Entretanto, pode-se reduzir a complexidade do cálculo utilizando o
teorema da superposição.

O teorema da superposição só é válido para sistemas lineares. Nesse caso, pode ser
aplicado para análise de circuitos em regime permanente apenas.

70
O circuito da Figura 6 possui duas fontes de corrente e um único indutor
comum aos dois.

Figura 6. Circuito.

O Exemplo 6, a seguir, demonstra como é possível solucionar esse circuito


pelo teorema da superposição.

Exemplo 6

Determine a tensão no indutor da Figura 6 utilizando o teorema da superposição.


As fontes de corrente no domínio da frequência são:

I1 = 2 ‫ ס‬0° A = 2 A

I3 = 1 ‫ ס‬30° A = 0,866 + M0,5 A

A impedância do indutor corresponde a:

; L1 = MȦ/1 = M · 2 · 0,05 = Mȍ

71
Se eliminada a fonte de corrente I3, pode-se aplicar a lei de Ohm para
determinar a tensão sobre o indutor:

Já quando é eliminada a fonte de corrente I1, a tensão sobre o indutor


seria de:

A tensão real sobre o indutor é resultado da soma entre as tensões calculadas


para o efeito de cada fonte de corrente:

Em outros casos, as fontes de tensão e corrente se misturam em um circuito,


dificultando o uso das leis de Kirchhoff. Nessa situação, pode-se recorrer à
transformação de fontes. O circuito da Figura 7 traz esse tipo de problema.

72
Figura 7. Circuito.

A transformação de fontes obedece à lei de Kirchhoff, em que a impedância


é mantida, mas uma fonte de corrente com uma impedância em paralelo é
substituída por uma fonte de tensão e a mesma impedância em série, e vice-
-versa. O Exemplo 7 altera a fonte de tensão do circuito da Figura 7 para uma
fonte de corrente equivalente.

Exemplo 7

Acompanhe, a seguir, a substituição de fontes de tensão por fontes de corrente.


A fonte de tensão no domínio da frequência pode ser expressa como:

V1 = 2 ‫– ס‬30° V

Já a impedância do capacitor é determinada pela frequência angular:

;C1 = –MȦ&1 = –M · 4 · 0,025 = –Mȍ

ou na forma polar:

;C1 = 0,1 ‫ס‬±ƒȍ

Pela lei de Ohm, a corrente deveria ser:

73
No domínio do tempo, tem-se:

I2 = 20 cos(4t + 60°) A

O circuito equivalente é o mesmo da Figura 8.

Figura 8. Circuito equivalente.

Por fim, é muito comum que os circuitos sejam projetados para cargas variáveis.
O problema é que, com a mudança de um único componente, todas as demais
variáveis do circuito são afetadas, como as tensões e correntes de outros elementos.
Visando facilitar a análise de circuitos nessas situações, são utilizados
os teoremas de Thévenin e Norton. Basicamente, a parte fixa do circuito é
substituída por uma única fonte de tensão e impedância equivalente em série
para o Thévenin. Se utilizado o teorema de Norton, deve-se aplicar uma fonte
de corrente equivalente com uma impedância em paralelo. A impedância
em ambos os casos é a mesma, e o procedimento de substituição é o mesmo
aplicado em circuitos de corrente contínua.
A Equação 15 mostra como é obtida a impedância equivalente e as tensões
de Thévenin e corrente de Norton.

(15)

onde:

„ ZTH e ZNUHVLVWrQFLDHTXLYDOHQWHGH7KpYHQLQ1RUWRQ>ȍ@
„ VTH: tensão elétrica da fonte do circuito equivalente de Thévenin [V].
„ VOC: tensão elétrica de circuito aberto [V].
„ IN: corrente elétrica da fonte do circuito equivalente de Norton [A].
„ ISC: corrente elétrica de curto circuito [A].

74
É importante destacar que a tensão de Thévenin corresponde à tensão de
circuito aberto no terminal da carga, enquanto a corrente de Norton é a mesma
da corrente de curto no terminal da carga.
O Exemplo 8, a seguir, transforma o circuito da Figura 3 em um circuito
com fonte de corrente Norton, considerando o capacitor C1 como uma carga
que pode ser alterada.

Exemplo 8

Veja, a seguir, a transformação de circuito utilizando o teorema de Norton.


As impedâncias são as mesmas já calculadas no Exemplo 3. Neste caso,
serão considerados apenas o resistor e o indutor, já que o capacitor é parte
do circuito de carga.

R1 ȍ

; L = Mȍ
1

A fonte de corrente expressa no domínio da frequência:

I1 = 2 ‫ ס‬0° A = 2 A

Quando os terminais do capacitor C1 estão abertos, o circuito é reduzido


e pode-se associar facilmente as impedâncias do resistor R1 e L1 em paralelo,
obtendo, com isso, a impedância equivalente do teorema de Norton:

75
A queda de tensão sobre a impedância equivalente será a mesma para cada
um dos elementos em paralelo, inclusive para a tensão de circuito aberto, que
utiliza os mesmos terminais de referência:

VTH = VOC = ZP · I1

VTH = VOC = 0,71 ‫ ס‬45° · 2 ‫ ס‬0°

VTH = VOC = 1,42 ‫ ס‬45° V

Quando o terminal do capacitor é colocado em curto, as impedâncias de R1


e L1 são ignoradas por existir um caminho mais fácil para a fonte de corrente.
Nesse caso, a corrente de curto é exatamente a mesma da fonte:

ISC = I2 = 2 ‫ ס‬0° A

A partir desses valores, qualquer um dos dois teoremas poderia ser aplicado,
criando um dos circuitos a seguir (Figura 9):

Figura 9. Circuitos equivalentes.

Juntos, esses quatro teoremas, associados às leis de Kirchhoff e à lei


de Ohm, que é o princípio de toda a nossa análise de circuitos, compõem
um poderoso conjunto de ferramentas para análise de circuitos. Não à toa,
mesmo ferramentas computacionais de simulação utilizam muitas dessas
técnicas em seu sistema, em especial a LKC, que é mais facilmente descrita
sistematicamente.

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Uso de energias limpas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Diferenciar as fontes de energia.


„ Avaliar as vantagens do uso de energias limpas.
„ Aplicar as energias limpas em projetos sustentáveis.

Introdução
A sustentabilidade é uma questão que envolve inúmeros fatores que têm
como objetivo a redução de impactos e a preservação ambiental. Muitas
são as formas de praticar a sustentabilidade com o intuito de promover
uma sociedade mais justa e com respeito ao meio ambiente. Uma dessas
formas é por meio da geração e do consumo de energias limpas.
Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre as energias
limpas e os fatores envolvidos na questão energética. Além disso, vai
aprender as diferenças entre as fontes de energia com base na renovação
ou não de seus recursos. Você também vai conhecer algumas energias
limpas e entender suas vantagens e algumas questões sobre o tema. Por
fim, você vai compreender como as energias limpas podem e devem ser
aplicadas em projetos de edificações sustentáveis.

Fontes de energia
A energia elétrica é a forma de energia mais usual e difundida em todo o
mundo: pode ser gerada por meio de fontes e métodos variados de produção
de energia. No entanto, mesmo antes da invenção da eletricidade, as civili-
zações já utilizavam outras fontes de energia, como na pré-história, quando
a humanidade aprendeu a manipular o fogo, que passou a ser utilizado na
iluminação e no aquecimento de suas moradias.

105
A eletricidade é utilizada como fonte energética para a iluminação, para o
funcionamento de equipamentos e também para o aquecimento e resfriamento
de ambientes. Sua criação possibilitou o avanço de novas tecnologias, como
a da iluminação artificial e a do condicionamento de ar, que modificaram os
hábitos culturais e, consequentemente, os projetos das edificações (Figura
1). Com isso, o conforto ambiental das edificações passou a ser transferido
para essas novas tecnologias, o que gerou também o aumento considerável
do consumo energético, causando impactos no meio ambiente (KELLER;
VAIDYA, 2018).

Figura 1. Os principais acontecimentos da iluminação artificial e do condicionamento de ar.


Fonte: Keller e Vaidya (2018, p. 108).

O alto consumo energético pode gerar impactos ambientais das mais va-
riadas formas. Por isso, uma das práticas sustentáveis utilizadas nos projetos
de edificações é a busca por alternativas de redução do consumo energético.
Além disso, a energia pode ser gerada por meio de fontes diversas, e cada
uma delas pode produzir impactos ambientais distintos. Nesse sentido, além
da redução do consumo energético, a sustentabilidade está relacionada com
a forma de produção de energia e a fonte escolhida.

106
Existem dois tipos de fontes possíveis para a geração da energia a ser
consumida em uma edificação: as fontes estão caracterizadas pela utilização,
ou não, de recursos passíveis de renovação e, por isso, são denominadas fontes
renováveis e fontes não renováveis. A seguir, serão analisados, definidos e
exemplificados esses dois tipos de fontes de energia.

As fontes renováveis
A fontes renováveis são as formas de produção de energia que utilizam recursos
renováveis, ou seja, “que se regeneram ou se mantêm ativas permanentemente
e que, mesmo que o homem as utilize, não se esgotam” (MÄHLMANN et al.,
2018, p. 140). O não esgotamento dos recursos das fontes renováveis faz com
que elas sejam mais indicadas para o processo de geração de energia. Nesse
sentido, é mais indicado o uso de recursos que se renovam.
A inesgotabilidade dos recursos não é fator de garantia da sustentabilidade
e da não geração de impacto ambiental causado pela fonte. A avaliação da
sustentabilidade de uma fonte de energia deve levar em consideração, também,
os custos e os efeitos ambientais causados pelo seu processo de produção.
A energia hídrica ou hidrelétrica é um exemplo de como a análise de uma
fonte de energia deve ser feita de forma mais complexa e levando em considera-
ção todo o ciclo de produção energética. Esse tipo de fonte utiliza o movimento
da água de rios na geração de energia. Apesar de ser uma geração de energia
não poluente, outras questões ambientais devem ser analisadas sobre a fonte
hidrelétrica. Uma delas é a intervenção em um curso hídrico para a instalação
de uma usina que envolve uma grande obra de engenharia (Figura 2). Além
disso, a usina hidrelétrica produz uma área de inundação e represamento de
água, afetando a região da instalação (MÄHLMANN et al., 2018).

Leitores do material impresso, para visualizar as figuras deste


capítulo em cores, acessem o link ou o código QR a seguir.

https://qrgo.page.link/g1kbz

107
Figura 2. Usina Hidrelétrica de Itaipu, na fronteira entre o Brasil e
o Paraguai.
Fonte: Mykola Gomeniuk/Shutterstock.com.

O Brasil, por ser um país com muitos recursos hídricos, utiliza em larga escala a energia
hidrelétrica. É o caso da Usina de Itaipu, construída entre as décadas de 1970 e 1980.
No link a seguir, você pode conferir um documentário que conta um pouco da história
da construção da maior obra de engenharia do Brasil e dos seus impactos ambientais
e sociais.

https://qrgo.page.link/6ADb8

Além da água do rio, outros recursos renováveis podem ser utilizados


como fonte de energia. É o caso dos ventos, que geram energia eólica
através de turbinas, e do calor do sol, que produz energia solar através de
placas fotovoltaicas. A queima de matéria orgânica, ou seja, de biomassa,
também é uma fonte geradora de energia. A partir da biomassa, também
se pode produzir o biogás. Essas formas de energia ainda não são predo-
minantes do mundo, mas estão ganhando espaço devido aos seus impactos
ambientais reduzidos.

108
As fontes não renováveis
Fontes não renováveis estão relacionadas com a geração de energia por meio
de recursos que não se renovam e, por isso, estão passíveis de esgotamento
conforme o uso e a exploração contínua (MÄHLMANN et al., 2018). Esses
recursos são os denominados combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão
e o gás natural, e ainda o minério urano e seu núcleo radioativo.
Os recursos não renováveis estão relacionados com a produção da energia
termoelétrica, ou seja, com a geração de energia produzida pelo calor e pela
combustão do recurso. No caso do urânio, a geração de energia é desenvolvida
em usinas termonucleares, o que envolve o aquecimento de um núcleo reator
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008).
Além da preocupação com a não renovação e o esgotamento dos recursos,
o uso desse tipo de fonte de energia também é preocupante, pois gera outros
impactos negativos no meio ambiente. Uma das questões é que, para serem
usados como fonte energética, os recursos precisam ser extraídos da natureza.
É o caso do carvão e do urânio, extraídos pela mineração, que causam grandes
impactos ambientais (Figura 3). Além disso, o carvão, quando extraído, libera
e dispersa micropartículas nocivas para a saúde.

Figura 3. (a) Minas de extração de carvão e (b) urânio.


Fonte: JVrublevskaya/Shutterstock.com; John Carnemolla/Shutterstock.com.

Além dos impactos da extração, os recursos não renováveis necessitam de


transporte para as respectivas usinas, o que gera impactos ambientais relativos
ao transporte e ao beneficiamento do recurso bruto nos componentes a serem
utilizados.

109
No entanto, os impactos não param por aí. A queima e o consumo dos
combustíveis fósseis liberam gases responsáveis por efeito estufa e pela po-
luição do ar (MÄHLMANN et al., 2018). Da mesma forma, a radioatividade
do urânio utilizada pelas usinas nucleares é controlada, mas, em casos de
acidentes, provoca impactos sociais e ambientais gravíssimos.

O maior acidente nuclear já registrado ocorreu em 1986, na Rússia. Uma explosão


na usina de Chernobyl provocou um grande desastre radioativo que causou efeitos
drásticos — alguns deles ainda perduram. Conheça a história completa do desastre
de Chernobyl e dos seus efeitos acessando o link a seguir.

https://qrgo.page.link/tTRJu

Energias limpas
A possibilidade de esgotamento dos recursos não renováveis e dos impactos
ambientais do uso dessas fontes são fatores preocupantes, e a dependência
de toda a humanidade por essas fontes de energia não parece ser uma forma
de vida inteligente. No entanto, é exatamente assim que vivemos atualmente:
consumimos em larga escala os combustíveis fósseis, e não apenas para a
geração de energia elétrica, mas como energia para transporte, nas indústrias,
na pavimentação de estradas, nos produtos químicos, nas calefações (AYRES;
AYRES, 2012).
O gráfico da Figura 4 mostra as fontes mais utilizadas no mundo para
geração de energia elétrica nos anos de 1973 e 2006. Como podemos perceber,
as principais fontes utilizadas são provenientes de recursos não renováveis e
combustíveis fósseis altamente poluentes. A única fonte renovável com algum
destaque de produção é a hidrelétrica, que, como pudemos acompanhar no
item anterior, apesar de pouco poluente, causa alagamentos, gerando impactos
ambientais.

110
Figura 4. Percentual das principais fontes de energia elétrica geradas no mundo nos anos
de 1973 e 2006.
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2008, p. 52).

Apesar de os recursos não renováveis predominarem no quadro da pro-


dução de energia mundial, sabemos que seu esgotamento necessitará de uma
mudança de comportamento e do investimento em novas fontes de energia.
É necessário priorizar a produção e o consumo de energias limpas, ou seja,
energias oriundas de fontes renováveis e que geram baixo impacto ambiental.
Uma opção de energia limpa que tem ganhado espaço no mercado de produção
energética é a energia solar (Figura 5), que se desenvolve por meio de painéis
fotovoltaicos, que são de fácil integração com as edificações e as cidades e não
emitem gás CO2. A energia solar apresenta a vantagem de poder ser instalada
na própria edificação, com fornecimento e consumo de energia no mesmo
local, evitando desperdícios decorrentes de transmissão (ROAF; CRICHTON;
NICOL, 2009). Além da geração de eletricidade, a energia solar também pode
ser utilizada no aquecimento de água no sistema de calefação de ambientes.
Apesar da boa eficiência na produção de uma energia limpa, algumas
considerações necessitam ser feitas sobre o sistema de placas fotovoltaicas.
Uma delas é que a energia solar é uma ótima solução para a geração de
energia de uma edificação, porém, para suprir um consumo energético alto
e com aparelhos de alta potência, o sistema pode ser inviável ou muito caro
(ROAF; CRICHTON; NICOL, 2009). Além disso, ela necessita de condições
de temperatura e irradiação específicas para seu melhor funcionamento e, por
isso, pode ter a produção reduzida em determinadas regiões ou épocas do ano.

111
Além do sol, os ventos também são recursos renováveis que permitem a
produção de energia considerada limpa. Assim como a energia solar, a energia
eólica (Figura 5) também vem sido difundida em todo o mundo. Ela pode ser
gerada em usinas eólicas ou até mesmo de forma doméstica e relacionada com
uma edificação. Por mais que seja uma boa opção em relação aos combustíveis
fósseis, a energia eólica não é capaz de ser a única alternativa de substituição
desses recursos, pois depende dos ventos que não predominam em todas as
regiões (ROAF; CRICHTON; NICOL, 2009). No entanto, o Brasil tem um
bom potencial eólico, principalmente em sua costa litorânea.

Figura 5. Turbinas de geração de energia eólica e placas de captação


de energia solar.
Fonte: hrui/Shutterstock.com.

As energias eólica e solar são fontes de energia limpa que estão muito
relacionadas com as condições climáticas e, por isso, não se adaptam a qual-
quer região do planeta. Isso não significa que essas regiões estão fadadas aos
recursos não renováveis.

112
A biomassa é uma possibilidade de geração de energia que não depende de
fatores do clima e é entendida como “Qualquer matéria orgânica que possa ser
transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica é classificada como
biomassa. De acordo com a sua origem, pode ser: florestal (madeira, principal-
mente), agrícola (soja, arroz e cana-de-açúcar, entre outras) e rejeitos urbanos
e industriais (sólidos ou líquidos, como o lixo)” (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA , 2008, p. 67).
Por produzir energia a partir de compostos orgânicos e até mesmo buscando
o reuso de rejeitos, a biomassa é um tipo de fonte de energia com grande po-
tencial de expansão. Seu recurso é amplamente disponível e, caso as matérias
orgânicas sejam insuficientes, podem ser plantadas para determinado fim.
Embora a energia da biomassa seja produzida através da queima, a liberação
de dióxido de carbono produzida nesse processo é inferior à liberada pela
decomposição natural dos compostos orgânicos queimados. Por isso, ela
é considerada uma forma de energia virtualmente neutra e limpa (ROAF;
CRICHTON; NICOL, 2009).

Energia limpa e arquitetura sustentável


$VXVWHQWDELOLGDGHGHXPDHGL¿FDomRGHYHVHUSHQVDGDQmRDSHQDVQDVIDVHV
de concepção e construção, mas também durante toda a sua vida útil e por
meio do seu uso. Por isso, as energias limpas podem estar presentes das mais
variadas formas em um projeto sustentável.
Uma forma muito direta e prática de pensar a aplicação de energias limpas
em projetos sustentáveis é a substituição da energia convencional por energia
solar ou eólica. Esse tipo de prática é relativamente simples de ser executada
e pode ser feita em edificações já construídas. As energias eólica e solar
podem ser domiciliares, permitindo que a mudança de atitude seja individual
e particular, não precisando depender das grandes entidades públicas e corpo-
rações. Outra vantagem é que a produção excedente de energia não significa
desperdício, mas, sim, crédito, visto que pode ser distribuída para a rede da
cidade (Figura 6) (MÄHLMANN et al., 2018).

113
Figura 6. Os painéis solares (1) produzem a energia fotovoltaica, que
é transformada em energia elétrica (2) e distribuída na edificação (3)
para ser utilizada em equipamentos e iluminação (4). A energia exce-
dente é enviada para a rede de distribuição e pode gerar créditos (5).
Fonte: Mählmann e colaboradores (2018, p. 39).

As placas de geração de energia solar podem ser desenvolvidas e instala-


das de maneiras diversas. Elas podem ser sobrepostas às lajes e coberturas
(Figura 7) ou, ainda, ser a própria cobertura da edificação. Além disso, as
placas fotovoltaicas podem ser incorporadas à pele das edificações, sendo o
próprio revestimento ou algum elemento de proteção da fachada, como brises
(ROAF; CRICHTON; NICOL, 2009).

Figura 7. Edificação com painéis fotovoltaicos sobre telhado e


turbinas eólicas.
Fonte: Diyana Dimitrova/Shutterstock.com.

114
A energia solar, além de poder ser convertida em energia elétrica, também
pode ter outras finalidades na geração de energia limpa de uma edificação. O
calor do sol é uma boa fonte para implementação de um sistema de aquecimento
de água e para a calefação dos ambientes da edificação (Figura 8). Assim como
os painéis fotovoltaicos, o sistema de aquecimento de água possui coletores de
calor que ficam expostos ao sol e que circulam a água a ser aquecida (ROAF;
FUENTES; THOMAS-REES, 2014). A água quente pode ser direcionada para
um reservatório ou direcionada para o ponto de uso. Essa água quente pode
ser utilizada no aquecimento de pisos e ambientes.

Figura 8. Sistema de aquecimento de água com energia solar.


Fonte: Costazzurra/Shutterstock.com.

O uso de energias limpas em projetos sustentáveis pode transcender a escala


da edificação e alcançar a escala urbana. Para isso, não bastam iniciativas
individuais e particulares: é necessária uma mudança sistêmica nas políticas
públicas e nos incentivos da sustentabilidade em larga escala. Alguns países
desenvolvidos já estão buscando alternativas mais sistêmicas para a redução
dos combustíveis fósseis e uso de energias limpas. É o caso do Reino Unido,
que se comprometeu e estabeleceu metas para a transformação de 20% da
energia do país oriunda de fontes renováveis (ROAF; CRICHTON; NICOL,
2009). Os números parecem poucos, mas a mudança já é relevante e inicia
pela base da geração energética, ou seja, pela mudança política.

115
A mudança de todo o sistema energético de um país é um acontecimento que deverá
ocorrer a longo prazo. No entanto, as energias limpas podem ser aplicadas em projetos
urbanos por meio de passos menores e mais pontuais. A busca por um transporte
público eficiente e de qualidade reduz o uso de veículos particulares e a emissão de
gases poluentes. O próprio transporte público pode priorizar o consumo de energia
oriunda de fontes renováveis e que dispensam o combustível fóssil. A energia limpa
também pode ser adotada para o consumo de elementos e equipamentos públicos,
como iluminação, bombas, semáforos. O projeto do espaço público também pode ser
um fator positivo para a sustentabilidade, incentivando o contato entre as pessoas, o
uso das calçadas, da caminhada e da bicicleta (KELLER; VAIDYA, 2018).

Fonte: canadastock/Shutterstock.com; Fahkamram/Shutterstock.com; Gyuszko-Photo/Shutterstock.com.

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas da energia elétrica do Brasil. Brasília:


ANEEL, 2008.
AYRES, R. U.; AYRES, E. H. Cruzando a fronteira da energia: dos combustíveis fósseis para
um futuro de energia limpa. Porto Alegre: Bookman, 2012.
KEELER, M.; VAIDYA, P. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. Porto Alegre:
Bookman, 2018.
MÄHLMANN, F. G. et al. Conforto ambiental. Porto Alegre: Sagah, 2018.
ROAF, S.; CRICHTON, D.; NICOL, F. A adaptação de edificações e cidades às mudanças
climáticas: um guia de sobrevivência para o século XXI. Porto Alegre: Bookman, 2009.
ROAF, S.; FUENTES, M.; THOMAS-REES, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável.
4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.

116
Recursos naturais
renováveis e não renováveis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar o conceito e a diferença entre recursos naturais renováveis


e recursos naturais não renováveis.
„ Caracterizar os recursos naturais renováveis.
„ Relacionar os desafios no gerenciamento dos recursos naturais não
renováveis.

Introdução
Recursos naturais são essenciais para a vida humana, pois abrangem
todos os elementos naturais que utilizamos, tanto de forma direta quanto
indireta: a água, o solo, os minerais, os combustíveis fósseis, a madeira, os
recursos que utilizamos para manufaturar e produzir produtos diversos,
entre outros, são exemplos de recursos naturais. Esses podem ser classi-
ficados de acordo com sua disponibilidade, isto é, se são esgotáveis ou
não (em recursos naturais não renováveis e renováveis, respectivamente).
A correta gestão dos recursos naturais é essencial para a perpetuação
dos seres humanos em nosso planeta, principalmente considerando os
recursos não renováveis.
Nesse capítulo, aprofundaremos os aprendizados sobre recursos
naturais renováveis e não renováveis e discutiremos os fundamentos da
gestão correta desses recursos essenciais para a perpetuação da nossa
espécie no planeta.

117
Conceito e diferença entre recursos naturais
renováveis e não renováveis
Recursos naturais são aqueles disponíveis na natureza para nosso consumo,
considerando nossas necessidades. São todos os elementos da natureza que
trazem benefícios para o necessário à nossa sobrevivência e o nosso conforto.
Nesse contexto, podemos citar a água, o solo, a luz solar e os vegetais. Esses
recursos são extraídos da natureza de forma direta ou indireta e, em muitos
casos, de forma inadequada.
Dividimos os recursos em dois grupos: recursos naturais renováveis e
recursos naturais não renováveis. Recursos renováveis são aqueles natural-
mente repostos após o consumo. Já os recursos não renováveis são aqueles
que não se renovam ou que levam uma quantidade maior de tempo para se
renovar, possuindo assim vida limitada; ou seja, esgotam-se. O resultado direto
é o esgotamento dos recursos naturais não renováveis. Mas preste atenção:
mesmo os recursos renováveis possuem limites e restrições quanto ao uso,
podendo chegar a uma condição de esgotamento irreversível se utilizados de
forma inadequada. Os recursos naturais renováveis, se bem gerenciados, não
se esgotam. Um bom exemplo disso é a utilização e o estado de nossas águas
(Figura 1a), recurso renovável de suma importância. Os seres humanos devem
ter cuidado ao retirar e consumir recursos naturais, para que a disponibilidade
natural dos mesmos não seja comprometida. Cabe lembrar que os recursos
naturais dependem muito de nossas ações preventivas (relacionadas ao uso, à
boa gestão e ao planejamento) e de ações protetivas (relacionadas a situações
de emergência).

(a) (b)

Figura 1. (a) Exemplo de recurso natural renovável: a água. (b) Recurso natural não renovável:
mineração de carvão.
Fonte: Singkham e kemdim/Shutterstock.com.

118
Os recursos naturais renováveis e não renováveis podem ser ainda classificados con-
forme a sua origem. Recursos não renováveis podem ser energéticos, como no caso
dos combustíveis fósseis, ou mesmo do urânio; e minerais, como o ferro, o cobre, o
alumínio, o ouro, o calcário, o fosfato, entre outros. Recursos naturais não renováveis
podem ser energéticos, como no caso da energia solar, da eólica, da geotérmica, entre
outras; e minerais, como a água, ou mesmo recursos de origem biológica, contando
com bens como a madeira e os alimentos em geral.

Os recursos naturais não renováveis, portanto, são aqueles que não se


renovam ou que levam muito tempo para serem renovados. Como exemplo
desses recursos, temos o petróleo, que é oriundo dos resíduos de plantas e
animais soterrados a milhares de anos; ou seja, é um recurso que não se re-
nova rapidamente na natureza, pois seu processo não pode ser substituído ou
mesmo reproduzido pelos seres humanos. Dessa forma, quando esgotarmos
nossas reservas de petróleo, esse recurso natural ficará indisponível para nosso
consumo. O gás natural e o carvão (Figura 1b) são outros exemplos de recurso
não renovável de origem na decomposição de plantas e animais dispostos no
subsolo. Em relação aos combustíveis fósseis, é importante ressaltar que sua
extração e utilização são responsáveis pelo aumento das temperaturas globais,
e, portanto, sua manipulação pode causar (de fato, causa) inúmeros processos
de poluição, tanto no solo, quanto na água, ou mesmo na atmosfera, o que se
relaciona diretamente ao aquecimento global.
Quanto aos recursos renováveis, podemos citar alguns exemplos que não
se esgotam, mesmo em longo prazo: são recursos contínuos, como a energia
solar e a eólica, que podem ser armazenadas com o auxílio de equipamentos
especiais. A flora e a fauna também são recursos naturais, e por se reprodu-
zirem e ficarem novamente disponíveis, são consideradas recursos naturais
renováveis.

119
O Brasil é um país rico em elementos naturais, sendo que os recursos na-
turais são a fonte da maior parte de nossa economia. Um dos maiores recursos
naturais do Brasil são as florestas, especialmente a floresta amazônica, valiosa
em elementos naturais, como a água, que precisam ser protegidos e conser-
vados. Por outro lado, em alguns lugares do Brasil já se vivencia a escassez
de água e de energia elétrica, devido ao descaso dos próprios seres humanos
com os seus bens naturais, problemas causados principalmente pela poluição.
Com a poluição, os recursos ficam comprometidos, tendo como consequência
a baixa qualidade de vida. A questão é que, o consumo de recursos naturais
renováveis precisa ser igual ou menor à reposição dos mesmos na natureza.
Se ultrapassarmos esse nível natural de recomposição, comprometeremos a
qualidade de vida em nosso planeta. Esse cuidado exige boa gestão e cons-
cientização sobre o uso desses bens naturais, para que, em longo prazo, não se
tornem recursos indisponíveis para o ser humano. É preciso ter mais cuidado
com os recursos não renováveis; no entanto, cabe salientar que os recursos
renováveis precisam, da mesma forma, de uma boa gestão de uso, pois podem
ser comprometidos, especialmente em sua qualidade ou em casos em que o
uso estiver acima dos níveis naturais de reposição.
Dessa forma, conforme já mencionado, os recursos estão disponíveis
na natureza, em diferentes origens e formas. Alguns são mais abundantes,
enquanto outros, nem tanto; logo, uns possuem mais limitações de uso que
outros. Mesmo aqueles aparentemente mais abundantes podem ser compro-
metidos, pois o mau uso pode diminuir a qualidade e a quantidade disponível,
reduzindo ou limitando o uso. Cabe aos seres humanos desenvolver formas
de informar e conscientizar a população sobre questões relacionadas aos
recursos naturais e também ao entendimento das consequências, tendo como
foco o comprometimento global para a conservação dos recursos naturais. A
preservação e conservação dos recursos naturais tanto renováveis quanto não
renováveis é responsabilidade de todos, devendo-se abordar tais questões com
todos os níveis de ensino, diferentes classes sociais e em todas as comunidades.
É sempre importante ressaltar que dependemos de recursos naturais para
nossa sobrevivência e melhor qualidade de vida; da mesma forma, é preciso
garantir tais condições para as futuras gerações.

120
Caracterização dos recursos naturais
renováveis
Dentre os recursos naturais renováveis mais importantes para nossa susten-
tabilidade e nossa sobrevivência, destacamos os seguintes:

Água
Apenas 3% do total da água do mundo é utilizável, o restante corresponde à
água congelada ou salgada. É uma substância extremamente importante para
a manutenção da vida em nosso planeta, fazendo parte do corpo de todos
os organismos vivos, transportando substâncias, garantindo a realização de
diversas reações químicas, além de ser um solvente universal, em virtude de
sua capacidade de dissolver outros compostos químicos.
Por muito tempo se considerou a água um recurso infinito, sem possi-
bilidade de esgotamento. Hoje em dia, é possível perceber que o mau uso
e a alta demanda de consumo (em razão da superpopulação) trazem sérios
comprometimentos para sua qualidade e, consequentemente, disponibilização
em condições mínimas necessárias.
É preciso repensar a água como um recurso finito, no entanto, essencial
para a manutenção da vida na Terra. Sem ela, os demais recursos seriam
comprometidos, não havendo possibilidade de vida se a água estiver em más
condições.
A água é fonte geradora de energia elétrica, através de hidroelétricas
(Figura 2a). Essa energia é gerada pelo aproveitamento de energia potencial
gravitacional da água. Para isso, a água deve estar represada em altura bastante
elevada, pois a potência gerada é proporcional à altura da queda de água e à
sua vazão.

121
(a) (b)
CAMADAS DE FORMAÇÃO DO SOLO

Matéria orgânica solta


e parcialmente deteriorada
Matéria mineral com húmus
Camada orgânica
Partículas minerais coloridas,
Solo zona de eluviação e lixiviação
Acumulação de argila
Subsolo vinda de cima

Material original
Material original parcialmente alterado
Material original
Base rochosa não alterado
(c)

Figura 2. (a) Hidroelétrica gerando energia. (b) Aerogeradores, que produzem energia
através do vento. (c) Composição das camadas de formação do solo.
Fonte: pitagchai, ThiagoSantos e Ellen Bronstayn/Shutterstock.com.

Duas grandes vantagens da energia gerada pela água são o custo, que
não sofre variação, e o fato de que não é necessário utilizar combustível para
sua geração; ou seja, é o que chamamos de energia limpa. Com relação às
desvantagens, o impacto maior é o social, pela necessidade de remoção das
pessoas dos locais que serão inundados. Outro problema negativo, não muito
comentado, é a alteração do corpo aquático, de lótico para lêntico; além disso,
a porção verde (vegetação) inundada acaba liberando muito gases tóxicos, que
comprometem ou colaboram com o efeito estufa.

122
Ar/Vento
Esse recurso natural é composto por diferentes gases, sendo o oxigênio um
deles. Assim como a água, é essencial para a manutenção da vida, já que
precisamos do oxigênio para respirar. O ser humano é responsável por grande
parte da poluição no ar, causada, por exemplo, por indústrias e queimadas.
Tais fatores prejudicam e comprometem demasiadamente a qualidade do ar
que respiramos, sendo, além disso, um dos principais motivos pelo aumento
de problemas respiratórios.
Outra fonte de produção de energia limpa, complementar à geração hídrica,
é a força dos ventos (Figura 2b). A utilização de tal fonte para a geração de
eletricidade se iniciou na década de 1970, devido à crise internacional do
petróleo. O Atlas do potencial eólico brasileiro, elaborado pelo Centro de
pesquisas de energia elétrica (CEPEL, 2017), constata um potencial bruto
de 143,5 GW, o que torna a energia eólica uma alternativa importante para
a diversificação da geração de eletricidade no país. Os maiores potenciais
identificados foram a região litoral do nordeste, o sul e o sudeste. O potencial
de energia anual para o nordeste é de cerca de 144,29 TWh/ano; para a região
sudeste, de 54,93 TWh/ano; e, para a região sul, de 41,11 TWh/ano.

Onda
A onda do mar é formada de acordo com o vento, sendo o tamanho da onda
variável, de acordo com a velocidade do vento e sua permanência.
Atualmente, é possível gerar energia através do que pode ser descrito como
uma “cobra articulada” em linha reta, dentro do oceano. À medida que as ondas
percorrem o seu comprimento (uma tecnologia chamada de pelamis), esse
movimento aciona geradores de eletricidade; assim, a energia é posteriormente
recolhida por um cabo submarino e encaminhada para a terra.
A maior vantagem dessa fonte de energia é que se faz uso de uma energia
renovável, sem gerar qualquer tipo de poluição. Os pontos negativos que se
salientam são que tal processo não possui alto potencial de geração de energia
e, além disso, chega a atrapalhar navegações.

123
Solo
eDFDPDGDVXSHU¿FLDOGDFURVWDWHUUHVWUHFRQVWLWXtGRSRUSDUWtFXODVPLQHUDLV
matéria orgânica, água, ar e organismos vivos (Figura 2c). É onde vivemos,
a superfície em que pisamos. O solo proporciona o cultivo de outros recursos
necessários para a sobrevivência humana, como, por exemplo, os alimentos.
A formação do solo é um processo de milhões de anos, pois resulta da
fragmentação de rochas pelos processos de modificação, pelas ações do vento,
da chuva, da água, do calor e de microrganismos. Sendo assim, muitos autores
definem o solo como um recurso não renovável, e, de fato, muitos são os pro-
blemas de perda de solo ligadas principalmente às atividades de mineração ou
de agricultura. Por outro lado, os maiores problemas com o recurso solo são
oriundos de substâncias tóxicas, que acabam inutilizando uma determinada
área para atividade humana. Nesse sentido, não ocorre perda de solo, mas
este se torna inutilizável, assim como ocorre com o recurso da água, por isso
outros autores definem o solo como um recurso renovável. De qualquer forma,
o solo considerado bom, em perfeito estado de conservação, abriga muitas
espécies de animais e de plantas. Cabe lembrar que a fertilidade do solo é
resultado da decomposição de matéria orgânica, como folhas, galhos, troncos
e resíduos animais. Dessa forma, os solos podem ser tanto férteis quanto
inférteis, dependendo da disponibilidade de degradação. Outros fatores que
interferem na composição do solo são a rocha de origem e a disponibilidade
de matéria orgânica.

Seres vivos
Ao retomar o conceito de recursos naturais, referente a todos aqueles ele-
mentos disponibilizados pela natureza que podem ser utilizados pelos seres
humanos, destaca-se que os seres vivos também fazem parte desse conceito.
Há diferentes formas de aproveitar os recursos naturais disponíveis, sem que
as futuras gerações sejam comprometidas, tais como a prática da agricultura,
da caça e da pesca.
É importante identificar e conhecer profundamente os limites de uso dos re-
cursos, para que no futuro próximo não tenhamos problemas de disponibilidade.

124
No passado, os seres humanos mantinham uma relação
de equilíbrio com a natureza, porém, com o passar do
tempo, foram desenvolvidas técnicas que permitiram
maiores transformações, gerando danos tanto ao meio
ambiente quanto aos próprios seres humanos. A agricul-
tura se constituiu no período neolítico, formando as bases
estruturais para que se firmassem as primeiras civilizações.
Existem diferentes formas de usar os recursos naturais,
tais como: a prática da agricultura, a caça, a pesca, o extra-
tivismo mineral e vegetal, entre outras atividades socioeco-
nômicas. O importante é que haja um bom planejamento,
que não comprometa a qualidade e a disponibilidade de
consumo para as futuras gerações.

https://goo.gl/jeV6Xs

A Agenda 21 é um programa de planejamento para a


construção de uma sociedade mais sustentável, indepen-
dentemente da localização, que harmoniza os métodos
de proteção ambiental, de justiça social e de eficiência
econômica. Este é um dos programas executados pelo
ministério do meio ambiente, prevendo a conservação e
a preservação dos recursos naturais.

https://goo.gl/46q5Oo

125
Conhecendo os desafios no gerenciamento dos
recursos naturais não renováveis
8PGRVPDLRUHVGHVD¿RVQRJHUHQFLDPHQWRGRVUHFXUVRVQDWXUDLVQmRUHQRYi-
veis é conseguir praticar uma gestão sustentável, tendo a efetiva participação
dos diversos atores sociais em cada etapa do processo de tomada de decisão.
O conceito de desenvolvimento sustentável se disseminou pelo fato de
termos alcançado certo nível de consciência da sociedade sobre a importância
da preservação ambiental para a manutenção, não só da qualidade de vida,
mas da vida em si.
Dessa forma, pelos impactos ocasionados e, principalmente, pelas conse-
quências geradas, as questões ambientais passaram a receber maior atenção.
Apesar disso, é necessário que as discussões a respeito da sustentabilidade
e da gestão sustentável continuem ganhando espaço, visando sua compreen-
são por todos. Somente por esse alinhamento teremos um desenvolvimento
sustentável, através de um processo de mudança social compatível com as
necessidades sociais e a qualidade ambiental.
Uma boa gestão desenvolve alternativas limpas, tendo, assim, o desafio
de proporcionar energia limpa e barata, pois possibilita um desenvolvimento
não prejudicial ao meio ambiente. Essa não é uma tarefa fácil.
O crescimento populacional fez com que buscássemos alternativas para
melhor gerir nossos recursos, considerando que, mesmo os renováveis, podem
sofrer impactos pelo mau uso, comprometendo sua qualidade. As alternativas
chamadas “limpas” são eficientes, garantindo um futuro sustentável.
Apesar de termos evoluído consideravelmente em algumas áreas da so-
ciedade, o ser humano enfrenta dificuldades para solucionar os problemas
ocasionados pela superpopulação, ainda em crescimento rápido, o que com-
prometem a própria sobrevivência humana.
A superpopulação (Figura 3a) demanda mais recursos naturais, por isso
é preciso entender as causas: para que se possa encontrar alternativas de mi-
nimizar os impactos e, assim, perceber as possibilidades de resolução. Uma
das causas da superpopulação é a redução no índice de mortalidade, através
das campanhas de saúde e de vacinação. É compreensível a necessidade de se
controlar a taxa de natalidade, especialmente em países pobres; caso contrário,
haverá graves consequências relacionadas aos recursos naturais.

126
(a) (b)

Figura 3. (a) Cidade superpopulosa. (b) Uma das consequências do crescimento desor-
denado: enchentes.
Fonte: Pavel Vakhrushev e DIIMSA Researcher/Shutterstock.com.

O crescimento demográfico afeta a qualidade de vida das populações. A


relação é simples e óbvia, pois quanto maior o número de pessoas, maior é
a necessidade de utilização dos recursos naturais: necessidades sanitárias,
disponibilização de água para consumo, educação e habitação.
O crescimento traz alterações, inclusive nos hábitos das pessoas, como
migrações do campo para as cidades, fato bastante comum, pois o crescimento
dessas cidades é evidente.
Uma cidade desenvolvida é comumente relacionada a uma cidade po-
pulosa, no entanto, tal relação não é legítima. A cidade desenvolvida deve
ser associada a um bom planejamento e a uma boa gestão pública, para que
sejam garantidas ações voltadas à preservação do meio ambiente, atendendo
ao desenvolvimento econômico proposto.
Com a aceleração do crescimento populacional, a degradação do meio
ambiente cresce proporcionalmente, ocasionando danos muitas vezes irre-
versíveis, tais como enchentes (Figura 3b), terremotos, esgotamento do solo,
desertificação, entre outros.
Nosso desafio reside em encontrar uma gestão que concilie o desenvolvi-
mento da sociedade com a preservação, no meio ambiente, de recursos naturais.
Ações voltadas à gestão de resíduos, tratamento de efluentes, conservação
da qualidade do solo e de águas subterrâneas, assim como reutilização e
reciclagem, devem fazer parte de nossa rotina, buscando promover uma nova
consciência para a educação das gerações futuras.

127
A gestão sustentável garante a conservação dos recursos naturais, trazendo
indicadores que possibilitarão o desenvolvimento econômico, sem comprometer
a qualidade de vida futura, mantendo, pelo menos, as mesmas condições de
disponibilização dos recursos naturais.
Reforçamos que, se continuarmos gestando da mesma forma, não obte-
remos novos resultados: o desafio é encontrar novas formas de gestão, em
que todos participem efetivamente. Unindo forças, obteremos resultados de
forma mais rápida e eficiente. Nosso planeta não pode esperar, precisamos
agir agora, ontem e sempre.
Pensando em resultados, é necessário desenvolver ações para que a popu-
lação entenda e assuma a responsabilidade de fazer.
A relação do ser humano com a natureza, no decorrer do tempo, sofreu
alterações que trouxeram riscos ao meio ambiente. Os novos desafios consistem
em explorar a natureza de forma responsável e sustentável.
O desenvolvimento sustentável deve garantir a proteção do meio ambiente,
como parte integrante do processo de desenvolvimento, não podendo ser con-
siderado de forma isolada, mas sim integrada à vida humana. Dependemos de
um meio natural saudável e de qualidade. É preciso perceber a complexidade
ambiental, e essa relação direta entre qualidade e sobrevivência. Dessa forma,
parece ser possível afirmar que não pode existir desenvolvimento que não seja
sustentável — eis o nosso grande desafio.

Dados apresentados pela Organização das Nações Unidas (2006) mostram que 50%
da taxa de doenças e de mortalidade nos países em desenvolvimento ocorrem por
falta de água ou por sua contaminação. Nesses países, para cada 1.000 litros de água
utilizados, outros 10 mil são poluídos, e 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo não
têm acesso à água potável (LIRA; CÂNDIDO, 2013).

CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas do potencial eólico brasileiro:


simulações 2013. Rio de Janeiro: CEPEL, 2017.
LIRA, W. S.; CÂNDIDO, G. A. (Org.). Gestão sustentável dos recursos naturais: uma abor-
dagem participativa. Campina Grande: EDUEPB, 2013. Disponível em: <http://books.
scielo.org/id/bxj5n/pdf/lira-9788578792824.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2018.

128
Energia eólica, nuclear,
solar, geotérmica e hídrica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Diferenciar a geração de energia eólica, nuclear, solar, geotérmica e


hídrica.
„ Determinar os aspectos ambientais da geração energia eólica, hídrica,
nuclear, geotérmica e solar
„ Analisar o uso da produção de energias renováveis.

Introdução
A produção inicial de energia elétrica era fundamentada basicamente
em processos de queima de combustíveis fósseis e aproveitamento
de potencial hídrico. O cenário ambiental passou a apresentar as
consequências da exploração indiscriminada desse método de trans-
formação na forma de chuvas ácidas, problemas respiratórios na popu-
lação e aquecimento global. Com isso, a comunidade científica passou
a alertar a população, criando um senso de urgência na solução dessa
questão, que evidencia riscos para o macro e microambiente da terra e
nossa população.
Líderes governamentais se uniram aos esforços contra a poluição,
incentivando empresários e usuários a adotarem medidas de controle
de emissão de poluentes e legislando contra quem desconsiderar os
efeitos desses rejeitos. Para que você possa se tornar mais consciente,
esse capítulo vai apresentar as diferenças entre alguns tipos de geração
de energia, determinando e relacionando os conceitos de aspectos
ambientais relevantes, o que deve permitir uma compreensão do uso e
da aplicação da produção das energias renováveis envolvidas.
Neste capítulo, você vai estudar sobre fontes alternativas de geração
de energia elétrica, que vem ganhando importância, gradualmente,
e exigindo maior disponibilidade e confiabilidade dos sistemas de

129
produção. Assim, você conhecerá a diferença entre energia eólica,
nuclear, solar, geotérmica e hídrica, analisando os seus aspectos am-
bientais e o seu uso.

A geração de diferentes formas de energia


Ao que parece, existem muitas formas de geração de energia. Certamente,
você conseguiria enumerar várias! Mas quando avaliamos os processos de
perto, nem sempre o processo físico envolvido na geração da eletricidade é
diferente. Com este estudo, vamos observar mais de perto os processos de
obtenção de energia elétrica a partir das energias eólica, hídrica, nuclear,
geotérmica e solar
O físico Alessandro Volta (1745-1827), com base em experimentos, criou a
pilha de Volta, capaz de transformar energia química em energia elétrica. Em
seguida, o cientista Hans Christian Oersted (1777-1851), utilizando a energia
de uma pilha, identificou a relação entre a eletricidade e o magnetismo. Se-
guindo essa sequência de descobertas, Michael Faraday (1791-1867) unificou
as teorias, identificando a lógica de movimentação do estator e do rotor, peças
que ainda hoje compõem os motores elétricos.
Zenóbe Théophile Gramme (1826-1901) percebeu que, assim como o campo
poderia gerar uma força motriz, o contrário era também verdadeiro, criando o
então chamado dínamo de Gramme, que era um gerador de energia elétrica.
Foi então que Nikola Tesla (1856-1943) projetou e construiu o primeiro gerador
de eletricidade de corrente alternada. Os geradores são construídos com base
nas construções desses cientistas, sendo aplicados para a geração de energia
elétrica da maior parte das fontes disponíveis.

Geração de energia eólica


A produção de energia eólica se dá por meio da transformação da energia me-
cânica do vento em energia elétrica. A utilização da energia mecânica do vento
é conhecida pela humanidade há centenas de anos, passando por aplicações de
produção de alimentos (moinhos) (Figura 1) e navais (Figura 2). Os moinhos
de eixo horizontal passaram a ser utilizados na região do mediterrâneo e na
Europa entre os anos de 1300 e 1875 (FLEMING; PROBERT, 1984).
O vento é resultado das movimentações das massas de ar que compõem
nossa atmosfera. Esses movimentos, assim como as marés, apresentam algum
comportamento sazonal, estando fortemente relacionados com os ciclos de

130
órbita de translação e rotação. A variação de temperatura acaba por causar
o deslocamento de massas de ar, que podem ser aproveitadas para a movi-
mentação das pás de moinhos. A geração de energia elétrica por meio da
movimentação das massas de ar ocorre pelo acoplamento do eixo das turbinas
a geradores de eletricidade (Figura 3).

Geração de energia hídrica


A geração de energia por meio de hidrelétricas é fundamentada na transforma-
ção da energia potencial gravitacional (Figura 1) da água a partir da canalização
dessa energia por turbinas, geradores ou outros elementos de conversão. Para
TXHRÀX[RGDViJXDVDFRQWHoDHVHMDSRVVtYHOUHDOL]DUHVVHSURFHVVRGHYHVH
contar com os ciclos de evaporação e condensação das águas.

Figura 1. Energia potencial gravitacional.

Muitas vezes, aproveita-se o fluxo de córregos e rios para criação de PCH


(pequenas centrais hidrelétricas), onde existe pouco ou nenhum controle da
vazão de água, o que limita e também define a taxa de conversão da energia
potencial gravitacional da água em energia elétrica. Para contornar essa li-
mitação, foram desenvolvidas as hidrelétricas, que utilizam o alagamento de
grandes áreas para criação de reservatórios, a partir dos quais é possível ter
maior controle sobre o volume de água que passa pelas turbinas, facilitando
a gestão do sistema de distribuição.

131
A transformação da energia nas hidrelétricas ocorre, então, a partir do
mesmo princípio físico que a energia eólica. O processo é dependente do
gerador, que usa a variação do campo magnético impressa às pás para alcançar
a indução eletromagnética pela variação do fluxo.

Geração de energia nuclear


Esse processo é fundamentado no princípio de equivalência entre massa-
HQHUJLDLGHQWL¿FDGRSHORItVLFRYHQFHGRUGRSUrPLR1REHO$OEHUW(LQVWHLQ
 $SDUWLUGDVUHDo}HVTXtPLFDVGH¿VVmRRXIXVmRQXFOHDUXP
elemento transforma parte de sua massa, que é, então, convertida em energia
na forma de calor.
Essas reações químicas são aplicadas em ambientes controlados, nas usinas
nucleares (Figura 2), para aquecer água e gerar vapor, que movimenta uma
turbina acoplada a um gerador. Perceba que, nesse processo, a fonte de energia
não depende mais diretamente do sol, como visto nos processos de ciclo das
águas e correntes de ar, mas ainda faz uso do gerador e de turbinas.

Figura 2. Usina nuclear, síntese gráfica.


Fonte: Adaptada de BlueRingMedia/Shutterstock.com.

O urânio extraído do minério é convertido na forma de gás UF6 (hexafluoreto de urânio),


que, por meio da difusão por placas porosas, dá origem a dois isótopos U235F6 e U238F6.

132
Geração de energia geotérmica
A energia geotérmica (Figura 3) está amplamente disponível no mundo e
é largamente utilizada para geração de energia elétrica ou aclimatação de
ambientes. Essa energia é limpa (sem emissão de gases nocivos), segura e
FRQ¿iYHO UHQRYiYHOHVXVWHQWiYHO HSRGHWHUXPSDSHOLPSRUWDQWHHPDWHQGHU
aos requisitos mundiais de energia (OZTURK; YUKSEL, 2016). Um dos
pontos mais importantes a respeito dela é que, ao contrário das outras fontes
renováveis (solar e eólica), é possível obter energia constante dessa fonte
(BALTA; DINCER; HEPBALSI, 2009).
A energia geotérmica é obtida por meio de perfurações com profundidade
suficiente para alcançar água aquecida ou por aparições naturais (gêiseres).
A água aquecida libera vapor, que pode ser utilizado para movimentar uma
turbina acoplada a um gerador, assim como nos processos de geração eólica,
hídrica e nuclear vistos anteriormente.

Figura 3. Utilização da energia geotérmica para aquecimento de residência.


Fonte: Adaptada de aurielaki/Shutterstock.com.

133
Geração de energia solar
A energia solar vem sendo explorada de duas formas: por meio do efeito
fotovoltaico (Figura 4) ou de concentração (Figura 5). O efeito fotovoltaico
é capaz de converter a energia solar diretamente em energia elétrica. A luz
absorvida excita os elétrons do material a um estado mais elevado de energia,
gerando o potencial elétrico.

Figura 4. Painel fotovoltaico.


Fonte: Adaptada de Paladjai/Shutterstock.com.

Figura 5. Painéis de concentração de energia solar.


Fonte: Adaptada de Alejo Miranda/Shutterstock.com.

134
Geração de energia: aspectos ambientais
A energia elétrica nada mais é do que um potencial capaz de realizar trabalho.
Ela é gerada por meio da transformação de outros tipos de energia (química,
calor, mecânica, fotoelétrica) em potencial elétrico. A energia das reações
TXtPLFDVGH¿VVmRSRUH[HPSORpXWLOL]DGDSDUDFDXVDURDTXHFLPHQWRGD
água do reator, que movimenta uma turbina acoplada a um gerador elétrico.
7RGRVHVVHVSURFHVVRVQRHQWDQWRSRGHPLQÀXHQFLDUHLPSDFWDURDPELHQWH
no qual estão inseridos.
Agora que você já identificou as características que diferenciam os tipos de
geração de energia, é relevante avaliarmos como essas tecnologias se relacio-
nam com o ambiente no qual são inseridas, com seus entornos. Para tal, vamos
nos utilizar dos conceitos definidos pela ISO (International Organization for
Standards, Organização Internacional Para Padronização), que define, por
meio da Sério ISO 14000, os conceitos de aspectos e impactos ambientais.
Essa norma foi adotada como referência pela ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), sendo um dos requisitos para reconhecimento de sistemas
de gestão ambiental de referência.

Vejamos algumas definições importantes dessa norma para o entendimento do con-


ceito de aspecto que será aqui proposto:
„ Meio ambiente: circunvizinhança em que uma organização (item 3.16 da norma)
opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e
suas inter-relações.
Nota: neste contexto, circunvizinhança entende-se do interior de uma organização
para o sistema global.
„ Aspecto ambiental: elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma
organização que pode interagir com o meio ambiente (item 3.5 da norma).
Nota: um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou pode ter impacto
ambiental significativo.
„ Impacto ambiental: qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica,
que resulta, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais (item 3.6 da norma) da
organização (item 3.16 da norma).

135
Aspectos da geração de energia eólica
Quais seriam os aspectos dessa tecnologia que são capazes de gerar impactos
ambientais? A energia eólica, à primeira vista, aparenta não ter aspectos negati-
vos, sendo frequentemente defendida como fonte limpa de eletricidade. Quando
utilizamos um exemplo comparativo, como a energia térmica obtida pela queima
de combustíveis fósseis, podemos assumir automaticamente que não existe a
possibilidade de geração de impacto ambiental quando se utiliza essa tecnologia.
9DPRVREVHUYDUDWHQWDPHQWHHVVDTXHVWmRHFKHJDUDXPDFRQFOXVmRPDLVUH¿QDGD"
A energia eólica é produzida em grande escala em parques eólicos, nos
quais geralmente uma grande área é desapropriada ou destinada a conviver
em “harmonia” com os aerogeradores (Figura 6). Um aspecto relevante é o
ruído gerado, que pode ser fonte de estresse – já se conhece a correlação entre
estresse e doenças (GOHLKE; HRYNKOW; PORTIER, 2008). Um estudo
preliminar identificou que um rebanho de gado situado a uma distância de 50
metros do aerogeradores desenvolveu menor peso corporal e maiores índices
de hormônio do estresse quando comparado a outro rebanho situado a 500
metros da fonte de ruído (MIKOLAJCZKAK et al., 2013).

O ruído é, inclusive, tratado pelo Ministério do Trabalho a partir de normas regulamen-


tadoras e pode ser a causa de doenças. Pesquise sobre ergonomia para conhecer
mais a respeito.

Figura 6. Gado criado nos entornos de usina eólica.


Fonte: Joseph Sohm/Shutterstock.com.

136
Além disso, pode-se avaliar como as turbinas influenciam a fauna e flora
local. Como as aves lidam com esses enormes dispositivos? A organização The
Wildlife Society disponibilizou estudos que relacionam esse aspecto ambiental
com a morte (impacto) de aves e morcegos. Além disso, existem estudos
sugerindo que apenas o levantamento do número de mortes causadas pelas
turbinas não é suficiente para avaliar o impacto e sugerem novos aspectos a
serem relacionados, como a redução de índices de reprodução (SOVACOOL,
2013). Foram relatados alguns casos nos quais incêndios nas turbinas não
puderam ser controlados devido à dificuldade em alcançar o topo da turbina,
o que resulta em possíveis emissões de gases poluentes.

O Committee on Environmental Impacts of Wind-energy Projects (Comitê de Impactos


Ambientais de Projetos de Energia Eólica) dos Estados Unidos sugeriu o termo “sín-
drome da turbina eólica” para os transtornos de ansiedade decorrentes da exposição
prolongada aos níveis de ruído das turbinas de parques eólicos.

Aspectos da geração de energia hídrica


As hidrelétricas são amplamente utilizadas em nosso país, o que nos garante
uma intimidade um pouco maior com essa tecnologia do que com as demais.
3DUDTXHVHMDSRVVtYHODXPHQWDURJUDXGHFRQ¿DELOLGDGHHFRQWLQXLGDGHGR
processo de geração de energia, são utilizadas as barragens. Esses grandes
reservatórios criam enormes regiões de alagamento, causando a destruição do
habitat natural da fauna local e impedindo a utilização da terra para moradia
ou plantação. As usinas de Furnas e Dona Francisca, por exemplo, tiveram
processos judiciais de desapropriação muito divulgados na mídia.
Até mesmo os animais aquáticos da região envolvida podem ser machu-
cados pelas turbinas ou telas de proteção das usinas. A retenção de grandes
volumes de água pode prejudicar o abastecimento das regiões rio abaixo,
reduzindo não só o volume de água recebido, mas também a quantidade de
sedimentos e nutrientes.
Como resultado dessa retenção de nutrientes no reservatório da barragem,
pode haver excesso de algas e ervas daninhas – assim como visto nos processos
de maré vermelha, nos quais as algas consomem maior parte do oxigênio da
água, aumentando a mortalidade de espécies nativas do rio.

137
Até então foram avaliados os aspectos operacionais das hidrelétricas,
mas haveria outros aspectos relevantes? O processo de construção das usinas
envolve emissão de gases do efeito estufa, assim como a alagação, em caso
de regiões tropicais, que leva à decomposição de matéria orgânica, emitindo
dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).

Aspectos da geração de energia nuclear


A energia nuclear é, certamente, uma das formas mais criticadas e atacadas
SHODPtGLDRTXHpVHJXUDPHQWHMXVWL¿FiYHO2DFLGHQWHGH&KHUQRE\OSRU
exemplo, é uma prova clara da amplitude do impacto ambiental que pode
ser causado por uma usina nuclear. É importante considerar, no entanto, que
novas tecnologias de exploração da energia nuclear estão sendo desenvolvidas
HTXHMiH[LVWHPWHFQRORJLDVLQWULQVHFDPHQWHVHJXUDVWDPEpPFODVVL¿FDGDV
como usinas com segurança passiva. Nesse caso, não é necessária a ação do
operador ou de sistemas, levando à extinção da reação em cadeia em caso
de defeitos. A usina de Three Mile, na Pensilvânia, EUA, já utiliza esse tipo
de tecnologia.

Visite o site da Exelon e conheça mais sobre a tecnologia nuclear empregada com
esse nível de segurança.

https://goo.gl/19EoYk

Os aspectos ambientais da geração da energia nuclear começam com a


extração do minério a ser utilizado como combustível nas reações, ou seja, os
rejeitos e resíduos de rocha das usinas de mineração de urânio. O combustível
nuclear usado (SNF) é aquele que já foi irradiado no processo químico que
ocorre no reator. Quando ele deixa de ser útil para a realização das reações,
pode ter isótopos em sua constituição, elementos radioativos que obrigam o
descarte do lixo classificado como radioativo.

138
Aspectos da geração de energia geotérmica
$HQHUJLDJHRWpUPLFDpFRQVLGHUDGDXPDHQHUJLDOLPSDPDVMiLGHQWL¿FDPRV
que os processos, como um todo, têm aspectos ambientais marcantes. Durante
o período de construção das instalações, existem efeitos de compactação e
contaminação da terra, além de movimento do solo para construção de dutos,
usinas e outros prédios (BROWN; DEKAY, 2009).
Durante a operação, é possível que haja indução sísmica nos entornos
da usina. A retirada de líquido do lençol freático pode levar à formação ou
ao crescimento acelerado de uma camada de vapor, e esse processo pode
induzir explosões que, no passado, já foram causa de morte. Em locais onde
o solo seja pouco rochoso, isto é, que apresente uma estrutura com pouca
resistência mecânica, a retirada de fluidos pode gerar desmoronamento e
afundamento de terras. Também se considera o impacto visual da instalação
da usina, assim como nas outras tecnologias de geração apresentadas. A
operação dos poços sem isolação acústica pode gerar ruídos de até 120 dB.
O ruído da primeira descarga do poço pode ser audível a vários quilômetros
de distância e a operação pode afetar aves e animais no entorno, assim
como a vizinhança. A poluição por químicos do ambiente é uma possibili-
dade decorrente do vapor. Os resíduos líquidos podem conter resíduos de
elementos químicos, como sulfato de hidrogênio, arsênico, boro, mercúrio,
e metais pesados, como chumbo. O método mais efetivo de disposição
desses resíduos é o seu retorno para o lençol, garantindo que estejam em
profundidade adequada para evitar a contaminação de águas próprias para
consumo (ARMANNSSON et al., 2000).
Os elementos mencionados anteriormente podem causar impacto na qua-
lidade do ar. A maior preocupação ocorre com a disposição do sulfato de
hidrogênio, que pode ser oxidado e liberado em forma de dióxido de enxofre,
gás conhecido pelo efeito das chuvas ácidas.

Aspectos da geração de energia solar


A energia solar não causa emissão de poluentes durante a sua operação, mas
a produção dos painéis fotovoltaicos pode ser relacionada e, portanto, esse é
um aspecto importante a ser estudado. A emissão de gases poluentes pode
variar entre 22 e 46 g/kWh, o que depende da geração ser feita por painéis
fotovoltaicos ou por energia térmica solar (concentração).

139
As plantas de geração solar de energia elétrica estão entre as formas de
geração que mais consomem energia (solar de concentração), consumindo
menos água apenas do que as usinas, que funcionam à base de combus-
tíveis fosseis e que exigem métodos de captura de carbono (BRACKEN
et al., 2015).
A produção dos painéis fotovoltaicos exige a dopagem do semicondutor
com cádmio (Cd), metal pesado e cumulativo na cadeia alimentar (WERNER
et al. 2011). Com um processo adequado de reciclagem dos painéis e controle
das emissões no processo produtivo, é possível atingir emissões da ordem de
03-0,9 ug/kWh. Nos painéis de silício cristalino, a substancia utilizada para
a solda contém chumbo (Pb). Além disso, a pasta utilizada para impressão na
tela dos contatos contém vestígios de chumbo e cádmio.

O uso da produção de energias renováveis


A geração de energia elétrica vem acompanhando a evolução de nossa espécie
desde a Segunda Revolução Industrial. Os avanços trazidos pela transmissão
em corrente alternada possibilitaram que a distribuição da eletricidade atingisse
regiões mais distantes das usinas de geração, ao mesmo tempo que os avanços
tecnológicos exigem, cada vez mais, a disponibilidade da eletricidade para o
desenvolvimento de atividades cotidianas e laborais.
A rápida expansão dos processos industriais e dos mercados de consumo
impulsionou o mercado de geração de energia elétrica, exigindo soluções de
curto prazo para o mercado consumidor. Como resultado das leis de oferta
e procura, a energia recebeu grandes aportes financeiros na forma de usinas
térmicas e hidrelétricas. As usinas térmicas utilizavam-se, basicamente, de
combustíveis fósseis como o carvão, o que elevou os níveis de poluição brus-
camente, levando ao aparecimento de chuvas ácidas e ao efeito conhecido
como estufa (aquecimento global).
O conselho de pesquisa dos Estados Unidos determinou que é compatível
com o raciocínio científico atual relacionar as atividades humanas ao aqueci-
mento global, acelerado desde a metade do século XX. O estudo desenvolvido
por eles afirma que esses impactos devem continuar nos próximos séculos,
pois estão diretamente relacionados ao nosso modelo econômico.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvi-
mento, também conhecida como Rio 92, foi organizada pelos chefes de Estado

140
das Nações Unidas e sediada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, dando
continuação à Conferência de Estocolmo, realizada em 1972. Esses encon-
tros objetivavam a identificação de medidas que diminuíssem a degradação
ambiental impressa pelos processos de desenvolvimento e, portanto, a criação
de propostas para que as economias se desenvolvessem de forma sustentável.
O principal resultado da Conferência foi a Agenda 21, que sugere um novo
padrão de desenvolvimento ambientalmente racional. O documento foi divido
em quatro seções principais, que abordam os temas de dimensões econômicas
e sociais, conservação e questão dos recursos para o desenvolvimento, revisão
dos instrumentos necessários para a execução das ações e aceitação do formato
e conteúdo da agenda.
Em 1997, foi redigido o Protocolo de Kyoto, tratado internacional entre
os países integrantes das Nações Unidas. De acordo com o tratado, as nações
desenvolvidas se comprometeram em reduzir em 5,2% a emissão de gases
do efeito estufa em relação aos níveis de referência de 1990. Para que essas
metas fossem viáveis, foram levantadas as diretrizes básicas de reforma dos
setores de energia e transporte, uso de fontes de energia renovável, limitação
das emissões de metano nos sistemas de gerenciamento de resíduos e siste-
mas de geração de energia, proteção dos sumidouros de carbono (florestas,
corais) e revisão de mecanismos financeiros e de mercado inapropriados à
implementação da convenção.
A conscientização pública e política de que os processos de industriali-
zação e desenvolvimento estavam afetando a qualidade de vida (nesse caso,
negativamente) e o macroambiente no qual vivemos, deu origem às discussões
a respeito de sustentabilidade e motivou o incentivo, por parte do Estado, do
desenvolvimento das energias sustentáveis.
A Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) publicou um
gráfico (Figura 7) da evolução mundial das energias renováveis e identificou
que a capacidade instalada, mundialmente, atingiu um aumento de 8,3%
em 2015, totalizando 153 GW de energia limpa, maior crescimento dentro
do período do estudo (2001-2015). Ainda considerando dados do estudo da
agência, é possível identificar que, dentre as energias renováveis, a hídrica
continua a ser a com maior representatividade, com 61% da produção. O
panorama das energias renováveis no Brasil (Figura 8) apresenta o forte
avanço dos biocombustíveis, representando um volume maior de energia
que o gerado por fontes hídricas — esse valor, no entanto, remete à toda
energia (potência) gerada, não apenas a elétrica.

141
Figura 7. Evolução das energias renováveis.
Fonte: IRENA (2015 apud NORD ELECTRIC, 2016, documento on-line).

Figura 8. Matriz de energias renováveis do Brasil.


Fonte: IRENA (2015, documento on-line).

A Casa Civil da Presidência da República do Brasil, por meio da Lei nº10.438,


de 28 de abril de 2002, criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica (Proinfa). O programa tem como objetivo aumentar a partici-
pação de fontes alternativas renováveis como pequenas centrais hidrelétricas
(PCH), usinas eólicas e termelétricas à biomassa, privilegiando investidores
que não tenham vínculo societário com concessionárias de geração. O incentivo
define preços diferenciados, mais atrativos, para a contratação de energia eólica
e outras fontes renováveis alternativas (BRASIL, 2002). Após o lançamento do

142
Proinfa, foram realizados leilões específicos, como o LFA (Leilão de Fontes
Alternativas) e o LER (Leilão de Energia de Reserva), a partir de 2007.
Para motivar os investidores, o governo brasileiro, por meio do Ministério
de Integração Nacional, lançou, em 2018, um programa de financiamento
para microgeração solar. O programa destinou R$ 3,2 bilhões para auxílio à
instalação de painéis solares em residências e estabelecimentos comerciais
(disponível nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste). Uma das principais
características da implantação da energia solar é o alto custo inicial, o que
pode impedir que pequenas centrais geradoras sejam instaladas. A ideia do
Governo Federal é que, com acesso ao crédito, a população possa adotar esses
sistemas, contribuindo com a redução de emissão de gases do efeito estufa e
com a geração distribuída de energia.
A produção independente de energia por consumidores pode ser integrada
ao fornecimento da distribuidora com a remuneração em forma de crédito. O
Programa de Geração Distribuída (ProGD) aumentou o prazo de utilização dos
créditos adquiridos dessa forma para 5 anos. Além disso, criou a possibilidade
da utilização de créditos para compensação de faturas de imóveis de mesma
titularidade, mas endereço diferente da instalação geradora. O programa garante
a isenção de ICMS e PIS/COFINS sobre o saldo não compensado de energia
recebida da distribuidora, estabelecendo tarifas diferenciadas para projetos de
eficiência energética e de geração distribuída de hospitais e escolas públicas.
Com essas medidas, foi implementado um projeto piloto nas usinas de So-
bradinho (BA) e Balbina (AM) que visa o aproveitamento da área alagada para
instalação de painéis fotovoltaicos flutuantes (Figura 9). O projeto vai coletar
informações para futuros investimentos e deve acontecer de 2016 até 2019.

Figura 9. Aproveitamento de área para instalação de painéis flutuantes.


Fonte: 888B8O8Y888/Shutterstock.com.

143
Os Estados Unidos são um dos maiores emissores de gases do efeito estufa
(GHG, sigla de greenhouse gases) (Figura 10). Até ao ano de 2014, as energias
renováveis (eólica, solar, hídrica, biomassa e geotérmica) representavam ape-
nas 13% do total — sendo a hídrica responsável por 48%, segundo a Energy
Information Administration.

Figura 10. Emissão de CO2 por continente.


Fonte: Funverde (2017, documento on-line).

Para a adequação ao tratado de Kyoto, foram desenvolvidas políticas agres-


sivas de desenvolvimento de geração de energias renováveis. O plano prevê
incentivo na forma de crédito por MWh produzido (PTC) para as usinas,
depreciação acelerada (garantindo redução de impostos), entre outros.

144

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