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Introdução
Na análise de circuitos elétricos, geralmente calculamos o valor da corrente,
da tensão e/ou da potência elétrica. Para encontrarmos esses valores de
forma eficiente, é necessário conhecer as leis fundamentais da teoria de
circuitos: a lei de Ohm e as leis de Kirchhoff. Após a compreensão dessas
leis, estaremos prontos para aplicar técnicas de análise de circuitos simples
ou mais complexos, como a associação de resistores em série, em paralelo
ou mistos, a divisão de tensão, a divisão de corrente, entre outras.
Neste capítulo, você vai conhecer a mais popular dentre as leis da
teoria de circuitos: a lei de Ohm. Na sequência, você vai analisar circuitos
aplicando as leis de Kirchhoff, que são compostas pela lei de Kirchhoff
para as tensões (LKT) e pela lei de Kirchhoff para as correntes (LKC). Por
fim, você vai verificar aplicações para as leis básicas da eletricidade.
Lei de Ohm
Um condutor elétrico apresenta propriedades que são características de um
UHVLVWRURXVHMDTXDQGRXPDFRUUHQWHÀXLSRUHOHRVHOpWURQVFROLGHPFRPRV
átomos no condutor — isso impede o movimento dos elétrons. Quanto maior
o número de colisões, maior será a resistência do condutor. Basicamente, um
UHVLVWRUpTXDOTXHUGLVSRVLWLYRTXHDSUHVHQWDUHVLVWrQFLD$UHVLVWrQFLDpGH¿QLGD
FRPRDKDELOLGDGHGRHOHPHQWRHPUHVLVWLUDRÀX[RGHFRUUHQWHHOpWULFD$
XQLGDGHGHPHGLGDGDUHVLVWrQFLDpRRKP ȍ
3
A resistência (R SDUDTXDOTXHUPDWHULDOFRPiUHDXQLIRUPHGHVHomR
transversal A e comprimento l é diretamente proporcional ao comprimento e
LQYHUVDPHQWHSURSRUFLRQDOjiUHDGDVHomRWUDQVYHUVDO1DIRUPDPDWHPiWLFD
GHILQLomRGHUHVLVWrQFLD
Onde:
ȡ UHVLVWLYLGDGHGRPDWHULDO ȍ±P
l FRPSULPHQWR P
A = área (m2
Figura 1. (a) Condutor com seção transversal uniforme; (b) símbolo da resistência usado
em circuitos.
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 27).
Carbono 4 × 10 –5 Semicondutor
Germânio 47 × 10 –2 Semicondutor
OHLGH2KP
Onde a constante de proporcionalidade R é denominada de resistência, e
DXQLGDGHGHUHVLVWrQFLDpRRKPRXȍ
5HSUHVHQWDQGRD(TXDomROLQHDU JUDILFDPHQWHHPi · v, a Figura 2
ilustra o resultado de uma reta que passa pela origem. Portanto, consideramos
o resistor como um resistor linear.
$SOLFDQGRVHDOHLGH2KPFRQIRUPHD(TXDomR GHYHPRVILFDUDWHQWRV
ao sentido da corrente i e à polaridade da tensão v, que devem estar de acordo
FRPDFRQYHQomRGHVLQDOSDVVLYRLOXVWUDGDQD)LJXUDELPSOLFDQGRTXH
DFRUUHQWHSDVVDGHXPSRWHQFLDOVXSHULRU SDUDXPPDLVLQIHULRU í GH
IRUPDTXHv = iR&DVRDFRUUHQWHIOXDGHXPSRWHQFLDOLQIHULRU í SDUDXP
SRWHQFLDOVXSHULRU WHUHPRVv íiR.
5
Figura 2. Relação corrente–tensão para um resistor linear.
Fonte: Hayt Jr., Kemmerly e Durbin (2014, p. 24).
Solução:
Encontrando a tensão v pela lei de Ohm, Equação (2), obtemos:
Lei de Kirchhoff
$QDOLVDUFLUFXLWRVHPSUHJDQGRDSHQDVDOHLGH2KPQHPVHPSUHpVX¿FLHQWH
somente nos casos de circuitos mais simples, quando a tensão nos terminais
GHFDGDHOHPHQWRHDFRUUHQWHFRUUHVSRQGHQWHIRUHPGHWHUPLQDGDVFRQIRUPH
6
OHFLRQDP1LOVVRQH5LHGHO 8WLOL]DQGRVHDOHLGH2KPMXQWDPHQWH
FRPDVOHLVGH.LUFKKR൵RHVWXGRGHFLUFXLWRVHOpWULFRV¿FDUiPDLVFRPSOHWR
HVDWLVIDWyULR
$VOHLVGH.LUFKKRIIVmRFRPSRVWDVSRUGXDVOHLVDOHLGH.LUFKKRIISDUD
WHQVmR /.7 RXOHLGDVPDOKDVHDOHLGH.LUFKKRIISDUDFRUUHQWH /.&
RXOHLGRVQyV
5Ω
a 5Ω b
2Ω
3Ω 2A
10 V +
_ 2Ω 3Ω 2A
a
+
_
10 V
c c
a) b)
7
Lei de Kirchhoff para tensão (LKT)
&RQIRUPH$OH[DQGHUH6DGLNX DVRPDDOJpEULFDGHWRGDVDVWHQV}HV
HPWRUQRGHXPFDPLQKRIHFKDGR RXODoR p]HURVHJXQGRD/.70DWHPD
ticamente, essa lei pode ser representada por:
Onde MpRQ~PHURGHWHQV}HVQRODoRHvmpDPpVLPDWHQVmR
$SOLFDQGRVHD/.7(TXDomR QRFLUFXLWRLOXVWUDGRQD)LJXUDH
HVFROKHQGRDFRQYHQomRGRODoRQRVHQWLGRKRUiULR RXDQWLKRUiULR SDUDDV
WHQV}HVDVRPDDOJpEULFDGDVWHQV}HVVHULDíY1, + v2, + v3íY4 e + v. Dessa
IRUPDD/.7VHUi
8
Encontre as tensões v1 e v2 no circuito ilustrado na Figura 6.
Solução:
1ª forma de solução: aplicando-se a LKT, usando a Equação (3). Adotando o sentido
horário para a corrente que passa pelo circuito (Figura 6b), teremos:
Figura 6. Circuito com uma fonte de tensão independente e dois resistores em série.
Fonte: Alexander e Sadiku (2013, p. 37).
9
,VVRSRGHVHUUHHVFULWRGHVWDRXWUDIRUPD
10
Encontre as correntes I1, I2 e I3 no circuito ilustrado na Figura 8a.
Solução:
1ª forma de solução: aplicando-se a LKC ao nó M, usando a Equação (4). Inicialmente
definimos o nó inferior como o nó de referência (ou nó terra), exibido na Figura 8a.
Assim, obtemos:
Mas,
; ;
A corrente I1 é a corrente total do circuito que sai da fonte de 20 V. Pela lei de Ohm,
obtemos:
I1
16 Ω I1
16 Ω
R1 I2 I3
+ +
20 V _ R2 36 Ω R3 72 Ω 20 V _ 24 Ω
a) b)
Figura 8. (a) Circuito com duas malhas e alimentado por uma fonte de tensão inde-
pendente; (b) O circuito em (a) simplificado.
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 110).
11
Aplicações das leis básicas da eletricidade
8PDGDVDSOLFDo}HVPDLVXWLOL]DGDVQDiUHDGDHOHWULFLGDGHHVWiUHODFLRQDGDjV
PHGLo}HVGHWHQVmR corrente e resistência. O instrumento utilizado para medir
tensões é o voltímetro. O amperímetro é utilizado para medir corrente. Já o
RKPtPHWURpXWLOL]DGRSDUDPHGLUUHVLVWrQFLDV(VVDVLQVWUXPHQWDo}HVSRGHP
ser reunidas em um único instrumento, denominado multímetro.
2PXOWtPHWURPDLVXWLOL]DGRSHORVHOHWULFLVWDVpRPXOWtPHWURGLJLWDOLOXV
WUDGRQD)LJXUD(OHpGHIiFLOLQWHUSUHWDomRHYLWDQGRHUURVGHOHLWXUDSHOR
XVXiULRMiTXHDVDtGDGLJLWDOGRPHGLGRULQGLFDRYDORUQXPpULFRGDPHGLomR
(OHDSUHVHQWDVHOHWRUHVGHIXQomRIDL[DHFRQHFWRUHVGHHQWUDGDSDUDUHFHEHU
as pontas de prova. Os multímetros digitais precisam, basicamente, de baterias
LQWHUQDVSDUDDOLPHQWDURVFLUFXLWRVHOHWU{QLFRVLQWHUQRVSDUDDX[LOLDUQDV
PHGLo}HVGHWHQVmRFRUUHQWHHUHVLVWrQFLD
12
Para medir a tensão, precisamos conectar o voltímetro, ou o multímetro na
IXQomRYROWtPHWURHPSDUDOHORFRPRHOHPHQWRTXHGHVHMDPRVPHGLUDWHQVmR
como ilustrado na Figura 10a. Para medir a corrente, precisamos conectar o
DPSHUtPHWURRXRPXOWtPHWURQDIXQomRDPSHUtPHWURHPVpULHFRPRHOH
PHQWRSRURQGHDFRUUHQWHIOXLHGHVHMDVHPHGLUFRPRLOXVWUDD)LJXUDE
Para medir a resistência de um elemento, é preciso conectar o ohmímetro,
RXRPXOWtPHWURQDIXQomRRKPtPHWURDWUDYpVGHOHDQWHVSRUpPXPDGDV
H[WUHPLGDGHVGRHOHPHQWRGHYHHVWDUGHVFRQHFWDGDGRFLUFXLWRSDUDTXHD
UHVLVWrQFLDSRVVDVHUPHGLGDGHIRUPDHILFLHQWHFRPRLOXVWUDD)LJXUDF
a) b)
c)
Figura 10. Instrumentos de medida: (a) medindo tensão; (b) medindo corrente; (c) medindo
resistência.
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 37).
13
Na maioria dos resultados, a unidade do Sistema Internacional de Unidades (SI) é muito
pequena ou muito grande para ser utilizada de forma conveniente. Dessa forma, prefixos
baseados na potência de 10 são aplicados para a obtenção de unidades maiores e
menores em relação às unidades básicas, como mostrado a seguir.
Prefixos SI
1012 tera T
109 giga G
106 mega M
103 quilo k
102 hecto h
10 deca da
10 –1 deci d
10 –2 centi c
10 –3 mili m
10 –6 micro μ
10 –9 nano N
10 –12 pico p
Todos esses prefixos estão corretos, mas os engenheiros costumam utilizar com mais
frequência os prefixos que representam potências divisíveis por 3. Já os prefixos centi,
deci, deca e hecto são raramente utilizados. Por exemplo, a maioria dos engenheiros
descreveria 10 –5 s ou 0,00001 s como 10 μs, em vez de 0,01 ms ou 10.000.000 ps.
Fonte: Adaptado de Sadiku, Musa e Alexander (2014, p. 5).
14
Precauções ao trabalhar com eletricidade
Antes de trabalhar com eletricidade, siga rigorosamente as seguintes regras, para
evitar o risco de choque elétrico:
Verifique se o circuito está desligado antes de iniciar os trabalhos.
Desligue sempre o aparelho ou a lâmpada antes de consertá-lo.
Deixe um aviso para que ninguém ligue a eletricidade enquanto você trabalha; co-
loque um adesivo sobre o disjuntor, interruptor ou sobre o soquete vazio do fusível.
Verifique se o isolante do metal está em bom estado e utilize as ferramentas
adequadamente.
Para medir a tensão ou a corrente, ligue a energia e anote a leitura. Para medir a
resistência, não ligue a energia.
Não utilize roupas folgadas, para não ter o risco de ficar preso em algum aparelho.
Utilize calças, camisas de manga longa e sapatos adequados; mantenha-os secos.
Não fique em piso molhado ou metálico, pois a junção de eletricidade e água
oferece riscos.
Procure ficar em área com iluminação adequada.
Não use adornos (relógios, anéis, pulseiras, etc.).
Descarregue qualquer capacitor que possa reter alta tensão.
Não trabalhe sozinho.
Em caso de áreas em que a tensão é elevada, procure trabalhar com apenas uma
mão por vez.
Estas são algumas informações importantes para evitar choques e acidentes, que
podem causar lesões e danos ao trabalhador que lida com eletricidade. Zelar pela
segurança é uma regra fundamental para o ser humano.
Fonte: Sadiku, Musa e Alexander (2014).
15
Eletricidade básica II
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai conhecer os capacitores, os diodos e um tipo
especial de diodo que emite luz, o LED. Esses componentes, juntamente
aos resistores, formam um grupo de componentes básicos que são in-
dispensáveis para a maioria dos circuitos eletrônicos. Você estudará o
conceito fundamental de cada um desses componentes, para que consiga
diferenciá-los, e verá noções fundamentais de análise de circuitos envol-
vendo esses componentes. Por fim, você vai estudar algumas aplicações
simples para cada componente, com uma discussão a respeito do seu
funcionamento elétrico.
16
Capacitores
O capacitorpXPFRPSRQHQWHHOHWU{QLFRFXMDIXQomRHVVHQFLDOpDUPD]HQDU
FDUJDHOpWULFD$FDSDFLGDGHGHDUPD]HQDPHQWRGHVVDFDUJDpGHQRPLQDGD
capacitância e sua unidade fundamental é o Farad, representado por F. O
)DUDGpXPDXQLGDGHFRQVLGHUDGDPXLWRJUDQGHSDUDFLUFXLWRVSUiWLFRVSRU
LVVRpPXLWRFRPXPXVDUPRVVXEP~OWLSORVGR)DUDGFRPRRPLFURIDUDG ȝ)
R QDQRIDUDG Q) RXPHVPRRSLFRIDUDG S) VHQGR
ȝ í
Q í
S í
Outro termo que pode ser usado para designar o capacitor é condensador, porém
ele está em desuso. Se pesquisar em fontes antigas, talvez você encontre esse termo.
Alguns países de língua portuguesa ainda consideram o termo usual (GUSSOW, 2009).
17
armaduras
dielétrico
Figura 1. Estrutura esquemática de um capacitor, formado pelas armaduras e pelo dielétrico.
Fonte: Adaptada de Gussow (2009).
18
(
(
(a) (b)
Figura 2. Símbolos empregados para os capacitores fixos (a) e variáveis (b).
Fonte: Adaptada de Gussow (2009).
19
([LVWHDLQGDXPFyGLJRGHOHWUDVSDUDLQGLFDUVXDWROHUkQFLDFRQIRUPHD
QRUPDGR&RPLWp,QWHUQDFLRQDOGH(OHWURWpFQLFD,(&(VVHVFDSDFLWRUHV
também apresentam uma boa resistência a altas temperaturas e são muito
usados como filtros de sinais.
Nos capacitores eletrolíticosRGLHOpWULFRpFRQVWLWXtGRSRUXPDILQD
FDPDGDGHy[LGRVREUHDDUPDGXUDSRVLWLYD8PDVROXomRHOHWUROtWLFDPXLWDV
YH]HVQDIRUPDGHXPJHOpGHSRVLWDGDVREUHDFDPDGDGHy[LGRSDUDFRP-
SRUDDUPDGXUDQHJDWLYDGRFDSDFLWRU3RUHVVDUD]mRHVVHVFDSDFLWRUHVWrP
SRODULGDGHHFDVRDSRODULGDGHQmRVHMDUHVSHLWDGDQDKRUDGHID]HUDOLJDomR
elétrica, o capacitor pode ser danificado de forma permanente.
2VFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVSRVVXHPXPDDOWDFDSDFLGDGHGHDUPD]HQDPHQWR
GHFDUJDFRQVHJXLQGRDWLQJLUFRPIDFLOLGDGHYDORUHVGDRUGHPGHȝ)
*8662: (VVHVFDSDFLWRUHVVmRPXLWRHPSUHJDGRVQRVILOWURVGDV
IRQWHVGHDOLPHQWDomRRTXHYHUHPRVHPGHWDOKHVPDLVDGLDQWH
2VFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVSRGHPVHUVXEGLYLGLGRVDLQGDTXDQWRDRPDWHULDO
GDDUPDGXUDSRVLWLYDTXHSRGHVHUGHDOXPtQLRRXGHWkQWDOR *8662:
2VFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVGHalumínio são os mais comuns.
-iRVFDSDFLWRUHVHOHWUROtWLFRVGHtântalo apresentam uma maior capacitância
por volume e, consequentemente, um menor espaço ocupado pelo dispositivo
em termos comparativos. Por causa do uso do tântalo, esses capacitores têm
um custo alto, quando comparados com os demais, porém, mesmo sendo mais
caros, eles são muito usados em produtos de informática, por exemplo, por
serem compactos.
Diodos
O diodo é um dispositivo semicondutor, composto por uma parte de material
semicondutor tipo N e outra parte de material semicondutor tipo P, conforme
DHVWUXWXUDUHSUHVHQWDGDQD)LJXUD8PPDWHULDOVHPLFRQGXWRUpFRQVWUXtGR
DSDUWLUGHDOJXPDVXEVWkQFLDTXHWHQKDSURSULHGDGHVVHPLFRQGXWRUDV FRPR
R VLOtFLRRJHUPkQLRHWF GRSDGDVSRUDOJXPDRXWUDVXEVWkQFLD
20
Dopar aqui quer dizer “deixar impuro”, isto é, para obter material semicondutor tipo
N deve-se “pegar” um pedaço de silício puro e “contaminá-lo” com um pouco de
fósforo, por exemplo.
7RGRPDWHULDOVHPLFRQGXWRUFRQVHJXHFRQGX]LUXPDFRUUHQWHHOpWULFD
GHVGHTXHVHMDVDWLVIHLWDDOJXPDFRQGLomR1RFDVRGRVGLRGRVGHVLOtFLR
por exemplo, a condição é que a corrente flua do ânodo para o cátodo (polos
SRVLWLYRVHQHJDWLYRVUHVSHFWLYDPHQWH HTXHDGLIHUHQoDGHSRWHQFLDOVHMDGH
QRPtQLPR§9
Ânodo
Cátodo
Figura 3. Símbolo e construção típica do diodo.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).
21
8PDFDUDFWHUtVWLFDPDUFDQWHGRVGLRGRVpTXHHOHVIXQFLRQDPFRPRVH
IRVVHPXPDYiOYXODGHUHWHQomRHPXPDWXEXODomRKLGUiXOLFDLVWRpHOHV
VySHUPLWHPTXHDFRUUHQWHHOpWULFDIOXDSRUXPVHQWLGR$OpPGLVVRDOJXQV
GLRGRVSRGHPVHUIDEULFDGRVGHIRUPDDH[LELUDOJXPFRPSRUWDPHQWRHVSHFLDO
Temos os diodos retificadoresFXMDSULQFLSDOIXQomRpMXVWDPHQWHID]HUFRP
TXHDFRUUHQWHHOpWULFDIOXDVRPHQWHHPXPVHQWLGR 0$/9,12%$7(6
2diodo zenerpRXWURWLSRGHGLRGREDVWDQWHFRPXPFXMDSULQFLSDO
FDUDFWHUtVWLFDHVSHFLDOpDGHPDQWHUFRQVWDQWHDWHQVmRHQWUHVHXVWHUPLQDLV
SRGHQGRVHUXVDGRFRPRXPUHJXODGRUGHWHQVmR
([LVWHPDOJXQVGLRGRVTXHFRQVHJXHPHPLWLUIyWRQVLVWRpOX]FRPD
SDVVDJHPGDFRUUHQWHHOpWULFD²HVWHVGLRGRVVmRFRQKHFLGRVFRPR/('V
HVHUmRGHVFULWRVORJRPDLV$OpPGR/('H[LVWHPDLQGDRVIRWRGLRGRVTXH
VmRGLRGRVTXHPXGDPVXDFXUYDGHUHVSRVWDHPIXQomRGDOX]LQFLGHQWHQD
MXQomR31
2VGLRGRVJHUDOPHQWHVmRFRPSRQHQWHVSHTXHQRV6HXHQFDSVXODPHQWR
SRGHVHUGHSOiVWLFRYLGURRXUHVLQDHSy[L2VGLRGRVFRQWDPDLQGDFRPXPD
faixa de cor branca ou preta, para indicar qual perna é o cátodo do diodo.
22
Lente/encapsulamento
Fio de conexão de epoxi
Cavidade reflexiva
Pastilha de semicondutor
Batente Estrutura
Suporte de condutores
Chanfro
Ânodo Cátodo
$OpPGLVVRH[LVWHP/('VTXHVmRIDEULFDGRVSDUDVHUHPVROGDGRVHP
VXSHUItFLHV(VVHVVmRWmRSHTXHQRVTXHpQHFHVViULRXWLOL]DUSLQoDVSDUD
PDQLSXOiORV([LVWHPDLQGDRV/('VGHDOWDSRWrQFLDTXHSUHFLVDPGHUDGLD-
GRUGHFDORUSDUDPDQWHUVXDWHPSHUDWXUDHPXPQtYHOVHJXURSDUDRSHUDomR
Circuitos elétricos
23
Q
C= V (1)
1 1
Ceq = ∑ Cn (2)
C1 C2 Cn
C1 C2 Cn
(a) (b)
24
ID
Ruptura Região
Corrente
direta
inversa
VD
Joelho ≈ 0,7 V
Região
inversa
R
V R V
(a) (b)
Figura 7. Circuitos de polarização dos diodos: (a) polarização direta; (b) polarização indireta.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).
P=V.I (4)
25
O limite de potência que pode ser dissipada, a corrente e a tensão máximas variam muito
de modelo para modelo. Você pode encontrar estas informações nas especificações
técnicas do componente. Os fabricantes publicam os datasheets, que nada mais são
do que um conjunto de especificações técnicas do componente, o qual inclui esta e
muitas outras informações sobre o componente escolhido (MALVINO; BATES, 2016).
RS
VS VD
26
3RUPHLRGD(TXDomRSRGHPRVUHODFLRQDUDWHQVmRDFRUUHQWHHDUHVLV-
tência elétrica. Nessa equação, IS representa a corrente que irá percorrer no
/('VSUHSUHVHQWDDWHQVmRGHDOLPHQWDomRGDIRQWHVD representa a tensão de
MRHOKRGR/('HRSUHSUHVHQWDDUHVLVWrQFLDQHFHVViULDSDUDDRSHUDomRGR/('
VS – VD
IS = (5)
RS
RL
27
6HIRUDSOLFDGRXPVLQDOGHHQWUDGDFRQIRUPHLOXVWUDGRQDFXUYDGHWHQVmR
HPIXQomRGRWHPSRGD)LJXUDDSRGHPRVREVHUYDURVLQDOGD)LJXUDE
QDFDUJDUHSUHVHQWDGDSHORUHVLVWRUR L (VVHVLQDOGHVDtGDpFRQKHFLGRFRPR
sinal de meia onda, porque ele representa somente os semiciclos positivos
GRVLQDOGHHQWUDGD'HVVDIRUPDDVDtGDGHVVHFLUFXLWRpXPVLQDOSXOVDQWH
2GLRGRIXQFLRQDFRPRXPDFKDYHTXHSHUPLWHDSDVVDJHPGDFRUUHQWH
HOpWULFDVRPHQWHTXDQGRDWHQVmRGHHQWUDGDIRUVXSHULRUD9 0$/9,12
%$7(6
vin (a)
Vp(in)
vout
(b)
Vp(out)
Figura 10. Circuito eletrônico típico do retificador em meia onda com o sinal de entrada
e saída: (a) tensão de entrada Vin; (b) tensão de saída.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).
28
$WHQVmRQDVDtGDGDSRQWHUHWLILFDGRUDVoutGD)LJXUDSRGHVHUH[SUHVVD
GHIRUPDDSUR[LPDGDSHOD(TXDomRRQGHVin representa a tensão da fonte de
DOLPHQWDomRH9UHSUHVHQWDDEDUUHLUDGHSRWHQFLDOSDUDTXHRGLRGRSRVVD
FRQGX]LU 0$/9,12%$7(6 1HVVHFLUFXLWRUHWLILFDGRUDIUHTXrQFLD
GRVLQDOGHVDtGDpLJXDOjIUHTXrQFLDGRVLQDOGHHQWUDGD
2UHWLILFDGRUGHRQGDFRPSOHWDpRXWURFLUFXLWRTXHpXPDPHOKRULDQDWXUDO
GHVVHUHWLILFDGRUHVHUiDERUGDGRQDSUy[LPDVHomR
D3 D1
Vin
D2 D4 RL
29
4XDQGRDIRQWHHQWUDQRVHPLFLFORQHJDWLYRDVLWXDomRLQYHUWHLVWRpRV
diodos D e DSDVVDPDFRQGX]LUHQTXDQWRD e DILFDPHPFRUWH$VVLP
R VLQDOGHVDtGDPHGLGRQDFDUJDR L em função do tempo pode ser observado
QD)LJXUD&RPSDUHHVWDVDtGDFRPDVDtGDGD)LJXUDE2UHWLILFDGRUGH
RQGDFRPSOHWDHPSRQWHDSUHVHQWDXPVLQDOGHVDtGDPDLVSUy[LPRGRVLQDO
FRQWtQXRGRTXHRUHWLILFDGRUHPPHLDRQGD 0$/9,12%$7(6
vout
Vp
Figura 12. Sinal de saída típico para o retificador de onda completa em ponte.
Fonte: Adaptada de Malvino e Bates (2016).
1RUHWLILFDGRUGHRQGDFRPSOHWDHPSRQWHDWHQVmRGHVDtGDVout é dada
SHOD(TXDomRHPTXHVin representa a tensão de entrada na ponte. O termo
í9FRQWHPSODDSHUGDGHWHQVmRGHFRUUHQWHGDEDUUHLUDGHSRWrQFLDGRGLRGR
&RPRQHVVHFLUFXLWRSDUDKDYHUDFRQGXomRVmRQHFHVViULRVQRPtQLPRGRLV
GLRGRVGHYHPRVPXOWLSOLFDUā9 93DUDHVVHFLUFXLWRDIUHTXrQFLD
GRVLQDOGHVDtGDpRGREURGRVLQDOGHHQWUDGD 0$/9,12%$7(6
30
O circuito da ponte retificadora de onda completa em ponte, ilustrado na Figura 11, é
tão comum que existe um componente em que os quatro diodos já estão montados
dentro de um encapsulamento próprio. A Figura 13 mostra vários encapsulamentos
de pontes retificadoras.
31
D3 D1
Vin
D2 D4 C1 RL
1D)LJXUDYRFrYrDWHQVmRGHVDtGDHPOLQKDFKHLDHDWHQVmRGHHQWUDGD
HPOLQKDWUDFHMDGD2EVHUYHTXHDSUHVHQoDGRFDSDFLWRUID]FRPTXHRQtYHOGH
WHQVmRILTXHPDLVFRQVWDQWHTXDQGRFRPSDUDGRFRPDVDtGDVHPRFDSDFLWRUGH
ILOWURGD)LJXUD$RQGXODomRSHUFHELGDQD)LJXUDpFRQKHFLGDFRPRrip-
ple. Para a maioria das aplicações, uma pequena ondulação é aceitável. O valor
GHRQGXODomRSLFRDSLFRGD)LJXUDSRGHVHUGHWHUPLQDGRSHOD(TXDomR
onde IUHSUHVHQWDDFRUUHQWHHOpWULFDQDFDUJDR L, f representa a frequência da
ondulação e C representa a capacitância do capacitor C.
I
VR = (8)
fC
Vout
Vp
Vin
32
Diodo como limitador de tensão
8PDDSOLFDomRPXLWRFRPXPVLPSOHVHSUiWLFDSDUDRGLRGRVmRRVFHLIDGRUHV
RXJUDPSRVGHWHQVmR1D)LJXUDWHPRVXPH[HPSORGHFLUFXLWRHPTXHRV
GLRGRVRSHUDPGHVVDIRUPD6HXFRPSRUWDPHQWRpDQiORJRDRFRPSRUWDPHQWR
HVSHUDGRQRVFLUFXLWRVUHWL¿FDGRUHV2REMHWLYRGHVVHFLUFXLWRpSURWHJHUDOJXP
FLUFXLWRTXHVHMDVHQVtYHODXPDWHQVmRVXSHULRUDV e inferior a V. Caso a
HQWUDGDVHMDVXSHULRUDV ou inferior a VRVGLRGRVLUmRFRQGX]LUJDUDQWLQGR
TXHDHQWUDGDSDUDRFLUFXLWRVHQVLWLYRHVWHMDGHQWURGRVOLPLWHVHVWDEHOHFLGRV
por V e V 0$/9,12%$7(6
V1
Circuito
Entrada
sensitivo
V2
GUSSOW, M. Eletricidade básica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. (Coleção Schaum).
MALVINO, A.; BATES, D. Eletrônica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. v.1.
Leituras recomendadas
FOWLER, R. Fundamentos de eletricidade: corrente contínua e magnetismo. 7. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013. (Série Tekne).
HOROWITZ, P.; HILL, W. The art of electronics. 3. ed. Cambridge: Cambridge University
Press, 2015.
33
Medições de corrente,
tensão, resistência
e potência I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a medição de corrente e tensão (contínua
e alternada), conhecendo as características, os tipos e as unidades de
funcionamento dos instrumentos analógicos e digitais mais utilizados,
com destaque para o multímetro. Você vai aprender a realizar medições
de tensão com identificação de polaridade, medições de corrente (em
série) e medições indiretas (medição de campo magnético).
34
Medidores analógicos
2VLQVWUXPHQWRVDQDOyJLFRVFRQWrPXPSRQWHLURHXPVLVWHPDPHFkQLFR
GHPRYLPHQWR2PHGLGRUpIRUPDGRSRUXPDERELQDPyYHORXIHUURPyYHO
VXVSHQVRHQWUHRVSRORVGHXPtPmSHUPDQHQWHQDIRUPDGHIHUUDGXUD$VVLP
DPHGLomRpUHDOL]DGDDSDUWLUGRSRVLFLRQDPHQWRGRSRQWHLURTXHVHPRYH
VREUHXPDHVFDOD¿[D2VPHGLGRUHVDQDOyJLFRVSRGHPVHUXVDGRVWDQWRQD
PHGLomRGHFRUUHQWHFRPRQDGHRXWUDVJUDQGH]DVFRPRWHQVmRHUHVLVWrQFLD
$OHLWXUDPDLVSUHFLVDGDHVFDODGHXPPHGLGRUDQDOyJLFRpREWLGDTXDQGR
VXDFDEHoDpSRVLFLRQDGDGHPRGRSHUSHQGLFXODUjHVFDODHGLUHWDPHQWHVREUH
R SRQWHLUR$OJXQVPHGLGRUHVDQDOyJLFRVXVDPXPHVSHOKRQDHVFDOD8P
SDUDIXVRGHDMXVWHGH]HURpXWLOL]DGRSDUDFRORFDURSRQWHLURGRPHGLGRUHP
]HURQDHVFDODTXDQGRQmRKRXYHUFRUUHQWHFLUFXODQGR
$OHLWXUDGHXPDHVFDODGHPHGLGRUGH~QLFDIDL[Dp VLPLODUj OHLWXUDGD
HVFDODGHXPDUpJXD )LJXUD $HVFDODQD)LJXUDpOLGDGDVHJXLQWHIRUPD
9DORUGHFDGDGLYLVmRSULQFLSDO
9DORUGHFDGDGLYLVmRPHQRU
?/HLWXUD
2VPHGLGRUHVGHP~OWLSODVIDL[DVVmRPDLVGLItFHLVGHOHUSRLVJHUDOPHQWH
pXVDGDXPDHVFDODFRPGXDVRXPDLVIDL[DV3DUDOHUHVVHWLSRGHPHGLGRU
SULPHLURGHWHUPLQDPRVDOHLWXUDQDHVFDODHHPVHJXLGDDSOLFDPRVRIDWRU
PXOWLSOLFDGRURXGLYLVRUDGHTXDGRFRQIRUPHLQGLFDGRSHORVHOHWRUGHIDL[DV
)LJXUD
35
Figura 2. Leitura de uma escala de um medidor analógico de múltiplas faixas.
Fonte: Petruzella (2013, p. 154).
2VRKPtPHWURVVmRLQVWUXPHQWRVHPSUHJDGRVSDUDPHGLUDUHVLVWrQFLD
HOpWULFDGHXPFRPSRQHQWHGHFLUFXLWREHPFRPRSDUDORFDOL]DUFRPSRQHQWHV
DEHUWRVRXHPFXUWRFLUFXLWRHGHWHUPLQDUDFRQWLQXLGDGHGRFLUFXLWR3DUD
UHDOL]DUDPHGLomRGDUHVLVWrQFLDGHXPHOHPHQWREDVWDSRVLFLRQDUHPSDUDOHOR
RLQVWUXPHQWRVREUHRFRPSRQHQWH3DUDTXHYRFrWHQKDXPDPHGLomRFRUUHWD
R HOHPHQWRDVHUPHGLGRSUHFLVDHVWDULVRODGRGRVGHPDLVFRPSRQHQWHVGR
FLUFXLWR$VHVFDODVGHRKPtPHWURVDQDOyJLFRVQmRVmRPDUFDGDVXQLIRUPH
PHQWHVHQGRHQWmRGHQRPLQDGDVQmROLQHDUHV
36
Medidores digitais
2VPHGLGRUHVGLJLWDLVVmRPDLVIiFHLVGHOHUGRTXHRVPHGLGRUHVDQDOyJL
FRV(QWUHVXDVSDUWHVSULQFLSDLVGHVWDFDPRVRdisplayGHFLPDORFLUFXLWR
HOHWU{QLFRGLJLWDOGHGLFDGRHXPFRQYHUVRU$'0XLWRVPHGLGRUHVGLJLWDLV
SRVVXHPVHOHomRDXWRPiWLFDGHIDL[DLVWRpRSUySULRPHGLGRUDMXVWDDIDL[D
QHFHVViULDSDUDDPHGLomRGHWHUPLQDGD6HJXQGR3HWUX]HOOD pQRUPDO
TXHR~OWLPRGtJLWR jGLUHLWD YDULHFRQWLQXDPHQWHHQWUHGRLVRXWUrVYDORUHV
(PJHUDOQmRVHUiQHFHVViULDXPDSUHFLVmRWmRHOHYDGDHR~OWLPRGtJLWR
SRGHVHULJQRUDGRRXDUUHGRQGDGR&RPWDQWDVIDFLOLGDGHVQmRpGHDGPLUDU
TXHHVVHVLQVWUXPHQWRVRIHUHoDPPDLVSUHFLVmRHXPDOHLWXUDPDLVFRQ¿iYHO
HDXPFXVWRDFHVVtYHO
Medição de tensão
3DUDDPHGLomRGHWHQVmR&&HQWUHGRLVSRQWRVpIXQGDPHQWDODXWLOL]DomR
FRUUHWDGHXPLQVWUXPHQWRSDUDHVVD¿QDOLGDGH9RFrSURYDYHOPHQWHWHUiGH
UHDOL]DUHVVDPHGLomRSDUDYHUL¿FDUDWHQVmRIRUQHFLGDSRUXPDIRQWHJHUDGRUD
GHWHQVmR&&
+iGRLVWLSRVGHLQVWUXPHQWRVSDUDPHGLUDWHQVmR&&RYROWtPHWUR )LJXUD
HRPXOWtPHWUR )LJXUD
Figura 4. O voltímetro.
Fonte: Fowler (2012, p. 55).
37
Figura 5. O multímetro.
Fonte: Fowler (2012, p. 57).
2VYROWtPHWURVHPLOLYROWtPHWURVVmRLQVWUXPHQWRVSUySULRVSDUDDPHGLomR
GHWHQVmRHDSUHVHQWDPDOHWUD9RXP9QDVXDHVFDODIURQWDO
7DPEpPH[LVWHPYROWtPHWURVHPLOLYROWtPHWURVHVSHFtILFRVSDUDDPHGLomR
GHWHQV}HVFRQWtQXDV(OHVSRVVXHPGRLVERUQHVQDSDUWHSRVWHULRUGHVWLQDGRV
DUHFHEHUDWHQVmRFXMRYDORUVHUiLQGLFDGRQDHVFDOD&RPRRVYROWtPHWURVWrP
SRODULGDGHHVWDEHOHFLGDSDUDOLJDomRRVVLQDLVH±LGHQWLILFDPRVERUQHV
3DUDUHDOL]DUDPHGLomRFRQHFWDPRVGRLVFRQGXWRUHVFKDPDGRVSRQWDVGH
SURYDDRVERUQHVGRLQVWUXPHQWR+iGXDVSRQWDVGHSURYDXPDYHUPHOKD
HXPDSUHWD&RORFDPRVDSRQWDGHSURYDYHUPHOKDQRERUQHSRVLWLYR
GRLQVWUXPHQWR$SyVDFRQH[mRQRVERUQHVGRLQVWUXPHQWRFRQHFWDPRVDV
H[WUHPLGDGHVOLYUHVGDVSRQWDVGHSURYDQRVSRQWRVRQGHGHVHMDPRVPHGLU
DWHQVmR&&'HYHPRVOLJDUDSRQWDGHSURYDYHUPHOKDRXRFRQGXWRUTXH
HVWLYHUFRQHFWDGRDRERUQHSRVLWLYR GRLQVWUXPHQWRQRSRQWRSRVLWLYRD
VHUPHGLGRHDRXWUDSRQWDGHSURYDQRSRQWRQHJDWLYR
4XDQGRFRQHFWDPRVDVSRQWDVGHSURYDGHPRGRDSURSULDGRQRVSRQWRV
GHPHGLomRFRPVXDUHVSHFWLYDSRODULGDGHRSRQWHLURGRLQVWUXPHQWRVDLGD
SRVLomRGHUHSRXVRGHVORFDQGRVHQRVHQWLGRKRUiULR VHQWLGRFRUUHWR HP
GLUHomRDRILPGDHVFDOD2YDORUGDWHQVmRPHGLGDpLQGLFDGRQDHVFDODGR
LQVWUXPHQWR
38
&DVRDVSRQWDVGHSURYDVHMDPOLJDGDVFRPDSRODULGDGHLQYHUWLGDRSRQWHLUR
LUiVHGHVORFDUQRVHQWLGRDQWLKRUiULR VHQWLGRLQFRUUHWR DVVLPYRFrWHUiGH
LQYHUWHUDVSRQWDVGHSURYDQRVSRQWRVGHPHGLomR
(PXPFLUFXLWRHOpWULFRXPYROWtPHWURVHUYHSDUDPHGLUDIRUoDHOHWUR
PRWUL] IHP RXDWHQVmR GLIHUHQoDGHSRWHQFLDO (VVHLQVWUXPHQWRSRGHVHU
XWLOL]DGRDLQGDSDUDYHULILFDUDGLVSRQLELOLGDGHGHXPDWHQVmR&$HPXPD
WRPDGDUHVLGHQFLDO )LJXUD DWHQVmR&&SRUPHLRGRVWHUPLQDLVGHXPD
EDWHULDRXDWHQVmR&$RX&&HQWUHGRLVSRQWRVHPXPFLUFXLWR
$MXVWHRVHOHWRUSDUDDIXQomRGHWHQVmRDGHTXDGD&$RX&&DQWHVGH
UHDOL]DUDPHGLomR3HJXHDVSRQWDVGHSURYDHFRQHFWHDVDRFLUFXLWRGH
PRGRTXHQHQKXPDSDUWHGRVHXFRUSRHQWUHHPFRQWDWRFRPDOJXPDSDUWH
HQHUJL]DGD YLYD GRFLUFXLWR3DUDWHQVmR&&FRQHFWHDSRQWDGHSURYDSUHWD
DRSRQWRGHSRODULGDGHQHJDWLYDHDSRQWDGHSURYDYHUPHOKDDRSRQWRGH
WHVWHGHSRODULGDGHSRVLWLYD
$IDL[DGHPHGLomRGHWHQVmRGRPHGLGRUGHERELQDPyYHODQDOyJLFR
EiVLFRRXJDOYDQ{PHWURp OLPLWDGDj IDL[DGHPLOLYROWVGHYLGRj QDWXUH]D
39
GHOLFDGDGDERELQDHGDVPRODVTXHFRPS}HPRPHGLGRUGHFRQMXQWRPyYHO
3DUDDXPHQWDUDIDL[DGHWHQVmRXPUHVLVWRUFRPXPDOWRYDORUGHUHVLVWrQFLD
pFRQHFWDGRHPVpULHFRPRPHGLGRUGHFRQMXQWRPyYHO2UHVLVWRUpFKDPDGR
PXOWLSOLFDGRUSRUTXHHOHPXOWLSOLFDDIDL[DGRPHGLGRU$RDOWHUDURYDORUGR
UHVLVWRUPXOWLSOLFDGRUDIDL[DGHWHQVmRSRGHVHUYDULDGD )LJXUD
Quanto maior for o valor da resistência do multiplicador, maior será a faixa de tensão
do medidor.
40
8PGLDJUDPDGHEORFRVGHXPYROWtPHWUR&$GLJLWDOpPRVWUDGRQD)LJXUD
$VSRQWDVGHSURYDVmRFRQHFWDGDVjWHQVmR&$DVHUPHGLGDTXHpWUDQVPL
WLGDSDUDRFLUFXLWRFRQGLFLRQDGRUGHWHQVmR2FRQGLFLRQDGRUGHWHQVmRDWHQXD
RXDPSOLILFDRVLQDOGHWHQVmRSDUDXPGDGRQtYHOFRPRTXDORVFLUFXLWRVGH
PHGLomRVmRSURMHWDGRVSDUDWUDEDOKDU$VHJXLURVLQDOpWUDQVPLWLGRSDUDXP
FLUFXLWRFRQYHUVRU&$&&TXHFRQYHUWHRVLQDOGHWHQVmRGH&$SDUD&&2
FRQYHUVRUDQDOyJLFRGLJLWDO $' UHFHEHHVVDWHQVmRHWUDQVIRUPDDHPXP
FyGLJRGLJLWDOTXHUHSUHVHQWDRYDORUGDWHQVmR2FyGLJRGLJLWDOpXVDGRSDUD
JHUDURVGtJLWRVQXPpULFRVTXHPRVWUDPRYDORUPHGLGRQRPRVWUDGRUGLJLWDO
6HDWHQVmRGHHQWUDGDDVHUPHGLGDp&&RFLUFXLWRGHFRQYHUVmR&$&&p
FRQWRUQDGRHRVLQDOp WUDQVPLWLGRGLUHWDPHQWHGRFRQGLFLRQDGRUGHWHQVmR
SDUDRFRQYHUVRUDQDOyJLFRGLJLWDO
2YROWtPHWURGHYHVHUFRQHFWDGRHPSDUDOHORSRUPHLRGHFDUJDRXIRQWHGH
DOLPHQWDomR(OHWHPXPDUHVLVWrQFLDHOHYDGDHGHVYLDXPDSHTXHQDTXDQWLGDGH
GHFRUUHQWHSDUDRSHUDURFLUFXLWRGHPHGLomR6HRYROWtPHWURIRVVHFRQHFWDGR
HPVpULHFRPRFLUFXLWRHVVDUHVLVWrQFLDHOHYDGDUHGX]LULDDFRUUHQWHGRFLU
FXLWRHRPHGLGRUIRUQHFHULDXPDOHLWXUDLQFRUUHWD7DQWRRVYROWtPHWURV&&
FRPRRV&$VmRVHOHFLRQDGRVGHDFRUGRFRPRWLSRGHWHQVmRDVHUPHGLGD
2VYROWtPHWURVGLJLWDLVLQGLFDPDXWRPDWLFDPHQWHDSRODULGDGHFRUUHWDGHXPD
PHGLomRGHWHQVmR&& )LJXUD
41
Figura 9. Identificação de polaridade em um multímetro digital CC.
Fonte: Petruzella (2013, p. 159).
$RFRQHFWDURWHUPLQDOSRVLWLYRGRPHGLGRUDRSRQWRSRVLWLYRGRFLUFXLWRR
PHGLGRULQGLFDXPDSRODULGDGHSRVLWLYD QRPRVWUDGRUGLJLWDO$RFRQHFWDU
RWHUPLQDOSRVLWLYRGRPHGLGRUDRSRQWRQHJDWLYRGRFLUFXLWRRPHGLGRULQGLFD
XPDSRODULGDGHQHJDWLYD ± QRPRVWUDGRUGLJLWDO2VYROWtPHWURVDQDOyJLFRV
GHYHPVHUFRQHFWDGRVFRPDSRODULGDGHFRUUHWD2WHUPLQDOQHJDWLYR ± GR
YROWtPHWURpFRQHFWDGRDRODGRQHJDWLYR ± GRFLUFXLWRHRWHUPLQDOSRVLWLYR
GRYROWtPHWURDRODGRSRVLWLYR GRFLUFXLWR6HRVWHUPLQDLVIRUHPLQ
YHUWLGRVRSRQWHLURGRLQVWUXPHQWRGHIOHWLUiQRVHQWLGRFRQWUiULRGDHVFDOD
jHVTXHUGDGR]HURRTXHSRGHUiғ GDQLILFDURPHGLGRU
&RQIRUPH3HWUX]HOOD DTXHGDGHWHQVmRpD³SHUGDGHWHQVmR´FDX
VDGDSHORIOX[RGHFRUUHQWHSRUPHLRGHXPDUHVLVWrQFLD4XDQWRPDLRUIRUD
UHVLVWrQFLDPDLRUVHUiDTXHGDGHWHQVmR3DUDYHULILFDUDTXHGDGHWHQVmR
FRQHFWHXPYROWtPHWURHQWUHRVSRQWRVHPTXHDTXHGDGHWHQVmRGHYHVHU
PHGLGD(PFLUFXLWRV&&HFLUFXLWRV&$UHVLVWLYRVDVRPDWRWDOGHWRGDVDV
TXHGDVGHWHQVmRSRUPHLRGDVFDUJDVHGRVGLVSRVLWLYRVFRQHFWDGRVHPVpULH
GHYHVHULJXDOjWHQVmRDSOLFDGDDRFLUFXLWR )LJXUD
42
Figura 10. Medição de quedas de tensão através de carga.
Fonte: Petruzella (2013, p. 159).
3DUDRSHUDUDGHTXDGDPHQWHFDGDFDUJDGHYHUHFHEHUVXDWHQVmRQRPLQDO
6HQmRKiWHQVmRVXILFLHQWHGLVSRQtYHORGLVSRVLWLYRQmRRSHUDUiGDPDQHLUD
FRPRGHYHULD9RFrWDPEpPGHYHVHPSUHVHDVVHJXUDUGHTXHDWHQVmRTXH
YDLPHGLUQmRH[FHGHDIDL[DGRYROWtPHWURSRLVLVVRSRGHFDXVDUGDQRVDR
LQVWUXPHQWR6HDPHGLGDIRUGHVFRQKHFLGDYRFrGHYHUiFRPHoDUFRPDIDL[D
PDLVDOWDGHPHGLomRGRYROWtPHWUR0XLWDVYH]HVYRFrSRGHSUHFLVDUPHGLUD
WHQVmRGHXPSRQWRHVSHFtILFRQRFLUFXLWRHPUHODomRDRWHUUDRXDXPSRQWR
GHUHIHUrQFLDFRPXP )LJXUD
43
1HVVHVFDVRVSULPHLURFRQHFWHDSRQWDGHSURYDSUHWDGRYROWtPHWURDR
WHUUDGRFLUFXLWRRXDRSRQWRFRPXP(PVHJXLGDFRQHFWHDSRQWDGHSURYD
YHUPHOKDDTXDOTXHUSRQWRQRFLUFXLWRTXHYRFrGHVHMDPHGLU
2WHVWDGRUGHWHQVmRp XPWLSRHVSHFLDOGHYROWtPHWURJHUDOPHQWHXVDGR
SRUHOHWULFLVWDV )LJXUD
2WHVWDGRUGHWHQVmRVHUYHSDUDYHULILFDUDSUHVHQoDRXDDXVrQFLDGHWHQVmR
HPXPGDGRSRQWRHQmRLQGLFDRYDORUH[DWRGHWHQVmRSUHVHQWH2YDORU
UHDOGHWHQVmRSRGHHVWDUXPSRXFRDEDL[RRXDFLPDGRYDORULQGLFDGRSHOR
44
DSDUHOKR5HFRPHQGDVHWHVWiORDQWHVHPXPDIRQWHGHWHQVmRHQHUJL]DGD
FRQKHFLGDSDUDJDUDQWLUTXHRPHGLGRUHVWiRSHUDQGRDGHTXDGDPHQWH
Medição de corrente
3DUDPHGLUDTXDQWLGDGHGHFRUUHQWHÀXLQGRHPXPFLUFXLWRXWLOL]DPRV
XPDPSHUtPHWUR2VDPSHUtPHWURVPHGHPRÀX[RGHFRUUHQWHHPDP
SqUHV3DUDIDL[DVPHQRUHVTXHDPSqUHVmRXVDGRVPLOLDPSHUtPHWURVRX
PLFURDPSHUtPHWURV9HMDQD)LJXUDXPPXOWtPHWURFRPPLOLDPSHUtPHWUR
&&SDUDPHGLomRGHFRUUHQWH
45
$SRQWDGHSURYDYHUPHOKDpOLJDGDDRFRQHFWRUGHHQWUDGDGHDOWDFRUUHQWH
$ RXGHEDL[DFRUUHQWH P$ GHSHQGHQGRGDIDL[DGHFRUUHQWHTXH
YRFrGHVHMDPHGLUQRFLUFXLWR&RPH[FHomRGRVPHGLGRUHVWLSRDOLFDWHRV
PHGLGRUHVGHFRUUHQWHGHYHPVHPSUHVHUFRQHFWDGRVHPVpULHFRPDIRQWHGH
DOLPHQWDomRHDFDUJDQXQFDHPSDUDOHORFRPHODV
O shunt é um resistor de alta precisão que produz uma pequena queda de tensão
(milivolts) proporcional à quantidade de corrente fluindo através dele. O shunt
pode ser conectado dentro da caixa do medidor de corrente ou no lado externo
da caixa (Figura 14). Os medidores projetados para medir correntes mais altas
normalmente usam shunts externos devido ao seu tamanho e à quantidade de
calor que eles geram.
2DPSHUtPHWURSRVVXLXPDUHVLVWrQFLDLQWHUQDPXLWREDL[DORJRHOHLQ
IOXHQFLDPXLWRSRXFRRIOX[RGHFRUUHQWHGXUDQWHDPHGLomR'HVVHPRGRD
OLJDomRDFLGHQWDOGHXPDPSHUtPHWURHPSDUDOHORFRPXPDFDUJDRXIRQWHGH
WHQVmRIDUiRPHGLGRUGUHQDUXPDFRUUHQWHHOHYDGDDTXDOSRGHUiGDQLILFDU
R PHGLGRU2DPSHUtPHWURSDGUmRGHYHVHPSUHVHUFRQHFWDGRHPVpULHFRP
R FLUFXLWRSDUDTXHDFRUUHQWHGRFLUFXLWRIOXDSHORPHGLGRU
46
9RFrSRGHXVDUXPDFKDYHSDUDPHGLUDFRUUHQWHVHPDIHWDURIXQFLRQDPHQWR
GRFLUFXLWR$)LJXUDPRVWUDFRPRLVVRpIHLWR
4XDQGRDFKDYHp IHFKDGDRDPSHUtPHWURUHJLVWUDXPDFRUUHQWHQXOD
SRLVDFRUUHQWHSDVVDSHODFKDYHHQmRSHORDPSHUtPHWUR4XDQGRDFKDYHp
DEHUWDDFRUUHQWHSDVVDSHORDPSHUtPHWUR$JRUDp SRVVtYHOPHGLURYDORU
GDFRUUHQWH$VVLPTXHDPHGLomRIRUUHDOL]DGDYRFrSRGHIHFKDUDFKDYH
UHPRYHURDPSHUtPHWURHRFLUFXLWRFRQWLQXDUiRSHUDQGRQRUPDOPHQWH
eFRPXPXVDUXPDPSHUtPHWURWLSRDOLFDWH )LJXUD SDUDPHGLUFRUUHQWHV
&$PDLVHOHYDGDVQDIDL[DGHDPSqUHVSDUDDVVLPHYLWDUDEULURFLUFXLWR,VVRp
SRVVtYHOSRUTXHRLQVWUXPHQWR³DEUDoD´RFRQGXWRUGRFLUFXLWRHLQGLFDRYDORU
GDFRUUHQWHDRPHGLUDLQWHQVLGDGHGHFDPSRPDJQpWLFRGHYLGRjFRUUHQWHTXH
FLUFXODSHORFRQGXWRU2VDPSHUtPHWURVWLSRDOLFDWHEDVHDGRVQRHIHLWR+DOO
VHUYHPSDUDPHGLUWDQWRFRUUHQWHV&&TXDQWRFRUUHQWHV&$
3HTXHQRVWUDQVIRUPDGRUHVSRGHPVHUHPSUHJDGRVHPFRQMXQWRFRPLQV
WUXPHQWRVGHWHVWHHGHPHGLomR8PWUDQVIRUPDGRUGHFRUUHQWH )LJXUD
DOLPHQWDRLQVWUXPHQWRFRPXPDSHTXHQDFRUUHQWHSURSRUFLRQDOj FRUUHQWH
SULQFLSDO
47
Figura 16. Transformador de corrente.
Fonte: Petruzella (2013, p. 166).
Multímetro
2PXOWtPHWURWDPEpPFRQKHFLGRSRUPXOWLWHVWHpXPLQVWUXPHQWRTXHWHP
DSRVVLELOLGDGHGHUHDOL]DUPHGLo}HVQmRVyGHWHQVmRPDVWDPEpPGHYiULDV
RXWUDVJUDQGH]DVGHQDWXUH]DHOpWULFD3RULVVRHOHpRSULQFLSDOLQVWUXPHQWR
QDEDQFDGDGHTXHPWUDEDOKDFRPHOHWU{QLFDHHOHWULFLGDGH6XDLPSRUWkQFLD
VHGHYHDVXDVLPSOLFLGDGHGHRSHUDomRDRWUDQVSRUWHHjFDSDFLGDGHGH
SRVVLELOLWDUPHGLo}HVGHGLYHUVDVJUDQGH]DVHOpWULFDV
48
WRVQHFHVViULRVSDUDDVXDFRUUHWDXWLOL]DomRVHUmRDSUHVHQWDGRVHPSDUWHV
LQLFLDQGRSHODPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXD
$)LJXUDPRVWUDRSDLQHOGHXPPXOWtPHWURUHVVDOWDQGRDVSDUWHVUHOD
FLRQDGDjPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXD
1RERUQHLQGLFDGRSHODDEUHYLDWXUD&20RXSHORVLQDOQHJDWLYR TXH
pFRPXPSDUDTXDOTXHUWLSRGHPHGLomRFRPRLQVWUXPHQWRFRQHFWDPRVD
SRQWDGHSURYDSUHWD1RRXWURERUQHLQGLFDGRSHODDEUHYLDWXUD'&RXSHOR
VLQDO FRQHFWDPRVDSRQWDGHSURYDYHUPHOKD
$FKDYHVHOHWRUDVHUYHSDUDGHWHUPLQDU
$JUDQGH]DHOpWULFDTXHVHUiPHGLGD H[HPSORWHQVmRFRQWtQXD
2YDORUPi[LPRTXHRLQVWUXPHQWRSRGHPHGLUQHVWDSRVLomR SRU
H[HPSOR9
$VSRVLo}HVGDFKDYHVHOHWRUDGHVWLQDGDVjPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXD
VmRLGHQWLILFDGDVSHODDEUHYLDWXUD'&9RXDSHQDV'&
49
eLPSRUWDQWHOHPEUDUTXHRYDORULQGLFDGRSHODFKDYHVHOHWRUDpRPi[LPR
TXHRLQVWUXPHQWRSRGHPHGLUQHVWDSRVLomRGDFKDYH1RH[HPSORGD)LJXUD
DWHQVmRFRQWtQXDPi[LPDTXHRLQVWUXPHQWRSRGHPHGLUFRPDFKDYH
VHOHWRUDQHVWDSRVLomRp9
Figura 18. Chave seletora indicando a tensão máxima que pode ser medida.
Fonte: Adaptada de Sadiki, Musa e Alexander (2014, p. 43).
$HVFDODGRPXOWtPHWURpXVDGDSDUDDOHLWXUDGRYDORUPHGLGRSHORLQV
WUXPHQWR&RPRRPXOWtPHWURVHGHVWLQDDLQ~PHUDVPHGLo}HVDVXDHVFDOD
pP~OWLSODFRPRPRVWUDD)LJXUD
50
3DUDDPHGLomRGHWHQVmRFRQWtQXDFRPXPPXOWtPHWURDSyVFRQHFWDU
DVSRQWDVGHSURYDQRVERUQHVGRLQVWUXPHQWRYRFrGHYHSRVLFLRQDUFRUUH
WDPHQWHRVHOHWRUGHHVFDODVSDUDDUHDOL]DomRGHXPDPHGLomRGHWHQVmR
4XDQGRFRQKHFHPRVDSUR[LPDGDPHQWHRYDORUTXHYDLVHUPHGLGRSRVL
FLRQDPRVDFKDYHVHOHWRUDSDUDDHVFDODGHWHQVmRLPHGLDWDPHQWHVXSHULRU
DRYDORUHVWLPDGR
A chave seletora deve ser sempre posicionada para um valor mais alto do que a tensão
que será medida. Por exemplo, para medir a tensão de uma pilha que tem valor máximo
de 1,5V, selecionamos uma escala de 2,5 ou 3V, ou outras próximas a estas, conforme
disponível no instrumento.
$SyVDFRORFDomRGDVSRQWHLUDVHDFRUUHWDVHOHomRGDHVFDODFRQHFWDPRV
DVH[WUHPLGDGHVOLYUHVGDVSRQWDVGHSURYDDRVSRQWRVGHPHGLomR$SRQWD
GHSURYDYHUPHOKDpFRQHFWDGDDRSRQWRGHPHGLGDSRVLWLYR HDSUHWDDR
QHJDWLYR &RPDFRQH[mRFRUUHWDGDVSRQWDVGHSURYDRSRQWHLURGRLQVWUX
PHQWRVHPRYHUiQRVHQWLGRKRUiULRSDUDQGRHPXPDSRVLomRGHILQLGD3DUD
UHDOL]DUDOHLWXUDFRUUHWDPHQWHRREVHUYDGRUGHYHVHSRVLFLRQDUIURQWDOPHQWH
DRSDLQHOGHHVFDODV
2YDORUGDWHQVmRPHGLGDpGHWHUPLQDGRSHODSRVLomRGRSRQWHLURHSHOD
SRVLomRGDFKDYHVHOHWRUD
51
Leis de Kirchhoff e
a representação fasorial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Apesar de os circuitos de corrente alternada possuírem variações de
tensão e corrente de forma constante, a partir de determinado momento,
o circuito abandona a resposta natural e passa a ter o comportamento
totalmente determinado pelo sinal forçado, situação em que se diz estar
em regime permanente.
Nesse tipo de circuito, devido à presença de elementos acumulado-
res de energia, como indutores e capacitores, as relações entre tensão
e corrente são determinadas por equações diferenciais. No entanto,
ao utilizar fasores, a impedância de cada elemento, representada de
maneira complexa, pode ser utilizada em uma equação algébrica passível
de soluções lineares novamente, como, por exemplo, utilizando as leis
de Kirchhoff.
Neste capítulo, você verá de que forma as duas leis de Kirchhoff,
para tensões e correntes, podem ser aplicadas em circuitos de corrente
alternada com o auxílio dos fasores. Além disso, vai conhecer quatro dos
principais teoremas de circuitos elétricos, muito utilizados em circuitos
de corrente contínua, mas que também podem ser aplicados em regime
permanente de corrente alternada: superposição, transformação de fon-
tes, Thévenin e Norton.
52
1 Lei de Kirchhoff para corrente usando fasores
Os fasores podem ser empregados nas análises de regime permanente, uma vez
que consideram a frequência (Ȧ) constante. São descartados, portanto, valores
iniciais e toda a resposta em regime transitório do circuito (ALEXANDER;
SADIKU, 2013).
Naturalmente, o fasor está associado à função cosseno, sendo mais conve-
niente converter toda e qualquer função utilizada para expressar as tensões,
correntes e demais variáveis também por meio da função cosseno antes de
convertê-las para fasores (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Utilizando fasores e o conceito de impedância, pode-se expressar a lei de
Ohm para qualquer elemento (Equação 1):
V=Z·I (1)
onde:
V = VƸ = Vሶ
Observe, ainda, que nem todo número complexo é um fasor, sendo esse um número
complexo específico e que, a rigor, deve ser o coeficiente de ejwt, motivo pelo qual
as impedâncias, apesar de expressas como números complexos, não são fasores
(NILSSON; RIEDEL, 2015).
53
Considerando os componentes elétricos passivos, pode-se expressar a
relação entre tensão e corrente a partir dos fasores, conforme as Equações 2,
3 e 4, para resistores, indutores e capacitores respectivamente.
(2)
(3)
(4)
onde:
RUHVLVWrQFLDHOpWULFD>ȍ@
L: indutância elétrica [H].
C: capacitância elétrica [F].
54
Assim, qualquer que seja o circuito, pode-se representar um conjunto de
impedâncias por seu equivalente na forma de um número complexo, em que
o eixo real é composto das resistências e o imaginário das reatâncias, como
na Equação 5, em que já está demonstrada a relação entre as formas polares
e retangulares de representação fasorial.
onde:
;UHDWkQFLDHOpWULFD>ȍ@
(6)
onde:
55
Quando se associa a LKC à lei de Ohm, pode-se analisar circuitos elétricos
na forma em que se encontram originalmente, sem que seja necessário alterar
a sua estrutura (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Entretanto, quando utilizada a LKC com circuitos que utilizam indutores e
capacitores, em vez de apenas resistores, obtêm-se equações diferenciais que
podem complicar a resolução do problema. Ao utilizar a notação fasorial, é
possível obter uma equação algébrica simplificada para analisar o circuito no
regime permanente (HAYT JR.; KEMMERLY; DURBIN, 2014).
Formalmente, a LKC fasorial apenas altera a representação da corrente
no domínio do tempo (i(t)), pela representação no domínio da frequência,
utilizando letras maiúsculas e em negrito (Equação 7).
(7)
onde:
I = ImeM (11)
I = Im ס (12)
56
Assim, o Exemplo 1, a seguir, demonstra a LKC, convertendo cada uma
das correntes em fasores para facilitar o cálculo.
Exemplo 1
O nó da Figura 1 possui duas correntes que saem dele e uma que entra nele.
Figura 1. Nó.
I1 = 10e–M90° = 10 – ס90° A
I2 = 20eM30° = 20 ס30° A
57
A LKC determina que o somatório das correntes em um nó deve ser nulo;
logo:
–I1 + I2 – I3 = 0
I1 = –M10 A
I2 = 17,32 + M10 A
I3 = 17,32 + M20 A
–I1 + I2 – I3 = 0
M0 + 0 = 0
58
Exemplo 2
Veja o nó da Figura 2.
Figura 2. Nó.
Dessa vez, são duas correntes entrando e duas saindo do nó; logo:
–I1 + I2 + I3 – I4 = 0
I1 = 2e–M60° A = 2 – ס60° A
I2 = 5eM30° A = 5 ס30° A
I3 = 4e ±M45° A = 4 –ס45° A
I4 = ?
59
Na forma retangular:
I1 = 1 – M1,73 A
I2 = 4,33 + M2,5 A
I3 = 2,83 – M2,83 A
Aplicando a LKC:
–I1 + I2 + I3 – I4 = 0
I4 = –6,16 – M1,4 A
60
As equações diferenciais que determinam a relação corrente-tensão no
domínio do tempo e da frequência para cada um dos três componentes passivos
(resistores, indutores e capacitores) estão descritas no Quadro 1.
Resistor
Indutor
Capacitor
iC(t) = ωCVm cos(ωt I=
+ 90°) jωCV
Percebe-se que o uso dos fasores facilita muito a aplicação do cálculo. Tanto
a notação com ângulo de defasagem explícito quanto a notação simplificada
(última coluna) podem ser utilizadas. Para a última, no entanto, deve-se recordar
que = –M, e que, ao multiplicar um termo por M, é aplicada uma rotação de 90°
anti-horária no plano complexo, e horária se M for negativo.
61
Utilizando a LKC e as equações do Quadro 1, pode-se descrever o circuito
da Figura 3 para determinar os níveis de tensão e corrente em cada nó e ramo
do circuito.
Figura 3. Circuito.
Exemplo 3
I1 – I2 – I3 – I4 ou I1 = I2 + I3 + I4
62
A corrente I1 é conhecida, e as demais são substituídas pela lei de Ohm
para reduzir a quantidade de variáveis:
2 ס0° V = V1
63
A lei de Kirchhoff parte do princípio de que a carga em um circuito fechado
deve ser preservada, ainda que existam diversos caminhos para a corrente
elétrica nesse circuito, de forma que as correntes que saem de um nó devem
ter a mesma intensidade do total de correntes que entraram nesse mesmo nó,
o que nos permite determinar o comportamento de cada componente no cir-
cuito. Na seção seguinte, você verá como outra técnica pode fazer o mesmo,
mas considerando as tensões dentro de uma malha em vez das correntes de nós.
(13)
(14)
onde:
64
Figura 4. Circuito.
Como se sabe, a corrente elétrica para todos os elementos em série deve ser
a mesma, no entanto, a tensão será dividida proporcionalmente às impedâncias
ao longo da malha. O Exemplo 4 demonstra de que forma é possível obter a
corrente elétrica do circuito da Figura 4 utilizando a LKT.
Exemplo 4
65
Para determinar a corrente (I), deve-se converter o denominador (1 – M2)
para a forma polar:
Figura 5. Circuito.
Nesse caso, além das duas malhas, há ainda uma fonte de tensão adiantada.
É importante lembrar, aqui, que, para os fasores, as informações de frequência
e tempo são descartadas, mas a fase é de fundamental importância, assim
como a amplitude. A determinação das correntes em cada ramo é feita no
Exemplo 5, a seguir.
66
Exemplo 5
Pode-se, agora, aplicar a LKT para as duas malhas. A primeira malha tem
como equação:
–VL1 – VC1 = 0
67
O mesmo procedimento é feito com a segunda malha:
MI1 + MI2 = 0
MI1 = –MI2
I1 = –I2
68
Portanto:
I1 = –I2
I1 = –(–0,5 + M)
69
Como era de se esperar, a tensão sobre os dois elementos em paralelo,
capacitor e indutor, é a mesma, ainda que as impedâncias e, portanto, também
as correntes, sejam diferentes.
Ao comparar a LKT e a LKC, deduzimos as máximas de que: as tensões se
dividem entre os componentes associados em série de forma a distribuir maior
tensão para as maiores impedâncias, mas se mantêm iguais para associações
em paralelo; já as correntes elétricas se dividem entre os diversos ramos que
compõem um nó, de forma a minimizar a impedância total, mas se mantêm
as mesmas para múltiplos componentes associados em série, já que a matéria
não possui um caminho alternativo.
Junto a essas duas leis e para facilitar ainda mais a análise de circuitos
elétricos, podemos utilizar diversos teoremas de circuitos, como superposição,
transformação de fontes, Thévenin e Norton, que serão tema da próxima seção.
O teorema da superposição só é válido para sistemas lineares. Nesse caso, pode ser
aplicado para análise de circuitos em regime permanente apenas.
70
O circuito da Figura 6 possui duas fontes de corrente e um único indutor
comum aos dois.
Figura 6. Circuito.
Exemplo 6
I1 = 2 ס0° A = 2 A
71
Se eliminada a fonte de corrente I3, pode-se aplicar a lei de Ohm para
determinar a tensão sobre o indutor:
72
Figura 7. Circuito.
Exemplo 7
V1 = 2 – ס30° V
ou na forma polar:
73
No domínio do tempo, tem-se:
I2 = 20 cos(4t + 60°) A
Por fim, é muito comum que os circuitos sejam projetados para cargas variáveis.
O problema é que, com a mudança de um único componente, todas as demais
variáveis do circuito são afetadas, como as tensões e correntes de outros elementos.
Visando facilitar a análise de circuitos nessas situações, são utilizados
os teoremas de Thévenin e Norton. Basicamente, a parte fixa do circuito é
substituída por uma única fonte de tensão e impedância equivalente em série
para o Thévenin. Se utilizado o teorema de Norton, deve-se aplicar uma fonte
de corrente equivalente com uma impedância em paralelo. A impedância
em ambos os casos é a mesma, e o procedimento de substituição é o mesmo
aplicado em circuitos de corrente contínua.
A Equação 15 mostra como é obtida a impedância equivalente e as tensões
de Thévenin e corrente de Norton.
(15)
onde:
ZTH e ZNUHVLVWrQFLDHTXLYDOHQWHGH7KpYHQLQ1RUWRQ>ȍ@
VTH: tensão elétrica da fonte do circuito equivalente de Thévenin [V].
VOC: tensão elétrica de circuito aberto [V].
IN: corrente elétrica da fonte do circuito equivalente de Norton [A].
ISC: corrente elétrica de curto circuito [A].
74
É importante destacar que a tensão de Thévenin corresponde à tensão de
circuito aberto no terminal da carga, enquanto a corrente de Norton é a mesma
da corrente de curto no terminal da carga.
O Exemplo 8, a seguir, transforma o circuito da Figura 3 em um circuito
com fonte de corrente Norton, considerando o capacitor C1 como uma carga
que pode ser alterada.
Exemplo 8
R1 ȍ
; L = Mȍ
1
I1 = 2 ס0° A = 2 A
75
A queda de tensão sobre a impedância equivalente será a mesma para cada
um dos elementos em paralelo, inclusive para a tensão de circuito aberto, que
utiliza os mesmos terminais de referência:
VTH = VOC = ZP · I1
ISC = I2 = 2 ס0° A
A partir desses valores, qualquer um dos dois teoremas poderia ser aplicado,
criando um dos circuitos a seguir (Figura 9):
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102
103
104
Uso de energias limpas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A sustentabilidade é uma questão que envolve inúmeros fatores que têm
como objetivo a redução de impactos e a preservação ambiental. Muitas
são as formas de praticar a sustentabilidade com o intuito de promover
uma sociedade mais justa e com respeito ao meio ambiente. Uma dessas
formas é por meio da geração e do consumo de energias limpas.
Neste capítulo, você vai conhecer um pouco mais sobre as energias
limpas e os fatores envolvidos na questão energética. Além disso, vai
aprender as diferenças entre as fontes de energia com base na renovação
ou não de seus recursos. Você também vai conhecer algumas energias
limpas e entender suas vantagens e algumas questões sobre o tema. Por
fim, você vai compreender como as energias limpas podem e devem ser
aplicadas em projetos de edificações sustentáveis.
Fontes de energia
A energia elétrica é a forma de energia mais usual e difundida em todo o
mundo: pode ser gerada por meio de fontes e métodos variados de produção
de energia. No entanto, mesmo antes da invenção da eletricidade, as civili-
zações já utilizavam outras fontes de energia, como na pré-história, quando
a humanidade aprendeu a manipular o fogo, que passou a ser utilizado na
iluminação e no aquecimento de suas moradias.
105
A eletricidade é utilizada como fonte energética para a iluminação, para o
funcionamento de equipamentos e também para o aquecimento e resfriamento
de ambientes. Sua criação possibilitou o avanço de novas tecnologias, como
a da iluminação artificial e a do condicionamento de ar, que modificaram os
hábitos culturais e, consequentemente, os projetos das edificações (Figura
1). Com isso, o conforto ambiental das edificações passou a ser transferido
para essas novas tecnologias, o que gerou também o aumento considerável
do consumo energético, causando impactos no meio ambiente (KELLER;
VAIDYA, 2018).
O alto consumo energético pode gerar impactos ambientais das mais va-
riadas formas. Por isso, uma das práticas sustentáveis utilizadas nos projetos
de edificações é a busca por alternativas de redução do consumo energético.
Além disso, a energia pode ser gerada por meio de fontes diversas, e cada
uma delas pode produzir impactos ambientais distintos. Nesse sentido, além
da redução do consumo energético, a sustentabilidade está relacionada com
a forma de produção de energia e a fonte escolhida.
106
Existem dois tipos de fontes possíveis para a geração da energia a ser
consumida em uma edificação: as fontes estão caracterizadas pela utilização,
ou não, de recursos passíveis de renovação e, por isso, são denominadas fontes
renováveis e fontes não renováveis. A seguir, serão analisados, definidos e
exemplificados esses dois tipos de fontes de energia.
As fontes renováveis
A fontes renováveis são as formas de produção de energia que utilizam recursos
renováveis, ou seja, “que se regeneram ou se mantêm ativas permanentemente
e que, mesmo que o homem as utilize, não se esgotam” (MÄHLMANN et al.,
2018, p. 140). O não esgotamento dos recursos das fontes renováveis faz com
que elas sejam mais indicadas para o processo de geração de energia. Nesse
sentido, é mais indicado o uso de recursos que se renovam.
A inesgotabilidade dos recursos não é fator de garantia da sustentabilidade
e da não geração de impacto ambiental causado pela fonte. A avaliação da
sustentabilidade de uma fonte de energia deve levar em consideração, também,
os custos e os efeitos ambientais causados pelo seu processo de produção.
A energia hídrica ou hidrelétrica é um exemplo de como a análise de uma
fonte de energia deve ser feita de forma mais complexa e levando em considera-
ção todo o ciclo de produção energética. Esse tipo de fonte utiliza o movimento
da água de rios na geração de energia. Apesar de ser uma geração de energia
não poluente, outras questões ambientais devem ser analisadas sobre a fonte
hidrelétrica. Uma delas é a intervenção em um curso hídrico para a instalação
de uma usina que envolve uma grande obra de engenharia (Figura 2). Além
disso, a usina hidrelétrica produz uma área de inundação e represamento de
água, afetando a região da instalação (MÄHLMANN et al., 2018).
https://qrgo.page.link/g1kbz
107
Figura 2. Usina Hidrelétrica de Itaipu, na fronteira entre o Brasil e
o Paraguai.
Fonte: Mykola Gomeniuk/Shutterstock.com.
O Brasil, por ser um país com muitos recursos hídricos, utiliza em larga escala a energia
hidrelétrica. É o caso da Usina de Itaipu, construída entre as décadas de 1970 e 1980.
No link a seguir, você pode conferir um documentário que conta um pouco da história
da construção da maior obra de engenharia do Brasil e dos seus impactos ambientais
e sociais.
https://qrgo.page.link/6ADb8
108
As fontes não renováveis
Fontes não renováveis estão relacionadas com a geração de energia por meio
de recursos que não se renovam e, por isso, estão passíveis de esgotamento
conforme o uso e a exploração contínua (MÄHLMANN et al., 2018). Esses
recursos são os denominados combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão
e o gás natural, e ainda o minério urano e seu núcleo radioativo.
Os recursos não renováveis estão relacionados com a produção da energia
termoelétrica, ou seja, com a geração de energia produzida pelo calor e pela
combustão do recurso. No caso do urânio, a geração de energia é desenvolvida
em usinas termonucleares, o que envolve o aquecimento de um núcleo reator
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008).
Além da preocupação com a não renovação e o esgotamento dos recursos,
o uso desse tipo de fonte de energia também é preocupante, pois gera outros
impactos negativos no meio ambiente. Uma das questões é que, para serem
usados como fonte energética, os recursos precisam ser extraídos da natureza.
É o caso do carvão e do urânio, extraídos pela mineração, que causam grandes
impactos ambientais (Figura 3). Além disso, o carvão, quando extraído, libera
e dispersa micropartículas nocivas para a saúde.
109
No entanto, os impactos não param por aí. A queima e o consumo dos
combustíveis fósseis liberam gases responsáveis por efeito estufa e pela po-
luição do ar (MÄHLMANN et al., 2018). Da mesma forma, a radioatividade
do urânio utilizada pelas usinas nucleares é controlada, mas, em casos de
acidentes, provoca impactos sociais e ambientais gravíssimos.
https://qrgo.page.link/tTRJu
Energias limpas
A possibilidade de esgotamento dos recursos não renováveis e dos impactos
ambientais do uso dessas fontes são fatores preocupantes, e a dependência
de toda a humanidade por essas fontes de energia não parece ser uma forma
de vida inteligente. No entanto, é exatamente assim que vivemos atualmente:
consumimos em larga escala os combustíveis fósseis, e não apenas para a
geração de energia elétrica, mas como energia para transporte, nas indústrias,
na pavimentação de estradas, nos produtos químicos, nas calefações (AYRES;
AYRES, 2012).
O gráfico da Figura 4 mostra as fontes mais utilizadas no mundo para
geração de energia elétrica nos anos de 1973 e 2006. Como podemos perceber,
as principais fontes utilizadas são provenientes de recursos não renováveis e
combustíveis fósseis altamente poluentes. A única fonte renovável com algum
destaque de produção é a hidrelétrica, que, como pudemos acompanhar no
item anterior, apesar de pouco poluente, causa alagamentos, gerando impactos
ambientais.
110
Figura 4. Percentual das principais fontes de energia elétrica geradas no mundo nos anos
de 1973 e 2006.
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2008, p. 52).
111
Além do sol, os ventos também são recursos renováveis que permitem a
produção de energia considerada limpa. Assim como a energia solar, a energia
eólica (Figura 5) também vem sido difundida em todo o mundo. Ela pode ser
gerada em usinas eólicas ou até mesmo de forma doméstica e relacionada com
uma edificação. Por mais que seja uma boa opção em relação aos combustíveis
fósseis, a energia eólica não é capaz de ser a única alternativa de substituição
desses recursos, pois depende dos ventos que não predominam em todas as
regiões (ROAF; CRICHTON; NICOL, 2009). No entanto, o Brasil tem um
bom potencial eólico, principalmente em sua costa litorânea.
As energias eólica e solar são fontes de energia limpa que estão muito
relacionadas com as condições climáticas e, por isso, não se adaptam a qual-
quer região do planeta. Isso não significa que essas regiões estão fadadas aos
recursos não renováveis.
112
A biomassa é uma possibilidade de geração de energia que não depende de
fatores do clima e é entendida como “Qualquer matéria orgânica que possa ser
transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica é classificada como
biomassa. De acordo com a sua origem, pode ser: florestal (madeira, principal-
mente), agrícola (soja, arroz e cana-de-açúcar, entre outras) e rejeitos urbanos
e industriais (sólidos ou líquidos, como o lixo)” (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA , 2008, p. 67).
Por produzir energia a partir de compostos orgânicos e até mesmo buscando
o reuso de rejeitos, a biomassa é um tipo de fonte de energia com grande po-
tencial de expansão. Seu recurso é amplamente disponível e, caso as matérias
orgânicas sejam insuficientes, podem ser plantadas para determinado fim.
Embora a energia da biomassa seja produzida através da queima, a liberação
de dióxido de carbono produzida nesse processo é inferior à liberada pela
decomposição natural dos compostos orgânicos queimados. Por isso, ela
é considerada uma forma de energia virtualmente neutra e limpa (ROAF;
CRICHTON; NICOL, 2009).
113
Figura 6. Os painéis solares (1) produzem a energia fotovoltaica, que
é transformada em energia elétrica (2) e distribuída na edificação (3)
para ser utilizada em equipamentos e iluminação (4). A energia exce-
dente é enviada para a rede de distribuição e pode gerar créditos (5).
Fonte: Mählmann e colaboradores (2018, p. 39).
114
A energia solar, além de poder ser convertida em energia elétrica, também
pode ter outras finalidades na geração de energia limpa de uma edificação. O
calor do sol é uma boa fonte para implementação de um sistema de aquecimento
de água e para a calefação dos ambientes da edificação (Figura 8). Assim como
os painéis fotovoltaicos, o sistema de aquecimento de água possui coletores de
calor que ficam expostos ao sol e que circulam a água a ser aquecida (ROAF;
FUENTES; THOMAS-REES, 2014). A água quente pode ser direcionada para
um reservatório ou direcionada para o ponto de uso. Essa água quente pode
ser utilizada no aquecimento de pisos e ambientes.
115
A mudança de todo o sistema energético de um país é um acontecimento que deverá
ocorrer a longo prazo. No entanto, as energias limpas podem ser aplicadas em projetos
urbanos por meio de passos menores e mais pontuais. A busca por um transporte
público eficiente e de qualidade reduz o uso de veículos particulares e a emissão de
gases poluentes. O próprio transporte público pode priorizar o consumo de energia
oriunda de fontes renováveis e que dispensam o combustível fóssil. A energia limpa
também pode ser adotada para o consumo de elementos e equipamentos públicos,
como iluminação, bombas, semáforos. O projeto do espaço público também pode ser
um fator positivo para a sustentabilidade, incentivando o contato entre as pessoas, o
uso das calçadas, da caminhada e da bicicleta (KELLER; VAIDYA, 2018).
116
Recursos naturais
renováveis e não renováveis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Recursos naturais são essenciais para a vida humana, pois abrangem
todos os elementos naturais que utilizamos, tanto de forma direta quanto
indireta: a água, o solo, os minerais, os combustíveis fósseis, a madeira, os
recursos que utilizamos para manufaturar e produzir produtos diversos,
entre outros, são exemplos de recursos naturais. Esses podem ser classi-
ficados de acordo com sua disponibilidade, isto é, se são esgotáveis ou
não (em recursos naturais não renováveis e renováveis, respectivamente).
A correta gestão dos recursos naturais é essencial para a perpetuação
dos seres humanos em nosso planeta, principalmente considerando os
recursos não renováveis.
Nesse capítulo, aprofundaremos os aprendizados sobre recursos
naturais renováveis e não renováveis e discutiremos os fundamentos da
gestão correta desses recursos essenciais para a perpetuação da nossa
espécie no planeta.
117
Conceito e diferença entre recursos naturais
renováveis e não renováveis
Recursos naturais são aqueles disponíveis na natureza para nosso consumo,
considerando nossas necessidades. São todos os elementos da natureza que
trazem benefícios para o necessário à nossa sobrevivência e o nosso conforto.
Nesse contexto, podemos citar a água, o solo, a luz solar e os vegetais. Esses
recursos são extraídos da natureza de forma direta ou indireta e, em muitos
casos, de forma inadequada.
Dividimos os recursos em dois grupos: recursos naturais renováveis e
recursos naturais não renováveis. Recursos renováveis são aqueles natural-
mente repostos após o consumo. Já os recursos não renováveis são aqueles
que não se renovam ou que levam uma quantidade maior de tempo para se
renovar, possuindo assim vida limitada; ou seja, esgotam-se. O resultado direto
é o esgotamento dos recursos naturais não renováveis. Mas preste atenção:
mesmo os recursos renováveis possuem limites e restrições quanto ao uso,
podendo chegar a uma condição de esgotamento irreversível se utilizados de
forma inadequada. Os recursos naturais renováveis, se bem gerenciados, não
se esgotam. Um bom exemplo disso é a utilização e o estado de nossas águas
(Figura 1a), recurso renovável de suma importância. Os seres humanos devem
ter cuidado ao retirar e consumir recursos naturais, para que a disponibilidade
natural dos mesmos não seja comprometida. Cabe lembrar que os recursos
naturais dependem muito de nossas ações preventivas (relacionadas ao uso, à
boa gestão e ao planejamento) e de ações protetivas (relacionadas a situações
de emergência).
(a) (b)
Figura 1. (a) Exemplo de recurso natural renovável: a água. (b) Recurso natural não renovável:
mineração de carvão.
Fonte: Singkham e kemdim/Shutterstock.com.
118
Os recursos naturais renováveis e não renováveis podem ser ainda classificados con-
forme a sua origem. Recursos não renováveis podem ser energéticos, como no caso
dos combustíveis fósseis, ou mesmo do urânio; e minerais, como o ferro, o cobre, o
alumínio, o ouro, o calcário, o fosfato, entre outros. Recursos naturais não renováveis
podem ser energéticos, como no caso da energia solar, da eólica, da geotérmica, entre
outras; e minerais, como a água, ou mesmo recursos de origem biológica, contando
com bens como a madeira e os alimentos em geral.
119
O Brasil é um país rico em elementos naturais, sendo que os recursos na-
turais são a fonte da maior parte de nossa economia. Um dos maiores recursos
naturais do Brasil são as florestas, especialmente a floresta amazônica, valiosa
em elementos naturais, como a água, que precisam ser protegidos e conser-
vados. Por outro lado, em alguns lugares do Brasil já se vivencia a escassez
de água e de energia elétrica, devido ao descaso dos próprios seres humanos
com os seus bens naturais, problemas causados principalmente pela poluição.
Com a poluição, os recursos ficam comprometidos, tendo como consequência
a baixa qualidade de vida. A questão é que, o consumo de recursos naturais
renováveis precisa ser igual ou menor à reposição dos mesmos na natureza.
Se ultrapassarmos esse nível natural de recomposição, comprometeremos a
qualidade de vida em nosso planeta. Esse cuidado exige boa gestão e cons-
cientização sobre o uso desses bens naturais, para que, em longo prazo, não se
tornem recursos indisponíveis para o ser humano. É preciso ter mais cuidado
com os recursos não renováveis; no entanto, cabe salientar que os recursos
renováveis precisam, da mesma forma, de uma boa gestão de uso, pois podem
ser comprometidos, especialmente em sua qualidade ou em casos em que o
uso estiver acima dos níveis naturais de reposição.
Dessa forma, conforme já mencionado, os recursos estão disponíveis
na natureza, em diferentes origens e formas. Alguns são mais abundantes,
enquanto outros, nem tanto; logo, uns possuem mais limitações de uso que
outros. Mesmo aqueles aparentemente mais abundantes podem ser compro-
metidos, pois o mau uso pode diminuir a qualidade e a quantidade disponível,
reduzindo ou limitando o uso. Cabe aos seres humanos desenvolver formas
de informar e conscientizar a população sobre questões relacionadas aos
recursos naturais e também ao entendimento das consequências, tendo como
foco o comprometimento global para a conservação dos recursos naturais. A
preservação e conservação dos recursos naturais tanto renováveis quanto não
renováveis é responsabilidade de todos, devendo-se abordar tais questões com
todos os níveis de ensino, diferentes classes sociais e em todas as comunidades.
É sempre importante ressaltar que dependemos de recursos naturais para
nossa sobrevivência e melhor qualidade de vida; da mesma forma, é preciso
garantir tais condições para as futuras gerações.
120
Caracterização dos recursos naturais
renováveis
Dentre os recursos naturais renováveis mais importantes para nossa susten-
tabilidade e nossa sobrevivência, destacamos os seguintes:
Água
Apenas 3% do total da água do mundo é utilizável, o restante corresponde à
água congelada ou salgada. É uma substância extremamente importante para
a manutenção da vida em nosso planeta, fazendo parte do corpo de todos
os organismos vivos, transportando substâncias, garantindo a realização de
diversas reações químicas, além de ser um solvente universal, em virtude de
sua capacidade de dissolver outros compostos químicos.
Por muito tempo se considerou a água um recurso infinito, sem possi-
bilidade de esgotamento. Hoje em dia, é possível perceber que o mau uso
e a alta demanda de consumo (em razão da superpopulação) trazem sérios
comprometimentos para sua qualidade e, consequentemente, disponibilização
em condições mínimas necessárias.
É preciso repensar a água como um recurso finito, no entanto, essencial
para a manutenção da vida na Terra. Sem ela, os demais recursos seriam
comprometidos, não havendo possibilidade de vida se a água estiver em más
condições.
A água é fonte geradora de energia elétrica, através de hidroelétricas
(Figura 2a). Essa energia é gerada pelo aproveitamento de energia potencial
gravitacional da água. Para isso, a água deve estar represada em altura bastante
elevada, pois a potência gerada é proporcional à altura da queda de água e à
sua vazão.
121
(a) (b)
CAMADAS DE FORMAÇÃO DO SOLO
Material original
Material original parcialmente alterado
Material original
Base rochosa não alterado
(c)
Figura 2. (a) Hidroelétrica gerando energia. (b) Aerogeradores, que produzem energia
através do vento. (c) Composição das camadas de formação do solo.
Fonte: pitagchai, ThiagoSantos e Ellen Bronstayn/Shutterstock.com.
Duas grandes vantagens da energia gerada pela água são o custo, que
não sofre variação, e o fato de que não é necessário utilizar combustível para
sua geração; ou seja, é o que chamamos de energia limpa. Com relação às
desvantagens, o impacto maior é o social, pela necessidade de remoção das
pessoas dos locais que serão inundados. Outro problema negativo, não muito
comentado, é a alteração do corpo aquático, de lótico para lêntico; além disso,
a porção verde (vegetação) inundada acaba liberando muito gases tóxicos, que
comprometem ou colaboram com o efeito estufa.
122
Ar/Vento
Esse recurso natural é composto por diferentes gases, sendo o oxigênio um
deles. Assim como a água, é essencial para a manutenção da vida, já que
precisamos do oxigênio para respirar. O ser humano é responsável por grande
parte da poluição no ar, causada, por exemplo, por indústrias e queimadas.
Tais fatores prejudicam e comprometem demasiadamente a qualidade do ar
que respiramos, sendo, além disso, um dos principais motivos pelo aumento
de problemas respiratórios.
Outra fonte de produção de energia limpa, complementar à geração hídrica,
é a força dos ventos (Figura 2b). A utilização de tal fonte para a geração de
eletricidade se iniciou na década de 1970, devido à crise internacional do
petróleo. O Atlas do potencial eólico brasileiro, elaborado pelo Centro de
pesquisas de energia elétrica (CEPEL, 2017), constata um potencial bruto
de 143,5 GW, o que torna a energia eólica uma alternativa importante para
a diversificação da geração de eletricidade no país. Os maiores potenciais
identificados foram a região litoral do nordeste, o sul e o sudeste. O potencial
de energia anual para o nordeste é de cerca de 144,29 TWh/ano; para a região
sudeste, de 54,93 TWh/ano; e, para a região sul, de 41,11 TWh/ano.
Onda
A onda do mar é formada de acordo com o vento, sendo o tamanho da onda
variável, de acordo com a velocidade do vento e sua permanência.
Atualmente, é possível gerar energia através do que pode ser descrito como
uma “cobra articulada” em linha reta, dentro do oceano. À medida que as ondas
percorrem o seu comprimento (uma tecnologia chamada de pelamis), esse
movimento aciona geradores de eletricidade; assim, a energia é posteriormente
recolhida por um cabo submarino e encaminhada para a terra.
A maior vantagem dessa fonte de energia é que se faz uso de uma energia
renovável, sem gerar qualquer tipo de poluição. Os pontos negativos que se
salientam são que tal processo não possui alto potencial de geração de energia
e, além disso, chega a atrapalhar navegações.
123
Solo
eDFDPDGDVXSHU¿FLDOGDFURVWDWHUUHVWUHFRQVWLWXtGRSRUSDUWtFXODVPLQHUDLV
matéria orgânica, água, ar e organismos vivos (Figura 2c). É onde vivemos,
a superfície em que pisamos. O solo proporciona o cultivo de outros recursos
necessários para a sobrevivência humana, como, por exemplo, os alimentos.
A formação do solo é um processo de milhões de anos, pois resulta da
fragmentação de rochas pelos processos de modificação, pelas ações do vento,
da chuva, da água, do calor e de microrganismos. Sendo assim, muitos autores
definem o solo como um recurso não renovável, e, de fato, muitos são os pro-
blemas de perda de solo ligadas principalmente às atividades de mineração ou
de agricultura. Por outro lado, os maiores problemas com o recurso solo são
oriundos de substâncias tóxicas, que acabam inutilizando uma determinada
área para atividade humana. Nesse sentido, não ocorre perda de solo, mas
este se torna inutilizável, assim como ocorre com o recurso da água, por isso
outros autores definem o solo como um recurso renovável. De qualquer forma,
o solo considerado bom, em perfeito estado de conservação, abriga muitas
espécies de animais e de plantas. Cabe lembrar que a fertilidade do solo é
resultado da decomposição de matéria orgânica, como folhas, galhos, troncos
e resíduos animais. Dessa forma, os solos podem ser tanto férteis quanto
inférteis, dependendo da disponibilidade de degradação. Outros fatores que
interferem na composição do solo são a rocha de origem e a disponibilidade
de matéria orgânica.
Seres vivos
Ao retomar o conceito de recursos naturais, referente a todos aqueles ele-
mentos disponibilizados pela natureza que podem ser utilizados pelos seres
humanos, destaca-se que os seres vivos também fazem parte desse conceito.
Há diferentes formas de aproveitar os recursos naturais disponíveis, sem que
as futuras gerações sejam comprometidas, tais como a prática da agricultura,
da caça e da pesca.
É importante identificar e conhecer profundamente os limites de uso dos re-
cursos, para que no futuro próximo não tenhamos problemas de disponibilidade.
124
No passado, os seres humanos mantinham uma relação
de equilíbrio com a natureza, porém, com o passar do
tempo, foram desenvolvidas técnicas que permitiram
maiores transformações, gerando danos tanto ao meio
ambiente quanto aos próprios seres humanos. A agricul-
tura se constituiu no período neolítico, formando as bases
estruturais para que se firmassem as primeiras civilizações.
Existem diferentes formas de usar os recursos naturais,
tais como: a prática da agricultura, a caça, a pesca, o extra-
tivismo mineral e vegetal, entre outras atividades socioeco-
nômicas. O importante é que haja um bom planejamento,
que não comprometa a qualidade e a disponibilidade de
consumo para as futuras gerações.
https://goo.gl/jeV6Xs
https://goo.gl/46q5Oo
125
Conhecendo os desafios no gerenciamento dos
recursos naturais não renováveis
8PGRVPDLRUHVGHVD¿RVQRJHUHQFLDPHQWRGRVUHFXUVRVQDWXUDLVQmRUHQRYi-
veis é conseguir praticar uma gestão sustentável, tendo a efetiva participação
dos diversos atores sociais em cada etapa do processo de tomada de decisão.
O conceito de desenvolvimento sustentável se disseminou pelo fato de
termos alcançado certo nível de consciência da sociedade sobre a importância
da preservação ambiental para a manutenção, não só da qualidade de vida,
mas da vida em si.
Dessa forma, pelos impactos ocasionados e, principalmente, pelas conse-
quências geradas, as questões ambientais passaram a receber maior atenção.
Apesar disso, é necessário que as discussões a respeito da sustentabilidade
e da gestão sustentável continuem ganhando espaço, visando sua compreen-
são por todos. Somente por esse alinhamento teremos um desenvolvimento
sustentável, através de um processo de mudança social compatível com as
necessidades sociais e a qualidade ambiental.
Uma boa gestão desenvolve alternativas limpas, tendo, assim, o desafio
de proporcionar energia limpa e barata, pois possibilita um desenvolvimento
não prejudicial ao meio ambiente. Essa não é uma tarefa fácil.
O crescimento populacional fez com que buscássemos alternativas para
melhor gerir nossos recursos, considerando que, mesmo os renováveis, podem
sofrer impactos pelo mau uso, comprometendo sua qualidade. As alternativas
chamadas “limpas” são eficientes, garantindo um futuro sustentável.
Apesar de termos evoluído consideravelmente em algumas áreas da so-
ciedade, o ser humano enfrenta dificuldades para solucionar os problemas
ocasionados pela superpopulação, ainda em crescimento rápido, o que com-
prometem a própria sobrevivência humana.
A superpopulação (Figura 3a) demanda mais recursos naturais, por isso
é preciso entender as causas: para que se possa encontrar alternativas de mi-
nimizar os impactos e, assim, perceber as possibilidades de resolução. Uma
das causas da superpopulação é a redução no índice de mortalidade, através
das campanhas de saúde e de vacinação. É compreensível a necessidade de se
controlar a taxa de natalidade, especialmente em países pobres; caso contrário,
haverá graves consequências relacionadas aos recursos naturais.
126
(a) (b)
Figura 3. (a) Cidade superpopulosa. (b) Uma das consequências do crescimento desor-
denado: enchentes.
Fonte: Pavel Vakhrushev e DIIMSA Researcher/Shutterstock.com.
127
A gestão sustentável garante a conservação dos recursos naturais, trazendo
indicadores que possibilitarão o desenvolvimento econômico, sem comprometer
a qualidade de vida futura, mantendo, pelo menos, as mesmas condições de
disponibilização dos recursos naturais.
Reforçamos que, se continuarmos gestando da mesma forma, não obte-
remos novos resultados: o desafio é encontrar novas formas de gestão, em
que todos participem efetivamente. Unindo forças, obteremos resultados de
forma mais rápida e eficiente. Nosso planeta não pode esperar, precisamos
agir agora, ontem e sempre.
Pensando em resultados, é necessário desenvolver ações para que a popu-
lação entenda e assuma a responsabilidade de fazer.
A relação do ser humano com a natureza, no decorrer do tempo, sofreu
alterações que trouxeram riscos ao meio ambiente. Os novos desafios consistem
em explorar a natureza de forma responsável e sustentável.
O desenvolvimento sustentável deve garantir a proteção do meio ambiente,
como parte integrante do processo de desenvolvimento, não podendo ser con-
siderado de forma isolada, mas sim integrada à vida humana. Dependemos de
um meio natural saudável e de qualidade. É preciso perceber a complexidade
ambiental, e essa relação direta entre qualidade e sobrevivência. Dessa forma,
parece ser possível afirmar que não pode existir desenvolvimento que não seja
sustentável — eis o nosso grande desafio.
Dados apresentados pela Organização das Nações Unidas (2006) mostram que 50%
da taxa de doenças e de mortalidade nos países em desenvolvimento ocorrem por
falta de água ou por sua contaminação. Nesses países, para cada 1.000 litros de água
utilizados, outros 10 mil são poluídos, e 1,1 bilhão de pessoas em todo o mundo não
têm acesso à água potável (LIRA; CÂNDIDO, 2013).
128
Energia eólica, nuclear,
solar, geotérmica e hídrica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A produção inicial de energia elétrica era fundamentada basicamente
em processos de queima de combustíveis fósseis e aproveitamento
de potencial hídrico. O cenário ambiental passou a apresentar as
consequências da exploração indiscriminada desse método de trans-
formação na forma de chuvas ácidas, problemas respiratórios na popu-
lação e aquecimento global. Com isso, a comunidade científica passou
a alertar a população, criando um senso de urgência na solução dessa
questão, que evidencia riscos para o macro e microambiente da terra e
nossa população.
Líderes governamentais se uniram aos esforços contra a poluição,
incentivando empresários e usuários a adotarem medidas de controle
de emissão de poluentes e legislando contra quem desconsiderar os
efeitos desses rejeitos. Para que você possa se tornar mais consciente,
esse capítulo vai apresentar as diferenças entre alguns tipos de geração
de energia, determinando e relacionando os conceitos de aspectos
ambientais relevantes, o que deve permitir uma compreensão do uso e
da aplicação da produção das energias renováveis envolvidas.
Neste capítulo, você vai estudar sobre fontes alternativas de geração
de energia elétrica, que vem ganhando importância, gradualmente,
e exigindo maior disponibilidade e confiabilidade dos sistemas de
129
produção. Assim, você conhecerá a diferença entre energia eólica,
nuclear, solar, geotérmica e hídrica, analisando os seus aspectos am-
bientais e o seu uso.
130
órbita de translação e rotação. A variação de temperatura acaba por causar
o deslocamento de massas de ar, que podem ser aproveitadas para a movi-
mentação das pás de moinhos. A geração de energia elétrica por meio da
movimentação das massas de ar ocorre pelo acoplamento do eixo das turbinas
a geradores de eletricidade (Figura 3).
131
A transformação da energia nas hidrelétricas ocorre, então, a partir do
mesmo princípio físico que a energia eólica. O processo é dependente do
gerador, que usa a variação do campo magnético impressa às pás para alcançar
a indução eletromagnética pela variação do fluxo.
132
Geração de energia geotérmica
A energia geotérmica (Figura 3) está amplamente disponível no mundo e
é largamente utilizada para geração de energia elétrica ou aclimatação de
ambientes. Essa energia é limpa (sem emissão de gases nocivos), segura e
FRQ¿iYHO UHQRYiYHOHVXVWHQWiYHO HSRGHWHUXPSDSHOLPSRUWDQWHHPDWHQGHU
aos requisitos mundiais de energia (OZTURK; YUKSEL, 2016). Um dos
pontos mais importantes a respeito dela é que, ao contrário das outras fontes
renováveis (solar e eólica), é possível obter energia constante dessa fonte
(BALTA; DINCER; HEPBALSI, 2009).
A energia geotérmica é obtida por meio de perfurações com profundidade
suficiente para alcançar água aquecida ou por aparições naturais (gêiseres).
A água aquecida libera vapor, que pode ser utilizado para movimentar uma
turbina acoplada a um gerador, assim como nos processos de geração eólica,
hídrica e nuclear vistos anteriormente.
133
Geração de energia solar
A energia solar vem sendo explorada de duas formas: por meio do efeito
fotovoltaico (Figura 4) ou de concentração (Figura 5). O efeito fotovoltaico
é capaz de converter a energia solar diretamente em energia elétrica. A luz
absorvida excita os elétrons do material a um estado mais elevado de energia,
gerando o potencial elétrico.
134
Geração de energia: aspectos ambientais
A energia elétrica nada mais é do que um potencial capaz de realizar trabalho.
Ela é gerada por meio da transformação de outros tipos de energia (química,
calor, mecânica, fotoelétrica) em potencial elétrico. A energia das reações
TXtPLFDVGH¿VVmRSRUH[HPSORpXWLOL]DGDSDUDFDXVDURDTXHFLPHQWRGD
água do reator, que movimenta uma turbina acoplada a um gerador elétrico.
7RGRVHVVHVSURFHVVRVQRHQWDQWRSRGHPLQÀXHQFLDUHLPSDFWDURDPELHQWH
no qual estão inseridos.
Agora que você já identificou as características que diferenciam os tipos de
geração de energia, é relevante avaliarmos como essas tecnologias se relacio-
nam com o ambiente no qual são inseridas, com seus entornos. Para tal, vamos
nos utilizar dos conceitos definidos pela ISO (International Organization for
Standards, Organização Internacional Para Padronização), que define, por
meio da Sério ISO 14000, os conceitos de aspectos e impactos ambientais.
Essa norma foi adotada como referência pela ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), sendo um dos requisitos para reconhecimento de sistemas
de gestão ambiental de referência.
135
Aspectos da geração de energia eólica
Quais seriam os aspectos dessa tecnologia que são capazes de gerar impactos
ambientais? A energia eólica, à primeira vista, aparenta não ter aspectos negati-
vos, sendo frequentemente defendida como fonte limpa de eletricidade. Quando
utilizamos um exemplo comparativo, como a energia térmica obtida pela queima
de combustíveis fósseis, podemos assumir automaticamente que não existe a
possibilidade de geração de impacto ambiental quando se utiliza essa tecnologia.
9DPRVREVHUYDUDWHQWDPHQWHHVVDTXHVWmRHFKHJDUDXPDFRQFOXVmRPDLVUH¿QDGD"
A energia eólica é produzida em grande escala em parques eólicos, nos
quais geralmente uma grande área é desapropriada ou destinada a conviver
em “harmonia” com os aerogeradores (Figura 6). Um aspecto relevante é o
ruído gerado, que pode ser fonte de estresse – já se conhece a correlação entre
estresse e doenças (GOHLKE; HRYNKOW; PORTIER, 2008). Um estudo
preliminar identificou que um rebanho de gado situado a uma distância de 50
metros do aerogeradores desenvolveu menor peso corporal e maiores índices
de hormônio do estresse quando comparado a outro rebanho situado a 500
metros da fonte de ruído (MIKOLAJCZKAK et al., 2013).
136
Além disso, pode-se avaliar como as turbinas influenciam a fauna e flora
local. Como as aves lidam com esses enormes dispositivos? A organização The
Wildlife Society disponibilizou estudos que relacionam esse aspecto ambiental
com a morte (impacto) de aves e morcegos. Além disso, existem estudos
sugerindo que apenas o levantamento do número de mortes causadas pelas
turbinas não é suficiente para avaliar o impacto e sugerem novos aspectos a
serem relacionados, como a redução de índices de reprodução (SOVACOOL,
2013). Foram relatados alguns casos nos quais incêndios nas turbinas não
puderam ser controlados devido à dificuldade em alcançar o topo da turbina,
o que resulta em possíveis emissões de gases poluentes.
137
Até então foram avaliados os aspectos operacionais das hidrelétricas,
mas haveria outros aspectos relevantes? O processo de construção das usinas
envolve emissão de gases do efeito estufa, assim como a alagação, em caso
de regiões tropicais, que leva à decomposição de matéria orgânica, emitindo
dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).
Visite o site da Exelon e conheça mais sobre a tecnologia nuclear empregada com
esse nível de segurança.
https://goo.gl/19EoYk
138
Aspectos da geração de energia geotérmica
$HQHUJLDJHRWpUPLFDpFRQVLGHUDGDXPDHQHUJLDOLPSDPDVMiLGHQWL¿FDPRV
que os processos, como um todo, têm aspectos ambientais marcantes. Durante
o período de construção das instalações, existem efeitos de compactação e
contaminação da terra, além de movimento do solo para construção de dutos,
usinas e outros prédios (BROWN; DEKAY, 2009).
Durante a operação, é possível que haja indução sísmica nos entornos
da usina. A retirada de líquido do lençol freático pode levar à formação ou
ao crescimento acelerado de uma camada de vapor, e esse processo pode
induzir explosões que, no passado, já foram causa de morte. Em locais onde
o solo seja pouco rochoso, isto é, que apresente uma estrutura com pouca
resistência mecânica, a retirada de fluidos pode gerar desmoronamento e
afundamento de terras. Também se considera o impacto visual da instalação
da usina, assim como nas outras tecnologias de geração apresentadas. A
operação dos poços sem isolação acústica pode gerar ruídos de até 120 dB.
O ruído da primeira descarga do poço pode ser audível a vários quilômetros
de distância e a operação pode afetar aves e animais no entorno, assim
como a vizinhança. A poluição por químicos do ambiente é uma possibili-
dade decorrente do vapor. Os resíduos líquidos podem conter resíduos de
elementos químicos, como sulfato de hidrogênio, arsênico, boro, mercúrio,
e metais pesados, como chumbo. O método mais efetivo de disposição
desses resíduos é o seu retorno para o lençol, garantindo que estejam em
profundidade adequada para evitar a contaminação de águas próprias para
consumo (ARMANNSSON et al., 2000).
Os elementos mencionados anteriormente podem causar impacto na qua-
lidade do ar. A maior preocupação ocorre com a disposição do sulfato de
hidrogênio, que pode ser oxidado e liberado em forma de dióxido de enxofre,
gás conhecido pelo efeito das chuvas ácidas.
139
As plantas de geração solar de energia elétrica estão entre as formas de
geração que mais consomem energia (solar de concentração), consumindo
menos água apenas do que as usinas, que funcionam à base de combus-
tíveis fosseis e que exigem métodos de captura de carbono (BRACKEN
et al., 2015).
A produção dos painéis fotovoltaicos exige a dopagem do semicondutor
com cádmio (Cd), metal pesado e cumulativo na cadeia alimentar (WERNER
et al. 2011). Com um processo adequado de reciclagem dos painéis e controle
das emissões no processo produtivo, é possível atingir emissões da ordem de
03-0,9 ug/kWh. Nos painéis de silício cristalino, a substancia utilizada para
a solda contém chumbo (Pb). Além disso, a pasta utilizada para impressão na
tela dos contatos contém vestígios de chumbo e cádmio.
140
das Nações Unidas e sediada na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, dando
continuação à Conferência de Estocolmo, realizada em 1972. Esses encon-
tros objetivavam a identificação de medidas que diminuíssem a degradação
ambiental impressa pelos processos de desenvolvimento e, portanto, a criação
de propostas para que as economias se desenvolvessem de forma sustentável.
O principal resultado da Conferência foi a Agenda 21, que sugere um novo
padrão de desenvolvimento ambientalmente racional. O documento foi divido
em quatro seções principais, que abordam os temas de dimensões econômicas
e sociais, conservação e questão dos recursos para o desenvolvimento, revisão
dos instrumentos necessários para a execução das ações e aceitação do formato
e conteúdo da agenda.
Em 1997, foi redigido o Protocolo de Kyoto, tratado internacional entre
os países integrantes das Nações Unidas. De acordo com o tratado, as nações
desenvolvidas se comprometeram em reduzir em 5,2% a emissão de gases
do efeito estufa em relação aos níveis de referência de 1990. Para que essas
metas fossem viáveis, foram levantadas as diretrizes básicas de reforma dos
setores de energia e transporte, uso de fontes de energia renovável, limitação
das emissões de metano nos sistemas de gerenciamento de resíduos e siste-
mas de geração de energia, proteção dos sumidouros de carbono (florestas,
corais) e revisão de mecanismos financeiros e de mercado inapropriados à
implementação da convenção.
A conscientização pública e política de que os processos de industriali-
zação e desenvolvimento estavam afetando a qualidade de vida (nesse caso,
negativamente) e o macroambiente no qual vivemos, deu origem às discussões
a respeito de sustentabilidade e motivou o incentivo, por parte do Estado, do
desenvolvimento das energias sustentáveis.
A Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) publicou um
gráfico (Figura 7) da evolução mundial das energias renováveis e identificou
que a capacidade instalada, mundialmente, atingiu um aumento de 8,3%
em 2015, totalizando 153 GW de energia limpa, maior crescimento dentro
do período do estudo (2001-2015). Ainda considerando dados do estudo da
agência, é possível identificar que, dentre as energias renováveis, a hídrica
continua a ser a com maior representatividade, com 61% da produção. O
panorama das energias renováveis no Brasil (Figura 8) apresenta o forte
avanço dos biocombustíveis, representando um volume maior de energia
que o gerado por fontes hídricas — esse valor, no entanto, remete à toda
energia (potência) gerada, não apenas a elétrica.
141
Figura 7. Evolução das energias renováveis.
Fonte: IRENA (2015 apud NORD ELECTRIC, 2016, documento on-line).
142
Proinfa, foram realizados leilões específicos, como o LFA (Leilão de Fontes
Alternativas) e o LER (Leilão de Energia de Reserva), a partir de 2007.
Para motivar os investidores, o governo brasileiro, por meio do Ministério
de Integração Nacional, lançou, em 2018, um programa de financiamento
para microgeração solar. O programa destinou R$ 3,2 bilhões para auxílio à
instalação de painéis solares em residências e estabelecimentos comerciais
(disponível nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste). Uma das principais
características da implantação da energia solar é o alto custo inicial, o que
pode impedir que pequenas centrais geradoras sejam instaladas. A ideia do
Governo Federal é que, com acesso ao crédito, a população possa adotar esses
sistemas, contribuindo com a redução de emissão de gases do efeito estufa e
com a geração distribuída de energia.
A produção independente de energia por consumidores pode ser integrada
ao fornecimento da distribuidora com a remuneração em forma de crédito. O
Programa de Geração Distribuída (ProGD) aumentou o prazo de utilização dos
créditos adquiridos dessa forma para 5 anos. Além disso, criou a possibilidade
da utilização de créditos para compensação de faturas de imóveis de mesma
titularidade, mas endereço diferente da instalação geradora. O programa garante
a isenção de ICMS e PIS/COFINS sobre o saldo não compensado de energia
recebida da distribuidora, estabelecendo tarifas diferenciadas para projetos de
eficiência energética e de geração distribuída de hospitais e escolas públicas.
Com essas medidas, foi implementado um projeto piloto nas usinas de So-
bradinho (BA) e Balbina (AM) que visa o aproveitamento da área alagada para
instalação de painéis fotovoltaicos flutuantes (Figura 9). O projeto vai coletar
informações para futuros investimentos e deve acontecer de 2016 até 2019.
143
Os Estados Unidos são um dos maiores emissores de gases do efeito estufa
(GHG, sigla de greenhouse gases) (Figura 10). Até ao ano de 2014, as energias
renováveis (eólica, solar, hídrica, biomassa e geotérmica) representavam ape-
nas 13% do total — sendo a hídrica responsável por 48%, segundo a Energy
Information Administration.
144