Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

PMI3021 - Técnicas de Caracterização de Materiais - 2023

Turma: Terça

Caio Vieira Bella - 13642585


Felipe Gonçalves Freitas - 13685513
Gabriel Leandro Santiago -13685385
Mario Alves de Lima Neto -13685405
Mateus Dessimoni - 13837769

Professor: Prof. Dra. Carina Ulsen

SÃO PAULO
2023
Introdução
A mineralogia aplicada ao beneficiamento de minério é uma vertente tradicional e
clássica da mineralogia. Seu foco reside no entendimento das características primordiais
dos minerais presentes em amostras representativas de minério bruto, obtidas a partir de
fragmentos de rochas ou de produtos granulares representativos. Esse procedimento
fornece informações essenciais que auxiliam os engenheiros de processos na otimização e
desenvolvimento das técnicas de beneficiamento mineral, especialmente para fins
metalúrgicos.
Embora os relatórios das pesquisas geológicas, abrangendo aspectos dentro da
mineração, oferecem valiosas informações sobre um depósito mineral, nem sempre são
diretamente aplicáveis ao processo de beneficiamento. Portanto, é crucial que as
informações obtidas nos estudos de mineralogia aplicada não se restrinjam apenas à
identificação dos constituintes da amostra, mas inclui avaliações quantitativas ou
semiquantitativas desses constituintes. Esses estudos mineralógicos devem ser conduzidos
com base em métodos de separação e concentração, visando aprimorar a recuperação dos
minerais de valor.
É importante destacar que os minérios frequentemente exibem características e
peculiaridades distintas, o que significa que os processos tecnológicos eficazes para um
determinado tipo de minério podem não ser igualmente eficientes para um minério
semelhante. Portanto, é fundamental reconhecer que em um depósito mineral específico
podem ocorrer variações e alterações nas características dos minerais e nas condições
ambientais.

Análises
Devido à natureza da matéria-prima que compõe o minério e ao desejo de realizar
uma caracterização mineralógica abrangente, é de suma importância direcionar maior
atenção aos estudos conduzidos com o microscópio óptico polarizante. Essas análises
possibilitam, mesmo em uma fase exploratória, uma representação precisa do
comportamento dos constituintes do minério no contexto do beneficiamento,
independentemente de se tratar de minerais de valor ou dos componentes que compõem a
ganga. Esse tipo de investigação se baseia principalmente na identificação das
propriedades ópticas fundamentais dos minerais, através do uso do microscópio óptico
polarizante.

Contexto
A extração de recursos naturais é importante para sociedade e traz diversos
benefícios, além do atendimento às necessidades humanas,a mineração desenvolve papéis
importantes na indústria,infraestrutura e exportação de um país, trazendo um crescimento
na economia e gerando empregos para a população.
Com base nesse conceito inicial da mineração, temos o alumínio, material usado
muito no nosso cotidiano, ele está presente em aviões, barcos, automóveis, janelas e
divisórias de portas, embalagens e etc.
E a produção do alumínio começa com a sua matéria prima, bauxita (tipo de solo
argiloso encontrado abaixo da linha do equador). A bauxita é uma substância naturalmente
encontrada na natureza e consiste em um material altamente heterogêneo, principalmente
composto por um ou mais hidróxidos de alumínio. A extração da bauxita é
predominantemente direcionada para a obtenção de alumina, que, por sua vez, é um
componente essencial na produção de alumínio metálico. De forma geral, é preciso o uso
de 4 toneladas de bauxita seca para gerar 2 toneladas de alumina, e essa quantidade de
alumina resulta na produção de 1 tonelada de alumínio (conforme informações do USGS).

Exportação de Bauxita (Brasil)


De acordo com os dados da ComexStat, os principais destinos das exportações de
minérios de alumínio abrangem os seguintes países: Canadá, Noruega, Islândia, Japão e
Estados Unidos. A maior parte desses minérios de alumínio é extraída na região da Serra
do Oriximiná, localizada no estado do Pará, área que é a principal fonte de produção de
minérios de alumínio no Brasil, contribuindo significativamente para a concentração desse
minério no país. A produção anual desse tipo de minério gira em torno de 17,4 milhões de
toneladas, estabelecendo o Brasil como o terceiro maior produtor global, ficando atrás da
China e da Rússia.
No cenário do comércio internacional, as exportações de metal e seus produtos
relacionados, como bauxita e alumina, representaram em média cerca de 2,5% das vendas
externas do Brasil (em termos de valor FOB). Dados do primeiro semestre de 2021: A
exportação de bauxita foi de quase 2,5 milhões de toneladas, com valor de US$ 86,3
milhões – crescimento de 20% em toneladas e redução de 1,5% em dólar.
Conforme dados apurados pela Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), as
exportações de minérios de alumínio contribuem com cerca de 1,2% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro. Por outro lado, essa indústria desempenha um papel mais substancial
no âmbito do PIB Industrial do país, com uma participação de aproximadamente 6,4%.
Importação de Bauxita
O Brasil não é conhecido por ser um grande importador de bauxita. Pelo contrário, o
Brasil figurava como um dos principais produtores globais de bauxita e, em geral, exportava
uma parte significativa de sua produção para atender à demanda internacional por alumina
e alumínio.
Materiais e Métodos
A análise química desempenha um papel fundamental em todas as áreas
relacionadas à pesquisa, produção e desenvolvimento. Ela pode ser de natureza qualitativa
ou quantitativa, sendo realizada por meio de métodos tradicionais, conhecidos como "Via
Úmida" ou por meio de técnicas instrumentais modernas. Embora a análise química seja de
responsabilidade dos químicos, os engenheiros que utilizam laboratórios químicos devem
possuir algum conhecimento na área para solicitar análises de forma eficaz.
Até a década de 1950, as análises químicas baseadas apenas na "Via Úmida" eram
demoradas e dispendiosas. No entanto, desde então, foram desenvolvidos equipamentos
analíticos que oferecem maior eficiência e precisão aos laboratórios químicos.
Há três principais áreas de aplicação da análise química:
1. Na produção industrial e controle de qualidade, as técnicas instrumentais, como a
Fluorescência de Raios X (FRX), desempenham um papel essencial. O FRX é amplamente
utilizado para monitoramento da produção, controle de qualidade de matérias-primas e
pesquisa de novos materiais.
2. Na indústria cimenteira, análises químicas desempenham um papel crucial no
controle de processos, qualidade de matérias-primas e produtos. O FRX é especialmente
adequado para reduzir os custos de produção e o consumo de energia.
3. Na metalurgia, a análise química rápida e precisa é vital para o ajuste de fornos e
a obtenção de produtos de alta qualidade. As técnicas de Espectrografia Óptica e FRX são
valiosas nesse contexto.
A análise química é fundamental na petroquímica, indústria cerâmica, mineração e
reciclagem de materiais. As análises químicas podem ser conduzidas de forma qualitativa,
observando reações como dissolução em ácidos, cores de chama, ou precipitação de íons
cátions e ânions. Esses métodos, embora às vezes trabalhosos, continuam sendo
necessários em muitas empresas, seja pela falta de alternativas, pela calibração de
equipamentos ou pela substituição temporária de instrumentação.
Os materiais utilizados neste estudo foram:
● Amostra de material a ser caracterizado
● Equipamento de difração de raios X (DRX)
● Equipamento de microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Métodos
Difração de raios X
A difração de raios X é uma técnica de caracterização de materiais que utiliza a
interação de raios X com a amostra para determinar a sua estrutura cristalina. Os raios X
são produzidos em uma fonte e direcionados para a amostra. Ao interagirem com a
amostra, os raios X são espalhados em todas as direções. Os raios X espalhados são então
coletados por um detector e analisados. Além disso, é uma técnica não-destrutiva que pode
ser utilizada para caracterizar uma ampla variedade de materiais, incluindo sólidos, líquidos
e gases. É uma técnica muito sensível, capaz de detectar a presença de pequenas
quantidades de diferentes fases.
Objetivos da DRX:
● Identificar as fases presentes na amostra
● Determinar a estrutura cristalina das fases presentes na amostra
● Determinar as propriedades físicas da amostra, como tamanho de grão, orientação
dos grãos e densidade
Microscopia eletrônica de varredura
A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é uma técnica de microscopia que
utiliza um feixe de elétrons para obter imagens da superfície da amostra. O feixe de elétrons
é focalizado em uma pequena área da amostra e os elétrons espalhados são coletados por
um detector. As imagens obtidas pelo MEV podem ser utilizadas para observar a
morfologia, a composição química e a estrutura da superfície da amostra.
Objetivos do MEV:
● Observar a morfologia da amostra
● Determinar a composição química da amostra
● Observar a estrutura da superfície da amostra

Avaliação dos métodos


A DRX e o MEV são métodos complementares que fornecem informações valiosas
sobre a estrutura e a composição de materiais. A DRX é uma técnica não-destrutiva e muito
sensível, enquanto o MEV é uma técnica que permite a observação da morfologia da
amostra em alta resolução.
A análise da bauxita, um minério de alumínio, envolve várias metodologias e
métodos específicos para determinar sua composição e qualidade. Aqui estão alguns dos
métodos comuns usados para analisar a bauxita:
● Análise visual e macroscópica: uma observação visual para avaliar características
como cor, textura e impurezas visíveis.
● Testes de dureza: para determinar a resistência ao risco da bauxita.
● Microscopia: microscópios ópticos ou eletrônicos para examinar a estrutura
microscópica da bauxita.
● Espectroscopia de infravermelho: usada para identificar os minerais presentes na
bauxita com base em suas assinaturas espectrais.
● Difração de raios-X: determina a estrutura cristalina dos minerais presentes na
bauxita, o que pode ajudar na identificação de fases como gibbsita, boehmita e
diásporo.
● Análise química: análises químicas para determinar a composição química da
bauxita, incluindo a concentração de alumínio, sílica, ferro e outras impurezas. A
técnica de fluorescência de raios-X é comumente usada para isso.
● Análise mineralógica: uso de técnicas como a difração de raios-X, a microscopia
eletrônica de varredura (SEM) e a microanálise por EDS (Espectroscopia de Energia
Dispersiva) para identificar os minerais acessórios na bauxita.
● Ensaios de lixiviação: avalia a eficiência da extração de alumínio da bauxita, podem
ser realizados ensaios de lixiviação em laboratório.
● Avaliação do teor de alumínio: o teor de alumínio é uma das características mais
críticas da bauxita. Pode ser determinado através de métodos químicos, como a
titulação.
Pode-se concluir então que a análise completa da bauxita envolve uma combinação
desses métodos para fornecer informações sobre sua composição mineralógica, pureza e
viabilidade para processamento de alumínio. Essas análises são essenciais para a indústria
de alumínio, que depende da qualidade da bauxita como matéria-prima.

Análise dos Resultados

Para dar início às análises foi feita uma difratomia de raios X. A partir dela,
recebemos as amostras 1 e 3 para estudarmos:

Além disso, nós também recebemos as fichas de DRX de vários elementos, e a


partir delas pudemos fazer correlações com os resultados obtidos pela difratometria das
amostras.
As amostras 1 e 3 possuem os seguintes teores, que tinham sido descobertos a
partir da análise química:
Com tudo isso, chegamos a conclusão que as amostras 1 e 3 possuem diferentes
concentrações dos materiais:
A amostra 1 possui uma alta concentração de Gipsita e Hematita e uma razoável
concentração de Caulinita. Ao mesmo tempo, a amostra 3 possui uma alta concentração de
Gibsita e Caulinita, uma razoável concentração de Goethita e Hematita e uma baixa
concentração de Quartzo e Rutilo.
Essas conclusões fazem muito sentido se analisarmos os teores descobertos a partir
da análise da química:
É nítido que a amostra 1 possui uma concentração razoável de Alumina Aproveitável
e uma baixa concentração de Sílica Reativa. Ao contrário dela, a amostra 3 possui uma boa
porcentagem de Alumina Aproveitável, contudo, também possui uma quantidade
considerável de Sílica Reativa. Além disso, a concentração de Ferro na amostra 3 é bem
baixa se comparada com a 1, explicando o porque as porcentagens dos elementos que
possuem Ferro mudam tanto entre as amostras.
Sendo assim, é possível indicar e quantificar os minerais presentes na amostra,
pois, a partir da análise química é possível saber a porcentagem de cada elemento químico
presente na amostra, e a partir da difratomia é possível saber qual mineral está presente em
mais ou menos abundância nas amostras.
Dando continuidade na análise, foi feita a leitura dos fragmentos de rochas
observados a seguir, em que foi possível identificar alguns elementos químicos e minerais
presentes nessas imagens. Isso por meio da utilização da tabela de linhas de emissão de
raios X característico, após observações ao microscópio eletrônico de varredura (MEV).
Na primeira imagem, foi possível identificar a
presença de oxigênio, alumínio e ferro,
assim como os minerais hematita ou
goethita, sendo no primeiro caso a
possibilidade de contaminação da amostra
de hematita/goetita com alumínio.
Já no segundo fragmento (da esquerda para
direita, de cima para baixo), foi identificado oxigênio, alumínio, ferro, silício e titânio e como
minerais a gibbsita e caulinita. Este, por sinal, foi exatamente o mesmo resultado da análise
do terceiro fragmento. Vale considerar também que os dois casos apresentam possibilidade
de contaminação por titânio e ferro em suas amostras, isso se deve ao pequeno teor desses
elementos e é relativo, sendo que depende do lugar onde análise foi feita no material.
A quarta imagem apresenta os elementos oxigênio, alumínio, ferro, silício e titânio e
os minerais gibbsita, caulinita e quartzo. Apesar de parecido com os casos anteriores, esta
análise contou com uma análise em que apareciam apenas elementos referentes ao
quartzo, o que pode levar à conclusão que o mineral está presente.
Por fim, na última imagem foram identificados o oxigênio, alumínio, silício, titânio e
ferro e apenas um mineral, o rutilo.

Conclusão
Após expor os resultados e relacionar os resultados, é perceptível que as técnicas
de análise possuem limitações, como por exemplo o que ocorreu no nosso caso, que foi a
incerteza em indicar o mineral presente, como no primeiro fragmento, gerando dúvidas
entre hematita e goetita. Além disso, possui baixa sensibilidade por elementos mais leves
que o Na, possui interferência na matriz (a presença de outros elementos e compostos
podem interferir na análise).
No mais, a experiência foi muito enriquecedora para a nossa formação, uma vez que
pudemos ter contato direto com métodos analíticos utilizados no dia a dia dos engenheiros
de minas e petróleo, além de podermos ver tecnologias de última geração em
funcionamento no nosso próprio departamento.

Você também pode gostar