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NOVELA MEXICANA
Esquete cômico
de
Luis Alberto de Abreu
CENA ÚNICA
2
SANDRA Alberto Augusto Esteban? Será você mesmo? Só pode
ser. Não existem duas pessoas chamadas Alberto Augus-
to Esteban no mundo! Sou eu, Sandra Antonia.
ABRAÇAM-SE.
SANDRA Quem?
SANDRA Víbora! Víbora! Víbora! Mas como o senhor está aqui vi-
vo?
SANDRA Não me fale em trator! Até hoje parece que ainda hoje ve-
jo a imagem daquela doce velhinha meio cega e surda
sendo atropelada por um trator de esteira sem controle a
vinte por hora.
3
SANDRA A velha não corria nem a cinco. Pela janela eu vi a esteira
do trator passando sobre ela. Vovó ficou no asfalto, toda
fatiada em porções de um quilo e meio.
SANDRA Ah, você não sabe. Minha vida não foi nada fácil. O maldi-
to Júlio me mandou para lá.
ALBERTO Que é que tem o meu melhor amigo Júlio a ver com isso?
ALBERTO Mas ela era rica, tinha ações das minhas empresas.
SANDRA Ele não teve alternativa. Foi chantageado pela Pilar por
causa do desfalque que o Antonio, filho dele, deu na em-
presa.
ALBERTO Morreu!
SANDRA Descansou!
SANDRA É melhor eu contar o lote todo de uma vez! Seu pai não
reconhece mais ninguém e está internado no Juqueri. Sua
velha ama, ameaçada de ser posta no olho da rua depois
de cinqüenta anos de trabalho sem registro em sua casa,
trocou a carta que lhe tinha sido confiada, com a confis-
são completa de Monteiro, seu procurador, por um apar-
tamento num cingapura. Seus amigos, os que não se
bandearam para o lado de Pilar, morreram. Menos o Sil-
vério. Este conseguiu se dar bem às próprias custas.
5
SANDRA Não... eu chego lá e espero.
SANDRA Transexual?
(DESCE)
FIM