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- episódio 5 -
(23.01.23)
RETROSPECTIVA: cenas da trama no episódio 1.
BALTHAZAR (CONT’D)
E é nela que eu quero me aferrar.
Não é em negócio de vingança. Minha
avó já morreu, mas eu sigo ouvindo
os conselhos dela, sussurrando no
meu ouvido.
(t)
Se eu soubesse que sua ajuda tinha
esse preço, não tinha aceitado. Mas
cada um sabe de si, também não
quero que você se ofenda porque eu
não quero te ajudar.
CASSIANO
Não... o que é isso? Não me ofendo
de jeito nenhum!
(t)
Na verdade eu fico até com inveja
de você.
(t)
Eu fiz tudo certo na minha vida,
Balthazar. E a gente é ensinado
assim, que se fizer tudo certo vem
o prêmio, vem a recompensa. Se
comer tudo, ganha sobremesa. Se
treinar muito, ganha a medalha...
Isso seria o justo. Mas quando eu
olho pra minha vida, eu vejo que a
Justiça não existe.
(t)
Uma pessoa como o Nestor não pode
se dar bem na vida... Pra mim é uma
questão de Justiça.
BALTHAZAR
Eu entendo...
CASSIANO
Mas não pense que eu vou abandonar
seu caso, porque você não quer me
ajudar.
BALTHAZAR
Não...?
CASSIANO
Claro que não. Eu comecei e vou com
você nessa até o final.
(t)
Está faltando justiça no mundo,
Balthazar, e o que eu puder fazer
pra melhor isso, eu vou fazer. Seja
melhorando a sua vida ou piorando a
vida do Nestor.
(MORE)
3.
CASSIANO (CONT’D)
(pega mil reais e dá pra
Balthazar)
Toma aqui, ó.
BALTHAZAR
O que é isso?
CASSIANO
Mil reais. Eu sei que é pouco pra
recomeçar a vida... Mas é o que eu
posso te dar e é melhor que nada.
BALTHAZAR
Eu nem sei o que dizer, Cassiano...
Olha, eu vou lhe pagar tudo isso de
volta, viu? E, não sendo pra essa
coisa de vingança, você conta
comigo, de verdade.
FERNANDO
Boto fé!
Fernando acena, sobe em sua moto e se afasta.
Balthazar, que estava em um canto, se revela. Larissa mal
acredita no que vê.
LARISSA
Balthazar... Eu não acredito!
Balthazar sorri. Emoção intensa. Larissa se aproxima dele. Os
dois ficam próximos, olhos nos olhos, até que Larissa abraça
Balthazar, emocionada.
LARISSA (CONT’D)
Eu não acredito que você está aqui.
BALTHAZAR
Nem eu.
LARISSA
Como você está?
BALTHAZAR
Eu estou bem.
BALTHAZAR (CONT’D)
Você está linda...
LARISSA
Você está... forte. Malhou foi?
Balthazar sorri doce, faz que sim - mas agora existe uma
tristeza dentro dele que não existia antes da prisão.
BALTHAZAR
E sua mãe?
LARISSA
Está bem.
(t)
Onde você está ficando?
BALTHAZAR
Aluguei um barraquinho no Sol
Nascente mesmo.
LARISSA
Alugou?
5.
BALTHAZAR
É, um amigo meu... meu advogado, na
verdade, ele me emprestou mil
reais.
LARISSA
E a casa da sua avó?
BALTHAZAR
Perdi. Foi pra leilão.
LARISSA
Não acredito...
BALTHAZAR
Mas sabe o que eu recuperei? A sua
bike!
LARISSA
Mentira!
BALTHAZAR
Sério! Vou dar um grau nela, e
deixar novinha pra te devolver.
LARISSA
Não precisa devolver, Baltha. Fica
com ela.
Larissa com dó dele, tenta não transparecer, sorri.
BALTHAZAR
Não precisa ficar com pena de mim
não, Crocância... Eu vou dar a
volta por cima, você vai ver!
LARISSA
(encantada)
Eu sei que você vai.
BALTHAZAR
Muito esparrado esse contêiner. É
uma cooperativa de entregadores,
né?
LARISSA
É... Dá um trabalho da porra!
BALTHAZAR
Você é danada, né? Tem as manha,
disse que ia se livrar dos
aplicativos e se livrou mesmo. Eu
tenho muito orgulho de você.
6.
LARISSA
Que é isso, Baltha...?
BALTHAZAR
É verdade... E, ó, quando eu
comprar uma moto vou querer entrar
pra essa cooperativa, viu?
LARISSA
(ri de nervoso)
É?
BALTHAZAR
Que foi?
LARISSA
Ah... você sabe que eu estou com o
Túlio, né?
BALTHAZAR
Fiquei sabendo... Mas não estou
querendo entrar na cooperativa do
namoro não, só das entregas mesmo.
(gosta)
Que que pega, seu namorado tem
ciúmes de mim?
LARISSA
O Túlio não tem ciúmes de você, ele
morre de ciúmes.
BALTHAZAR
(olha pra ela com muita
paixão)
Que bom. Diz pra ele ficar esperto
mesmo, que eu tô na área.
LARISSA
(gosta, também é
apaixonada por ele)
Figura...
(fax menção de ir)
Eu tenho que ir. Como eu te acho?
Qual seu telefone?
BALTHAZAR
Estou sem telefone, por enquanto.
LARISSA
Nossa, sem telefone!?
BALTHAZAR
Mas eu vou resolver. Pode deixar
que eu apareço.
7.
BALTHAZAR
Entendi... Desculpa a insistência
aí, é que eu estou precisando
mesmo.
CAROLINA
Imagina! Queria poder ajudar...
Aliás, ó... por que você não volta
aí na semana que vem? Volta e
procura minha mãe, dona Júlia. Eu
vou falar de você pra ela.
BALTHAZAR
Obrigado, viu? Valeu mesmo!
Balthazar sai dali pedalando.
SENHORA (CONT’D)
O número é esse que está na fita
crepe. Fica pra você.
BALTHAZAR
A senhora vai me dar o celular?
SENHORA
Ah, hoje em dia a vida sem celular
não tem como! Ficamos tudo escravo
desse bichinho aí.
BALTHAZAR
Verdade, até pra arrumar trabalho é
difícil.
SENHORA
(dá 80 reais pra
Balthazar)
E aqui a diária.
BALTHAZAR
Não, não... que é isso? Deixa
primeiro eu ver se o celular está
funcionando. Se estiver, o serviço
de hoje está pago com sobra! Ainda
limpo esse quintal pra senhora mais
outra vez!
Pega a mão de Balthazar e bota o dinheiro dentro.
SENHORA
Aceite! Que besteira é essa? Eu vi
a trabalheira que foi isso aqui
hoje. E esse celular estava
sobrando aqui mesmo, sem uso. Todo
excesso é um tipo de furto, meu
filho. Pra quê eu vou ter dois
celulares?
LARISSA
(ri, gosta do elogio, mas
fica sem graça)
Tô nada... Tive um dia paia demais.
(MORE)
13.
LARISSA (CONT’D)
Um dos entregadores lá da
cooperativa caiu. Machucou feio.
BALTHAZAR
Nossa... muito grave?
LARISSA
Grave não, mas machucou.
BALTHAZAR
Se precisar de alguma ajuda, você
sabe que agora eu tô aqui.
Os dois se olham, são apaixonados. Celular de Balthazar apita
com uma mensagem.
BALTHAZAR (CONT’D)
Ih, acho que vai cair...
A ligação é desligada, mas Balthazar está contente, se deita,
satisfeito.
SILVANA (CONT’D)
Que foi?
BALTHAZAR
A senhora não está me reconhecendo?
Silvana se esforça, olha acuradamente para Balthazar.
SILVANA
Você que fazia a tosa da minha
cachorra lá no salão?
BALTHAZAR
Não. Eu fui entregador no
restaurante do seu pai...
(MORE)
15.
BALTHAZAR (CONT’D)
Eu sou a pessoa que você e o seu
marido mandaram pra prisão sete
anos atrás. Meu nome é Balthazar.
Silvana fica assustada.
Intervalo 1
SILVANA
não é isso, é que... Nestor, você
se lembra daquele rapaz que foi
preso pelo assalto lá no
restaurante do meu pai?
NESTOR
Claro, o marginalzinho... Foi preso
pelo assalto e depois ainda
descobriram que ele tinha matado
uma pessoa.
SILVANA
Então, Nestor, ele não fez nada
disso.
(t)
Hoje eu pedi um negócio no
aplicativo e acredita que foi esse
rapaz que veio fazer a entrega?
Parecia coisa do destino!
(t)
E sabe o que ele me disse? Que ele
foi inocentado dos dois crimes.
NESTOR
E você acreditou? Silvana... pelo
amor de deus! Acorda! Você não
devia nem ter ficado de conversa
com esse marginal.
SILVANA
Nestor, eu vi que ele estava
falando a verdade. A gente mandou
uma pessoa inocente pra cadeia! Ele
passou sete anos lá! E isso acabou
com a vida dele...
NESTOR
Esses “umbralzinhos” não têm nada
de inocente! Nasce tudo na beirada
do inferno, já. É uma questão de
tempo pra virar bandido.
SILVANA
Que horror! A gente acusou uma
pessoa inocente e você ainda fica
falando isso!
NESTOR
Quer o quê? Não fui eu que prendi
esse demente não, Silvana. Foi o
juiz, foi a Justiça. Eu só
reconheci o cara porque eu achei
que fosse ele!
(MORE)
18.
NESTOR (CONT’D)
Ah, pode ser que eu tenha me
enganado? Pode ser... Mas quem
nunca se enganou na vida? Errar é
humano. Agora, você quer o quê? Que
eu me sinta culpado?
SILVANA
Claro! Sentir culpa é o mínimo que
a gente pode fazer. É até um sinal
de bom caráter.
(t)
Pelo menos é sinal de que a gente
sabe que errou! A culpa é uma prova
de que a gente tem coração, Nestor.
(t)
E ainda te digo mais, eu acho que o
justo mesmo seria a gente ajudar
esse menino.
NESTOR
Ah, não começa, Silvana! Não vai
cavar essa falta pro nosso time.
SILVANA
Mas, Nestor, o rapaz perdeu a avó,
perdeu a casa, a namorada...
NESTOR
Ah tá, ele perdeu o castelo e a
Mercedes que ele tinha também? Faça-
me o favor...!
(t)
Olha aqui, Silvana, eu vou viajar.
Vou pra essa “recepção de trabalho”
com o deputado Olavo, lá em
Brasília. E você vai fazer o quê?
Vai ficar aqui quietinha, sem
inventar problema. Está me ouvindo?
Silvana oprimida. Nestor sai.
SILVANA (CONT’D)
Porque quando você ajuda a mandar
um inocente pra cadeia, fica
parecendo que você é uma pessoa má.
Silvana se emociona Geíza entende que o caso é com Silvana,
pela afetação dela. Silvana respira e disfarça.
GEÍZA
Mas de repente, a chance de fazer
alguma coisa é tudo que essa sua
amiga precisava, né?
SILVANA
É. Isso que eu acho também.
Geíza muda de assunto.
GEÍZA
Olha, dona Silvana, eu ainda não
agradeci direito, mas muito
obrigada mesmo por me abrir as
portas de novo, viu?
SILVANA
O que é isso, Geíza? Você fez
minhas unhas por mais de um ano. A
gente só parou porque você inventou
de morar com sua mãe de novo, mas
eu entendo... Mãe é mãe.
(t)
Minha filha mesmo, eu sou louca pra
ela voltar a morar comigo.
GEÍZA
Pois é, e minha mãe estava
precisando de ajuda mesmo.
JAYME
Mas vem cá, Nestor... Não tem
negócio de imprensa, essas coisas,
na festa não, né?
NESTOR
Jayme, a festa é só do primeiro
escalão. Tá doido? É de Olavo pra
cima! Mesmo que tivesse o risco de
vazar alguma coisa, com certeza,
não ia ser sobre a gente! Lá nós
dois somos figurantes.
JAYME
Maravilha! Eu já sou protagonista
na minha vida... O resto do tempo,
adoro ser figurante!
Os dois riem. Sinal fica verde, Carro se adianta, Balthazar
fica para trás pedalando a bike.
NESTOR
A gente vai encontrar com o
deputado na casa dele e de lá vamos
pra festa!
SILVANA (CONT’D)
Oi, Nestor, falei agora com a Maria
Eduarda, acho que ela já melhorou
da crise com a faculdade, disse que
está tudo bem, enfim. Você deve
estar na reunião, depois a gente
fala.
JAYME
Isso era tudo que eu estava
precisando, fartura!
NESTOR
(nega mais uma ligação de
Silvana)
A Silvana tá de brincadeira... A
mulher passa o dia inteiro falando
comigo ao vivo, quando que saio de
perto, ela quer falar pelo
telefone?
(t)
Nem o que é bom é assim!
OLAVO
Troca o carro dela, Nestor. Ou
então manda pra um SPA. Mulher
adora spa. Elas ficam um tempo
longe e ainda dão aquela
recauchutadinha...
Kellen se aproxima com Moema (22) e Luara (agora com 28), vão
direto em Olavo.
KELLEN
Boa noite, deputado. Como vai o
senhor?
OLAVO
Melhorando conforme a noite avança.
Você é a...?
24.
KELLEN
Kellen, dona da Las Primas... Uma
agência de viagens especializada em
passagens pro paraíso.
Olavo, Nestor e Jayme riem.
OLAVO
Bem que o Saboya já tinha me falado
de você, Kellen. E estou vendo que
ele não exagerou.
KELLEN
Claro que não. Tudo que o Saboya
falou é verdade, e ainda tem muito
mais que ele não contou.
(t)
Eu trabalho na zona da surpresa,
sabe, deputado?
(t)
Vou te apresentar minhas meninas
mais tops. Luara e Moema.
Olavo olha para Luara e para Moema.
KELLEN (CONT’D)
Vocês não vão dar boa noite pro
deputado?
LUARA / MOEMA
Boa noite...
OLAVO
(a parte para Jayme e
Nestor)
Eu vou logo lá em cima... Depois de
uma certa idade, a gente tem que
primeiro comer, pra depois beber.
OLAVO (CONT’D)
Vamos, Moema?
Olavo vai em direção às escadas com Moema. Nestor de olho em
Luara.
NESTOR
E a gente, pode querer também?
KELLEN
Claro, querido! Vocês estão aqui é
pra querer mesmo. Essa é Luara. E
eu tenho mais três meninas.
25.
NESTOR
Prazer, Luara... Luara tá ótima.
Nestor oferece a perna e Luara se senta no colo dele
sorridente profissional.
NESTOR (CONT’D)
Você é muito simpática.
LUARA
Obrigada.
JORDANA
Cadê o artista, benzinho!? Seu
único trabalho era esse! E você não
fez a única coisa que foi paga pra
fazer! É incompetência o nome
disso, docinho.
BALTHAZAR
Eu senti muita falta desse lugar.
LARISSA
Eu também. Nunca voltei aqui depois
da última vez que a gente veio,
antes de...
BALTHAZAR
Que bom! Nada de ficar trazendo
outro namoradinho aqui no nosso
canto.
LARISSA
Nem fala, o Túlio está...
(t)
Hoje eu falei que ia passar o dia
com minha mãe, ajudar ela numas
coisas. Mas eu odeio mentir!
BALTHAZAR
Obrigada por ter aceitado meu
convite.
LARISSA
Fazer o quê, né?
(t)
Quando eu penso que você perdeu
sete anos da sua vida...
BALTHAZAR
Sabe o que é pior? Eu não perdi
esses sete anos, eu vivi esses sete
anos. E tudo que aconteceu naquela
cadeia de alguma forma está comigo.
(t)
Eu você não sabe, eu encontrei a
dona Silvana.
LARISSA
A mãe do seu Galdino??
BALTHAZAR
É. Fui fazer uma entrega do
aplicativo, quando eu vi... ela que
tinha pedido.
LARISSA
E aí?
BALTHAZAR
Aí, eu falei pra ela que eu sou
inocente, que até a Justiça falou
que eu sou inocente.
27.
BALTHAZAR
Bora.
LARISSA
Não foi nada disso! Você fingiu que
a sua moto estava quebrada, pra eu
te ajudar e você se chegar em mim!
BALTHAZAR
Que caô! Eu não estava fingindo, a
moto quebrou de verdade!
LARISSA
Sim, quebrou porque você tirou uma
peça.
28.
BALTHAZAR
É... tipo a peça estava velha e
caiu na minha mão.
Os dois riem, até que a risada diminui e é substituída por um
forte clima de atração mútua.
Começa a tocar uma música específica no celular. Balthazar
aumenta o som, se levanta e estende a mão para Larissa.
BALTHAZAR (CONT’D)
Será que a doninha me concede o
prazer dessa dança?
BALTHAZAR
Bem vinda ao meu palácio, cuidado
pra não se perder nos corredores...
BALTHAZAR
Ah, cabe... nós dois juntos sempre
cabe.
29.
LARISSA
Baltha...
Balthazar se aproxima de Larissa, olho no olho.
BALTHAZAR
O quê? Sou só eu que estou sentindo
isso...?
LARISSA
Olha aqui, você não vem aparecer
pra embolar minha vida não.
BALTHAZAR
Oxe, mas é claro que eu vou embolar
sua vida.
Larissa ri, gosta muito dele.
LARISSA
Balthazar, eu estou noiva.
BALTHAZAR
Você está noiva do Túlio??
LARISSA
Estou.
BALTHAZAR
Mas ainda não está casada, não tem
filho... A gente tem que sempre ver
o lado bom das coisas.
LARISSA
(assume tom mais sério)
Eu não posso fazer isso... É melhor
ir embora.
BALTHAZAR
Tá bom, já entendi... Não vamos
terminar um dia esparrado desse de
um jeito estranho, né?
LARISSA
(volta a ficar leve)
Como é que consegue ficar estranho
com você, hein? Eu precisava
aprender.
Balthazar sorri para Larissa que retribui. Ela dá dois
beijinhos nele e sai. Balthazar fica ali, é apaixonado.
30.
SILVANA
Não, não paga de jeito nenhum! Eu
sei que não paga.
BALTHAZAR
Mas eu também não estou em condição
de dizer “não” pra uma moto assim,
sem ser burro de me prejudicar.
SILVANA
Que bom, Balthazar... então você
aceita o meu presente?
Silvana pega documento da moto e assina.
SILVANA (CONT’D)
Eu já assinei, é o documento da
moto. Agora, é só você assinar
aqui. Pode ser com calma, quando
chegar em casa, que a moto já é
sua.
NESTOR
Para um pouquinho ali na frente,
Jayme, por favor, pra eu entender o
que está acontecendo...
Intervalo 2
BALTHAZAR
Não, eu não vou precisar mais de
nada não.
32.
SILVANA
(dá chaves da moto para
Balthazar)
Aqui, as chaves... Eu te desejo
tudo de bom, viu?
BALTHAZAR
Obrigado.
Balthazar sobe na moto, liga e se afasta dirigindo.
No carro, Nestor observa ao lado de Jayme.
NESTOR
Você se incomoda de dar uma
voltinha no quarteirão. Jayme?
JAYME
Claro que não...
Jayme arranca com carro. Silvana entra no restaurante
satisfeita, sem perceber que está sendo observada.
JAYME
É uma boa ideia.
NESTOR
Que bom que você gostou, porque, na
verdade, é você que vai desenrolar
isso pra mim.
(t)
Tem que convencer a Kellen da
garota de programa assumir a droga
e pronto. É assim que se resolve um
problema desses, né? Quem está em
cima culpa quem está embaixo.
JAYME
É.
(já pensa em Carolina)
Eu vou gostar de conhecer a agência
Las Primas...
NESTOR
(pega celular e liga)
Oi, Silvana, estou chegando aí...
(desliga)
Pode me deixar lá.
Jayme entra na rua do restaurante e deixa Nestor na porta,
onde Silvana o aguarda fingindo que “nada aconteceu”.
BALTHAZAR
E aí? Já estou motorizado... Tem um
lugar pra mim nessa cooperativa?
LARISSA
(mexida)
Olha, Balthazar... O Túlio já está
tipo... Ele descobriu que a gente
foi lá na cachoeira, foi o maior
caso.
BALTHAZAR
Mas a gente não fez nada de errado.
LARISSA
Sim, não fez mas...
BALTHAZAR
Queria ter feito! Isso é verdade.
Pelo menos, estou falando por mim.
LARISSA
O problema é que talvez eu também
quisesse ter feito.
BALTHAZAR
Às vezes o que a gente acha que é
um problema, pode ser a solução.
LARISSA
Eu estou falando sério! E além do
mais o Motoboy Amigo é uma
cooperativa, não sou eu que decido
quem entra. É uma votação e o Túlio
também vota, então...
BALTHAZAR
Tudo bem, eu tento! Se não rolar, é
só mais uma negativa pra minha
coleção.
Larissa ri, cedendo.
LARISSA
Você não é mole, viu!?
Balthazar sorri, ele ama Larissa.
SILVANA
Nestor, dá pra você contar direito
a história do deputado que passou
mal? A polícia encontrou droga no
quarto foi isso?Eu vi no programa
da Tânia Aragão que o deputado
estava no quarto com uma garota de
programa e tudo. Que reunião é essa
que você foi, Nestor?
NESTOR
Isso é programa de fofoca, Silvana,
já te falei que ver essa coisas não
faz nem bem pro cérebro.
SILVANA
Fala a verdade, Nestor. Você também
ficou com uma garota de programa
nessa festa?
NESTOR
Não era uma festa, meu amorzinho...
Era uma reunião de trabalho.
Agora, se tinha serviço de
acompanhante pro super VIPs, isso
eu não sei... Porque eu não vi nada
disso...
Nestor deixa o papo morrer e olha incisivo para Silvana.
SILVANA
Que foi que você está me olhando
assim??
NESTOR
Estou aqui pensando...
SILVANA
Pensando o quê?
NESTOR
Em quanto tempo você vai levar pra
me dizer que deu uma moto de
presente pro marginalzinho.
Silvana fica lívida, não consegue falar nada.
NESTOR (CONT’D)
Você achou mesmo que eu não ia
saber? Que o dono da concessionária
não ia me ligar? Que o despachante
do cartório não ia falar comigo?
(t)
(MORE)
36.
NESTOR (CONT’D)
Eu não te falei pra não se meter
com esse marginal!??
SILVANA
O Balthazar não é um marginal.
NESTOR
(abraça, mas com perigo)
Silvana, você não vê a maldade nas
pessoas... Esse que é o seu
problema. Mas agora, eu tenho
certeza que esse moleque vai ficar
longe da gente.
SILVANA
Por que você está falando isso?
NESTOR
Por nada! Ele já conseguiu o que
queria, não conseguiu? Então,
pronto. Agora vai sumir. Você vai
ver.
(t)
E vamos dormir que está tarde.
Nestor se vira pro lado e apaga sua luz de cabeceira. Silvana
se vira pro outro e segue de olhos abertos, preocupada.
BALTHAZAR
Eu não pedi a moto, Cassiano... Foi
a Silvana que foi lá e comprou uma
moto pra mim.
CASSIANO
Silvana a mulher do Nestor?
BALTHAZAR
É.
CASSIANO
Então você já sabe Nestor quem
mandou fazerem isso com você??
Balthazar faz que sim. Breve silêncio.
BALTHAZAR
Você está certo, o Nestor tem que
pagar pelas coisas que ele faz.
(t)
Eu vou te ajudar a fazer Justiça.
Balthazar com ódio, Cassiano satisfeito com o novo parceiro.
Fim do episódio 5 de Justiça 2.