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Dislexia: Ultrapassando

as Barreiras do Precon-
ceito
1. Conceituação e Classificação das Dificuldades de
Aprendizagem 4
Consciência Fonológica na Dislexia 7

2. Dislexia e Discalculia: Avaliação e Intervenção 13

3. Impactos Psicossociais das Dificuldades de Aprendizagem


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Desenvolvimento Motor 19

4. Estrategia de Ensino Frente a Dislexia 25


Estratégia de Ensino Frente a Dislexia. 26

5. Referências Bibliográficas 31

02
03
DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

1. Conceituação e Classificação das Dificuldades de


Aprendizagem

Fonte: blog.psiqueasy.com.br1

D islexia é um transtorno de
aprendizagem que, após alguns
estudos feitos por especialistas, che-
e linguagem no grego, ou seja, o
termo dislexia refere-se a dificulda-
des na leitura ou a dificuldades na
garam à conclusão de que esse trans- linguagem, porém, a ideia de que se
torno trata-se de um defeito no cére- relaciona a um distúrbio na leitura
bro, afetando a memória visual, difi- parece ser aquela que é mais consen-
cultando assim, o aprendizado e re- sual.
conhecimento das palavras e letras. TELES (2009) acrescenta que
A dislexia tem sido um dos assuntos “a dislexia é caracterizada por difi-
mais estudados nos últimos anos, culdades na correção e/ou fluência
devido à dificuldade de diagnóstico e na leitura de palavras e por baixa
enfrentamento. competência leitora e ortográfica.
Segundo LERNER (2003), na Estas dificuldades resultam tipica-
sua etimologia, a palavra “dislexia” é mente de um déficit no componente
constituída pelos radicais “dis” que fonológico da linguagem que é fre-
significa dificuldade ou distúrbio, e quentemente imprevisto em relação
“lexia”, que significa leitura no latim a outras capacidades cognitivas e às

1 Retirado em blog.psiqueasy.com.br

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

condições educativas. Secundaria- população” (WAJNSZTEJN, p. 119,


mente podem surgir dificuldades de 2005).
compreensão leitora, experiência de A criança diagnosticada com
leitura reduzida que podem impedir dislexia tem problemas de interação
o desenvolvimento do vocabulário e e autoestima baixa por serem rotula-
dos conhecimentos gerais”. (Associ- das de preguiçosa e desinteressadas,
ação Internacional de Dislexia, se sentem excluídas do meio social,
2003, cit. por Teles, 2009). devido aos obstáculos de aprendi-
Estudos realizados de resso- zado.
nância magnética, mostraram dife- O diagnóstico de dislexia mui-
rença no funcionamento cerebral e tas vezes vem do âmbito escolar,
seu desenvolvimento. Pode ser indi- onde são diagnosticados a dificul-
cado também por um componente dade de leitura, escrita, reconheci-
genético, tendo em vista, que a mai- mentos de silabas palavras e símbo-
oria das crianças com transtornos los. A desatenção e a hiperatividade
possuem um familiar que apresenta são um dos fatores a serem observa-
esse mesmo transtorno. dos pelo educador, essas caracterís-
A dislexia é um transtorno ticas podem atrasar o aprendizado e
neurológico, que afeta todos os tipos consequentemente seu desenvolvi-
de origens e pessoas, caracterizada mento.
por dificuldade na precisão de reco- De acordo com MUSZKAT,
nhecimento das palavras, decodifi- MIRANDA, RIZZUTTI (2012, p. 64)
cação de mensagens e soletração, re- pode se dizer que:
duzindo a capacidade de compreen- Os sintomas de desatenção in-
são e leitura, resultante no déficit de cluem: dificuldade em sustentar a
processamento fonológico. atenção pelo tempo necessário, difi-
Segundo WAJNSZTEJN culdade em alternar o foco entre
(2005) a dislexia é um distúrbio duas ou mais tarefas, perdas e es-
neurológico, que sucinta uma difi- quecimentos de objetos, dificuldade
culdade específica de leitura escrita. em memorizar e em recordar infor-
É possivelmente de origem congê- mação já aprendida, desorganiza-
nita e hereditária, “sendo talvez, o ção, elevada distratibilidade2 (ser
mais comum, entre a população, facilmente distraído da tarefa devido
com taxas que variam de 5 a 17% da a estímulos irrelevantes – que po

2 Facilidade demasiada de se desviar a distratibilidade é um dos sintomas do quadro da


atenção por estímulos externos insignificantes. A síndrome da alteração de humor.

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dem ser externos, como ruídos, ou intervenção efetiva mudarão os ru-


internos como os próprios pensa- mos da história de vida dessa cri-
mentos ou as ideias. ança.
Os sintomas de hiperativi- O histórico pode auxiliar no
dade/impulsividade incluem: difi- diagnóstico da dislexia, se o indiví-
culdade em esperar sua vez, dificul- duo vem apresentando sinais de di-
dade em permanecer sentado, qui- ficuldade para se desenvolver dentro
eto, quando isso é necessário, balan- do que é ensinado na sala de aula,
çar as mãos ou os pés quando tem durante o ano letivo, ele precisa ser
que permanecer sentado, interrom- acompanhado de perto para uma
per ou se intrometer nos assuntos avaliação de comportamento, sinto-
dos outros, falar demais, etc. mas e características específicas.
No momento dessa percepção O indivíduo disléxico precisa
é imprescindível o apoio das partes ser incluído no meio escolar, seja ele
envolvidas, como familiares e criança ou já adulto, tendo em vista
equipe pedagógica, para trabalha- que o estudo aprofundado da disle-
rem juntos em prol do desempenho xia ocorreu há alguns anos, muitas
e desenvolvimento, em buscas de dificuldades de aprendizagem apre-
práticas pedagógicas especificas. sentadas por pessoas no passado fo-
É importante não rotular o in- ram ignoradas ao longo dos anos.
divíduo como incapaz ao aprendi-
Não existe tal coisa como um
zado, pois o uso de métodos de ensi-
processo de educação neutra.
nos específicos pode auxiliar e muito Educação ou funciona como um
na aquisição de conhecimento. instrumento que é usado para
facilitar a integração das gera-
Segundo FREIRE (2009). É ções na lógica do atual sistema
essa condenação que é imposta à cri- e trazer conformidade com ele,
ança portadora de Dislexia e Trans- ou ela se torna a "prática da li-
berdade", o meio pelo qual ho-
torno do Déficit de Atenção com Hi- mens e mulheres lidam de
peratividade, nos processos normais forma crítica com a realidade e
da educação formal. Os transtornos descobrem como participar na
transformação do seu mundo.
que a afetam impossibilitam ou difi- (Paulo Freire, 1997).
cultam sua alfabetização. A liberta-
ção da condenação que é a supera- Inserir o disléxico na leitura é
ção das limitações decorrentes do desafiador, devido sua dificuldade
transtorno virá pela ação do profes- em associação das letras e palavras,
sor. Seu olhar atento, sua cumplici- por isso o profissional deve ser capa-
dade com o sucesso da criança e sua

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citado e ter muita seriedade ao de- é lido e compreender a se-


senvolver métodos de ensinos espe- quência e a relações das pala-
cíficos, de acordo com os sintomas vras.
de distúrbio que ele apresentar, as-  Ortografia: Dificuldade nas
palavras, omitindo letras e
sim de proporcionar um ensino de
substituindo vogais e letras de
qualidade e aprendizagem significa- forma incorreta.
tiva.  Escrita: Erros gramáticos, difi-
A dislexia não é objeto apenas culdade de expressar escrita e
dos profissionais que atuam na área ideias, pontuação e falta de or-
clínica, mas também do profissional ganização dos parágrafos.
da educação, que diante de postura  Baixo desempenho: dificulda-
pedagógica correta podem facilitar o des em exercer atividades pro-
postas, testes e avaliações, ha-
processo de ensino e aprendizagem bilidades abaixo do esperado.
do aluno na escola. É necessário dei-
xar claro que existem algumas crian- As dificuldades dos disléxicos
ças que recebem o auxílio de profis- podem ser identificadas na fase ini-
sionais em áreas clinicas especificas cial da alfabetização e o acompanhar
e ajudas complementares, como re- durante toda sua vida acadêmica,
forço e aulas particulares, no en- por isso o professor é atuante no de-
tanto é importante frisar que mesmo senvolvimento do aluno, desde a
que algumas crianças não recebam identificação do diagnostico, acom-
atendimento complementares em panhando seu desenvolvimento e
áreas clinicas ou até mesmo extra- progresso.
curriculares, muitas vezes, por ques-
tões financeiras ou falta e entendi-
Consciência Fonológica na
mento dos pais, seu desempenho
Dislexia
não será prejudicado, pois a ajuda
correta de um professor pode provo- O diagnóstico começa na cons-
car a evolução do seu desenvolvi- ciência fonológica, dificuldades na
mento. fala e reconhecimento das letras, po-
O diagnóstico da dislexia pode dendo evoluir para aspectos relacio-
ser identificado através: nadas a leitura, soletração e decodi-
 Da leitura: dificuldades em ler ficação das palavras. Os disléxicos
palavras isoladas e soletrar,
não apresentam rendimento favorá-
leitura incorreta, lenta reque-
rendo muito esforço. vel na fase inicial de alfabetização,
 Compreensão: O disléxico tem defasando assim também a área ma-
dificuldade de entender o que temática, trazendo problemas no

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aprendizado durante sua vida esco- dade em decifrar os sons e le-


lar. tras, altera a ordens da pala-
Segundo Medeiros e Oliveira vra, grafemas e fonemas,
omissões e acréscimos de con-
(2008) O termo consciência fonoló-
soantes e vogais na palavra.
gica foi definido como a percepção
 Dislexia visual: Dificuldade na
de que as palavras são construídas visualização do fonema, na co-
por diversos sons. Tal conceito diz ordenação motora, percepção
respeito tanto à compreensão de que visual comprometida.
a fala pode ser segmentada quanto à  Dislexia auditiva: Deficiência
habilidade de manipular esses seg- na memória auditiva, impossi-
mentos. bilitando a audição correta e
cognitiva do fonema.
Existem alguns tipos de disle-
 Dislexia mista: Combinação
xia que podem auxiliar no diagnós- de uma ou mais tipos de disle-
tico, a criança pode apresentar algu- xia.
mas delas, ou até mesmo todas,
como no caso da dislexia mista, para Lembrando que alguns aspec-
que isso aconteça, é necessário que tos fisiológicos podem afetar a cri-
seja observada e avaliada sua condi- ança durante seu aprendizado, como
ção e seu desempenho para o diag- problemas emocionais, depressão,
nóstico preciso. ansiedade e stress, que também pre-
Tipos de Dislexia: judicam seu rendimento, é valido
 Dislexia adquirida: Acontece que o papel dos pais e professores,
no leitor competente, que na atenção devida de certos compor-
perde sua capacidade e habili- tamentos, auxiliam na identificação
dade de leitura, devido a uma
real da causa do desinteresse ao
lesão cerebral.
 Dislexia Evolutiva ou de De- aprendizado.
senvolvimento: Se revela no A criança disléxica pode ser
indivíduo no início da apren- sensibilizada por aspectos e situa-
dizagem, devido as dificulda- ções adversas, como o comprometi-
des apresentadas na leitura. mento de linguagem, desatenção,
 Dislexia Disfonética: Dificul- funções executivas prejudicadas, co-
dade de integração da letra e ordenação motora comprometida e
do som, onde a palavra lida
problema psicossocial que também
não assimilada com a soletra-
ção, substituição da semântica interfere em seu desenvolvimento.
é a mais frequente. Os problemas da dislexia são
 Dislexia Diseidética: Dificul- inúmeros, embora sejam mais visí-
veis em crianças, que despertam a

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desconfiança do professor e familiar A atividade diversificada é ci-


em alguns de seus comportamentos, tada por Silva (2004): Há uma
mesmo assim, existem desafios a se- grande necessidade de atividades di-
rem executados ao longo de sua vida versificadas que envolvam tanto a
escolar. expressão corporal como o sabor, o
É sempre importante que após cheiro, a cor e a expressão plástica.
a percepção de certos comporta- Aprender não é falar sobre, é fazer! ”
mento os responsáveis procurem a E “para aprender bem, é necessário
ajuda de um profissional adequado estar envolvido” (Silva 2004, p. 44 e
para o auxílio correto, sendo esses: p. 56).
psicólogo, fonoaudiólogo ou psico- Compreender o distúrbio de
pedagogo para um diagnóstico pre- aprendizagem é consentir que a lei-
ciso. tura e a escrita são essenciais para o
Para SILVA (2015) as dificul- bom desempenho educacional. As
dades e os transtornos de aprendiza- manifestações de desinteresses di-
gem que se apresentam na infância dáticos, podem estar relacionadas
têm forte impacto sobre a vida da ao distúrbio de aprendizagem. Os
criança, de sua família e sobre o seu desconhecimentos dos distúrbios
entorno, isso devido aos prejuízos podem trazer prejuízos multifatori-
que acarretam em todas as áreas do ais.
desenvolvimento pessoal. Nesta ver- O ambiente escolar é com-
tente, faz-se necessário que os en- posto por vários distúrbios presen-
volvidos no processo educativo este- tes na vida dos alunos, no decorrer
jam atentos a essas dificuldades, ob- dos anos letivos, que apresentam ca-
servando se são momentâneas ou se racterísticas diferentes entre eles, no
persistem há algum tempo. decorrer se sua vida discente, po-
O professor desempenha a dendo esses, serem diagnosticados
função motivacional no uso ade- bem no início, é de fácil tratamento,
quado de matérias didáticas e estra- aqueles que apresentam dificulda-
tégicas, métodos específicos de en- des e que custam ser diagnosticado,
sino que o impulsione a aprender. prorrogam ainda mais o acesso ao
Mesmo não havendo cura para a dis- aprendizado.
lexia, o amparo do professor e da fa- Algumas características de
mília amenizam os obstáculos pro- aprendizado podem ser encontradas
porcionando segurança para uma com mais facilidade nos anos inici-
convivência em sociedade. ais, mas, mesmo sendo exposta ao
período de aprendizagem, a criança

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deve contar com um apoio do pro- que as taxas de analfabetismo sejam


fessor em analisar o seu quadro es- reduzidas.
tudantil e as dificuldades encontra-
das por ele durante esse período.
Dentre esses principais distúr-
bios está a dislexia, que dentro do
âmbito da aprendizagem, causa al-
guns desconfortos na criança diante
da dificuldade de ler e escrever cor-
retamente as palavras.
Com o surgimento dessas difi-
culdades a escola se vê responsável
em assumir seu papel de responsa-
Fonte: 4daddy.com.br
bilidade, papel esse, que promove a
inclusão de forma correta desses
O contexto educacional
alunos na aprendizagem, buscando
abrange muitos fatores comporta-
recursos diversos, com metodologia
mentais da criança, como intelec-
avançada, equipamentos inovados e
tual, físico, social e moral.
didáticas que incentivam o aprendi-
Segundo Cruz et al. (2018, p.
zado.
204) “atuar em educação é lidar com
Essa perspectiva trouxe con-
a formação e a informação que o su-
sigo a inclusão de crianças que mui-
jeito traz consigo, bem como traba-
tas vezes por não apresentarem ne-
lhar com o conhecimento científico,
nhum um tipo de deficiência física,
que abrange o comportamento, a
eram deixadas de lado e seu desinte-
cultura, a crença, e o afetivo”.
resse era taxado de preguiça. Essa
O pedagogo tem a função de
inclusão trouxe benefícios também
identificar os alunos disléxicos e
para outros tipos de distúrbios como
suas características principais, como
TDH, TDA, Déficit de atenção, dis-
A dificuldade de descrita e leitura.
calculia e outros.
Essa condição o possibilita de ver as
Saber quais são os tipos de dis-
falhas e reais problemas de aprendi-
túrbios existentes dentro do parâ-
zado e a aprimorar o seu método de
metro escolar já é um bom passo
ensino para favorecer e potenciali-
rumo ao desenvolvimento. O profis-
zar o conhecimento.
sional deve ser capacitado para
A dislexia pode permanecer
atuar frente a esse diagnóstico, para
até a vida adulta da criança e seu

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

processo de aprendizado é lento, fa- forma, existem maneiras de ensinar


zendo necessário a sensibilidade dos e maneiras de aprender.
educadores e da família em atender
esse processo.
Alguns percalços aparecem na
vida escolar de todos os seres huma-
nos em seus anos iniciais, mas vale
ressaltar que o aluno disléxico apre-
senta dificuldades com as palavras,
na escrita e leitura delas, propria-
mente dita.

Fonte: www.nationalgeographicbra-
sil.com

Portanto, o apoio da família e


da comunidade escolar é um fator
determinante para diminuírem a
gravidade do impacto da dificuldade
de aprendizagem.
A inclusão do aluno determina
a aceitação da família e sua própria
aceitação, é um direito do estudante
ter o apoio necessário em seu desen-
volvimento de aprendizagem, dando
a ele o entendimento que o aprendi-
zado não se dá sempre da mesma

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

2. Dislexia e Discalculia: Avaliação e Intervenção

Fonte: neurosaber.com.br3

A dislexia tem seu diagnóstico


clínico, não existe exame espe-
cifico que a diagnostique ou causa
com elas, portanto o professor preci-
sar estar capacitado em sua forma-
ção, tendo o conhecimento ade-
patológica, o professor em si não quado para intervir no seu desenvol-
consegue realizar esse diagnóstico, vimento.
mas em sua pratica diária de obser- O aluno disléxico possui carac-
vação pode identificar as dificulda- terísticas especificas durante seu de-
des de aprendizado, podendo contar senvolvimento escolar, algumas
com a ajuda de outros profissionais causas mais frequentes:
em áreas diversas para avaliar sua  Desinteresse pelo conteúdo
causa e efeito. Analisar o aluno im- trabalhado dentro da sala e
plica na percepção de suas possibili- aula.
dades e dificuldades e como lidar  Falta de compreensão do lhe é

3 Retirado em neurosaber.com.br

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passado, pois sua compreen- dislexia decorre da dificuldade de


são se dá de outra forma. aprendizagem do disléxico em assi-
 Dificuldades no reconheci- milar as letras, formas, números e
mento das letras e facilidades identificação símbolos, tais dificul-
em troca-las dentro das pala-
dades também influenciam em seu
vras. Uma dessas característi-
cas é dificuldade de diferenci- aprendizado matemático.
ação entre uma e outra, tro- A discalculia é uma deficiência
cando p por b, ocasionando a na aprendizagem, dificuldades em
confusão de palavras seme- entender conceitos, números, sím-
lhantes como: faca e fada. bolos e funções matemáticas. A dis-
 Desorganização de pensamen- calculia afeta o desenvolvimento
tos e memórias, causando es-
matemático, comprometendo a ha-
quecimento de nomes, dias da
semana e inversão da ordem bilidade de fazer cálculos e funções
alfabética. operacionais. Esse distúrbio de
 Possui o sistema fonológico aprendizagem atrapalha o indivíduo
prejudicado, prejudicando a não somente em sua vida escolar,
leitura da palavra por com- mas em seu cotidiano, impossibili-
pleto, a leitura silabicamente tando à realização de desafios.
do disléxico traz uma intros-
Sua manifestação pode se dar
pecção e vergonha em ler em
público. em combinações diferentes, dentro
de outros transtornos de aprendiza-
O diagnóstico correto no início gem, como déficit de atenção, hipe-
pode promover o acompanhamento ratividade e dislexia.
e o tratamento adequado para o dis- Tipos de Discalculia e suas di-
túrbio de aprendizado, contando ficuldades:
com a ajuda de um profissional ade-  Discalculia verbal: dificuldade
quado, o disléxico tem chances e po- na enumeração e nomeação de
números, símbolos ou termos
tencial de se adaptar facilmente di-
matemáticos.
ante das intercorrências sociais.
 Discalculia practognóstica: Di-
Crianças com transtorno de ficuldade na comparação, enu-
aprendizagem possuem a dislexia do meração e manipulação de ob-
desenvolvimento, podendo também, jetos reais e imagens.
apresentar a discalculia do desen-  Discalculia léxica: Dificuldade
volvimento. na leitura de símbolos mate-
Mesmo a discalculia sendo máticos.
menos conhecida, elas podem ter re-  Discalculia gráfica: dificul-
dade em escrever símbolos
lação entre si, considerando que a matemáticos.

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 Discalculia ideognóstica: Difi- ganização de números matemáticos,


culdades em compreender a assimilação de gráficos e espaço, re-
matemática e seus conceitos e conhecimento das letras, formas e
em realizar operações men- símbolos, ocasionando dificuldade
tais.
na leitura, escrita e cálculos mate-
 Discalculia operacional: Difi-
culdade em reproduzir cálcu- máticos.
los numéricos e operações. De acordo com Luís de Mi-
randa Correia (2008, as dificuldades
A discalculia é uma dificul- de aprendizagem específicas dizem
dade de aprendizado que envolve es- respeito à forma como um indivíduo
pecificamente a área matemática, processa a informação – a recebe, a
portanto, muitos indivíduos podem integra, a retém e a exprime –, tendo
apresentar um excelente desempe- em conta as suas capacidades e o
nho em outras disciplinas, mas apre- conjunto das suas realizações.
sentar dificuldade de aprendizado As dificuldades de aprendiza-
matemático. gem específicas podem, assim, ma-
Segundo Farrell (2008, p.76), nifestar-se nas áreas da fala, da lei-
“a classificação começa com as dis- tura, da escrita, da matemática e/ou
tinções simples, com o “igual” e “di- da resolução de problemas, envol-
ferente” e se estende a classificações vendo défices que implicam proble-
mais complexas, como agrupar for- mas de memória, preceptivos, moto-
mas com o mesmo número de lados res, de linguagem, de pensamento
e ângulos”. e/ou metacognitivos.
Essa dificuldade caracteriza Estas dificuldades, que não re-
deficiência no aprendizado, indiví- sultam de privações sensoriais, defi-
duos que apresentam discalculia ciência mental, problemas motores,
não conseguem interpretar o sen- défice de atenção, perturbações
tido de problemas operacionais, emocionais ou sociais, embora
causando desinteresse pela disci- exista a possibilidade de estes ocor-
plina. rerem em concomitância com elas,
A relação entre dislexia e dis- podem, ainda, alterar o modo como
calculia está associada a aprendiza- o indivíduo interage com o meio en-
gem, devido a algumas falhas e alte- volvente.” (Correia, 2008, p. 46).
rações no cérebro de origem neuro- O bom desenvolvimento da
biológicas, que causam a desorgani- leitura deve passar pela sala de aula,
zação espacial, que interferem na or- pois as dificuldades apresentadas
pelo aluno podem ser solucionadas

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

com recursos didáticos e uso de me- desenvolvimento do aprendizado,


todologias especificas, através de in- evitando problemas futuros.
centivos que promovam nele um
agente facilitador de seu próprio
aprendizado, tirando o foco das difi-
culdades e focando em seu verda-
deiro potencial no processo da aqui-
sição da linguagem.
O exercício de atividades com-
plementares ajuda no desempenho
das funções e relacionamento social,
quanto mais o aluno é envolvido so-
cialmente dentro do ambiente esco-
lar, mais serão suas experiências po-
sitivas e sua capacidade evolutiva.

Fonte: revistacrescer.globo.com

A dislexia e discalculia não


tem cura, mas existem tratamentos
que auxiliam nesse distúrbio, a
ajuda da família também contribui
para o tratamento, o conhecimento
especifico do assunto, a busca por
ajuda profissional, o acompanha-
mento escolar e familiar auxiliam no

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

3. Impactos Psicossociais das Dificuldades de


Aprendizagem

Fonte: veja.abril.com.br4

I mpactos psicossociais são pro-


blemas psicológicos e sociais,
que envolvem questões escolares e
morte, tendo em conta as suas parti-
cularidades e a do meio onde ela está
a agir e interagir, provocando a mu-
de comportamento na vida de um dança de características da mesma.
indivíduo, tais problemas trazem O desenvolvimento deve ser abor-
consigo alguns impactos que cau- dado de forma contínua por etapas
sam transtornos que dificultam o onde focaliza mais nas interações do
aprendizado e sua adaptação ao sujeito com os seus contextos de
meio social. vida.
Segundo Bronferbrenne Alguns fatores podem detectar
(1989, p.191) o autor associa o de- esses transtornos como a depressão,
senvolvimento à um conjunto de ansiedade, mudança repentina de
processos na qual a pessoa está su- humor, agressividade, comporta-
jeita desde o nascimento até a mento passível ou desinteressado,

4 Retirado em veja.abril.com.br

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

transtornos psicóticos e alimentares miliar e para uma melhoria das con-


entre outros. dições ambientais que afetam o de-
Problemas psicossociais ten- senvolvimento integral da criança.
dem a dificultar o futuro da criança, ZABALZA (1992)
por isso, uma intervenção para a O desenvolvimento do ser hu-
prevenção do aumento dessas ques- mano, passa por diversos fatores,
tões que dificultam o aprendizado, que podem influenciar durante toda
as causas e consequências desses sua vida suas noções afetivas, cogni-
problemas, precisam ser identifica- tivas e motoras. No desenvolvi-
das, e muitas delas estão relaciona- mento infantil não é diferente, a fase
das a falta de atenção necessária, a da segunda infância é responsável
causa e efeito desses problemas tão pelo progresso em sua adaptação so-
comuns na idade escolar. cial, aprendizagem e melhoria nas
São as experiências vividas na aptidões físicas e psicomotoras.
infância que promovem a interação Nessa fase, a criança adquire
social. O ambiente em que se vive um controle motor responsável pe-
tem o poder de construir na criança los seus movimentos, que a permite
uma visão de si mesma, aceitação, aprender sobre seus limites, relacio-
capacidade de construção do pró- nar com o meio inserido, solucionar
prio ser e desenvolvimento socioafe- problemas e desenvolver sua capaci-
tivo. dade intelectual.
Segundo ZABALZA (1992), a Para o desenvolvimento cor-
nível relacional é importante que a reto das habilidades motoras é ne-
escola complemente a família e que, cessário que o ambiente esteja pro-
ao mesmo tempo, se estabeleçam pício a isso, proporcionando à cri-
padrões diferentes de relação de ma- ança a capacidade de manifestar ati-
neira a que a criança vá alargando o vidades, enquanto seu corpo loco-
espectro de fórmulas relacionais move.
(com os adultos, com os professores
e com os companheiros). Desenvolvimento Motor
Acrescenta ainda, que a escola
infantil pode prestar uma grande co- O desenvolvimento motor é o
laboração como agente social capaz amadurecimento do desenvolvi-
de dinamizar o seu meio, de enten- mento do sistema nervoso central,
der a cultura, de disseminar critérios onde ocorrem alterações motoras
para uma melhoria da educação fa- progressivas, como a capacidade de

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

locomover, alcançar equilíbrio, inte- dades no aprendizado no seu perí-


ração com o meio e ter movimentos odo inicial escolar, que prejudicam a
reflexivos. leitura, escrita, cálculos e a socializa-
O desenvolvimento motor va- ção.
ria de criança para criança, se a cri- De acordo ELIAS (2003) e RA-
ança apresentar algum problema PAPPORT (1981), a dificuldade de
motor é indispensável o acompa- aprendizagem é apresentada ou per-
nhamento de um especialista. O seu cebida no momento do ingresso for-
bom desenvolvimento se torna um mal da criança na escola. É um perí-
preventivo, frente as dificuldades de odo de crucial importância para o
aprendizado, prevenindo as habili- desenvolvimento, em que o indiví-
dades cognitivas das crianças e seu duo deve cumprir tarefas de desen-
desempenho como discente. volvimento, como adquirir compe-
Para um bom desenvolvi- tências nas relações interpessoais,
mento motor, é necessário estimular sair-se bem na escola, aprender a ler
a criança, proporcionando um ambi- e a escrever e manter uma conduta
ente propício para livre exploração, governada por regras.
com brinquedos que provoquem os O déficit no desenvolvimento
sentidos e chamem sua atenção, comportamental pode ser diminu-
contando histórias com livros edu- ído com estímulos adequados inseri-
cativos, músicas, cantigas e fazendo dos na rotina da criança, através do
gestos que estimulem a movimenta- uso de técnicas especificas nos anos
ção dos membros, deixando o es- iniciais de aprendizado, isso tende a
paço livre para sua locomoção e ma- minimizam esse déficit e promover
nipulação dos objetos. melhor interação social.
Existem fatores que influen- A dificuldade escolar e atrasos
ciam na dificuldade de aprendiza- no desenvolvimento da criança po-
gem, gerando déficit no desenvolvi- dem apresentar algumas caracterís-
mento motor, indicando caracterís- ticas, como problema na fala, es-
ticas de vulnerabilidade na criança. crita, interpretações de texto, cálcu-
Alguns critérios devem ser analisa- los, alterações neurológicas, senso-
dos para avalição do padrão fora da riais, mentais e dificuldade de inte-
realidade normal. ração.
Crianças que apresentam difi- Esses atrasos são resultantes
culdades motora em seu desenvolvi- da exploração de áreas do seu desen-
mento também encontram dificul- volvimento formando um conjunto

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

de provas especificas para sua iden- singularidade da criança e do bom


tificação. desempenho do professor em for-
Os fatores externos contri- mar competências de acordo com
buem para um mal desenvolvimento que acredita ser o potencial da cri-
escolar da criança, como problemas ança, estabelecendo uma relação de
familiares, falta de compreensão dos confiança e empatia para o seu de-
responsáveis, desmotivação, ausên- senvolvimento pleno.
cia de afetos e incentivo ao ensino. As crianças que apresentam
Sabe-se que essa realidade causa im- dificuldades de aprendizagem tam-
pactos seríssimos em sua vida, a cri- bém apresentam dificuldades em
ança que não é impulsionada a outras áreas de sua vida. Muitos fa-
aprender de forma correta, desen- tores podem influenciar, como: fa-
volve características desacreditadas mília, financeiros, econômicos e so-
de si mesmo. ciais. O acompanhamento psicoló-
O fracasso escolar é uma reali- gico pode auxiliar na prevenção de
dade que precisa ser mudada, as de- dificuldades de aprendizagem.
sigualdades sociais e culturais facili- A família é a base da socie-
tam ainda mais essa realidade. Di- dade, e quando passa por situações
ante dessa realidade surge os desa- complexas advinda de problemas fi-
fios de novas formas de ensino, di- nanceiros, saúde, econômico e ou-
dáticas e metodologias para forma- tros, pode sim ter tamanha influên-
ção de profissionais adultos compe- cia na qualidade de vida do indiví-
tentes em suas funções sociais e ap- duo.
tos às relações saudáveis. É na família que se recebe a
A área pedagógica tem a capa- educação, tem influência sobre o de-
cidade de desenvolver na criança o senvolvimento psicossocial da cri-
poder de acreditar em seu potencial, ança e integração na sociedade, po-
através do fortalecimento dos víncu- rém, se existir falhas nessa integra-
los, que a estimule ao aprendizado ção social, haverá também prejuízos.
continuo, o professor é peça funda- Segundo Oliveira (1955), a so-
mental para a construção do ser de cialização não acontece por mero
forma integral da mesma. acaso, há todo um processo que se
Mesmo sabendo que o psicos- inicia no seio da família e posterior-
social influencia o intelectual, a evo- mente alarga-se para fora dela. Esse
lução da criança no ensino-aprendi- processo deve ser conduzido de
zagem depende exclusivamente da modo que as crianças ao fazerem

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

parte de novos grupos sociais adqui- criança, a forma de se relacionar en-


ram e incorporem os padrões do tre eles determinam a aceitação e
meio onde quer que se encontrem. essa relação tem influência dos fa-
O papel de socialização da cri- miliares, pois da mesma maneira
ança tem sido terceirizado cada vez como se relacionam em casa, tam-
mais cedo. As instituições de ensino, bém se relacionam em grupo.
creches e jardim de infância tendem Bento (2004) afirma que a cri-
a desempenhar a função de sociali- ança necessita do outro para o seu
zar essas crianças e prepará-las para desenvolvimento e aprendizagem, é
viver em sociedade. Muitas delas são através das interações com o grupo
recebidas em situações familiares que ela se desenvolve e socializa, ex-
muitos difíceis, com carência de perimenta a cooperação, a amizade,
afeto, educação e até mesmo alimen- a aceitação e o respeito.
tação adequada.
Para compreender melhor o
impacto psicossocial na vida dessas
crianças, é necessário olhar para
dentro da realidade de vida de cada
uma e o ambiente instável em que
vivem.
Segundo Pimenta e Pinto
(1999) existem um conjunto de fato-
res comportamentais e estruturais
na qual o desenvolvimento está
Fonte: veja.abril.com.br
constantemente a ser influenciada
por ela, do mesmo modo que o fator As formas disciplinares dos
idade também não foge à regra pais influenciam nos traços de per-
tendo em conta que ela caracteriza sonalidade da criança, interferindo
sucessivamente alterações qualitati- em seu autoconceito e em como se
vas, e esta pode se acontecer por es- relacionar com o outro.
tádios ou períodos e deve ser enca- Sendo assim, a família tem
rada de forma dinâmica visto que forte poder de influência no desen-
nem sempre acontece da mesma volvimento psicossocial da crença,
forma. que não recebendo o afeto e a com-
É nas instituições de ensino preensão necessária dentro de casa,
que acontece a relação em grupo da

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

tende se a comportar de forma portamentos e a maneira correta de


agressiva em sociedade, causando lidar com eles, extraindo meios de
prejuízos no aprendizado. trabalhar de acordo com sua linha
De acordo com PAPALIA de pensamento.
(2004), o desenvolvimento psicos-
social não ocorre de forma compar-
timentada, as relações estabelecidas
em casa têm impacto nas relações
estabelecidas fora de casa.
Os problemas e os prejuízos
que envolvem as famílias são exten-
sos, a falta de cuidado, ausência, ali-
mentação, educação, abandono e
outros fatores já mencionados.
Esse ambiente se torna propí-
cio a insegurança e desinteresse em
aprendizado, porque a criança que
não recebe afeto tende a se sentir re-
jeitada e acaba rejeitando os outros.
Levando isso para o contexto
externo, a criança deixa de prestar
atenção naquilo que faz parte da in-
fância, para ser um sobrevivente, e
em muitos dos casos abandonam a
escola para trabalhar, ou muitas ve-
zes, entram por caminhos violentos
de tráfico como meio de sobreviver.
O desenvolvimento psicosso-
cial melhora a capacidade de apren-
dizado, mesmo sofrendo algumas
interferências de fatores externos, o
professor pode contribuir para o
aprendizado do aluno, promovendo
a interação dele com o meio, fortale-
cendo os laços de confiança, com-
preendendo seus diferentes com-

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

4. Estratégia de Ensino Frente a Dislexia

Fonte: www.opopular.com.br5

O ensino infantil manifesta


algumas intercorrências nos
anos iniciais de cada criança. O
comportamento durante
período auxilia no diagnóstico
esse

correto. Muitos pais podem associar


processo de adaptação, o a dificuldade do seu
distanciamento familiar, o convite a desenvolvimento com um período
um novo aprendizado, dificuldades novo de adaptação, prolongando
de familiarização, toda essa ainda mais a investigação, o olhar
mudança significativa de rotina clinico pode mudar essa situação.
pode trazer alguma dificuldade de É necessária uma avaliação
desenvolvimento. fonoaudióloga na criança,
É nos anos iniciais da vida apresentando ela dificuldades
escolar que as crianças apresentam preceptivas ou não, um olhar clínico
algumas características da dislexia, sobre a criança ajuda para uma
a observação adequada de investigação mais precisa,

5 Retirado em www.opopular.com.br

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

identificando as causas e possíveis quanto aos prejuízos de linguagem,


dificuldades de leitura e dificuldade na decodificação as
compreensão das palavras, se a fala palavras e compreensão de leitura,
está de acordo com sua faixa etária, tais crianças podem ser disléxicas e
havendo algum atraso, as ter sua leitura comprometida.
providencias cabíveis devem ser Alunos que apresentam dificuldades
tomadas, para a assistência correta ortográficas omitem palavras da
do seu desenvolvimento. frase e a escreve de forma incorreta,
Pesquisas relacionadas ao possuindo uma escrita inadequada.
ensino infantil mostram que o Diante das dificuldades
déficit de atenção ocorre nesse apresentadas, tem se a dúvida de
período, é importante que seja quais são as estratégias a serem
identificado sinais subjetivos de usadas para o ensino frente a
alteração na fala, reconhecimento dislexia, as abordagens corretas
das letras, desinteresse escolar, fala utilizadas dentro do contexto
incompreensível, comportamento escolar, o melhor método a ser
alterado, dificuldade de aplicado e a melhor elaboração de
memorização, concentração em propostas.
falar o próprio nome e dos colegas. O professor com o uso das
O processamento fonológico é técnicas corretas pode provocar o
uma das causas da dislexia, não estimulo adequado para o
conseguir se manifestar de forma desenvolvimento da aprendizagem
adequada, pronunciamento incor- na criança, dando a ela a consciência
reto das palavras, incompre-ensão correta de fonologia e sua
correta da divisão de palavras, não importância. O uso adequado dos
associação de sons e letras, falta de métodos pode variar, mas a essência
conexão entre fonemas e grafemas, de ensino é a mesma, provocar na
situações de recusa constado de criança o interesse pelo
leitura, está relacionada a aprendizado, e promover o
problemas fonológico. conhecimento adequado de como
Reconhecer o problema é o cada disciplina funciona facilita esse
primeiro passo para o tratamento, processo.
incrementar novos métodos de
Estratégia de Ensino Frente a
estímulos, estratégicas e
Dislexia.
possibilidades de ensino.
O professor precisa estar Para estimular a consciência
atento às dificuldades da criança, fonológica, a atenção da criança

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

precisa estar voltada para o músicas dá o conceito de criação de


ambiente de ensino, muito deles tem rimas, promovendo a imaginação da
dificuldades de concentração, é criança para criá-las.
importante que o professor chame a A técnica de desenvolver a
atenção para o som que está sendo consciência de fonema, auxilia na
emitido, de forma que ele possa comparação das palavras, pois, leva
conseguir identificar de onde vem a a criança por meio de um espelho
sua sequência e localização, observar sua fala, distinguindo e
associando o som a uma imagem ou identificando a pronuncia dos
coisa e diferenciando um som do fonemas, observar as articulações e
outro. Esse estimulo provoca na a falas dos colegas, ajudam na
criança uma percepção auditiva, comparação e compreensão das
capacidade de concentração, e palavras.
identificação de ordem e sequências. A introdução das letras e da
No sequenciamento das escrita e suas associações, traz o
palavras a criança aprende sobre a entendimento do alfabeto e seu
formação de frases, fazer com que sistema, é importante para criança a
ela pense numa frase e a coloque assimilação das vogais e consoantes,
sobre a mesa juntando-as e memorizando suas formas, a
formando as silabas, isso ajuda na diferença entre elas, nesse processo
produção de pensamento, a o fonema pode ser inserido dando a
entender que as palavras seguem ela a percepção das letras e os sons
uma ordem e que são elas que dão o que elas emitem.
significado da silabas. Segundo Hennigh (2003,
Os jogos lúdicos auxiliam na p.35), o professor deve seguir cinco
separação das palavras, formando princípios de aprendizagem para
silabas, esses jogos ajudam na ajudar crianças com disléxia: o
percepção de que elas são formadas primeiro princípio diz respeito aos
por sequencias menores, métodos de ensino-aprendizagem, o
estimulando a pulsação da voz. O professor deve utilizar os diversos
abrir e fechar da boca auxilia na estímulos sensoriais, uma vez que,
fonação da criança. segundo a autora, as crianças
Rimas são estratégicas de aprendem melhor através deles; o
ensino que ajudam na verbalização segundo princípio, a autora refere
das palavras, dando uma percepção que o professor deve promover uma
de sons e fala, aperfeiçoando sua “visão positiva da leitura” pois,
consciência, as poesias infantis e alunos com dislexia demontram

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

pouca motivação para a leitura; o A dislexia requer


terceiro princípio assenta no facto complexidades de ensino, adotando
que o professor deve valorizar e estratégias para a melhoria da
motivar o aluno de maneira a que, leitura e da escrita, dentre desse
este não seja visto como o aluno contexto é importante que o aluno se
disléxico, mas sim um aluno da sinta bem e disposto ao
turma; no quarto princípio, a autora aprendizado. Mesmo sabendo que
defende que o professor e a turma um dos fatores que engloba a
devem estar em constante entre- dislexia é a desatenção, se faz
ajuda em relação ao aluno com necessário o uso de plataformas
dislexia; no quinto e último diversas para o ensino, incluindo a
princípio a autora afirma que o tecnologia ou não.
professor deve elaborar diversas As atividades propostas pelos
atividades que vão ao encontro das educadores devem impactar o aluno
dificuldades específicas de um aluno positivamente, levando a cons-
disléxico, tais como reforçar as cientização, memorização, co-
competências da leitura, nhecimento dos sons e letras, dando
reconhecendo a palavra através do consciência de fonológica e desejo
som e das letras. pela leitura.
O professor é responsável em
gerir todo o conteúdo, podendo
conter, jogos, brincadeiras, caça-
palavras, rimas, jogo de forca,
amarelinhas, instrumentos musicais
entre outros, que prendam a atenção
da criança, que o envolva durante o
ensino.
Mesmo sabendo que o
aprendizado disléxico é um grande
desafio para o aluno, se torna
Fonte: eshoje.com.br também um desafio para o
professor, que precisa adaptar e
flexibilizar o ensino de modo que

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

todos consigam aprender juntos. barreiras do preconceito, indo em


Muitos profissionais se buscar de ajuda e tratamento
reinventam para promover a adequado, obtendo sucesso no
inclusão ao ensino ao mesmo tempo desenvolvimento intelectual e
e para todos dentro da mesma sala aprendizagem escolar da criança.
com características de
aprendizagem diferentes.
O princípio fundamental das
escolas inclusivas consiste em todos
os alunos aprenderem juntos,
sempre que possível, indepen-
dentemente das dificuldades e das
diferenças que apresentam. Estas
escolas devem reconhecer e
satisfazer as necessidades diversas
dos seus alunos, adaptando-se aos
vários estilos e ritmos de
aprendizagem, de modo a garantir
um bom nível de educação para
todos através de currículos
adequados, de uma boa organização
escolar, de estratégias pedagógicas,
de utilização de recursos e de uma
cooperação com as respetivas
comunidades (UNESCO,1994, p.11).
Aprender algo novo é
desafiador, principalmente para o
disléxico, por isso, o uso de
estratégias especificas tende a
motivar o ensino para romper as
barreiras de dificuldades existentes
durante todo o caminho do saber.
A aquisição de conhecimento
envolve processos e esse caminho
envolve desafios, é necessário que a
família esteja aberta ao diálogo e ao
conhecimento, vencendo as

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DISLEXIA: ULTRAPASSANDO AS BARREIRAS DO PRECONCEITO

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