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FUNDAMENTOS DA

GESTÃO PÚBLICA

Profª Me Mirian Aparecida Micarelli Struett


UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Diretor Geral
Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR Gilmar de Oliveira
(44) 3045 9898
Diretor de Ensino e Pós-graduação
UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Daniel de Lima
Berthier Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR Diretor Administrativo
(44) 3045 9898 Eduardo Santini

UNIFATECIE Unidade 3 Rua Coordenador NEAD - Núcleo


Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí- de Educação a Distância
PR (44) 3045 9898 Jorge Van Dal

UNIFATECIE Unidade 4 BR-376, Coordenador do Núcleo de Pesquisa


KM 102, Saída para Nova Londrina Victor Biazon
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898 Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
www.unifatecie.edu.br/site
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Revisão Textual
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Thiago Azenha

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S927f Struett, Mirian Aparecida Micarelli


Fundamentos da gestão pública / Mirian Aparecida
Micarelli Struett. Paranavaí: EduFatecie, 2022.
83 p. : il. Color.

1. Administração pública. 2. Direito Administrativo.


I.. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a
Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 351.81


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
AUTOR

Profª Me Mirian Aparecida Micarelli Struett

Possui Mestrado na área de Gestão de Negócios pela


Universidade Estadual de Londrina, em consórcio com
a Universidade Estadual de Maringá (UEL/UEM). Possui
especialização em Novas Tecnologias da Ead pela
UniCesumar e graduação em Administração pela Universidade
Estadual de Maringá. É funcionária pública na área de Gestão
Hospitalar, desde 1992, e atua na função de Gestor de
Contratos e Convênios no Hospital Universitário Regional de
Maringá; também, é docente de Graduação e Pós-Graduação
nas áreas de Gestão Organizacional desde 2005.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/3388750064285917
APRESENTAÇÃO

É com muito prazer que apresento a você o livro que fará parte da disciplina
Fundamentos da Gestão Pública. A equipe da FATECIE e eu, preparamos este
livro com muito esmero para que você adquira conhecimentos necessários
sobre a Administração e Gestão Pública. Portanto, prezado estudante,
delinearemos o caminho para que você alcance esse objetivo, a partir da
apresentação das quatro unidades deste livro.

A Unidade I possibilitará uma maior compreensão sobre o papel do Estado


e a Administração Pública. Portanto, iniciamos nossa compreensão a partir
da teoria contratualista com Hobbes, Locke e Rousseau e a formação dos
sistemas sociais e políticos. Em seguida, conheceremos o sistema de freios
e contrapesos de Montesquieu e as principais instituições políticas no Estado
Brasileiro.

Na Unidade II delinearemos a concepção histórica e a reformas


constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, bem como
apresentaremos como se desenvolveram o modelos de Administração Pública,
começando pelo Patrimonialismo, com a chegada da Administração burocrática
e a Administração Gerencial.

Na Unidade III trataremos os principais aspectos contemporâneos dos


modelos de Administração e Gestão Pública enfatizando as novas formas
de Administração e Gestão, com ênfase também no papel das organizações
sociais, PPPs e das agências reguladoras e principalmente demonstrando
como os gestores devem atuar buscando a governança e a qualidade de
gestão almejada pelo usuário do serviço público.

Por fim, na Unidade IV será apresentado os instrumentos de atuação


do Estado. Basicamente e sucintamente apresentamos nesta unidade,
o instrumento de atuação por meio das políticas públicas, as principais
características do orçamento público e como ocorrem as compras, contratos
administrativos e repasses do Estado para entes da administração pública e
privada bem como é a relação entre Estado, Governo e Mercado e o controle e
participação cidadã.

Bons Estudos!
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
07 | Estado e Administração Pública

CAPÍTULO 2
26 | Administração Pública Brasileira: Concepção Histórica e Reformas

CAPÍTULO 3
44 | Modelos de Gestão Pública e Desafios

CAPÍTULO 4
64 | Instrumentos de Gestão Pública
1CAPÍTULO
ESTADO E
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA

Esta Unidade possibilita maior compreensão sobre o papel do Estado


e da Administração Pública. Para isso é fundamental conhecer a teoria
contratualista, a formação dos sistemas sociais e políticos, o sistema de freios
e contrapesos de Montesquieu e as principais instituições políticas no Brasil.

Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett

Objetivos da Aprendizagem:
• Apresentar a teoria contratualista na visão dos pensadores Hobbes,
Locke e Rousseau;
• Conceituar e contextualizar a definição de Estado e dos sistemas
sociais;
• Conceituar e contextualizar a Administração Burocrática por Weber;
• Apresentar o sistema de freios e contrapesos de Montesquieu;
• Apresentar as principais instituições políticas no Brasil.

Plano de Estudo:
• Teoria Contratualista (Hobbes, Locke e
Rousseau);
• Função do Estado e a Administração Pública;
• O sistema de freios e contrapesos de
Montesquieu;
• Principais Instituições Políticas no Brasil.

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INTRODUÇÃO DA UNIDADE

Esta Unidade possibilita maior compreensão sobre o papel do Estado e sua


formação enquanto Administração Pública e Política.

Portanto será apresentado a você, prezado estudante, a teoria contratualista na


visão dos pensadores Hobbes, Locke e Rousseau, em seguida a necessidade
da formação dos sistemas sociais com ênfase na organização burocrática e na
administração pública e o motivo pelo qual houve a necessidade do sistema de
freios e contrapesos de Montesquieu. Ao final, sucintamente será apresentada
as principais instituições políticas no Brasil.

Iniciaremos esta unidade traçando sobre a formação e necessidade do Estado,


a partir da Teoria Clássica, ou seja, da Teoria Contratualista de Hobbes, Locke
e Rousseau, explicando sobre o Estado de Natureza, a sociedade civil, a
necessidade de Estado e do Contrato Social.

Em seguida será apresentado a função tríplice do Estado e alguns conceitos


sobre os sistemas sociais e político e sua forma de organização. Neste
momento, será apresentado a necessidade da legitimação deste Estado
enquanto soberano e também de como essa legitimidade poderia se fortalecer
por meio do sistema político, com o enfoque na Burocracia de Weber.

A Burocracia de Weber é considerada o modelo ideal para a Administração


Pública, pois apresenta algumas características que podem colaborar com a
eficiência dos serviços prestados pelo Estado ao seu povo.

Em seguida, será apresentado o sistema de freios e contrapesos de


Montesquieu, e como o próprio nome já diz, é um sistema que serve de
controle para o poder político que é concretizado por meio da constituição dos
três poderes: legislativo, executivo e judiciário.

Na Administração Pública será apresentado o seu conceito básico bem como


como estas Instituições Políticas executam o seu papel no Sistema Brasileiro.

Bons Estudos!

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1 ESTADO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O Estado surgiu num momento histórico condicionado por uma série de fatores
sociais, políticos e econômicos com o objetivo de organizar a nova estrutura
institucional de poder (COSTIN, 2010).

Foi a partir do século XVII, que surge a Teoria Clássica do Estado condicionada
pelo poder econômico e político na Europa, época em que o sistema feudal
declinava a partir de diversas guerras civis e das profundas mudanças em
relação a concentração e centralização de poderes em determinados territórios.

O feudalismo sofre derrotas com a emergência das monarquias absolutistas


e só é eliminado com industrialização e o predomínio da classe burguesa
e o estabelecimento do sistema capitalista que passa a se burocratizar e
a se racionalizar, pois a unidade básica de produção, a família passa a
ser a empresa burocrática, na qual as organizações e o Estado dominam
(BRESSER-PEREIRA, 1963).

O Estado é chamado a agir como um mediador civilizador, principalmente


quando ocorrem uma série de mudanças, na qual se desenvolvia a Teoria
do Estado Liberal, baseado nos direitos individuais e na ação do Estado que
visava o bem comum, rompendo com a lei divina e colocando o poder político e
econômico de forma racional.

1.1 Teoria Contratualista

No final do século XVII, aparece a redefinição do Estado de Natureza (condição


natural do homem) e a formulação dos direitos individuais, que vem a substituir
a lei divina como fundamento das hierarquias políticas da época.

De acordo com Carnoy (2013), embora Maquiavel buscasse o aperfeiçoamento


na arte de governar, ensinando aos príncipes a expandirem seu governo por
meio de uma abordagem científica e positiva, outros filósofos baseiam suas
teorias de Estado na natureza humana, no comportamento individual e na
relação entre indivíduos.

Hobbes e Rousseau, em seu pensamento político concordam que a


propriedade privada não é um direito natural, mas sim um direito civil, ou seja,
mesmo que no estado de natureza (em Hobbes) e no estado de sociedade
(em Rousseau) os indivíduos obtenham terras e bens, sem as leis essa posse
não é garantida, por isso a necessidade de um contrato social a partir de um
decreto soberano (CHAUÍ, 2000).

Os três clássicos que melhor representam a teoria clássica do Estado é

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Hobbes, Locke e Rousseau (CARNOY, 2013):

1.1.1 Thomas Hobbes

De acordo com Carnoy (2013), o livro Leviathan de Thomas Hobbes (1968),


inicialmente publicado em 1651, foi considerado um método inteiramente
novo de encarar a sociedade Política e teve como finalidade sistematizar o
comportamento político humano, de acordo com a lógica dedutiva e as leis
dos movimento e conceitos do século XVII. Sua finalidade foi servir como um
modelo ao comportamento do indivíduo com fundamento na teoria política e
não na ação do Estado eficiente, de forma que o homem deveria ser refreado
(renúncia do poder individual) por um agente externo, admitindo um poder
soberano perpétuo que possibilitasse a satisfação de seus apetites (suas
paixões) e a aversão (a morte e guerras).

Hobbes demonstra sua tese como a renúncia do poder do indivíduo em


favor de um soberano haja vista que a luta onipresente pelo poder levaria ao
colapso da sociedade e ao aumento da probabilidade de morte violenta, de
modo que seria prudente esperar e abrir mão de todo o poder a um soberano
que pudesse prevenir esse colapso. O argumento de Hobbes é introduzido a
partir da abstração lógica do homem e o “Estado de Natureza”, ou seja, uma
condição hipotética demonstrando que não há poder comum para o controle
dos indivíduos, nem lei ou coação, mas sim que o homem civilizado deveria
sair desta condição, ou seja, do Estado de Natureza.

Ocorre que no Estado de Natureza há também direitos naturais humanos


a serem preservados. Segundo Carnoy (2013, p. 27) “por essa razão há
uma tensão entre preservar a liberdade vantajosa no estado de natureza e o
medo da violência e da guerra, que logicamente esse estado produz”. Neste
sentido, isso levaria à renúncia do poder individual em favor de um soberano,
reduzindo-o a impotência. Hobbes se opõe primeiro porque a sujeição é melhor
que a guerra e a morte e segundo porque não seria de interesse do soberano
tirar sua liberdade já que sua força vem do vigor dos súditos.

Como não houve submissão, a paixão individual ganhou força com a troca
de bens no mercado livre, na qual a paixão dos homens ficou contida na
maximização dos seus interesses econômicos, ou seja, menos violência na
busca pelo ganho em um contexto pacífico de mercado.

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1.1.2 John Locke

Mais de quarenta anos depois de Hobbes, em 1692, John Locke surge num
momento histórico na Inglaterra de guerras, emergência da burguesia em
oposição ao feudalismo. Em vez de “Estado de Natureza” não primitivo - o
estado de perfeita liberdade individual, ou seja, tem direitos, como assegurar e
preservar sua propriedade e ao mesmo tempo ser juiz e executor da lei natural,
na qual esse estado de natureza pode se transformar em um estado de guerra,
ou seja, o homem pode submeter outro ao seu poder absoluto (CARNOY,
2013).

Neste pensamento, os homens juntos - para se defenderem contra o estado


de guerra - deveriam se juntar em uma sociedade política, apoiada por um
corpo de leis, na qual os homens entregam os direitos de autopreservação
da propriedade à comunidade (O Estado). Locke diverge de Hobbes quanto
à natureza do soberano, ou seja, na sua definição de sociedade política a
monarquia absoluta é incompatível com a da sociedade civil.

Desta forma, Locke exclui a monarquia absoluta e insiste para que o poder seja
dado a um corpo coletivo de homens, na qual entregam seu poder (natural) a
outrem, a um poder legislativo que elaborará e fará cumprir as leis mantendo
a propriedade individual e a segurança pessoal, e ainda garantindo que esse
poder reside nos indivíduos que compõem a sociedade civil (e podem dissolvê-
lo), ainda que tenham delegado sua governança. Assim, tanto o legislativo
quanto o executivo tem poder político enquanto refletem a vontade dos
membros individuais da sociedade, na qual reside o verdadeiro poder político.

Para Hobbes, de acordo com Chauí (2000), o soberano pode ser um rei, um
grupo de aristocratas ou uma assembleia democrática, na qual o fundamental
não é o número dos governantes, mas a determinação de quem possui o poder
ou a soberania cujo poder é de modo absoluto do Estado por meio de suas
instituições públicas. Assim, o Estado têm o poder para legislar e aplicar as leis,
definindo e garantindo a propriedade privada ao mesmo tempo em que tem a
obediência incondicional dos governados, desde que ele, o Estado respeite
os dois direitos naturais intransferíveis (o direito à vida e à paz). O soberano,
neste sentido detém a espada e a lei enquanto os governados, a vida e a
propriedade dos bens.

1.1.3 Jean-Jacques Rosseau

É no conceito de sociedade civil que Rousseau difere de Locke, pois para


ele a sociedade é uma descrição do modo como os homens são encontrados
na sociedade, ou seja não como uma construção ideal ou hipotética mas
como uma realidade. Rousseau vê o homem como sem moralidade, mas

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sem maldade, o qual é corrompido não pela natureza, mas pela posse da
propriedade e pela formação da sociedade civil, ou seja, a sociedade é que é
corrupta (CARNOY, 2013).

Em resumo, segundo Carnoy (2013), Locke vê a posse da propriedade como


a base de uma sociedade justa e equitativa enquanto Rousseau a considera
como a origem do mal e da desigualdade, ou seja, a considera como o produto
da voracidade do homem, do mais rico e poderoso (do homem rico-classe
dominante), cuja sociedade é formada em função de seus interesses, mas
não necessariamente das massas, na qual em uma sociedade desigual acha
necessário preservar a ordem, controlar as tentativas de usurpá-las e legitimar
a exploração ao pobre.

Conforme Chauí (2000), de acordo com Locke, os homens a partir da


sociedade civil entregam suas liberdades naturais para obterem segurança
sendo este um produto da racionalidade humana, na qual a passagem desse
estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social. É
neste momento que os indivíduos renunciam à liberdade natural (posse natural
de bens, riquezas e armas) e transferem ao soberano – quem tem poder de
criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política a partir do contrato social.

Desta forma, Rousseau citado por Carnoy (2013), apresenta o Estado não
como benéfico a todos mas, destinado a preservar a desigualdade política e
social. Neste sentido, acreditando que os homens gostariam de viver como
iguais e livres, descreve o Estado como On the social contract em 1762, ou
seja, o fundamento deste contrato social, em que o Estado age sob a
direção da vontade geral. Tanto Locke quanto Rousseau concordam que
embora a vontade geral trate as pessoas de forma equitativa, nem todos os
cidadão são iguais, por isso entendiam que poderia haver classes de
cidadãos, enquadrados pelo mérito do nascimento ou de propriedade,
mas não de classes sociais.

Foi em seu Discourse on political economy em 1755, que Rousseau a


Intervenção do Estado como necessário, pois esclarece que o Estado, através
das tarefas do governo deveria prevenir a extrema desigualdade da riqueza,
cujo governo deveria não a expropriação, mas a eliminação dos meios das
pessoas acumulá-las, bem como protegendo os cidadãos para não se tornarem
pobres, mas complementados pela educação e a prevenção da desigualdade
em desenvolvimento (CARNOY, 2013).

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REFLITA

O poder é conferido ao soberano pelo povo – para legitimar a teoria do contrato


social. Como é possível o contrato social? Qual sua legitimidade? Se a função
do estado é de garantir e defender a propriedade privada contra a nobreza e os
pobres, qual é o poder do soberano?

Fonte: CHAUÍ, 2000.

1.2 Função do Estado e a Administração Pública

De acordo com Chauí (2000), Locke (precursor da teoria liberal), os


realizadores da Independência norte-americana e da Revolução Francesa e
pensadores como Max Weber, a função do Estado é tríplice, quais sejam:

1. O Estado garante o direito natural de propriedade dos indivíduos por


meio das leis e do uso legal da violência (exército e polícia) respeitando
a liberdade econômica dos proprietários privados;
2. O Estado, neste sentido, não tem poder instituinte, mas apenas a função
de garantidor e de árbitro dos conflitos que possam existir, tendo como
função a arbitragem por meio das leis e da força;
3. O Estado tem o direito de legislar, permitir e proibir tudo quanto
pertença à esfera da vida pública, mas não o direito de intervir sobre
a consciência dos governados, emitindo censura somente em caso de
risco ao próprio Estado.

O sistema capitalista desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento


da burocracia, criando a necessidade de uma administração estável, rigorosa,
intensiva e incalculável que dá a burocracia um papel central em nossa
sociedade se tornando um elemento fundamental na administração de massas
(WEBER, 1966).

Assim, dentro do contexto de Liderança do Estado, uma comunidade humana


que depende do uso do estado como o uso legítimo da força física dentro de
determinado território necessita de legitimidade.

Weber desdobra a natureza dos elementos essenciais que se constitui o


Estado e chega-se ao conceito de autoridade e legitimidade, ou seja, para que
o Estado exista é necessário que o conjunto de pessoas obedeça a autoridade
delegada pelos detentores do poder no referido Estado, por isso necessário
que estes tenham seu poder legitimado, na qual a autoridade é definida em três
tipos: racional-legal, tradicional e carismática (Textos selecionados de Weber,
1997):

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O racional-legal, foco maior de nosso interesse, segundo Weber (1997) tem
como fundamento a crença na validade do estatuto legal e da competência
funcional, baseada em regras racionalmente criadas. Assim, quando essa
autoridade legal-racional envolve um corpo administrativo organizado, toma a
forma de estrutura burocrática amplamente analisado a seguir. A autoridade
tradicional é imposta por procedimentos considerados legítimos e aceita
em nome de uma tradição reconhecida como válida e a carismática é um
tipo de apelo que se opõe às bases de legitimidade da ordem estabelecida e
institucionalizada.

1.2.1 Weber - Estado, Organização Burocrática e a Administração Pública

De acordo com Bresser-Pereira e Motta (2000) um sistema social é constituído


por grupos ou família com um grau de formalização da estrutura organizacional
e podem ser organizados ou não. No extremo oposto temos as organizações
ou as burocracias (quanto mais organizado, mais se aproxima do modelo ideal
de organização burocrática). Max Weber considera as organizações (sistema
social racional em que há especialização e divisão do trabalho em que o critério
principal é a eficiência) como um dos tipos de sistemas sociais. A seguir, a
demonstração dos sistemas sociais.

Figura: a Organização Burocrática entre os sistemas sociais.

Fonte: Karl Mannheinn p. 104 citado por BRESSER-PEREIRA; MOTTA, 2000.

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Max Weber é conhecido na Administração Pública por sua análise da
burocracia racional e da burocracia de tipo ideal, ocorrida num contexto de
dominação social. Descreve sobre o sistema de autoridade, como forma de
estabelecer e assegurar a crença de sua legitimidade que podem ocorrer de
forma diferente dependendo do tipo do staff administrativo que dá suporte à
essa autoridade, ou seja, em termos específicos Weber identifica em três tipos
puros a autoridade ou dominação legítima (DENHARDT, 2012):

• Autoridade legal - pautada na crença da legalidade de certos padrões/


regras e no direito dos que detêm autoridade legal para dar ordens;
• Autoridade Tradicional - baseada na importância das tradições
duradouras e dos governantes que mantém a tradição;
• Autoridade Carismática - baseada no afeto ou devoção a um indivíduo.

De acordo com Denhardt (2012) a autoridade legal desempenhada por um staff


administrativo burocrático esboça as características centrais de como funciona
uma organização burocrática e como devem atuar seus funcionários, quais
sejam:

1. São livres pessoalmente, entretanto estão sujeitos à autoridade em


relação às suas obrigações impessoais;
2. Organizados em uma hierarquia;
3. Existe a clara definição de competência;
4. A seleção e a relação contratual é livre na definição do cargo a ser
ocupado;
5. Os candidatos são selecionados com base em qualificações (técnicas) e
nomeados ou eleitos;
6. A remuneração é com salário fixo e na maioria das vezes com direito
a pensão e somente em certas condições, a autoridade empregadora,
especialmente nas privadas, têm o direito de anular uma nomeação,
levando em conta a responsabilidade da posição e as demandas do
status social do ocupante do cargo;
7. O cargo é o único ou a principal ocupação de seu titular;
8. O cargo constitui uma carreira e a promoção por desempenho baseia-se
baseada no julgamento de superiores;
9. Os funcionários desempenham o trabalho de modo dissociado da
propriedade dos meios de administração e sem a apropriação de suas
posições;
10. Os funcionários estão sujeitos à disciplina e controles na condução de
seu cargo.

Para Bresser-Pereira e Motta (2000), as burocracias têm sua fonte de


legitimidade no poder racional-legal, assim as organizações são sistemas
sociais racionais (formais, impessoais e dirigidos por administradores
profissionais).

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1.3 O sistema de freios e contrapesos de Montesquieu

De acordo com Maldonado (online), a separação dos poderes envolve a


limitação do poder político na qual a síntese visa a expressar os interesses
de ricos e pobres dentro do contexto aristotélico uma vez que a vontade
do soberano se confundia com a vontade do Estado, sendo assim o
desenvolvimento sistematizado da doutrina da separação dos poderes como
técnica de limitação do poder é levado a cabo por Locke e Montesquieu.

Mas qual seria a finalidade dos contrapesos?

JOHN H. GARVEY e T. ALEXANDER ALEINTKOFF


ensinam que o balance (contrapesos, equilíbrio) surge
na Inglaterra, a partir da ação da Câmara dos Lordes
(nobreza e clero) equilibrando (balanceando) os projetos
de leis oriundos da Câmara dos Comuns (originados do
povo), a fim de evitar que leis demagogas, ou formuladas
pelo impulso momentâneo de pressões populares, fossem
aprovadas. Na verdade, o objetivo implícito era conter o
povo, principalmente contra as ameaças aos privilégios da
nobreza (MALDONADO, online, p 17).

Para Locke, como já vimos é o legislativo que se sobressai, já os demais


poderes dele derivam e a ele estão subordinados. Compete ao poder
executivo, cuja existência é perene, a aplicação das leis.

É, contudo, segundo Maldonado (s.d. Online, p. 6) Montesquieu, o principal


e único responsável pela inclusão poderes fundamentais do Estado, na qual
apresenta “uma de suas justificativas para a existência da Câmara Alta (corpo
legislativo formado por nobres, ao lado do corpo legislativo formado por
representantes do povo)”. Existem duas outras importantes ferramentas iniciais
do sistema de freios e contrapesos. O veto e o impeachment.

Neste sentido, em síntese, a oposição do Rei - no caso atual o Presidente que


não mais participa do processo legislativo, apenas o controla, podendo impedir
que a legislação entre em vigor através do veto e o impeachment, por sua vez,
surge como um mecanismo jurídico que permite ao parlamento o controle
sobre os atos executivos dos Ministros do Rei (ou Presidente), controlando o
exercício da sua função executiva.

Assim, de acordo com Maldonado (online), de acordo com a Constituição de


1988:

a. há controle do poder executivo exercido em relação ao legislativo


através do veto por parte do executivo;
b. há controle do poder executivo exercido em relação ao judiciário por

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meio da fiscalização e correção da atividade jurisdicional;
c. controle do poder judiciário em relação ao poder legislativo por meio do
controle jurisdicional das leis produzidas;
d. controle do poder judiciário exercido em relação ao executivo por meio
de sanção; sendo uma outra interferência ocorre entre judiciário e
legislativo sobre o poder executivo no controle e correção;
e. controle do poder legislativo em relação ao executivo por meio da
fiscalização;
f. controle do poder legislativo em relação ao poder judiciário por meio das
comissões de inquérito parlamentar, as CPIs.

1.3.1 Poderes Fundamentais do Estado Brasileiro

O Brasil adota a função clássica Tripartite concebida por Montesquieu. De


acordo com Costin (2010), a constituição Brasileira foi preparada por uma
Assembleia Constituinte refletindo os direitos políticos e sociais dos cidadãos.
Desta forma, os poderes da União são divididos em três, conforme artigo 2º da
Constituição Federal de 1988:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e


harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

• O poder legislativo tem como função típica legislar e fiscalizar e como


função atípica administrar (organização interna) e julgar. Seu objetivo
é elaborar normas de direito que são aplicadas a toda sociedade e
também sua função está relacionada à veracidade de orçamentos
públicos, licitações, contratos firmados e ainda a contratação de
funcionários públicos. É representado pelo Congresso Nacional e
realizado na Câmara dos Deputados e pelo Senado (sistema bicameral).
• O poder executivo tem a função de Administrar os interesses da
nação. Representantes têm como função típica administrar a coisa
pública (república) e como função atípica, legislar e julgar – assegurar
o cumprimento da Lei nos três níveis de atuação. É representado por
todo o aparato de órgãos existentes para a realização e prestação de
serviços públicos.
• O Poder Judiciário tem como função aplicar a lei a um caso concreto
(julgar a adequação ou inadequação), resultante de conflito de
interesses bem como as de natureza administrativa e legislativa. São
órgãos do Poder Judiciário: Supremo Tribunal Federal (STF), Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e tribunais regionais federais (TRF), Justiça
Federal Comum: Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar e Justiças
Estaduais.

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1.4. Instituições Políticas

De acordo com Couto (2013) as instituições são socialmente construídas e


condicionam as ações dos indivíduos em grupos. Neste sentido, há instituições
sociais, informais, econômicas, e há também as instituições políticas, que de
alguma forma visam ao Estado e fazem parte dele.

Têm o Estado em vista, sem propriamente o integrar,


os partidos políticos, os grupos de pressão, e outras
organizações sociais que buscam operá-lo, influenciá-
lo, tomá-lo ou reformá-lo. Todo Estado também é um
conjunto ou sistema de instituições, como a lei, os órgãos
da burocracia pública e os ramos de governo (COUTO,
2013, p. 480).

Instituições são definidas como um sistema de regras e incentivos, as


instituições não têm objetivos/metas, mas propósitos ou funções sistêmicas.
Portanto são funcionais ou disfuncionais em vez de eficazes ou ineficazes,
dentro de determinada ordem governança. A organização política de um país
requer organizações hierárquicas (PINTO, 2008).

1.4.1 Principais Instituições Políticas no Estado Brasileiro

A Estrutura Institucional do Estado baseia-se em normas formais e informais,


regras e normas que não tem objetivos e metas somente, mas propósitos e
funções, sendo portanto funcionais ou disfuncionais caso não haja governança.
A instituição Estado, desempenha funcionalmente enquanto as organizações
ligadas ao Estado operam para atingir objetivos, de forma que o Estado é
constituído de várias organizações (PINTO, 2008).

Matias-Pereira (2010, p. 177) expõe acerca da expressão Administração


Pública, cujo conceito expressa, num sentido amplo como:

[...] todo o sistema de governo, todo o conjunto de


ideias, atitudes, normas, processos, instituições e ou-
tras formas de conduta humana, que determinam:
(a) como se distribui ou se exerce a autoridade po-
lítica; (b) como se atendem aos interesses públicos.

O Brasil é um Estado Republicano, democrático e representativo que atua de


forma federativa e presidencialista por meio de três poderes independentes:
Executivo, Legislativo e Judiciário, cuja federação é formada pela união de
26 Estados, Municipalidades e Distrito Federal em três níveis de governo:
União, Estado e Municípios, sendo essa constituição da República Brasileira
considerada como um Estado Democrático de Direito regida por uma

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constituição de Estado, Leis, Decretos e Regulamentos (COSTIN, 2010).

O aparelho do Estado, ou melhor, a Administração Pública, em sentido amplo,


ou seja, em termos de estrutura organizacional envolve esses poderes. Assim,
a Administração Pública em sentido amplo é constituída pelo governo, ou seja,
pela cúpula dos dirigentes nos três poderes, por um corpo de funcionários
(servidores públicos) e pela força militar (CHIAVENATO, 2012; MATIAS-
PEREIRA, 2010; NASCIMENTO, 2006, COSTIN, 2010).

Desta forma, os três poderes são exercidos de forma compartilhada entre os


entes federativos (União, Estados membros e Municípios), sendo o papel do
executivo, considerado preponderante sobre os demais poderes haja vista
que tem como objetivo exercer o poder de polícia dos Estados (fiscalização do
cumprimento das normas à punição dos infratores). Já o legislativo exerce o
poder central e o Judiciário tem como papel mediar a relação entre governante
e assembleia.

A partir das prerrogativas constitucionais, o governo tem como finalidade:


definir planos de ação e políticas públicas, bem como dirigir e comandar
a Administração Pública, já a Administração Pública em sentido estrito é
representada pelo conjunto de órgãos e agentes que exercem a função
administrativa, ou seja, transforma em ações, as decisões do governo,
exercendo o poder de polícia e prestando serviços públicos fomentando e
intervindo no domínio econômico (NASCIMENTO, 2006; COSTIN, 2010).

Como afirma Nascimento (2006, p. 5), a estrutura administrativa será


proporcional aos serviços que os entes estaduais e municipais colocam à
disposição da população.

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SAIBA MAIS

Registram-se algumas objeções à teoria Contratualista.

Em primeiro lugar pode dizer-se que, se não houve realmente contrato, então
nem os governos, nem as pessoas estão “obrigadas” a cumprir as suas
promessas. Isto que faz que — de acordo com o contratualismo — nenhum
governo seja legítimo. Defende-se, como alternativa, que essa consequência
é implausível, uma vez que o que legitima os governos atuais — e a obrigação
que lhes é devida — é a justiça da suas ações, e não a sua hipotética
origem contratual. Também que a insistência na justificação contratualista
acaba por abranger não só os governos justos, mas também os injustos. Um
contratualista pode defender-se dizendo que as pessoas assinam um contrato
que estimula a obediência apenas a governos justos e, assim, pode falar-
se de um “contrato hipotético” entre governados e governantes. Contudo,
se o contrato é meramente hipotético, então, novamente, nada obriga a que
promessas hipotéticas tenham de ser cumpridas, uma vez que ninguém se
comprometeu, de fato, com nenhuma obrigação.

Em segundo lugar, a teoria do contrato social justifica a obediência aos


governos pela necessidade de cumprir as nossas promessas. O ponto é que
podemos sempre colocar a pertinente questão de saber por que deveremos
nós cumprir as nossas promessas. Os contratualistas caem no erro de
substituir um dever já em si duvidoso — a obediência — por outro também
duvidoso — o cumprimento de promessas.

Fonte: BETTENCOURT, Luís Filipe. Crítica à teoria contratualista.


Disponível em: <http://criticanarede.com/teoriacontratualista.html>Acesso em out. 2017.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta Unidade possibilitou a você, prezado estudante compreender um pouco


melhor como foi a formação estado, como adquiriu sua legitimidade enquanto
autoridade e soberania e apresentar o sistema de freios e contrapesos de
Montesquieu como forma de controle visando a preservar os interesses da
coletividade. Da mesma é apresentado uma forma racional e organizada
encontrada por Weber, segundo ele o modelo ideal para dar legitimidade ao
Estado e a Administração Pública e Política.

Neste sentido, inicialmente foi apresentado a teoria clássica, na qual


apresentamos Hobbes, Locke e Rousseau. Os dois primeiros em seu
pensamento político concordam que a propriedade privada é um direito civil,
porém mesmo com as posses de terras e bens, sem as leis não têm garantia,
por isso a necessidade de um contrato social advinda de um soberano.

A burocracia, junto com o sistema de freios e contrapesos de Montesquieu


é papel central em nossa sociedade e se tornou um elemento fundamental
na administração, pois foi a partir dela que houve maior legitimidade das
atividades realizadas pelo Estado (soberano).

A autoridade legal desempenhada no administrativo burocrático esboça as


características centrais de como deve funcionar uma organização burocrática,
que tem como fundamento a crença na validade do estatuto legal e da
competência funcional, baseada em regras racionalmente envolvendo um
corpo administrativo organizado.

Foram apresentados, também o sistema de freios e contrapesos de


Montesquieu, na qual vimos que o Brasil adota a função clássica Tripartite, ou
seja, sua atuação ocorre a partir dos poderes legislativo, executivo e judiciário
como forma de exercer o controle.

Ao final, foi apresentado as principais características do Estado Brasileiro


na qual foi apresentado que ele é um Estado Republicano, democrático e
representativo e que atua por meio de três poderes independentes: Executivo,
Legislativo e Judiciário, considerado um Estado Democrático de Direito regida
por uma constituição de Estado, Leis, Decretos e Regulamentos.

PÁGINA 21
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO

Título: Os clássico da política


Francisco C. Weffort (org)
Editora: Editora Ática
Sinopse: ‘Os Clássicos da Política’ reúne personagens que
acompanharam a formação do Estado moderno, processo
que durou séculos na história européia. Fundamental para
a compreensão do pensamento de Maquiavel e de sua dura
visão sobre o poder, no século XVI: de Hobbes e Locke,
testemunhas da Inglaterra conturbada e revolucionária do
século XVII; de Montesquieu, admirador da política liberal
inglesa sob o absolutismo francês do século XVIII; de
Rousseau, precursor do pensamento democrático moderno
e inspirador dos ideais da Revolução Francesa; de Madison, Hamilton e Jay. Defensores
da Constituição dos Estados Unidos da América de 1787.

FILME

Título: O EXERCÍCIO DO PODER


L’exercice de L’État (França - Bélgica – 2012 - 112
min. 16 anos) Direção de Pierre Schöller, com
Michel Blanc e Oliver Gourmet. César de Melhor
Coadjuvante para Michel Blanc; prêmio Fripesci em
Cannes; melhor filme pelo Sindicatos dos Críticos da
França.
SINOPSE O cotidiano de um ministro da República
Francesa revela a multiplicidade de conflitos
envolvidos na atividade de quem exerce uma função de governo num sistema
democrático. Além das contradições internas do poder executivo, que reflete
os atritos entre os integrantes do partido majoritário, destacam-se os embates
com os demais poderes e – o que é pouco comum no cinema político – as
asperezas e ambiguidades no relacionamento entre os detentores de cargos
políticos ou eletivos e os funcionários de carreira, ou seja, os gestores
profissionais do estado.
Sinopse.
NA WEB

Síntese do pensamento político de Thomas Hobbes, John Locke e Jean-


jacques Rousseau a respeito do processo de formação do Estado Moderno.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jz3AcQLx2_0

PÁGINA 23
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.> Acesso em Out. 2017.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos; MOTTA, Fernando C. Prestes. Introdução à


organização burocrática. São Paulo: Thompson, 2000.p.

CARNOY, Martin. Estado e a teoria política. Trad. Instituto de Letras da PUC-


Campinas. 17.ed. Campinas: Papirus, 2013.

CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2000. p. 220-223.

COSTIN, Claudia. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

COUTO, Cláudio Gonçalves. Instituições Políticas. In: Geraldo Di Giovanni;


Marco Aurélio Nogueira (Org). Dicionário de Políticas Públicas. 1.ed. São
Paulo: FUNDAP, 2013.p. 486-490.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública. Rio de Janeiro,


Elsevier, 2006.

DENHARDT, Robert B. Teorias da Administração Pública. Trad. Francisco G.


hedemann. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

MALDONADO, Maurílio. Separação dos poderes e sistema de freios e


contrapesos: desenvolvimento no Estado Brasileiro. Disponível em: <https://
www.al.sp.gov.br/StaticFile/ilp/separacao_de_poderes.pdf> Acesso em Out.
2017.

MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas


instituições e ações governamentais. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública: tributação e orçamento,


lei da responsabilidade fiscal, tópicos em contabilidade, gestão pública
no Brasil e JK a Lula, administração financeira e orçamentária, finanças
públicas nos três níveis do governo. São Paulo: Saraiva, 2006.

WEBER, Max. Os fundamentos da organização burocrática: uma construção do


tipo ideal. In Sociologia da Burocracia. Organização, introdução e tradução
de Edmundo Campos. Rio de Janeiro, FGV, 1966.

WEBER, Max. Textos selecionados. In: Os Economistas. Traduções de


Maurício Tragtenberg, Waltensir Dutra, Calógeras A. Pajuaba, M. Irene de
Q. F. Szmrecsányi, Tamás J. M. K. Szmrecsányi. Revisão de Cássio Gomes
(Parlamentarismo e Governo). São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, Ed.
1997.p.

PÁGINA 25
2CAPÍTULO
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
BRASILEIRA: CONCEPÇÃO
HISTÓRICA E REFORMAS

Esta Unidade possibilita maior compreensão sobre a concepção histórica e


a reformas constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, bem
como apresentar como se desenvolveram o modelos de Administração Pública,
começando pelo Patrimonialismo até a Administração Gerencial.

Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett

Objetivos da Aprendizagem:
• Apresentar os principais aspectos das evoluções históricas Brasileira;
• Apresentar as principais características e reformas constitucionais e
estruturais ocorridas no Estado Brasileiro;
• Apresentar a necessidade de reformas na Administração Pública;
• Conceituar e apresentar os modelos de Administração Pública:
patrimonialismo, burocratismo e gerencialismo.

Plano de Estudo:
• Evolução Histórica da Administração Pública no Brasil;
• Reformas da Administração Pública;
• Modelos de Administração Pública: Patrimonial, Burocrática e
Gerencial.

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INTRODUÇÃO DA UNIDADE

Esta unidade, prezado estudante, trata de forma sucinta os principais aspectos


históricos da evolução da Administração Brasileira. Portanto, conheceremos os
principais aspectos das evoluções históricas Brasileira no que tange a reformas
constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro e necessidade de
reformas na Administração Pública.

A trajetória histórica do Brasil é permeada por diversas mudanças e reformas


estruturais e constitucionais, na qual daremos uma ênfase maior nas Reformas
Constitucionais e alguns pontos que chamam maior atenção na Administração
Pública e suas tentativas de desenvolver a forma de Administrar a coisa pública
buscando a eficiência para o serviço público.

Inicialmente será apresentado um breve histórico destacando a evolução


histórica Brasileira em momentos importantes como a Administração Colonial
e as capitanias hereditárias, o Brasil como sede do Império português e a
República Velha e o primeiro e segundo reinado.

Em seguida, com ênfase nos aspectos constitucionais e estruturais


traçaremos cada época, começando com o Varguismo (década de 30),
o desenvolvimentismo, início da reforma, o regime militar, estatismo e a
reforma de 67, bem como a reforma de 1995. Assim, a partir destes aspectos
traçaremos a República, a Redemocratização e a Constituição de 1988
marcando a democracia com importantes emendas constitucionais seguida de
importante modernização na administração Pública na década de 90 em diante.

Em seguida, será apresentado as etapas que culminaram nas reformas


na administração Pública e ao final desta unidade será apresentado o que
representam os modelos de Administração nas formas de administrar o Estado,
quais sejam: será apresentado as principais característica do patrimonialismo,
da Administração burocrática e da Administração Gerencial.

Bons Estudos!

PÁGINA 27
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL

Retratar essa concepção histórica é muito importante para conhecer os


principais fatos e também as principais modificações que levaram a reformas
constitucionais e estruturais em nosso país. E, principalmente verificar as
principais reformas, evolução e características da Administração Pública.

2.1.1 BREVE HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E AS


CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

Traçamos aqui um breve histórico destacando a evolução histórica Brasileira


em momentos importantes como a Administração Colonial, o Brasil como sede
do Império português e a República Velha e o primeiro e segundo reinado. A
época do Varguismo (década de 30), o desenvolvimentismo, início da reforma,
o regime militar, estatismo e a reforma de 67, bem como a reforma de 1995
serão enfatizados no próximo tópico.

Sucintamente, conforme Costin (2010), a seguir, os principais aspectos


históricos iniciais do patrimonialismo, capitanias hereditárias e início das
reformas constitucionais e estruturais do Estado Brasileiro:

• O Patrimonialismo veio para o Brasil com os portugueses, uma mistura


de administração político-administrativa centrado na mistura entre
público e privado, num contexto em que o mercantilismo buscava nas
colônias as condições para obter balança comercial favorável.
• As capitanias hereditárias (sistema de colonização e administração da
nova coroa) destinava territórios aos amigos do Rei e nobres chamados
donatários. A doação de uma capitania ocorria e com isso algumas
condições como: o donatário se descobrisse pedras ou ouro 20% seria
da coroa, por exemplo. Devendo também aplicar a justiça, nomear
funcionários, fundar vilas, construir engenhos e o pagamento de tributos
(Carta Foral) pelos colonos.
• Para apoiar as capitanias e dificultar o acesso a estrangeiros
(franceses, holandeses e espanhóis) Portugal criou o Governo Geral em
1548 como forma de fortalecimento da colonização.
• O Governador Geral passou a assumir a função de vice-rei junto com
o donatário, que permaneceu até 1808 com a vinda da família real ao
Brasil, com liberdade para o comércio e a implantação de entidade
públicas e ministérios, voltando em 1820 para Portugal após a
Revolução Liberal do Porto devolvendo o País à condição de Colônia,
mas deixando aqui um início de máquina pública.
• O primeiro reinado (1822 a 1831) é marcado pelo Partido Português
buscando a reunificação com Portugal e poder do imperador. D. Pedro
I após a Independência do Brasil, sentindo o clima desfavorável outorga

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a Constituição de 1824, que trouxe a criação do quarto poder, chamado
moderador (o imperador nomeava os membros vitalícios do Estado,
presidentes das províncias, autoridades eclesiásticas da Igreja, senado
vitalício, magistrados e ministros) que atuavam ao lado do executivo,
legislativo e judiciário.
• O segundo reinado, de D. Pedro II é inspirado no Parlamentarismo, foi
um período de modernização e desenvolvimento econômico, porém com
o poder nas mãos do imperador (poder moderador).

2.1.2 REFORMAS CONSTITUCIONAIS E ESTRUTURAIS

Em síntese, de acordo com Costin (2010), uma das constituições


Brasileiras outorgada em 1824 foi pautada nos princípios da monarquia e
do parlamentarismo, estabelecendo forte centralização e poder nas mãos
do imperador D. Pedro I e a criação do quarto poder chamado moderador,
bem como a criação do poder de veto. A primeira modificação constitucional
veio em 1834, sendo a mais importante a de 1888, com a abolição da
escravatura. A constituição de 1891 consagra um regime republicano e o
federalismo. Assim, o novo regime presidencial incorporava a independência
dos poderes em todas as esferas. A partir de 1930 teve de se conter um novo
modelo de Administração, com a modernização pela DASP (Departamento
Administrativo do Setor Público) para racionalizar o aparelho do Estado. Veio
a Redemocratização e a Constituição de 1988 marcando a democracia com
importantes emendas constitucionais seguida de importante modernização na
administração Pública na década de 90.

A seguir, será retratada alguns pontos principais desta trajetória histórica e as


principais reformas constitucionais e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro.

2.1.2.1 A República

De acordo com Costin (2010), a proclamação da República trouxe importantes


modificações, a qual houve a transformação das antigas províncias em
Estados de uma federação. Foi com a Constituição de 1891 que se consagrou
o Federalismo. Nesta época o poder moderador deixou de existir e iniciou-
se o Federalismo com independência dos poderes, na qual é mantido o
bicameralismo (câmara de deputados e senado) exercido no Congresso
Nacional.

Em 1891 a configuração da Administração Pública é bastante influenciada pela


política de governadores e pelo Coronelismo e favorecimento político que se
desenvolveu na época, ganhando o patrimonialismo existente o Império uma
nova conformação, ou seja, se federalizou. Somente foi reestruturada em 1930

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(era varguista), inaugurando um novo tipo de Administração, chamado de
Estado Novo (COSTIN, 2010; PEIXOTO, 2008).

Sucintamente, ocorrem algumas reestruturações e reformas importantes


(COSTIN, 2010):

• Em 1934, com o concurso público há uma mudança significativa cuja


ideia central era a impessoalidade e a valorização do saber técnico, com
traços da burocracia, cujo Estatuto do Funcionário Público foi elaborado
em 1939 e mais tarde em 1944 foi criado a fundação Getúlio Vargas e o
SENAI com objetivo de preparar pessoas para a administração Pública e
Privada;
• Em 1945, após diversas reestruturações, entra em crise o Estado Novo,
com importante reforma na Constituição em 1946 ao reintroduzir a
Federação, nunca descartada, mas na prática abolida pela centralização
do Estado Novo, agora com esforço desenvolvimentista de Juscelino e a
contração de dívidas junto ao FMI;
• Em 1956, na tentativa de modernizar a máquina pública é instituído
um grupo para reestruturação Administrativa, a CEPA - Comissão de
Estudos e Projetos Administrativos que não resultou em mudanças
importantes. Iniciavam-se as movimentações para a revolução de
1964, com a deposição de Jango e a criação do PAEG - plano de ação
econômica do Governo (reduzir a inflação e reestruturar a economia);
• Nesta época houve uma consolidação da Administração Burocrática com
uma nova Constituição em 1967 com emenda em 1969 (leis: segurança
nacional, imprensa e censura) baixada pela junta militar que assumiu o
governo;
• Em 1967 foi um marco para a Reforma Administrativa aconteceu,
a partir do Decreto-Lei nº 200 e do Decreto 199 - Lei Orgânica do
Tribunal de Contas, já com características de planejamento com caráter
desenvolvimentista e descentralização das atividades para as três
esferas;
• Ao final da década de 70 o tema era desburocratização. Em 1985, a
partir da Instauração da Nova República e os problemas com a inflação
trouxe sérias consequências as instituições democráticas.

2.1.2.2 Redemocratização e Constituição de 1988

Para alguns, houve um retrocesso com a Constituição Federal (CF) de 1988,


chamada de a Constituição Cidadã - propiciada pela redemocratização
pois houve um fortalecimento dos controles burocráticos e redução maior
da autonomia de gestão dos dirigentes públicos. Consagrou-se o retorno à
Democracia, e a CF teve forte papel descentralizador e fortaleceu o vínculo
entre a população e a Administração Pública, trazendo grandes benefícios aos

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cidadãos por meio das Políticas Públicas nas três esferas (união, estados e
municípios) (COSTIN, 2010).

Dentre os pontos principais dos direitos sociais descritos por Costin (2010)
são elencados as áreas da: educação, saúde, trabalho, lazer, segurança,
previdência social, proteção à maternidade e a universalização da saúde
para os que não tinham um contrato formal de trabalho. Além disso, foram
ampliados direitos trabalhistas e mecanismos de participação popular. Em
1998, com a emenda constitucional nº 29 ampliou-se a participação do usuário
do serviço público.

Na década de 80 - primeira geração, chamada também de “a década perdida”,


as reformas centraram seu foco na resolução das crises econômicas e no
ajuste fiscal por meio de cortes nos gastos públicos, reformas tributárias,
desregulação e privatização. Conforme aponta Peixoto (2008), desde 1990
as reformas estruturais foram introduzidas, chamada de segunda geração,
tinha como foco a estabilidade macroeconômica com importantes reformas
nas áreas trabalhistas, judiciária, aparato fiscal, mecanismos regulatórios e as
relações entre governos.

Na década de 90 com a crise econômica e a necessidade das reformas


econômicas e ajuste fiscal, o Governo Collor enfatiza a redução do Aparelho do
Estado em busca da excelência. A população entra em clima de impeachment
de Collor que deixa a Presidência do Brasil.

SAIBA MAIS

O principal contraste entre Collor e seus antecessores era a sua determinação


de levar à frente a privatização das empresas estatais e de atacar a inflação
em sua raiz. Assumiu o poder com um plano radical (medida Provisória 155, de
15 de Março de 1990) para combater o legado de desordem econômica do país
como taxas de inflação que chegavam a mais de 70% ao mês, exportações
em declínio, desvalorização cambial déficit público insustentável, baixo índice
de investimento e burocracia ineficiente e superdimensionada. Neste sentido,
medidas urgentes e corretivas precisava ser implementada. Assim, a maior
parte dos depósitos bancários foram congelados, assim como salários e
preços causando diversos efeitos imediatos na economia. Diversas tentativas
ocorreram, entretanto, a inflação era desenfreada. Nos meses que se seguiram
ao seu Impeachment a economia continuou extremamente turbulenta, mas foi
em 1993 com a indicação de Fernando Henrique Cardoso, e com o plano Real
em 1994 que houve uma significativa mudança econômica no país.

Fonte: Peixoto (2008).

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2.1.2.3 A Reforma da Gestão Pública de 1995

Fernando Henrique Cardoso (FHC), na tentativa de promover a reforma do


Estado divulga o nome de Bresser-Pereira para o Ministério da Administração
federal e Reforma do Estado (MARE), e apesar do ceticismo da população, o
plano se evidencia como uma resposta ao clientelismo e a corrupção com uma
atuação mais gerencial.

De acordo com Costin (2010) e Matias-Pereira (2010), o Plano Diretor da


Reforma de Aparelho do Estado (PRAE) se refere a quatro setores: (1) Núcleo
Estratégico (governo e os poderes), (2) Atividades Exclusivas (serviços que
só o Estado pode realizar), (3) Serviços Não Exclusivos (Estado não estatais
- publicização) e (4) produção de bens e serviços para o mercado (área de
atuação das empresas - privatização).

De acordo com Peixoto (2008), FHC, apesar de se concentrar nas pautas de


reformas econômicas, prometeu reformar o estado brasileiro e readquirir a
capacidade de governar eficientemente o país.

Desta forma, a partir do projeto de emenda constitucional introduz como


princípios que deveriam nortear a Administração Pública, o princípio da
Eficiência, a flexibilização da estabilidade, o fim do regime jurídico único, ou
seja, não contratar somente estatutários, a participação popular e proteção aos
usuários dos serviços públicos, os contratos de gestão como forma de controle
de resultados e forma de ampliar a autonomia gerencial e estágio probatório
para o servidor público de três anos para sua efetivação (COSTIN, 2010;
PEIXOTO, 2008).

Conforme Peixoto (2008) FHC conseguiu alterar a ordem econômica, realizar a


quebra de monopólios estatais de energia, telecomunicações, petróleo e gás e
iniciou, mesmo que parcialmente a reforma da previdência e da Administração
Pública completando um quadro de mudanças constitucionais para a
modernização do Estado a partir do fortalecimento da economia de mercado.

Dentre outros aspectos importantes, conforme Costin (2010), os novos


modelos organizacionais foram introduzidos como as agências executivas,
as agências reguladoras e as organizações sociais. Dentre outros avanços, a
reforma sobreviveu à mudança do governo e encontrou oposição no partido
dos Trabalhadores.

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Os avanços mais comuns ocorreram na esfera estadual e essas reformas
vêm sendo impulsionado por fatores como (ABRUCIO; GAETANI, 2008 apud
COSTIN, 2010):

• As crises financeiras estaduais;


• A propagação de ideias da Nova Gestão Pública (NGP);
• A disseminação de boas práticas e inovações administrativas;
• O fortalecimento de espaços federativos, como exemplo cita
o CONSAD-Conselho Nacional de Secretários Estaduais de
Administração;
• A rede entre a União e Estados com proposição e negociação do
programa nacional de apoio à modernização da gestão do planejamento
dos estados e DF (PNAGE);
• Um programa de financiamento da modernização das administrações
públicas contratado pelo BID em 2006.

Ainda de acordo com Costin (2010), apesar dos resultados não serem
homogêneos, constatou-se a em todo o país a introdução da gestão por
programas articulando-se com os Planos Plurianuais (PPA) a instalação de
Organizações Sociais (área de saúde, educação, pesquisa e cultura) de
contratualização de resultados inclusive com a Administração Direta e o
fortalecimento do Núcleo Estratégico e ainda com a criação de especialistas
em políticas públicas.

2.2 REFORMAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

De acordo com Bresser-Pereira (2010), o Brasil, nascido do sistema político


absoluto, passa no século XIX ao sistema político liberal e adota a democracia
no século XX. Como organização, o Estado nasce como uma organização
patrimonial, atravessando o século XIX e chegando ao final do século XX como
burocrático. No final do século XX,busca ser uma organização gerencial.

As principais tendências de modificação do padrão burocrático de Weber pelo


debate do modelo gerencial (SANTOS, 2003):

1. A adoção de parcerias com o setor privado e terceiro setor;


2. Mecanismos de avaliação de desempenhos e de qualidade e
produtividade;
3. Autonomia às agências governamentais;
4. Descentralizar a política, apoiada no princípio do poder de decisão do
cidadão;
5. Realizar planejamento estratégico;
6. Flexibilizar as regras do Direito Administrativo;
7. Flexibilizar a política de pessoal, mantendo a profissionalização e

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carreira;
8. Motivar e valorizar a ética no serviço público;
9. Desenvolver habilidades gerenciais (produtividade, qualidade, inovação,
modernização do fluxo de decisões, entre outros).

2.2.1 Da Reforma Burocrática até a Gestão Pública Gerencial

Conforme Peixoto (2008) especificamente ao setor público as Reformas


Administrativas podem ser categorizados como:

1. A implementação da Burocracia (Vargas/DASP);


2. Regime autoritário/Decreto-lei nº 200;
3. Gerencial (incompleta-crise do Estado FHC/MARE);
4. Governança, destinada a dar mais eficiência ao Estado, garantias de
direitos aos cidadãos e aperfeiçoamento dos mecanismos de processo
decisório das políticas públicas.

Para Matias-Pereira (2010), constata-se que ocorreram duas reformas


administrativas significativas: a reforma burocrática e a reforma da gestão
pública:

● Reforma burocrática - início na segunda metade do século XIX, referindo-


se à transição do Estado Patrimonial para Estado Burocrático
(Weberiano);
● Reforma da gestão pública - transição do Estado Burocrático para o
Estado Gerencial.

2.3 MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A partir do surgimento do Estado Moderno, existem na trajetória da


Administração Pública três formas de atuação: a Administração Pública
Patrimonialista, a Administração Pública Burocrática e a Administração Pública
Gerencial.

Conforme Peixoto (2008, p. 13), tanto em 1930, como em 1960-64, “buscou-se


modernizar a Administração Pública por meio do modelo Burocrático”, porém
em 1995 a proposta foi para o aparato do Estado provedor para regulador e
com ênfase na mudança do modelo burocrático para o modelo gerencial.

Uma síntese desses modelos é apresentada a seguir (CHIAVENATO, 2006;


PEIXOTO, 2008; MATIAS-PEREIRA, 2010; COSTIN, 2010):

PÁGINA 34
2.3.1 Patrimonialista

As reformas não ocorreram de forma impositiva ou autoritária, mas por


questões de necessidade na maneira de gerir o Estado como sistema
político. Na vigência do Estado Absoluto, ou seja, no tempo dos monarcas,
a Administração poderia ser Patrimonial, pois não havia necessidade de
separação entre seu patrimônio e patrimônio público. No entanto, no Estado
Liberal, essa mudança foi necessária, uma vez que era nítida a separação
entre o patrimônio dos governos e dos cidadãos – que ao pagarem seus
impostos, passam a exigir garantias das suas liberdades.

Na Administração Pública Patrimonialista, o aparelho do Estado atua como


uma extensão do poder do monarca. Os servidores possuem status de nobreza
e os cargos funcionam como recompensas, gerando o nepotismo, contribuindo
para a prática da corrupção e do controle do órgão público por parte dos
soberanos.

A Administração Patrimonialista é do Estado, mas não é pública, na medida


em que não visa ao interesse público. É a administração típica dos estados
pré-capitalistas, mas particularmente das monarquias absolutistas que
antecederam imediatamente o capitalismo e a democracia.

É a administração que confunde o patrimônio privado do príncipe com o


patrimônio Público. Sobrevive nos regimes democráticos imperfeitos por meio
do clientelismo.

2.3.2 Burocrática

Nasce na segunda metade do século XIX, e tem como objetivo principal o


combate à corrupção e ao nepotismo patrimonialista. A administração pública
burocrática foi adotada para substituir a administração patrimonialista, que
definiu as monarquias absolutas, na qual o patrimônio público e o privado eram
confundidos.

Nesse tipo de administração, o Estado era entendido como


propriedade do rei. O nepotismo e o empreguismo, senão
a corrupção era a norma. Esse tipo de administração
revelar-se-á incompatível com o capitalismo industrial e
as democracias parlamentares, que surgem no século XIX
(BRESSER-PEREIRA, 1996, p.4).

A Administração Pública Burocrática é aquela baseada em um serviço civil


profissional, na dominação racional-legal weberiana e no universalismo dos
procedimentos, expresso em normas rígidas de procedimentos administrativos.

PÁGINA 35
Suas principais características estão relacionadas ao desenvolvimento,
profissionalização, ideia de carreira pública, hierarquia funcional,
impessoalidade, formalismo – legalidade ou poder legal, com a finalidade única
de acabar com o nepotismo e a corrupção. Diante desse contexto, torna-se
necessário um controle rígido dos processos e ingresso na carreira pública,
com regras claras na admissão.

Da mesma forma, o controle se estende às compras, visando evitar abusos,


ineficiência e incapacidade. Com o tempo, as regras passaram a sobrepor os
interesses da sociedade, tornando-se inadequada sob o ponto de vista dos
interesses da sociedade. O modelo foi bom por muito tempo quando o Estado
era menor. Apoiava-se em normas rígidas, o que não exigia um sistema
descentralizado de gestão, afinal, conseguia executar seus serviços.

Entretanto, quando o Estado passa a ser democrático e tem como


responsabilidade gerar o bem comum, por meio do atendimento adequado
às necessidades cada vez mais crescentes da população, ocorre ampliação
de suas funções nos campos socioeconômico e político, de forma que o
aumento dessas pressões e a incapacidade do Estado Burocrático de atender
de maneira satisfatória culminam na reforma da gestão pública – o Estado
Gerencial.

2.3.3. Administração Pública Gerencial

Redefinido seu papel, o Estado deixa de ser o responsável direto pelo


desenvolvimento econômico e social pela via de produção de bens e serviços
para se adequar ao novo papel, o gerencial. Dá-se início a transferência para o
setor privado de atividades que podem ser controladas pelo Mercado.

Dessa forma, a questão da transparência passa a ter um lugar de destaque,


uma vez que a corrupção age como um enfraquecimento da democracia, da
confiança no Estado, da legitimidade dos governos e da moral pública.

De acordo com Matias-Pereira (2010, p.117):

É oportuno ressaltar que grande parte das reformas de


segunda e terceira geração no Brasil depende da criação
de novas instituições, de mudanças constitucionais ou
de alterações profundas no sistema administrativo.
Como essas mudanças afetam grandes interesses
políticos e econômicos, fica evidenciado que os
próximos governos devem continuar priorizando as
reformas que o país ainda necessita promover. É preciso
incluir também na agenda política a criação de um
consistente programa nacional de combate à corrupção,
que possa garantir, de maneira

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eficiente, eficaz e efetiva, a transparência e a ética na
Administração Pública.

A forma de atuação apresentada no contexto público tem sido a


descentralizada e baseada no controle por resultados. O Estado tem
terceirizado para empresas inúmeros tipos de serviços e para entidades
públicas estatais (organizações sociais) boa parte dos serviços sociais e
científicos. Além dessas mudanças, o que sugere elevar o nível de eficiência
do Estado Democrático, verifica-se a presença de cada vez maior número de
agências reguladoras.

A ênfase dessa evolução conforme Costin (2010) por meio de sistemas de


gestão e controle, agora pautados em resultados, maior autonomia gerencial
do administrador público, avaliação de efeitos/produtos e resultados das
políticas e serviços públicos, estrutura de poder menos centralizadas ou
hierárquicas, permitindo a prestação de serviços e participação dos usuários,
contratualizações, incentivos de desempenho, criação de novas figuras
institucionais que se traduzem em parcerias com a Administração Pública como
as PPPs e as Organizações Sociais.

De acordo com Matias-Pereira (2010), o surgimento da Administração Pública


Gerencial vir de ao encontro à necessidade do desenvolvimento tecnológico,
da abertura e expansão dos mercados e, da globalização da economia
mundial. Essa reforma não deve ser visto vista como um rompimento dos
princípios anteriores, mas de uma maior flexibilidade no processo para
melhorar o seu desempenho, na qual prevalecendo sempre o interesse do
público e, sendo o cidadão, como ao mesmo tempo, um contribuinte de
impostos, um cliente dos serviços oferecido pelo Estado.

REFLITA

Os indivíduos, o povo, a população, ou seja, a sociedade civil deve ser tratada


como cliente ou cidadão?

PÁGINA 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado estudante, esta unidade foi muito importante e esclarecedora, pois


trouxe a tona diversas características e concepções históricas que remetem a
construção e evolução da Administração Pública. Para tanto, primeiramente foi
apresentado a você, mesmo que de forma breve e sucinta a história do Brasil
que vem desde o patrimonialismo, passando pelas colônias e províncias, as
reformas constitucionais e estruturais até a Administração Pública.

Assim inicialmente, traçou-se um breve histórico destacando a evolução


histórica Brasileira em momentos importantes como a Administração
Colonial, o Brasil como sede do Império português e a República Velha e
o primeiro e segundo reinado. A época do Varguismo (década de 30), o
desenvolvimentismo, início da reforma, o regime militar, estatismo e a reforma
de 67, bem como a reforma de 1995.

Para compreender as principais reformas e alguns pontos principais desta


trajetória histórica e foram apresentadas as principais reformas constitucionais
e estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, começando com a Constituição e
1891 até o decreto Lei 200 de 1967 e a instauração da Nova República.

Vários destaques importantes da nossa história político e estrutural foram


descritos, em sua maioria com ênfase na forma de administração pública,
que é o nosso foco de interesse. Isto foi fundamental para compreender a
necessidade das reformas e implantação dos modelos de Administração.

Para tanto, foram categorizadas as reformas administrativas das quais


constatamos que a implementação da burocracia e do gerencialismo surgem
como alternativas para melhorar a eficiência e efetividade dos serviços
públicos. Neste sentido, e não se esgotando aqui, este importante assunto,
a Administração Pública busca melhorar o seu desempenho e oferecer um
melhor serviço ao cidadão e ao cliente.

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LEITURA COMPLEMENTAR

Bresser Pereira e a Reforma Gerencial do Estado em Entrevista Realizada em


23/03/2016, em São Paulo

Pergunta: Entre a administração pública gerencial e a democracia, ou seja,


como essas duas coisas se relacionam?

[BP]: Acho que países democráticos são necessariamente países que têm
um sistema, um amplo sistema de serviços universais. E quando você tem
tudo isso, precisa ter uma administração gerencial. O Estado Absoluto, a ele
corresponde uma administração pública patrimonialista. A um Estado Liberal,
século XIX, corresponde uma administração burocrática ou weberiana,
e a um Estado Social e Democrático, democrático e social, corresponde,
necessariamente, uma gerencial. Não pode ser outra. Estão casados. Há
aqueles que começam a dizer: “não, porque precisa ter uma terceira forma
mais social ainda”. Isso é brincadeira. Claro que terá governos diferentes.
Agora mesmo tenho aqui uma administração gerencial e essa administração
está na Inglaterra, por exemplo, em uma certa época na mão do Brown e,
em outra época, está na mão do Cameron. Quer dizer, está no partido social
democrata e no partido conservador. Então muda um pouco por causa disso,
é inevitável. Uma vai ser mais conservadora que a Administração Pública e
Gestão Social, 9(3), jul.-set., 2017, 237-242 241 outra e os líderes vão tentar
empurrar para esse lado ou para aquele lado. Isso é normal, mas, para mim,
o que me parece absurdo é ficar discutindo. Acho que foi Christina Andrews
quem inventou um terceiro tipo. Dessa forma, têm-se a burocrática, a gerencial
e a social. Isso é ridículo. Isso aconteceu agora comigo também. É verdade
que eu nunca tinha juntado as duas coisas. Desde que eu saí do governo,
venho desenvolvendo todo um sistema teórico novo chamado de novo
desenvolvimentismo, que é uma alternativa ao desenvolvimentismo clássico
do Prebisch, do Celso Furtado, do Myrdal, dessas pessoas. Eu e um grupo,
que já está ficando maior, estamos desenvolvendo uma série de ideias. Aí
vem uns engraçadinhos e dizem: “não, em vez de novo desenvolvimentismo
nós propomos um desenvolvimentismo social ou social desenvolvimentismo”.
Porém, dizem isso sem nenhuma teoria. Eu tenho todo um sistema, eles só
têm uma coisa. Então, dentro do novo desenvolvimentismo conforme você
for mais conservador ou mais progressista, e conforme forem as relações de
poder que há, você fará mais uma coisa ou outra, mas você tem uma teoria.
E a mesma coisa vale para uma teoria que tenho de como é que se organiza
e administra o Estado: era a teoria burocrática, agora tem a teoria gerencial.
Essas administrações burocrática e gerencial podem ser feitas tanto por
um governo mais conservador ou por um partido mais progressista [...]. Isso
vai acontecer inevitavelmente, mas eu não posso criticar a administração

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gerencial dizendo que ela não é suficientemente social, ou o inverso, que não
é suficientemente conservadora. Isso é bobagem porque fica por conta dos
governantes no aqui e agora.

Extraído parcialmente de: http://www.bresserpereira.org.br/papers/


interviews/2017/17.06-BP-Reforma-gerencial-Estado-APGS.pdf

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LEITURA COMPLEMENTAR

LIVRO

Título: INTRODUÇÃO À GESTÃO PÚBLICA

Autor: SANTOS, Clezio Saldanha. 2ª Ed. São Paulo:


Saraiva, 2014. 384 p.

Sinopse: Este livro reúne conceitos, sobre o


processo administrativo e as grandes áreas
funcionais da gestão pública. A evolução da ciência
administrativa remeteu pesquisadores e professores
para o aprofundamento teórico desses temas em
várias áreas, contudo, para auxiliar a práxis da
gestão pública propõe-se aqui o conhecimento
dos marcos conceituais e de seus desbravadores
em uma publicação moderna. Acredita-se que a partir da leitura dessa obra,
confrontando os dados concretos da realidade das organizações públicas
brasileiras, contribui-se para o entendimento sobre as funções e intervenções
do Estado brasileiro. Enquanto cidadão ou servidor público, essas reflexões
contribuem cada vez mais para a evolução e transformações dos sistemas
administrativos públicos, assim como para a construção da cidadania brasileira.

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FILME

Título: JANGO
Data de lançamento: 1984; Duração: 1:54:46
Ator/Atriz: José Wilker; Realizador(a): Sílvio
Tendler; Produtores(as): Denize Goulart, Hélio Paulo
Ferraz, Coletivo de Artistas; Escritor(a): Maurício
Dias
Categoria: Documentário - Licença padrão do
YouTube; Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=SaU6pIBv9f4

Sinopse: Como, quando e porque se depõe um


presidente da República. Em 1984, a campanha
das “Diretas Já” mobilizou o Brasil: O povo,
personalidades artísticas e políticas em todo país exigiam democracia. Nessa
época, 2 obras expressam os anseios do povo brasileiro: O filme “Jango”,
de Sílvio Tendler, e uma das músicas de sua trilha sonora, “Coração de
Estudante”, de Wagner Tiso e Milton Nascimento, que se tornou o hino das
“Diretas Já”. “Jango” narrado por José Wilker, foca a trajetória de João Goulart
que, deposto pelo Golpe de 64, se tornou o único presidente brasileiro morto
em exílio. O filme visto por 1 milhão de pessoas ganhou vários prêmios e está
entre os documentários mais importantes do Brasil.

NA WEB

O Website de Bresser-Pereira oferece uma de escritos do autor na língua


portuguesa e inglesa além de diversas informações sobre a Política e a
Administração Pública Brasileira bem como de temas atuais mundiais.

Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/

PÁGINA 42
REFERÊNCIAS

COSTIN, Claudia. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública. Rio de Janeiro,


Elsevier, 2006.

MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas


instituições e ações governamentais. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública: tributação e orçamento, lei


da responsabilidade fiscal, tópicos em contabilidade, gestão pública no Brasil e
JK a Lula, administração financeira e orçamentária, finanças públicas nos três
níveis do governo. São Paulo: Saraiva, 2006.

PEIXOTO, João Paulo M. Statecraft no Brasil: Ideologia e Pragmatismo. In:


Governando o governo: modernização da Administração Pública no Brasil.
João Paulo M. Peixoto (Org.). São Paulo: Atlas, 2008. p.1 a 29.
3CAPÍTULO
MODELOS DE GESTÃO
PÚBLICA E DESAFIOS

Esta Unidade retrata os aspectos contemporâneos dos modelos de


Administração e Gestão Pública enfatizando as novas formas de Administração
e Gestão, com ênfase também no papel das organizações sociais, PPPs e das
agências reguladoras e principalmente demonstrando como os gestores devem
atuar buscando a governança e a qualidade de gestão almejada pelo usuário
do serviço público.

Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar a Nova Gestão Pública (NGP), New Public Management
(NPM) e o New Service Public (NSP);
• Caracterizar a gestão pública estratégica e a governança no serviço
público distinguindo suas principais características;
• Demonstrar quais são as formas de atuação na administração pública
direta e indireta;
• Apresentar o papel das organizações sociais, PPPs e agências
reguladoras;
• Apresentar algumas características de gestão da qualidade buscada
pelas organizações públicas.

Plano de Estudo:
• Reformas e a Nova forma de Administração e Gestão Pública;
• A Nova Gestão Pública (NGP), o New Public Management (NPM) e o
New Service Public (NSP);
• Gestão Pública Estratégica e Governança no serviço Público;
• Atuação e Estrutura da Administração Pública;
• Qualidade e Excelência na Gestão Pública.

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INTRODUÇÃO DA UNIDADE

Prezado Estudante, nesta Unidade você compreenderá que os aspectos atuais


da Administração e Gestão Pública enfatizam os pontos positivos e negativos
das novas formas de Administração, Gestão e Governança Pública.

Para compreender como os novos gestores e administradores públicos atuam


frente às expectativas dos seus cidadãos, consumidores e usuários surgiram
na Administração alguns modelos, como a Nova Gestão Pública (NGP), New
Public Management (NPM) e o New Service Public (NSP).

A Nova Gestão Pública a partir das reformas buscam aproximar cada vez mais
a forma de administração da gestão pública a da gestão privada, porém é
importante ressaltar que ambas são diferentes e se distinguem entre si. Ainda
que diferentes, é aspecto fundamental que as organizações públicas realizem
gestão estratégica e busquem a governança no serviço público.

Desde 1967, com o Decreto Lei Federal nº 200, o Brasil vem buscando a
modernização nos serviços públicos e com isso atua de forma direta e indireta
na consecução dos bens e serviços prestados, na qual será apresentado as
características dos tipos de organizações, fundações, autarquias e empresas
públicas.

Para corroborar com a eficiência que se busca no serviço público, as


organizações sociais, as Parcerias Público-privadas (PPPs) e as agências
reguladoras se fizeram necessárias. Portanto é nosso papel apresentá-las
distinguindo suas principais características.

Ao final, será apresentado algumas características de gestão da qualidade


buscada pelas organizações públicas uma vez que as organizações públicas
buscam a Excelência em Gestão Pública (MEGP) ou seja buscam realizar uma
gestão eficiente, eficaz e efetiva em gestão com qualidade.

Bons Estudos!

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3.1. REFORMAS E A NOVA FORMA DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO
PÚBLICA

As primeiras reformas administrativas ocorreram na Europa e Estados Unidos


nas décadas de 80 e 90 (ALDARVIS, 2010).

No Brasil as reformas gerenciais ou da gestão pública foram incorporadas


pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro. O movimento
mundial à Nova Gestão Pública implica em privatizações, contratos de gestão
com segundo e o terceiro setor e na diminuição do aparelho do Estado
(KANAANE et al., 2010).

É preciso cautela em relação às reformas administrativas, pois muitas


compartilham características do modelo weberiano e continuam a colocar
ênfase na função controle, bem quanto com as políticas simbólicas - políticos,
funcionários de carreira e empreendedores políticos em geral, buscam
manipular a percepção coletiva a respeito das organizações públicas,
avançando mais em autopromoção e retórica do que em fatos concretos
(SECCHI, 2009).

De acordo com Santos (2003) a reforma gerencial é positiva pois contribui com
nas formas de controle dos serviços públicos, propiciando maior transparência
nas decisões administrativas por meio do controle da sociedade e contribui
para o aumento da responsabilização dos administradores públicos. Na
Administração propicia também que os resultados a serem alcançados
sejam negociados entre os formuladores da política pública e a instituição
encarregada de implementá-la.

Valente (2009) faz algumas ressalvas sobre as relações entre Estado e


Sociedade e mercado. Para ele, a reforma da máquina é também do Estado
e isso envolve novas dimensões e papéis principalmente das relações deste
Estado com a Sociedade, portanto, embora se aproveite dos modelos técnico-
gerenciais da área privada, não se pode confundir Estado com organização
privada, ou seja, a nova gestão pública é apoiada pela teoria de organização
empresarial, mas se distingue dela.

3.2. A NOVA GESTÃO PÚBLICA (NGP), a NEW PUBLIC MANAGEMENT


(NPM) E O NEW PUBLIC SERVICE (NPS)

Os diagnósticos inspirados pela NPM busca resultados e gravita sob


o conceito do cidadão, usuário ou cliente, suplantando o conceito de
cidadão-eleitor que aspira a ter voz no processo político/eleitoral, ou seja,
a abordagem de que o cidadão prefere ser servido pelo Estado do que ser
ouvido pelo mesmo. Assim as estratégias da reforma voltada para a NPM já

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não contrapõe antagonicamente o Estado e ao Mercado, mas busca a sua
complementaridade, que surge da manifestação democrática que permite
a cidadania e que leva aos respectivos governos a sua insatisfação com a
qualidade e quantidade de serviços públicos a que tem direito (PINTO, 2008).

Observa-se desta forma que a Administração Pública busca encontrar soluções


para os problemas, trazendo o cidadão para o centro das atenções. Neste
sentido, a forma de administrar e o suporte às tecnologias, dentre outras
ferramentas devem contribuir para atender a sociedade que agora adota
crescentes expectativas e melhoria do atendimento e do serviço realizado pela
Administração Pública.

Destaca-se também o NPS desenvolvida por Denhardt que busca a


participação direta do cidadão de modo a servir ao público e contribuir
para o nível de cidadania. O que ocorre via atividades de co-produção entre
comunidades, órgãos públicos, privados e não-governamentais tornando
factível estimular a sociedade para uma maior participação, cidadania e
accountability (MATIAS-PEREIRA, 2010).

Entretanto, é preciso salientar, conforme Paula (2005) aponta, que muitos


dos serviços públicos são difíceis de mensuração em termos de eficiência e
avaliação de desempenho, o que torna sua aplicação muito problemática.
Verificamos também, outras questões importantes como explicar a orientação
pública e política no sentido de enfatizar a participação popular de um país
imitando o setor privado, sendo que ambos têm objetivos distintos.

Por ser demasiado rígido para capacitar o Estado na


expansão dos meios de interlocução com a sociedade
e por enfatizar predominantemente a eficiência
administrativa, esse modelo de gestão não vem se
mostrando apto para lidar com a complexidade da vida
política. Além disso, ao imitar a administração do setor
privado, a administração pública gerencial posterga a
elaboração de ideias, modelos e práticas administrativas
que atendam às especificidades do setor público e à
demanda de participação popular (PAULA, 2005, p. 10).

Denhardt (2012) aponta alguns pontos importantes estudados por cientistas da


Administração e cientistas políticos que envolvem a NGP:

1. Política e Administração - questões importantes não são decididas


somente na burocracia, pois as organizações públicas dirigem a atenção
ao seu público e ajudam a estabelecer valores na sociedade.
2. Fatos versus valores - o que gera mais valor? É preciso que se
examine as normas e os valores e atue sobre eles.
3. Eficiência versus Equidade - A eficiência (racional) é um critério

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escolhido como valor básico mas impede que se dê atenção a outro
valor, como a equidade social e a participação, surgindo assim uma
crescente despersonalização e objetificação. A equidade envolve
senso de fairness ou justiça, ou seja, a correção dos desequilíbrios na
distribuição de valores sociais e políticos.
4. Hierarquia versus participação - como se reestruturar e lograr mais
envolvimento e participação sem que esses esforços se tornem simples
artifício para a manipulação gerencial? A liderança pode depender
menos de sistemas hierárquicos e mais de poder e participação em
termos compartilhados.

Autores como Matias-Pereira (2010) e Pinto (2008), a (NGP) Nova Gestão


Pública) levanta sérios problemas. Um deles parte das suposições que a
gestão empresarial é superior e predomina sobre a gestão Pública e de que o
papel dos cidadãos pode ser reduzido ao de consumidores.

Para Matias-Pereira (2010) o outro problema é, de que o New Public


Management – NPM insiste na descentralização e no desaparecimento de
escalões intermédios, entretanto acentua a necessidade de controle financeiro
e coordenação orçamental, o que acaba gerando incoerências e contradições
no processo de decisão e implementação das políticas públicas.

3.3 GESTÃO PÚBLICA ESTRATÉGICA E A GOVERNANÇA NO SERVIÇO


PÚBLICO

A Gestão Pública Estratégica e a Governança no Serviço Público se constituem


na atualidade numa prática de suma importância pois contempla o novo papel
da organização pública. Além de ser uma opção estratégica contribui para
alavancar as organizações públicas em seu posicionamento no mercado de
forma transparente e responsável. Para Martins (2000, p. 5) “o novo contexto
de governança contemporânea se caracteriza por uma multiplicidade de atores
e modelos de gestão envolvidas na produção dos bens públicos”.

Para Matias-Pereira (2010) não possui uma única definição, governabilidade


por exemplo envolve as condições substantivas e materiais do exercício do
poder e de legitimidade perante os múltiplos interesses da sociedade enquanto
a governança está relacionado com a capacidade do governo em formular
e implementar suas políticas na qual podemos assinalar por exemplos, a
gestão de finanças públicas, gerencial e técnica sendo sua fonte direta os
agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a formulação e
implementação adequada das políticas públicas.

Para Santos (2003) a governabilidade depende de várias questões, dentre


elas: a) a qualidade das instituições políticas quanto à intermediação de

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interesses, b) a existência de mecanismos de responsabilização dos políticos
e burocratas perante a sociedade, e, c) a qualidade do contrato social básico.
Essas dimensões remetem à reforma política, essencial à reforma do Estado
no Brasil.

Uma boa governança, segundo Matias-Pereira (2010) está relacionada aos


princípios: relações éticas, conformidade em todas as suas dimensões,
transparência e prestação responsável de contas. Segundo o International
Federation of Accountants – IFAC (2001 apud TCU, 2014, p. 13):

[...] para melhor atender aos interesses da sociedade,


é importante garantir o comportamento ético, íntegro,
responsável, comprometido e transparente da liderança;
controlar a corrupção; implementar efetivamente um código de
conduta e de valores éticos; observar e garantir a aderência
das organizações às regulamentações, códigos, normas
e padrões; garantir a transparência e a efetividade das
comunicações; balancear interesses e envolver efetivamente
os stakeholders (cidadãos, usuários de serviços, acionistas,
iniciativa privada).

A gestão estratégica visa integrar e relacionar as partes envolvidas em


um plano estratégico em um único processo de forma a assegurar que
as mudanças que sejam necessárias possam ser implementadas com
a participação dos vários níveis organizacionais envolvidos no processo
decisório. Segundo Kanaane et al. (2012, p. 35) a gestão estratégica “tem
como pilares: o ambiente socioeconômico, o cliente-cidadão, as organizações
públicas e privadas, o governo e as demandas socioculturais”.

Desta forma, a partir da Gestão estratégica a Administração Pública viabiliza


o dimensionamento das práticas públicas sob várias perspectivas na qual se
coloca em ação a estratégia para atingir os objetivos que possam caracterizar
a visão de futuro traduzidos na missão, valores e princípios da Administração
Pública. Já a Governança Pública deve estar voltada para a “liderança,
integridade, compromisso (relativos à qualidade pessoal), responsabilidade em
prestar contas, integração e transparência” (KANAANE ET AL, 2012, p.47).

3.4 FORMAS DE ATUAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Administração Pública pode atuar de forma direta e indireta, realizando uma


administração centralizada e descentralizada por meio da transferência das
atividades de bens e serviços para outras esferas da administração pública, por
entes delegados ou outorgados.

De acordo com Kanaane (2012) “o objetivo da reforma gerencial foi de

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concentrar o gestor público em suas funções estratégicas, delegando a
produção de seus bens e serviços públicos para o setor privado ou terceiro
setor”.

3.4.1 Administração Direta e Indireta

A reforma para uma administração pública inicia-se com a promulgação do


Decreto Lei nº 200 em 1967, que promoveu a transferência das atividades de
produção de bens e serviços para autarquias e fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista, pois já não atendia mais aos anseios da
sociedade voltando o seu foco para o cidadão (SANTOS, 2003; CAVALCANTI,
2012).

1. A Administração Direta (centralização Administrativa) está


materializada pela Presidência da República, pelos Ministérios e
pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário. Esses órgãos não
possuem personalidade jurídica própria, pois exercem, diretamente, as
competências a cargo da União, demonstrando. No âmbito do Executivo
Federal, a primeira é composta pela Presidência da República, os
Ministérios e as Secretarias.
2. A Administração Indireta (descentralização Administrativa) são
entidades que possuem personalidade jurídica e patrimônio próprios,
sendo vinculadas e supervisionadas pelos Ministérios ou por outros
Órgãos da Administração Direta em todas as esferas.

A Administração Indireta (Art. 5º do Decreto-Lei n.º 200/67) é composta por:

• Fundações Públicas (personalidade jurídica de direito privado, sem


fins lucrativos), são exemplos de fundações, as conhecidas Fundação
Nacional do Índio (FUNAI), a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) e a Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de
Segurança e Medicina do Trabalho Fundacentro.
• Empresas Públicas (personalidade jurídica de direito privado, com
patrimônio próprio e capital exclusivo da União) são exemplos de
empresas públicas a Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
• Sociedade de Economias Mistas (personalidade jurídica de direito
privado, com ações com direito a voto pertençam à União), são
exemplos de sociedades de economias mistas a Petrobrás e a Bolsa de
Valores e Banco do Brasil.
• Autarquias (personalidade jurídica com patrimônio e receitas próprias
para executar atividades típicas da Administração Pública) são exemplos
conhecidos, o Banco Central, as Agências Reguladoras, o Instituto

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Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e órgãos
como o Conselho Administrativo da Defesa Econômica (CADE), o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e também as
Universidades Federais.

Essa descentralização administrativa ocorre de duas formas:

1. Outorga: quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere a


titularidade, por lei, determinado serviço público, geralmente por prazo
indeterminado.
2. Delegação: quando o Estado realiza por contrato ou ato unilateral,
unicamente a execução do serviço para que o ente delegado realize ao
público em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob a fiscalização
do Estado, por prazo determinado como acontece nos Contratos de
Concessão ou Atos de Permissão.

3.4.2 Organizações Sociais e Parcerias Público Privadas (PPPs)

As organizações sociais (entidades privadas sem fins lucrativos - associações,


fundações ou sociedades civis) e as parcerias público-privadas permitiram
ao serviço público celebrar contratos de gestão com o Governo Federal e
permitindo que o gestor público realizasse contratos de concessão e obras e
serviços infraestruturais com o setor privado.

De acordo com Bresser-Pereira (2008 apud Kanaane et al., 2012) a Lei Federal
nº 9.637 de 15 de maio de 1998, Lei das Organizações Sociais possibilitou que
o gestor público delegasse ao terceiro setor a execução de políticas setoriais
nas áreas da educação, cultura, saúde e pesquisa científica. Desta forma, os
contratos de gestão são publicizados pelo setor público.

Na Administração gerencial, os resultados a serem


alcançados devem ser negociados entre os formuladores
da política pública e a instituição encarregada de
implementá-la. Nesse sentido a identificação precisa dos
objetivos e metas a serem alcançados assim como dos
responsáveis pelo seu atingimento em todos os níveis
da organização, justificará a celebração do contrato de
gestão (SANTOS, 2003, p. 113, grifo do autor).

Já as parcerias público-privadas (PPPs), segundo Kanaane et al. (2012), foi


regulamentada pela Lei nº 11.079 de 30 de dezembro de 2004 se tornou uma
alternativa para que o Estado terceirizasse obras e serviços que antes eram
integralmente públicos para que o setor privado, considerado um parceiro
estratégico investisse recursos, cujos planos, projetos e processos bem como a
cobrança de tarifas para usuários são regulados pelo setor público.

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3.4.3 Agências Reguladoras

A redução acentuada da intervenção direta exige uma nova forma de


intervenção do Estado, cujo Estado passou a ter um papel de regulador ou
seja, entendido como poder político, é o garantidor da existência de contratos
e da propriedade e intervém quando necessário na vida econômica e social,
desde a sua existência. Desta forma, a criação das agências reguladoras
decorre das mudanças de papel em que o estado deixa ser produtor e assume
sua função de regulador. Evidencia-se assim a sua capacidade regulatória
(MATIAS-PEREIRA, 2010).

As agências reguladoras, integram a administração indireta e são consideradas


pessoas jurídicas de direito público - autarquia especial, cuja principal função
é o controle de pessoas privadas, responsáveis pela prestação de serviços
públicos (concessão ou permissão), responsáveis por: regular a prestação de
serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços, garantindo ao usuário
do serviço que este seja um serviço público de qualidade.

Entretanto, é importante salientar, que nem toda atividade regulatória requer


agências reguladoras para o seu exercício. Dentre as atividades regulatórias
das agências reguladoras, trata preferencialmente as atividades econômicas
(criar condições de concorrência, regular preços, qualidade, barreiras de
entrada e saída, proteção ao consumidor), mas também trata de questões
como saúde, segurança e meio ambiente. Conheçamos alguns exemplos
descritos por Bresser-Pereira (2003, p. 21):

Como exemplos de órgãos e entidades que exercem


função reguladora temos a Secretaria da Receita Federal,
o Departamento de Aviação Civil e o Ministério do
Trabalho e Emprego (órgãos da administração direta), o
Instituto Nacional do Seguro Social (autarquia), o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (autarquia),
o Instituto Brasileiro de Turismo (autarquia), o Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (autarquia), o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (autarquia), a Comissão de Valores Mobiliários
(autarquia), a Superintendência de Seguros Privados
(autarquia), o Departamento Nacional da Produção Mineral
(autarquia), e o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (autarquia especial), dentre
outros.

No modelo brasileiro, como afirma Matias-Pereira (2010, p. 165) “temos um


sistema de regulação bastante complexo, visto que participam desse processo
novos entes governamentais”. Participam desse processo as agências
reguladoras, o governo, as concessionárias e os usuários dos serviços
públicos. As responsabilidades das agências reguladoras dependendo de suas

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finalidades pode ser econômica, social ou administrativa. Neste sentido, como
apontam Bresser-Pereira (2004) e Matias-Pereira (2010):

• Regulação econômica: permite a criação de uma estrutura institucional


para agentes econômicos, empresas e mercados com o objetivo de
facilitar, limitar ou intensificar os fluxos e trocas do mercado por meio
de políticas tarifárias, princípios de confiabilidade do serviço público e
regras de entrada e saída do mercado.
• Regulação social: atua na provisão dos bens públicos e na proteção
do interesse público, estabelecendo parâmetros (saúde, segurança e o
meio ambiente) e os mecanismos de ofertas dos mencionados bens.
• Regulação administrativa: há intervenção nos procedimentos
administrativos e burocráticos, bem como em sua relação com o
administrado.

Dentre as agências reguladoras existentes no Brasil, o Portal Brasil (online,


2016) elenca:

1. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) promove o


desenvolvimento das telecomunicações no país, criada em 1997.
2. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) foi criada em 1998 para regular as atividades da indústria de
petróleo e gás natural e dos biocombustíveis.
3. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia criada
em 1996, regula e fiscaliza a geração, a transmissão, a distribuição e a
comercialização da energia elétrica.
4. Criada em 2000, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é
vinculada ao Ministério da Saúde.
5. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi criada em
1999, tem independência administrativa e autonomia financeira e é
vinculada ao Ministério da Saúde.
6. Criada no ano 2000, a Agência Nacional de Águas (ANA) é
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), mas tem autonomia
administrativa e financeira.
7. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) é uma autarquia especial
e, por isso, tem independência administrativa e financeira. Criada em
2001 e vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), a agência tem como
objetivo principal o fomento à produção, à distribuição e à exibição de
obras cinematográficas e videofonográficas.
8. Criada em 2001, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(Antaq) é vinculada ao Ministério dos Transportes e tem autonomia
financeira e administrativa.
9. A Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) foi criada em
2001, é vinculada ao Ministério dos Transportes e tem independência
administrativa e financeira. A agência é responsável pela concessão

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de ferrovias, rodovias e transporte ferroviário relacionado à exploração
da infraestrutura; e pela permissão de transporte coletivo regular de
passageiros por rodovias e ferrovias.
10. Criada em 2005 para substituir o Departamento Nacional de Aviação
Civil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem a função de
regular e fiscalizar as atividades do setor.

REFLITA

De que modo as Agências Reguladoras contribuem para melhorar a


capacidade de governo do Estado?

3.5 QUALIDADE E EXCELÊNCIA NA GESTÃO PÚBLICA

De acordo com Santos, o código da qualidade dos serviços públicos, criado


em 1998, é um instrumento que visa a garantir a qualidade dos serviços
de natureza pública, quais sejam: a energia elétrica, água e esgotos,
telecomunicações, saúde pública, educação básica, segurança pública,
proteção do meio ambiente e transporte, dentre outros (SANTOS, 2003).

O modelo de Excelência em Gestão Pública (MEGP) é um sistema de


gestão que busca eficiência, eficácia e efetividade da gestão com qualidade,
utilizando uma estrutura sistêmica nas organizações públicas e seus
fundamentos se pautam nos pilares do Gespública - Programa Nacional de
Gestão Pública e Desburocratização, criado pelo Decreto 5.378/05 (BRASIL,
2005).

3.5.1 O Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização –


Gespública

A sustentação do modelo de Excelência em Gestão Pública tem como


fundamentos o Gespública com foco no cidadão e na qualidade. Seus
fundamentos se pautam no modelo de excelência de gestão de mais de
60 países considerando critérios públicos e privados, dentre eles, o prêmio
President’s Quality Award (específico para organizações públicas) Malcoln
Baldrige National Quality Award dos EUA e Prêmio Nacional da Qualidade no
Brasil (FERREIRA, 2009; ALDARVIS, 2010).

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Esses 13 princípios do Gespública estão sustentados nos seguintes pilares:

1. Pensamento Sistêmico: as organizações possuem relação de


interdependência entre organizações, meio ambiente e sociedade.
2. Aprendizado Organizacional: trata-se da busca contínua de
conhecimento individuais e coletivos, por meio de percepção, reflexão,
avaliação e compartilhamento de informações e experiências.
3. Cultura da Inovação: representa a promoção de um ambiente favorável
à criatividade, experimentação e implementação de novas ideias e
levando a organização a um diferencial em sua atuação.
4. Liderança e constância dos propósitos: considerado um elemento
promotor da gestão, responsável pela orientação, estímulo e
comprometimento que visa ao alcance dos resultados e deve ocorrer
de forma aberta, democrática e inspiradora e motivadora visando o
desenvolvimento da cultura de excelência organizacional, envolvendo
qualidade e proteção do interesse público.
5. Orientação por processos e informações: representa a compreensão
e a segmentação do conjunto de atividades e processos da organização
que agreguem valor às partes interessadas, considerando critérios de
desempenho .
6. Visão de Futuro: a capacidade de estabelecer um rumo à organização,
com a coerência ao processo decisório, gestão estratégica, atendendo
às necessidades e expectativas dos cidadãos e da sociedade.
7. Geração de valor: está relacionada ao alcance de resultados
consistentes, assegurando que haja aumento de valor tangível e
intangível de forma sustentada para as partes interessadas.
8. Comprometimento com as pessoas: pressupõe melhoria na qualidade
nas relações de trabalho, levando as pessoas a se realizarem tanto
profissionalmente quanto pessoalmente, maximizando seu desempenho
por meio de oportunidades para o desenvolvimento de suas
competências e a prática do incentivo ao reconhecimento.
9. Foco no Cidadão e na Sociedade: refere-se atender regular e
continuamente às necessidades dos cidadãos e da sociedade, na
condição de sujeitos de direito e beneficiários dos serviços públicos de
qualidade advindos dos serviços públicos.
10. Desenvolvimento de Parcerias: atividades conjuntas com outras
organizações buscando o pleno uso de suas competências e para o
desenvolvimento de sinergias expressas em cooperação e coesão.
11. Responsabilidade Social: assegurar às pessoas condições de
cidadania, com a garantia de acesso aos bens e serviços essenciais
e ao mesmo tempo tendo como princípios gerenciais a preservação
da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, potencializando
as capacidades das gerações futuras de atender suas próprias
necessidades.
12. Controle Social: estão relacionados à transparência e participação

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social, requisitos fundamentais para a efetivação do controle social. A
organização deve estimular a sociedade a exercer seu papel.
13. Gestão Participativa: trata-se de um estilo de gestão que possibilita
às pessoas autonomia no alcance de metas, também cobrando
cooperação, compartilhamento de informações e confiança. Estas
assumem desafios e processos de trabalho, das quais participam,
tomam decisões, criam e inovam, gerando um clima organizacional
saudável.

Dentre as tecnologias de gestão, no portal do Gespública são apresentadas


algumas ferramentas visando promover a melhoria contínua dos processos
gerenciais e de resultados os órgãos e entidades públicos que delas se
apropriarem: a avaliação continuada por meio do Instrumento de Avaliação
da Gestão Pública (IAGP), a carta de serviços, a gestão de processos e de
indicadores de gestão.

Atualmente, para sanar a sobreposição de programas e acompanhar os


diversos esforços de melhoria da gestão pública, dos objetivos e instrumentos
instituídos pelo programa com a finalidade de contribuir para a melhoria da
qualidade dos serviços públicos, o Decreto nº 8.936/16, instituiu a Plataforma
de Cidadania Digital, e com a recente criação do Conselho Nacional para a
Desburocratização, as ferramentas do Gespública aperfeiçoadas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante destacar que esta unidade, traz algumas considerações


importantes em relação às reformas, a atuação da administração pública
e seus parceiros e as novas formas de Administração e Gestão Pública
demandadas para os gestores que atuam na esfera pública.

Para tanto, foram relacionados os conceitos da Nova


Gestão Pública (NGP), New Public Management (NPM)
e o New Service Public (NSP). Independente da forma ou do conceito adotado
todos refletem a preocupação com o cliente, usuário e cidadão como o centro
das atenções. Uma questão destacada é a orientação pública e política
no sentido de enfatizar a participação popular de um país imitando o setor
privado sendo que ambos têm objetivos distintos. Outras questões que vêm
à tona estão ligadas à racionalidade buscada versus os valores, equidade e
participação da sociedade no processo de administrar a coisa Pública.

Dentro deste contexto, as organizações, atuando de forma mais racional


buscam realizar o planejamento estratégico público como forma de alavancar
as organizações públicas no mercado, porém atuando com governabilidade e
governança Pública.

Para atuar de forma a ser mais eficiente a Administração Pública se


vale da administração direta (centralizada) e da Administração Indireta
(descentralizada) na qual transfere atividades de produção de bens e serviços
para autarquias e fundações, empresas públicas e sociedades de economia
mista e também para as parcerias público-privadas (PPPs) e Organizações
Sociais.

Como a redução acentuada da intervenção direta sobre os bens e serviços


demandados pela sociedade civil, exige uma nova forma de intervenção do
Estado entra em cena as agências reguladoras desempenhando o papel de
regulação econômica, social e administrativa.

Visando a garantir a qualidade dos serviços de natureza pública, a


Administração busca realizar e atender a sociedade civil com mais eficiência,
eficácia e efetividade realizando a gestão de Qualidade pautada nos
fundamentos do Gespública - Programa Nacional de Gestão Pública e
Desburocratização, cujas ações visam a trazer mais qualidade nos serviços e
nos bens produzidos pela Administração e Gestão Pública.

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LEITURA COMPLEMENTAR

Simplifique!

Os órgãos devem também facilitar o atendimento e simplificar as exigências


ao cidadão. Caso a prestação do serviço público não observe o disposto no
novo decreto, os cidadãos poderão apresentar a Solicitação de Simplificação,
por meio do formulário “Simplifique!”, aos órgãos públicos. A solicitação deverá
ser apresentada no Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal e seguirá
rotina de avaliação obrigatória pelos órgãos, a exemplo do que ocorre com os
pedidos da Lei de Acesso à Informação. Este procedimento será definido pelo
MP em conjunto com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da
União (CGU) em 180 dias.

A nova norma determina também a utilização de pesquisa de satisfação dos


usuários dos serviços. Esta ferramenta deve ser disponibilizada no Portal de
Serviços do Governo federal (servicos.gov.br) e no Sistema de Ouvidoria do
Poder Executivo federal. Os resultados obtidos serão analisados e utilizados
como subsídio para reorientar e ajustar a prestação dos serviços.

Outra mudança foi a reformulação da “Carta de Serviços ao Usuário”, já


instituída pelo Decreto nº 6.932/2009 – revogado pela norma publicada
nesta terça-feira (18). A Carta deve ser elaborada e divulgada pelos órgãos
e entidades do Executivo federal e deverá apresentar e informar as formas
de acesso aos serviços e os compromissos e padrões de qualidade do
atendimento ao público. Devem constar nessa carta informações como: o
serviço oferecido pelo órgão; os documentos necessários; o prazo para a
prestação do serviço; as formas de acesso ao serviço; entre outras.

Fonte> http://www.planejamento.gov.br/noticias/decreto-simplifica-servicos-publicos-para-atendimento-ao-
cidadao

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SAIBA MAIS

É importante planejar a cidade em todos os seus aspectos. Com a


globalização, essa tarefa torna-se mais árdua, isto porque, o tempo se acelera
bem como os fluxos que estruturam a rede também se alteram com intensa
rapidez, o que produz um ambiente extremamente mutável; essa capacidade
de mutação constante faz que com as estratégias percam o valor usual em
pouco tempo, assim, é importante planejar tendo em vista essa flexibilidade
estratégica, visando antes de mais nada, a importância do elemento humano e
sua capacidade administrativa, e ansiando resultados bem como flexibilidade.
Enquanto se pautar o planejamento urbano apenas em aspectos quantitativos
e documentais, aviltando o potencial estratégico humano, teremos ações
pouco eficazes, uma vez que números e documentos não revelam os anseios
e necessidades da sociedade. Sendo assim, o planejamento estratégico terá
eficácia a partir do momento em que for elaborado, discutido e aprovado por
membros de segmentos de toda a sociedade.

Levando esses princípios para a política de reorganização urbana, pode-


se falar que sua missão consiste em adequar as cidades à população e seus
anseios, propiciando uma gestão democrática, em que a qualidade de vida
esteja em pauta e o alcance da cidade desenvolvida e ao mesmo tempo,
igualitária e justa; as estratégias englobam as ações que devem ser
executadas para se atingir a cidade melhorada, mas tais ações não
devem ser aplicadas indiscriminadamente; pelo contrário, devem atender à
realidade de cada lugar específico. É então que entra em cena, mais uma
vez, o ato de planejar, desta forma tanto o Planejamento Estratégico como
o Plano Diretor devem estar coordenados e interligados, configurando um
processo empenhado em modificar a estrutura urbana e gerando espaços
mais propícios a uma habitação harmoniosa nos meios urbanos. Em suma,
o Plano Diretor é um norteador de fundamental importância na expansão
do espaço urbano em concomitância com o local cujo está situado. Através
dele é possível saber até que ponto uma cidade pode crescer, até que ponto
seus recursos podem ser usados de forma racional e sustentável, quais são
as áreas carentes de mais segurança, saneamento, atendimento médico
hospitalar, serviços educacionais, políticas habitacionais, enfim, o que pode ou
não ser feito dentro dos limites de determinado espaço urbano.

Fonte: FARIA, Leonardo. Planejamento Estratégico, Estatuto da cidade e plano


diretor: métodos e instrumentos de organização e gestão do espaço urbano.
CAMINHOS DE GEOGRAFIA - revista on line http://www.ig.ufu.br/revista/
caminhos.html ISSN 1678-6343.

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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO

Título: Parcerias Público-Privadas E Agências


Reguladoras: Questões Críticas
Autor: Ilton Garcia da Costa e Gilberto Giacoia
Editora Verbatim
Sinopse: Este livro conduz o leitor a um pensamento
reflexivo sobre a compreensão do tema PPP e
Agências Reguladoras a partir da constatação dos
professores Costa e Giacoia sobre os problemas
que o Brasil enfrenta no aperfeiçoamento do serviço
público e da infraestrutura imprescindível para a
materialização da eficiência e qualidade no serviço
público.

FILME

Pôster do Filme

Título:INSIDE JOB
Ano:2010
Sinopse: A crise financeira mundial que aconteceu
em 2008, causou a perda de milhões de empregos
e casas e mergulhou os Estados Unidos em uma
profunda recessão econômica. O que é mais
interessante neste filme é que demonstra que as
agências reguladoras falharam na condução da crise,
pois não cumpriram seu papel de fiscalização, uma
vez que o filme retrata a corrupção sistêmica existente
no país. A pergunta que devemos nos fazer é sobre o papel das reguladoras
para evitar a corrupção em um país. O documentário fornece uma análise
detalhada dos elementos que levaram ao colapso e identifica peças-chave do
mundo financeiro e político. O diretor Charles Ferguson realiza uma gama de
entrevistas e traça a história dos Estados Unidos para a China para a Islândia e
para outros mercados financeiros mundiais.
NA WEB

O portal da Previdência Social é um exemplo da qualidade dos serviços


públicos atrelado ao uso da tecnologia e a simplificação do serviço público. Por
meio dele o cidadão realiza o agendamento, consulta os serviços realizados
pelo INSS, tem acesso a diversas informações sobre os direitos por tempo de
contribuição, acidentes, aposentadorias, dentre outras.

Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/

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REFERÊNCIAS
ALDARVIS, Renato. Modelo de Gestão para organizações Públicas. In: Gestão
Pública: planejamento, processos, sistemas de informação e pessoas. Roberto
Kanaane; Alécio Fiel Filho; Maria das Graças Ferreira. São Paulo: Atlas, 2010.
p.209 a 241.

BRASIL. Decreto-lei nº 5.378, de 23 fevereiro de 2005. Institui o Programa


Nacional da Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA e o Comitê
Gestor do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização, e dá
outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2004-2006/2005/Decreto/D5378.htm> Acesso em: out. 2017.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança


aplicável a órgãos e entidades da administração pública / Tribunal de Contas
da União. Versão 2 - Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e
Gestão, 2014. 80 p.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Reforma do Estado para a cidadania: a


reforma gerencial brasileira na perspectiva Internacional. Ed. 34. São Paulo:
ENAP, 2011.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos.. Da administração pública


burocrática a gerencial. Revista do Serviço Público, 47/1, jan-abr
1996. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/1996/95.
AdmPublicaBurocraticaAGerencial.pdf. Acesso em out 2017.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos.. Nação, Estado e Estado-Nação


(2008). Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/2008/08.21.
Na%C3%A7%C3%A3o.Estado.Estado-Na%C3%A7%C3%A3o-
Mar%C3%A7o18.pdf. Acesso em Out. 2017.

BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos.. Análise e avaliação do papel das


agências reguladoras no atual arranjo institucional brasileiro. Relatório do
Grupo de Trabalho Interministerial. Brasília: set 2003. Disponível em: <http://
www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/Agencias/avaliacao_das_
agencias_reguladoras_-_casa_civil.pdf> Acesso em mar 2014.

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão.


Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - GESPÚBLICA.
Documento de Referência- Cadernos GESPÚBLICA, Brasília, 2009. Disponível
em: <http://www.gespublica.gov.br/>. Acesso em: Out. 2017.
Brasil, 2016. Portal do Brasil. Governo do Brasil. Agências reguladoras
fiscalizam a prestação de serviços públicos. Disponível em: : <http://www.brasil.
gov.br/governo/2009/11/agencias-reguladoras>Acesso em: Out. 2017.

KANAANE, Roberto et al. Gestão Pública estratégica e a gestão de futuro. In:


Gestão Pública: planejamento, processos, sistemas de informação e pessoas.
Roberto Kanaane; Alécio Fiel Filho; Maria das Graças Ferreira. São Paulo:
Atlas, 2010. p.34 a 67.

MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas


instituições e ações governamentais. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PAULA, Ana Paula Paes. Administração pública brasileira, entre o


gerencialismo e a gestão social. Revista de Administração de Empresas -
RAE DEBATE. vol. 45, n. 1, pp. 26-49, jan/mar. 2005. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/rae/v45n1/v45n1a05.pdf>. Acesso em: out.2017.

PINTO, Rogério F. As reformas do Estado e o Paradigma da Nova Economia


Institucional. In: Governando o governo: modernização da Administração
Pública no Brasil. João Paulo M. Peixoto (Org.). São Paulo: Atlas, 2008. p.48 a
69.

SANTOS, Alba Conceição Marquez dos Santos. A administração pública


gerencial (2003). Disponível em: <http://www.scp.rs.gov.br/upload/
AdministracaoPublicaGerencial.pdf>. Acesso em: Out. 2017.

PÁGINA 63
4CAPÍTULO
INSTRUMENTOS DE
GESTÃO PÚBLICA

Esta Unidade tem como objetivo apresentar os instrumentos de atuação do


Estado. Basicamente e sucintamente é apresentado o instrumento de atuação
por meio das políticas públicas, as principais características do orçamento
público e como ocorrem as compras, contratos administrativos e repasses
do Estado para entes da federação e organizações privadas bem como é a
relação entre Estado, Governo e Mercado.

Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett

Objetivos de Aprendizagem:
• Apresentar o instrumento de ação Política Pública no Brasil;
• Apresentar o ciclo de políticas públicas-elaboração, implementação e
avaliação;
• Caracterizar e descrever as principais características do orçamento
público;
• Demonstrar como ocorre o sistema de compras e repasses do Estado
• Apresentar algumas características das relações do Estado, Governo e
Mercado.

Plano de Estudo:
• Políticas Públicas;
• Orçamento Público;
• Processos de Compras e Repasses do
Estado;
• Relações entre Estado, Governo e Mercado.

PÁGINA 64
INTRODUÇÃO DA UNIDADE

Nesta Unidade, prezado Estudante, você entenderá um pouco mais sobre o


papel e o processo de implementação de políticas públicas, compreendendo
sobre como elas nascem e são elaboradas pelos poderes públicos.

Em seguida, você compreenderá também o que é e, como ocorre o


orçamento geral, sua evolução e seu ciclo orçamentário. Neste entendimento
compreenderá que este processo envolve o planejamento, utilizando-se
de instrumentos como o Plano Plurianual (PPA) e pautado nas diretrizes
orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).

No intuito de desburocratizar, mas sem perder o controle na Administração


Pública é instituída normas definidoras do processo de compra governamental
dada pela Lei das Licitações e pregão nas quais serão apresentadas os
tipos de contratação e as modalidades de licitação a ser contratado com a
Administração Pública.

Quando a contratação do fornecedor não é direta poderá ser celebrado um


Contrato Administrativo formalizando a relação de contratação que poderá
ser por meio de termo de cooperação, convênio, contrato de gestão e plano
operativo, cujos contratos poderão ser realizados entre entes da administração
pública ou Organizações Sociais (OS) e as Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público (OSCIPS) e privadas.

Trataremos também nesta unidade, sobre a relação do governo, estado e


mercado apresentando algumas funções do Estado na atividade econômica e
descrevendo os órgãos utilizados para viabilizar o funcionamento dos serviços
públicos favorecendo ou desestimulando o investimento direto internacional e
privado.

Por fim, demonstraremos como ocorre a transparência na Administração


Pública e a importância de se introduzir modificações nas formas de controle
dos serviços realizados, nas decisões tomadas pelos administradores e
sua responsabilização, bem como decorre a importância do exercício da
democracia do cidadão por meio do controle social e participativo.

Bons Estudos!

PÁGINA 65
4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS

As Políticas Públicas, de acordo com Piana (2009) emergem da República


Velha, no Governo de Getúlio Vargas, mas é a partir da Constituição de 1988
que alcança o aparato jurídico-político para estabelecer padrões próximos ao
de bem-estar social, com a crise, e consequente agravamento da questão
social, já que as políticas da década de 64 até 88 eram utilizadas como forma
de controle, seletivas, fragmentadas, excludentes e setorizadas. De acordo
com Secchi (2012), essas Políticas são expressões do poder público face
aos problemas sociais em diferentes cenários em resposta às demandas
da sociedade. Para tanto, são constantemente ajustadas conforme a
contextualização na sociedade e nas demandas dela emanadas.

Conforme sustentam Osborne e Gaebler (1994) apud Matias-Pereira (2010), a


decisão e a ação coletiva se realizam por meio do governo. Para estimular a
solução de problemas é necessário uma ação catalisadora aplicada a toda a
comunidade, e também, consenso em torno da visão de futuro e rumo a ser
tomado.

4.1.1 O papel das Políticas Públicas no Brasil

As transformações ocorridas nas organizações, nas relações e cotidiano do


trabalhador, bem como do trabalho na sociedade, afetam os direitos individuais
(Educação, saúde, habitação, lazer e a vida privada), ampliando-se as funções
do Estado (econômicas e sociais) que passa a controlar a produção e assumir
parte das despesas sociais. Neste sentido, as funções das Políticas Sociais e
Públicas são de ordem econômica (transferência direta ou indireta de recursos
e bens aos usuários carentes na forma da prestação de serviços sociais como
saúde, educação e assistência social) de ordem social e de ordem política
(PIANA, 2009).

As Políticas Públicas não podem ser restringidas apenas a um conjunto


de formas e procedimentos, regras ou instrumentos e, nem somente como
programas de governo, pois também precisamos compreendê-las como
um processo político e de relações sociais na qual, o governo pode adquirir
também a sua legitimidade. Para Secchi (2012, p. 2) “Uma política pública é
uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público”. Desta forma, a
essência conceitual da Política Pública é o problema (situação inadequada)
público (relevante para a coletividade).

Diferentes atores, têm ou deveriam ter o direito de influenciar a construção


das políticas públicas de um país. Isto implica naturalmente em mudança de
papel do Estado (menos hierárquico e monopolista) na solução dos problemas
públicos.

PÁGINA 66
Dentre os aspectos de maior discordância segundo Secchi (2009), está o papel
do Estado, no processo de elaboração de políticas públicas, o que implica o
envolvimento dos atores não estatais no processo de coprodução e gestão de
políticas públicas, onde o estado não deve perder sua importância, mas sim
deslocar o seu papel primordial para implementação, coordenação e controle.

REFLITA

As medidas e programa do Bolsa Família podem ser considerados uma política


pública?

4.1.1.1 Ciclo de políticas públicas-elaboração, implementação e avaliação

As pautas políticas são elaboradas pelos poderes públicos e o Estado em


obediência à Constituição Federal e legislação pertinentes (estabelecidas
no espaço governamental) ou seja, conjugando objetivos e princípios das
políticas de Estado (previstos nas Leis/Constituição) a partir das políticas
governamentais, oriundas das mediações políticas nas esferas da União,
Estados e Municípios.

Secchi (2012) e Kanane et al (2010) descrevem sobre o processo de


políticas públicas ou ciclo de políticas públicas em sete etapas:

1. Identi icação do problema - uma vez identificado o problema por


políticos ou agentes não governamentais ou representantes da
sociedade civil, esse problema pode entrar na lista de prioridades
conhecida como agenda.
2. Formação da Agenda - essa agenda representa um conjunto de
problemas ou temas que a comunidade política entende como
merecedor de intervenção pública, que vai depender da atenção (grupos
de interesse, principalmente), da resolutividade (ações factíveis) e
competência (toca as responsabilidades públicas).
3. Formulação de alternativas - é nesse momento que são elaborados
métodos, programas, estratégias ou ações para o alcance dos objetivos,
que poderá ser alcançado pelos mecanismos de comportamento:
premiação, coerção, conscientização ou soluções técnicas, que também
terão implicações nos custos de elaboração e com a utilização de
técnicas como: prognósticos, predições e conjecturas.
4. Tomada de decisão - representa o momento em que os interesses
dos atores são equacionados e as intenções (objetivos e métodos) de
enfrentamento de um problema são explicitadas. O critério de decisão
pode ser pela otimização, satisfação, acordo ou casual.
5. Implementação - essa fase sucede à tomada de decisão e antecede

PÁGINA 67
aos primeiros esforços de avaliação. É nessa fase que as regras,
rotinas e processos sociais são convertidos em intenções e ações. A
implementação pode ocorrer de cima para baixo (top down-decididos
pela esfera política) ou de baixo para cima (bottom-up-decididos pelos
burocratas e redes de autores).
6. Avaliação - representa o processo de julgamentos deliberados sobre
a validade de propostas para a ação pública, demonstrando se houve
sucesso ou falha nos projetos colocados em prática, avaliação esta que
pode ser ex ante (antes), in itinere (monitoramento) e ex post (após)
implementação. Os principais critérios utilizados são: economicidade,
eficiência econômica e administrativa, a eficácia e a equidade que
podem levar a continuação, reestruturação marginal ou extinção da
política pública.
7. Extinção - as causas da extinção podem ser porque o problema que
originou a política foi resolvido, porque foram ineficazes ou porque
embora não resolvido perdeu a importância e saiu das agendas políticas
e formais. Assim como o nascimento de uma política, sua extinção
depende das janelas de oportunidade como as reformas ministeriais,
mudanças de mandato e aprovação de orçamentos públicos.

4.2 ORÇAMENTO PÚBLICO

O orçamento nasceu como um instrumento de controle político do Parlamento


Francês em 1789 e seus princípios foram transmitidos a diversas nações no
mundo, inclusive no Brasil. Em termos históricos, oficialmente surgiu em
1824, mas somente em 1830 tivemos nosso primeiro Orçamento Geral para
o exercício financeiro de 1830-1831. O Brasil passou evolutivamente por três
etapas (NASCIMENTO, 2006):

1. Orçamento tradicional - a partir da estimativa de receitas fixa as


despesas e autoriza a unidade administrativa a gastá-la. Os órgãos
gastavam não em função do que pretendiam realizar, mas em função do
que gastavam no exercício anterior.
2. Orçamento de desempenho - é aquele que apresenta propósitos e
objetivos para os quais os créditos se fazem necessários, porém ainda
era desvinculado do sistema de planejamento.
3. Orçamento-programa - somente em 1972, criou-se uma estrutura
de planejamento, na qual se apresenta propósitos, objetivos e metas
para as quais a administração atende ao artigo 10 do Decreto Lei nº
200/67, solicita os fundos necessários identificando os custos e os dado
quantitativos e trabalhos realizados dentro de cada programa. Sua
elaboração abrange planejamento, programação, projeto, orçamentação
que deverão ser classificadas conforme as funções do governo que
deverão ocorrer de acordo com a função programática (Lei nº 4.320/64 e

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Portaria SOF nº 42/1999).

O Orçamento base zero - é método alternativo utilizado para combater os


orçamentos incrementais de forma indiscriminada, sendo a linha base zero e
não o orçamento do ano anterior. Essas ações desconsideram os programas
que vinham sendo realizados, porém representam uma evolução do orçamento
tradicional e criam condições para a elaboração do orçamento-programa.

4.2.1 O Ciclo Orçamentário

O ciclo orçamentário é um processo que envolve planejamento, utilizando-se


de instrumentos como o Plano Plurianual (PPA), complementado por planos
nacionais, regionais e setoriais cujas diretrizes orçamentárias (LDO), orientam
a elaboração e execução da Lei Orçamentária Anual (LOA), não se
confundindo com exercício financeiro, pois envolve um período maior, de forma
contínua e sistemática. De acordo com Nascimento (2006), as principais
características destes instrumentos são:"

● PPA - utilizado para alcance de programas e metas governamentais,


envolvendo processos de planejamento e orçamento destinados a ações
de médio prazo (4 anos) e visa expressar os resultados pretendidos
pelos governantes. Torna possível o acompanhamento e avaliação
da efetividade na execução dos programas e a revisão dos objetivos
e metas e tem como base legal a integração às LDOs e às LOAs e
também a Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF). Compõem-se de
uma base estratégica a partir da análise econômica e social, diretrizes,
análise setorial e avaliação regional e, dos programas, prevendo metas
e objetivos com duração de mais de um ano. Após sua aprovação terá
vigência nos próximos três anos de gestão e no primeiro ano da gestão
seguinte.
● LDO - parte do chefe do Executivo, cujas leis aprovadas pelo legislativo
e que podem ser emendadas pelos parlamentares. Consiste em
ajustar as ações do governo (Plano Plurianual) às reais possibilidades
do caixa, porém limitadas às diretrizes do PPA dentro de um ano de
governo. Devem estabelecer os parâmetros necessários dos recursos
do orçamento anual, de forma a garantir que as metas e objetivos sejam
atingidos. Representa um elo entre o PPA e os orçamentos anuais,
que buscam compatibilizar as diretrizes do plano à estimativa das
disponibilidades financeiras para determinado exercício.
● LOA - refere-se ao gerenciamento orçamentário e financeiro da
Administração Pública Federal, cuja finalidade principal está em
equilibrar as receitas e despesas públicas. Promove a integração entre
os orçamentos (fiscal, seguridade social e investimentos das empresas
estatais), realizadas em um único orçamento geral, respeitando os

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princípios da universalidade e da unidade orçamentária. As entidades
que não recebem subvenções ou transferências à conta do orçamento
da união como as autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades mistas também integram à lei orçamentária. A LOA deve
estar compatível e adequada a LDO e emitir demonstrativos de efeito
sobre receitas e despesas, sendo proibido constar no orçamento o que
não consta na LDO.

O ciclo orçamentário é conhecido também como processo orçamentário


(elabora, aprova, executa, controla e avalia a programação de dispêndios
público - físico e financeiro) pode ser maior que o exercício financeiro (1º
de janeiro e 31 de Dezembro de cada ano) segue os seguintes passos da
elaboração da proposta até sua aprovação ou veto a partir da integração do
PPA, da LDO e do LOA (NASCIMENTO, 2006):

• Elaboração da proposta – deve ser compatível com os planos e


as diretrizes já submetidas ao Legislativo por meio LDO. Envolve
os dispêndios conforme previstos no PPA (recomendações sobre
arrecadação tributária, política de endividamento e participação de
fontes internas e externas no financiamento de despesas).
• Tramitação do projeto de Lei – é estabelecida pela lei complementar
(art 165, par. 9º), cuja lei dispõe das vigências e prazos do exercício
financeiro a partir do PPA, a LDO e a LOA.
• Discussão, votação e aprovação da proposta – o projeto é
encaminhado para a comissão mista de planos, orçamentos públicos,
fiscalização os quais irão examinar e emitir pareceres no legislativo.
• Sansão e veto – conforme artigo 66 da constituição federal, o
presidente terá 15 dias úteis para sancioná-lo. Poderá vetá-lo no todo
ou em parte. A Constituição Federal não admite rejeição da LDO, mas
admite da LOA.

4.3 PROCESSO DE COMPRAS E REPASSES DO ESTADO

De acordo com Costin (2010, p. 185) “o impacto das compras governamentais


na economia é sempre relevante”. Na Administração Pública foram instituídas
normas definidoras do processo de compra governamental pois é preciso
desburocratizar a área sem perder a possibilidade de controle sobre a
corrupção entretanto preservando a competição no fornecimento para o
governo. Por isto estão contidas na Lei nº 8.666/1993 (Lei Geral de Licitações)
e Lei nº 10.520/2002 (pregão) ambos pertencentes ao sistema de licitações
que definem como será a escolha do fornecedor que se inicia pela escolha do
objeto.

Quando a compra não é direta, é necessário um contrato, nestes casos, a

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formalização ocorrerá por meio de convênios, parcerias ou cooperações
em que o sistema de repasse será pelo (SICONV) - Sistema de Gestão dos
Convênios e Contratos de Repasse.

4.3.1. Lei nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/2002.

Há quatro tipos de licitação previstas na Lei nº 8.666/93, quais sejam:

• Menor preço - leva em conta o preço absoluto desde que atendido as


condições do edital de licitação.
• Melhor técnica e melhor técnica e preço - de natureza
predominantemente intelectual (projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento).
• Maior lance ou oferta - restringe-se a alienações e certas concessões.

Em geral, o critério da escolha da modalidade é dado pelo valor estimado


para a contratação e tipo do objeto. De acordo com Costin (2010), a Lei das
Licitações n° 8.666/93, são modalidades de Licitação:

• Concorrência: considerada a mais morosa, é adequada para


aquisições de grande vulto, para alienação de imóveis e para aquisições
internacionais. Sua participação é aberta para quaisquer interessados
desde que comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação
exigidos em edital.
• Tomada de preço: envolve as contratações de obras e serviços de
engenharia com valores de até R$ 1.500.000,00, sendo considerada
a mais adequada para contratações de médio vulto, das quais, pode
participar os interessados cadastrados ou que atenderem às condições
exigidas no cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
recebimento das propostas, observadas a necessária qualificação.
• Convite: participam os interessados do ramo pertinente ao seu objeto,
cadastrados ou não, escolhidos e convidados pela Administração em
número mínimo de 03 (três), a qual deverá afixar em local apropriado,
o aviso em forma de extrato e estenderá o convite aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que poderá manifestar
seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
apresentação das propostas, visando atender contratos de valor baixo
que não podem exceder à R$ 150.000,00.
• Concurso: é destinada a escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico, comuns como a criação intelectual e trabalhos arquitetônicos,
cujos interessados podem participar desde que atendam aos critérios
exigidos no edital. Possuirá um incentivo condicionado a que o autor
ceda os direitos relativos ao seu trabalho ou projeto.
• Leilão: é utilizada na venda de bens móveis e inservíveis da

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Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados,
ou para alienação de bens imóveis adquiridos em procedimentos
judiciais ou de doação, a quem oferecer maior lance.

A modalidade Pregão ocorreu a partir de 2002 com a Lei nº 10.520 e também


faz parte do sistema de licitações, destinada a aquisição de bens e serviços
comuns, qualquer que seja a contratação, em que a disputa ocorre por meio
de propostas ou lances, em sessão pública, cuja modalidade pode ocorrer de
forma: a) presencial (espaço físico, onde os licitantes estão presentes) ou b)
eletrônica (por meio da Internet, com comunicação à distância), sendo que
este último facilita o acesso e a transparência nos atos do certame.

De acordo com a Lei das Licitações, poderá ocorrer outras modalidades de


escolhas no sistema de Compras desde que previstas em Lei: a) Dispensa
da Licitação – deverá ser devidamente justificado (imóveis, dação, doação,
permuta, investidura, alienação gratuita ou onerosa, vendas de títulos, por
exemplos, guerra ou perturbação da ordem, emergência ou calamidade,
alguns tipos de aquisições, como restaurações de obras, por exemplos) e b)
Contratação por Inexigibilidade - quando há inviabilidade de contratação
de outro profissional ou empresa, de caráter exclusivo, por exemplo, um ator
consagrado. São exceções que devem ser vistas de modo muito especial, e,
com cautela (MATIAS-PEREIRA, 2010; COSTIN, 2010).

4.3.2. CONTRATAÇÃO, CONVÊNIOS, PARCERIAS E COOPERAÇÃO E O


SISTEMA DE REPASSES - SICONV

De acordo com Costin (2010), quando a contratação não é direta pelo órgão
que precisa dela porém pode preceder de licitação para ser celebrado. Um
Contrato Administrativo formaliza a relação de contratação por parte da
Administração Pública com uma organização privada ou pública com objetivo
de interesse público que podem ocorrer das seguintes formas: a) Termo
de Cooperação - as partes envolvidas (entes públicos) combinam esforços
para atingir objetivos comuns, b) Convênio - realização de objetivos de
interesse comum (entes públicos e públicas ou privadas), porém a licitação é
inexigível (cessão de uso de equipamentos, repasse de recursos como forma
de incentivo, cujo convenente deve prestar contas ao concedente, recursos
humanos, materiais e imóveis), c) Contrato de Gestão - é uma parceria
firmado entre poder público e privado (organizações sociais, cujas compras
são dispensadas da licitação e OSCIP - Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público) e d) Plano Operativo - instrumento utilizado o âmbito
do SUS para realizar ações, serviços, atividades com metas qualitativas e
quantitativas entre gestores e prestadores de serviços de saúde (entes públicos
e privados).
O Tribunal de Contas da União (TCU), juntamente com a Corregedoria Geral

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da União (CGU) e os Ministérios da Fazenda e do Planejamento Orçamento
e Gestão criaram o SICONV como um instrumento de gestão e controle
social (fiscalização), cujo portal disponibiliza informação à sociedade civil
sobre o gasto público, tendo em vista a transparência com o ciclo de vida dos
convênios, contratos de repasse e termos de parceria.

De acordo com o portal do sistema de Convênios (SICONV) - Sistema de


Gestão dos Convênios e Contratos de Repasse instituído pelo Decreto
nº 6.170/2007 e revogado pelas Portarias Interministeriais nº 127/2008 e°
507/2011, esse sistema visa a garantir pelo Governo Federal o total controle
das transferências voluntárias buscando mais eficiência, agilidade, e maior
transparência ao processo de liberação de recursos para os estados,
municípios e organizações não governamentais (ONGS), especialmente as
Organizações Sociais (OS) e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIPS).

4.4 RELAÇES ENTRE ESTADO, GOVERNO E MERCADO

De acordo com Costin (2010), o Brasil tem altamente enraizado uma cultura do
clientelismo e uma forte tendência à corrupção nas relações entre o público e o
privado e favoritismo e riscos para os investimentos. De fato com a democracia
e a exigência dos cidadãos por serviços melhores, toda a lógica de governo
teve que mudar, não somente para obter a eficiência mas também para trazer
a tona a moralidade que se transformou num pesadelo na vida de empresas e
indivíduos que tinham contato com o governo.

De acordo com Matias-Pereira (2010), o Estado obtém e aplica os recursos


para o custeio, orientado pela política fiscal, realizada a partir da política
tributária (captação de recursos) e da política orçamentária (gastos, atos e
medidas relacionados à forma de aplicação dos recursos), a fim de viabilizar o
funcionamento dos serviços públicos, desempenhando seus poderes também
na atividade econômica atendendo aos princípios da responsabilidade fiscal
(Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar nº 101 de 04 de
maio de 2000) e da Constituição Federal de 1988.

Desta forma, e de acordo com Musgrave (1980) apud Nascimento (2006) e,


Matias-Pereira (2010), a participação do governo na Economia pode ser
decomposta em três funções distintas: 1) Alocativa: por meio da intervenção
do Estado, com a alocação de recursos, 2) Distributiva: envolve bem estar e
refere-se ao processo de desenvolvimento econômico e refere-se à distribuição
de rendas e riquezas e 3) Estabilizadora: corresponde à aplicação de políticas
econômicas a fim de promover o emprego, desenvolvimento e a estabilidade
quando o mercado é incapaz de assegurar o alcance desses objetivos.

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O Brasil precisa crescer e para isso precisa de investimentos privados.
Neste sentido algumas organizações podem favorecer como desestimular o
investimento direto internacional e privado local como as agências reguladoras
(já nominadas no capítulo anterior ANA, ANP, ANT, ANELL, ANATEL e ANVISA)
e as que descreveremos a seguir (COSTIN, 2010):

APEX Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos


(coordena e implementa políticas de promoção do comércio na exportação).
ABDI Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(coordena e implementa políticas de promoção do comércio na exportação).
CAMEX Câmara Brasileira do Comércio Exterior (formula, adota, implementa
e coordena políticas e atividades relacionadas ao comércio exterior,
regulamentação e certificação de empresas para a prática no exterior,
classificação de produtos e regras de origem e procedência, acordos
multilaterais e bilaterais para práticas abusivas e financiamento de
exportações).
MDICE Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (responsável
pela promoção de indústrias, comércio e serviços, como propriedade intelectual
e transferência de tecnologias, normas, regras, programas e mecanismos
internacionais e a SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus).
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(cumpre regras técnicas e jurídicas, harmonização de medidas com padrões
internacionais, responsável por organizações de certificação, inspeção,
treinamento, coordena a certificação compulsória e voluntária (produtos,
processos, serviços e pessoal).
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (apoiar projetos
que contribuam para o desenvolvimento do país).
SDA Secretaria de Defesa Agropecuária (coordena o sistema de defesa
agropecuária e a vigilância agropecuária internacional).

CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica - (órgão antitruste, orienta,


audita, investiga e previne comportamentos de empresas abusivas que
dominam o mercado, julgando casos e pode interromper fusões e aquisições).
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis
(responsável por implementação de políticas do meio ambiente, controle,
investigação do uso de recursos naturais, licenciamento de investimentos que
possam ter impactos ambientais.

Ainda para lidar com disputas burocráticas o governo criou a SISCOMEX -


Sistema de Comércio Exterior para simplificar os procedimentos (redução de
documentos, auxílio com tecnologia da informação-monitoramento, controle e
orientação) para as empresas que querem exportar e importar seus produtos.
Entretanto ainda é preciso uma definição melhor dos papéis dos governos

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no que tange às exigências competitivas de cada nível com incorporações
das exigências ambientais, com instituições políticas isentas de clientelismo
e paternalismo e investimentos também na educação técnica e carreiras
científicas (COSTIN, 2010).

4.4.1 A Transparência na Administração Pública

Foi criada a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar nº 101


de 04 de maio de 2000 tem como objetivo regulamentar a Constituição Federal
(CF) de 1988, na parte da tributação e do orçamento (estabelecimento de
normas de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal).

De acordo com Nascimento (2006), para se obter a transparência três fins


foram instituídos pela Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF): a) participação
popular (art. 48), b) a disponibilidade das contas dos administradores para
consulta (art. 49) e c) a emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal (art.
54 e 55) e de execução orçamentária (art. 52 e 53) para acesso público e
divulgação.

O controle é considerado um instrumento da democracia. O instrumento


formalizado estruturalmente serve para controlar as finanças públicas
buscando garantir o bom desempenho das atividades estatais realizadas para
o interesse público, pois a sociedade tem e deve exigir a prestação de contas
dos atos praticados pelos gestores públicos sobre a administração da coisa
pública.

A administração pública ao introduzir modificações nas formas de controle dos


serviços trouxe mais transparência às decisões tomadas pelos administradores
e responsabilização, atualmente, como fator de transparência, o governo
utiliza-se da Internet como recurso tecnológico, que tem como proposta
reduzir os custos e possibilitar o aumento da transparência para o cidadão.
Um dos que atuam em defesa do patrimônio público e ao incremento da
transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria
pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria é a CGU –
Controladoria Geral da União (MATIAS-PEREIRA, 2010).

A Constituição Federal em seus artigos 70 a 74 demonstra como deve ser a


fiscalização contábil, financeira e orçamentária, sendo o controle político de
exclusividade do Poder Legislativo e o controle externo auxiliado pelo Tribunal
de Contas ou órgão equivalente. Da mesma forma, a Lei do Orçamento (Lei n°
4320, de 64) é responsável por disciplinar a estrutura de controle e execução
orçamentária, o controle externo do Tribunal de Contas é regulamentado pela
Lei n° 8.443/92 e o controle interno pela Lei n° 10.180 de 2001. Os controles
são realizados por meio de auditorias (controle interno) e tribunais de contas

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(controle externo). Dentre os responsáveis pelo Controle são apresentados
os Tribunais de conta da União (TCU), Tribunal de contas do estado (TCE) e
Tribunais de conta municipais (TCM) (MATIAS-PEREIRA, 2010).

NA WEB

Para realizar o controle social, a população pode se valer, por exemplo, do


portal da transparência, instituído no programa de combate a corrupção pelo
CGU, lançada em 2004 para assegurar a boa e correta aplicação dos recursos
públicos com o objetivo de aumentar a transparência pública permitindo que o
cidadão acompanhe como o dinheiro está sendo utilizado e ajude a fiscalizar.
Fonte: < http://www.portaltransparencia.gov.br/> e <http://www.portaldatransparencia.gov.br/manual>

4.4.2 Democracia Participativa e Controle Social

A Constituição Federal de 1988 definiu instrumentos de participação da


sociedade civil no controle da gestão das políticas sociais, estabelecendo
mecanismos de participação e implementação destas políticas. Com a
convocação da constituinte, foram incorporados mecanismos participativos
para acolher as demandas dos cidadãos.

Neste sentido, no exercício da democracia participativa, são utilizados


instrumentos como o plebiscito, o referendo e os projetos de iniciativa popular.
De acordo com a Lei n° 9.709/98, regulamenta-se a execução de plebiscitos,
referendos e iniciativa popular, convocados mediante decreto legislativo, cujas
definições são expressas no artigo 2º, na qual:

[...] plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo


para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de
natureza constitucional, legislativa ou administrativa, o Plebiscito,
convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha
sido submetido e o Referendo, convocado com posterioridade a
ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva
ratificação ou rejeição.

De acordo com Piana (2010), a criação de conselhos integrados por


representantes dos diversos segmentos da sociedade civil representam uma
das principais inovações na dimensão das políticas sociais assumindo as
pessoas (para colaborar na implementação, execução e controle das políticas
sociais) uma representatividade nas diferentes esferas governamentais.
Da mesma forma, como afirma Matias-Pereira (2010, p. 185) também as
comissões parlamentares de inquérito (CPI), “têm se revestido em um
importante instrumento de controle social”. O controle social representa um
avanço na construção de uma sociedade democrática e por meio dele será
possível garantir serviços com mais qualidade.

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SAIBA MAIS

Aprovado em 1999, O PPA federal 2000/2003 foi um desafio organizacional


envolvendo gestão organizacional, planejamento e recursos humanos, por
meio de programas visando resgatar maior transparência na alocação dos
recursos humanos e obtenção de resultados. O PPA buscou implantar uma
nova espécie de gerência, envolvendo eficiência, eficácia, custo e efetividade,
diferente da existente na Lei n° 4320/64 (efetividade). A nova visão promoveu
uma reforma gerencial do orçamento - controle, gerência e planejamento.
As ações da Gestão Pública Empreendedora no Programa de 2000-2003,
Avança Brasil, foram baseadas em quatro programas da Secretaria de
gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: a) gestão
pública empreendedora: voltada a promoção na transformação da gestão
pública, visando a ampliação dos resultados para os cidadãos e a redução
de custos; b) qualidade dos serviços prestados aos cidadãos: que busca
promover a melhoria da qualidade dos serviços públicos; d) desburocratização:
que visa proteger as pessoas da opressão burocrática; e d) valorização
do servidor público: voltada a flexibilização de pessoal, ampliação da
autonomia e responsabilização Todos esses programas compreendem ações
destinadas a produzir determinadas respostas às demandas da sociedade
e foram integrados no PPA – Plano Plurianual, dando maior visibilidade às
oportunidades de investimento e potencializando a alavancagem de meios
extra-orçamento mediante parcerias com o entes da federação. Os eixos de
Integração e Desenvolvimento Nacionais permitiram uma visão estratégica de
longo prazo, bem como sinalizam problemas, vocações e potencialidades de
cada região.

Fonte: Martins, 2000.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, você aprendeu um pouco mais sobre os instrumentos utilizados


pela Administração Pública como as políticas públicas, o orçamento público, a
forma de compras e sistema de repasses e as relações do estado, governo
e mercado e como ocorre a transparência das ações governamentais e a
participação cidadã no controle social.

Iniciamos demonstrando a importância das Políticas Públicas, e vimos que


elas representam expressões do poder público face aos problemas sociais
em diferentes cenários em resposta às demandas da sociedade, ou seja,
ela utilizada para estimular a solução de problemas. Vimos também que o
processo de políticas públicas ou ciclo de políticas públicas em sete etapas:
identificação do problema, formação da agenda, formulação de alternativas,
tomada de decisão, implementação, avaliação e extinção da política.

Em seguida apresentamos como surgiu no Brasil e passou evolutivamente


o orçamento público, que evoluiu do orçamento tradicional até o que
conhecemos hoje, o orçamento-programa que deverá ocorrer em consonância
com o ciclo orçamentário cujo processo envolve planejamento, utilizando-se
de instrumentos como o Plano Plurianual (PPA) cujas diretrizes orçamentárias
(LDO) orientam sua elaboração e execução, baseada na Lei Orçamentária
Anual (LOA) que ocorrem por meio da elaboração da proposta, da tramitação
do projeto de lei, da discussão, da votação e aprovação da proposta e do
estabelecimento de planos e diretrizes que devem respeitar o PPA, a LDO e
LOA e uma vez encaminhados podem sofrer sansão ou veto.

As Leis nº 8.666/1993 (Lei Geral de Licitações) e nº 10.520/2002 (pregão)


juntas fazem parte do sistema de licitações e compras do Estado, cujas
modalidades são: concorrência, leilão, tomada de preço, convite, concurso,
pregão presencial e eletrônico e podem ainda ter como modalidade escolha
a dispensa ou a inexigibilidade, desde que atendam aos critérios previstos na
legislação para melhor preço, técnica e oferta. Ainda assim, na contratação
indireta, serão realizados contratos administrativos na forma de termos de
cooperação, convênios, planos operativos e contratos de gestão.

Compreendemos ainda que Administração Pública tem como funções


econômicas: alocativa, distributiva e estabilizadora na qual algumas
organizações podem favorecer como desestimular o investimento direto
internacional e privado local como as agências reguladoras. E por fim, que a
transparência é enfatizada pelo controle dos poderes com o auxílio do controle
social.

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MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO

Título: VOZES DO BOLSA FAMÍLIA: AUTONOMIA,


DINHEIRO E CIDADANIA
REGO, Walquiria L. e PINZANI, Alessandro
Editora UNESP
Sinopse: Os dados empíricos que fundamentam
a análise presente no livro são as vozes das
mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família,
perspectiva essencial e oportuna para quem quer
se debruçar sobre essa realidade complexa que é
viver em condições de pobreza extrema, o que vem
acompanhado de formas de exploração e violência
de toda natureza.Vozes do Bolsa Família, pelo
rigor teórico que fundamenta o tratamento dado ao
discurso dessas mulheres, associado à sensibilidade dos pesquisadores, traz
preciosos elementos para pensar em que consiste, efetivamente, a democracia
social e política neste país. E mais que isso: que os caminhos até aqui trilhados
apontam de certa forma na direção correta, mas ainda há muito a percorrer
para que sejamos uma sociedade mais justa, que permita aos indivíduos terem
projetos de futuro, para si e seus descendentes. Eis aí, portanto, uma leitura
obrigatória
FILME

TÍTULO: ERA O HOTEL CAMBRIDGE


2016

Sinopse: Refugiados recém-chegados ao Brasil


dividem com um grupo de sem-tetos um velho
edifício abandonado no centro de São Paulo. Mostra
a chaga brasileira dos sem-teto espelhando-a, de
forma harmoniosa e inventiva, na questão global do
deslocamento imposto pela violência e pela miséria.
É uma base para analisar o papel do Estado, a
Administração da propriedade pública e as políticas
de bem estar social.Durante uma assembleia
para discutir a ameaça de despejo do prédio
abandonado que ocuparam no centro de São Paulo, os moradores brasileiros
do local questionam a participação de imigrantes de diferentes países que
ali encontraram abrigo. Um rapaz vindo do Congo fala sobre o paradoxo de
o Brasil ser tão receptivo aos expatriados e, ao mesmo tempo, oferecer muito
pouco para que os estrangeiros tenham aqui uma vida digna em quesitos como
trabalho, moradia e educação.

PÁGINA 80
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República do Brasil. Brasília,
DF: 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: out. 2017.

COSTIN, Claudia. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

CGU - Controladoria Geral da União. Estrutura organizacional do


governo federal. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/
PrestacaoContasPresidente/2008/ParteI/.1.pdf>. Acesso em: out. 2017.

DENHARDT, Robert B. Teorias da Administração Pública. Trad. da 6ª ed.


Norte Americana. Francisco G. Heidemann. São Paulo: Cengage Learning,
2012.

Vários autores. Gestão Pública. Roberto Kanaane; Alécio Fiel Filho; Maria das
Graças Ferreira. São Paulo: Atlas, 2010.

MATIAS-PEREIRA, José. Curso de administração pública: foco nas


instituições e ações governamentais. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2010.

NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública: tributação e orçamento, lei


da responsabilidade fiscal, tópicos em contabilidade, gestão pública no Brasil
de JK a Lula, administração financeira e orçamentária, finanças públicas nos
três níveis do governo. São Paulo: Saraiva, 2006.

SECCHI, Leonardo. Modelos organizacionais e reformas da administração


pública. Revista da Administração Pública. v.43. n.2. Rio de Janeiro:
mar/abr 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
76122009000200004&script=sci_arttext>. Acesso em: out.. 2017.

SECCHI, Leonardo. Políticas públicas. Conceitos, esquemas de análises,


casos práticos. Sao Paulo: Cengage, 2012.
CONCLUSÃO

Prezado Estudante, espero que depois desta jornada, você tenha se


interessado um pouco mais pela Administração e Gestão Pública, pois
precisamos de pessoas “interessadas” e motivadas para melhorar ainda mais
o Estado Brasileiro. Não importa o papel que você escolheu, se Gestor ou
Político, Usuário ou Cidadão, o importante é que você contribua com vosso
conhecimento para colaborar para uma Administração e Gestão Pública mais
eficiente, eficaz e efetiva.

Para contribuir com vosso entendimento na Unidade I você adquiriu


maior conhecimento a partir da teoria clássica, na qual apresentamos
Hobbes, Locke e Rousseau seguida pelo sistema de freios e contrapesos
de Montesquieu na qual o Brasil adota a função clássica Tripartite, ou seja,
sua atuação ocorre a partir dos poderes legislativo, executivo e judiciário.
Em seguida foi apresentado por Weber, o modelo ideal para dar legitimidade
ao Estado e a Administração Pública e Política. O Brasil é um Estado
Republicano, democrático e representativo e que atua por meio de três poderes
independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário, considerado um Estado
Democrático de Direito regida por uma constituição de Estado, Leis, Decretos e
Regulamentos.

Na Unidade II, trouxemos à tona diversas características e concepções


históricas sobre a construção e evolução da Administração Pública.
Inicialmente, traçou-se um breve histórico destacando a evolução histórica
Brasileira em momentos importantes começando do Administração Colonial,
passando pelo Varguismo (década de 30), o desenvolvimentismo, início da
reforma, o regime militar, estatismo e a reforma de 67, bem como a reforma
de 1995 na qual foram apresentadas as principais reformas constitucionais e
estruturais ocorridas no Estado Brasileiro, fundamental para compreender as
reformas e implantação dos modelos de Administração e as novas formas de
Administração e Gestão Pública demandadas para os gestores que atuam na
esfera pública.

Para tanto, na Unidade III foram relacionados os conceitos da Nova Gestão


Pública (NGP), New Public Management (NPM) o New Service Public (NSP).
Dentro deste contexto, as organizações, atuando de forma mais racional
buscam realizar o planejamento estratégico público como forma de alavancar
as organizações públicas no mercado, porém atuando com governabilidade
e governança Pública. Vimos também, que para atuar de forma a ser mais
eficiente a Administração Pública se vale da administração direta (centralizada)
e da Administração Indireta (descentralizada) na qual transfere atividades de
produção de bens e serviços para autarquias e fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista e também para as parcerias público-privadas
(PPPs) e Organizações Sociais e por esta redução acentuada da intervenção
direta sobre os bens e serviços demandados pela sociedade civil, exige uma

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nova forma de intervenção do Estado entra em cena as agências reguladoras
desempenhando o papel de regulação econômica, social e administrativa
e qualidade realizada a partir de uma gestão pautada nos fundamentos do
Gespública - Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização.

Por fim, na unidade IV, finalizamos com o tema instrumentos utilizados pela
Administração Pública como as políticas públicas, o orçamento público, a
forma de compras e sistema de repasses e as relações do estado, governo
e mercado e como ocorre a transparência das ações governamentais e a
participação cidadã no controle social, e assim pudemos compreender que
as Políticas Públicas, surgem face aos problemas sociais em resposta às
demandas da sociedade, que necessariamente, precisa ser contemplada no
orçamento público. Em seguida, foram apresentadas o sistema de compras
e repasse do Estado, quais são as formas de contratos administrativos e as
funções econômicas do Estado: alocativa, distributiva e estabilizadora bem
como as organizações mais conhecidas para favorecer ou desestimular o
investimento direto internacional e privado local assim como as agências
reguladoras. E por fim, foi apresentado a importância da transparência do
controle dos poderes com o auxílio do controle social.

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