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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

EXTENSÃO DE TETE
Departamento de Letras, Ciências Sociais e Humanidades
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Campus Universitário de Cambinde – Matundo; EN nº 07; Telef: 252 20421/2; 823074748; Fax: 252 20422; TETE;
Moçambique

LITERATURA PORTUGUESA E BRASILEIRA (LPB) – 1º ANO – P. LABORAL


2º SEMESTRE - 2022

O simbolismo subjacente aos eventos de colecta de restos de colheita


(Khunkha pro-mamphuza)

Os dados por mim adquiridos com algumas fontes orais, afirmam que a colecta de
restos de colheita, desde o seu momento inicial (khunkha) até o momento em que é
confeccionado pelas próprias crianças ainda inexperientes na cozinha (mamphuza)
são extremamente importantes para educá-las a nunca jogarem fora o que se pode
(re)aproveitar, instruí-las de modo que a partir de cedo, aprendam a cozinhar as mais
diversas e variadas refeições das comunidades.

Contam que enquanto a criança confecciona o resto dos produtos que foram
colectados na machamba, as mães e titias da comunidade vão fazendo o devido
acompanhamento. Quando a comida feita pelas crianças (mamphuza) fica pronta,
elas entregam às instrutoras para estas avaliarem e tecerem algumas
recomendações. Este processo acontece não só uma vez, mas sim várias.

Analisando esta prática e sua importância, subentendo que, por um lado, sobretudo
em zonas suburbanas, há grandes chances de existirem numerosas mulheres hábeis
na cozinha, mulheres que fazem uso dos produtos agrícolas existentes nas suas
comunidades, para fazerem com que a sua comida tenha um sabor agradável ao
paladar de qualquer um; por outro lado, a mulher, desde criança, vai se preparando
para agradar ao marido pelo estômago, e assim, constituir um lar sustentável fazendo
uma boa gestão dos alimentos, diga-se de passagem: restos que deveriam ser
jogados fora, porém ainda (re)aproveitáveis.
Os mais velhos, através do (khunkha pro-mamphuza), vão “de pequeno torcendo o
pepino” e construindo um futuro melhor para os seus filhos e netos, as suas futuras
gerações. Esta prática que nos identifica como africanos que somos, parece estar a
perder o seu valor nas zonas urbanizadas, com a construção de novas infraestruturas
em detrimento de abertura de campos agrícolas, consequentemente a
descostumização do khunkha-mamphuza. É razão para dizer: há que respeitar,
valorizar e preservar este hábito e costume tradicional, o que de grosso modo,
também contribui para a nossa saúde alimentar e nutricional.

Estudante: Amarildo Roberto Luís António


Docente: Me. João José Divala

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