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máquinas: um exemplo
e disponibilidade
prático de
Por Cristiano Bertulucci Silveira|dezembro 12th, 2012|Categories: Confiabilidade
Operacional, Manutenção Industrial|Tags: Confiabilidade|Comentários desativadosem
Confiabilidade e disponibilidade de máquinas: um exemplo prático
Para o exemplo, vamos considerar um cilindro hidráulico que de tempos em tempos, devido ao
desgaste das gaxetas e anéis de vedação, falha com relação à sua função principal, exigindo
manutenção corretiva. Será então calculado o melhor momento para realizar a manutenção
periódica a partir da análise dos custos e da confiabilidade.
Com os dados de amostragem de tempo até a falha, vamos agora calcular as variáveis necessárias
para obter os parâmetros da fórmula de Weibull (beta e alfa). Não é o intuito deste artigo ir a fundo
na estatística e mostrar o porquê das fórmulas e sim como utilizar a ferramenta. Sendo assim,
voltemos ao exemplo:
A partir dos dados de tempo até a falha, deve-se preencher outra tabela conforme indicado na
Figura 2 abaixo. Os passos são o seguinte:
1. Na coluna A, deve-se preencher os dados até a falha e logo após ordenar eles por ordem
do menor para o maior. Feito isto, deve-se proceder ao passo2;
2. Na coluna B, deve-se numerar em sequência de acordo com a quantidade de amostras;
3. Para preencher a coluna C, é necessário calcular o Median Rank. É um conceito da
estatística que pode ser calculado da seguinte forma: Na célula C15 digite a fórmula “=(B15-
0,3)/(10+0,4)”. Os valores 0,3 e 0,4 são padrões na obtenção do Median rank. Já o valor “10”
foi utilizado porque representa a quantidade de amostras. Feito isto estenda a fórmula para
as outras células, conforme indicado na tabela2.
4. A coluna D deve conter os valores obtidos através da fórmula “1/(1-Median Rank)”.
5. Da mesma forma a coluna E deve conter valores obtidos através da fórmula “Ln(Ln(1/(1-
Median Rank)))”, onde Ln é o logaritmo do valor.
6. Finalmente na coluna F deve ser calculado o logaritmo do ttf (coluna A), utilizando a fórmula
“Ln(TTF do Cilindro)”.
A tabela completa com os valores calculados pode ser visualizada abaixo (Tabela 2).
Com a tabela completa, agora é necessário utilizar o recurso de regressão do Excel, que faz parte
da ferramenta Análise de dados. Deve-se proceder da seguinte forma:
1. Clicar na opção Análise de Dados, localizada no menu Dados. Caso o seu Excel não
possua esta opção visível, é necessário habilitá-la. Para saber como fazer isto vá até o
Item7 – Anexo deste artigo clicando aqui.
2. Clicar em Regressão.
3. Clicar Ok.
Agora, é necessário informar ao Excel quais serão as colunas utilizadas para a regressão. Assim,
proceda da seguinte forma:
1. O intervalo Y de Entrada deve ser os dados da coluna E, incluindo o cabeçalho. Portanto é
o intervalo compreendido entre o E14 e E24;
2. O intervalo X de Entrada deve ser os dados da coluna F, incluindo o cabeçalho. Portanto é
o intervalo compreendido entre o F14 e F24;
3. Checar a opção Rótulos.
4. Checar a opção nova planilha e dar o seguinte nome: “Regressão Linear” ou qualquer outro
nome que desejar.
5. Checar a opção “Plotar ajuste de Linha”.
6. Clicar no botão “Ok”.
Todos estes passos podem ser visualizados na Figura 4 abaixo:
O Excel automaticamente irá gerar uma planilha com os dados estatísticos calculados, bem como
o gráfico de regressão. Porém, não temos ainda todos os dados necessários. É preciso ainda
calcular os parâmetros beta e alfa através do seguinte procedimento:
1 – Na célula A19, digite: “beta (ou parâmetro de forma)”. Na célula B19, digite a fórmula: “=B18.
Na célula A20, digite: “alfa (ou característica de vida)”. Na célula B20, digite a fórmula: “=EXP(-
B17/B18). O resultado pode ser visualizado na Figura 5. Para este exemplo, temos então o
beta=4,2524 e o alfa=231126,77.
O que representam os parâmetros β e α?
No nosso estudo de confiabilidade, para o cálculo dos custos de manutenção corretiva, devem ser
considerados, além do material e da mão-de-obra envolvida na atividade de reparo do componente,
o custo das perdas causadas pelo lucro cessante.
Na prática, o lucro cessante pode ser calculado levando-se em consideração o tempo em que
determinado equipamento ou máquina deveria estar produzindo e não produziu. É exatamente o
que ocorre quando há a quebra ou falha de um componente da máquina que faz com que ela fique
inoperante. Sendo assim, o lucro cessante é determinado quando é computado o lucro que a
empresa deixou de ganhar durante o tempo em que a máquina ficou parada. Utilizando este
conceito, vamos calcular os custos de manutenção corretiva para o exemplo do cilindro hidráulico.
No caso do cilindro hidráulico, ao analisar as falhas, foi constatado que quando ocorre a mesma, a
máquina fica inoperante e sem produzir por um período em média de 4 horas. Isto ocorre devido à
localização do cilindro na máquina e dificuldade de acesso. Este tempo de reparo abrange desde
a parada da máquina, retirada do cilindro, troca do kit de vedação e gaxetas, recolocação na
máquina e início de operação. Verificou-se também que para a manutenção corretiva, são utilizados
2 colaboradores com o custo da hora de R$13,00 cada um. Além disto, o kit de reparo de vedação
e gaxetas custa R$ 300,00. A máquina do nosso exemplo produz perfilados e durante estas 4 horas
em que a máquina ficou parada, ela deixou de produzir 480 perfilados. Sabe-se que cada perfilado
tem o peso de 1 quilo e que o lucro por quilo produzido é de R$4,00. Vamos então calcular o custo
de manutenção corretiva para este caso:
Cmc = Custo de mão-de-obra + Custo de material + Custo de perda por lucro cessante
A manutenção preventiva é uma manutenção que pode ser programada antes de ser realizada.
Como isto geralmente é realizado em conjunto com a operação, a empresa não considera este
tempo para o planejamento da produção e por este motivo não ocorre a perda por lucro cessante.
Sendo assim, no cálculo do custo deverá ter somente o custo de mão-de-obra e o custo de material.
Portanto o custo de manutenção preventiva (Cmp) será:
• Custo de mão-de-obra = qtde de colaboradores x tempo de reparo x custo da hora do
colaborador = 2 x 4 x 13 = R$ 104,00;
• Custo de material = custo do kit de reparo = R$ 300,00.
Cmp = 104 + 300 = R$ 404,00
Neste exemplo, consideramos o tempo de reparo da manutenção preventiva sendo exatamente o
mesmo tempo gasto quando ocorre a manutenção corretiva, mas na prática este tempo tende a ser
bem menor, justamente pelo fato da manutenção ser programada. Com o planejamento da
atividade, o manutentor terá a disponibilidade imediata do material correto no momento da
substituição (não haverá o tempo perdido de atender ao chamado da operação, deslocar até a
máquina, verificar o que ocorreu, buscar o material no almoxarifado ou o risco de requisitar o
material errado).
Voltando ao exemplo do cilindro hidráulico, quando foram feitas as análises de regressão sobre a
amostragem de tempo até a falha, obtivemos os parâmetros beta=4,2524 e alfa=231126,77
necessários para calcular as funções de confiabilidade e probabilidade de falha. Vamos agora
desenhar estas curvas com a ajuda do Excel:
Na mesma pasta de trabalho anterior, crie uma nova planilha e insira os parâmetros alfa e beta
conforme o procedimento:
Agora que temos as funções calculadas é possível obter os gráficos de probabilidade de falha e
confiabilidade, bastando para isto plotar as colunas E e F em um gráfico tipo linha. Os gráficos
podem ser visualizados na Figura 7 abaixo:
Com as funções e curvas obtidas, é possível associar os custos de manutenção preventiva e
manutenção corretiva para obter o custo total de manutenção. Para isto, o primeiro passo é
equalizar os custos, calculando-os por unidade de tempo. Assim, é necessário utilizar a seguinte
fórmula:
É importante notar que o custo de manutenção preventiva por unidade de tempo é o equivalente
ao custo de manutenção preventiva multiplicado pela função confiabilidade R(t) e dividido pela
integral da função R(t). Já o custo de manutenção corretiva é calculado de forma similar, bastando
substituir a função confiabilidade R(t) pela função F(t) pertinente à probabilidade de falha.
Utilizando a fórmula acima, agora é possível calcular os custos totais de intervenção e determinar
o tempo ótimo de manutenção. Para isto, vamos preencher mais uma tabela, conforme o
procedimento abaixo:
No nosso exemplo, o valor total de custo mínimo por unidade de tempo é R$ 0,00437. Agora basta
achar qual é o valor de tempo associado a este custo para determinar o ponto ótimo de
manutenção. Para o exemplo, o TTF é 120.000.
Pronto, finalmente encontramos o ponto ótimo de manutenção: exatos 120.000 minutos, ou 2.000
horas, ou 83 dias ou então aproximadamente 2 meses e 23 dias. Pelo nosso cálculo, o ponto ótimo
para que seja realizada a manutenção preventiva no cilindro hidráulico é a cada 2 meses e 23 dias.
Procedendo desta forma, adotaremos a melhor relação custo-benefício de manutenção em um
componente que possui os 2 tipos de manutenção, ou seja, manutenção preventiva e corretiva.
Vale destacar que este período encontrado não garante que o cilindro possuirá manutenções
corretivas, pois ainda haverá uma probabilidade de 6% do cilindro hidráulico falhar, o que já é bom.
Podemos simular outros custos de manutenção e ver como a determinação do ponto ótimo varia.
Se por acaso o custo de manutenção preventiva não fosse R$404,00 e sim R$800,00, o tempo
ótimo passaria de 120.000 para 150.000, aumentando o intervalo de manutenção juntamente com
a probabilidade de falha que vai para 15%, mas ainda sim obtemos a melhor estratégia. Você
poderá simular isto na planilha.