Explicar a mudança de opinião do marx e engels sobre o Estado do manifesto
para o 18 de brumário Na obra “O Manifesto do Partido Comunista” (1848), Marx e Engels buscam analisar a história da luta de classes através do estudo dos modos de produção ao longo da história, partindo do pressuposto de que todos estes são historicamente datados, ou seja, possuem um começo, um meio e um fim. Nesse viés, os pensadores afirmam que a história de todas as sociedades até então tem sido a história da luta de classes, demonstrando que em todo modo de produção há um lado que explora e outro que é explorado. A partir de tais concepções, Marx e Engels afirmam que a luta de classes é um conflito inconciliável e que a revolução seria a única saída para pôr fim a esse sistema capitalista que se demonstra tão longevo e perene através do seu poder de adaptabilidade. Com base nessas análises, os autores afirmam que a vontade geral reside no proletariado, discordando de autores como Rousseau e Hegel, que tinham diferentes visões. Assim, segundo o Manifesto, cabe ao proletariado, em conjunto com o partido político revolucionário, iniciar o processo de revolução e tomar dos meios de produção. Desse modo, a luta de classes cessaria a partir da destruição da propriedade privada - instrumento que legitima e dá as bases ao sistema capitalista - e das classes sociais. Portanto, sob a luz de que os modos de produção são historicamente datados, Marx e Engels sugerem, no Manifesto, a mudança do modo de produção capitalista para o comunista, através de uma transição socialista coordenada pelo partido político revolucionário e liderada pelo proletariado como então hegemonia política. Assim, o Manifesto urge que os proletários de todos os países se unam para iniciar a revolução. Em contraste, na obra “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte”, Karl Marx realiza uma análise de conjuntura da Segunda República Francesa - desde o seu estabelecimento em fevereiro de 1848 até o seu fim em dezembro de 1851 - com o golpe de Estado de Luís Bonaparte, tornando-se Napoleão III, imperador da França. A partir de suas observações, ele faz o estudo da luta de classes como força motriz da história, assim como no Manifesto e evidencia o caráter limitado e contraditório da democracia burguesa. Marx faz uma associação com o 18 de Brumário de Napoleão Bonaparte com o golpe de Estado do seu sobrinho, pois, para ele, não importa o autor do golpe e sim como se dá o processo de insolvência das instituições liberais que a burguesia tanto diz defender. Nesse momento de sua escrita, Marx aprofunda a teoria do Estado, demonstrando como as revoluções burguesas apenas assumiram o antigo aparato estatal e o aperfeiçoaram segundo suas vontades - disfarçando-as como “vontades gerais” - e utilizando-se deste artifício para oprimir cada vez mais as classes subalternas. Com base nisso, Marx abandona a visão que tinha acerca do processo revolucionário no Manifesto de 1848, propondo - pela primeira vez - a tese de que o proletariado não deve assumir o velho paradigma estatal, mas desmantelá-lo. Contudo, vale destacar que, assim como no seu escrito conjunto a Hegel de 1848, o objetivo final da revolução segue sendo a emancipação humana, mexendo estrutura e nas condições materiais da economia a fim de promover não apenas a igualdade jurídica - proposta burguesa - mas a emancipação do proletariado de toda a exploração sofrida. Em síntese, a mudança de opinião reside no aprofundamento da teoria do Estado no “18 de Brumário de Luís Bonaparte” por parte de Marx, fazendo com que o autor discorde da ideia inicial da mudança do modo de produção através da revolução e da dominação do proletariado no Estado. Assim, o Manifesto traz a ideia de alcançar a emancipação humana através da revolução do proletariado em conjunto com o partido político revolucionário, passando pelo estágio socialista para enfim mudar o modo de produção e chegar ao comunismo. Em oposição, “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte” propõe o desmantelamento do Estado, a destruição completa do aparato estatal, uma vez que este representa a síntese do sistema capitalista. Desse modo, nessa obra, é necessário que a revolução elabore uma outra ideia acerca da concepção do Estado, uma vez que, para Marx, este legitima a exploração e não deve ser mantido no pós revolução econômico-social.
2. Sobre engels, de “a origem da família, da propriedade privada e do Estado)
Na obra “A origem da família, da propriedade privada e do Estado” de 1884, Engels tenta compreender a origem dessas três entidades que, segundo suas conclusões, sustentam o sistema capitalista. A partir disso, ele analisa que existe um vínculo originário e orgânico entre esses três fatores, concluindo que se existe Estado, existe uma propriedade privada que sustenta a existência desse Estado capitalista e existe uma família burguesa que simboliza, legitima e alimenta o capitalismo. Desse modo, com influência de Marx e de Lewis Morgan, Engels realiza uma análise da consolidação do capitalismo no mundo a partir da evolução das famílias, conectando o grau de evolução dessas sociedades ao grau de desenvolvimento do trabalho. Assim, confirma-se o que foi dito acima acerca do fato de que estas três entidades analisadas por Engels se sustentam como um “tripé” do capitalismo. A partir disso, o pensador afirma que quanto mais desenvolvido for o trabalho, mais desenvolvida será a família e, portanto, maior será o grau de desenvolvimento capitalista nesta sociedade. Seguindo tal linha de raciocínio, Engels vai afirmar que o estágio familiar presente no capitalismo consolidado, seria a família monogâmica, uma vez que é a partir daí que esta é utilizada para legitimar o sistema. Isso se dá através do início da diferenciação de gênero, separando as funções do homem e da mulher nesta sociedade e dando início ao patriarcado que, segundo Hegel, sustenta o modelo econômico capitalista. Também vale ressaltar que surge a ideia de macho alfa e homem provedor da família, além da ideia de bens e herança e construção de uma rígida hierarquia no ambiente familiar e de trabalho, uma vez que ambos se acompanham. Nesse viés, Engels conclui que o Estado não é um poder imposto e que está acima da sociedade, visto que é um produto das relações sociais: estrutura e superestrutura. Além disso, o Estado também visa abafar os conflitos ou mantê-los nos limites da ordem, destacando-se como uma instituição de poder que corrobora com as gestões econômicas e sociais, além de ser base para a sustentação do capitalismo.