Você está na página 1de 2

Financeiro IV – Aula 14 – 10:25 a 21:05

Ronny Nunes

É importante considerar o que estabelece, como vimos no ITR, o Decreto-Lei 57/66. Esse
decreto-lei alterou o CTN à medida que estabeleceu, outro requisito além daquele previsto
no art. 32 deste diploma.

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial
urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por
natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do
Município.

Segundo entendimento do STJ, nã o basta considerar apenas o que está disposto no art. 32,
CTN: para que seja considerado urbano, deve-se levar em conta a finalidade econô mica, a
utilizaçã o do imó vel. Mesmo que ele esteja em zona urbana, mesmo que existam os
melhoramentos indicados no art. 32 do CTN, prevalece o disposto art. 15 do decreto-lei, ou
seja, a utilizaçã o conferida ao imó vel vai determinar a competência da Uniã o (no caso do
ITR, sendo zona rural) ou do Município (no caso do IPTU, sendo zona urbana).

Art 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel
de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária
ou agro-industrial, incidindo assim, sôbre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo
cobrados. (Revogação suspensa pela RSF nº 9, de 2005)

E, entã o, trago à colaçã o julgados duas decisõ es, uma já vista anteriormente, onde o STF
reconhece o status de lei complementar do decreto-lei 57/66, à medida que, quando
produzido esse decreto, a lei ordiná ria ainda podia tratar de matéria tributá ria,
ressalvando que, agora, ela nã o poderia ser alterada por lei ordiná ria, por força deste
status.
O STJ, considerando esse entendimento do Supremo, para afirmar que o decreto-lei 57/66
alterou de fato o art. 32 do CTN, devendo sendo serem considerados para determinaçã o a
competência para o ITR e o IPTU.
Já foi comentado, mas vale aqui repassar: inicialmente, em funçã o da revogaçã o da lei
5868/72, esse dispositivo nã o estava sendo considerado e, por força deste entendimento
do STF, essa revogaçã o foi suspensa pelo Senado, por considerar que lei ordiná ria nã o
poderia alterar esse decreto-lei.
[Pergunta inaudível, provavelmente sobre o número do julgado]
[Queiroz] É o AgREsp 679.173/SC1

1
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19221628/agravo-regimental-no-recurso-especial-agrg-no-
resp-679173-sc-2004-0099859-6/inteiro-teor-19221629
Como eu havia adiantado, algumas questõ es merecem agora serem revistas. A primeira
delas é a questã o relativa à previsã o do CTN que, ao tratar do critério material do
antecedente, da base de cá lculo do IPTU, bem como ao estabelecer o contribuinte do IPTU,
alude ao domínio ú til e a posse. A exigência do IPTU é possível nesses casos.
Foi dito aqui algumas vezes sobre a necessidade de se levar a sério a previsã o da
Constituiçã o que informa a materialidade desses impostos. Quando o CTN vem e dispõ e de
modo diverso, aludindo ao domínio ú til e à posse, temos que ter isso em consideraçã o para
verificar se essas previsõ es podem ser consideradas constitucionais e, se possível, de que
maneira elas podem assim ser consideradas.
[Queiroz combina de deixar essa discussã o para ser tratada mais ao final pelo Felipe]
Vamos à reapreciaçã o da legislaçã o ordiná ria que trata do IPTU. É a legislaçã o ordiná ria
municipal que vai instituir o IPTU, que vai instituir a norma de conduta referente ao IPTU.
Nesse sentido, podemos identificar aqueles diferentes critérios da norma desse imposto,
tanto com relaçã o ao antecedente, como com relaçã o ao consequente. E, entã o, destaco
alguns aspectos, considerando a legislaçã o do município do Rio de Janeiro, lembrando
sempre que cada município tem a sua.
Segundo a legislaçã o municipal, repete-se, basicamente, ao tratar-se de fato gerador, as
expressõ es do CTN, sem grandes especificidades. Um elemento importante que tinha que
estar presente na legislaçã o municipal é a determinaçã o do momento no qual se considera
ocorrido o fato gerador. E, entã o, na legislaçã o do Rio de Janeiro, considera-se ocorrido o
fato gerador no primeiro dia de cada exercício, esse é o momento a ser considerado, via de
regra, para reputar ocorrido o fato do IPTU.
Apesar de existir essa previsã o, há também disposiçõ es na legislaçã o municipal prevendo
a situaçã o do imó vel que recebe uma construçã o durante o ano, havendo que se calcular o
acréscimo relativo ao predial, nã o exclusivamente territorial. Em outras palavras, se você
tinha exclusivamente um terreno, pagava-se exclusivamente pelo terreno; mas, se durante
o ano se constró i um prédio, exige a municipalidade – e isto está previsto em lei – que se
pague a diferença durante o ano por essa construçã o, o que, de certa forma, relativiza um
pouco essa previsã o de que o fato acontece no dia 1º de cada ano.

Você também pode gostar