Você está na página 1de 11

Núcleo Automotivo

Baterias Automotivas

2005
Bateria (Acumulador de Energia)

A bateria é um dispositivo de armazenamento de energia química que tem a


capacidade de transformar essa energia em energia elétrica quando solicitada.
Logo, ao contrário do que comumente se acredita, as baterias não são depósitos
de energia elétrica, mas sim de energia química, até que um circuito seja
conectado em seus pólos dando origem a uma reação química que ocorre em seu
interior, convertendo essa energia química em elétrica que é então fornecida ao
circuito.
As principais funções das baterias são:
• Fornecer energia para fazer funcionar o motor de partida;
• Prover de corrente elétrica o sistema de ignição durante a partida;
• Suprir de energia as lâmpadas das lanternas de estacionamento, e outros
equipamentos que poderão ser usados enquanto o motor não está
operando;
• Agir como estabilizador de tensão para o sistema de carga e outros
circuitos elétricos;
• Providenciar corrente quando a demanda de energia do automóvel exceder
a capacidade do sistema de carga.

Localização da bateria
Na definição do local de instalação da bateria, uma série de critérios deve ser
seguida com o intuito de garantia de eficiência, segurança e durabilidade:
• O local deve ser de fácil acesso;
• Deve permitir um comprimento adequado dos cabos elétricos,
especialmente o cabo positivo conectado ao motor de partida e alternador;
• Deve ser prevista uma bandeja com dreno para a possibilidade de
vazamento de solução;
• A bateria deve ser, na medida do possível, protegida de temperaturas e
vibrações excessivas;
• Os gases oriundos da evaporação da solução não podem ser submetidos a
locais confinados expostos a centelhas ou faíscas elétricas;
• Se possível uma ventilação mínima deve ser prevista, pois os gases
gerados podem atacar chapas e componentes metálicos;
• Devem ser verificados os efeitos de uma colisão ao local de instalação da
bateria.

Condições de operação
A bateria pode ser submetida às mais diversas condições de operação, de forma
que a mesma deve ser fabricada e especificada para suprir as necessidades do
automóvel nessa diversidade de situações.

Temperaturas de operação
A bateria deve prever situações diversas de temperatura, devendo suportar
variações que vão de alguns graus negativos a até 70°C.
As partidas em tempo frio correspondem a um esforço extra nas baterias, que
devem manter uma carga mínima suficiente para girar o motor com todos os
atritos envolvidos. Uma bateria a -20°C entrega ape nas cerca de 40% de sua
capacidade em comparação quando a 26°C.
Para países de inverno rigoroso deve ser previsto o uso de um eletrolítico de
densidade coerente e que evidentemente não congele sob temperaturas
extremas.
Temperaturas elevadas provocam percam de eletrolítico e redução na vida útil,
portanto temperaturas contínuas superiores a 50°C d evem ser evitadas. Em curtos
intervalos, no entanto, a temperatura pode subir ligeiramente, situação que a
bateria deve tolerar sem ocorrer vazamento ou perda considerável da sua
capacidade elétrica.

Esforços mecânicos e vibrações externas


Devido às características de mobilidade dos veículos, a bateria é submetida a
intensas vibrações e, por vezes, a choques resultados das cargas cíclicas a que
os veículos são submetidos, em especial aqueles que trafegam em condições fora
de estrada.
As vibrações tendem a provocar danos às placas além de possibilitarem curtos
circuitos internos com o levantamento de sedimentos depositados na parte inferior
da caixa da bateria. As placas internas, para redução de espaço ficam bastante
próximas, entre separadores. Essa montagem deve ser bastante resistente a
essas condições de vibração, sob pena de quebra dos separadores, com
destruição imediata da bateria devido a curto circuito interno.

Condições climáticas e do ambiente


De modo geral, as baterias devem ser preparadas para suportar situações de
umidade, sujeira e óleo. Essas impurezas tendem a provocar perda de carga da
bateria, através da resistência elétrica gerada externamente entre os pólos.

Rotação do motor
Durante o uso do veículo, a rotação varia constantemente. Em condições de
tráfego intenso, o motor performance um tempo considerável na marcha lenta,
situação em que a performance do alternador, que carrega a bateria e mantém o
sistema elétrico, é baixa.
Durante uma viagem, no entanto, boa parte do tempo o motor permanece em
rotações elevadas, garantindo uma performance máxima do alternador.
Ambas as situações devem ser previstas ao se dimensionar uma bateria, de forma
que a mesma supra adequadamente o sistema elétrico em situações onde o
alternador não possa suprir totalmente a demanda, bem como tolerar cargas por
longos períodos, evidentemente controladas pelo regulador de tensão do
alternador.

As partes principais de bateria são as seguintes :


1. Caixa a prova de ácido (feito de borracha rígida ou plástico);
2. Placas positivas;
3. Placas negativas;
4. Separadores;
5. Solução ou eletrólito (mistura composta de ácido sulfúrico e água).

Princípio de Funcionamento
O princípio de funcionamento da bateria consiste de placas positivas e placas
negativas compostas de metais quimicamente ativos, moldados sobre uma chapa
de liga de chumbo e antimônio.

Construção
As placas positivas e negativas são chapas semelhantes a uma peneira grossa
coberta de material ativo. O material ativo usado nas placas positivas é o peróxido
de chumbo (PbO2) que lhe dá uma coloração marrom escuro, nas placas
negativas o chumbo esponjoso (Pb), de cor cinza.
Essas placas são agrupadas e ligadas em paralelo, formando uma parte do
elemento (conjunto positivo e o conjunto negativo).
Para a montagem do elemento entrelaça se as placas positivas e negativas
introduzindo entre elas separadores isolantes, o que impede que ocorra curto
entre as placas.
Esses jogos de placas montadas são chamados elementos da bateria e estão
apoiados sobre pontes, sem tocar no fundo da caixa.
Deve se deixar um espaço para a sedimentação de resíduos que se fragmentam
das placas, o que evita um curto circuito entre elas.
Esses conjuntos são ligados entre si, em série, por uma tira metálica, sendo que
os últimos pólos dos conjuntos externos projetam se para fora da caixa e vão
constituir os pólos positivo e negativo da bateria.

Distingue se o pólo negativo do positivo:


• Pelo tamanho, o pólo positivo geralmente é maior que o negativo;
• Pelas marcas "+" (positivo) e "-" (negativo) estampadas na tampa superior
ou nos próprios pólos;
• Ou ainda, pela coloração dos pólos: escuro (+), claro (-).
Esse conjunto de placas (elementos) é imerso em solução de ácido sulfúrico e
água (eletrólito) que vai provocar a reação entre metais ativos das placas.
Quando a bateria está totalmente carregada a solução fica com aproximadamente
36% ácido e 64% água (por peso) e é dito que sua densidade é de 1,260 à
temperatura de 26,5° C.
A medida da densidade da solução de uma bateria é um teste básico do seu
estado e carga, pois a densidade do eletrólito diminui quando a bateria está
descarregada.

Densidade a 26,5° C Estado de carga


1260 – 1280 100%
1230 – 1250 75%
1200 – 1220 50%
1170 – 1190 25%
1140 – 1160 Baixa capacidade
1110 – 1130 Descarregada

Funcionamento
Entre o peróxido de chumbo das placas positivas, o chumbo das placas negativas
e o eletrólito ocorre uma reação química que provoca um desequilíbrio de cargas
entre as placas, tornando as carregadas, uma positivamente e outra
negativamente e assim permanecem até que possa ocorrer o equilíbrio através de
um circuito externo.
Quando um circuito externo é conectado, entre os pólos da bateria inicia se um
fluxo de corrente que desloca os elétrons das placas negativas até as positivas,
até que haja o equilíbrio elétrico..
Enquanto isso, está se processando uma reação química de descarga:

Pb02 + 2H2S04 + Pb PbSO4 + 2H20 + PbSO4

Os sulfatos (SO4) vão para as placas enquanto que os óxidos vão para o ácido.

Diz se então que a bateria está descarregando. Enquanto isso ocorre, uma parte
do eletrólito rompe as ligações, desprende-se e deposita se sobre as placas
formando uma cobertura de sulfato de chumbo, que será tanto maior quanto maior
for a corrente que flui através da bateria.
A esse fenômeno dá se o nome de Sulfatação da Bateria.

SULFATAÇÃO: Formação de rígidos cristais de sulfato de chumbo sobre as


placas, quando as baterias são descarregadas.
Eventualmente essa sulfatação pode inibir as reações químicas, quando a bateria
é dita descarregada.
A característica mais importante da bateria é sem dúvida a capacidade de
reversão das reações químicas.
Desde de que haja um gerador de corrente elétrica, um dínamo ou alternador
ligados em paralelo com a bateria que provoquem o fluxo de corrente no sentido
contrário, acontecerá a reação química reversa que irá provocar uma diferença de
potencial entre as placas, quando estiverem devidamente carregadas.
Cada elemento acumula aproximadamente 2,1 volts. Se conectarmos em série, 6
(seis) elementos teremos uma bateria de 12,6 volts quando estiver totalmente
carregada, e nesse caso, a densidade do eletrólito, será de 1,260.

Perda de carga:
As baterias armazenadas sofrem uma perda constante de carga, mesmo que não
sejam solicitadas para nenhum uso. Essa auto descarga como é chamada, varia
em função da temperatura.
Por exemplo: Uma bateria à temperatura de 35˚ C poderá perder totalmente sua
carga em pouca mais de um mês, enquanto que uma bateria armazenada à
temperatura de 10˚ C pouco perderá em um ano.
Tanto a umidade como a sujeira sobre a bateria pode provocar uma fuga de
corrente entre os terminais da bateria e a carroceria do automóvel, que provocam
sua descarga.
O ácido que se desprende de bateria além de causar sua descarga pode também
atacar as chapas do automóvel. Portanto, é bastante importante manter os pólos e
a bateria sempre limpos e secos. Uma bandeja com dreno deve ser prevista, para
escoar possíveis vazamentos.

Nível do eletrólito
A evaporação e a ação química no processo de carga libertam átomos da água. A
eletrólise, que ocorre no processo de carga, liberta átomos de hidrogênio e de
oxigênio que escapam pelos furos de respiros das tampas.
O nível do eletrólito da bateria deve ser verificado periodicamente (a cada 15 dias)
e se necessário ser corrigido. Para isso, deve se adicionar SOMENTE água pura,
até completar 1,5 cm acima das placas.

Muitas baterias trazem na tampa uma marca do nível correto do eletrólito.

Classificação:
As baterias são classificadas segundo vários critérios de desempenho. Estes
critérios são normalizados em termos de tempo, grandeza elétrica e temperatura.
• Ampère x hora (A.h): este é o critério mais usado. Baseia-se na corrente
que a bateria pode fornecer constantemente durante 20 horas de descarga
à temperatura de 26,5˚ C sem que sua tensão "caia" abaixo de 10,5 volts.
Por exemplo: Uma bateria que consegue fornecer 3,0 A continuamente
durante 20 horas, é classificada como bateria 60 A.h (3A x 20 horas = 60
Ah);
• Watt: é a potência máxima que pode ser consumida a 18˚ C pelo motor de
partida;
• Desempenho a frio: Baseia-se na corrente máxima que a bateria pode
fornecer durante 30 segundos de partida, mantendo a tensão maior que 7,2
volts;
• Reserva de capacidade: é o tempo máximo que uma bateria pode manter
um fornecimento de 25 A a 26,5˚ C sem ficar abaixo de 10,2 volts (é dado
em minutos).

Testes:
Os teste mais comuns realizados em baterias são:
• O de densidade, executado com o auxílio de um densímetro;
• Os de descarga executados com o auxílio de um Voltímetro e Amperímetro
com reostato (carga).

Teste de densidade
O teste de densidade deve ser efetuado a temperatura de 26,5 C observando que
as leituras das densidades de cada elemento não devem variar de 50 entre elas.
Se isso acontecer a bateria deverá ser substituída.

Testes de capacidade:
Consiste em determinar a corrente que a bateria consegue fornecer a um sistema,
mantendo uma tensão eficiente que permita manter em operação os demais
sistemas elétricos.
Para esse teste é especificado o seguinte:
• Corrente = 3 vezes a capacidade da bateria em A.h
• Tensão = 9,6 volts
• Tempo = 15 segundos

Após efetuado os testes, a bateria deverá receber no mínimo 3 minutos de carga


de um aparelho externo, não deixando a carga ultrapassar 40 Ampères.

Cuidados com a bateria durante a carga:


• Antes de conectar os cabos do carregador observe cuidadosamente ass
polaridades;
• Se a temperatura do eletrólito ultrapassar 50°C de sligue imediatamente o
carregador.
• A tensão sobre a bateria não deve ultrapassar 15,5 volts, uma tensão
superior indica defeito interno na bateria;
• Sempre que houver tempo é aconselhável usar somente carga lenta,
aplicada entre 5 a 15 Ampères durante até 24 horas (10% de sua
capacidade nominal).
• Retirar todas as tampas dos vasos (elementos);
• Limpar os pólos da bateria para evitar mau contato;
• Corrigir constantemente o nível do eletrólito, se necessário;
• Verificar periodicamente (a cada hora) a densidade do eletrólito para evitar
sobrecarga na bateria. Quando for conectar ou desconectar as garras nos
pólos da bateria, manter o carregador desligado para evitar faiscamento;
• Não provocar curto circuito na bateria para evitar faiscamento;
• Essas faíscas poderão causar uma forte explosão na bateria provocada
pelos gases que o eletrólito libera durante o processo de carga;
• Observar as temperaturas que não devem estar abaixo de 10°C nem acima
de 50°C;
• Se a bateria receber carga externa no próprio veículo, desconectar os
cabos para evitar danos ao sistema de carga e outros acessórios;
• Nunca adicionar solução na bateria que está em uso normal. Se for
necessário, corrigir o nível do eletrólito. Usar somente água pura ou
destilada;
• Não deixar que uma bateria se descarregue completamente;
• Não armazenar bateria sobre chão ou solo de cimento por tempo
prolongado;
• Conservar os pólos da bateria limpos e secos para evitar a auto descarga e
a formação de zinabre sobre os terminais e quadro suporte;
• Quando colocar as tampas nos elementos, observar se não foi esquecido
nenhum plástico sobre os respiros.

Diagnóstico e verificações da bateria

Para economizar tempo, energia e custo desnecessário, as verificações


preliminares devem ser feitas antes de testar a bateria. Geralmente, um mau
funcionamento pode ser determinado observando a condição física da bateria.
As seguintes inspeções visuais devem ser feitas antes do teste:

• Verifique se a bateria do veículo possui especificações compatíveis com o


modelo e acessórios instalados;
• Inspecione a caixa e a tampa da bateria quanto a rachaduras ou
amassamentos. Essas condições podem ser causadas por suportes de
fixação muito apertados ou muito frouxos, exposição a calor extremo no
compartimento do motor ou congelamento do eletrólito. Acúmulos de ácido
na tampa da bateria podem indicar vazamento, transbordamento ou
formação de gases devido a uma taxa de carga elevada;
• Inspecione as braçadeiras do cabo quanto a depósitos excessivos de
corrosão, corrosão a carga da por ácido ou conexões soltas dos terminais
da bateria. Qualquer uma dessas condições poderá resultar em queda de
tensão através dos cabos;
• Verifique quanto ao aterramento seguro das conexões no motor e na
carroçaria. Verifique também as conexões no alternador e no regulador de
tensão;
• Certifique-se de que os terminais da bateria não estejam quebrados e nem
soltos. Essas conexões também devem estar limpas e livres de acúmulos;
• Verifique a superfície externa e os terminais da bateria quanto a sinais de
mau uso e abuso, tais como marteladas ou remoção incorreta do cabo. Isso
geralmente oferece dicas sobre o mau funcionamento da bateria;
Se a bateria descarregada for relativamente nova, teste o consumo de corrente. A
seguir, algumas das áreas mais comuns de problemas de consumo de corrente:

• Luz do compartimento do porta-luvas fica ligada indefinidamente com a


tampa fechada;
• Luz do compartimento do motor acesa continuamente;
• Luz do porta-malas ou luz interna acesa constantemente;
• Acessórios não originais instalados inadequadamente, como amplificadores
que permanecem ligados mesmo com o som desativado, por exemplo.

Você também pode gostar