Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
C
Após a leitura, o leitor vai identificar e aprender como manusear equipa-
M
mentos utilizados em análises químicas; descobrir a importância da quími-
Y
ca analítica quantitativa para diferentes áreas da ciência, principalmente
CM
para as ciências farmacêuticas; interpretar curvas de titulação e aprender
MY
a realizar cálculos empregados em titulação; discutir as principais
CY
aplicações das técnicas titolumétricas nos campos do meio ambiente,
CMY
farmácia e saúde; verificar as principais aplicações das técnicas eletro-
analíticas em diferentes campos da ciência; conhecer os fundamentos da
K
ISBN 9786555581232
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Química analítica quantitativa / Fábio de Pádua Ferreira. – São Paulo: Cengage – 2020.
Bibliografia.
ISBN 9786555581232
E-mail: sereducacional@sereducacional.com
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
Janguiê Diniz
Autoria
Fábio de Pádua Ferreira
Licenciado em Química pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), Mestre em Química Analítica pela Universidade Federal de Uberlândia. Atuou
no desenvolvimento de genossensor eletroquímico para quantificar bactérias e na purificação e
caracterização de proteínas envolvidas em amiloidoses.
SUMÁRIO
Prefácio..................................................................................................................................................8
PARA RESUMIR...............................................................................................................................25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................26
Este é apenas um panorama do conteúdo que o leitor vai estudar. Agora é com
você! Sucesso!
UNIDADE 1
Introdução ao processo analítico
quantitativo
Introdução
Olá,
Bons estudos!
11
Para análises qualitativas, os componentes separados eram tratados com reagentes que
produziam produtos que podiam ser reconhecidos por suas cores, pontos de ebulição ou fusão,
solubilidades em uma série de solventes, odores, atividades ópticas ou índices de refração.
Para análises quantitativas, a quantidade de analito era muitas vezes determinada por
gravimetria ou por medidas volumétricas. Nos procedimentos volumétricos, também chamados
titrimétricos, era obtido o volume ou massa de um reagente padrão necessário para reagir
completamente com o analito.
Esses métodos ainda são utilizados, no entanto, com o advento dos métodos instrumentais,
que possibilitaram análises mais rápidas, precisas e confiáveis, pode-se observar que a utilização
de métodos clássicos tem diminuído com o passar do tempo (SKOOG et al., 2006).
De acordo com Skoog et al. (2006), no início do século XX, os cientistas começaram a explorar
outros fenômenos que não os usados nos métodos clássicos para resolver problemas analíticos.
Assim, medições de propriedades físicas do analito, como condutividade, potencial na superfície
de eletrodos, absorção ou emissão de luz e fluorescência começaram a ser utilizadas para
análises quantitativas. Além disso, técnicas cromatográficas e eletroforéticas altamente eficientes
começaram a substituir a destilação, extração e precipitação pela separação de componentes
de misturas complexas antes de sua determinação qualitativa ou quantitativa. Esses métodos
mais recentes para separar e determinar espécies químicas são conhecidos coletivamente como
métodos instrumentais de análise.
13
FIQUE DE OLHO
Nos últimos anos, temos observado o crescimento e difusão dos métodos instrumentais
de análise, que têm acompanhado o desenvolvimento das indústrias de eletrônicos e
computadores. Segundo Austin (2010), os sistemas miniaturizados emergiram como um
componente importante da química analítica e atingiram um nível de maturidade que agora
Segundo Skoog et al. (2006), os métodos analíticos podem ser classificados de acordo com
a natureza da medida adotada na análise. Métodos que determinam a massa do analito ou de
algum composto relacionado quimicamente a ele são classificados métodos gravimétricos.
Métodos volumétricos
Mede-se o volume da solução contendo reagente em quantidade suficiente para reagir com
todo analito presente.
Métodos eletroanalíticos
Métodos espectroscópicos
Outros métodos
14
Podem incluir a medida de outras grandezas, como razão massa-carga de moléculas por
espectrometria de massas, entalpia de reação, condutividade térmica de amostras, atividade
óptica e índice de refração.
Ahuja e Scypinski (2010) enfatizam que o emprego regular de análises químicas em diferentes
etapas da produção de medicamentos possibilita garantir maior qualidade e controle de produção.
Testes bem planejados, com metodologia e instrumentação adequadas, possibilitam produzir
medicamentos de elevada qualidade.
De acordo com Görög (2006) os efeitos adversos dos medicamentos podem se originar de duas
formas distintas: devido a efeitos colaterais que podem ser considerados propriedades inerentes
e não podem ser influenciados pela qualidade do medicamento e devido a impurezas presentes.
Essas impurezas podem ser materiais fisiologicamente tóxicos, que têm potencial de contribuir
para o processo de efeito colateral do medicamento. O perfil de impureza de um material
medicamentoso depende da rota de síntese e de outros fatores, o que pode tornar imprevisível o
perfil de efeitos colaterais, influenciando adversamente a segurança da terapia medicamentosa.
15
De acordo com Harvey (2000), uma grande variedade de materiais de vidro pode ser
empregada para aferir volumes e a precisão da medida depende do tipo usado. Béqueres, pipetas
e cilindros graduados são equipamentos comumente usados para medir volumes e podem
ser encontrados em todos os tipos de laboratório. Para medidas mais precisas, instrumentos
automatizados estão disponíveis.
tipo mais comum é a balança eletrônica. Várias precauções ajudam a minimizar erros na medição
da massa de um objeto: as balanças devem ser colocadas em superfícies pesadas para minimizar
o efeito das vibrações no ambiente circundante e devem ser mantidas em uma posição nivelada.
As balanças analíticas são sensíveis o suficiente para medir a massa de uma impressão digital.
Por esse motivo, os materiais colocados em uma balança normalmente devem ser manuseados
usando pinças e espátulas. As amostras líquidas voláteis devem ser pesadas em um recipiente
coberto, para evitar a perda de amostra por evaporação. As correntes de ar podem afetar
significativamente a mensuração da massa de uma amostra, então, para evitá-las, as portas de
vidro da balança devem estar fechadas. Uma amostra que seja mais fria ou mais quente do que
o ar circundante criará correntes de ar convectivas que afetarão adversamente a medição de sua
massa. Finalmente, as amostras secas em um forno devem ser armazenadas em um dessecador
para evitar que reabsorvam a umidade da atmosfera.
De acordo com Patnaik (2004), o usuário da balança deve prestar atenção especial aos
seguintes aspectos:
Harvey (2000) enfatiza que as pipetas e frascos volumétricos fornecem um meio mais preciso
para medir o volume, enquanto um volumétrico é projetado para conter um volume especificado
de solução a uma temperatura determinada, geralmente a 20 °C, quando cheio até a marca de
calibração, também denominado menisco.
• Ao encher uma pipeta ou balão volumétrico, definir o nível do líquido exatamente pelo
menisco, que deve ser deslocado e colocado no nível dos olhos para evitar erros.
• Antes de usar uma pipeta ou balão volumétrico, é recomendado enxaguá-lo com várias
pequenas porções da solução cujo volume está sendo medido, evitando que qualquer
líquido residual remanescente na pipeta ou no balão volumétrico seja removido
A bureta é um tubo de vidro fabricado com precisão, com graduações que permitem medir o
volume de líquido fornecido através da torneira (a válvula) na parte inferior. Ao ler o nível do líquido
em uma bureta, seu olho deve estar na mesma altura que a parte superior do líquido. Caso seus
olhos não estejam no mesmo nível do líquido, ocorre um erro de leitura chamado de paralaxe, que
ocorre pois a superfície da maioria dos líquidos forma um menisco côncavo (HARRIS, 2012).
De modo geral, o estudante deve usar o caderno para anotar suas observações e conclusões,
e deve acostumar-se a escrever as equações químicas à medida em que são realizadas na prática.
Tudo deve ser anotado, mesmo que o experimento ocorra mal ou não apresente o resultado
esperado, pois, eventualmente, essas informações poderão ser úteis em análises posteriores.
Harris (2012) descreve que um dos maiores erros cometidos por cientistas é escrever cadernos
incompletos ou ininteligíveis, e uma excelente maneira para evitar isso é escrever sempre frases
completas. Os estudantes iniciantes costumam achar útil escrever uma descrição completa
de um experimento, com seções que tratam de propósito, métodos, resultados e conclusões.
Porém devem lembrar que organizar um caderno para inserir dados numéricos antes de ir ao
laboratório é uma excelente maneira de se preparar para um experimento e que um bom caderno
de anotações indicará tudo o que foi feito e o que você observou, assim, permitirá que você ou
qualquer outra pessoa repita o experimento.
18
De acordo com Harris (2012), alguns erros de laboratório são mais óbvios do que outros,
mas há erros associados a todas as medições. O melhor a se fazer, em uma análise química, é
aplicar cuidadosamente uma técnica que a experiência nos diz ser confiável. A repetição de um
método de medição indica a reprodutibilidade da medição e, se os resultados da medição da
mesma quantidade, por métodos diferentes, estiverem de acordo, ficaremos confiantes de que
os resultados são precisos, o que significa que estão próximos do valor verdadeiro.
Harvey (2000) enfatiza que os dois tipos mais comuns de erros são os erros aleatórios e erros
sistemáticos.
Os erros que afetam a precisão de uma análise são chamados erros sistemáticos e são
caracterizados por um desvio sistemático do valor verdadeiro, isto é, todas as medições individuais
são muito grandes ou muito pequenas (SKOOG et al., 2006).
O erro aleatório faz com que os dados se distribuam de forma mais ou menos simétrica em
torno do valor médio, afetando a precisão do método (SKOOG et al., 2006).
Harvey (2000) descreve que os erros sistemáticos podem ser divididos em quatro categorias:
erros de amostragem, erros de método, erros de medição e erros pessoais. A descrição destes
tipos de erros pode ser observada no quadro seguinte.
#ParaCegoVer: A tabela apresenta os tipos de erros sistemáticos e tem quatro linhas e duas
colunas. Na coluna da esquerda, há o tipo de erro e, na da direita, sua respectiva descrição. O
primeiro erro é “Amostragem”, e a descrição correspondente é “ocorrem quando a estratégia de
amostragem falha em fornecer uma amostra representativa. Isso é especialmente importante em
amostras de materiais heterogêneos”. O segundo erro é “Método”, cuja descrição é “surgem do
comportamento químico ou físico não ideal de sistemas analíticos”. O terceiro é “Instrumentais”,
e tem como descrição “são causados pelo comportamento não ideal de um instrumento, por
calibrações falhas, ou pelo uso de condições inadequadas”. O quarto e último erro é chamado
“Pessoais”, cuja descrição é “resultam da falta de cuidado, falta de atenção ou limitações pessoais
do analista. Erros pessoais podem ser minimizados com a devida precaução”.
A maioria dos fatores contribuintes do erro aleatório não pode ser claramente identificada, e,
mesmo que seja possível identificar tais fontes de incertezas, geralmente é impossível medi-las,
porque a maioria delas é tão pequena que não podem ser detectadas individualmente. O efeito
cumulativo das incertezas individuais, entretanto, faz com que as réplicas de medidas flutuem
aleatoriamente em torno da média do conjunto de dados.
20
Segundo Skoog et al. (2006), para avaliar os erros aleatórios, podem ser utilizados métodos
estatísticos, que, geralmente, se baseiam na premissa de que os erros aleatórios contidos em
resultados analíticos seguem uma distribuição gaussiana.
• Definir o intervalo de confiança das medidas, que consiste no intervalo numérico ao re-
dor da média de um conjunto de réplicas de resultados analíticos, na qual se espera que
a média da população possa estar contida, com uma certa probabilidade.
• Determinar o número necessário de réplicas para assegurar que uma média experimen-
tal esteja contida em uma certa faixa, com um determinado nível de probabilidade.
• Obter a análise de variância, que consiste em comparar médias de mais de duas amostras,
para determinar se as diferenças nas médias são reais ou resultado de erros aleatórios.
O desvio padrão mede a proximidade com que os dados estão agrupados em relação à média.
Quanto menor o desvio padrão, mais próximos os dados são agrupados sobre a média.
De acordo com Harvey (2000), em muitos casos, relatar apenas a média é insuficiente porque
isso falha em indicar a incerteza na medição. A inclusão do desvio padrão, ou outra medida
de dispersão, fornece as informações necessárias sobre a incerteza na medição da massa, no
entanto, para a comparação de métodos, essas informações são insuficientes. O desenvolvimento
de um método eficiente requer a capacidade de prever o verdadeiro valor central e a verdadeira
disseminação da população sob investigação, a partir de uma amostragem limitada dessa
população.
FIQUE DE OLHO
A combinação de técnicas analíticas já consolidadas com a quimiometria possibilitou
significativos avanços na análise química. Segundo Roggo et al. (2007), a espectroscopia
no infravermelho próximo associado à quimiometria tem sido amplamente utilizada pela
indústria farmacêutica, sendo considerado uma ferramenta empregada no controle de
qualidade.
Dentro da quimiometria, a calibração multivariada ganhou destaque para tratamento de
dados espectrais, as ferramentas de classificação dos dados podem ser usadas com o objetivo de
reconhecer padrões ou utilizar a multidimensionalidade da resposta analítica do instrumento de
medição, na forma de calibração multivariada.
5. AMOSTRAGEM
A etapa de amostragem é sempre uma operação de grande importância durante a análise.
O objetivo é obter uma amostra representativa, que deve ser uma réplica em miniatura da
composição e da distribuição granulométrica do objeto de análise. Os métodos de amostragem
podem apresentar diferentes graus de complexidade e podem variar de acordo com a substância
que está sendo investigada (PATNAIK, 2004).
Skoog et al. (2006) enfatizam que a etapa de amostragem limita a exatidão do método,
principalmente quando o material a ser analisado é constituído por um grande volume de um
líquido ou sólido não homogêneos. As etapas envolvidas na obtenção de uma amostra consistem
em identificar uma população, coletar uma amostra bruta e reduzir a amostra bruta para uma
amostra de laboratório, esta última consiste desde em alguns gramas até, no máximo, algumas
centenas de gramas. A amostra bruta é a coleção de unidades individuais de amostragem e
precisa ser representativa do todo em composição e na distribuição do tamanho das partículas.
É sugerido que a amostra bruta pese não mais que o necessário. Segundo Skoog et al. (2006), o
peso da amostra bruta pode ser determinado:
• Pela incerteza que pode ser tolerada entre a composição da amostra bruta e a do todo.
De acordo com Skoog et al. (2006), do ponto de vista estatístico, os principais objetivos do
processo de amostragem são:
• Obter um valor que seja uma estimativa da média da população sem tendências, desta
forma, todos os membros da população devem apresentar uma probabilidade próxima
de estarem incluídos na amostra.
• Obter uma variância que seja uma estimativa sem vieses da variância da população, des-
ta forma, os limites de confiança válidos para a média podem ser encontrados.
Depois que uma amostra é retirada de uma população-alvo, existe o risco de que ela sofra
uma alteração química ou física. Esse é um problema sério, pois as propriedades da amostra não
serão mais representativas da população-alvo, e, por esse motivo, as amostras geralmente são
preservadas antes de serem transportadas para o laboratório para análise. Mesmo quando as
amostras são analisadas em campo, a preservação ainda pode ser necessária.
Patnaik (2004) descreve que soluções líquidas podem ser amostradas com relativa facilidade,
desde que o material possa ser misturado minuciosamente por meio de agitadores ou pás de
mistura. Após uma mistura adequada, as amostras podem ser retiradas do topo e do fundo e
combinadas em uma amostra que é completamente misturada novamente, originando a amostra
final, a qual será utilizada na análise.
De acordo com Harvey (2000), exemplos típicos de amostras sólidas incluem partículas
grandes, como as encontradas em minérios; partículas menores, como solos e sedimentos,
comprimidos; e cápsulas utilizadas na distribuição de produtos farmacêuticos, polímeros, metais
laminados, tecidos para biópsia e muitos outros. Ao contrário de gases e líquidos, cujas amostras
geralmente exigem pouca preparação, as amostras sólidas muitas vezes precisam de algum
processamento antes da análise.
24
Isso ocorre devido à variação amostral, que é a variação de observações em uma única amostra,
é uma função do número de partículas amostradas, não da sua massa combinada. Para populações
extremamente heterogêneas constituídas por partículas grandes, a amostra bruta pode ser muito
grande para ser analisada. Reduzir o tamanho médio de partícula da amostra permite que o mesmo
número de partículas seja amostrado com uma massa combinada menor e mais gerenciável.
De acordo com Harvey (2000), o esmagamento e a trituração usam de força mecânica para
quebrar partículas maiores em partículas menores. A diminuição do tamanho das partículas
aumenta a área de superfície disponível e, com o aumento da área de superfície, existe um risco
de perda de componentes voláteis, um problema agravado pela exposição de porções da amostra
à atmosfera, onde a oxidação pode alterar a composição da amostra.
Além disso, pode ocorrer uma contaminação durante a abrasão mecânica. As partículas mais
macias são reduzidas mais facilmente, e podem ser perdidas como poeira, antes que o restante
da amostra tenha sido processado. Isso é um problema, pois a distribuição do analito pode não
ser uniforme entre partículas de tamanho diferente.
Harvey (2000) enfatiza que, para garantir que as partículas sejam reduzidas a um tamanho
uniforme, é recomendado utilizar uma peneira e, após moagem, a amostra deve ser misturada,
visando a torná-la mais homogênea.
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
AHUJA, S.; SCYPINSKI, S. Handbook of modern pharmaceutical analysis. 2. ed. San Diego:
Academic Press, 2010.
GÖRÖG, S. The importance and the challenges of impurity profiling in modern pharma-
ceutical analysis. Trends in analytical chemistry, [s.l.], v. 25, n. 8, p. 755-757, 2006.
HARVEY, D. Modern Analytical Chemistry. New York: The McGraw-Hill Companies Inc.,
2000.
SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de química analítica. 8. ed. trad. São Paulo: Thompson
Learning, 2006.
UNIDADE 2
Análise titulométrica
Introdução
Olá,
Bons estudos!
29
1.1 Titulometria
Segundo Skoog et al. (2006), titulações são amplamente utilizadas para realizar análises
químicas, podem ser usadas determinar espécies ácidas, básicas, oxidantes, redutoras, íons
metálicos, proteínas e muitas outras. As titulações têm como base a reação entre o analito e um
reagente padrão, com concentração predefinida, conhecido como agente titulante. A reação é de
estequiometria conhecida e reprodutível.
O volume do titulante necessário para reagir completamente, como o analito alvo, é determinado
e usado para obter a quantidade do analito. Uma titulação baseada em volume pode requerer um
instrumento preciso para medir volumes, como a bureta. Nas titulações coulométricas, é obtida a
quantidade necessária de cargas para consumir completamente o analito.
FIQUE DE OLHO
Um número cada vez maior de laboratórios tem empregado instrumentação para detectar
os pontos finais de titulações, visando minimizar erros de natureza humana. De acordo com
Skoog et al. (2006), entre os instrumentos mais usados, podem ser citados os colorímetros,
turbidímetros, monitores de temperatura, refratômetros, voltímetros e medidores de
condutividade.
De acordo com Harris (2012), a diferença entre o ponto final e o ponto de equivalência é uma
fonte de erro inevitável na titulação. Estima-se o erro de titulação com uma titulação em branco,
na qual é realizado o mesmo procedimento sem analito.
De acordo com Harvey (2000), uma curva de titulação fornece uma imagem visual de como
o pH muda conforme adicionamos titulante. Essa curva pode ser obtida experimentalmente
utilizando um eletrodo de pH na solução que contém o analito, monitorando o pH à medida que o
titulante é adicionado. A curva de titulação também pode ser calculada considerando as reações
responsáveis pela mudança no pH.
As curvas de titulação, porém, não são exclusivas de uma titulação ácido-base. Qualquer curva
de titulação que segue a mudança na concentração de uma espécie na reação de em função do
volume de titulante tem a mesma forma sigmoidal geral. Alguns exemplos de curvas de titulação
podem ser observados na figura a seguir.
Harris (2012) enfatiza que, nas curvas de titulação, o ponto de equivalência é sempre a parte
mais íngreme da curva. Cada curva de titulação depende da constante de dissociação ácida e das
concentrações de reagentes, portanto, o ácido for muito fraco, ou se apresentar em concentrações
muito baixas, pode ser difícil determinar o ponto de equivalência com precisão. Dessa forma, não
é prático titular um ácido ou uma base quando sua força é muito fraca ou sua concentração é
muito diluída.
De acordo com Atkins e Jones (2006), um método simples para acompanhar uma titulação
ácido-base são os indicadores ácido-base, que são corantes solúveis em água, cuja cor depende
do pH. A rápida mudança no pH, que ocorre no ponto de equivalência em uma titulação, é
sinalizada pela mudança instantânea da cor do corante em resposta ao pH.
33
• Estabilidade à atmosfera.
• Custo baixo.
Os reagentes químicos são vendidos em muitos graus de pureza. De acordo com Harris (2012),
os materiais empregados na química analítica, geralmente apresentam grau de pureza definido
pelo Comitê de Reagentes Analíticos da American Chemical Society (ACS). Análises de impurezas
devem ser especificadas, além de que devem aparecer no frasco de reagente. Para proteger a
pureza dos reagentes químicos usados nas análises químicas, é recomendado:
2.3 Indicadores
Os indicadores são espécies que apresentam mudança na coloração durante o ponto
estequiométrico de uma titulação. Segundo Atkins e Jones (2006), o indicador deve ser escolhido
mediante análise de seu ponto final, que deve ser próximo do ponto estequiométrico da titulação.
Como por exemplo, a fenolftaleína, que apresenta um ponto estequiométrico próximo de 9, pode
ser usada na titulação de um ácido fraco com uma base forte. Já o alaranjado de metila, que muda
de cor em um pH de 3,2 a 4,4, pode ser utilizado na titulação de bases fracas com ácidos fortes.
Para as titulações envolvendo ácidos e bases fortes, sugere-se indicadores que apresentem ponto
final próximo de pH 7.
Os indicadores ácido-base são geralmente ácidos fracos, que apresentam uma determinada
coloração na forma de ácido e outra cor na forma de base conjugada. Quando a concentração do
indicador na forma protonada se apresenta em maior quantidade, a solução tem a cor da forma
ácida do indicador. Quando há excesso na forma base conjugada, a solução adquire cor da forma
básica do indicador (HARVEY, 2000).
3 CÁLCULOS VOLUMÉTRICOS
Conforme Skoog et al. (2006), a concentração de uma solução pode ser expressa de vários
modos. Para as soluções padrão usadas em titulometria, geralmente emprega-se a concentração
molar ou normalidade.
Concentração molar
Normalidade
De acordo com Atkins e Jones (2006), o método mais comum de preparar soluções de
concentração molar específica é transferindo a massa conhecida do sólido para um balão
volumétrico, um frasco calibrado com volume específico, e, em seguida, adicionar água até
encher o balão na marca específica.
Neste caso, a proporção estequiométrica é de 2 mols HCl para 1 mol de Ba(OH)2, para
determinar a massa de HCl basta aplicar a Equação 3, descrita anteriormente. Note que como a
concentração está em mol/L, o volume inicial de HCl teve que ser convertido de mL para litros.
Para se obter o número de mols de HCl, basta multiplicar esse resultado pela proporção
estequiométrica determinada inicialmente:
Para obter a concentração molar da solução de HCl, basta dividir o valor de moles de HCl pelo
volume de solução em litros.
De acordo com Skoog et al. (2006, p. 326), qualquer combinação de gramas, mols e litros pode
ser substituída por qualquer combinação análoga expressa em miligrama, milimols e mililitros.
4 MÉTODOS TITULOMÉTRICOS
Skoog et al. (2006) explicam que a titulometria engloba um grupo de métodos analíticos
baseados na determinação da quantidade de um reagente de concentração conhecida, necessária
para reagir completamente com o analito. Os métodos titulométricos incluem um abrangente e
amplo grupo de procedimentos quantitativos. Os métodos mais comuns de titulometria são os
métodos volumétricos, gravimétricos e coulométricos.
Os métodos titulométricos podem ser classificados em quatro grupos, com base no tipo de
reação envolvida. Esses grupos incluem titulações ácido-base, no qual um titulante ácido ou
básico reage com um analito que é uma base ou um ácido; titulações complexométricas, que
envolvem uma reação de complexação metal-ligante; titulações redox, em que o titulante pode
ser um agente oxidante ou redutor; e, por fim, titulações de precipitação, nas quais o analito e o
titulante reagem para formar um precipitado. Apesar da diferença na química, todas as titulações
compartilham várias características comuns (HARVEY, 2000).
De acordo com Atkins e Jones (2006), na titulação de uma base forte com um ácido forte,
ou de um ácido forte com uma base forte, observa-se uma mudança lenta no pH durante o
início da titulação, posteriormente o pH muda rapidamente, passando pelo valor 7 no ponto
estequiométrico, em seguida muda lentamente novamente. O ponto de equivalência ocorre
quando o titulante adicionado é exatamente o suficiente para a reação estequiométrica com o
analito. Conforme Harris (2012), na titulação de qualquer base forte com qualquer ácido forte,
existem três regiões da curva de titulação que requerem diferentes tipos de cálculos:
O ponto final foi sinalizado observando quando a adição de titulante deixou de gerar
precipitado adicional. A importância da titulação de precipitação como método analítico atingiu
seu auge no século XIX, quando vários métodos foram desenvolvidos para determinar os íons Ag+
e halogenetos.
Skoog et al. (2006) descrevem que a titulometria de precipitação é uma das técnicas analíticas
mais antigas, no entanto, devido à baixa velocidade de formação da maioria dos precipitados,
poucos agentes precipitantes podem ser usados em titulometria. O titulante precipitante mais
amplamente utilizado é o nitrato de prata, empregado na determinação de haletos, ânions
semelhantes aos haletos, ácidos graxos e vários ânions inorgânicos bivalentes e trivalentes. Os
métodos titulométricos que utilizam nitrato de prata são comumente denominados métodos
argentométricos.
Muitas reações de precipitação que são úteis como técnicas de separação ou para análise
gravimétrica não atendem requisitos para a titulação. Segundo Patnaik (2004), as reações de
precipitação precisam atender a alguns requisitos, como:
• a estequiometria deve ser exata, pois a coprecipitação é uma possível fonte de erro.
As curvas de titulação redox são obtidas de maneira mais conveniente, plotando o potencial
redox E da solução titulada contra o excesso relativo de redutor ou oxidante no eixo x (PATNAIK,
2004). Assumindo que ambas as meias-reações são reversíveis, os potenciais redox podem ser
calculados por meio da equação de Nernst, da seguinte maneira:
Após cada adição de titulante, a reação entre o analito e o titulante atinge um estado de
40
equilíbrio. O potencial eletroquímico da reação nesse ponto é igual para as duas semirreações,
logo, o potencial para qualquer meia reação pode ser usado para monitorar o progresso da
titulação.
E Tox/Tred = EAox/Ared
Harvey (2000) enfatiza que após o ponto de equivalência, o potencial é mais fácil de
calcular usando a equação de Nernst para a meia reação do titulante, uma vez que quantidades
significativas de suas formas oxidada e reduzida estão presentes.
Os quelatos são produzidos quando uma espécie se coordena com dois ou mais grupos
doadores de um único ligante para formar um anel heterocíclico. Um ligante que possui um único
grupo doador de elétrons, como a amônia, é chamado unidentado, enquanto aquele que possui
dois grupos disponíveis para ligações covalentes é denominado bidentado. Existem, também,
agentes quelantes tridentados, tetradentados e pentadentados.
Skoog et al. (2006) descrevem que um dos métodos a analíticos mais amplamente utilizados
na indústria e no comércio é o procedimento de titulação de Karl Fischer, empregado na
determinação de água em inúmeros tipos de amostras sólidas e líquidas. O método baseia-se em
uma reação redox que é relativamente específica para a água. Esse método tem sido aplicado a
determinações de água em muitos ácidos orgânicos, álcoois, ésteres, éteres, anidridos e haletos.
42
A titulação por ácido-base é um método padrão para a análise quantitativa de muitos ácidos e
bases inorgânicos. Soluções padrão de NaOH podem ser usadas na análise de ácidos inorgânicos,
enquanto soluções padrão de HCl podem ser usadas para a análise de bases inorgânicas.
FIQUE DE OLHO
A determinação de nitrogênio total proposta por Kjeldahl em 1883 ainda tem sido
empregada em muitos laboratórios de análise, sendo considerada uma técnica confiável.
Segundo Galvani e Gaertner (2006), a técnica possibilita a determinação indireta de proteínas
em várias amostras biológicas, teor de nitrogênio total e avaliação de teor nutricional.
Segundo Skoog et al. (2006), vários elementos importantes presentes em sistemas orgânicos
e biológicos são convenientemente determinados por métodos que envolvem uma titulação
ácido-base como etapa final. Na maioria dos casos, os elementos suscetíveis a esse tipo de análise
são ametais e incluem o carbono, o nitrogênio, o cloro e o flúor, bem como alguns outros menos
comuns.
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de química analítica. 8. ed. trad. São Paulo: Thompson
Learning, 2006.
Bons estudos!
47
1. INTRODUÇÃO À ELETROQUÍMICA
A eletroquímica é a área da química que se preocupa com a inter-relação dos efeitos elétricos
e químicos. Grande parte desse campo lida com o estudo de alterações químicas causadas pela
passagem de uma corrente elétrica e a produção de energia elétrica por reações químicas.
De fato, o campo da eletroquímica abrange uma enorme variedade de fenômenos diferentes,
como por exemplo na eletroforese e no estudo da corrosão, utilizando uma grande variedade de
dispositivos, como os sensores eletroanalíticos, baterias e células de combustível e associando-se
constantemente com tecnologia, como na galvanoplastia de metais e a produção de alumínio e
cloro em grande escala (BARD; LARRY, 2001).
Nas células galvânicas, uma reação espontânea é usada para gerar corrente elétrica, costuma-
se evitar o contato entre os eletrodos nesse tipo de célula eletroquímica, podendo ser citado
como exemplo asbaterias.
De acordo com Harris (2012), quando elétrons de uma reação redox fluem através de um
circuito elétrico, é possível adquirir informações sobre a reação medindo corrente e potencial
elétrico. A corrente elétrica é proporcional à taxa de reação, e a tensão da célula é proporcional
à mudança de energia livre para a reação eletroquímica. Em técnicas eletroquímicas, como a
voltametria, é possível observar que reações químicas acontecem em potenciais específicos, sendo
possível utilizar a técnica para identificar reagentes. A quantidade de carga que flui a cada segundo
através de um circuito é chamada de corrente. A unidade de corrente é o ampere (A). Uma corrente
de 1 ampere representa uma carga de 1 coulomb por segundo, fluindo além de um ponto em um
circuito. O potencial elétrico (E), entre dois pontos, descreve o trabalho necessário, ou que pode ser
feito, ao mover uma carga elétrica de um ponto para o outro e é medido em volts (V).
áreas da ciência. Tem sido utilizada com sucesso para realizar análises ambientais, industriais,
farmacêuticas e análises clínicas. De acordo com Uslu e Ozkan (2011), seu emprego na indústria
farmacêutica aumentou consideravelmente nos últimos anos, principalmente devido à sua
alta sensibilidade, velocidade de análise, redução no consumo de solvente e amostra e baixo
custo operacional em comparação com outros métodos analíticos. As últimas décadas foram
acompanhados de um extraordinário progresso na descoberta, síntese, análise sensível e meios
de administração de compostos farmacêuticos usados no diagnóstico, prevenção e tratamento
de doenças humanas. Após o desenvolvimento de métodos eletroanalíticos mais sensíveis, foi
possível resolver muitos problemas de interesse farmacêutico. Além disso, é importante enfatizar
que a maioria dos produtos farmacêuticos produzidos nos últimos anos apresenta propriedades
eletroquimicamente ativas.
Atualmente, uma ampla variedade de dispositivos tem sido empregada na análise de espécies
de interesse biológico, em amostras como o sangue e urina, se tornando valiosas ferramentas
para monitoramento e diagnóstico de doenças, sendo considerado um campo promissor da
ciência e tecnologia. De acordo com Harris (2012), muitos pesquisadores estão dedicando seu
tempo e recursos para o desenvolvimento de eletrodos que respondam seletivamente a analitos
específicos em solução ou em fase gasosa, alguns dos eletrodos íons seletivos típicos por exemplo
têm o tamanho de uma caneta. Nos últimos anos, foram criados transistores de efeito de campo
para a detecção de íons, que têm apenas centenas de micrômetros de tamanho e podem ser
inseridos em um vaso sanguíneo.
De acordo com Richter (2003), os eletrodos de metais nobres, como a prata e ouro,
são empregados com sucesso para medidas potenciométricas, análises amperométricas e
voltamétricas.
Esses eletrodos ainda podem ser modificados com polímeros condutores ou nanopartículas
metálicas, que possibilitam melhorar a sensibilidade e limites de detecção do método analítico.
foi inicialmente empregado por Clark em 1962, ao sugerir a incorporação de enzimas a eletrodos
existentes para a construção de novos instrumentos bioanalíticos. Atualmente, os biossensores
pertencem a uma das áreas mais promissoras e bem-sucedidas da eletroanalítica e são empregados
em uma ampla variedade de análises, como no monitoramento e controle de qualidade de
alimentos e processos industriais, aplicações farmacêuticas e clínicas, monitoramento ambiental
e agrícola, aplicações militares e outros.
FIQUE DE OLHO
Kim et al. (2016) propuseram um sistema de biossensor para o monitoramento não invasivo
de álcool pelo suor induzido. O protótipo do biossensor foi compatível com a pele e exibiu
uma resposta altamente seletiva e sensível ao etanol. Os resultados corporais com seres
humanos mostraram diferenças na resposta antes e após o consumo de álcool, refletindo o
aumento dos níveis de etanol.
Técnicas eletroquímicas também podem ser utilizadas para investigar as propriedades redox
de um novo medicamento, fornecendo inclusive informações sobre seu destino metabólico. Sua
aplicação no estudo de compostos de interesse farmacêutico fornece informações sobre formas
de dosagem em fluidos biológicos. A utilização de técnicas eletroquímicas na análise farmacêutica
mais comum é para a detecção quantitativa de espécies de interesse e suas dosagens em
diferentes amostras (USLU; OZKAN, 2011).
2. TÉCNICAS ELETROANALÍTICAS E
INSTRUMENTAÇÃO
De acordo com Ferreira (2017), os métodos eletroanalíticos são aqueles que fazem uso de
propriedades elétricas mensuráveis, como a corrente elétrica, o acúmulo interfacial de cargas, as
51
diferenças de potencial e outros fenômenos que podem ocorrer na superfície do eletrodo durante
um processo físico ou reação química. Esses processos podem ocorrer de forma espontânea ou
após a aplicação, ao sistema, de perturbações controladas, e, a partir deles, podemos obter
informações analíticas.
e a solução, também denominada dupla camada, atua como um capacitor, assim, para obter um
potencial desejado nos eletrodos de trabalho, o capacitor de dupla camada deve ser primeiro
carregado adequadamente, com uma corrente capacitiva, processo relacionado a polarização do
eletrodo e não está associado à redução ou oxidação dos analitos, fluindo no circuito elétrico
(SCHOLZ et al., 2010). De acordo com Ferreira (2017), a polarização de um eletrodo impede a
transferência de carga na interface eletrodo-solução durante um intervalo de potencial, ou seja,
o potencial pode variar amplamente sem afetar ou produzir corrente.
O eletrodo de trabalho faz contato com o analito, sua superfície é o local onde a reação
ocorre. Quando ocorre a transferência de elétrons entre o eletrodo e o analito, a corrente no
eletrodo de trabalho segue em direção ao eletrodo auxiliar, constituído de materiais condutores
inertes, como platina e grafite, com áreas de superfície comparativamente grandes. O eletrodo
de referência apresenta um potencial de redução conhecido e constante, enquanto nenhuma
corrente passa por ele, funcionando apenas como referência ao medir o potencial do eletrodo
de trabalho. Os eletrodos de prata-cloreto de prata são comumente adotados como eletrodos
de referência em sistemas de três eletrodos. Para evitar a contaminação da solução da amostra,
o eletrodo de referência pode ser isolado da reação da amostra por meio de uma ponte
intermediária (LI; MIAO, 2012).
3. MÉTODOS ELETROQUÍMICOS
Harvey (2000) enfatiza que existe uma grande diversidade de métodos eletroquímicos
interfaciais, e, primariamente, eles podem ser divididos em métodos estáticos e métodos dinâmicos.
Nos estáticos, não é observada passagem de corrente entre os eletrodos e a solução, além disso,
as concentrações de espécies na célula eletroquímica permanecem inalteradas ou estáticas. Um
exemplo prático é a potenciometria, na qual o potencial de uma célula eletroquímica é medido
em condições estáticas, sendo considerado um dos métodos eletroquímicos quantitativos mais
importantes. Os métodos eletroquímicos dinâmicos são aqueles em que um fluxo de corrente e
uma mudança na concentração de analitos, como resultado de uma reação redox, são observados.
Os métodos dinâmicos são subdivididos ainda mais se escolhemos controlar a corrente ou o
potencial. Na coulometria, de corrente controlada, o analito é oxidado ou reduzido completamente
através da passagem de corrente através da solução analítica. Os métodos de potencial controlado
são subdivididos em coulométricos e amperométricos, em que é aplicado um potencial constante
durante a análise e voltamétrica, onde o potencial é sistematicamente variado.
53
3.1 Potenciometria
De acordo com Skoog et al. (2006), os métodos potenciométricos buscam em medir o potencial de
células eletroquímicas sem o consumo apreciável de corrente. As técnicas potenciométricas têm sido
empregadas com sucesso para localizar o ponto final em titulações. Assim, as concentrações de espécies
iônicas em solução podem ser obtidas diretamente, utilizando eletrodos de membranas seletivas a
íons. Esses eletrodos apresentam elevada seletividade, são dispositivos rápidos e não destrutivos, que
possibilitam determinar quantitativamente uma grande variedade de espécies iônicas.
3.2 Voltametria
Segundo Uslu e Ozkan (2011), os métodos voltamétricos usados hoje em laboratórios
de química analítica só foram possíveis graças aos recentes avanços em instrumentação e
processamento computadorizado de dados analíticos. Por muitos anos, os eletrodos de mercúrio
foram adotados nas técnicas voltamétricas, no entanto, com o crescimento e ampla aceitação
dos eletrodos sólidos, os eletrodos de mercúrio vem perdendo espaço. Em geral, os materiais
dos eletrodos sólidos têm a vantagem de serem mais mecanicamente estáveis e fornecem uma
faixa anódica maior do que os eletrodos à base de mercúrio. Além disso, o manuseio de eletrodos
sólidos é muito mais fácil, de modo que eles podem ser facilmente aplicados em fluxos devido à
sua estabilidade e dureza mecânica.
Os métodos voltamétricos têm uma ampla variedade de aplicações, e os mais usados são
a voltametria cíclica, de varredura linear, de pulso normal, pulso diferencial e onda quadrada.
Segundo Rodovalho (2016), a voltametria cíclica é indicada para o estudo do comportamento de
pares redox. A voltametria de pulso diferencial é uma técnica de varredura extremamente útil
para a detecção de analitos orgânicos e inorgânicos, em concentrações extremamente baixas.
Outras aplicações de voltametria incluem a quantificação de DNA e outras biomoléculas com
atividades eletroquímicas.
54
FIQUE DE OLHO
Os métodos espectrofotométricos são amplamente utilizados para quantificar espécies
de interesse farmacêutico. Roveri et al. (2012) avaliaram da aplicação do método
espectrofotométrico para determinação do teor de ibuprofeno em diferentes formas
farmacêuticas. Os resultados indicaram que a técnica pode ser aplicada com eficiência
nas diferentes formas farmacêuticas avaliadas, incluindo comprimidos, cápsulas moles e
cápsulas duras.
De acordo com Harvey (2000), todas as formas de espectroscopia requerem uma fonte de
energia. Uma fonte de radiação eletromagnética deve fornecer uma saída que seja intensa e
estável na região desejada do espectro eletromagnético.
Harris (2012) enfatiza que a luz de uma fonte contínua pode ser passada através de um
monocromador, que seleciona uma faixa estreita de comprimentos de onda do feixe incidente,
a luz monocromática atravessa uma amostra e a irradiância da luz emergente é medida. Para
56
espectroscopia visível e ultravioleta, uma amostra líquida geralmente está contida em uma célula
chamada cubeta, que possui faces planas de sílica fundida. O vidro é adequado para espectroscopia
visível, mas não ultravioleta, porque absorve a radiação ultravioleta. As cubetas mais comuns têm
um comprimento de percurso de 1.000 cm e são vendidas em conjuntos correspondentes para
amostra e referência. Para medições no infravermelho, as células são geralmente construídas
com NaCl ou KBr (HARRIS, 2012). A figura seguinte apresenta o uso de um espectrofotômetro
para na análise de uma amostra líquida.
Segundo Skoog et al. (2006), os tipos de detectores de fótons mais empregados incluem
os fototubos, tubos fotomultiplicadores e os fotodiodos de silício. O processador de sinal
geralmente é um dispositivo eletrônico que amplifica o sinal elétrico proveniente de um detector,
podendo reduzir ruídos e tratar os dados obtidos durante a análise. O processador de sinal pode
efetuar operações matemáticas sobre o sinal, tais como diferenciação, integração ou conversão
logarítmica. Muitos tipos de dispositivos de leitura são encontrados nos instrumentos modernos.
5. ESPECTROSCOPIA ATÔMICA
A espectroscopia atômica é uma técnica de análise multielementar, por meio da qual as amostras
são desintegradas e decompostas em átomos na fase gasosa, processo que ocorre em temperaturas
suficientemente altas. As concentrações de átomos de diferentes elementos são medidas por
emissão ou absorção de comprimentos de onda característicos de radiação. O equipamento usado
na espectroscopia atômica é caro, mas está amplamente disponível. As concentrações dos analitos,
nesse caso, podem ser obtidas desde partes por milhão a partes por trilhão. Devido à sua alta
57
sensibilidade, sua capacidade de distinguir diferentes elementos em uma amostra complexa e sua
capacidade de realizar análises simultâneas e automatizadas, a espectroscopia atômica tem sido
uma das principais ferramentas da química analítica das últimas décadas (HARRIS, 2012).
Conforme Skoog et al. (2006), a espectrometria de massas atômicas é uma técnica que
vem sendo empregada na análise multielementar em laboratórios ao redor do mundo. Com a
introdução da tecnologia de plasma acoplado nos anos 1970, seu aprimoramento e aplicação
na espectrometria de massas, foi possível realizar análises com elevadas sensibilidades em
curtos períodos, o que possibilitou a popularização da técnica nos laboratórios de análise. A
espectrometria de massas com plasma acoplado pode ser utilizada na determinação simultânea
de mais de 70 elementos em poucos minutos.
Segundo Harris (2012), a espectrometria de massa pode ser usada para medir isótopos e
decifrar estruturas orgânicas. Isótopos de hidrogênio e oxigênio em núcleos de gelo fornecem
informações sobre o comportamento do clima da Terra ao longo da história. A constância da
proporção de isótopos do oxigênio em certos ossos de dinossauros sugere fortemente que essas
espécies tenham sangue quente. A espectrometria de massa também é usada para elucidar a
sequência de aminoácidos em uma proteína, a sequência de ácidos nucleicos no DNA, a estrutura
de um carboidrato complexo, além de diferentes tipos de lipídios em um único organismo. A
espectrometria de massa pode medir massas de células individuais e vírus.
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
HARVEY, D. Modern Analytical Chemistry. New York: The McGraw-Hill Companies, Inc.,
2000.
LI, G.; MIAO, P. Electrochemical analysis of proteins and cells. Heidelberg: Springer
Science & Business Media, 2012.
SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de Química Analítica. 8. ed. trad. São Paulo: Thompson
Learning, 2006.
Bons estudos!
65
A substância que influencia o sinal analítico ou gera um sinal que pode mascarar o resultado
é denominada interferente.
Além disso, algumas técnicas podem ser empregadas para compensar ou reduzir o efeito de
interferentes.
Atualmente, têm sido desenvolvidos muitos métodos e procedimentos para purificar analitos
de interesse. A purificação consiste em remover espécies interferentes na amostra, buscando o
isolamento da molécula-alvo, resultando em uma substância com maior pureza e homogeneidade.
O montante de analito a ser purificado pode variar, pequenas quantidades são utilizadas para
testes que certifiquem a especificidade funcional e caracterização estrutural, enquanto a porção
majoritária é utilizada para suprir a atividade industrial e farmacêutica.
O grau de pureza depende da finalidade a que se destina. Para algumas aplicações, uma
extração grosseira é suficiente, para outras, como interação com fármacos ou estudos biológicos,
um analito com maior grau de pureza é requerido. Desse modo, há uma série de métodos e
66
etapas para realizar a purificação destas espécies (FERREIRA et al., 2016). Assim, é possível
suprir a demanda crescente de substâncias com elevada pureza, visto que inúmeros processos
purificação e de extração têm sido desenvolvidos em todo o mundo.
A extração é o processo de transferência de um soluto de uma fase para outra. Razões comuns
para realizar uma extração em química analítica incluem isolar ou concentrar o analito desejado
ou separá-lo das espécies interferentes. O caso mais comum é a extração de uma solução aquosa
com um solvente orgânico, técnica conhecida como extração por fase líquida. Reagentes como
éter dietílico, tolueno e hexano são solventes comuns que são imiscíveis e apresentam densidade
inferior à da água, enquanto o clorofórmio, diclorometano e tetracloreto de carbono são solventes
comumente usados e apresentam uma densidade superior à da água (HARRIS, 2012).
Os princípios da técnica envolvem a partição dos compostos entre duas fases, a amostra para
ser extraída é dividida entre a fase sólida e a líquida. O material de interesse da amostra deve ter
maior ou menor afinidade pela fase sólida, podendo ser adsorvido. Em seguida, o composto de
interesse é removido por um outro solvente que tenha maior afinidade com o material do que
com a fase sólida.
68
Em outros casos, o material pode não ser retido, eluindo imediatamente pela fase sólida,
enquanto a maioria dos interferentes ficam presos na fase sólida. Os mecanismos de retenção e
eluição são muitas vezes controlados por forças intermoleculares (PADILHA, 2007).
Não resta dúvidas de que a cromatografia atualmente ocupe uma posição de destaque no
que concerne às técnicas de separação. A cromatografia possibilitou significativos avanços na
análise química, sendo considerada a técnica de separação mais conhecida e empregada em
laboratórios ao redor mundo.
Nesta técnica a amostra é dissolvida em um líquido, denominado fase móvel, que a transporta
através de uma estrutura que contém um outro material conhecido como fase estacionária
(PATEL, 2018).
De acordo com Skoog et al. (2006) o movimento do soluto ocorre somente na fase móvel,
em que a velocidade média com a qual o soluto migra pela coluna cromatográfica depende
da fração de tempo que permanece na fase estacionaria. As diferenças na velocidade de cada
componentes da mistura possibilitam separar esses componentes em bandas ou zonas ao longo
do comprimento da coluna. Os detectores são posicionados no final da coluna e seu sinal é
registrado em função do tempo ou do volume da fase móvel, o gráfico obtido é denominado
cromatograma e apresenta picos com altura e larguras diferentes. As posições dos picos no eixo
do tempo podem ser empregadas para identificar os componentes da amostra, enquanto as
áreas sob os picos provêm uma medida quantitativa da quantidade de cada uma das espécies.
Muitas variáveis químicas e físicas podem influenciar nas velocidades de separação das bandas
69
e o seu alargamento. Dessa forma, para obter uma técnica com melhor resolução, devem ser
controladas e otimizadas variáveis experimentais.
Os métodos cromatográficos são divididos em três categorias que são baseadas na natureza
da fase móvel, podendo ser líquida, gasosa e fluido supercrítico. Existem pelo menos cinco tipos
diferentes de cromatografia líquida, incluindo como exemplos a cromatografia de exclusão
molecular, de troca iônica e de afinidade, as cromatografias gasosas gás-líquido e gás-sólido.
Tais métodos diferem na natureza da fase estacionária e nos tipos de equilíbrios entre as fases
(SKOOG et al., 2006).
Cromatografia em coluna
• Separação de isômeros.
4. CROMATOGRAFIA GASOSA
A cromatografia gasosa é a técnica de referência para estudo de gases e líquidos voláteis.
71
Na técnica, o analito é transportado através da coluna, por uma fase móvel gasosa, denominada
gás transportador. Esse gás flui através de um injetor, que é o ponto de entrada da amostra para
uma coluna de vidro ou metal em um forno com temperatura controlada, posteriormente os
componentes são separados em coluna e posteriormente detectados a partir de um sistema
de detecção acoplado, podendo ser um espectrofotômetro de absorção atômica. A escolha do
um gás de arraste tem se limitado aos gases nitrogênio e hélio. O ar pode ser usado como gás
de arraste sob certas condições com equipamentos cromatográficos portáteis ou no local, no
entanto é bastante incomum com instrumentos em escala de laboratório.
FIQUE DE OLHO
A cromatografia gasosa é uma das técnicas mais populares e poderosas para separação
de misturas de gases, podendo ser utilizada em diversos campos da ciência. Segundo
Padilha (2007) essa técnica tem sido empregada no estudo de geoquímica, na química de
alimentos, produtos naturais, no controle de qualidade, na química ambiental e medicinal,
na toxicologia e muitas outras.
A cromatografia gasosa vem sendo usada com sucesso na análise de gases e amostras líquidas
volatizáveis. As principais vantagens da cromatografia gasosa são a sua grande aplicabilidade à
maioria dos compostos, boa linearidade, a amostra não é destruída, com isso pode ser utilizada
em escala preparativa, simples, fácil de manter e pouco dispendiosa. A principal desvantagem
é que a técnica não pode ser empregada em amostras contendo líquidos não volatizáveis
(LUXMINARAYAN et al., 2017).
72
A cromatografia gasosa pode ser classificada de acordo com a fase do material empregado na
coluna de separação. Na cromatografia de gás-líquido, a fase estacionária é um líquido não volátil
ligado ao interior da coluna ou a um suporte sólido e fino. Na cromatografia de adsorção gás-sólido,
o analito é adsorvido diretamente em partículas sólidas da fase estacionária (HARRIS, 2012).
De acordo com Padilha (2007), uma grande diversidade de fases líquidas está sendo
desenvolvida e estão disponíveis no mercado, tornando a cromatografia gasosa uma técnica ainda
mais versátil e seletiva. Com isso, é possível analisar amostras sólidas, líquidas ou gasosas, desde
que sejam voláteis ou possam ser volatilizadas sem sofrerem decomposição durante a análise.
Skoog et al. (2006), por sua vez, explicam que os materiais usados como fase líquida imobilizada
em uma coluna cromatográfica gás-líquido devem apresentar as seguintes propriedades:
• baixa volatilidade;
• estabilidade térmica;
• inércia química;
• características de solvente.
Skoog et al. (2006) enfatizam que muitos líquidos têm sido propostos como fases estacionárias
no desenvolvimento da cromatografia gás-líquido. A escolha apropriada de uma fase estacionária
é geralmente fundamental para o sucesso em uma separação. Existem, também, orientações
qualitativas para efetuar-se essa escolha, porém, no final, a melhor fase estacionária somente
pode ser determinada de forma experimental no laboratório.
Além disso, como a cromatografia gás-sólido pode ser utilizada a temperaturas mais baixas,
foi empregada inicialmente para a separação dos gases inertes produzidos pela fissão de urânio,
especificamente criptônio e xenônio, como ferramenta para medir a eficiência de diferentes
fontes de nêutrons que induziam a fissão (COLLINS, 2012).
5. CROMATOGRAFIA LÍQUIDA
Skoog et al. (2006) explicam que a cromatografia líquida de alta eficiência é considerada o
tipo mais versátil e mais amplamente empregado de cromatografia líquida. Essa técnica tem
sido utilizada por diversos operadores, visando a separar e determinar espécies em uma grande
variedade de amostras orgânicas, inorgânicas e biológicas.
FIQUE DE OLHO
As inúmeras aplicações da cromatografia líquida de alta eficiência aceleraram
consideravelmente o estudo de marcadores genéticos. Segundo Xiao e Oefner (2001), a
técnica tem sido empregada na identificação de mutações nos genes envolvidos em doenças
humanas, visto que em grande parte das doenças genéticas resultam de combinações
específicas de variações em multígenos.
A cromatografia líquida de alta eficiência utiliza alta pressão para forçar o solvente por entre
colunas fechadas, contendo partículas finas que fornecem separações de alta resolução. O sistema
consiste em um amostrador automático, um sistema de entrega de solvente, uma amostra válvula
de injeção, uma coluna de cromatografia de alta pressão e detector espectroscópico.
gasosa (HARRIS, 2012). A figura seguir apresenta o equipamento usado em cromatografia líquida
de alta eficiência.
É importante observar que as separações por exclusão molecular diferem de outros tipos
de cromatografia, visto que não ocorre nenhuma interação física ou química entre os analitos e
a fase estacionária no processo. De fato, todos os esforços são dirigidos no sentido de se evitar
76
essas interações, considerando que elas levam a uma redução da eficiência da coluna (SKOOG et
al., 2006).
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
HARVEY, D. Modern Analytical Chemistry. New York: The McGraw-Hill Companies Inc.,
2000.
SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de química analítica. 8. ed. trad. São Paulo: Thompson
Learning, 2006.