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ITERRA
O MST E A PESQUISA
Sumário
APRESENTAÇÃO 5
O MST E A PESQUISA 7
DATA LUTA 25
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' Para a elaboração <leste texto foram fundamentais as comribuiçõcs dos membros cio Setor de
Educação e <la Articulação d os Pt:squ isaclores do MST o
temos com a realidade que construímos nos permite ousar e, em certa representantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da
medida, superar as dificuldades. Essa é uma discussão importante que Universidade Federal de Pelotas.
apresentamos nas partes finais do texto. Aprendemos na luta pela terra e Este encontro é nossa referência para registrarmos o início das
pela vida que as conquistas só são possíveis com dedicação e persistência. discussões para pensar o sentido e o significado da pesquisa para os
Desse modo, esperamos que esse texto seja uma contribuição para movimentos populares e, especialmente, para o MST. Desde então, pela
aprofundarmos nossas idéias a respeito da pesquisa do e no MST. territorialização e desenvolvimento do Movimento com a criação e
ampliação dos setores de atividades, do Instituto Técnico de Capacitação
4
1 - O princípio da caminhada e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA e das parcerias com diversas
Pela própria lógica dos princípios da organização do MST, a pesquisa universidades, os estudos e as pesquisas tornaram-se práticas cotidianas.
é essencial. Para um movimento social que causa expressivos impactos Com a preocupação de qualificar mais as pesquisas realizadas por
socioterritoriais com as ocupações de terra, com os acampamentos e membros do Movimento em seus processos de formação, considerando
transforma latifúndios em assentamentos, num processo contínuo de desde os trabalhos de conclusão de curso no Ensino Médio às monografias
ressocialização, pesquisar é fundamental para compreender as novas de graduação, começou-se a pensar na possibilidade de articular os
realidades criadas na luta e na resistência. Por meio da pesquisa, o pesquisadores que estudam o MST, bem como discutir os temas
Movimento procura entender melhor as transformações que causa com pertinentes à questão agrária para um trabalho conjunto, com o objetivo
suas ações, contribuindo com a construção de uma sociedade justa e de atender as demandas apresentadas pelas instâncias e pelos setores
igualitária. do Movimento.
Educação, pesquisa e tecnologia estão estritamente ligadas. Por Em 1997, na proposição para a criação da Articulação dos
essa razão, desde a criação dos setores de atividades, como por exemplo Pesquisadores do MST, foi elaborada uma minuta que continha corno
o Setor de Educação e do Sistema Cooperativista dos Assentados, o MST objetivos: a qualificação e a potencialização de pesquisas voltadas para o
começou a realizar as primeiras discussões a respeito da pesquisa. Desse desenvolvimento social no meio rural; articular pesquisadores de
modo, em setembro de 1993, o Movimento participou de um seminário universidades interessados em desenvolver projetos vinculados às
promovido pelo Departamento de Ensino Superior da Fundação de demandas do MST.
Desenvolvimento, Educação e Pesquisa da Região Celeiro - FUNDEP, Em outubro de 1998, em São Paulo foi realizado um primeiro
em Três Passos - RS. encontro para a Articulação dos Pesquisadores do MST. Participaram
Nesse seminário, debateu-se a respeito da questão A Pesquisa do pesquisadores e representantes dos setores de atividades, das instâncias
Ponto de Vista dos Movimentos Populare/. Entre os diversos ternas do Movimento e de universidades que constituíram uma comissão
analisados, discutiu-se a importância dos projetos de pesquisa e o executiva. Foram apresentados os projetos de pesquisa cm
processo de construção do conhecimento científico, a partir das ações e desenvolvimento, bem como as demandas. Também foi elaborada a
dos saberes criados pelos movimentos populares, assim como as primeira versão da Agenda de Pesquisa do MST. Na criação dessa
perspectivas de elaboração de projetos de intervenção para transformação Agenda, objetivou-se a manutenção de um quadro de referências
da realidade e o compromisso dos pesquisadores com as populações temáticas para pesquisa, de acordo com a demanda do Movimento. Em
estudadas. Participaram do evento, o MST, o Movimento de Mulheres abril de 1999 foi realizada uma reunião da comissão executiva que
Trabalhadoras Rurais do Rio Grande do Sul - MMTR-RS, a Comissão deliberou pela criação de uma publicação 5 para intercâmbio e divulgação
Regional dos Atingidos pelas Barragens - CRAB 3 , o Setor de Formação das pesquisas realizadas.
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t;; meio dos setores que ainda não foi explorado. As primeiras experiências
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são recentes e servem como referencial para a ampliação dos 6 - História e Geografia Camponesa;
G conhecimentos. Essa é uma realidade que ainda precisa ser estudada e 7 -Cultura.
As dimensões dessas áreas são extensas, o que possibilita ao mesmo Nesse sentido, precisamos construir novas idéias, novos temas de
tempo a amplitude do projeto de acordo com as realidades regionais do pesquisas que contribuam para o acompanhamento e compreensão dos
país e o direcionamento dos objetivos cm torno das preocupações e desafios que enfrentamos. É importante lembrar que a Agenda é sempre
necessidades dos Sem Terra. uma versão parcial, nunca é definitiva. A Agenda está em movimento
Para compreender melhor a forma como está estruturada a agenda, porque novos eixos temáticos, novas linhas de pesquisa e, portanto, novas
sugerimos ao leitor que a consulte na seqüência deste Caderno. Todavia, áreas de concentração deverão ser criadas enquanto outros podem deixar
antes, são necessários alguns esclarecimentos a respeito do significado de ser necessários. A Agenda é somente uma forma de organizar as
de cada termo utilizado para denominar as partes da agenda de pesquisa. pesqmsas.
Nosso objetivo ao elaborar a agenda de pesquisa foi proporcionar
aos pesquisadores um referencial temático desde o geral até o particular. 6 - As questões teóricas e metodológicas
Assim organizamos as áreas que contêm as linhas, que por sua vez Definir as questões teóricas e metodológicas no campo da pesquisa
incluem os eixos temáticos, de onde são propostos os projetos. é condição fundamental para qualquer instituição. Nesse sentido, os
As áreas de concentração delimitam a extensão máxima das pesquisadores do MST devem se preocupar com a relevância dessas
questões que interessam ao MST. Observe que as áreas estão questões. Não se pode ignorar que a Ciência é política e a definição das
organizadas por meio de uma divisão setorial e por área do correntes teóricas é condição fundamental para a qualidade dos nossos
conhecimento: Educação; Cooperação; Direito, Desenvolvimento, trabalhos. Igualmente, o rigor metodológico é um modo de preservarmos
História, Geografia, Cultura. São referenciais abertos que precisamos esta qualidade. Sem esses dois elementos, qualquer projeto de pesquisa
pesquisar em todas as suas dimensões e interações possíveis através perde toda a sua potencialidade de oferecer leituras da realidade para
das linhas de pesquisas. Estas, por sua vez, são questões que transformá-la.
representam as diversas realidades e experiências que os Sem Terra J\s questões teóricas referem-se aos autores que utilizamos como
estão construindo. As linhas de pesquisa são amplas e dividem-se em referências para construir nossa compreensão a respeito dos temas que
e ixos temáticos. Estes são conjuntos de temas de pesquisas escolhidos nos propomos estudar. É por meio das correntes teóricas, ou seja, da
a partir de cada linha e de cada área. leitura de diferentes obras, que elaboramos nossos pensamentos acerca
Portanto, ao se pensar cm um projeto de pesquisa temos como da questão estudada. Desse modo, é preciso que haja coerência com
preocupação um tema ou uma questão, que também chamamos de objeto relação às correntes de pensamento. Essa é uma condição fundamental
de pesquisa. De acordo com a questão escolhida, o pesquisador elaborará para a realização da análise crítica do problema pesquisado.
o seu projeto e deverá observar a que eixo seu tema se refere, qual a J\.s questões metodológicas referem-se aos procedimentos que
linha de pesquisa e sua respectiva área de concentração. precisamos utilizar na execução da pesquisa. Esses procedimentos
Desse modo, todo projeto de pesquisa tem como ponto de partida compreendem parâmetros, técnicas e instrumentos. Os parâmetros são
uma questão ou um tema. Assim, o projeto está relacionado a um ou definidos de acordo com os objetivos do projeto e podem ser
mais eixos temáticos. Da mesma forma, estará inserido cm uma linha de compreendidos por amostras, seqüências etc .. Do mesmo modo, as
pesquisa e sua(s) área(s) de concentração. De acordo com a extensão do técnicas são compreendidas pela realização de entrevistas, aplicação de
tema, o projeto também poderá ter correspondência com mais de uma questionários, pesquisa documental, entre outras. E os instrumentos são
linha e mais de uma área. recursos que utilizamos como gravador, máquina fotográfica e
O conteúdo da Agenda de Pesquisa apresenta uma enorme computador. ;,;
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diversidade de questões que precisamos compreender. É importante No MST, as pesquisas são realizadas cm três níveis: Ensino médio,
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o.. graduação e pós-graduação: mestrado e doutorado. Para cada um desses ~
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<( lembrar que a Agenda não representa a totalidade dos problemas. Por w
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o- níveis há um grau de exigência para o aprofundamento dos conteúdos. :;;
~ essa razão, enfrentamos enormes desafios na realização dos projetos de ::;;
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para acompanhar as mudanças das conjunturas políticas e econôm icas. ou seja, as pessoas que serão objetos da pesquisa. Ou ainda, a importância ~
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Nesse caso, sugerimos ao pesquisador que procure conhecer mais da análise do objeto para o desenvolvimento humano. Desse modo,
G profundamente o referencial bibliográfico sobre a história e as diversas oferecemos algumas orientações para a escolha de um tema de pesquisa. G
Um projeto de pesquisa nasce a partir de preocupações e interesses. Agenda de Pesquisa - Movimento dos Trabalhadores
Temos realidades amplas que nos desafiam a compreendê-las. Desse
modo, ao escolhermos um tema de pesquisa, temos pelo menos dois
Rurais Sem Terra - MST w versão> 1
e
tituição de equipes de pesquisa, ou seja, mais de um educando desenvolvendo pesquisa em torno do mesmo
e eixo temático, orientados por um mesmo educador que ajuda a garantir uma produção de conhedmento ao
mesmo tempo pessoal e coletiva cm torno de questões prioritárias ao avanço do Movimento.
IArea de 1 Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos Área de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos
Concentração Concentração
1) Educação e e) Educação Básica do Políticas Públicas Z) Estratégias de b) Organicidade do SCA Métodos de organização da produção
Formação Campo Proposta pedagógica Construção do Nucleação
Escola e projeto de desenvolvimento regional Sistema Métodos de organização do trabalho
Concepção de escola dos povos do campo Cooperativista
Municipalização e nucleação de escolas dos Assentados c) Formas de Cooperação Cooperativa de Produção Agropecuária
Formação de educadores do campo (OONllNUAÇi.O) Cooperativa de Prestação de Serviços
Relação escolas do MST - escolas do campo Cooperativa de Produção e Prestação de
Escolas Famílias Serviços
Escolas Itinerantes Cooperativa Regional de Prestação de
Cultura oral e escolari1.ação Serviços Associação
Experiências de Ajuda Mútua
1) Papel e funcionamento do Acompanhamento das escolas Grupos coletivos
Setor de Educação no MST Organização do Setor de Educação Grupos Coletivos e semicoletivos
"Agriculmra familiar cooperada"
g) Relação MST e sociedade Escolas de assentamento e secretarias de Avanços e limites das formas de cooperação
através da educação educação Cooperativas de Crédito
Relação com outras escolas ,_,s Cooperativas de Trabalho
Parcerias
d) Desenvolvimento Local e "Nova concepção" de Assentamento
h) Pedagogia e cultura Dimensão educativa do Jornal Sem Terra Regional Modelo tecnológico e qualidade de vida
Dimensão educativa das rádios comunitárias Agricultura de subsistência
Dimensão educativa das arres Movimento dos Pequenos Agricultores
Geopolítica dos assentamentos
i) Sujeitos do Processo Infância Concepção agroecológica
Pedagógico Adolescência Gestão de Assentamento
Juventude Desenvolvimento do semi - árido
Adultos fndice de Desenvolvimento Humano
Portadores de necessidades educativas Impactos Socioespaciais dos Assentamentos
especiais
e) Programa de Crédito Participação da mulher
j) Capacitação Experiências de capacitação: lógica/método Crédito e Diferenciação Sócio-econômica
Crédito e estratégia de desenvolvimento
k) Pedagogias Pedagogia da Terra Novas modalidades de crédito
Pedagogia do Trabalho Seguros ...
Pedagogia da História
Pedagogia da Alternância f) Mercado Marca da Reforma Agrária
Pedagogia da Cooperação "Mercado de massas"
Pedagogia do Gesto Comercialização
Pedagogia da Luta Metodologia de Pesquisa de mercado
Pedagogia do Símbolo
g) Gerenciamento Estrutura / Estratégia / Processo
Planejamento da produção
Custos
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Fluxo financeiro
Z) Estratégias a) Estratégia Econômica e Concepção de cooperação Mão-de-obra
de Construção Política do SCA Limites e possibilidades da cooperação no Contabilidade
do Sistema capitalismo Gestão democrática
Cooperativista lntercooperação Controles
dos Assentados Grandes Linhas de Produção
Agroindústria h) Agricultura sustentável Produção ecológica
Agroindústria e integração Visão sistêmica ji
~ Irrigação
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s Renda não agrícola
~ Produção Agricultura Orgânica
lt Matriz Tecnológica <(
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~ i) Lógica Camponesa Identidade Social dos Assentados
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IArea de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos Area de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos
Concentração Concentração
3) Direito e a) Direito Penal e Judiciarização do MST 5) b) Concepção de Questão Ambiencal
Questão Agrária Processual formal e Desenvolvimento Assentamento Saneamenco
controle dos Movimentos Humano Em belczamcn to
Sociais (Cont.) Habicação / Agrovila
Organização da produção
b) Questão agrária e
direitos socioeconómicos c) Questões de Gênero Pais militantes
Relações afetivas
c)Prãticas sociais e Participação da mulher
exigibilidade dos direitos Mulher Trabalhadora
b) Princípios organizacivos Direção Coleciva versus presidencialismo b) História e memória do Hiscória e memória do MST por estado
do MST Vínculo com a base MST História e memória do MST por região
Disciplina Hiscória e memória do M~'T por município
Democratização da informação
c) História da Luta pela
c) Estratégia de mudanças Organização e Consciência Social Terra
organizacionais Estrutura e Cultura Organizacional
d) Estratégias de Rádios Comunitárias 7) Culrnra a) Mística do MST Mártires da luta pela terra
com unicação do MST Uso do JST Valores, projeto e símbolos da luta popular
Comunicação do MST com a sociedade
Comunicação de massa
Revista Sem Terra b) Memória dos Cultivo da memória
O MST e a internet movimentos sociais
5) a) Saúde nos Assencamentos Doenças do Trabalho d) Cultura Camponesa e Assentamento e diversidade étnica e cultural
Desenvolvimento e Acampamentos Saúde preventiva transformação
Humano Medicina altemaciva
Saúde pública e RA e) Projeto Cultural do MST Expressões artísticas
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5 Saúde maccrno-infancil 5
Religiosidade no MST g
~ "Farmácia Viva" f) Presença das igrejas nos assentamentos e
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tabelas por municípios, microrregiões, estados, macrorregiões e Brasil. o
Igualmente são elaborados gráficos e textos.
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Pretendemos manter atualizados os bancos de dados a respeito COMO FAZER UM PROJETO DE PESQUISA
dos assentamentos rurais e das ocupações de terra, bem como destacar a
participação do MST nesse processo. Desse modo, mantemos as Bernardo Mançano Fernandes
pesquisas secundárias com as instituições acima citadas, bem como
pretendemos consolidar a pesquisa primária a respeito das ocupações
realizadas pelo MST, contando com a importante participação da 1 - Introdução
secretarias estaduais. Nosso projeto é ampliar as pesquisas primárias, Este texto é dirigido aos pesquisadores iniciantes. Meu objetivo é
levantando dados das reocupações, implantação de assentamentos, contribuir com as pessoas que precisam escrever um projeto e têm
efetivação de despejos, registro de prisões, registro de assassinatos, dificuldades cm fazê-lo. Elaborei este texto a pedido da coordenação do
produção agropecuária, cooperativismo, educação, saúde, cultura, Curso de Especialização e Extensão cm Administração de Cooperativas
bibliografia, ou seja, o registro de obras científicas e culturais com -CEACOOP, que é uma realização do Instituto Técnico de Capacitação
referências com o MST e ou com a questão agrária. e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA em convênio com a
Os dados reunidos cm tabelas, gráficos, mapas e textos são Universidade de Brasília - UnB e com a Universidade de Campinas -
organizados em relatórios anuais, provendo o Centro de documentação Unicamp. São pesquisadores membros de diversos movimentos sociais:
do MST, localizado no CEDEM - Centro de Documentação e Memória Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Movimento
da UNESP, Praça da Sé, 108 - São Paulo/ SP. Alguns dados, mapas e dos Pequenos Agricultores - MPA e do Movimento dos Atingidos por
textos estão disponíveis na página do NERA: www.prudente.unesp.br/ Barragens - MAB. Também tenho utilizado este texto no Curso de
dgeo/nera Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Unesp, campus de Presidente Prudente.
Não pretendo que seja um conjunto de regras e de técnicas, mas
sim uma referência teórica para os iniciantes, de modo que é uma
contribuição na superação das dúvidas e para romper com os melindres,
que os principiantes possuem e que muitas vezes atrapalham o
desenvolvimento da experiência da elaboração do projeto de pesquisa.
Dessa forma, não são receitas, mas colocações de problemas. Esses
são princípios do texto. Pensar o projeto de pesquisa é a melhor forma
de elaborá-lo. Os modelos de projetos são importantes, mas não devem
atrapalhar a criatividade de pesquisador. Nesse sentido é fundamental
pensar o projeto de pesquisa como um todo cm movimento, cm que as
partes são interativas. Essa idéia de interação é essencial para se fazer
um projeto de pesquisa.
Desse modo, começamos desenvolvendo urna questão sobre o que
é o projeto, qual a sua forma, quais os passos que devem ser dados na
construção do projeto, bem como os tropeções que todos nós levamos
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na realização de nossas pesquisas e como pensar o projeto em suas partes.
:J.
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Espero que este texto seja úti l aos iniciantes e que contribua com essa ~l:'
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tarefa gostosa que é fazer o projeto de pesquisa. <I:
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2 - O que é um projeto de pesquisa
D A resposta a esta pergunta pode parecer óbvia mas não é. Muitas
pessoas que se iniciam na pesquisa têm dificuldades em pensar o projeto em documentos diversos, como atas, relatórios, censos, dossiês, jornais,
como um todo, conseguem imaginá-lo apenas em partes, enfrentando revistas etc. Tudo isso é metodologia.
várias dificuldades na elaboração do projeto de pesquisa. Algumas chegam Todo projeto de pesquisa tem que ter um tempo para ser realizado.
mesmo a desistir da pesquisa durante a tentativa de elaboração do projeto. Por isso, é necessário que o pesquisador defina um cronograma, em que
Por isso é importante compreender o que é um projeto de pesquisa vai estipular o tempo de duração da pesquisa.
para que o pesquisador iniciante possa elaborá-lo sem se sentir muito A última parte do projeto é a bibliografia. Nesta parte, o pesquisador
111seguro. escreve quais são as publicações que irá utilizar na realização da pesquisa.
Um projeto de pesquisa é um texto que o pesquisador escreve para Por fim vem a primeira parte que é a introdução. O caráter da
poder traçar o roteiro das atividades que irá desenvolver na realização introdução é informar o conteúdo do projeto. Portanto, a introdução é
da pesquisa. onde o pesquisador apresenta o objeto de pesquisa, as suas hipóteses e
O projeto de pesquisa é um documento porque é elaborado por um quais o resultados esperados. A introdução deve ser um resumo do projeto
pesquisador com o objetivo de compreender uma determinada questão na forma de apresentação.
da realidade e porque a pesquisa está associada a uma instituição que
tem interesses definidos. 3 - A forma do projeto de pesquisa
Nesse sentido, o projeto de pesquisa contém várias partes de acordo O projeto de pesquisa é então um texto que contém a descrição do
com os objetivos de cada instituição. Em cada parte são detalhadas as conjunto das atividades que serão desenvolvidas para compreender uma
atividades que o pesquisador vai desenvolver, bem como o porquê da determinada questão.
pesquisa, além das principais idéias que serão utilizadas para pensar a A forma do projeto tem os seguintes itens:
questão da pesquisa. Capa;
A essas id éias chamamos de referencial teórico. A questão nós 1 - Introdução;
chamamos de objeto de pesquisa. E o porquê nós chamamos de 2 -Justificativa;
justificativa. 3 - Objetivos;
Sempre realizamos uma pesquisa por alguma razão. Por isso, todo 4 - Referencial teórico;
projeto de pesquisa tem os objetivos gerais e específicos. Também todo 5 - Metodologia;
projeto precisa conter uma metodologia que será utilizada na investigação 6 - Cronograma;
do objeto. 7 - Bibliografia.
Metodologias são procedimentos, ou seja, são atividades que Como mostrado anteriormente, a introdução é a primeira parte da
realizamos com o objetivo de compreender a questão da pesquisa. Essas estrutura do projeto, mas é a última parte a ser escrita. Isso porque é
atividades são práticas e teóricas. Por exemplo: o ato de procurar os livros preciso escrever todas as outras partes, para podermos fazer um resumo
necessários para a pesquisa é fazer um levantamento bibliográfico, que apresente o projeto.
portanto uma atividade prática. O ato de ler esses livros, de refletir sobre O ponto de partida para a elaboração de um projeto é a definição
seus conteúdos e as relações que estes têm com o objeto de pesquisa é do objeto. Sem definir o objeto, não poderemos escolher a metodologia
uma reflexão, portanto uma atividade teórica. A elaboração de um nem o referencial teórico, nem saberemos quanto tempo vamos precisar
questionário ou de uma entrevista é uma atividade prática, pensar as para fazer a pesquisa.
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questões e as perguntas a partir do objeto de pesquisa e do referencial Definido o objeto, começamos a escrever parte por parte do projeto. :Ã
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teórico é uma atividade teórica. Como está apresentado acima, este exemplo de projeto tem sete partes.
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Também ao pensarmos a aplicação dos questionários e das
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Cada uma dessas partes tem um conteúdo definido. É preciso estar atento <(
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~ entrevistas e como vamos definir as categorias que serão investigadas, para não misturar os conteúdos, como por exemplo, o que é muito comum, :::;
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de acordo com os objetivos do projeto de pesquisa, estamos
desenvolvendo procedimentos metodológicos. Assim como nas pesquisas
colocar objetivos na justificativa; colocar justificativa na metodologia ou
colocar metodologia na parte dos objetivos. Pode Qarecer estranho, mas e
para o pesquisador iniciante que está se familiarizando com a experiência Assim são dados os primeiros passos, mas ainda faltam outros.
de elaborar seu projeto de pesquisa, esses erros são comuns. Faltam a justificativa, o cronograma, a bibliografia e a introdução.
Justificar significa explicar a importância do objeto. Justificar uma
4 - A elaboração do projeto de pesquisa passo a passo e pesquisa significa defendê-la, argumentando a sua importância. Nesta
tropeções parte do projeto, o pesquisador deve provar a relevância. Deve defender
Errar durante a realização do projeto de pesquisa, se confundir, ter o seu ponto de vista sobre o objeto e mostrar qual a contribuição que o
dúvidas, insegurança faz parte do processo. É comum em todas as projeto traz para a ciência, para a instituição que tem interesse pela
experiências de pesquisa. Todos passam por isso, até mesmo o orientador. pesquisa, para a sociedade em geral etc.
Por isso é importante um orientador, porque como ele já errou, pode O cronograma é um quadro onde descrevemos as atividades que
ajudar o orientado a errar menos. serão realizadas durante a realização da pesquisa, bem como o tempo de
O primeiro passo para elaborar um projeto de pesquisa é definir duração de cada uma cm todo o projeto.
um objeto. Escolhido o objeto, começamos a escrever o projeto. O passo A bibliografia é definida pelo referencial teórico, sendo que nesta
seguinte é a definição do referencial teórico. Assim, o pesquisador vai parte escrevemos os dados das obras utilizadas, bem como de todas as
procurar conhecer quais as pessoas que já pesquisaram temas outras publicações: relatórios, censos etc.
semelhantes ou temas que possuem relação com o seu objeto. Vai Por fim, vem a introdução que tem o caráter ela apresentação e de
procurar livros que possam subsidiar, contribuir com o entendimento resumo do projeto.
do objeto de pesquisa. O referencial teórico deverá ajudar o pesquisador Não é fácil realizar todo esse processo. Muitas vezes tropeçamos
a pensar quais são os conceitos principais de sua pesquisa, ou seja, as em cada um dos passos dados. Um tropeção comum é na definição do
categorias de análise. Por meio dessas idéias, o pesquisador irá analisar referencial teórico. Sem uma boa orientação, sem esforço, pode-se não
seu objeto - que é uma questão da realidade - e deverá desenvolver um realizar um levantamento bibliográfico necessário, de modo que a não
pensamento interpretativo para compreender a questão que ele se propôs realização dessa atividade pode prejudicar a execução da pesquisa. Para
estudar. Esse processo deve ser realizado junto com o orientador. a escolha do referencial teórico é preciso coerência. É preciso observar
Ao definir o referencial teórico, o pesquisador vai definindo os quais as relações filosóficas e políticas que existem entre a bibliografia e
objetivos, que devem ser bastante claros. Com o objetivo geral o o objeto de pesquisa, para não se trabalhar com um referencial que pouco
pesquisador deve esclarecer onde se quer chegar com a pesquisa. Com ajuda na compreensão do objeto.
os objetivos específicos deve descrever as diferentes possibilidades e Outro tropeção é na escolha dos procedimentos metodológicos. De
resultados que o projeto de pesquisa pode realizar. acordo com o objeto a ser pesquisado, é preciso se certificar que se optou
Só a teoria não é suficiente para se entender o objeto. A prática pelas atividades adequadas. Também se não se definir bem os objetivos,
também é importante. Portanto, é preciso definir os procedimentos pode-se tropeçar na realização da pesquisa, porque o pesquisador pode
metodológicos, ou seja, a metodologia. perder o rumo no meio da pesquisa.
Com base no raciocínio lógico, o pesquisador, junto com o seu Ao se definir o cronograma é fundamental ter a consciência que o
orientador, deverá definir quais os procedimentos metodológicos tempo definido para a pesquisa é suficiente. Caso contrário, tropeça-se
necessários para se compreender o objeto. Evidente que cada objeto irá mais uma vez ao não conseguir realizar toda a pesquisa.
exigir diferentes procedimentos. Os critérios de escolha dos procedimentos Na justificativa é necessário tomar cuidado para não repetir idéias
ou atividades serão determinados pela lógica e pelo rigor científico. que já estão contidas cm outras partes do projeto. ::li
::li 5
s Ao escrever a bibliografia, o pesquisador deve ficar atento às normas
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É importante observar que muitas vezes vamos escrevendo, ao
técnicas.
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mesmo tempo, várias partes do projeto. Quando definimos o objeto, ~
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definimos o caminho para a elaboração do projeto de pesquisa. Assim é Às vezes os tropeções podem levar o pesquisador a desistir do :::;
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o projeto. Mas cada tropeção pode ser superado com novos passos, aí vale
e preciso determinar o referencial teórico, quais os objetivos, qual a
metodologia a ser aplicada etc. a perseverança do pesqu isador e o apoio do orientador. G
Com a realização do projeto c.le pesquisa cada pesquisador traz uma
ROTEIRO DE PROJETO DE PESQUISA
importante contribuição para a compreensão da rcalic.lade. Só por isso a
pesquisa já é fundamental, bem como é valoroso o esforço de cada pessoa
que se propõe pesquisar.
Todavia, mais importante ainda é quando o pesquisador
compreende a importância da pesquisa para ajudar a transformar a Orientação para os Trabalhos de Conclusão de Curso do
realidade pesqu isada. Instituto de Educação Josué de Castro
Boa pesquisa.
Folha de Rosto
Deve conter as seguintes informações:
Sumário
• Visão geral do trabalho pela indicação de cada seção, seu título e
paginação correspondente. Devem ser apresentadas apenas as seções
\à primárias, secundárias e terciárias. :J.
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q: Introdução
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~ • Apresentação do projeto: situá-lo na agenda de pesquisa do ::>
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MST (área, linha, eixo temático) e dar uma id éia geral do que será a
pesquisa. e
Desenvolvimento do Projeto Bibliografia consultada
• Indicação dos textos lidos para a elaboração do projeto.
1. Objeto da Pesquisa
• Problema da realidade: situar o problema ou desafio específico Observação: Os itens do desenvolvimento do projeto (itens
da prática para o qual a pesquisa pretende trazer sua contribuição. numerados do roteiro) devem ser apresentados um após o outro, sem
• Questão da pesquisa: o que será mesmo o objeto da pesquisa, abrir nova página.
,
elaborado através de uma questão central, que poderá ser desdobrada
em questões específicas.
2. Justificativa
•Argumentos que respondam à pergunta: por que pretendo realizar
esta pesquisa (importância do tema, relação anterior com a questão,
condições de fazer este trabalho etc.)
3. Objetivos
• O que pretendo alcançar com a pesquisa.
• Que metas me coloco cm relação aos resultados da pesquisa.
4. Referencial Teórico
• Clarear conceitos e ou categorias teóricas básicas envolvidas no
tema escolhido e na questão formulada.
5. Metodologia
• Pesquisa de campo: abrang&ncia, localização, instrumentos,
perguntas e ou observações a fazer, coletivo ele apoio e interlocução etc.
• Pesquisa bibliográfica: tipo de bibliografia a ser consultada, como
será conseguida, previsão de possíveis obras a serem pesquisadas etc.
• Devolução dos resultados: prever como será feita.
6. Cronograma
• Definição de prazos para o desenvolvimento de cada passo previsto
na metodologia.
7. Orçamento
i
<t • Previsão de despesas e fontes de recursos para realização da ~
5
5
~
pesquisa. ~<t
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LEITURA E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
"Considerações em torno do ato de estudar"
(Extraído de Frei re, Paulo, Ação Cu ltural para a liberdade e outros escritos)8
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::; trecho lido e sua preocupação, é o caso então, de fixar-se na análise do ~
o
e
o
texto, buscando o nexo entre seu conteúdo e o objeto de estudo sobre o
G que se encontra trabalhand o. Impõe-se-lhe uma exigência: analisar o 'ºWríµ;hc l\lills -Tlu: Sociological Jmaginalion.
c) Que o estudo de um tema específico exige do estudante que se Modelos de fichas de leitura
ponha, tanto quanto possível, a par da bibliografia que se refere ao tema
ou ao objeto de sua inquietude. 1. Ficha de Leitura Bibliográfica
d) Que o ato de estudar é assumir uma relação de diálogo com o
N.º da página Referência bibliográfica completa
autor do texto, cuja mediação se encontra nos temas de que ele trata. Esta Exemplo: FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade e outros escritos. 8' ed.,
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
relação dialógica implica na percepção do condicionamento histórico-
sociológico e ideológico do autor, nem sempre o mesmo do leitor. Registrar as idéias mais importantes da obra. Ao fazer cópia exata do texto do autor, é
30 preciso colocar a idéia entre aspas: ...
e) Que o ato de estudar demanda humildade. Se o que estuda 'assume
realmente uma posição humilde, coerente com a atitude crítica, não se "Daí que, apoiada na prática dos camponeses, a pós-alfabetização nos 'ascntamientos'
deva oferecer-lhes, em níveis que se vão ampliando, um conhecimento cada vez mais
sente diminuído se encontra dificuldades, às vezes grandes, para penetrar científico de seu que fazer e de sua realidade."
na significação mais profunda do texto. Humilde e crítico, sabe que o Ao colocar a idéia com as próprias palavras deve-se manter a indicação da página, mas
texto, na razão mesma em que é um desafio, pode estar mais além de sua não é preciso colocá-la entre aspas.
capacidade de resposta. Nem sempre o texto se dá facilmente ao leitor. l>t Ao começar a anotação no meio da frase ou se não registrar todo o parágrafo o correto
Neste caso, o que deve fazer é reconhecer a necessidade de melhor é usar "..." ... "a pós-alfabetização nos 'asentamientos'... "
instrumentar-se para voltar ao texto em condições de entendê-lo. Não "Ao deixar fora da anotação uma parte da frase o correto é usar(...)"... apoiada na
adianta passar a página de um livro se sua compreensão não foi alcançada. prática dos camponeses, a pós-alfabetização (...) deva oferecer-lhes (...) um
conhecimento cada vez mais científico... "
Impõe-se, pelo contrário, a insistência na busca de seu desvelamento. A
compreensão de um texto não é algo que se recebe de presente. Exige
trabalho paciente de quem por ele se sente problematizado.
Não se mede o estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou 2. Ficha de Leitura Temática
pela quantidade de livros lidos num semestre.
Referência Eixo Temático
Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las. bibliográfica e Exemplo: Alfabetização de Jovens e Adultos.
página
Freire, Paulo. "Daí que, apoiada na prática dos camponeses, a pós-alfabetização nos 'asentamientos'
Ação Cultural deva oferecer-lhes, em níveis que se vão ampliando, um conhecimento cada vez mais
para a Liberdade científico de seu que fazer e de sua realidade." ...
e outros escritos.
8' ed, Rio de
Janeiro: Paz e
Terra, 1982, pág.
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3. Ficha de Leitura Biográfica PESQUISA DE CAMPO
Referencia Biografia de "Criando métodos de pesquisa alternativa: aprendendo a
bibliogrãfica e PAULO FREIRE fazê-la melhor através da ação" 11
p~gina (Extraído de Brandao, Carlos Rodrigues (org) Pesquisa Participante.)
Gadotti, Moacir Segundo depoimenco de sua segunda esposa, Nica, Paulo Freire aprendeu a ler com sua
(org.) Paulo mãe, escrevendo palavras com gravecos de mangueiras, à sombra delas, no chão do quintal
Freire uma de sua casa em Recife, Pernambuco.
biobibliografia.
São Paulo: Cortez
e Instituto Paulo Nesta conversa pouco sistematizada, um tanto à vontade, gostaria,
Freire, 1996, pág. quase pensando alto, de refletir sobre alguns problemas com que nos
28.
defrontamos enquanto educadores ou cientistas sociais, em nossa prática.
Problemas fundamentalmente políticos e ideológicos e não apenas
epistemológicos, pedagógicos ou das ciências sociais.
Um destes problemas com que primeiro nos confrontamos quando
nos obrigamos a conhecer uma dada realidade, seja a de uma área rural
ou a de uma área urbana, enquanto nela atuamos ou para nela atuar, é
saber em que realmente consiste a realidade concreta.
Para muitos de nós, a realidade concreta de uma certa área se reduz
a um conjunto de dados materiais ou de fatos cuja existência ou não, de
nosso ponto de vista, importa constatar. Para mim, a realidade concreta
é algo mais que fatos ou dados tomados mais ou menos em si mesmos.
Ela é todos esses fatos e todos esses dados e mais a percepção que deles
esteja tendo a população neles envolvida. Assim, a realidade concreta
se dá a mim na relação dialética entre objetividade e subjetividade. Se
me preocupa, por exemplo, numa zona rural, o problema da erosão, não
o compreenderei, profundamente, se não percebo, criticamente, a
percepção que dele estejam tendo os camponeses da zona afetada. A
minha ação técnica sobre a erosão demanda de mim a compreensão que
dela estejam tendo os camponeses da área. A minha compreensão e o
meu respeito. Fora desta compreensão e deste respeito à sabedoria
popular, à maneira como os grupos populares se compreendem em suas
relações com o seu mundo, a minha pesquisa só tem sentido se a minha
opção política é pela dominação e não pela libertação dos grupos e das
classes sociais oprimidas. Desta forma, a minha ação na pesquisa e a
dela decorrente se constituem no que venho chamando de invasão
cultural, a serviço sempre da dominação. ~
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~q:
" Exposição em inglês feica pelo autor. sem texto escrito. no Insticuco de Educação de Adulcos da ~
.....
Universidade de Dar-Es-Salaam. Tanzânia, cm 1971. O autor fez algumas alterações no cexco cra- ~
o
<luzi<lo para esta publicaçã0. Alterações. porém. que não comprometem o sentido fundamental de
~ sua exposição feita há dez anos. Tradução de: Wilma Aparecida Silva e Patrkia Sarei. CD
Se, pelo contrário, a minha opção é libertadora, se a realidade se dá da humanidade". Não cabe, por isso mesmo, nesta visão a discussão do
a mim não como algo parado, imobilizado, posto aí, mas na relação processo do trabalho em busca de uma compreensão crítica do mesmo.
dinâmica entre objetividade e subjetividade, não posso reduzir os grupos Os projetos educativos existem somente para oferecer algumas
populares a meros objetos de minha pesquisa. Simplesmente, não posso indicações necessárias para se obter uma maior eficiência na produção.
conhecer a realidade de que participam a não ser com eles como sujeitos Os trabalhadores devem transformar-se em bons produtores e o serão
também deste conhecimento que, sendo para eles, um conhecimento cão melhores quanto melhor introjetem as razões do sistema e se tornem
do conhecimento anterior (o que se dá ao nível da sua experiência dóceis aos interesses da classe dominante.
quotidiana) se torna um novo conhecimento. Se me interessa conhecer Se é incoerente que um profissional reacionário, elitista, envolva
os modos de pensar e os níveis de percepção do real dos grupos populares, os grupos populares como sujeitos da pesquisa cm corno de sua realidade,
estes grupos não podem ser meras incidências de meu estudo. Dizer contraditório também é que um profissional chamado de esquerda
que a participação direta, a ingerência dos grupos populares no processo descreia das massas populares e as come como simples objetos de seus
da pesquisa altera a "pureza" dos resultados implica na defesa da redução estudos ou de suas ações "salvadoras".
daqueles grupos a puros objetos da ação pesquisadora de que, em Se vocês lerem os escritos do Presidente Nyerere descobrirão que a
consequência, os únicos sujeitos são os pesquisadores profissionais. Na sua visão é outra. Falando, por exemplo, do significado do desenvol-
perspectiva libertadora em que me situo, pelo contrário, a pesquisa, como vimento, ele diz: " Assim como não posso desenvolver um homem, uma
ato de conhecimento, tem como sujeitos cognoscentes, de um lado, os mulher, uma pessoa, se ele ou ela não se desenvolvem, tampouco posso
pesquisadores profissionais; de outro, os grupos populares e, como objeto desenvolver uma nação sem a sua gente". É importante compreender as
a ser desvelado, a realidade concreta. implicações desta afirmação. Uma delas, que tem que ver com o caráter
Quanto mais, em uma cal forma de conceber e praticar a pesquisa, político da educação, é a ênfase que o Presidente Nycrere dá à participação
os grupos populares vão aprofundando, como sujeitos, o ato de crítica de seu Povo, como sujeico. no processo de desenvolvimento do
conhecimento de si em suas relações com a sua realidade, tanto mais País. Para Nyercre, não há desenvolvimento sem a presença curiosa e
vão podendo superar ou vão superando o conhecimento anterior cm responsável das massas populares na reconstrução da sua sociedade. Daí
seus aspectos mais ingênuos. Deste modo, fazendo pesquisa, educo e que o seu projeto educativo se oriente sempre neste sentido.
estou me educando com os grupos populares. Voltando à área para pôr Se o objetivo de vocês na Tanzânia, que vem sendo explicitado
em prática os resultados da pesquisa não estou somente educando ou nos documentos do Partido e nas obras de Nyerere, é a criação de
sendo educado: estou pesquisando outra vez. No sentido aqui descrito, uma sociedade socialista, a pesquisa aqui requer métodos
pesquisar e educar se identificam em um permanente e dinâmico participantes. O povo tem que participar na investigação como
movimento. investigador e estudioso e não como mero objeto. É possível que
Considero importante, nesta altura de nossa conversa, insistir mais certos cientistas sociais do Primeiro Mundo digam que, na medida
uma vez sobre o caráter político da atividade científica. A quem sirvo em que o povo participe em investigações cm torno de si mesmo,
com a minha ciência? Esta deve ser uma pergunta constante a ser feita estaremos estragando ou prejudicando a científicidade da pesquisa.
por todos nós. E devemos ser coerentes com a nossa opção, exprimindo É que, segundo eles, esta presença popular não permite que os
a nossa coerência na nossa prática. achados da pesquisa se apresentem cm "forma pura". O que ocorre,
Não é, por exemplo, de interesse da classe dominante, numa porém, é que, quando os mesmos cientistas sociais que faz;em estas
sociedade capitalista, que se implique o Povo como sujeito participante afirmações em torno da "pureza" dos achados estão trabalhando na
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do seu próprio desenvolvimento. Numa tal perspectiva, a pesquisa não interpretação dos resultados de suas pesquisas, não podem evitar a
~ tem por que envolver os grupos populares como sujeitos de interferência de sua subjetividade na interpretação que fazem. Como
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~ conhecimento e a formação do trabalhador vira "treinamento da mão- não podem evitá- la no momento mesmo em que "desenham" a :::;
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de-obra". Treinamento para uma maior rentabilidade <la força <le trabalho pesquisa. Em última análise, sua subjetividade interfere na "forma
G e cm cuja prática a tecnologia é vista como neutra ou a "serviço sempre pura " dos seus descobrimentos. CD
UMA SUGESTÃO PARA A TANZÂNIA Em seguida, obviamente, se teria de falar da pesquisa, de como
Baseando-me numa tal forma de conceber a pesquisa e a educação, se tem nela o ponto de partida do programa de Educação de Adultos,
refleti acerca da possibilidade de o Instituto de Educação de Adultos da do método a ser adotado, do papel participante, crítico, de todos os
Universidade de Dar-Es-Salaam tentar realizar algo nesta perspectiva, que se envolverem nela; do direito que têm os grupos populares de
com objetivos bastante claros. O Instituto poderia dedicar-se ao estudo e à manifestar-se cm torno de seus próprios problemas e de falar de como
posta em prática de um projeto de pesquisa que não somente superá-los.
proporcionasse experiências para a formulação de estratégias da pesquisa Na medida em que vá havendo uma aceitação simpática à proposta,
alternativa mas também que ensejasse a organização de um programa de cabe à equipe sugerir à liderança de cada uma das agências sociais
Educação de Adultos. A formulação de tais estratégias da pesquisa visitadas a necessidade de reuniões mais amplas, com a presença de
alternativa poderia mesmo vir a constituir-se em desafio a toda a pessoas associadas a elas. Nestas reuniões mais amplas, a interpretação
Universidade em suas preocupações atuais em torno de como relacionar- dos objetivos do Instituto e do próprio método de trabalho já pode
se com os grupos populares. começar a ser feita, pelo menos em parte, por representantes populares.
Uma equipe que se suponha ter um bom conhecimento de Dar- Na verdade, porém, cabe à equipe, nestes encontros mais amplos,
Es-Salaam escolheria uma zona urbana ou suburbana da cidade na qual explicar, pormenorizadamente, como o trabalho será realizado. Falar,
se faria a pesquisa que seria o ponto de partida do Programa de Educação por exemplo, da necessidade da constituição de grupos de 20 a 30 pessoas
de Adultos. que se reuniriam, uma ou duas vezes por semana, no melhor horário
Em primeiro lugar, a equipe deveria informar-se sobre a existência para estes grupos, em diferentes salas das próprias agências sociais antes
ou não de estudos já realizados em torno da zona escolhida. É possível visitadas ou não. Grupos de pessoas que estariam juntas para discutir
que alguma pesquisa já tenha sido feita, cujos resultados devem ser livremente em torno dos problemas considerados como funda mentais
estudados pela equipe, não importa o método que tenha sido adotado. pela própria população. A estes grupos se juntariam representantes da
Em segundo lugar, impõe-se uma delimitação da área na qual se equipe pesquisadora, cuja "voz", porém, jamais poderia ser "superior"
faria a pesquisa, reconhecendo-se, naturalmente, que não há fronteiras à "voz" dos grupos populares.
rígidas em se tratando de cultura. Os debates em cada grupo, em torno de uma problemática sentida
Delimitada a área, a equipe faria as suas primeiras visitas infor- - como disse antes - pela população como fundamental, seriam gravados
mais, anotando tudo que lhe chamasse a atenção, conversando com uns, para mais facilmente poder ser consultados. Cada grupo elegeria um
com outros. Fundamental, nestas visitas exploratórias, seria a coordenador ou coordenadora e, no processo de seu trabalho, um relator.
identificação de organismos populares ou oficiais como clubes de futebol, Este faria a síntese das posições de seu grupo em face da problemática
escolas públicas, clubes de dança, cooperativas etc. debatida quando das reuniões finais, no momento em que todos os grupos
Em certo momento de amadurecimento deste processo de juntos discutiriam os seus achados.
aproximação ou de intimidade da equipe com a população da área, se Estas discussões últimas proporcionariam aos pesquisadores
começaria a fazer visitas às lideranças responsáveis pelos organismos profissionais e aos grupos populares - pesquisadores também - a
antes referidos. Nestas vi si tas a conversação deveria ser franca, sem elaboração de um documento final que, por sua vez, viria a ser de
provocar nenhuma dúvida nas pessoas visitadas quanto aos objetivos importância fundamental para a organização do conteúdo programático
do Instituto. A equipe simplesmente diria: "Trabalhamos no Instituto do Projeto de Educação de Adultos.
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de Educação de Adultos da Universidade de Dar-Es-Salaam e viemos :;;
5 aqui para, num primeiro momento, conversar com vocês sobre a A PRÓXIMA ETAPA 5
A ETAPA FINAL
A etapa final deste projeto hipotético seria a da organização de um
pré-programa de Educação de Adultos a ser elaborado a partir das análises
da realidade realizadas pelos grupos populares numa das fases primeiras
da pesquisa e dos estudos do discurso popular. A elaboração deste pré-
programa contaria igualmente com a participação necessária dos
representantes dos grupos populares. Ordenadas as unidades e sub-
unidades do pré-programa, a equipe pesquisadora que, nesta altura, já
incorporaria naturalmente os representantes populares, voltaria à área
popular. Novos encontros se fariam com os antigos grupos que debateram
os temas considerados fundamentais pela população. Nestes novos
encontros, seria discutido o pré-programa em suas unidades e
subunidades. Se transformado cm programa pela decisão dos grupos
populares, suas unidades e subunidades passariam a constituir-se em
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~ objetos de conhecimento a ser desvelados na prática educativa a ser 5
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<( desenvolvida. Esta, por sua vez, se alongaria mais adiante em nova ~
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:::;; pesquisa, na continuidade dinâmica entre pesquisa e educação, que exige t;;
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3. Jeito de conseguir as informações com as pessoas
G • Gentileza: não é obrigação de ninguém responder nossas perguntas.
ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA Na parte inferior da folha (centralizado e com letras minúsculas)
• Município onde se localiza o Instituto
• Mês e Ano da entrega da monografia
3. Dedicatória (opcional)
Orientações para os Trabalhos de Conclusão de Curso do • Caso o autor deseje pode dedicar o seu trabalho a alguém ou
Instituto de Educação Josué de Castro homenagear uma pessoa ou grupo. Algo de duas ou três linhas.
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com títulos referentes ao tema. Mas esta divisão não pode ser
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Na metade da parte inferior da folha (centralizado) mecânica; os subtítulos precisam ser portadores de sentido, <(
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:::; • Nome do educando/ da educanda (com letras maiúsculas) (Severino, 2000, p. 83) e expressar a lógica de raciocínio do autor. 'í
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• Orientador/a: Nome completo (pode ser em letras minúsculas) O importante é q ue a estrutura do texto dê segurança a q uem
e escreve c clareza a quem lê. e
9. Conclusão Desenvolvimento ou corpo do trabalho
• Retomada em síntese de quais foram os principais resultados da Pensar como será a subdivisão do trabalho e sobre o que escreverá
pesquisa. É importante também apontar questionamentos que em cada parte. Fazer anotações das principais constatações da pesquisa,
ainda ficam, e quais os possíveis desdobramentos do trabalho, no da análise que consegue fazer sobre as questões pesquisadas, juntando
sentido do que poderia ser feito com ele ou a partir dele. os resultados da pesquisa de campo e bibliográfica. Pensar como serão
aproveitadas as entrevistas e os registros do diário de campo, como
10. Bibliografia consultada poderiam entrar em cada um dos capítulos previstos etc.
• Indicação de livros, revistas, cadernos ou outros documentos que
foram consu ltados para fazer este trabalho. Conclusão
Anotar o que já consegue visualizar como principais descobertas da
11. Anexos (se houver) pesquisa. Recapitular sistematicamente os resultados e ir fazendo a
• Algum material que se for anexado facilitará a compreensão da síntese do trabalho (conclusão), um balanço do processo de pesquisa
análise feita. desenvolvido e do resultado social do trabalho.
e
o da obra, a indicação de série, coleção, caderno, a ind icação de
e volume, tomo, fascículo, a periodicidade.
mos ver: Furastt!, Pedro Augusto. Normas Tlmirt1.r para o Trabalho Cie111fjico. Kxpliritacõo tias 11onnas
da ,.\llNT (A referência completa aparece no final desce Caderno.)
2. As citações livres (também chamadas de paráfrases) são feitas ao algarismos arábicos em seqüência única até o final do trabalho.
longo do próprio texto, sem destaques, apenas com indicação da 5. As notas de rodapé são hoje as mais utilizadas, especialmente se o
referência bibliográfica, resumida ao final de cada idéia. Assim: trabalho for feito cm computador, dada a facilidade de usar este
(Freire, 1982, p. 67) Em caso de ser uma síntese de trecho mais comando e também por tornarem a leitura mais agradável. Quando
longo do texto, ou que englobe mais de uma página, não há apresentadas no rodapé, as notas devem estar separadas do texto
necessidade de indicar a página: (Freire, 1982) A referência por um traço de aproximadamente um terço da largura útil da página,
completa da obra deve constar na parte do trabalho intitulada a partir da margem esquerda, o que corresponde a 20 toques (Sem),
"Bibliografia Consultada". além de se limitarem ao mínimo necessário. Deve iniciar com a
3. As citações textuais, aquelas onde se transcrevem exatamente as chamada com pequena entrada de parágrafo e escrita com espaço
palavras do autor citado, podem ser breves ou longas. São simples. Recomenda-se que a letra da nota seja um ou dois pontos
consideradas breves aquelas que não ultrapassam três linhas (mais menor que a utilizada no corpo do texto. Se a nota for de referência
ou menos). Estas citações podem integrar o texto, não precisando bibliográfica deve-se seguir as mesmas normas indicadas antes.
de reentradas, mas podendo ter o destaque da letra itálica, por 6. Notas no final do capítulo: são usadas cm caso do autor não preferir
exemplo. As frases são colocadas entre aspas, seguidas da referência as de rodapé e em trabalhos mais longos, para que não fiquem muitas
bibliográfica resumida, como na indicação do item anterior. notas no final do trabalho. São colocadas imediatamente após o
4. As citações textuais longas, ou seja, de mais de três ou quatro linhas término do capítulo, numa página nova, com o título "Notas",
devem receber um destaque especial, com reentrada de 4 cm ou centralizado e a 8cm da borda superior.
16 coques da margem, mais 5 toques para o início do parágrafo. A 7. Notas no final do trabalho: mais apropriadas para trabalhos feitos
distância entre as linhas deve ser de um espaço simples. Entre o com máquina de escrever. Seguem as mesmas orientações das notas
texto da citação e o restante do trabalho deve-se deixar duas linhas, de final de capítulo, só que colocadas imediatamente após o término
antes e depois. Também devem ser feitas entre aspas e podem ter de todo o trabalho.
o destaque do itálico. A referência bibliográfica segue a orientação
anterior. Em caso do nome do autor já ter sido dito no enunciado
da idéia, pode ser ainda mais resumida: (1982, p. 67).
Notas
1. Notas são observações, esclarecimentos ou informações que
queremos incluir no trabalho, mas não no corpo do texto porque
prejudicariam a seqüência lógica do seu desenvolvimento.
2. Existem dois tipos de Notas: (a) Bibliográficas, quando servem para
indicação da fonte de uma citação feita; (b) explicativas, quando
apresentam observações, acréscimos ou comentários
complementares a uma afirmação feita no texto, ou então remetem
o leitor a outras partes do trabalho.
3. A localização das notas pode variar a critério do autor do texto,
~
~
s podendo aparecer nas seguintes formas: (a) em rodapé, (b) no final
~ de cada capítulo, e (e) no final do trabalho. <
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.... 4. A chamada para as Notas pode ser feita de duas maneiras: (a) por t;;
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,._ um rodízio. ~
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o • O ed ucando responde à banca (defesa propriamente dita) num
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Julho de 2000
tempo máximo de 20 minutos. CD
• Os demais presentes também podem formular questões, usando BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
um tempo máximo de 5 minutos.
• O educando responde às questões da plenária num tempo máximo BRANDÃO, Carlos Rodrigues (org). Pesquisa Participante. 8a ed. São
de t 5 minutos. Paulo: Brasiliense, 1999.
• A banca pode requerer um tempo final para esclarecimentos, sempre FREIRE, Paulo. Ação culturalpara a liberdade e outros escritos. 8a ed. Rio
que julgar importante para o processo pedagógico do conjunto dos de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
participantes da sessão. FL' RASTÉ, Pedro Augusta. Normas técnicas para o Trabalho Científico.
• O coordenador declara encerrada a sessão combinando com os E.\pliritação das normas da ABNT. 10a cd. revisada, Porto Alegre: s.n.,
presentes um intervalo de 10 a 15 minutos . 2001.
• Ourante este intervalo a banca conclui seu processo de avaliação, SE\'ERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21a
devendo chegar a um parecer final único que deve ser regisuado ed. rcv. e ampliada, São Paulo: Cortez, 2000.
na ficha correspondente.
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