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Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária

ITERRA

O MST E A PESQUISA
Sumário

APRESENTAÇÃO 5

O MST E A PESQUISA 7

AGENDA DE PESQUISA DO MST ........... 19

DATA LUTA 25

COMO FAZER UM PROJETO DE PESQUISA 27

ROTEIRO DE PROJETO DE PESQUISA 33


Orientação para os Trabalhos de Conclusão de
Curso do Instituto de Educação Josué de Castro 33

Produção: Instituto Técn ico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA


Organização: Articu lação de Pesquisadores do MST e Coletivo Político Pedagógico LEITURA E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 37
do Instituto de Educação Josué de Castro
Cons iderações em torno do ato de estudar -
Projeto gráfico, diagramação e capa: Zap Design
Ilustração da capa: Sérgio Ferro texto de Paul o Freire 37
Modelos de F ichas de Leitura: ...................................................................... 41
Todos os direitos reservados ao !TERRA

1ª edição: outubro 2001 PESQUISA DE CAMPO


ITERRA Criando métodos de pesquisa alternativa - texto de Paulo Freire ............ 43
Rua Dr. José Montauri, 181 Dicas sobre procedimentos c m uma pesquisa de campo 50
Cx. Postal 134 - CEP 95 330 - 000
Veranópolis - RS
Fone I fax: (54) 441 17 55
Correio eletrônico: ejcastro@matrix.com.br
ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA 52 Apresentação
Orientações para os Trabalhos de Conclusão de Curso do
Instituto de Educação Josué de Castro 52 O investimento na Educação e na Pesquisa tem sido uma
Plano Provisório do Trabalho 54 importante frente no processo de consolidação e de resistência de nossa
Dicas ou cuidados de redação 55 organização. Por essa razão é que estamos publicando esse número dos
Cadernos do !TERRA. Em seu conteúdo apresentamos um resumo de
NORMAS TÉCNICAS PARA APRESENTAÇAO nossas experiências com a pesquisa. Na última década realizamos um
DOS TRABALHOS
conjunto de atividades que nos proporcionou uma ampla visão do
57
processo de pesquisa dentro e fora do MST Podemos afirmar, com
Normas gerais 57
segu rança, que temos um conjunto de referências temáticas
Normas técnicas para Referê ncia bibliográfica 58
representativas dos desafios que o MST vive na luta pela terra. E como
Normas técnicas para Citações e Notas 59 sempre ocorreu com o nosso Movimento, não podemos esperar por
Modelo de Folha de Rosto 62 soluções, temos que nos desafiar para compreender as questões e procurar
superar os problemas que estamos enfren tando.
BANCAS DE DEFESA PÚBLICA 63 É muito provável, que grande parte dos leitores dessa publicação não
Passos trabalhados nos cursos do Instituto tenham conhecimento das experiências com pesquisas que os Sem Terra
vêm realizando. Essa é uma realidade nova e cm expansão. Assim, são muitos
de Educação Josué de Castro 63
os jovens Sem Terra que estão estudando e se envolvendo com a experiência
da pesquisa. Mas, ao mesmo tempo, há um número muito maior de jovens
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 65
que não têm acesso à ed ucação. Essa realidade multiplica nossa
responsabilidade pois, ao mesmo tempo em que estudamos, temos que
procurar construir condições para transformar essa realidade.
Portanto, a pesquisa aqui é compreendida como compromisso de
transformação. É com esse entendimento que estamos construindo a
/\rticulação dos P esquisadores do MST, como pode ser observado no
primeiro texto deste Caderno, elaborado pe lo nosso companheiro
Bernardo Mançano Fernandes e denominado de "O MST e a Pesquisa" .
Pretendemos que esta publicação seja uma referência, um ponto de
partida e de retorno para nossos pesquisadores iniciantes conhecerem a
história da pesquisa no MST e para melhor ajudarem a construí-la.
Já demos os primeiros passos ao elaborarmos a /\genda de Pesquisa
do MST, corno pode ser analisada na seqüência do Caderno. /\í temos
uma visão inicial e ampla dos diversos temas que podemos estudar na
perspectiva de compreendermos nossas realidades e procurar fo rmas de
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transformação. A pesquisa, desse ponto de vista, também é uma luta, s
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porque não estudamos apenas para termos títulos ou cumprir com um Q.
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ritual técnico, como quase sempre acontece com os acadêmicos. Mas, ~
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estudamos e pesquisamos para nos entranhar na realidade, compreendê-
la, ousar e lutar para que as nossas vidas sejam mais dignas. e
Toda essa nossa pretensão exige muitos sacrifícios. Principalmente O MST E A PESQUISA 1
para uma população que tem que multiplicar sua luta para chegar até a
Bernardo Mançano Fernandes
universidade. O essencial é que cheguem, saiam e construam caminhos
para que outros continuem esse processo, que qualifica a vida.
Também neste Caderno apresentamos um pequeno texto que "Os filósofos se limitaram a interpretar o
pretende contribuir com os pesquisadores iniciantes na elaboração de mundo de diferentes maneiras;
seus projetos. Não é uma receita, mas serve como referência para quem o que importa é transformá-lo". Karl Marx
se vê pela primeira vez diante do desafio de escrever um projeto de
pesquisa. Esperamos que contribua para com aqueles que começam a
se dedicar na construção de seus projetos. Também estamos
Introdução
disponibilizando dois textos do educador Paulo Freire para que sirvam
Nosso objetivo com este texto é proporcionar uma reflexão a
de apoio às nossas reflexões sobre a pesquisa bibliográfica e a de campo,
respeito da pesquisa do e no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
nesta perspectiva que defendemos de combinar pesquisa com ação.
Terra - MST. Nesse sentido, procuramos organizar as idéias por partes
Seguem depois alguns roteiros e orientações gerais para a realização
relevantes de acordo com as nossas preocupações. Conforme está
das pesquisas e a elaboração de trabalhos de conclusão de curso c ou de
explícito na epígrafe, a pesquisa tem para o MST o sentido da
monografias. Aproveitamos aqui a experiência construída através dos
transformação. Por essa razão, esse princípio deve estar presente em
cursos do Instituto de Educação Josué de Castro, do ITERRA.
nossos projetos de pesquisa.
Pesquisa é condição fundamental para as organizações que prezam
Este texto é de interesse tanto dos pesquisadores membros do MST,
pela autonomia política. Ela nos permite construir uma leitura própria das
quanto dos pesquisadores que estudam ou pretendem estudar o MST.
realidades e traçar planos c programas que dirijam nossa caminhada para
Pretendemos que seja uma referência para conhecer melhor as
o futuro. Por isso, não devemos nunca acreditar que a pesquisa é coisa
experiências com a pesquisa de um movimento, onde seus membros
somente dos acadêmicos. Ao contrário, a pesquisa científica é condição
atuam em diversas dimensões da realidade.
política para todos que querem ser sujeitos de sua história.
Para iniciarmos essa reflexão, primeiro escrevemos um pequeno
Assim, o Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma
histórico do início das discussões a respeito da pesquisa no MST. Depois
Agrária, ao publicar mais este número dos Cadernos do ITERRA, propõe
discutimos brevemente nossas práticas e nossa compreensão a respeito
continuar essa trajetória de construir sempre novas experiências, nas
da pesquisa. Em seguida, enfatizamos a importância dos setores de
q uais as pessoas trabalham socializando-se e crescendo como ser humano
atividades na realização dos trabalhos. Destacamos as nossas áreas de
e como militante das causas do povo.
concentração, referência primeira para a elaboração de projetos, bem
como nossa preocupação com as questões teóricas e metodológicas. Por
A11iculação de Pesquisadores do MSTe Coletivo Político Pedag6gico do
fim, reforçamos nossos desafios e compromissos, assim como a
Instituto de Educação Josué de Castro
necessidade da ousadia, e apresentamos algumas indicações para a
Outubro de 2001.
escolha de temas de pesquisa.
Sabemos que fazer pesquisa com as condições que nos defrontamos
é um grande desafio. A escassez dos recursos básicos para a realização das
:;; pesquisas faz com que tenhamos que nos desdobrar e usar intensamente :;;
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da criatividade para efetivarmos nossos projetos. Mas o compromisso que Q.
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' Para a elaboração <leste texto foram fundamentais as comribuiçõcs dos membros cio Setor de
Educação e <la Articulação d os Pt:squ isaclores do MST o
temos com a realidade que construímos nos permite ousar e, em certa representantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da
medida, superar as dificuldades. Essa é uma discussão importante que Universidade Federal de Pelotas.
apresentamos nas partes finais do texto. Aprendemos na luta pela terra e Este encontro é nossa referência para registrarmos o início das
pela vida que as conquistas só são possíveis com dedicação e persistência. discussões para pensar o sentido e o significado da pesquisa para os
Desse modo, esperamos que esse texto seja uma contribuição para movimentos populares e, especialmente, para o MST. Desde então, pela
aprofundarmos nossas idéias a respeito da pesquisa do e no MST. territorialização e desenvolvimento do Movimento com a criação e
ampliação dos setores de atividades, do Instituto Técnico de Capacitação
4
1 - O princípio da caminhada e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA e das parcerias com diversas
Pela própria lógica dos princípios da organização do MST, a pesquisa universidades, os estudos e as pesquisas tornaram-se práticas cotidianas.
é essencial. Para um movimento social que causa expressivos impactos Com a preocupação de qualificar mais as pesquisas realizadas por
socioterritoriais com as ocupações de terra, com os acampamentos e membros do Movimento em seus processos de formação, considerando
transforma latifúndios em assentamentos, num processo contínuo de desde os trabalhos de conclusão de curso no Ensino Médio às monografias
ressocialização, pesquisar é fundamental para compreender as novas de graduação, começou-se a pensar na possibilidade de articular os
realidades criadas na luta e na resistência. Por meio da pesquisa, o pesquisadores que estudam o MST, bem como discutir os temas
Movimento procura entender melhor as transformações que causa com pertinentes à questão agrária para um trabalho conjunto, com o objetivo
suas ações, contribuindo com a construção de uma sociedade justa e de atender as demandas apresentadas pelas instâncias e pelos setores
igualitária. do Movimento.
Educação, pesquisa e tecnologia estão estritamente ligadas. Por Em 1997, na proposição para a criação da Articulação dos
essa razão, desde a criação dos setores de atividades, como por exemplo Pesquisadores do MST, foi elaborada uma minuta que continha corno
o Setor de Educação e do Sistema Cooperativista dos Assentados, o MST objetivos: a qualificação e a potencialização de pesquisas voltadas para o
começou a realizar as primeiras discussões a respeito da pesquisa. Desse desenvolvimento social no meio rural; articular pesquisadores de
modo, em setembro de 1993, o Movimento participou de um seminário universidades interessados em desenvolver projetos vinculados às
promovido pelo Departamento de Ensino Superior da Fundação de demandas do MST.
Desenvolvimento, Educação e Pesquisa da Região Celeiro - FUNDEP, Em outubro de 1998, em São Paulo foi realizado um primeiro
em Três Passos - RS. encontro para a Articulação dos Pesquisadores do MST. Participaram
Nesse seminário, debateu-se a respeito da questão A Pesquisa do pesquisadores e representantes dos setores de atividades, das instâncias
Ponto de Vista dos Movimentos Populare/. Entre os diversos ternas do Movimento e de universidades que constituíram uma comissão
analisados, discutiu-se a importância dos projetos de pesquisa e o executiva. Foram apresentados os projetos de pesquisa cm
processo de construção do conhecimento científico, a partir das ações e desenvolvimento, bem como as demandas. Também foi elaborada a
dos saberes criados pelos movimentos populares, assim como as primeira versão da Agenda de Pesquisa do MST. Na criação dessa
perspectivas de elaboração de projetos de intervenção para transformação Agenda, objetivou-se a manutenção de um quadro de referências
da realidade e o compromisso dos pesquisadores com as populações temáticas para pesquisa, de acordo com a demanda do Movimento. Em
estudadas. Participaram do evento, o MST, o Movimento de Mulheres abril de 1999 foi realizada uma reunião da comissão executiva que
Trabalhadoras Rurais do Rio Grande do Sul - MMTR-RS, a Comissão deliberou pela criação de uma publicação 5 para intercâmbio e divulgação
Regional dos Atingidos pelas Barragens - CRAB 3 , o Setor de Formação das pesquisas realizadas.
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~~ do Departamento Rural da Central Única dos Trabalhadores - CUT, e ~


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t;; ' Localizado no município de Veranópolis - RS. ::;
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o 'A respeito, ver F\JNDEP, 1993a.


'Essa Comissão foi uma organização precursora do l\lovimenco dos Acingidos por Barragens- MAB.
Depois de v;írias proposcas analisadas, deliberou-se pela criação da publicação Cadernos do
!TERRA.
Em nova reunião, realizada em maio de 2000, decidiu-se pela criação podem ser elaborados projetos, conforme os objetivos e os interesses em
de uma rede de pesquisadores para o cadastramento e mapeamento de compreender as questões das realidades a serem estudadas.
projetos de pesquisa e extensão, bem como para incentivar maior Os principais núcleos de pesquisa do MST, hoje, são:
aproximação dos pesquisadores das universidades com os pesquisadores •o Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária
do Movimento. Também foi proposta a realização de um evento amplo - ITERRA, que é mantenedora do Instituto de Educação Josué de
com esses pesquisadores e com membros do Movimento para debater Casrro, onde são desenvolvidos os cursos: Técnico em Administração
as questões referentes à pesquisa do e no MST. Nesse sentido, há um de Cooperativas - TAC; Técnico em Saúde e o Curso Normal de Nível
grande empenho para a efetivação dessas propostas, com a pretensão de Médio. Também são oferecidos cursos supletivos para a população de
fortalecer as relações, procurando atender às demandas das famílias Sem Veranópolis;
Terra nas suas diversas dimensões. • os cursos de Magistério oferecidos, também, em outros estados,
por meio de convênio com a Universidade Federal da Paraíba,
2 - A pesquisa do MST Universidade Federal de Sergipe e Secretaria de Estado de Educação
Cada instituição tem objetivos e interesses para realização de de Mato Grosso do Sul;
projetos de pesquisa. É assim com as universidades, com o governo, •os Cursos de Pedagogia da Terra, convênios com a Universidade
com as igrejas e com as empresas. Da mesma forma, o MST tem de Ijuí (RS), Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade do
interesses e objetivos definidos para os projeros de pesquisas, que Estado de Mato Grosso e Universidade Federal do Pará;
implicam em tentar compreender as realidades que os Sem Terra estão • os Cursos de Especialização e Extensão em Administração de
construindo, bem como as formas de participação sociopolítica e Cooperativas - Ceacoop, convênios entre a Universidade de Campinas,
econômica. a Universidade de Brasília e a Confederação das Cooperativas de
Desse modo, é importante destacar que as pesquisas realizadas por Reforma Agrária do Brasil - Concrab;
membros do MST possuem um caráter interativo com outras instituições • o Coletivo de Gênero, o Setor de Educação entre outros setores
públicas. Na maior parte das vezes, os projetos são desenvolvidos em do Movimento;
sistemas de parcerias, de modo que os objetivos e interesses se • o Centro de Documentação do MST, convênio com o Centro de
6
complementam na perspectiva do desenvolvimento humano, voltados Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista - Unesp,
para a realidade das lutas pela terra e pela reforma agrária. apresenta-se também como espaço fomentador de pesquisas, tanto pelo
Neste sentido, é fundamental enfatizar a atitude do pesquisador seu acervo como pela necessidade constante de atualização . O
com relação aos princípios e às necessidades de quem tem o compromisso DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela Terra é um importante
de procurar compreender a realidade para tentar transformá-la. Assim, a espaço de pesquisa que envolve as secretarias e os setores, resultando
realidade e a teoria são pontos de partida e de retorno constantes. Essa numa expressiva equipe de pesquisa.
via de mão dupla tem como significado fazer ciência sem se distanciar Na maior parte dos cursos e atividades desenvolvidas nessas
do real. Esses procedimentos legitimam as ações dos pesquisadores que, instituições, a realização de projetos de pesquisa é obrigatória, nos outros
com base em conhecimentos científicos, podem elaborar propostas para é sempre fomentada e valorizada. Essas iniciativas são fundamentais
políticas públicas e ou políticas internas voltadas para as questões para a compreensão da realidade e desenvolvimento dos assentamentos
estudadas. e da luta. É fundamental lembrar que essas pesquisas também estão
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Os projetos de pesquisas desenvolvidos pelos pesquisadores do MST inseridas na idéia de construção de um projeto popular para o Brasil. :Ji
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têm como referência a Agenda de Pesquisa elaborada pela Articulação Esse é um princípio que rege nossa visão de mundo: a pesquisa para
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<( dos Pesquisadores, desde 1998, que está na sua 4" versão (ver na seqüência transformar a realidade.
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~ deste Caderno). Essa agenda reúne as principais áreas do conhecimento, ~
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de acordo com as experiências e a forma de organização do Movimento,
e propõe linhas de pesq~ e diversos eixos temáticos, a partir dos Cll.lais • (www.cedem.unçsn.brL m
3 -A pesquisa no MST melhor planejada. Por meio dessas experiências está sendo criada uma
As famílias Sem Terra e todos os processos que elas desenvolvem cultura da pesquisa no interior do Movimento.
são estudados pelos pesquisadores das mais diversas áreas do A realização das pesquisas qualifica os setores porque as pessoas
conhecimento. Na maior parte das vezes, essas famílias são tratadas precisam se capacitar para atuar com mais intensidade nas áreas cm que
somente como objetos de pesquisa. Considerando apenas as realidades trabalham. Precisam estudar mais para que os setores se desenvolvam.
dessa população e a importância que as pesquisas possuem para Sem pesquisa qualquer setor de atividade torna-se capenga ou
contribuir com as diferentes dimensões do desenvolvimento humano, é dependente, porque não terá uma base de pensamento que alimente as
fundamental que os pesquisadores dêem retorno de suas pesquisas para suas leituras da realidade ou dependerá da leitura que o "outro" fará das
o assentamento e ou acampamento pesquisados, bem como aos setores suas atividades.
de atividades. Entre as principais preocupações dos setores de atividades, estão
Muitos pesquisadores constroem suas monografias, dissertações, os estudos para conhecer melhor e transformar a realidade com maior
teses, relatórios e outros documentos a respeito dos Sem Terra e num intensidade, para inclusive ampliar sua área de atuação nos
ato descomprometido ignoram os sujeitos da pesquisa. Essa postura assentamentos e acampamentos. Há uma perspectiva de crescimento
representa a falta de ética profissional e, em muitos casos, deixa de ter dos projetos de pesquisa através dos cursos resultados de convênios com
uma contribuição ainda maior para os trabalhadores. A superação desse as universidades. Nesse sentido, essa é uma demanda constante,
modo de fazer pesquisa deve ser uma preocupação dos pesquisadores, considerando os esforços para que os jovens Sem Terra tenham acesso
desde a elaboração de seus projetos até a sua execução e finalização. ao Ensino Médio e ao Ensino Superior.
Debater com o Movimento é sinal de respeito e consideração.
Outra questão importante é a generalização dos resultados. O MST 5 -·As linhas de pesquisa
é uma organização ampla que atua em diversas frentes de lura com uma Para contribuir com o desenvolvimento dos projetos de pesquisa
diversidade enorme de ações, de acordo com as diferentes conjunturas no e do Movimento foi elaborada uma relação de tem as que
sociopolíticas. Ao se generalizar os resultados de uma determinada denominamos de Agenda de Pesquisa do MST. É importante lembrar
pesquisa, os pesquisadores poderão cometer o erro de falsear a realidade. que essa relação representa um conjunto de proposições levantadas a
Ao se fazer uma pesquisa de estudo de caso, deve-se respeitar a escala partir das demandas dos setores de atividades. Outros temas podem ser
da pesquisa e não generalizar o resultado para todas as realidades dos propostos de acordo com os objetivos e interesses dos pesquisadores e
Sem Terra. das instituições envolvidas. Enfatizamos que o conteúdo da Agenda de
Pesquisa do MST é fruto de um processo de construção coletiva em
4 - Os setores de atividades e as pesquisas que foram levantadas as questões pertinentes às realidades do
Por sua forma de organização, preocupações e objetivos, os setores Movimento.
de atividades são importantes espaços geradores de pesquisas e de Conforme a Agenda, temos sete grandes áreas de concentração,
formação dos pesquisadores, ao mesmo tempo em que atuam nas quais estão contidas as principais linhas de pesquisa, bem como os
diretamente com a realidade. Por essa razão, é importante que os eixos temáticos. As grandes áreas são:
pesquisadores também desenvolvam projetos de pesquisas aplicadas, 1 - Educação e Formação;
ou seja, que possibilitem sempre novas leituras para transformações 2 - Estratégias de Construção do Sistema Cooperativista dos
rápidas. Evidente que esta é uma opção, isto não significa que não se Assentados - SCA; :Ji
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deva desenvolver pesquisas teóricas. 3 - Direito e Questão Agrária;
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<( Há um potencial enorme de realização de projetos de pesquisa por 4 - Organicidade do MST; <(
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t;; meio dos setores que ainda não foi explorado. As primeiras experiências
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::;: 5 - Desenvolvimento Humano; ~


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são recentes e servem como referencial para a ampliação dos 6 - História e Geografia Camponesa;
G conhecimentos. Essa é uma realidade que ainda precisa ser estudada e 7 -Cultura.
As dimensões dessas áreas são extensas, o que possibilita ao mesmo Nesse sentido, precisamos construir novas idéias, novos temas de
tempo a amplitude do projeto de acordo com as realidades regionais do pesquisas que contribuam para o acompanhamento e compreensão dos
país e o direcionamento dos objetivos cm torno das preocupações e desafios que enfrentamos. É importante lembrar que a Agenda é sempre
necessidades dos Sem Terra. uma versão parcial, nunca é definitiva. A Agenda está em movimento
Para compreender melhor a forma como está estruturada a agenda, porque novos eixos temáticos, novas linhas de pesquisa e, portanto, novas
sugerimos ao leitor que a consulte na seqüência deste Caderno. Todavia, áreas de concentração deverão ser criadas enquanto outros podem deixar
antes, são necessários alguns esclarecimentos a respeito do significado de ser necessários. A Agenda é somente uma forma de organizar as
de cada termo utilizado para denominar as partes da agenda de pesquisa. pesqmsas.
Nosso objetivo ao elaborar a agenda de pesquisa foi proporcionar
aos pesquisadores um referencial temático desde o geral até o particular. 6 - As questões teóricas e metodológicas
Assim organizamos as áreas que contêm as linhas, que por sua vez Definir as questões teóricas e metodológicas no campo da pesquisa
incluem os eixos temáticos, de onde são propostos os projetos. é condição fundamental para qualquer instituição. Nesse sentido, os
As áreas de concentração delimitam a extensão máxima das pesquisadores do MST devem se preocupar com a relevância dessas
questões que interessam ao MST. Observe que as áreas estão questões. Não se pode ignorar que a Ciência é política e a definição das
organizadas por meio de uma divisão setorial e por área do correntes teóricas é condição fundamental para a qualidade dos nossos
conhecimento: Educação; Cooperação; Direito, Desenvolvimento, trabalhos. Igualmente, o rigor metodológico é um modo de preservarmos
História, Geografia, Cultura. São referenciais abertos que precisamos esta qualidade. Sem esses dois elementos, qualquer projeto de pesquisa
pesquisar em todas as suas dimensões e interações possíveis através perde toda a sua potencialidade de oferecer leituras da realidade para
das linhas de pesquisas. Estas, por sua vez, são questões que transformá-la.
representam as diversas realidades e experiências que os Sem Terra J\s questões teóricas referem-se aos autores que utilizamos como
estão construindo. As linhas de pesquisa são amplas e dividem-se em referências para construir nossa compreensão a respeito dos temas que
e ixos temáticos. Estes são conjuntos de temas de pesquisas escolhidos nos propomos estudar. É por meio das correntes teóricas, ou seja, da
a partir de cada linha e de cada área. leitura de diferentes obras, que elaboramos nossos pensamentos acerca
Portanto, ao se pensar cm um projeto de pesquisa temos como da questão estudada. Desse modo, é preciso que haja coerência com
preocupação um tema ou uma questão, que também chamamos de objeto relação às correntes de pensamento. Essa é uma condição fundamental
de pesquisa. De acordo com a questão escolhida, o pesquisador elaborará para a realização da análise crítica do problema pesquisado.
o seu projeto e deverá observar a que eixo seu tema se refere, qual a J\.s questões metodológicas referem-se aos procedimentos que
linha de pesquisa e sua respectiva área de concentração. precisamos utilizar na execução da pesquisa. Esses procedimentos
Desse modo, todo projeto de pesquisa tem como ponto de partida compreendem parâmetros, técnicas e instrumentos. Os parâmetros são
uma questão ou um tema. Assim, o projeto está relacionado a um ou definidos de acordo com os objetivos do projeto e podem ser
mais eixos temáticos. Da mesma forma, estará inserido cm uma linha de compreendidos por amostras, seqüências etc .. Do mesmo modo, as
pesquisa e sua(s) área(s) de concentração. De acordo com a extensão do técnicas são compreendidas pela realização de entrevistas, aplicação de
tema, o projeto também poderá ter correspondência com mais de uma questionários, pesquisa documental, entre outras. E os instrumentos são
linha e mais de uma área. recursos que utilizamos como gravador, máquina fotográfica e
O conteúdo da Agenda de Pesquisa apresenta uma enorme computador. ;,;
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diversidade de questões que precisamos compreender. É importante No MST, as pesquisas são realizadas cm três níveis: Ensino médio,

o.. graduação e pós-graduação: mestrado e doutorado. Para cada um desses ~
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<( lembrar que a Agenda não representa a totalidade dos problemas. Por w
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o- níveis há um grau de exigência para o aprofundamento dos conteúdos. :;;
~ essa razão, enfrentamos enormes desafios na realização dos projetos de ::;;
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e pesquisa, bem como é necessário ousar mais para tentar responder as


questões que a realidade nos coloca.
Para a pesquisa no Ensino Médio é importante o trabalho com a
realidade local, do assentamento, do acampamento, do município ou da e
microrregião. Sempre lembrando que existem diversas opções. A dimensões de atuação do MST. Esta, com certeza, é uma bibliografia
constatação da realidade por meio da análise crítica com base num que carrega a história das experiências com a pesquisa. Dessas leituras é
referencial teórico e numa metodologia aplicada é suficiente para se possível realizar uma ampla reflexão a respeito das questões teóricas e
propor novas ações para e por parte da população estudada. metodológicas que devem fazer parte dos projetos de pesquisa. Vale
Na graduação, a pesquisa possui um aprofundamento maior. Não lembrar da importância das diversas linhas de publicação do MST,
basta a constatação da realidade estudada, são necessárias interpretações, cadernos, livretos, livros, revistas, jornal etc.
boa pesquisa teórica e utilização de procedimentos metodológicos
diversos. 7 - O desafio e a ousadia
É importante ter cm mente que as monografias serão referenciais O desafio e a ousadia são atos e qualidades que todos os
que irão subsidiar futuras pesquisas. Portanto, é fundamental que ao se pesquisadores devem ter. A realização da pesquisa é possível desde que
elaborar um projero, faça-se um levantamento das pesquisas já realizadas tenhamos objetivos claros e interesses a realizar. Fazer a pesquisa é uma
a respeito daquele rema ou lugar. questão política essencial. É a condição de conhecermos mais e melhor
Na pós-graduação, a preocupação com o aprofundamento da análise as nossas realidades por meio de nossas leituras.
é ainda maior. Para as pesquisas no mestrado são fundamentais os Para os membros do MST essa é uma questão estratégica. Ler as
conhecimentos das principais correntes teóricas pertinentes ao rema ou ações do MST por meio de fontes secundárias é uma possibilidade que
objeto. Para as pesquisas no doutorado é essencial a construção de uma não pode ser a única. Nesse sentido, as experiências de pesquisa no
tese. Nesses dois níveis o rigor metodológico é condição fundamental MST tornam-se condição de autonomia política e intelectual.
para a excelência da pesquisa. Por essa razão é preciso priorizar a pesquisa, determinando o tempo
A pesquisa participativa é um procedimento importante para a necessário para sua realização. Definir bem o cronograma no projeto,
realização de nossos projetos. Discutir o conteúdo do projeto com as cumprindo-o, ajuda na realização de um trabalho de qualidade. Ninguém
comunidades estudadas, com o Setor, com a Coordenação e ou a Direção faz uma boa pesquisa de última hora. Muitos pesquisadores, por uma
ajuda a ampliar horizontes. Afinal, estamos conversando com pessoas série de motivos, acabam realizando as atividades de campo e as leituras
que tem um amplo conhecimento da realidade a ser estudada, de modo em um único momento. Esses atos prejudicam o trabalho e aparecem
que podem contribuir muito na realização da pesquisa de campo. no corpo da monografia.
Vale retomar a discussão a respeito dos modos de se fazer pesquisa. Por essa razão, um bom planejamento e responsabilidade são
Evidente que essa decisão está relacionada com os objetivos e interesses requisitos que não podem faltar na efetivação de um projeto.
do pesquisador, do Setor e do MST. Pode-se desenvolver pesquisas No conjunto dos trabalhos ampliamos nossas experiências e com a
aplicadas e pesquisas teóricas. incorporação de diversos pesquisadores construímos uma articulação que
As pesquisas aplicadas têm por objetivo conhecer uma determinada pode dimensionar essas práticas, constituindo-se cm um espaço
realidade para tentar transformá-la em curto prazo de tempo. Esse tipo importante de reflexão. Esse é um grande desafio para a construção de
de pesquisa requer quase sempre a execução de diagnósticos e de urna rede de pesquisadores que atuam nas áreas de concentração
programas para mudanças imediatas. É o caso de se elaborar projetos de constantes na agenda e junto ao MST.
desenvolvimento para determinados setores dos assentamentos ou dos
acampamentos. 8 - A pesquisa e o compromisso: orientações para a esco-
As pesquisas teóricas estão mais voltadas à compreensão das lha de temas de pesquisa
~ :?.
g questões e na proposição de novas políticas. Esse tipo de pesquisa exige Não há projeto que seja desenvolvido sem compromisso. Por essa 5
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<>'. um alto grau de leitura e debate teórico. São de grande contribuição razão, ao elaborarmos os projetos é preciso ter em mente a comunidade, ~
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para acompanhar as mudanças das conjunturas políticas e econôm icas. ou seja, as pessoas que serão objetos da pesquisa. Ou ainda, a importância ~
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Nesse caso, sugerimos ao pesquisador que procure conhecer mais da análise do objeto para o desenvolvimento humano. Desse modo,
G profundamente o referencial bibliográfico sobre a história e as diversas oferecemos algumas orientações para a escolha de um tema de pesquisa. G
Um projeto de pesquisa nasce a partir de preocupações e interesses. Agenda de Pesquisa - Movimento dos Trabalhadores
Temos realidades amplas que nos desafiam a compreendê-las. Desse
modo, ao escolhermos um tema de pesquisa, temos pelo menos dois
Rurais Sem Terra - MST w versão> 1

Arca de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos


pontos de partida e de retorno: a realidade e a Agenda de Pesquisa. Concentração
Com relação à realidade, o pesquisador pode construir seu projeto
1) Educação e a) Farmação de Quadros Métodos de Formação·
a partir de um tema que é de seu interesse e ou da comunidade. Com Formação Níveis de formação·
relação à Agenda de Pesquisa, esta pode servir como referência para Farmação nos setores·
Métodos de formação de outras organizações·
que o pesquisador escolha seu tema de pesquisa, atendendo a uma ou
Métodos de trabalho de base na frente de
mais demandas do Movimento. Essas possibilidades de escolha do objeto b) Trabalho de base e de massa·
de pesquisa revelam o compromisso do pesquisador com a realidade. massa Métodos de trabalho de base nos
assentamentos·
O compromisso deve ser com a população estudada que compõe o Níveis de formação·
MST, com o rigor científico e com a ética profissional. Ao se escolher Perfil do sem terra "urbano"·
Formação para cooperação agrícola·
um objeto de pesquisa, este deve estar associado às preocupações do
pesquisador, da comunidade e do Setor. Uma pesquisa é uma relação As mobilizações de massa como espaços de
e) Vivências educativas no educação·
social e deve atender aos interesses de todos. MST O acampamento como escola de vida·
O assentamento...
Há projetos individuais e há projetos coletivos, porém todos estão Mobilizações infantis e juvenis·
contidos na premissa do compromisso. Toda pesquisa é sempre uma Processos de autoformação através do estudo -
a vivência no MST exigindo o estudo (não
nova experiência. É sempre um processo de aprendizagem que nos faz necessariamente escolar)
crescer, ser profissionais mais qualificados, comprometidos com a
Concepção de escola do MST
construção de um projeto popular para o Brasil. d) Pedagogia do Projeco Político Pedagógico
Movimenco: Planos de Estudo
Educação Infantil (familiar Planos de Curso
e escolar) Formação de educadores
Referências bibliográficas Educação Fundamental Gestão
Educação de Jovens e Relação escola - comunidade · MST
Articulação dos Pesquisadores do MSTAgenda de Pesquisa. 4ª versão. Adultos Processo ensino · aprendizagem
Educação em nível Médio Educação e valores
Ibirité, 2000. Educação para Formação Trabalho como processo educativo
Christoffoli, Pedro Ivan. Como fazer pesquisa no movimento social. Profissional Educação e cooperação
Educação Superior MST na Universidade
Curitiba: inédito, 1999. Estudantes universitários do MST
FUNDEP. A pesquisa do ponto de vista dos Movimentos Populares. Educação, esporte e lazer
Ambientes Educativos
Três Passos: inédito, 1993a. Diferentes Linguagens
Lucas por escolas
FUNDEP. Pesquisa e Movimentos Populares. Três Passos: inédito, Sistematização da prática e dos cursos formais
1993b. do MST
Marx, Karl. A ideologia alemã. São Paulo: Livraria Editora Ciências
Humanas, 1982.
NERA. DATALUTA -Banco de Dados da Luta pela Terra. Núcleo de 7
Versão elaborada durante Encontro do Setor de Educação - lbiricé - MG - 13 a 17 de novembro de 2.000. A
:J. Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária. Série Estudos nº 3. primeira versão desta Agenda foi elaborada no Primeiro Encontro d os Pesquisadores do MST, realizado no Cen-
:J.
so tro de Formação Roseli Nunes, em São Paulo. de 30 de nucubro a 1 de novembro de 1998. As versões seguintes
i'o...J
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Presidente Prudente: NERA, 2.000. têm recebido contribuições de todos os setores de atividades e instâncias do MST
Observação: Esta Agenda tem servido de base para a definição dos cernas de pesquisa cm vista da elaboração dos
~
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t- Trabalhos de Conclusão de Curso de todos os Cursos Formais vinculados ao MST A partir dela cada setor t:;
~ responsável pelo curso pode escabclccer suas prioridades e orientações específicas, bem como estimular a cons- ::<
o o

e
tituição de equipes de pesquisa, ou seja, mais de um educando desenvolvendo pesquisa em torno do mesmo

e eixo temático, orientados por um mesmo educador que ajuda a garantir uma produção de conhedmento ao
mesmo tempo pessoal e coletiva cm torno de questões prioritárias ao avanço do Movimento.
IArea de 1 Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos Área de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos
Concentração Concentração
1) Educação e e) Educação Básica do Políticas Públicas Z) Estratégias de b) Organicidade do SCA Métodos de organização da produção
Formação Campo Proposta pedagógica Construção do Nucleação
Escola e projeto de desenvolvimento regional Sistema Métodos de organização do trabalho
Concepção de escola dos povos do campo Cooperativista
Municipalização e nucleação de escolas dos Assentados c) Formas de Cooperação Cooperativa de Produção Agropecuária
Formação de educadores do campo (OONllNUAÇi.O) Cooperativa de Prestação de Serviços
Relação escolas do MST - escolas do campo Cooperativa de Produção e Prestação de
Escolas Famílias Serviços
Escolas Itinerantes Cooperativa Regional de Prestação de
Cultura oral e escolari1.ação Serviços Associação
Experiências de Ajuda Mútua
1) Papel e funcionamento do Acompanhamento das escolas Grupos coletivos
Setor de Educação no MST Organização do Setor de Educação Grupos Coletivos e semicoletivos
"Agriculmra familiar cooperada"
g) Relação MST e sociedade Escolas de assentamento e secretarias de Avanços e limites das formas de cooperação
através da educação educação Cooperativas de Crédito
Relação com outras escolas ,_,s Cooperativas de Trabalho
Parcerias
d) Desenvolvimento Local e "Nova concepção" de Assentamento
h) Pedagogia e cultura Dimensão educativa do Jornal Sem Terra Regional Modelo tecnológico e qualidade de vida
Dimensão educativa das rádios comunitárias Agricultura de subsistência
Dimensão educativa das arres Movimento dos Pequenos Agricultores
Geopolítica dos assentamentos
i) Sujeitos do Processo Infância Concepção agroecológica
Pedagógico Adolescência Gestão de Assentamento
Juventude Desenvolvimento do semi - árido
Adultos fndice de Desenvolvimento Humano
Portadores de necessidades educativas Impactos Socioespaciais dos Assentamentos
especiais
e) Programa de Crédito Participação da mulher
j) Capacitação Experiências de capacitação: lógica/método Crédito e Diferenciação Sócio-econômica
Crédito e estratégia de desenvolvimento
k) Pedagogias Pedagogia da Terra Novas modalidades de crédito
Pedagogia do Trabalho Seguros ...
Pedagogia da História
Pedagogia da Alternância f) Mercado Marca da Reforma Agrária
Pedagogia da Cooperação "Mercado de massas"
Pedagogia do Gesto Comercialização
Pedagogia da Luta Metodologia de Pesquisa de mercado
Pedagogia do Símbolo
g) Gerenciamento Estrutura / Estratégia / Processo
Planejamento da produção
Custos
t------+-----------~---------------·---+----1
Fluxo financeiro
Z) Estratégias a) Estratégia Econômica e Concepção de cooperação Mão-de-obra
de Construção Política do SCA Limites e possibilidades da cooperação no Contabilidade
do Sistema capitalismo Gestão democrática
Cooperativista lntercooperação Controles
dos Assentados Grandes Linhas de Produção
Agroindústria h) Agricultura sustentável Produção ecológica
Agroindústria e integração Visão sistêmica ji
~ Irrigação
~
s Renda não agrícola
~ Produção Agricultura Orgânica
lt Matriz Tecnológica <(
...,
<( Extrativismo
.... Estudos Comparativos t;;
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~ i) Lógica Camponesa Identidade Social dos Assentados
o
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e e
IArea de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos Area de Linhas de Pesquisa Eixos Temáticos Projetos
Concentração Concentração
3) Direito e a) Direito Penal e Judiciarização do MST 5) b) Concepção de Questão Ambiencal
Questão Agrária Processual formal e Desenvolvimento Assentamento Saneamenco
controle dos Movimentos Humano Em belczamcn to
Sociais (Cont.) Habicação / Agrovila
Organização da produção
b) Questão agrária e
direitos socioeconómicos c) Questões de Gênero Pais militantes
Relações afetivas
c)Prãticas sociais e Participação da mulher
exigibilidade dos direitos Mulher Trabalhadora

d) Aparelho repressor do d) Questões de Juventude Perfil dos jovens assentados


Estado e os Movimentos Relação crabalho, escudo e militância
Sociais Participação dos jovens nas mobilizações do
MST
e) Questão Agrária e Legislação ambiental
Direito Ambiental f e) Esporce e Lazer jogos cooperativos

f) Famflia Educação familiar


4) Organicidade a) Mécodos de organização Ações Solidárias
doMST social e direção Alianças
Articulação de deferentes formas de luta 6) História e a) Farmação e DATALUTA - Banco de Dados da Luta pela
Envolvimento de jovens e mulheres Geografia Terricorialização do MST Terra
Jeito de lidar com a base Camponesa História de cada área de atuação ou setor na
Jeito e lidar com a massa relação com a história do MST
Organicidade dos colccivos de educação Regionalização da luta pela terra

b) Princípios organizacivos Direção Coleciva versus presidencialismo b) História e memória do Hiscória e memória do MST por estado
do MST Vínculo com a base MST História e memória do MST por região
Disciplina Hiscória e memória do M~'T por município
Democratização da informação
c) História da Luta pela
c) Estratégia de mudanças Organização e Consciência Social Terra
organizacionais Estrutura e Cultura Organizacional

d) Estratégias de Rádios Comunitárias 7) Culrnra a) Mística do MST Mártires da luta pela terra
com unicação do MST Uso do JST Valores, projeto e símbolos da luta popular
Comunicação do MST com a sociedade
Comunicação de massa
Revista Sem Terra b) Memória dos Cultivo da memória
O MST e a internet movimentos sociais

e) Meios de Comunicação Rádios comunicárias c) Construção da Sem terra acampado


Popular Boletins e jornais populares Identidade Sem Terra Sem terra assentado
Os jovens sem terra
As crianças sem cerra • os sem terrinha

5) a) Saúde nos Assencamentos Doenças do Trabalho d) Cultura Camponesa e Assentamento e diversidade étnica e cultural
Desenvolvimento e Acampamentos Saúde preventiva transformação
Humano Medicina altemaciva
Saúde pública e RA e) Projeto Cultural do MST Expressões artísticas
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5 Saúde maccrno-infancil 5
Religiosidade no MST g
~ "Farmácia Viva" f) Presença das igrejas nos assentamentos e
a.
<( Doenças Sexualmence Transmissíveis acampamentos <(

"' Alcoolismo Religiosidade e ideologia "'


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DA LUTA PELA TERRA


fí11LlNÚCLEO DE ESTUDOS, PESQUISAS E PROJETOS DE
REFORMA AGRÁRIA
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
FACULDADE OE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Campus de Presidente Prudente

O OATALUTA- Banco de Dados da Luta pela Terra é desenvolvido


no Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária-NERA,
do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciência e Tecnologia da
Universidade Estadual Paulista - UNESP, campus de Presidente
Prudente. O Banco de Dados é mantido pelo convênio entre a UNESP e
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra - MST, com apoio da
Pró - Reitoria de Extensão da Unesp - PROEX.
O DATALUTA foi criado em 1997, quando iniciamos os
trabalhos de sistematização de dados referentes aos assentamentos e às
ocupações em todo o Brasil, trabalhahdo com dados secundários, tendo
como fontes a CPT, o MST, o INCRA e institutos de terras estaduais.
Em 2000, começamos uma nova fase, iniciando as primeiras pesquisas
primárias com participação direta das secretarias estaduais do MST.
Foram elaborados formulários que são preenchidos pelas secretarias e
enviados via correio eletrônico para o NERA. Por meio dos formulários
estão sendo realizadas pesquisas a respeito das ocupações de terra
realizadas pelo MST.
Os dados são sistematizados e analisados por estagiários do Curso
de Geografia da Unesp. Nesta nova fase do DATALUTA foi implantado
um programa no Microsoft Access para sistematização dos dados, elaborado
no Pólo Computacional da UNESP - Campus de Presidente Prudente. :.li
Os dados sistematizados são utilizados na produção de mapas, com a ~
<(

utilização dos programas Polymap e Arcwiew. Desse modo, são elaboradas ~

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tabelas por municípios, microrregiões, estados, macrorregiões e Brasil. o
Igualmente são elaborados gráficos e textos.
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Pretendemos manter atualizados os bancos de dados a respeito COMO FAZER UM PROJETO DE PESQUISA
dos assentamentos rurais e das ocupações de terra, bem como destacar a
participação do MST nesse processo. Desse modo, mantemos as Bernardo Mançano Fernandes
pesquisas secundárias com as instituições acima citadas, bem como
pretendemos consolidar a pesquisa primária a respeito das ocupações
realizadas pelo MST, contando com a importante participação da 1 - Introdução
secretarias estaduais. Nosso projeto é ampliar as pesquisas primárias, Este texto é dirigido aos pesquisadores iniciantes. Meu objetivo é
levantando dados das reocupações, implantação de assentamentos, contribuir com as pessoas que precisam escrever um projeto e têm
efetivação de despejos, registro de prisões, registro de assassinatos, dificuldades cm fazê-lo. Elaborei este texto a pedido da coordenação do
produção agropecuária, cooperativismo, educação, saúde, cultura, Curso de Especialização e Extensão cm Administração de Cooperativas
bibliografia, ou seja, o registro de obras científicas e culturais com -CEACOOP, que é uma realização do Instituto Técnico de Capacitação
referências com o MST e ou com a questão agrária. e Pesquisa da Reforma Agrária - !TERRA em convênio com a
Os dados reunidos cm tabelas, gráficos, mapas e textos são Universidade de Brasília - UnB e com a Universidade de Campinas -
organizados em relatórios anuais, provendo o Centro de documentação Unicamp. São pesquisadores membros de diversos movimentos sociais:
do MST, localizado no CEDEM - Centro de Documentação e Memória Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, Movimento
da UNESP, Praça da Sé, 108 - São Paulo/ SP. Alguns dados, mapas e dos Pequenos Agricultores - MPA e do Movimento dos Atingidos por
textos estão disponíveis na página do NERA: www.prudente.unesp.br/ Barragens - MAB. Também tenho utilizado este texto no Curso de
dgeo/nera Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Unesp, campus de Presidente Prudente.
Não pretendo que seja um conjunto de regras e de técnicas, mas
sim uma referência teórica para os iniciantes, de modo que é uma
contribuição na superação das dúvidas e para romper com os melindres,
que os principiantes possuem e que muitas vezes atrapalham o
desenvolvimento da experiência da elaboração do projeto de pesquisa.
Dessa forma, não são receitas, mas colocações de problemas. Esses
são princípios do texto. Pensar o projeto de pesquisa é a melhor forma
de elaborá-lo. Os modelos de projetos são importantes, mas não devem
atrapalhar a criatividade de pesquisador. Nesse sentido é fundamental
pensar o projeto de pesquisa como um todo cm movimento, cm que as
partes são interativas. Essa idéia de interação é essencial para se fazer
um projeto de pesquisa.
Desse modo, começamos desenvolvendo urna questão sobre o que
é o projeto, qual a sua forma, quais os passos que devem ser dados na
construção do projeto, bem como os tropeções que todos nós levamos
:J.
na realização de nossas pesquisas e como pensar o projeto em suas partes.
:J.
8
~
Espero que este texto seja úti l aos iniciantes e que contribua com essa ~l:'
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tarefa gostosa que é fazer o projeto de pesquisa. <I:
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2 - O que é um projeto de pesquisa
D A resposta a esta pergunta pode parecer óbvia mas não é. Muitas
pessoas que se iniciam na pesquisa têm dificuldades em pensar o projeto em documentos diversos, como atas, relatórios, censos, dossiês, jornais,
como um todo, conseguem imaginá-lo apenas em partes, enfrentando revistas etc. Tudo isso é metodologia.
várias dificuldades na elaboração do projeto de pesquisa. Algumas chegam Todo projeto de pesquisa tem que ter um tempo para ser realizado.
mesmo a desistir da pesquisa durante a tentativa de elaboração do projeto. Por isso, é necessário que o pesquisador defina um cronograma, em que
Por isso é importante compreender o que é um projeto de pesquisa vai estipular o tempo de duração da pesquisa.
para que o pesquisador iniciante possa elaborá-lo sem se sentir muito A última parte do projeto é a bibliografia. Nesta parte, o pesquisador
111seguro. escreve quais são as publicações que irá utilizar na realização da pesquisa.
Um projeto de pesquisa é um texto que o pesquisador escreve para Por fim vem a primeira parte que é a introdução. O caráter da
poder traçar o roteiro das atividades que irá desenvolver na realização introdução é informar o conteúdo do projeto. Portanto, a introdução é
da pesquisa. onde o pesquisador apresenta o objeto de pesquisa, as suas hipóteses e
O projeto de pesquisa é um documento porque é elaborado por um quais o resultados esperados. A introdução deve ser um resumo do projeto
pesquisador com o objetivo de compreender uma determinada questão na forma de apresentação.
da realidade e porque a pesquisa está associada a uma instituição que
tem interesses definidos. 3 - A forma do projeto de pesquisa
Nesse sentido, o projeto de pesquisa contém várias partes de acordo O projeto de pesquisa é então um texto que contém a descrição do
com os objetivos de cada instituição. Em cada parte são detalhadas as conjunto das atividades que serão desenvolvidas para compreender uma
atividades que o pesquisador vai desenvolver, bem como o porquê da determinada questão.
pesquisa, além das principais idéias que serão utilizadas para pensar a A forma do projeto tem os seguintes itens:
questão da pesquisa. Capa;
A essas id éias chamamos de referencial teórico. A questão nós 1 - Introdução;
chamamos de objeto de pesquisa. E o porquê nós chamamos de 2 -Justificativa;
justificativa. 3 - Objetivos;
Sempre realizamos uma pesquisa por alguma razão. Por isso, todo 4 - Referencial teórico;
projeto de pesquisa tem os objetivos gerais e específicos. Também todo 5 - Metodologia;
projeto precisa conter uma metodologia que será utilizada na investigação 6 - Cronograma;
do objeto. 7 - Bibliografia.
Metodologias são procedimentos, ou seja, são atividades que Como mostrado anteriormente, a introdução é a primeira parte da
realizamos com o objetivo de compreender a questão da pesquisa. Essas estrutura do projeto, mas é a última parte a ser escrita. Isso porque é
atividades são práticas e teóricas. Por exemplo: o ato de procurar os livros preciso escrever todas as outras partes, para podermos fazer um resumo
necessários para a pesquisa é fazer um levantamento bibliográfico, que apresente o projeto.
portanto uma atividade prática. O ato de ler esses livros, de refletir sobre O ponto de partida para a elaboração de um projeto é a definição
seus conteúdos e as relações que estes têm com o objeto de pesquisa é do objeto. Sem definir o objeto, não poderemos escolher a metodologia
uma reflexão, portanto uma atividade teórica. A elaboração de um nem o referencial teórico, nem saberemos quanto tempo vamos precisar
questionário ou de uma entrevista é uma atividade prática, pensar as para fazer a pesquisa.
~
questões e as perguntas a partir do objeto de pesquisa e do referencial Definido o objeto, começamos a escrever parte por parte do projeto. :Ã
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teórico é uma atividade teórica. Como está apresentado acima, este exemplo de projeto tem sete partes.
3.,_
Também ao pensarmos a aplicação dos questionários e das
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Cada uma dessas partes tem um conteúdo definido. É preciso estar atento <(
~

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~ entrevistas e como vamos definir as categorias que serão investigadas, para não misturar os conteúdos, como por exemplo, o que é muito comum, :::;
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D
de acordo com os objetivos do projeto de pesquisa, estamos
desenvolvendo procedimentos metodológicos. Assim como nas pesquisas
colocar objetivos na justificativa; colocar justificativa na metodologia ou
colocar metodologia na parte dos objetivos. Pode Qarecer estranho, mas e
para o pesquisador iniciante que está se familiarizando com a experiência Assim são dados os primeiros passos, mas ainda faltam outros.
de elaborar seu projeto de pesquisa, esses erros são comuns. Faltam a justificativa, o cronograma, a bibliografia e a introdução.
Justificar significa explicar a importância do objeto. Justificar uma
4 - A elaboração do projeto de pesquisa passo a passo e pesquisa significa defendê-la, argumentando a sua importância. Nesta
tropeções parte do projeto, o pesquisador deve provar a relevância. Deve defender
Errar durante a realização do projeto de pesquisa, se confundir, ter o seu ponto de vista sobre o objeto e mostrar qual a contribuição que o
dúvidas, insegurança faz parte do processo. É comum em todas as projeto traz para a ciência, para a instituição que tem interesse pela
experiências de pesquisa. Todos passam por isso, até mesmo o orientador. pesquisa, para a sociedade em geral etc.
Por isso é importante um orientador, porque como ele já errou, pode O cronograma é um quadro onde descrevemos as atividades que
ajudar o orientado a errar menos. serão realizadas durante a realização da pesquisa, bem como o tempo de
O primeiro passo para elaborar um projeto de pesquisa é definir duração de cada uma cm todo o projeto.
um objeto. Escolhido o objeto, começamos a escrever o projeto. O passo A bibliografia é definida pelo referencial teórico, sendo que nesta
seguinte é a definição do referencial teórico. Assim, o pesquisador vai parte escrevemos os dados das obras utilizadas, bem como de todas as
procurar conhecer quais as pessoas que já pesquisaram temas outras publicações: relatórios, censos etc.
semelhantes ou temas que possuem relação com o seu objeto. Vai Por fim, vem a introdução que tem o caráter ela apresentação e de
procurar livros que possam subsidiar, contribuir com o entendimento resumo do projeto.
do objeto de pesquisa. O referencial teórico deverá ajudar o pesquisador Não é fácil realizar todo esse processo. Muitas vezes tropeçamos
a pensar quais são os conceitos principais de sua pesquisa, ou seja, as em cada um dos passos dados. Um tropeção comum é na definição do
categorias de análise. Por meio dessas idéias, o pesquisador irá analisar referencial teórico. Sem uma boa orientação, sem esforço, pode-se não
seu objeto - que é uma questão da realidade - e deverá desenvolver um realizar um levantamento bibliográfico necessário, de modo que a não
pensamento interpretativo para compreender a questão que ele se propôs realização dessa atividade pode prejudicar a execução da pesquisa. Para
estudar. Esse processo deve ser realizado junto com o orientador. a escolha do referencial teórico é preciso coerência. É preciso observar
Ao definir o referencial teórico, o pesquisador vai definindo os quais as relações filosóficas e políticas que existem entre a bibliografia e
objetivos, que devem ser bastante claros. Com o objetivo geral o o objeto de pesquisa, para não se trabalhar com um referencial que pouco
pesquisador deve esclarecer onde se quer chegar com a pesquisa. Com ajuda na compreensão do objeto.
os objetivos específicos deve descrever as diferentes possibilidades e Outro tropeção é na escolha dos procedimentos metodológicos. De
resultados que o projeto de pesquisa pode realizar. acordo com o objeto a ser pesquisado, é preciso se certificar que se optou
Só a teoria não é suficiente para se entender o objeto. A prática pelas atividades adequadas. Também se não se definir bem os objetivos,
também é importante. Portanto, é preciso definir os procedimentos pode-se tropeçar na realização da pesquisa, porque o pesquisador pode
metodológicos, ou seja, a metodologia. perder o rumo no meio da pesquisa.
Com base no raciocínio lógico, o pesquisador, junto com o seu Ao se definir o cronograma é fundamental ter a consciência que o
orientador, deverá definir quais os procedimentos metodológicos tempo definido para a pesquisa é suficiente. Caso contrário, tropeça-se
necessários para se compreender o objeto. Evidente que cada objeto irá mais uma vez ao não conseguir realizar toda a pesquisa.
exigir diferentes procedimentos. Os critérios de escolha dos procedimentos Na justificativa é necessário tomar cuidado para não repetir idéias
ou atividades serão determinados pela lógica e pelo rigor científico. que já estão contidas cm outras partes do projeto. ::li
::li 5
s Ao escrever a bibliografia, o pesquisador deve ficar atento às normas
~
É importante observar que muitas vezes vamos escrevendo, ao
técnicas.
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mesmo tempo, várias partes do projeto. Quando definimos o objeto, ~

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1--
definimos o caminho para a elaboração do projeto de pesquisa. Assim é Às vezes os tropeções podem levar o pesquisador a desistir do :::;
~ o
o projeto. Mas cada tropeção pode ser superado com novos passos, aí vale
e preciso determinar o referencial teórico, quais os objetivos, qual a
metodologia a ser aplicada etc. a perseverança do pesqu isador e o apoio do orientador. G
Com a realização do projeto c.le pesquisa cada pesquisador traz uma
ROTEIRO DE PROJETO DE PESQUISA
importante contribuição para a compreensão da rcalic.lade. Só por isso a
pesquisa já é fundamental, bem como é valoroso o esforço de cada pessoa
que se propõe pesquisar.
Todavia, mais importante ainda é quando o pesquisador
compreende a importância da pesquisa para ajudar a transformar a Orientação para os Trabalhos de Conclusão de Curso do
realidade pesqu isada. Instituto de Educação Josué de Castro
Boa pesquisa.
Folha de Rosto
Deve conter as seguintes informações:

Na parte superior da folha (centralizado e com letras maiúsculas)


• Nome completo do MST
• Nome completo do JTERRA
• Nome completo do IEJC
• Nome do Curso - 'forma
• Metodologia da Pesquisa
• Área de Concentração - Linha de Pesquisa

Na parte central da folha (centralizado)


•Projeto de Pesquisa (com letras maiúsculas e negritado)
• Título do Trabalho (com letras minúsculas e negritado)

Na metade da parte inferior da folha (centralizado)


• Nome do educando/ da educanda (com letras maiúsculas)
• Orientador/a: Nome completo (com letras minúsculas)

Na parte inferior da folha (centralizado com letras minúsculas)


• Município onde se localiza o Instituto
• Mês e Ano da elaboração do projeto

Sumário
• Visão geral do trabalho pela indicação de cada seção, seu título e
paginação correspondente. Devem ser apresentadas apenas as seções
\à primárias, secundárias e terciárias. :J.
:::> 5
~ ~q:
q: Introdução
...
~
~

t;;
~ • Apresentação do projeto: situá-lo na agenda de pesquisa do ::>
o o

G
MST (área, linha, eixo temático) e dar uma id éia geral do que será a
pesquisa. e
Desenvolvimento do Projeto Bibliografia consultada
• Indicação dos textos lidos para a elaboração do projeto.
1. Objeto da Pesquisa
• Problema da realidade: situar o problema ou desafio específico Observação: Os itens do desenvolvimento do projeto (itens
da prática para o qual a pesquisa pretende trazer sua contribuição. numerados do roteiro) devem ser apresentados um após o outro, sem
• Questão da pesquisa: o que será mesmo o objeto da pesquisa, abrir nova página.

,
elaborado através de uma questão central, que poderá ser desdobrada
em questões específicas.

2. Justificativa
•Argumentos que respondam à pergunta: por que pretendo realizar
esta pesquisa (importância do tema, relação anterior com a questão,
condições de fazer este trabalho etc.)

3. Objetivos
• O que pretendo alcançar com a pesquisa.
• Que metas me coloco cm relação aos resultados da pesquisa.

4. Referencial Teórico
• Clarear conceitos e ou categorias teóricas básicas envolvidas no
tema escolhido e na questão formulada.

5. Metodologia
• Pesquisa de campo: abrang&ncia, localização, instrumentos,
perguntas e ou observações a fazer, coletivo ele apoio e interlocução etc.
• Pesquisa bibliográfica: tipo de bibliografia a ser consultada, como
será conseguida, previsão de possíveis obras a serem pesquisadas etc.
• Devolução dos resultados: prever como será feita.

6. Cronograma
• Definição de prazos para o desenvolvimento de cada passo previsto
na metodologia.

7. Orçamento
i
<t • Previsão de despesas e fontes de recursos para realização da ~
5
5
~
pesquisa. ~<t
<t ~

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·-o~
~

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o

e
LEITURA E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
"Considerações em torno do ato de estudar"
(Extraído de Frei re, Paulo, Ação Cu ltural para a liberdade e outros escritos)8

Toda bibliografia deve refletir uma intenção fundamental de quem


a elabora: a de atender ou a de despertar o desejo de aprofundar
conhecimentos naqueles ou naquelas a quem é proposta. Se falta, nos
que a recebem, o ânimo de usá-la, ou se a bibliografia, cm si mesma, não
é capaz de desafia-los, se frustra, então, a intenção fundamental referida.
A bibliografia se torna um papel inútil, entre outros, perdido nas
gavetas das escrivaninhas.
Esta intenção fundamental de quem faz a bibliografia lhe exige
um triplo respeito: a quem ela se dirige, aos autores citados e a si mesmos.
Uma relação bibliográfica não pode ser uma simples cópia de títulos,
feita ao acaso, ou por ouvir dizer. Quem a sugere deve saber o que está
sugerindo e por que o faz. Quem a recebe, por sua vez, deve ter nela,
não uma prescrição dogmática de leituras, mas um desafio. Desafio que
se fará mais concreto na medida em que comece a estudar os livros citados
e não a lê-los por alto, como se os folheasse, apenas.
Estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem o faz
uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que
não se ganha a não ser praticando-a.
9
Isto é, precisamente, o que a "educação bancária" não estimu la.
Pelo contrário, sua tônica reside fundamentalmente em matar nos
educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade. Sua
"d isciplina" é a disciplina para a ingenuidade em face do texto, não para
a indispensável criticidade.
Este procedimento ingênuo ao qual o educando é submetido, ao
lado de outros fatores, pode explicar as fugas ao texto, que fazem os
estudantes, cuja leitura se torna puramente mecânica, enquanto, pela
imaginação, se deslocam para outras situações. O que se lhes pede, afinal,
não é a compreensão do conteúdo, mas sua memorização. Em lugar de
ser o texto e sua compreensão, o desafio passa a ser a memorização do
mesmo. Se o estudante consegue fazê-lo, terá respondido ao desafio.
~
5
~
<t
"Escrito em 1968, no Chile, esce texto serviu de introdução à relação bibiográfica que foi proposta w
t;;
aos participantes de um seminário nacional sobre educação e reforma agrária. :::;
o
''sobre "educação bancária", ver Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido, Editora Paz e 'forra. Rio de
Janeiro, 1977, 4' ed., (N.E.) G
Numa visão crítica, as coisas se passam diferentemente. O que conteúdo do trecho em questão, em sua relação com os precedentes e
escuda se sente desafiado pelo texto em sua totalidade e seu objetivo é com os que a ele se seguem, evitando, assim, trair o pensamento do
apropriar-se de sua significação profunda. autor cm sua totalidade.
Esta postura crítica, fundamental, indispensável ao ato de estudar, Constatada a relação entre o trecho em estudo e sua preocupação,
requer de quem a ele se dedica: deve separá-lo de seu conjunto, transcrevendo-o em uma ficha com um
a) Que assuma o papel de sujeito deste ato. titulo que o identifique com o objeto específico ele seu estudo. Nestas
Isto significa que é impossível um estudo sério se o que estuda se circunstâncias, ora pode deter-se, imediatamente, em reflexões propósito
põe em face do texto como se estivesse magnetizado pela palavra do das possibilidades que o trecho lhe oferece, ora pode seguir a lei cura geral
autor, à qual emprestasse uma força mágica. Se se comporta do texto, fixando outros trechos que lhe possam aportar novas meditações.
passivamente, "domcsticadamente", procurando apenas memorizar as Em última análise, o estudo sério ele um livro como de um artigo
afirmações do autor. Se se deixa "invadir" pelo que afirma o autor. Se se de revista implica não somente numa penetração crítica cm seu conte(1do
transforma numa "vasilha" que deve ser enchida pelos conteúdos que básico, mas também numa sensibilidade aguda, numa permanente
ele retira do texto para pôr dentro ele si mesmo. inquietação intelectual, num estado de predisposição à busca.
Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, b) Que o ato de estudar, no fundo, é uma atitude em frente ao
estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico- mundo.
sociológico do conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em Esta é a razão pela qual o ato de escudar não se reduz à relação
estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma leitor-livro, ou leitor-texto.
de reinventar, de recriar, de reescrever- tarefa de sujeito e não de objeto. Os livros em verdade refletem o enfrentamento de seus autores
Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, com o mundo. Expressam este enfrentamento. E ainda quando os autores
alienar-se ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele. fujam da realidade concreta estarão expressando a sua maneira deformada
A atitude crítica no escudo é a mesma que deve ser tomada diante de enfrentá-la. Estudar é também e sobretudo pensar a prática e pensar
do mundo, da realidade, da existência. Uma atitude de adentramcnto a prática é a melhor maneira de pensar certo. Desta forma, quem estuda
com a qual se vá alcançando a razão de ser dos fatos cada vez mais não deve perder nenhuma oportunidade, em suas relações com os outros,
lucidamente. com a realidade, para assumir uma postura curiosa. A de quem pergunta,
Um texto estará tão melhor estudado quanto, na medida cm que a de quem indaga, a de quem busca.
dele se tenha uma visão global, a ele se volte, delimitando suas dimensões O exercício desta postura curiosa termina por corná-la ágil, do que
parciais. O retorno ao livro para esta delimitação aclara a significação de resulta um aproveitamento maior da curiosidade mesma.
sua globalidade. Assim é que se impõe o registro constante das observações realizadas
Ao exercitar o ato de delimitar os núcleos centrais do texto que, cm durante uma certa prática; durante as simples conversações. O registro
interação, constituem sua unidade, o leitor crítico irá surpreendendo das idéias que se têm e pelas quais se é "assaltado", não raras vezes,
todo um conjunto temático, nem sempre explicitado no índice de obra. quando se caminha só por uma rua. Registros que passam a constituir o
A demarcação destes temas deve atender também ao quadro referencial que Wright Mills chama de "fichas de idéias". 10
de interesse do sujeito leitor. Estas idéias e estas observações, devidamente fichadas, passam a
Assim é que, diante de um livro, este sujeito leitor pode ser constituir desafios que devem ser respondidos por quem as registra.
despertado por um trecho que lhe provoca uma série de reflexões em Quase sempre, ao se transformarem na incidência da reflexão dos
:7i :7i
5
torno de uma temática que o preocupa e que não é necessariamente a que as anotam, estas idéias os remetem a leituras de textos com que 5
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<( de que trata o livro cm apreço. Suspeitada a possível relação entre o podem instrumentar-se para seguir em sua reflexão. Q.
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::; trecho lido e sua preocupação, é o caso então, de fixar-se na análise do ~
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texto, buscando o nexo entre seu conteúdo e o objeto de estudo sobre o
G que se encontra trabalhand o. Impõe-se-lhe uma exigência: analisar o 'ºWríµ;hc l\lills -Tlu: Sociological Jmaginalion.
c) Que o estudo de um tema específico exige do estudante que se Modelos de fichas de leitura
ponha, tanto quanto possível, a par da bibliografia que se refere ao tema
ou ao objeto de sua inquietude. 1. Ficha de Leitura Bibliográfica
d) Que o ato de estudar é assumir uma relação de diálogo com o
N.º da página Referência bibliográfica completa
autor do texto, cuja mediação se encontra nos temas de que ele trata. Esta Exemplo: FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade e outros escritos. 8' ed.,
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
relação dialógica implica na percepção do condicionamento histórico-
sociológico e ideológico do autor, nem sempre o mesmo do leitor. Registrar as idéias mais importantes da obra. Ao fazer cópia exata do texto do autor, é
30 preciso colocar a idéia entre aspas: ...
e) Que o ato de estudar demanda humildade. Se o que estuda 'assume
realmente uma posição humilde, coerente com a atitude crítica, não se "Daí que, apoiada na prática dos camponeses, a pós-alfabetização nos 'ascntamientos'
deva oferecer-lhes, em níveis que se vão ampliando, um conhecimento cada vez mais
sente diminuído se encontra dificuldades, às vezes grandes, para penetrar científico de seu que fazer e de sua realidade."
na significação mais profunda do texto. Humilde e crítico, sabe que o Ao colocar a idéia com as próprias palavras deve-se manter a indicação da página, mas
texto, na razão mesma em que é um desafio, pode estar mais além de sua não é preciso colocá-la entre aspas.
capacidade de resposta. Nem sempre o texto se dá facilmente ao leitor. l>t Ao começar a anotação no meio da frase ou se não registrar todo o parágrafo o correto
Neste caso, o que deve fazer é reconhecer a necessidade de melhor é usar "..." ... "a pós-alfabetização nos 'asentamientos'... "

instrumentar-se para voltar ao texto em condições de entendê-lo. Não "Ao deixar fora da anotação uma parte da frase o correto é usar(...)"... apoiada na
adianta passar a página de um livro se sua compreensão não foi alcançada. prática dos camponeses, a pós-alfabetização (...) deva oferecer-lhes (...) um
conhecimento cada vez mais científico... "
Impõe-se, pelo contrário, a insistência na busca de seu desvelamento. A
compreensão de um texto não é algo que se recebe de presente. Exige
trabalho paciente de quem por ele se sente problematizado.
Não se mede o estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou 2. Ficha de Leitura Temática
pela quantidade de livros lidos num semestre.
Referência Eixo Temático
Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las. bibliográfica e Exemplo: Alfabetização de Jovens e Adultos.
página

Freire, Paulo. "Daí que, apoiada na prática dos camponeses, a pós-alfabetização nos 'asentamientos'
Ação Cultural deva oferecer-lhes, em níveis que se vão ampliando, um conhecimento cada vez mais
para a Liberdade científico de seu que fazer e de sua realidade." ...
e outros escritos.
8' ed, Rio de
Janeiro: Paz e
Terra, 1982, pág.
30

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3. Ficha de Leitura Biográfica PESQUISA DE CAMPO
Referencia Biografia de "Criando métodos de pesquisa alternativa: aprendendo a
bibliogrãfica e PAULO FREIRE fazê-la melhor através da ação" 11
p~gina (Extraído de Brandao, Carlos Rodrigues (org) Pesquisa Participante.)

Gadotti, Moacir Segundo depoimenco de sua segunda esposa, Nica, Paulo Freire aprendeu a ler com sua
(org.) Paulo mãe, escrevendo palavras com gravecos de mangueiras, à sombra delas, no chão do quintal
Freire uma de sua casa em Recife, Pernambuco.
biobibliografia.
São Paulo: Cortez
e Instituto Paulo Nesta conversa pouco sistematizada, um tanto à vontade, gostaria,
Freire, 1996, pág. quase pensando alto, de refletir sobre alguns problemas com que nos
28.
defrontamos enquanto educadores ou cientistas sociais, em nossa prática.
Problemas fundamentalmente políticos e ideológicos e não apenas
epistemológicos, pedagógicos ou das ciências sociais.
Um destes problemas com que primeiro nos confrontamos quando
nos obrigamos a conhecer uma dada realidade, seja a de uma área rural
ou a de uma área urbana, enquanto nela atuamos ou para nela atuar, é
saber em que realmente consiste a realidade concreta.
Para muitos de nós, a realidade concreta de uma certa área se reduz
a um conjunto de dados materiais ou de fatos cuja existência ou não, de
nosso ponto de vista, importa constatar. Para mim, a realidade concreta
é algo mais que fatos ou dados tomados mais ou menos em si mesmos.
Ela é todos esses fatos e todos esses dados e mais a percepção que deles
esteja tendo a população neles envolvida. Assim, a realidade concreta
se dá a mim na relação dialética entre objetividade e subjetividade. Se
me preocupa, por exemplo, numa zona rural, o problema da erosão, não
o compreenderei, profundamente, se não percebo, criticamente, a
percepção que dele estejam tendo os camponeses da zona afetada. A
minha ação técnica sobre a erosão demanda de mim a compreensão que
dela estejam tendo os camponeses da área. A minha compreensão e o
meu respeito. Fora desta compreensão e deste respeito à sabedoria
popular, à maneira como os grupos populares se compreendem em suas
relações com o seu mundo, a minha pesquisa só tem sentido se a minha
opção política é pela dominação e não pela libertação dos grupos e das
classes sociais oprimidas. Desta forma, a minha ação na pesquisa e a
dela decorrente se constituem no que venho chamando de invasão
cultural, a serviço sempre da dominação. ~
:::>

~q:
" Exposição em inglês feica pelo autor. sem texto escrito. no Insticuco de Educação de Adulcos da ~
.....
Universidade de Dar-Es-Salaam. Tanzânia, cm 1971. O autor fez algumas alterações no cexco cra- ~
o
<luzi<lo para esta publicaçã0. Alterações. porém. que não comprometem o sentido fundamental de

~ sua exposição feita há dez anos. Tradução de: Wilma Aparecida Silva e Patrkia Sarei. CD
Se, pelo contrário, a minha opção é libertadora, se a realidade se dá da humanidade". Não cabe, por isso mesmo, nesta visão a discussão do
a mim não como algo parado, imobilizado, posto aí, mas na relação processo do trabalho em busca de uma compreensão crítica do mesmo.
dinâmica entre objetividade e subjetividade, não posso reduzir os grupos Os projetos educativos existem somente para oferecer algumas
populares a meros objetos de minha pesquisa. Simplesmente, não posso indicações necessárias para se obter uma maior eficiência na produção.
conhecer a realidade de que participam a não ser com eles como sujeitos Os trabalhadores devem transformar-se em bons produtores e o serão
também deste conhecimento que, sendo para eles, um conhecimento cão melhores quanto melhor introjetem as razões do sistema e se tornem
do conhecimento anterior (o que se dá ao nível da sua experiência dóceis aos interesses da classe dominante.
quotidiana) se torna um novo conhecimento. Se me interessa conhecer Se é incoerente que um profissional reacionário, elitista, envolva
os modos de pensar e os níveis de percepção do real dos grupos populares, os grupos populares como sujeitos da pesquisa cm corno de sua realidade,
estes grupos não podem ser meras incidências de meu estudo. Dizer contraditório também é que um profissional chamado de esquerda
que a participação direta, a ingerência dos grupos populares no processo descreia das massas populares e as come como simples objetos de seus
da pesquisa altera a "pureza" dos resultados implica na defesa da redução estudos ou de suas ações "salvadoras".
daqueles grupos a puros objetos da ação pesquisadora de que, em Se vocês lerem os escritos do Presidente Nyerere descobrirão que a
consequência, os únicos sujeitos são os pesquisadores profissionais. Na sua visão é outra. Falando, por exemplo, do significado do desenvol-
perspectiva libertadora em que me situo, pelo contrário, a pesquisa, como vimento, ele diz: " Assim como não posso desenvolver um homem, uma
ato de conhecimento, tem como sujeitos cognoscentes, de um lado, os mulher, uma pessoa, se ele ou ela não se desenvolvem, tampouco posso
pesquisadores profissionais; de outro, os grupos populares e, como objeto desenvolver uma nação sem a sua gente". É importante compreender as
a ser desvelado, a realidade concreta. implicações desta afirmação. Uma delas, que tem que ver com o caráter
Quanto mais, em uma cal forma de conceber e praticar a pesquisa, político da educação, é a ênfase que o Presidente Nycrere dá à participação
os grupos populares vão aprofundando, como sujeitos, o ato de crítica de seu Povo, como sujeico. no processo de desenvolvimento do
conhecimento de si em suas relações com a sua realidade, tanto mais País. Para Nyercre, não há desenvolvimento sem a presença curiosa e
vão podendo superar ou vão superando o conhecimento anterior cm responsável das massas populares na reconstrução da sua sociedade. Daí
seus aspectos mais ingênuos. Deste modo, fazendo pesquisa, educo e que o seu projeto educativo se oriente sempre neste sentido.
estou me educando com os grupos populares. Voltando à área para pôr Se o objetivo de vocês na Tanzânia, que vem sendo explicitado
em prática os resultados da pesquisa não estou somente educando ou nos documentos do Partido e nas obras de Nyerere, é a criação de
sendo educado: estou pesquisando outra vez. No sentido aqui descrito, uma sociedade socialista, a pesquisa aqui requer métodos
pesquisar e educar se identificam em um permanente e dinâmico participantes. O povo tem que participar na investigação como
movimento. investigador e estudioso e não como mero objeto. É possível que
Considero importante, nesta altura de nossa conversa, insistir mais certos cientistas sociais do Primeiro Mundo digam que, na medida
uma vez sobre o caráter político da atividade científica. A quem sirvo em que o povo participe em investigações cm torno de si mesmo,
com a minha ciência? Esta deve ser uma pergunta constante a ser feita estaremos estragando ou prejudicando a científicidade da pesquisa.
por todos nós. E devemos ser coerentes com a nossa opção, exprimindo É que, segundo eles, esta presença popular não permite que os
a nossa coerência na nossa prática. achados da pesquisa se apresentem cm "forma pura". O que ocorre,
Não é, por exemplo, de interesse da classe dominante, numa porém, é que, quando os mesmos cientistas sociais que faz;em estas
sociedade capitalista, que se implique o Povo como sujeito participante afirmações em torno da "pureza" dos achados estão trabalhando na
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do seu próprio desenvolvimento. Numa tal perspectiva, a pesquisa não interpretação dos resultados de suas pesquisas, não podem evitar a
~ tem por que envolver os grupos populares como sujeitos de interferência de sua subjetividade na interpretação que fazem. Como
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~ conhecimento e a formação do trabalhador vira "treinamento da mão- não podem evitá- la no momento mesmo em que "desenham" a :::;
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de-obra". Treinamento para uma maior rentabilidade <la força <le trabalho pesquisa. Em última análise, sua subjetividade interfere na "forma
G e cm cuja prática a tecnologia é vista como neutra ou a "serviço sempre pura " dos seus descobrimentos. CD
UMA SUGESTÃO PARA A TANZÂNIA Em seguida, obviamente, se teria de falar da pesquisa, de como
Baseando-me numa tal forma de conceber a pesquisa e a educação, se tem nela o ponto de partida do programa de Educação de Adultos,
refleti acerca da possibilidade de o Instituto de Educação de Adultos da do método a ser adotado, do papel participante, crítico, de todos os
Universidade de Dar-Es-Salaam tentar realizar algo nesta perspectiva, que se envolverem nela; do direito que têm os grupos populares de
com objetivos bastante claros. O Instituto poderia dedicar-se ao estudo e à manifestar-se cm torno de seus próprios problemas e de falar de como
posta em prática de um projeto de pesquisa que não somente superá-los.
proporcionasse experiências para a formulação de estratégias da pesquisa Na medida em que vá havendo uma aceitação simpática à proposta,
alternativa mas também que ensejasse a organização de um programa de cabe à equipe sugerir à liderança de cada uma das agências sociais
Educação de Adultos. A formulação de tais estratégias da pesquisa visitadas a necessidade de reuniões mais amplas, com a presença de
alternativa poderia mesmo vir a constituir-se em desafio a toda a pessoas associadas a elas. Nestas reuniões mais amplas, a interpretação
Universidade em suas preocupações atuais em torno de como relacionar- dos objetivos do Instituto e do próprio método de trabalho já pode
se com os grupos populares. começar a ser feita, pelo menos em parte, por representantes populares.
Uma equipe que se suponha ter um bom conhecimento de Dar- Na verdade, porém, cabe à equipe, nestes encontros mais amplos,
Es-Salaam escolheria uma zona urbana ou suburbana da cidade na qual explicar, pormenorizadamente, como o trabalho será realizado. Falar,
se faria a pesquisa que seria o ponto de partida do Programa de Educação por exemplo, da necessidade da constituição de grupos de 20 a 30 pessoas
de Adultos. que se reuniriam, uma ou duas vezes por semana, no melhor horário
Em primeiro lugar, a equipe deveria informar-se sobre a existência para estes grupos, em diferentes salas das próprias agências sociais antes
ou não de estudos já realizados em torno da zona escolhida. É possível visitadas ou não. Grupos de pessoas que estariam juntas para discutir
que alguma pesquisa já tenha sido feita, cujos resultados devem ser livremente em torno dos problemas considerados como funda mentais
estudados pela equipe, não importa o método que tenha sido adotado. pela própria população. A estes grupos se juntariam representantes da
Em segundo lugar, impõe-se uma delimitação da área na qual se equipe pesquisadora, cuja "voz", porém, jamais poderia ser "superior"
faria a pesquisa, reconhecendo-se, naturalmente, que não há fronteiras à "voz" dos grupos populares.

rígidas em se tratando de cultura. Os debates em cada grupo, em torno de uma problemática sentida
Delimitada a área, a equipe faria as suas primeiras visitas infor- - como disse antes - pela população como fundamental, seriam gravados
mais, anotando tudo que lhe chamasse a atenção, conversando com uns, para mais facilmente poder ser consultados. Cada grupo elegeria um
com outros. Fundamental, nestas visitas exploratórias, seria a coordenador ou coordenadora e, no processo de seu trabalho, um relator.
identificação de organismos populares ou oficiais como clubes de futebol, Este faria a síntese das posições de seu grupo em face da problemática
escolas públicas, clubes de dança, cooperativas etc. debatida quando das reuniões finais, no momento em que todos os grupos
Em certo momento de amadurecimento deste processo de juntos discutiriam os seus achados.
aproximação ou de intimidade da equipe com a população da área, se Estas discussões últimas proporcionariam aos pesquisadores
começaria a fazer visitas às lideranças responsáveis pelos organismos profissionais e aos grupos populares - pesquisadores também - a
antes referidos. Nestas vi si tas a conversação deveria ser franca, sem elaboração de um documento final que, por sua vez, viria a ser de
provocar nenhuma dúvida nas pessoas visitadas quanto aos objetivos importância fundamental para a organização do conteúdo programático
do Instituto. A equipe simplesmente diria: "Trabalhamos no Instituto do Projeto de Educação de Adultos.

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de Educação de Adultos da Universidade de Dar-Es-Salaam e viemos :;;
5 aqui para, num primeiro momento, conversar com vocês sobre a A PRÓXIMA ETAPA 5

~<! Neste momento começa outra etapa da pesquisa: a do estudo ~<!


possibilidade de realizarmos um trabalho juntos. Um trabalho com w
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>-
vocês e com outros moradores desta área. Isto significa, sem dúvida, crítico do discurso popular. O estudo da sintaxe, da semântica popular. t;;
::;
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que, se o povo desta área não aceita a nossa proposta, o trabalho não O estudo das metáforas neste discurso. O estudo também dos
G será feito". diferentes níveis de percepção da realidade. A hora de o Instituto de CD
Educação de Adultos solicitar mais contribuição a outros setores da Suponhamos que seja possível levar a cabo este projeto e que vocês
Universidade. Convidar outros especialistas que se incorporariam à possam obter alguns bons resultados. Realizá-lo e aprender a fazê-lo
equipe inicial de pesquisadores no esforço de compreensão crítica melhor será um dos bons resultados a se esperar. Pôr em prática esta
do discurso popular. Entre estes especialistas, obviamente, estariam metodologia significa recriá-la, enriquecê-la; significa inventar métodos
os linguistas. com os quais trabalhar de maneira que as pessoas não sejam meros
Os relatores de cada grupo, atuando como representantes de seus objetas.
companheiros, deverão, tanto quanto lhes seja possível, estar ao lado
dos diferentes especialistas nesta etapa da pesquisa. Eles terão o que
dizer pois o que se estará fazendo é precisamente a análise compreensiva
do seu discurso. Sua presença nesta etapa da pesquisa é, como nas demais,
um direito seu.
"Mais e mais, disse certa vez Mao, devem os intelectuais tornar-se
trabalhadores; mais e mais os trabalhadores tornar-se intelectuais." Na
verdade, se queremos realizar uma sociedade socialista, deixemos de
lado o nosso elitismo. Comecemos a dar provas de que acreditamos no
Povo, mesmo reconhecendo as suas deficiências. Deficiências também
as temos, e muitas.
Estou certo de que, engajados numa experiência como esta,
estaremos fazendo, realmente, o aprendizado da superação do nosso
elitismo.

A ETAPA FINAL
A etapa final deste projeto hipotético seria a da organização de um
pré-programa de Educação de Adultos a ser elaborado a partir das análises
da realidade realizadas pelos grupos populares numa das fases primeiras
da pesquisa e dos estudos do discurso popular. A elaboração deste pré-
programa contaria igualmente com a participação necessária dos
representantes dos grupos populares. Ordenadas as unidades e sub-
unidades do pré-programa, a equipe pesquisadora que, nesta altura, já
incorporaria naturalmente os representantes populares, voltaria à área
popular. Novos encontros se fariam com os antigos grupos que debateram
os temas considerados fundamentais pela população. Nestes novos
encontros, seria discutido o pré-programa em suas unidades e
subunidades. Se transformado cm programa pela decisão dos grupos
populares, suas unidades e subunidades passariam a constituir-se em
~ ~
5
~ objetos de conhecimento a ser desvelados na prática educativa a ser 5
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<( desenvolvida. Esta, por sua vez, se alongaria mais adiante em nova ~
<(
'"" '""
t;;
:::;; pesquisa, na continuidade dinâmica entre pesquisa e educação, que exige t;;
:::;;
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e uma flexibilidade dos programas que vão se fazendo e re-fazendo, em


lugar de serem estáticos e imóveis. G
Dicas sobre procedimentos • Combinar hora e local das entrevistas: as pessoas não estão
em uma pesquisa de campo disponíveis para a pesquisa.
• Pedir licença para anotar ou gravar.
• Se necessário podemos refazer a pergunta com outras palavras, mas
não forçar uma resposta.
1. Definir no projeto a abrangência
• Onde será feita a pesquisa
• Que pessoas serão pesquisadas
• Todas as envolvidas na questão
• Uma amostra do total
• Definir se a pesquisa incluirá levantamento de documentos.

2. Definir o tipo e os instrumentos da pesquisa


• Pesquisa qualitativa ou quantitativa, ou uma combinação de ambas.
• Se incluir pesquisa quantitativa definir os procedimentos estatísticos
para que o levantamento tenha rigor científico. Buscar orientações
específicas.
• Leitura de Paisagem
• Observar e anotar no diário de campo
• Observação participante
Acompanhar, vivenciar junto atividades ou processos e 1r
registrando os acontecimentos e sua própria participação neles
no diário de campo.
• Entrevistas
• Com cada pessoa selecionada individualmente (anotada ou
gravada e depois transcrita)
• Com um grupo de pessoas em forma de seminário de discussão
(anotada ou gravada e transcrita)
• Em ambos os casos devem ter um roteiro prévio que vai sendo
ajustado pelo desenrolar da conversa.
• Cuidar para que as perguntas não percam de vista o objeto da
pesquisa.
• Questionários
• Perguntas feitas e respondidas por escrito.
• Funcionam melhor para levantamento de dados mais objetivos :Ã

5 sobre um a determinada realidade e com grupos acostumados a g
~ escrever e a preencher papéis.
Q.

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-0: ~
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3. Jeito de conseguir as informações com as pessoas
G • Gentileza: não é obrigação de ninguém responder nossas perguntas.
ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA Na parte inferior da folha (centralizado e com letras minúsculas)
• Município onde se localiza o Instituto
• Mês e Ano da entrega da monografia

3. Dedicatória (opcional)
Orientações para os Trabalhos de Conclusão de Curso do • Caso o autor deseje pode dedicar o seu trabalho a alguém ou
Instituto de Educação Josué de Castro homenagear uma pessoa ou grupo. Algo de duas ou três linhas.

No processo de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso a 4. Agradecimentos (opcional)


monografia corresponde ao momento de sistematizar por escrito os • Caso o autor julgar pertinente pode agradecer a todas as pessoas,
resultados da pesquisa realizada. Ou seja, trata-se de escrever sobre o entidades ou grupos que contribuíram na realização de sua pesquisa.
objeto da pesquisa e de responder às questões da pesquisa. O termo Algo de um ou dois parágrafos, no máximo. Só tem sentido se for
"monografia" significa: abordagem de um único assunto ou problema, smcero.
envolvendo trabalho de investigação. Para ser considerada uma
"monografia científica", precisa ter aprofundamento, rigor metodológico 5. Sumário
e apresentar uma contribuição nova para o problema em questão. • Indicação das principais divisões (capítulos, partes, itens, títulos
No IEJC orientamos para que os trabalhos de conclusão de curso do etc) do texto, na mesma ordem em que eles aparecem e com a
nível médio tenham um número mínimo de 30 páginas, incluindo todas respectiva página de início.
as suas partes.
6. Lista da tabelas, figuras ou ilustrações (se houver)
As partes que devem compor uma monografia: • Indicação do título de cada tabela, figura ou ilustração com a
respectiva página onde aparecem.
1. Capa: transparente (com encadernação espiral)
7. Introdução
2. Folha de Rosto • Apresentação do trabalho retomando as questões da pesquisa, os
Deve conter as seguintes informações: objetivos, a justificativa, e contando como foi realizada a pesquisa.
Na parte superior da folha (centralizado e com letras maiúsculas) Também deve fazer uma breve síntese sobre o que trata cada
• Nome completo do MST capítulo. Costuma ser a última parte a ser escrita.
• Nome completo do !TERRA
• Nome completo do IEJC 8. D esenvolvimento
• Nome do Curso - Turma • Deve conter: as constatações da pesquisa em relação ao seu objeto;
• Área de Concentração - Linha de Pesquisa a análise do problema, a partir da pesquisa de campo e bibliográfica;
propostas de ação ou teses cm vista de intervenção na realidade
Na parte central da folha (centralizado e com letras maiúsculas) estudada.
• Título (letras negritadas em tamanho 14 a 18) • O desenvolvimento pode ser subdividido em capítulos ou partes,
~ ~

~ ~~
com títulos referentes ao tema. Mas esta divisão não pode ser
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Na metade da parte inferior da folha (centralizado) mecânica; os subtítulos precisam ser portadores de sentido, <(
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t;; ....
:::; • Nome do educando/ da educanda (com letras maiúsculas) (Severino, 2000, p. 83) e expressar a lógica de raciocínio do autor. 'í
o o
• Orientador/a: Nome completo (pode ser em letras minúsculas) O importante é q ue a estrutura do texto dê segurança a q uem
e escreve c clareza a quem lê. e
9. Conclusão Desenvolvimento ou corpo do trabalho
• Retomada em síntese de quais foram os principais resultados da Pensar como será a subdivisão do trabalho e sobre o que escreverá
pesquisa. É importante também apontar questionamentos que em cada parte. Fazer anotações das principais constatações da pesquisa,
ainda ficam, e quais os possíveis desdobramentos do trabalho, no da análise que consegue fazer sobre as questões pesquisadas, juntando
sentido do que poderia ser feito com ele ou a partir dele. os resultados da pesquisa de campo e bibliográfica. Pensar como serão
aproveitadas as entrevistas e os registros do diário de campo, como
10. Bibliografia consultada poderiam entrar em cada um dos capítulos previstos etc.
• Indicação de livros, revistas, cadernos ou outros documentos que
foram consu ltados para fazer este trabalho. Conclusão
Anotar o que já consegue visualizar como principais descobertas da
11. Anexos (se houver) pesquisa. Recapitular sistematicamente os resultados e ir fazendo a
• Algum material que se for anexado facilitará a compreensão da síntese do trabalho (conclusão), um balanço do processo de pesquisa
análise feita. desenvolvido e do resultado social do trabalho.

12. Capa Final


Dicas ou cuidados de redação
Observação: Na apresentação gráfica da monografia, cada uma destas
partes deve iniciar em nova página. Na parte do desenvolvimento do 1. O texto precisa ter uma construção lógica, ou seja, uma
trabalho também se recomenda que cada capítulo inicie cm uma nova coordenação inteligente de idéias conforme as exigências de um trabalho
página. científico. As partes do trabalho, seus capítulos, seus parágrafos devem
ter uma seqüência lógica rigorosa e conseguir expressar o conjunto do
raciocínio do autor de forma clara e que proporcione uma leitura
Plano Provisório do Trabalho agradável.
2. Recomenda-se que a montagem do trabalho seja feita através
Em vista de chegar a uma construção lógica do texto monográfico de uma primeira redação de rascunho. Isto pode ser feito com o todo da
temos sugerido aos nossos educandos que antes de começar a redação monografia de uma vez, ou com cada um de seus capítulos, se o texto
da monografia propriamente dita, seja elaborado um Plano Provisório for mais longo. Terminada a primeira composição, sua leitura completa
de Trabalho, isto é, uma projeção do que deverá conter o texto. Alguns e atenta permitirá uma revisão adequada do todo e a correção de possíveis
preferem elaborar uma espécie de sumário provisório. O importante é falhas de lógica ou de redação.
pensar sobre o que será o texto. Imaginar sua constituição e antecipá-lo 3. Em trabalhos científicos orienta-se um estilo sóbrio e preciso,
na idéia, pelo menos em suas grandes linhas. E depois de começar a importando mais a clareza do que qualquer outra característica estilística.
escrever o texto, retomar permanentemente o raciocínio presente no É preciso evitar a pomposidade pretensiosa, o verbalismo vazio, as frases
Plano, fazendo os ajustes necessários a parcir do próprio processo de feitas e a linguagem sentimental. Mas é importante que cada pessoa
elaboração. não se constranja e assuma seu próprio estilo de escrever, sem medo de
Este Plano pode conter como elementos básicos os seguintes: errar.
~ ~
s 4. A construção de cada parágrafo merece um cuidado especial. O 5
g g
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Introdução parágrafo é uma parte do texto que tem a finalidade de expressar as
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etapas do raciocínio. Por isso a seqüência dos parágrafos, o seu tamanho
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~
O pesquisador já pode anotar as idéias básicas que pretende ~
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o e a sua complexidade dependem da própria natureza do raciocínio
e
desenvolver sobre o objeto os objetivos do trabalho e também sobre
como foi o processo de realização da pesquisa. desenvolvido. Duas tendências são incorretas: ou o excesso de parágrafos, e
sendo praticamente cada frase considerada um parágrafo, ou a ausência NORMAS TÉCNICAS PARA APRESENTAÇÃO DOS
de parágrafos. A mudança de parágrafo deve ser feita toda vez que se TRABALHOS
avança na seqüência do raciocínio, marcando o fim de uma etapa e o
começo de outra. O início do parágrafo com uma conjunção (mas, porém,
todavia, então, contudo etc) costuma auxiliar nesta passagem lógica.
5. A estrutura de cada parágrafo deve reproduzir a estrutura do (ABNT com algumas adaptações)
próprio trabalho: constitui-se de uma introdução, de um corpo e de uma Normas gerais básicas
conclusão. Na introdução se anuncia o que se pretende dizer; no corpo
se desenvolve a idéia anunciada; na conclusão se resume ou sintetiza o 1. Folha
que se consegum · afi1rmar. IZ • Tamanho= A4 (21 cm x 29,7 cm) ou 8pol x 11 pol
6. É importante que o texto demonstre o rigor da pesquisa: ir • Cor = Branca
trazendo elementos da pesquisa de campo e da pesquisa bibliográfica
realizadas que demonstrem ou ajudem a construir os argumentos para 2. Margem
as afirmações feitas. Cuidar para não fazer generalizações a partir de • Superior= 4 cm
estudos de casos muito específicos; evitar julgamentos sobre constatações • Inferior= 2 cm
feitas, priorizando a análise; fundamentar cada conclusão que for • Esquerda= 3 cm
explicitada no texto. • Direita = 2 cm
7. Lembrar que nosso princípio é o de pesquisar sobre a realidade
para construir ferramentas de análise que nos ajudem a melhor intervir 3. Letra
ou acuar sobre ela. O trabalho precisa deixar claro cm que conseguiu • Tipo= Times New Roman ou Arial
avançar nesta perspectiva. Não se trata necessariamente de terminar o
4. Texto ou Parágrafo
texto apontando soluções para o problema da realidade que inspirou a
• Letra: 12
pesquisa, mas de incluir no seu desenvolvimento um tipo de reflexão
• Início de parágrafo: a 5 coques da margem. (Ou com um "tab'', ou
que relacione teoria e prática, projetando possíveis ações decorrentes
com a configuração "Primeira linha")
do trabalho feito.
• Alinhamento da margem direita (Comando "justificar")
8. Precisamos também cuidar com a linguagem: evitar usar siglas
• Espaço entre linhas= 1,5 (máquina de escrever= 2)
ou palavras que somente são compreendidas por pessoas que já
conhecem a realidade pesquisada. O texto precisa ser aucocxplicativo.
5. Entre Parágrafos
É preciso escrever pensando também num leitor externo ao Instituto e • Espaço entre parágrafos= 0,6 antes (Máquina de escrever= 1 dente)
ao Movimento.
9. É bom começar a escrever a primeira versão ou rascunho do texto 6. Títulos
pela parte em que temos mais clareza ou inspiração. Nem sempre isco Título de capítulo
quer dizer seguir a ordem dos capítulos. Na revisão podem ser feitos os • 4 linhas livres antes e 2 depois
ajustes a partir de uma leitura cm seqüência. • Letra 14 a 16
10. É fundamental contar com a interlocução do orientador durante • Fazer em negrito :Ji
:Ji 5
5
o processo de redação da monografia. É uma de suas tarefas ajudar na • Fazer com letras maiúsculas g
~ construção lógica do raciocínio e do texto.
o..
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• Centralizado <
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t;; t;;
:!: :!:
o o
"Fonte das dicas apresencadas acé aqui: Severino, Antllnio Joaquim. Metodologia do 1rabalho Título de seções
Científico. • 2 linhas antes e 1 depois
• Letra 12 a 14 5. Quando algum dado obrigatório for desconhecido registra-se
• Pode ser em negrito ou não abreviadamente: na falta do local: s.1.; na falta do editor: s.n.; na
• Letras minúsculas falta da data: s.d .. Se o autor for desconhecido começa-se a referência
pelo título da obra.
Título de sub-seções 6. Os títulos podem ter o destaque de negrito ou itálico. O importante
• 1 linha antes e O depois é que o destaque escolhido seja padronizado: feito igual cm todas
13
• Letra 12 as referências.
• Letras minúsculas
• Observação: Para facilitar o entendimento os títulos e sub-títulos Ordem dos elementos numa referência:
podem ser numerados (algarismos arábicos 1, 1.1...) SOBRENOME, Nome. Título da obra: complemento. Edição. Local:
Editora, ano. (Coleção, nº)
7. Paginar
• Utilizar números arábicos Alguns exemplos de referências bibliográficas que trazem também as
• Centralizado ou no Canto superior direito, a 2cm das bordas variações destes elementos:
(superior e direita) BENJAMIN, César (org) A opção brasileira. Rio de Janeiro: Contraponto,
• Na folha de rosto não se coloca o número, mas se conta. 1998.
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano - compaixão pela terra.
Petrópolis: Vozes, 1999.
Normas técnicas para referências bibliográficas HOBSBAWM, Eric e RUOÉ, George. Capitão Swing. A expansão
Para utilização em notas ou na lista final da bibliografia consultada capitalista e as revoltas rurais na Inglaterra do início do século XIX. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1982.
1. Referências bibliográficas: identificação de toda a publicação que LA EDUCACION EM NUESTRAS MANOS. Construcción de la
foi mencionada no decorrer do trabalho. Podem ser indicadas em resistencia pop11l01: Buenos Aires: SUTEBA / CTERA, n.º 64, ano 10,
notas de rodapé. julho-agosto 2001.
2. Bibliografia consultada: engloba todas as obras utilizadas pelo autor MST. Pedagogia do Movimento Sem Terra: acompanhamento às escolas.
para a realização da pesquisa, mesmo que não tenham sido Boletim da Educação 11. • 8. São Paulo: MST, 2001.
mencionadas diretamente no trabalho. Esta listagem é uma das NETO, Antonio Gil. Gramática: apoio ou opressão. ln: A Produção de Textos
partes do trabalho, conforme indicação anterior, e inclui as na Escola. São Paulo: Loyola, 1998.
referências bibliográficas.
3. Alinhamento: de acordo com as normas técnicas atuais as referências
Normas t écnicas para citações e notas
devem ser alinhadas, da segunda linha em diante, somente à
margem esquerda, e de forma a ficar identificado individualmente C itações
cada documento. Não há necessidade de numerar as referências,
mas elas devem ser colocadas em ordem alfabética. 1. Há duas formas de fazer uma citação de um texto dentro do nosso
4. Elementos: Os obrigatórios são: autor(es), título, subtítulo (se texto: citação indireta ou livre ou citação direta ou textual. Ver forma
~ ~
houver), edição (a partir da 2a), local, editora e ano de publicação, na explicação que fizemos constar nos modelos de fichas de leitura. ~
~
e( nesta ordem. Os complementares, que podem ser colocados ou não:
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e(
w
....w ....
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indicação da página da obra consultada, o número total de páginas u Para um deralhamcnto completo sobre esras normas e exemplos de suas variações re1;omenda- ~
o

e
o da obra, a indicação de série, coleção, caderno, a ind icação de
e volume, tomo, fascículo, a periodicidade.
mos ver: Furastt!, Pedro Augusto. Normas Tlmirt1.r para o Trabalho Cie111fjico. Kxpliritacõo tias 11onnas
da ,.\llNT (A referência completa aparece no final desce Caderno.)
2. As citações livres (também chamadas de paráfrases) são feitas ao algarismos arábicos em seqüência única até o final do trabalho.
longo do próprio texto, sem destaques, apenas com indicação da 5. As notas de rodapé são hoje as mais utilizadas, especialmente se o
referência bibliográfica, resumida ao final de cada idéia. Assim: trabalho for feito cm computador, dada a facilidade de usar este
(Freire, 1982, p. 67) Em caso de ser uma síntese de trecho mais comando e também por tornarem a leitura mais agradável. Quando
longo do texto, ou que englobe mais de uma página, não há apresentadas no rodapé, as notas devem estar separadas do texto
necessidade de indicar a página: (Freire, 1982) A referência por um traço de aproximadamente um terço da largura útil da página,
completa da obra deve constar na parte do trabalho intitulada a partir da margem esquerda, o que corresponde a 20 toques (Sem),
"Bibliografia Consultada". além de se limitarem ao mínimo necessário. Deve iniciar com a
3. As citações textuais, aquelas onde se transcrevem exatamente as chamada com pequena entrada de parágrafo e escrita com espaço
palavras do autor citado, podem ser breves ou longas. São simples. Recomenda-se que a letra da nota seja um ou dois pontos
consideradas breves aquelas que não ultrapassam três linhas (mais menor que a utilizada no corpo do texto. Se a nota for de referência
ou menos). Estas citações podem integrar o texto, não precisando bibliográfica deve-se seguir as mesmas normas indicadas antes.
de reentradas, mas podendo ter o destaque da letra itálica, por 6. Notas no final do capítulo: são usadas cm caso do autor não preferir
exemplo. As frases são colocadas entre aspas, seguidas da referência as de rodapé e em trabalhos mais longos, para que não fiquem muitas
bibliográfica resumida, como na indicação do item anterior. notas no final do trabalho. São colocadas imediatamente após o
4. As citações textuais longas, ou seja, de mais de três ou quatro linhas término do capítulo, numa página nova, com o título "Notas",
devem receber um destaque especial, com reentrada de 4 cm ou centralizado e a 8cm da borda superior.
16 coques da margem, mais 5 toques para o início do parágrafo. A 7. Notas no final do trabalho: mais apropriadas para trabalhos feitos
distância entre as linhas deve ser de um espaço simples. Entre o com máquina de escrever. Seguem as mesmas orientações das notas
texto da citação e o restante do trabalho deve-se deixar duas linhas, de final de capítulo, só que colocadas imediatamente após o término
antes e depois. Também devem ser feitas entre aspas e podem ter de todo o trabalho.
o destaque do itálico. A referência bibliográfica segue a orientação
anterior. Em caso do nome do autor já ter sido dito no enunciado
da idéia, pode ser ainda mais resumida: (1982, p. 67).

Notas
1. Notas são observações, esclarecimentos ou informações que
queremos incluir no trabalho, mas não no corpo do texto porque
prejudicariam a seqüência lógica do seu desenvolvimento.
2. Existem dois tipos de Notas: (a) Bibliográficas, quando servem para
indicação da fonte de uma citação feita; (b) explicativas, quando
apresentam observações, acréscimos ou comentários
complementares a uma afirmação feita no texto, ou então remetem
o leitor a outras partes do trabalho.
3. A localização das notas pode variar a critério do autor do texto,

~
~
s podendo aparecer nas seguintes formas: (a) em rodapé, (b) no final
~ de cada capítulo, e (e) no final do trabalho. <
<
w w
.... 4. A chamada para as Notas pode ser feita de duas maneiras: (a) por t;;
~ :::;:
o o

e asterisco (•), quando não passar de três cm cada página,


diferenciando-as pela repetição do asterisco ( .. ), (• 0 ); (b) CD
BANCAS DE DEFESA PÚBLICA
Modelo de Folha de Rosto Passos trabalhados nos cursos do Instituto de Educação
Josué de Castro

l'\IOVll'\IENTO DOS TRABALHADORES H!JRAIS SEl'\l TERRA

1. O processo de organização e de realização das bancas de defesa


INSTITUTO TltCNICO DE CAPACITAÇÃO E PESQUISA DA REFORt\IA AGRÁRIA
é tarefa da Coordenação do Curso em conjunto com a Unidade Ensino
INSTITUTO DE EDl 'CAÇÃO Josu~: DE CASTRO do Instituto de Educação Josué de Castro.
2. As bancas tendem a ser organizadas por aproximação de eixos
ClJRSO NORl'\IAL DE Nf\'EL l\IÍmlO - TURl\IA HERDEIROS DE PAULO FREIRE
temáticos.
EDL CAÇÃO E FORl\IAÇÃO-SUJEITOS DO PROCESSO l'EDAGÓGICO
3. Cada banca tem 3 ou no máximo 4 membros, sendo um deles o
seu coordenador.
4. Os membros das bancas chegam no Instituto pelo menos dois
dias antes do início das sessões de defesa para fazer a leitura prévia de
cada um dos trabalhos a serem defendidos cm sua respectiva banca.
S. Nos dias de defesa todas as bancas devem observar os mesmos
horários e procedimentos.
6. Cada turno de trabalho é aberto pelo coordenador da banca com
alguma solenidade e fazendo as combinações necessárias com todos os
presentes.
AS EXPERI~NCIAS EDUCATIVAS DAS CRIANÇAS 7. Além da banca e dos educandos envolvidos, cada sessão pode
NO ACAMPAMENTO ÍNDIO GALDINO DO MST ter outros participantes para assistir a defesa.
8. Não é permitida a entrada ou saída de pessoas durante a sessão
de defesa, a menos que se trate de alguma emergência.
9. Cada sessão de defesa deve ser desenvo lvida através dos
seguintes momentos:
• Abertura da sessão feita pelo coordenador que anuncia o nome do
educando e o título do trabalho a ser defendido.
• O educando tem até 30 minutos para apresentação oral de seu TCC
SlJSY DE CASTRO ALVES aos presentes. É de sua escolha fazer esta apresentação de pé ou
sentado, bem como o uso de recursos didáticos, desde que tenham
Orientador: lvori Agostinho de l\loraes sido providenciados previamente. A orientação é de que não seja
fe ita leitura, mas sim exposição do trabalho.
• A banca apresenta seus comentários e questões num tempo máximo
de 30 minutos (para o total de seus membros). Em caso de uma
~
~ banca ter 4 membros, pode haver uma combinação de que a cada 3te
5
ga. crabalho sejam 3 pessoas apenas a se man ifestar, havendo então a.

<1: ...,._
<1:
~
,._ um rodízio. ~
~ \'eran6polis o
o • O ed ucando responde à banca (defesa propriamente dita) num

e
Julho de 2000
tempo máximo de 20 minutos. CD
• Os demais presentes também podem formular questões, usando BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
um tempo máximo de 5 minutos.
• O educando responde às questões da plenária num tempo máximo BRANDÃO, Carlos Rodrigues (org). Pesquisa Participante. 8a ed. São
de t 5 minutos. Paulo: Brasiliense, 1999.
• A banca pode requerer um tempo final para esclarecimentos, sempre FREIRE, Paulo. Ação culturalpara a liberdade e outros escritos. 8a ed. Rio
que julgar importante para o processo pedagógico do conjunto dos de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
participantes da sessão. FL' RASTÉ, Pedro Augusta. Normas técnicas para o Trabalho Científico.
• O coordenador declara encerrada a sessão combinando com os E.\pliritação das normas da ABNT. 10a cd. revisada, Porto Alegre: s.n.,
presentes um intervalo de 10 a 15 minutos . 2001.
• Ourante este intervalo a banca conclui seu processo de avaliação, SE\'ERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21a
devendo chegar a um parecer final único que deve ser regisuado ed. rcv. e ampliada, São Paulo: Cortez, 2000.
na ficha correspondente.

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