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Segredos revelados

A história de um sedutor romântico e quebrado


JEÂNDERSON DE OLIVEIRA

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SOBRE O AUTOR
Jeânderson de Oliveira, conhecido também como Lobbo, é especialista
em sedução natural e comportamento social. Atualmente, é o criador da
empresa de consultoria de relacionamentos Loopu’s.

Responsável também pelo projeto Comunidade Loopu’s, grupo no


Telegram onde compartilha conhecimento sobre sedução e interação humana,
por um simbólico valor mensal e também pelo polêmico e icônico conceito de
sedução, a Sedução natural-primitiva e responsável também pela mentoria
personal de diversos alunos, de ambos os gêneros, ao longo de mais de 10 anos.

Seu maior objetivo, é transformar homens e mulheres em suas melhores


e mais sedutoras versões, para então serem capazes de alcançar a auto
realização por si próprios e serem felizes sozinhos ou em um relacionamento.

Começou no mundo da sedução no final de 2009, aos 17 anos, com a


motivação de uma grande decepção amorosa, indo então, de nerd acanhado,
após longa caminhada de altos e baixos, à versão que o trouxe a realização e
calmaria que necessitava e é o que deseja a todos que nele e em si mesmos,
confiarem a transformação.

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PARA VOCÊ
Ficarei por demais feliz ao receber seu feedback! Comentários, críticas,
perguntas, experiências e relatos. Pode entrar em contato conosco pelo e-mail:
loopusalpha@gmail.com ou pelas redes sociais. Me siga no Youtube Lobbo
Alfa, para conteúdo de aprimoramento e me acompanhe nas minhas redes
sociais: Facebook Lobbo e nos Instagrans @lobboalfa e @loopus.oficial.

Devido à demanda, não garanto responder tudo pessoalmente, mas lerei


e responderei com prazer os questionamentos e perguntas mais relevantes.
Então Caprichem!

Caso tenha interesse em ver sua história e relato postados em nossas


redes sociais ou posteriormente no blog, escreva autorizando e selecionaremos
as melhores. Além deste, logo mais materiais virão, quentinhos do forno.
Antemão, temos uma comunidade no Telegram para compartilhamento de
histórias e conteúdos sobre esse mundo fantástico, maravilhoso, que é a
sedução. Tenha uma maravilhosa leitura e aprecie a viagem! Te espero no final
dessa jornada.

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PREFÁCIO
Como disse Mystery, maior sedutor do mundo e patrono da comunidade
de praticantes de sedução PUA (Pick Up Artist – Artista da sedução), em seu
livro, Mystery Method, se você não aprender como atrair mulheres agora, a
natureza eliminará seus genes da existência.

— Chamei sua atenção, Cavalheiro?

Atrair mulheres e não apenas elas, mas as pessoas, é algo muito sério e
se você está aqui agora, lendo este, certamente concorda, não é verdade?! Da
mesma forma que você, para ser um magnata, deve ter uma estratégia,
desenvolvimento e disciplina, voltados para o acúmulo de riquezas e para ser
um deus grego, precisa trabalhar sua aparência, imagem, estética, se quiser ser
um homem sedutor, desfrutar da companhia de belas mulheres, daquelas
capas de revista, em sua cama ou sua vida, deverá ter um plano comprovado
para isso. Bom, você veio à pessoa certa, já que se eu pudesse mensurar uma
quantidade, estaria na casa das quatro centenas; mulheres de todos os tipos e
gostos. Modéstia parte, tive comigo as mais interessantes as mais belas
mulheres, e não me desculparei por isso.

Levei, por muito tempo, a rotina de um “Bon vivant”, um libertino e


girava toda minha vida em torno disso. Não tô dizendo que você deva fazer o
mesmo, muito pelo contrário, afinal, eu não era nada feliz e como verá nesse
livro, não me fez nada bem, mas essa não é a questão. A questão é que sei como
funciona o jogo e estou aqui para ensinar da forma correta, sem que passe pelos
caminhos tortuosos que segui. É por isso que tenho a honra de compartilhar
com você mais de dez anos de experiência na ciência da sedução, da conquista
e dos relacionamentos. Meu objetivo é acelerar drasticamente sua curva de
aprendizado, poupando anos de dolorosa frustração e solidão no processo.
Enfim, vamos à leitura?!

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SUMÁRIO
….….……………………………….…….................................…........ 13

…...………......................................................... 14
- Você precisa mudar! ........................................................................................ 15

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INTRODUÇÃO
Eu nunca fui muito normal, sabe… e acredito que, assim como eu, muita
gente também não é e nem nunca será. Tive uma infância muito feliz, mas ao
chegar na adolescência, tudo mudou… um rapaz tímido, introspectivo,
agarrado aos livros, coisas nerds e minha solidão. Abrir a boca era um
verdadeiro sacrifício.

Um dia, tudo mudou e obcecado pelo universo ardiloso, mas incrível que
é a sedução, me entreguei de corpo e alma. Tive a vida que, com certeza, muitos
homens matariam para ter. Tive mais do que desejei, muito mais e me tornei
alguém que não me orgulho. Frio, calculista, com “donjuanismo” (a síndrome
de Don Juan), misógino, machista, depressivo… a lista é longa. Em troca,
desfrutei, praticamente, da mulher que quis. Tudo era um jogo. Eu vivia para
o jogo; era como um rei para as mulheres e para os homens, como um deus.
Isso até minha queda, claro… afinal, a arrogância precede a queda.

Então, tive de me redescobrir e da maneira certa, redescobrir também o


mundo da sedução. Muitos altos e baixos, muitos ensinamentos e uma espécie
de legado também. E é isso que vou contar e ensinar neste livro. Espero que
gostem da minha história/ensinamentos e desfrutem dessa verdadeira e
gostosa viagem, que é a “Última sedução”.

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VOCÊ PRECISA MUDAR!

O
lá, Meu caro leitor! Para você que, provavelmente, não me
conhece — mas irá —, meu nome é Jeânderson de Oliveira, sou
consultor especialista em desenvolvimento e sedução e vou
contar minha história, ao passo que — pretendo — ensinarei o
máximo que eu puder sobre este universo incrível e sinuoso que
é a sedução, assim como interações, armadilhas, vícios, peripécias e demais
“poréns” das interações e relacionamentos, mas antes, (SEU NOME), tenho
algumas indagações. Não precisa me contar, apesar de bem curioso, não vou
saber mesmo… HA HA HA…

Bom, responda para si mesmo, aí no interior de sua mente, mas tem que
ser bastante honesto, okay?! Vamos lá: Amigo, você provavelmente não está
feliz coma vida que leva, não é verdade?! Sente-se preso, como numa jaula; as
coisas já não fazem tanto sentido e você procura válvulas de escape, em coisas,
pessoas, lugares e/ou situações que te “endorfinem, que te façam fugir da
realidade... EU TE ENTENDO! Comigo foi bem assim e acredito que com a
maioria das pessoas também, bem, salvas as acomodadas, claro. Eu chamo as
pessoas inquietas, de “Tubarões no aquário”.

Imagine um tubarão sendo criado num aquário. Imaginou?! Por mais que
nasça em cativeiro (nosso caso), uma hora irá sentir-se deslocado, preso,
apertado… Pessoas como nós, têm o que é necessário para a mudança acontecer,
porém, por muitos momentos, podemos ser coagidos, diminuídos e prensados
e então desanimamos. E por que? Por nos sentirmos DES-LO-CA-DOS.

Somos constantemente bombardeados por limitações impostas por


importantes sistemas, responsáveis pela nossa formação, como família, escola,
igreja, mídia etc.; não me entenda mal, são importantes, mas junto à educação,
recebemos coleiras, como timidez, insegurança, fobias, crenças limitantes,
entre outras. Por isso, nós consultores, odiamos o “Seja você mesmo”, pois é
uma crença carcereira, afinal, como saber quem você é, com tanta influência
que não molda apenas o caráter, mas também atitudes, crenças, A SUA
MENTALIDADE?!

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Você é basicamente a sua personalidade; se seus valores mudam, você
continua sendo você, mas com valores mudados; se a sua crença muda, você
continua sendo você, mas com uma crença diferente e por fim, se sua forma de
agir muda, você ainda é você, só que com o agir diferente e podemos destacar
dentro desse agir, as habilidades, que são ensináveis…

Você ainda continua sendo você, quando aprende coisas novas, não é?!
Pense com carinho… entendeu?! Você é sua personalidade, ponto! As instituições
são muito importantes na formação do caráter e valores morais, cívicos etc.,
mas acaba que, no processo, moldam bem mais que o necessário… E é graças
a esses moldes que você se sente assim tão deslocado, por horas, absorto; um
“peixe fora d’água”. E meu trabalho é te ajudar a descobrir quem é o seu
VERDADEIRO EU, e juntos, potencializá-lo.

Acredito que não apenas a sensação de deslocamento, o bullyng e a


insegurança, mas também, não saber como fazer amigos, te assolam, correto?!
Mas também não saber como falar com desconhecidos, nem sequer para pedir
informação, ou o que acredito que deva ser o mais dolorido: FALAR COM
MULHERES… Acertei, não acertei?! Sim, meu caro, esse é um dos sintomas de
vários daqueles moldes que citei mais acima. A sua timidez, o seu medo, a
insegurança, bloqueios, traumas e afins, não te deixam interagir e descobrir os
prazeres da interação homem-mulher. Você passa os finais de semana sozinho,
se consolando, dando a desculpa que é por opção e até pode ser, mas aí já é
uma exceção à regra. HA HA…

Lembro de como era me olhar no espelho e odiar a imagem. Não me


entenda mal, não que eu fosse feio, eu não era nada feio, mas sim, odiar a
imagem que eu via. Alguém sem valor como homem, me sentia, por vezes, um
fracassado… Não tinha coragem de abrir a boca para falar com alguma garota
de meu interesse, mesmo que a mesma estivesse afim. Vai por mim, eu sei…
sei como é gaguejar só por estar perto de uma linda mulher, chegar ao final da
adolescência sem contar com a experiência de estar com uma garota ou sequer
beijá-la, tê-la sexualmente… Sofrer bullyng constantemente, fazia parte da
rotina; viver com medo de chacotas, de surras, da humilhação pública e até
mesmo da rejeição também. Você ainda sofre com isso? Talvez numa escala
menor, quem sabe… mas uma coisa é certa: Você ainda não está bem resolvido

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consigo mesmo, não é?! Quer aprender como escapar? Quer descobrir quem é
o seu verdadeiro eu e torná-lo ainda melhor?! EU VOU TE AJUDAR!

— Mas Jeânderson, e se eu não for um tubarão no aquário, serve para mim?

— Mas é claro, meu senhor!

Citei o “tubarão no aquário”, porque a maioria das pessoas tem um


potencial gigantesco e não sabe; são perdidas. Outras, acomodadas ou
simplesmente satisfeitas com a realidade e tá tudo bem, mas estou falando de
uma ciência e se você tem um cérebro e é um ser humano, certamente irá
funcionar. Quer você seja o acomodado, quer seja o incomodado, não importa.
Pode ser que você já tenha até um tato social, seja até bacana com as mulheres…
Tanto faz! O que verá aqui, fará com que você melhore ainda mais.

CHEGA de ficar para trás no tocante às mulheres! Chega de viver de


migalhas de atenção, de ser feito de trouxa, de otário, de não ter atenção. Chega
de ter a cama fria a noite! Já imaginou ter a capacidade de interagir e ser notado
por todos a sua volta?! Ter sua opinião ouvida ou melhor: acatada… Que tal ser
visto, paquerado ou até abordado por verdadeiras gatas?! Já pensou?!?!?! Isso
é o que irá acontecer, se libertar sua verdadeira essência e trabalhar
constantemente no processo de evolução, transformando-a, basicamente, em
sua versão 2.0, A SUA MELHOR VERSÃO! Tendo dito isso, vamos para a
história?!

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UM INÍCIO NADA PROMISSOR
Como falei anteriormente, eu sempre fui uma criança e um adolescente
muito tímido. Para que eu me soltasse, ah, aí iria tempo de intimidade
rolando… Quer ter uma noção do meu nível de timidez? Você não tem noção!
Sério! Sem mais enrolação, vou falar: Eu era um aluno muito inteligente,
curioso, observador; tirava notas acima ou muito acima da média.

Aos 14 anos, já me interessava por física quântica, paradoxos temporais,


teorias curiosas ou bizarras e mais coisas nerds. Eu falei, não falei?! HAHA...
Sempre que eu estava na posição de aluno novo — e isso no ensino
fundamental é bom para a popularidade, geralmente —, os colegas, garotos e
garotas, vinham falar comigo e obrigado a falar, logo eu estragava falando de
física, química, HQ’s ou anatomia… ANATOMIA?!?!?! Você não leu errado.

Tá, vou repetir para você: A-NA-TO-MI-A… HA HA HA!

Obviamente, essa atitude me convertia no mais novo bizarro da classe, o


novo motivo de chacota da turma. Rapaz, estar comigo era quase um suicídio
social… Meus amigos, eram os excluídos da sala. — Um grande abraço, amigos
que não falo mais, mas não me deixaram só! (risos) Como mencionei, tirava
notas muito boas, absorvia a matéria bem, estudava em casa, mas quer ver o
quanto a timidez me atrapalhava?! Além de pegar a explicação do professor,
estudar em casa, no ônibus, nos grupos anteriores ao meu, na hora de
apresentar na frente, levava uma “cola”, mas nada saía. Me vinha um
“branco”, um nervosismo… e eu só queria sair correndo…

Uma vez — lembro como ontem —, na 7ª série (o que chamam,


atualmente, de 8º ano), três garotas, as mais populares da sala, me chamaram.
Era a hora de ir embora e as segui; entraram na sala em frente e quando fiz o
mesmo, fecharam a porta, e disseram:

— Jê, é hoje que vamos tirar o seu cabaço!

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Olha, isso me deixou petrificado e suando frio; não sabia como reagir, até
que vendo meu estado, saíram gargalhando… Esse era meu nível de timidez e
no ensino médio, não foi tão diferente, sabe… mas foi a catálise da mudança.

No segundo ano colegial, em 2008, me apaixonei perdidamente por uma


garota e farei com que se apaixonem também. Era linda, perfeita, maravilhosa,
uma verdadeira deusa. Tá, parei! Claro que não é bem assim e estou mostrando
como uma pessoa apaixonada vê uma pessoa que pode ser até bem comum,
viu?!

Mas vamos lá: Ela era bem bonita, tinha um sorriso muito bonito e era
popular… mais à frente, explicarei, mas entenda que a popularidade é
atraente, assim como a confiança, boa autoestima e ela tinha tudo isso… Passei
o ano inteiro desejando essa garota. Vamos chamá-la de Judith, para preservar
a garota (mas a mesma tem um nome bem incomum também). Fazia o possível
para estar perto dela, fazer as coisas com ela. Até me candidatei ao cargo de
Suplente, só porque ela era vice representante. Tenho veia para liderança?
Tenho veia para liderança. Eu sabia disso? Não sabia disso… HA HA HA…

Só foi para ficar perto da Jude mesmo. Faltando três meses para encerrar
o ano, tirei a coragem do âmago da minha alma e decidi me declarar. Já
adianto, Jovem mancebo, NUNCA, EM HIPÓTESE ALGUMA, FAÇA ISSO!
Não até você ter a certeza de que ela sente o mesmo.

Eu já havia descoberto o talento da escrita (não serei falso modesto) e


escrevi uma carta, que posso aferir, incrível (me deixa! Rum!). Usei minha
melhor letra, desenhei um lobo na “capa” e até perfumei. Sim, cara, eu
perfumei a carta com o meu melhor perfume… Meu coração acelerava só de
imaginar a felicidade que a tomaria, após a leitura. Cada minuto, não, cada
segundo que passava, demorava um século. Quando finalmente chegou à
saída, rapidamente a encontrei e com uma coragem digna de Héracles,
entreguei a carta e saí praticamente correndo.

As semanas foram passando, e com elas, minha paz e minha alegria,


afinal, a ansiedade da resposta me consumia cada vez mais. Até músicas eu fiz.
Ah, você duvida? Quer ver?

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ODE MUSICAL
VOU FICAR COM VOCÊ
Sendo que ainda gosto de você
Amores vão e vêm
Mas o nosso é especial
Por que terminamos?

Amores deixam marcas


E o seu ficou gravado em mim
Eu não desistirei!
Vou correr atrás

SÓ DEPENDE DE MIM
VIVER ESSA PAIXÃO
VOU FICAR COM VOCÊ
PRA SEMPRE

UMA ESTRELA QUE CAI


UM PEDIDO EU FIZ
AMOR VOU FICAR COM VOCÊ
PRA SEMPRE

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ODE MUSICAL II
ALGO FEITO PARA NÓS DOIS
Eu estou aqui
Pra te fazer feliz
Pegar em sua mão
Dizer que te amo

Um dia é o que eu preciso


Pra te mostrar
O que o amor faz com a gente

Uma estrela brilha no céu por nós


Isso é algo feito para nós dois

AINDA HÁ ESPERANÇA
EM MEU PEITO
TE RECONQUISTAR
TE FAZER VOAR
TE DAR MEU AMOR
POIS NADA ACABOU
QUERO TE MOSTRAR
QUE AINDA TE AMO

UMA ESTRELA BRILHA NO CÉU POR NÓS


ISSO É ALGO FEITO PARA NÓS DOIS

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UM COMEÇO CONTURBADO
O ano acabou sem que eu obtivesse a resposta desejada, o que acabou
comigo. Faltando pouco tempo para o natal, minha mãe, na reunião de pais e
mestres, viu um cartaz de estágio de vendas numa empresa, que com certeza,
você já deva ter ouvido falar: a Microlins e me levou. E é aqui que começa
minha mudança, sendo o berço da minha jornada como sedutor.

Se você acha mesmo que um tímido não pode trabalhar com vendas, você
está certo! Mas se achar que ele consegue, também estará certo e este foi meu
caso.

Minha mãe chegou em casa com a notícia do estágio e me obrigou pediu


para ir até a empresa. Como mandado pedido, fui até lá e ao me informar sobre
o estágio, mal consegui abrir a boca para pedir uma simples informação.

— Olá! Como posso ajudá-lo?

— Vim pra ‘umsa entrevist4 de stait’!

— O que?!

— ‘Umns entrexis di staigs’…

— Desculpe, não entendi!

— Vim para uma entrevista de ‘Estait’!

— Ah, sim…

O rapaz foi perguntar ao supervisor, todo confuso, sobre uma “entrevista


de stait”. HA HA HA HA HA HA!!!

Quando o rapaz veio me dizer que logo eu seria chamado para a


entrevista de ES-TÁ-GIO, morrendo de vontade de rir, eu não sabia onde enfiar
a minha cara.

Não sei como, mas eu passei e comecei a trabalhar. No dia seguinte, me


mandaram para a ação. A função consistia em abordar o povo na rua, para

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leva-los a conhecer a escola e então ser atendido pelo orientador comercial
(atendente, vendedor interno) e aí sair com um contrato de matrícula de um
ou mais cursos.

Se para alguém desinibido, era um verdadeiro terror, imagine para


alguém como eu. Imagine uma avenida extremamente movimentada, com
transeuntes completamente apressados. Imaginou? Eu, juntamente à minha
equipe, tentava — quase sem sucesso —, abordar essas pessoas, com os
orientadores à “nossa cola”, gritando para abordarmos mais e com eficiência.

Todo dia eu pensava em desistir, afinal, como um “bicho-do-mato” como


eu, iria gostar de abordar desconhecidos, apressados em via movimentada,
para convencê-los a me acompanhar à escola e não bastasse isso, com os
orientadores gritando?!

Era meu primeiro emprego, eu não poderia decepcionar meus pais, então
decidi olhar para a solução e parar de focar no problema e foi aí que comecei a
plantar a sementinha da mudança.

Meses antes, havia concluído um curso profissionalizante e no pacote,


tinha vendas. O professor era rigoroso. Nos forçava a sair da zona de conforto
(o odiávamos por isso e o fizemos ser demitido, com a alegação de ser ruim,
malvado. Mal sabia eu que ele me ajudaria, mesmo que na memória), ele
enfatizava que venda era emoção, e que tínhamos de nos CONECTAR; que era
como se as pessoas tivessem escritas em suas testas: “Emocione-me que eu te dou
o meu dinheiro!”. Eu decidi testar isso.

Larguei a prancheta e comecei a tratar a abordagem em si como um


processo natural de vendas; decidi enfrentar meu medo e me conectar, mesmo
em questão de segundos, com cada pessoa que eu abordasse, e comecei a me
sentir confiante, poderoso e até natural.

Passei a ter sucesso em fazer as pessoas quererem parar, logo, passarem


um tempo me ouvindo, e por fim, me acompanharem até a empresa.

Fiquei melhor e mais confiante; passei a me desafiar às coisas novas,


como abordar pessoas trabalhando ou embaixo de chuva e até as de bicicleta.

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A meta do assistente era 12 visitas, 3 matrículas e destas, pelo menos 1
tinha de ser paga. Quantas vezes eu fiquei até às 20hs (exigência da gerente),
por não bater a meta?! E olhe que era estágio e de 200 reais.

Eu ficava das 9h às 18h. O negócio, é que fui melhorando rapidamente e


batendo a meta cada vez mais rápido. Fiz tantos amigos por causa disso, da
energia que eu emanava, do que em anos. Conheci muita gente e pasmem: Até
paquerar eu paquerei…

Então me senti mais que confiante para paquerar a Judith. Sim, a Judith,
lembra dela?!

Para você, que teve Orkut em 2006, com certeza teve um “Buddy Poke”.
Eu usava o meu para paquerar o dela, mas o auge da ousadia, foi criar coragem
e ligar. Eu era uma outra pessoa. Sexy, de tão confiante.

Cerca de um mês após, já findado o recesso anual escolar, recebi proposta


da empresa concorrente, Prog-Info, mas por causa do meu amigo, que não quis
ir, fiquei. Contudo, uma semana depois, bati minha meta completa em 2hs,
ainda pela manhã e segundo a gerente, quem batesse a meta, poderia ir. Eu fui
direto na concorrente, perguntar se a proposta ainda valia e já comecei no dia
seguinte.

Para todo assistente comercial, de qualquer escola, o sonho é ir para o


atendimento e eu recebi essa oportunidade. Faria um teste como atendente.

Chamei para compor a equipe de rua, dois rapazes que trabalharam


comigo na Microlins, ensinei o meu método e partimos para a ação. Nós 3
juntos, em pouco mais de 2 semanas, fizemos 64 matrículas, eles levando e eu
atendendo. Um marco, já que a meta da unidade era 60 mensais para toda a
escola e nós, fizemos isso em 4 horas trabalhadas.

Isso me deixou bem confiante e seguro e quanto mais isso acontecia, mais
era notado e flertado pelas mulheres, mesmo as mais velhas. Agora me
pergunte se eu sabia o porquê. Sabia? Não! Mas mais à frente, VOCÊ irá
entender.

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Mas voltando um pouco no tempo, fiz algo que me jogou bem mais
próximo da minha fase sedutora. Por isso é importante que eu volte um pouco
na história. Tendo dito isso…

Um dia, ainda na Microlins, decidi ligar para Judith, papeando um


pouco, ela disse querer me encontrar quando as aulas voltassem. Fiquei
extasiado. Contei para o rapaz que ficava também na rua e tinha intimidade,
mas que trabalhava na Prog-Info (o que viria a ser meu supervisor no mês
seguinte) e ele aconselhou:

— Jerereca (o infeliz me chamava assim), você chega nela e pergunta: “Fulana”,


você tá gostando de alguém? Se ela disser “Não!”, você avança, se disser que
sim, você indaga: E por que eu deveria tentar?!”

Na semana seguinte, início de fevereiro, as aulas voltaram e estava eu


indo para o 3º ano.

Antes da abertura dos portões, estava na minha roda de amigos, e ela


veio toda confiante, como sempre, abrindo passagem entre os alunos, como
Moisés, o mar vermelho e me puxou para conversar. Com um sorriso extenso,
disse que no intervalo nos veríamos. As horas não passavam. Cada minuto,
pareciam semanas…

Chegado o grande momento, sentamos na mureta em frente à biblioteca,


calados por minutos, que pareciam horas. Certamente, ela esperava uma
atitude minha, então quebrei o silêncio com coragem:

— Jude, você tá gostando de alguém?

— Hã?! Hum… Tô!

— E por que você acha que eu deveria tentar?

— Por que esse alguém é você, “dõrr”!

Nessa hora, olhei em seus olhos e tasquei aquele beijo digno de


Hollywood, deixando-a toda molhada e louca de desejo, querendo mais.

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Momento reservado às palmas para o guerreiro aqui. CLAP! CLAP!

Ah, para! É sério que você acreditou que eu fiz isso?! Inocente… HA HA
HA! Isso era o que eu deveria ter feito! Mas não fiz, apenas fiquei mudo até
acabar o intervalo.

Na hora de ir embora, a tratei como namorada, fazendo mil planos,


perguntando sobre o que acharia de mim cada pessoa de sua família, levando-
a para escolher um sapato comigo e até à Microlins a levei e, praticamente,
apresentei-a como minha namorada.

O resultado é que, do dia seguinte em diante, a Jude, dona do meu


coração, do meu amor, dos meus mais sinceros e profundos votos
matrimoniais, dos meus filhos e netos, passou a me ignorar completamente. Meu
mundo caiu.

Passadas duas semanas, a interceptei na hora da saída e perguntei se


poderia acompanhá-la até seu prédio, e após um silêncio ensurdecedor, ela me
contou que em uma festa, no final de semana anterior, havia ficado com seu ex
namorado, no caso, o penúltimo.

Desabei e por segundos, que pareceram séculos, fui bombardeado por


vários tipos de sentimentos conflitantes e inflamado pela raiva e uma coragem
inabalável, disparei:

— Como pôde?! Como pôde fazer isso comigo?! Se gosto tanto de você… Eu
achei que a gente fosse ficar junto! Você disse que gostava de mim… E com o
Dan (vamos chamar assim, para preservar a identidade)?! Poxa, fosse o último
ex, eu não falaria nada, mas o Dan… Eu não acredito, Jude…

— Olha, mas a gente não tem nada, você não fez nada, a gente nem nunca
ficou…

Fiquei alugando seus ouvidos, dando “piti” até chegar em seu prédio.
Chegando lá, ela dispara:

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— Cara, você tá sendo ridículo e chato! Se você não sair da minha portaria, não
serei mais sua amiga, nunca mais nem olharei na sua cara!

Naquele momento, meu caro, morreram todos os meus netos, bisnetos,


meus votos queimaram, a igreja virou um circo, um verdadeiro pandemônio…

Tá! Drama à parte, fiquei desolado, a lágrima desceu e eu disse que não
queria mais saber de mulher. Passados uns minutos, lembrei de um episódio
da icônica Sitcom “Eu, a patroa e as crianças”, onde o Jr. diz ao seu pai Michael
que não quer mais saber de mulher; que quer ser gay, porque mulher só causa
dor e sofrimento, onde é zoado pelo mesmo… Isso me faz rir bastante, apesar
da tristeza e apesar do meu “não quero mais saber de mulher”, não ter sido no
mesmo contexto, decido mudar minha promessa inflamada para “Serei um
pegador”!

Tenho um primo que sempre se deu bem com mulheres e decidi que
queria superá-lo, o que viria bem a calhar, pois esqueceria a Jude e de quebra,
mudaria o pensamento da família, pois sentia que meus primos e tios juravam
que eu fosse gay, por nunca me verem com uma garota…

Me joguei de cabeça no trabalho e no aperfeiçoamento das habilidades


de venda e conversação, o que causou o grande Boom de minha evolução na
Microlins e a proposta da Prog-Info. O resto, você já sabe…

Comecei a indagar o porquê de quando eu vendia, as mulheres me


notavam e comecei a pesquisar sobre mulheres e foi aí que a grande mudança
aconteceu.

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SEMEANDO A MUDANÇA
Quando eu tomei aquele grande “fora” que dilacerou meus sentimentos,
decidi me jogar de cara no meu trabalho, eu já estava começando a ficar bom,
graças ao que lembrei, daquele professor que mencionei, o que odiava, vou
chamar aqui de Diones, mas quando decidi me entregar, fiquei hiper focado.
Comecei, como comentei lá atrás a ficar cada vez melhor e foi quando recebi a
proposta da concorrente e na semana seguinte, mudei de empresa e tive, junto
aos colegas, um resultado explosivo.

Lembra quando eu falei que quando estava na Prog-Info, no


atendimento, as mulheres me reparavam?! Pois é! Bonitas, feias, jovens, mais
velhas… Eu fui bastante assediado. Mas além de estar trabalhando, eu não
sabia como reagir. Elas faltavam pular em cima de mim. HA HA!

Todavia, era só sair do papel de vendedor, era só abrir a boca, que o


sonho acabava. Era como se eu pressionasse um botão “liga-desliga”. Eu não
entendia absolutamente nada. Elas não só não flertavam, como nem me
notavam mais, por vezes, até se afastavam…

Estamos em setembro de 2009, eu já estava em outra empresa e nela, com


dois ex colegas, ambos da “Prog”. O Tomé, vamos chamar assim, meu ex
gerente, e o que vou chamar de Wesley, o supervisor. Àquele do conselho sobre
a Jude, lembra?! Então, nessa empresa, os cargos se mantiveram e meu gerente
e supervisor inventaram de me levar para uma “casa de massagem”. Eu não
sabia como agir, estava nervoso, afinal, só havia beijado uma garota, mas
então, não só veria uma nua (não, “pornô” e revista masculina não contam),
como faria sexo.

Chegado o momento, não sabia o que falar, o que fazer, eu tava


simplesmente perdido. Tentei levar a situação com humor, mas só escancarei
meu nervosismo, então mal pisquei e ela já estava nua. Tremia mais que vara
verde ao tentar, inutilmente, desabotoar minha camisa.

— Posso?!

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— Ca-ca-claro!

Mal pisco e ela já havia tirado minha roupa e me deitado na cama.


Colocou um preservativo e, com a boca, “me encapou”, partindo disso para o
sexo oral.

Irmão, Como foi bom aquilo… Eu fui ao céu várias e várias vezes e
quanto mais gostava, mais ela acelerava e eu vibrava… Percebendo a
“pilantragem” inconsciente dela mesma, a moça cessou, e pediu para que a
penetrasse por trás. Se pôs em posição e quando vi aquela bunda enorme, eu
não sabia o que fazer. Isso também acontece contigo?! Se sim, “tamo junto!”
Aliás, “tava junto”, não é?! HA HA HA HA!

Não conseguia sequer colocar, e quanto mais tentava, sem sucesso, mais
nervoso ficava e me sentindo um inútil… Ela compadeceu e por trás, encaixou
da forma correta.

Comecei a penetrá-la como se não houvesse amanhã, me senti sagaz,


viril, um deus… mal dei por mim, veio aquela onda avassaladora que
conhecemos como gozo. Sem entender nada, ejaculei. Fingi que nada havia
acontecido, mas mulher entende, vai por mim e após uns minutos:

— Então… Já tá bom, né?!

Imagine a vergonha que fiquei. Não sabia onde enfiar a cara, mas me vesti, ela
também e puxei assunto. Nome, idade e o motivo de estar lá já não era mais
segredo.

Resumo da ópera: Meu gerente subiu para me buscar, e por terem


passado míseros 8 minutos, do tempo que me deixou, para o que me buscou,
riu de mim, juntamente à toda a empresa, me chamando de Windows 7, devido
ao lançamento da versão.

Não foi uma experiência legal, mas isso me trouxe uma certa confiança e
aos poucos, fiquei mais seguro em interagir com as mulheres, no então, ainda
me eram uma incógnita e principalmente, o fato de quando eu atendia, me

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tornava atraente e quando não, deixava de ser. Tomei então a decisão de
entender isso.

Já estava praticamente no final do ano e eu já havia evoluído muito, sabe,


Meu camarada, me sentia poderoso, por vezes, imponente, sexy e tudo mais,
mas precisava entender o que me fazia tão atraente para as mulheres, quando
vendedor, e o que me afastava delas, quando fora do expediente.

Passei então a pesquisar na internet, por horas, dias, semanas, até vários
meses, tudo que pude sobre vendas, interações humanas, interações sociais,
como fazer amigos, como convencer, influenciar, conversar e até o que,
confesso, senti ser, para mim, naquele momento, o mais idiota de todos os
tópicos: COMO ATRAIR E NAMORAR BELAS MULHERES.

Surfando em vários sites inúteis sobre mulheres, várias horas perdidas


depois, encontro um blog interessante, de um cara chamado “Rico”. O blog se
chamava “A arte do namoro, o poder da conquista”. Um título interessante,
concorda?

Ele falava coisas muito boas como: Não botar a mulher num pedestal,
não correr atrás feito “cachorrinho”, não agir como carente, necessitado, não
cobrar, julgar e principalmente, se valorizar como homem, como pessoa e não
ter medo de se impor e mostrar o que pensa.

Eu achei tudo muito incrível e logo comecei a praticar, tendo os mais


incríveis resultados.

MENTIRA! O “bronco” aqui passou meses só absorvendo conteúdo, sem ter a


coragem para pôr em prática. No entanto, comecei a dar as dicas que lia para os amigos
e sempre dava certo e eles vinham me contar alegres, o resultado positivo de cada um
dos conselhos recebidos.

Passeando por sites parecidos, notei que todos faziam menção à uma
comunidade internacional de praticantes de sedução e ao seu Mentor, o maior
sedutor no mundo. Foi nesse momento, que entrei na comunidade secreta e
underground de sedução, PUA.

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JOGO INTERNO
Fiquei bem animado com aquilo tudo, me senti saindo da “Matrix”, como
no filme de Reeves, mas de fato estava mesmo.

Comecei a mergulhar nesse novo universo e, como diz um efeito,


chamado “Atenção seletiva” (sabe quando você não “dá fé” de algo, não nota
e é só ter contato com aquilo que parece que onde você vai ou olha, você passa
a ver aquilo, que antes não via?! Pois é! É isso!). Por estar imerso fora da
“Matrix”, passei a enxergar cada vez mais relações, similaridades e não apenas
isso, mas também a existência de vários membros dessa comunidade, inclusive
aqui no Brasil.

Quanto mais eu lia, ouvia ou assistia, mais eu aprendia e quanto mais


isso acontecia, mais eu ficava apaixonado por esse mundo. Meu Deus! Como
eu não havia encontrado isso antes? Eram tantas informações, tantos segredos
revelados, que era difícil conter minha euforia. Passei então a fazer disso,
minha rotina, hobby, a minha vida.

Comecei, então, no início de 2010, a praticar. Minha segurança estava


inabalável, afinal, como alguém, como dizem, “de exatas”, eu confiava em
fatos e os fatos diziam que era como uma receita de bolo. Fazendo da maneira
correta, daria certo.

Mudei minha postura, pois entendi que a imagem valia muito, a


aparência era muito importante, pois gerava autoridade, dominância, poder
ou da forma errada, subserviência e fracasso.

Eu entendi a importância da aparência e não entenda aparência por


beleza. Beleza tem até sua importância, mas o que dita mesmo as regras, é a
aparência, pois a mesma refere-se à imagem e esta é a responsável por se comunicar
com o subconsciente, não só das pessoas, como dos demais animais, mostrando
intenção, nível de poder e até mesmo atratibilidade. Então pense nisso! A aparência
manda, a beleza, nem tanto.

Muitas pessoas focam em dinheiro, beleza e status social. Essas coisas são
muito importantes, mas não determinantes. Entenda, analogicamente falando,

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essas características como ponte, e conseguir a mulher, como o caminho final,
após a ponte. Melhor: Beleza, status e dinheiro, como sendo o caminho para o
tesouro e conseguir a mulher, como o tesouro em si. O que de fato importa, e
pense bem antes de responder, o caminho que se faz para chegar ao tesouro ou
chegar ao tesouro?

Darei um tempinho para pensar…

5…

4…

3…

2…

1…

Pronto ou não, aqui vou eu!

Se você respondeu que é chegar ao tesouro, óbvio que está correto!

O caminho é o aprendizado. Tem uns certos, tem uns errados, tem o que
te leva mais rápido e tem também o que te faz perder muito tempo. Seja qual
for, se a pessoa persiste, uma hora chega, não é verdade?!

Vamos supor que você saiba como chegar ao seu destino e que beleza,
dinheiro e status, são respetivamente, um moto veloz, uma Ferrari e um
helicóptero. Convenhamos que, com cada um dos acima citados, sabendo
pilotar, claro, você chega mais rápido e tendo os três, vamos dizer que é o
mesmo que você tem um jatinho… HA HA HA… Mais uma vez: Se souber
pilotar, chegará em instantes.

Perceba que eu disse sabendo pilotar, pois de que adianta ter uma
máquina, se não souber pilotar? Você pode não sair do lugar, ir ao lugar errado
ou simplesmente se “estabacar”. No tocante às relações, às interações no geral,
principalmente homem-mulher, não adianta você ter status, dinheiro ou

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beleza. Se você tem diversos problemas, insegurança, ou vive à base de
interesses, será da mesma forma que um feio e pobre: Um repelente social ou
simplesmente atrair interesseiras.

Voltando aos veículos e caminho, se você não tem esses veículos e sabe
onde quer chegar, o X do tesouro, você vai como pode, afinal, o que importa
não é chegar?! Você pode ir na sua Mercedes, em seu fusca, moto, bicicleta ou
até mesmo a pé. Reitero que o que importa, é chegar. De novo com o pai aqui!
CHE-GAR…

Uma hora você chega. Contanto que não desista, claro! Se você sabe o
caminho, mas não tem a melhor ferramenta, vá atrás ou use outras, pegue
carona, dê um jeito! Afinal, não importa o caminho ou a ferramenta para
chegar no objetivo, o que importa, no final, é chegar e foi uma das primeiras
coisas que aprendi.

Entendendo isso, parei de acreditar que as três características acima,


eram cruciais e decidi focar no objetivo. Uma delas, é trabalhar a imagem que
eu transmitia, o que de fato me deixaria mais que interessante.

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“FATOR S&R”
Para entendermos o que é o “Fator S&R”, precisamos voltar um pouco,
para entender sobre nós, mas não apenas como seres humanos, mas como
animais. Todo animal, tem como “objetivo máter”, a preservação da espécie.
Sim, nosso objetivo principal, como animais, é perpetuar nossa espécie. É
racional? Não! É subconsciente, é uma PROGRAMAÇÃO BIOLÓGICA.
Tudo, repito, TUDO é feito com o objetivo de perpetuar a espécie, da ação mais
doce e altruísta, à mais vil e cruel existente… da ação mais aleatória, à mais
premeditada, assim como da mais simples, à mais complexa, e por fim,
incluirei aqui absolutamente todas as interações humanas possíveis.

Então, tudo gira em torno de perpetuar a espécie e mais uma vez, NÃO
É RA-CI-O-NAL! Essa programação se dá através de ações de sobrevivência e
reprodução. São ações baseadas na autopreservação, preservação de outro ou
de um grupo, e na reprodução, com a exploração da sexualidade.

Lembra da pirâmide das necessidades de Maslow? Se não lembra, é


aquela pirâmide que diz que somos movidos a necessidades, como as
fisiológicas (comer, dormir, fazer sexo etc), de afeição, saúde, segurança,
realização pessoal e por aí vai..., então, essas necessidades, são programações
biológicas, é o nosso instinto, a nossa natureza e se resumirmos, tornamo-las
em apenas duas: Sobrevivência e reprodução, e se resumirmos ainda mais, em
apenas uma: Perpetuar a espécie. Mas tá! Sem mais delongas, para garantir
isso, essa perpetuação, a natureza garantiu que a fizéssemos através de uma
“liga” e essa “liga”, é chamada de atração.

— “Jeanzão”, já ouvi falar de atração. É quando uma pessoa quer outra, né?!

— Concordo em discordar, Jovem “mancebo”! Vamos lá, Chefe! Atração é uma


força de ligação. Tem diversos sentidos, mas no nosso caso, falando de
interação, é basicamente, o interesse, o desejo por algo de alguém ou o desejo
por alguém.

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Atração é igual a interesse. Sentir-se atraído, significa ter interesse, sentir
desejo, sentir-se ligado e a atração é o que garante que queiramos estar perto
de alguém. A atração pode ser física, intelectual, social, emocional, financeira
e por aí vai. A natureza faz com que, através da atração, nos sintamos ligados
às pessoas que garantam, através de características próprias, a perpetuação da
espécie ou seja, pessoas que possuem características que impulsionem a
sobrevivência e a reprodução, são mais atraentes, geram desejo, interesse.

Vamos resumir?! Nossa missão, assim como de qualquer outro animal, é


perpetuar a espécie. A perpetuamos, sem notar, através da sobrevivência e reprodução,
de ações que gerem sobrevivência e/ou reprodução, inconscientemente.

E para garantir essa sobrevivência e reprodução, a “Mãe natureza” faz


com que a gente se “ligue” às outras pessoas, para reproduzir e sobreviver,
através da atração. Então, basicamente, amigo leitor, nós nos sentimos atraídos
(física, emocional, intelectual, social, emocional ou financeiramente), por
pessoas, que através de certas características e ações, garantam a continuidade
da espécie. Essas características que perpetuam, através da sobrevivência e
reprodução, são chamadas de Fatores S&R.

Todos possuímos esses fatores. Eles são, basicamente, programações de


ação. Então simplesmente agimos de acordo, inconscientemente, certo ou
errado, bom ou ruim e é graças a isso, que quanto mais desenvolvido for e mais
características tiver, mais você “garantirá” a perpetuação da espécie, ou seja,
mais atraente será, e quanto menos desenvolvido ou menos características
pertinentes à atração tiver, menos atraente, por conseguinte será.

Essa programação está conosco desde os tempos primórdios, onde as


seguíamos, aliás nossos antepassados seguiam, de forma literal, tal qual um
animal segue seu instinto. Não tinham a cognição desenvolvida como temos
hoje, então seguiam de forma literal, e não “disfarçada”, como fazemos nos
dias de hoje. Com a evolução do homem, tribos, cultura etc., deixou de ser
literal e evoluímos com essas programações tribais de sobrevivência e
reprodução e hoje, estão conosco de formas mais que sutis e totalmente
subconscientes.

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As mulheres então eram atraídas pelos caçadores, pois eles eram fortes,
sagazes e viris; eles teriam a capacidade de cuidar e proteger sua família, então
eram os mais desejados. Quando eu disse que era mais literal, é porque os S&R
eram mais físicos, sabe… era mais simples, então não havia necessidade de
outros. Os mais ligados à personalidade eram características como
dominância, notoriedade, popularidade e liderança. Resumindo-se a isso. Os
homens eram mais atraídos por mulheres que mostrassem sinais de fertilidade
e capacidade gestativa. Então quanto mais viril fosse o corpo, mais atraente
era. Diferente do homem, elas não tinham características atraentes ligadas à
personalidade, naquela época, o único papel era voltado à fertilidade. Se
resumia às funções fisiológicas. As tribos eram completamente patriarcais e as
mulheres eram meros “objetos” de prazer sexual e incubadoras vivas. Com o
tempo, isso foi mudando e as mesmas foram usando de sabedoria e jogo de
cintura; usando formas alternativas, não meramente o corpo, para atrair. E foi
nesse momento que nasceu a sedução.

SIM, A MAIOR ARMA DO PLANETA, O QUE DEU INÍCIO ÀS


TÉCNICAS DE VENDAS, NEGOCIAÇÃO, INFLUENCIAÇÃO, AOS
GATILHOS MENTAIS, FOI VEIO DA MULHER. MÉRITO DELAS VOCÊ
ESTAR APRENDENDO SEDUÇÃO HOJE!

Observação: Os homens só foram utilizar da sedução no final do Sec. XVI, na


Espanha. Pelos marinheiros e piratas, e a reunião de suas histórias, deu origem ao
mítico Don Juan Tenório, o fictício e ardiloso sedutor.

Bom, agora entendemos que atração é igual a interesse; que existem


vários tipos de atração; que nos sentimos atraídos pelas pessoas que têm
desenvolvidas características atraentes, que de uma forma ou outra,
prolonguem a espécie, através da sobrevivência e reprodução e por fim, que
seguimos agindo de acordo com a programação principal de perpetuar a nossa
espécie. Tudo que fazemos é para isso e assim são todos os animais. TODOS!

— Tá, Jean e agora? E como eu posso me tornar MAIS ATRAENTE?

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— Você PRECISA desenvolver atratibilidade! Precisa desenvolver características
que te deixam mais atraente, ou seja, características que mostrem às pessoas,
inconscientemente, que você é um bom sobrevivente e um bom reprodutor. E
pela última vez, IN-CONS-CI-EN-TE-MEN-TE, não racionalmente.
Basicamente, amigo, desenvolver e aumentar os seus fatores de sobrevivência
e reprodução.

Darei uma lista, agora, para você. Lembra quando falei da Ferrari, Fusca,
helicóptero, jato, moto, “bike” e também do caminho? Pois é, agora você irá
entender o porquê e para que. Sabemos que nossa missão como animal é
perpetuar a espécie, ou seja, a espécie humana; sobrevivendo e reproduzindo
e fazemos isso, principalmente, nos conectando com as pessoas e nos
conectamos através de uma “liga”, uma força chamada atração, sabemos
também que nos sentimos atraídos por pessoas que mostrem para nosso
subconsciente, que podem perpetuar a espécie, através da sobrevivência e
reprodução, e como esta é nossa missão, logo acatamos; por fim, descobrimos
que o que faz com que nos sintamos atraídos, são essas características, também
chamadas de “Fator S&R”.

Vamos para os exemplos? Ah, mas antes da lista, preciso adiantar uma
coisa! Os fatores S&R são divididos em duas categorias. Físicas e de
personalidade, pois a atração é baseada em aparência e personalidade. Os
homens sentem-se atraídos cerca de 80% pela aparência e 20%, personalidade,
enquanto as mulheres, o oposto. 80% personalidade, contra 20% da aparência.
Entenda personalidade, como toda e qualquer forma de agir e aparência, como
projeção da imagem, a forma como esta é mostrada, é tida.

Um adendo: Mulheres sentem-se, atraídas, inconscientemente, por homens


capazes de reproduzir com eficácia e eficiência, propagar bons genes e serem capazes de
cuidar, proteger a família, enquanto os homens, são atraídos por mulheres que,
inconscientemente, subcomuniquem um misto de poder com carência de proteção, além
da capacidade de propagar bons genes e oferecer boa gestação. — Mas antes que eu seja
xingado, vamos lá:

41
Em primeira instância, sou um pesquisador, um mero pesquisador e
como tal, não tenho direito a uma opinião. Apenas me atenho aos fatos, e cá
estou, apresentando fatos. Então, tudo o que eu aqui falar, quando não deixar
bem claro que é uma opinião, não será uma opinião.

Em segundo lugar, nada disso que citei anteriormente, nada, é racional,


não é como se a pessoa escolhesse aquilo. Tudo ocorre à nível subconsciente,
trata-se de programação biológica. Tendo esclarecido isso, vamos às
características! Agrupá-las-ei em dois grupos. Os grupos de características
físicas (as literais que mencionei, época pré-histórica) e as de personalidade (as
que vieram com nossa evolução, subconsciente, as modernas e sutis).

❖ S&R’s físicos:
Os físicos são inerentes à reprodução, têm ligação com o físico, o corpo,
a aparência; então aqui, são características ligadas à fisiologia, responsáveis
por gerar a nova prole. Dentre eles, temos os mistos, que servem para ambos
os sexos, os masculinos e também os femininos.

o Universais: Essas características valem para ambos os sexos. São


características diretamente ligadas à reprodução, sendo assim responsáveis
pela transmissão de genes saudáveis às novas gerações. Destacarei:

• Beleza;
• Saúde;
• Corpo saudável;
• Juventude.

o Homens: Basicamente, quaisquer características que sejam ligadas à


proteção, à masculinidade, virilidade, dentro do âmbito físico, são
características masculinas, inerentes à geração de prole, à reprodução. Citarei
alguns:

• Corpo forte; • Barba;


• Maxilar quadrado; • Força

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• Altura elevada; • Voz grave;
• Corpo viril; • Pênis vigoroso.

o Mulheres: Nas mulheres, é toda e qualquer característica ligada à


fertilidade, ao acasalamento, “encubação” e manutenção do feto; e claro,
feminilidade e disponibilidade sexual. Por exemplo, posso citar as:

• Baixa estatura; • Lábios carnudos;


• Bunda grande; • Cintura fina;
• Cabelos longos; • Quadris largos;
• Rosto delicado; • Coxas grossas;
• Seios fartos; • Vulva apertada.

Observação: Cuidado para não levar ao pé da letra, afinal, como disse várias
vezes, é subconsciente e tem vários níveis, exceção à regra, entre outros.

❖ S&R’s de personalidade:
Estas são as características que evoluíram junto a nós e hoje,
demonstramos e reagimos às demonstrações de sobrevivência e reprodução de
forma sutil, através de ações, não mais pelo físico e estão entre elas:

• Popularidade; • Sabedoria;
• Confiança; • Inteligência;
• Naturalidade; • Dominância;
• Perseverança; • Adaptabilidade;
• Objetividade; • Inteligência emocional;
• Resiliência; • Dinheiro;
• Perspicácia; • Prosperidade;
• Sensibilidade; • Comunicatividade;
• Bom humor; • Prestatividade;
• Liderança; • Rapport;
• Amor próprio; • Segurança;
• Autorrespeito; • Motivação;
• Empatia; • Perceptividade;

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• Caráter reforçado; • Humildade;
• Mistério; • Altruísmo;
• Indiferença; • Notoriedade;
• Charme; • Imprevisibilidade;
• Carisma; • Indulgência;
• Positividade; • Desafio;
• Presença física destacada; • Incerteza;
• Sensualidade; • Pré-seleção;
• Coragem; • Atitude;
• Ireatividade seletiva; • Destemidade;
• Ousadia; • Felicidade;
• Respeito; • Fé.

Como pôde notar, todas essas características, acima citadas, garantem,


indireta ou diretamente, através da capacidade de sobreviver e reproduzir, a
continuação da espécie. Algumas das características são mais, ou
exclusivamente, ligadas à sobrevivência, podendo ser autopreservação, de
outra pessoa, ou simplesmente a preservação, proteção de um grupo.
Popularidade, liderança, adaptabilidade ou dominância, são ótimos exemplos
disso. Temos também características que incitam a sexualidade, reprodução ou
manutenção da prole, como presença física destacada, sensualidade, charme,
indiferença, saúde, beleza, desafio, mistério, entre outros. Temos também
S&R’s que podem agir como mistos, apesar de ser de um grupo específico. Os
mistos lidam com ambas as qualidades, tanto a de sobrevivência, quanto a de
reprodução. Posso citar algumas: dominância, força, popularidade, liderança,
dinheiro etc. Em outras palavras, tem característica que te deixa mais popular,
que te faz conduzir um grupo, que te faz influenciar, te deixa mais sexy, que te
faz ser ouvido, influenciar, gerar provimentos etc. e tudo isso, de uma forma
ou de outra, garante sua sobrevivência, de outra pessoa ou de um grupo, assim
como aumenta a possibilidade de novos seres humanos nascerem, ou seja,
PERPETUAÇÃO DA ESPÉCIE. Tudo isso, eu absorvi e entendi o que eu
precisava fazer: Eu precisava desenvolver as características geradoras de atração, ou
seja, as características de sobrevivência e reprodução, meus fatores “S&R”.

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A primeira atitude, foi trabalhar minha imagem. Eu queria passar a
imagem de forte, destemido, viril, digamos, misterioso e até malvado, por ser
incrivelmente sexy. Um constante desafio. E para isso, trabalhei minha
aparência, minha visão das coisas e do mundo, principalmente de mim mesmo
e das mulheres. Trabalhei a maneira como me comunicava, a minha
capacidade de conversação e passei a abordar as mulheres para praticar.

Tudo começou com fins lúdicos, o que acabou virando um hábito


prazeroso. A cada fracasso, aprendia. Aprendia e repetia e cada vez mais me
propunha à desafios cada vez maiores, como: Abordar mulheres mais velhas,
as que estavam trabalhando, grupos, mistos ou só de mulheres, abordar em
festas, à luz do dia, à noite, com amigos, sozinho… não importava! Tudo era
motivo para que eu abordasse e colocasse em prática todos os ensinamentos e
técnicas.

— Você disse técnica?

— Sim, eu disse!

Passei a fazer uso — desenfreado, confesso —, de várias técnicas, como


desqualificar a mulher que tem alto status, através de pequenas provocações
divertidas, mas que soam como “tiradas” e demonstram que não há interesse
nela, usei técnicas de abordagem, com formas específicas de “abrir” a conversa
e várias outras, mas chamarei a atenção para uma específica: A PNL. Nessa
época, ninguém falava em PNL, não como falam hoje em dia, mas vou explicar,
primeiro de uma maneira mais simples e depois, da forma oficial, com os por
menores, para que entenda de fato, por dois ângulos, o que é esta ferramenta
magnífica e por que faz tanto sucesso com vendedores, prestidigitadores
(mágicos, ilusionistas), oradores, palestrantes, pastores, vendedores, dentistas,
hipnólogos, hipnoterapêutas, professores, coachs e claro, os sedutores. Irmão,
a lista é longa… PNL, sigla para programação neurolinguística, é, basicamente,
uma ferramenta da hipnose, usada para provocar, através de “palavras chave”
e ações calculadas, determinadas emoções na outra pessoa, e como as decisões
são baseadas nas emoções, logo o usuário consegue, se usar bem e tiver uma
certa sorte, o que desejar.

45
Explicação parruda: A PNL é uma ferramenta pseudocientífica que visa
aproximar comunicação, psicoterapia e desenvolvimento pessoal. Foi criada por
Richard Bandler e John Grinder nos anos 70. Bandler e Grinder afirmam também
existir uma conexão entre os processos neurológicos (“neuro”), a linguagem
(linguística) e os padrões comportamentais, aprendidos através da experiência
(programação), afirmam também que estes podem ser alterados visando alcançar
informações específicas e metas na vida. Então temos neurociência + linguagem +
programação. Afirmam também que a metodologia de PNL pode "modelar" as
habilidades de pessoas excepcionais, permitindo que alguém adquira essas habilidades,
replicando-as e que muitas vezes, em uma única sessão, a PNL pode tratar problemas
como fobias, depressão, distúrbios motores, doença psicossomática, miopia, alergia,
resfriado comum, distúrbios de aprendizagem e outros. É claro que não tem respaldo
total e tido, hoje em dia, como pseudociência, mas muito utilizada em marketing,
vendas e afins.

Bom, já deu para perceber como fiquei maravilhado com o poder da PNL,
certo?! Comecei a utilizar para seduzir, influenciar ou até mesmo manipular.
Usava para tudo, eu, envergonho em assumir, fiquei viciado… Estamos agora
em meados de 2010 e estou longe de ser a pessoa do início deste livro. Estou
totalmente confiante, destemido, diabolicamente charmoso, irônico, levemente
cruel, mas bondoso. Fazia o que queria sem pesar e com certeza, eu me tornei
na época, totalmente imprevisível. Só faltava dizer, com um sorriso de canto,
malicioso:

— DETECTIVE! (sorrisinho malicioso) Eu sei que você pegou a referência, vai…


Tom Ellis que se cuide! HA HA

Eu agia como se fosse um sol, e, apesar de ganhar muitas inimizades no


processo, eu atraía centenas de olhares para mim. Não! Você não leu errado.
Eu disse centenas mesmo e não me desculparei por isso.

46
UMA GOSTOSA SEDUÇÃO
Chegou um momento em que abordar já não era exatamente um hobby,
mas uma obrigação, afinal, eu tinha de relatar num fórum, em páginas, para os
colegas da comunidade ou os recém-convertidos por mim. Isso mesmo!
Comecei a replicar conhecimento e aqui, comecei a descobrir-me um professor.

Eu já estava ficando viciado nisso. Na faculdade, eu cursava biomedicina,


era bom aluno, apesar do mais novo, já era representante, tirava boas notas. O
problema é que depois de “velho”, é que decidi fazer o que geralmente fazem
no ensino básico. Eu parei de ser assíduo. Saía mais cedo, matava aula ou
simplesmente nem ia e para que? Para praticar…

Tudo era chance ou motivo de praticar. Numa dessas, debatendo com


um colega — vamos chamá-lo Natanael —, para provar a eficácia do que eu
tanto falava.

Foi então que me apareceu a chance perfeita. Avistei uma moça


lindíssima e mostrei a ele. Ela estava ocupada, se bem me lembro, fazendo um
levantamento, uma pesquisa. Ele me chamou de maluco e duvidou. Então a
abordei.

Iniciei a conversa com uma pergunta até bem comum na comunidade:

— “Ei, gostaria de saber algo! Preciso de uma opinião feminina. Pode me


ajudar?

— Claro! Do que se trata?

— Então, estou num debate acalorado com meu amigo, Natanael, aqui e
precisamos de uma opinião que realmente importa, a de uma mulher. E você
parece ser interessante, então decidi te parar para perguntar. Aliás, qual o seu
nome?

— Meu nome é Mônica Carolina (óbvio que direi esse, para preservar a
identidade) e o Seu?

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Lembro de ter feito uma piadinha provocativa, ganhando um tapa dela no ombro
e um largo sorriso, antes de falar o meu nome.

— Carolina, o que você acha dos homens que usam camisa rosa? Acha que
parecem gays? Eu acho que não, mas meu amigo aqui insiste que não fica legal.
O que você acha?

Isso rendeu um bom papo. Eu havia entendido a mecânica do jogo. Que


as mulheres, tão acostumadas a serem abordadas pela aparência, não estavam
acostumadas à um homem que não visse isso, e ainda por cima, se interessasse
por sua opinião.

Deus, como ela era linda… Parecia a Thaís Araújo, com a boca da
Angelina Jolie e um corpo mais invejável… Preciso nem dizer como fiquei
encantado, certo?! Claro, não deixei transparecer…

Ao final, trocamos telefone — e meu amigo, esperto, não ficou para trás
e pegou também, dando o próprio — e ela nos chamou para um “Coffee break”
político. Obviamente, não fui, tanto para preservar a essência de badboy e
desapegado, quanto que odiava esse tipo de encontro e não iria simplesmente
por uma garota, mesmo que fosse gata e gostosa.

Observação: Botei na cabeça que EU deveria ser o prêmio da interação, não a


mulher. Que ela lutasse por mim, nunca o contrário.

Você precisa ser a pessoa que agregue valor, deve ser o prêmio, se pensar
diferente, seu Mindset o sabotará, conduzindo-o à “teia da aranha”, e sem perceber,
você estará numa vitrine e logo descartado, por não ser bom o suficiente. Foque numa
coisa:

A mulher diz que quer algo, mas quem manda, seu subconsciente, anseia por
outra coisa e vou revelar agora e guarde para toda a vida: CONFORTO,
SEGURANÇA E PROTEÇÃO.

Isso não quer dizer que ela quer um salvador, mas seu subconsciente, precisa se
sentir seguro, protegido e confortável. Lembra? Temos de sobreviver e reproduzir, para
perpetuar a espécie. Agregue valor e jamais se proste inferior.

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PRAZER! PODE ME CHAMAR
DE LOBBO MAU!
Cerca de três dias depois, assistindo uma palestra, meu amigo, que
deveria estar na sala, assistindo também, aparece na porta e acena como louco
para mim, sendo ignorado completamente. Até que ele entra e fala que a
Carolina está lá fora e quer nos ver. Acho intrigante, e decido acompanhar. E
lá estava ela, com um sorriso “de orelha a orelha”. Descemos então, os três,
para o pátio e começamos a conversar. Demonstro desinteresse nela, como se
não fosse lá essas coisas, mas me mostro completamente interessado na
conversa, e para falar a verdade, realmente estava interessante.

Começo a fazer algumas “adivinhações” (algumas brincadeirinhas de


PNL e “mágica”, talvez eu fale mais, mais à frente), para gerar um certo valor,
até que entramos em nossas particularidades e após um tempo, ela diz, como
quem não está nada feliz, que namora. Boto-me compreensivo e começo a
descrever a situação do relacionamento dela, como se eu fosse algum bruxo ou
adivinho, mas claro, sabendo ler um pouco a linguagem corporal, um
“tiquinho” das micro expressões faciais e fazendo as perguntas certas, é muito
fácil “adivinhar”. Isso a deixou curiosa e estupefata, os olhos brilhando e
passou a cada vez mais se interessar por mim, fazer perguntas e me tocar com
uma frequência bem maior.

Você não precisa ser nenhum Sherlock Holmes para perceber o quanto
ela estava me desejando, creio eu. Ela inflamava de desejo e quanto mais me
mandava esses sinais, mais usava gatilhos de atração e mais conduzia a
interação ao rapport (conexão, ligação mútua), mais estávamos conectados…
Era tipo um efeito “alma gêmea”. Eu já havia construído a atração, através de
várias demonstrações subconscientes de alto valor social e sexual (lembra dos
S&R’s?), a conquistei, gerando conforto e conexão emocional (aqui entram
algumas PNL, espelhamento corporal, verbal e o principal: SER UM BOM
OUVINTE) e por fim, dei o golpe final.

Aqui começa o jogo de sedução: Recompensei cada investida e


demonstração de interesse dela, com sutis e gradativas demonstrações de

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interesse de minha parte, como o famoso olhar triangular (olho, olho, boca,
olho…), o que chamamos de escalação física (toques físicos nela, iniciando com
sutis toques nas mãos e/ou ombros e cotovelos, progredindo para abraços, cafunes,
beijos no rosto etc), falar mais grave e baixinho, mais perto de seu rosto, e o
melhor de todos: Ao “pé do ouvido”. Mas o que a deixou completamente louca
por mim foi algo chamado tensão sexual, que é atiçar o fogo, mas criar
impedimentos físicos e/ou verbais. Era minha “vítima”, ela estava, agora, em
minhas mãos e ela sabia disso.

O Natanael percebeu o que estava rolando e já não poderia mais ficar ali,
afinal, não iria ficar “de vela”, então saiu. Vendo que a Mônica agora era toda
minha, para eu fazer praticamente o que quisesse, levei-a para a quadra e lá
ficamos. Quando você segue a ordem corretamente, você garante a eficácia e a
eficiência do “Jogo”. Quanto mais se atém aos detalhes, mais seduzida sua
“vítima” será. E eu sabia disso. Poderia simplesmente tê-la beijado vários
momentos antes de estar ali, na quadra. Mas eu queria mais. Muito mais… O
fato de eu ter gerado atração, agregado valor, fez com que prestasse e fixasse a
atenção em mim, principalmente por ser diferente dos outros homens. Fui
misterioso, imprevisível e não respondia com prontidão às investidas. Com
certeza, ela, que era, como muitos homens poderiam dizer, “uma deusa”, deve
ter ficado confusa por eu não estar babando por ela, sequer demonstrando
desejo.

Eu ter feito coisas diferentes e fora da curva, a fizeram parecer uma


criança, encantada por um mágico no circo, minha confiança e naturalidade,
principalmente interagindo com verdadeira maestria com uma mulher tão
bonita, mostrou que isso fazia parte da minha rotina, então fui “pré-
selecionado”.

Observação: Quanto mais você é visto com belas mulheres, quanto mais você
for validado por elas ou sai com elas, mais atraente você se torna, afinal, se você tem
belas mulheres com você, é porque tem coisas boas e logo querem descobrir. Isso é
chamado de pré-seleção, ou seja, você foi pré-selecionado pelas mulheres, e por tanto,
pré-aprovado.

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Eu tê-la espelhado, foi super importante, isso gerou bastante conexão, ela
passou a confiar em mim, por se sentir conectada.

Observação: Espelhamento verbal, é você usar uma palavra que tem forte apelo
emocional à uma pessoa, ou certo apego, como gíria, trejeito ou cacoete, ou
simplesmente é uma palavra que provoca uma reação na pessoa e ela utiliza muito. Você
replica no momento correto, isso gera conectividade. Espelhamento corporal, é você
usar, sutilmente, como o nome já diz, um “espelhamento” na postura e/ou atitudes da
outra pessoa. Você a replica, só que no momento pertinente. Ela tá de um jeito e você
faz uma postura semelhante. Assim como a outra, cria bastante rapport. Ambas são
muito utilizadas em vendas e negociação. E o fato de eu ter retribuído, sutilmente, no
momento certo, as investidas, fez com que ela se sentisse validada por mim, mas a
estrela do show foi a tensão, gerada pelas barreiras que criei para beijá-la. Isso tudo fez
com que, sem percebesse, ela se tornasse verdadeiramente minha, sucumbisse ao meu
“jogo de sedução”.

Quando finalmente a beijei, foi como se entregasse recebesse dela um


contrato assinado de sua alma. Naquele momento, era tarde voltar. A partir
dali, fizemos praticamente de tudo, não vou contar, claro, afinal, esse tipo de
escrita não condiz com o gentleman que sou. Assim passamos os próximos dias
— ou foram semanas?! Não lembro! —, fazendo as coisas mais sórdidas e
picantes que você pode imaginar, na faculdade. Tudo era uma aventura.
Exploramos diversas salas, lugares, corredores…,

Chegou um momento que ela queria namorar, mas, poxa! Eu queria ter
toda experiência possível com todo tipo de mulher. Queria superar meu ídolo,
o Mystery, ser um dia o melhor do mundo e até os trinta anos, ter deitado com
pelo menos mil mulheres. Estava animado, alguns meses e já contabilizava
cerca de quinze a vinte. Estava progredindo tão rápido na comunidade, eu não
queria desacelerar, fora que já estava virando rotina e ela estava apegada, e
sem querer, estava eu utilizando de uma das mais poderosas técnicas de
sedução: O coquetismo.

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Observação: Coquetismo é a técnica que usa do contraste emocional. Você
provoca reações adversas na pessoa. Ela utiliza de gatilhos da segurança e da
insegurança. Por incrível que pareça, ambos importantes para nós, seres humanos.
Precisamos da segurança, para nos sentirmos acolhidos, e da insegurança, para ter
aventura, sentir fortes emoções. Popularmente, é chamado de “Jogo doce”, “quente-
frio”, “puxa-empurra”, “morde e assopra”, “bate e alisa”, entre outros.

Eu só queria me divertir e passei a evitá-la. Encontrava quando batia o


desejo apenas ou quando o dia era fraco e não havia conhecido novas
mulheres.

Antes que fale algo, não! Não me orgulho nenhum pouco disso, ok?!

Foi então que ela, uma noite (estudávamos à noite) perguntou:

— Vem cá, Meu lobo! Quando você vai ser meu? Mas digo todinho meu!

Antes de mostrar minha resposta, vamos entender o que aconteceu, em


passos simples, para ficar lúdico:

1. Já sabe que nossa missão é perpetuar a espécie;

2. Através de ações de sobrevivência e reprodução;

3. Todas as nossas ações, sejam elas racionais ou emocionais, são guiadas por
esse instinto, que são, em suma, conseguidas via interação;

4. Interação essa, que acontece por meio da atração;

5. Nós somos atraímos pelas características de sobrevivência e reprodução


das pessoas;

6. Quanto mais dessas características você demonstra, mais atraente será;

7. Existem vários tipos de atração, sendo elas, a física, intelectual, social,


emocional, financeira etc.;

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8. Para cumprir nossa missão biológica, interagimos e essa interação se dá
com pessoas que sentimos atraídas; essa atração é a maneira que a natureza
usou para garantir que a gente sobreviva como indivíduo e reproduza,
consequentemente, colaborando para a perpetuação da espécie;

9. Atração é igual a interesse;

10. Existem outras maneiras de “mostrar” para as pessoas os dotes S&R, que é
usando de ações e palavras que simulem as mesmas características de S&R,
que são os gatilhos mentais;

11. Gatilhos mentais são agentes externos, como palavras e ações, que
disparam estímulos que provocam reações emocionais, levando a pessoa a
tomar uma decisão baseada nesse estado;

12. Essas emoções provocadas pelos gatilhos, mexem com nosso instinto
primitivo, se comunica diretamente com nossa programação principal, que
remete à nossa função como animais e automaticamente, fazem tomarmos
decisões. Decisões com intuito de sobreviver e reproduzir, para prolongar
a espécie;

Observação: Tudo isso é absorvido pelo nosso cérebro, em suas três regiões: O
Cérebro reptiliano, responsável por nossas ações instintivas, o Neocórtex,
responsável pelas decisões e por fim, o Sistema límbico, que é a região do cérebro
responsável pelas emoções. Entenda, que 80% de nossas ações, são subconscientes,
sendo elas, instinto e emoção, guiados pelo Cérebro reptiliano e Sistema límbico,
respectivamente e apenas 20% são racionais, que é a região comandada pelo Neocórtex.
Ou seja, sedução e suas consequências não se comunica com a razão, mas instinto e
emoção e apenas eles.

13. Alguns dos gatilhos mais usados na sedução sexual e na comercial —


Sim, vendas, marketing, publicidade etc., são um tipo de sedução —, são:
autoridade, escassez, abundância, urgência, prova social, reciprocidade,
novidade, entre outros. Todos eles mexem com nosso instinto básico de
perpetuar a espécie;

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14. Na sedução, você trabalha suas características inatas e aprende novas,
lapida, e então, naturalmente gerará atração, esta atração, chamamos de
PASSIVA, que é a atração gerada de forma natural, sem técnica;

15. Assim como trabalha os gatilhos emocionais, gerando a necessidade


natural do ser humano, sobreviver e reproduzir, gerando então atração
ATIVA, que é a gerada por meio de técnicas;

16. Sabendo disso, você se desenvolve e na interação, utiliza gatilhos;

17. Podemos dividir esse processo em 3: Atração, conquista e sedução;

18. A Carolina conheceu um Jean desenvolvido, eu mostrei então valor,


subcomuniquei, indiretamente, poder;

19. Fui um bom ouvinte, gerando conforto e segurança nela, necessidades


básicas e biológicas que uma mulher busca, instintivamente. Usei de
técnicas de espelhamento, para gerar rapport e então, que ela confiasse
em mim;

20. Por fim, tendo gerado atração, conforto e confiança, usei de atributos
naturais, que gerassem desejo sexual, para envolve-la numa aura de
desejo, sendo essa aura a SEDUÇÃO PASSIVA, que é a sedução criada de
forma natural;

21. E finalizei com técnicas que “gatilhassem” desejo, urgência e tensão,


envolvendo-a então na teia da sedução;

22. Por fim, e não de forma premeditada ou sequer intencional, utilizei de


coquetismo, que incita o desejo, urgência e carência, através do contraste
emocional, causando um misto de conforto com insegurança;

Você entendendo tudo isso, apesar de muita informação, consegue


absorver, de forma didática o que aconteceu e o porquê de a Carolina ter
ficado da maneira que ficou. Agora que expliquei, continuarei o diálogo.

— Carolina, você sabe muito bem que sou um “lobo” desgarrado, não tem
compromisso comigo. Te ofereço as melhores sensações, mas nada além…

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Após alguns segundos com um semblante triste, laçou-me a cintura e
desferiu, antes de me beijar:

— Você é um lobo mau! Um lobo bem mau. Espero que um dia seja O MEU
LOBO MAU! Deixa eu ser a sua Chapéuzinho, vai…

Ela sabia, pois eu havia mencionado, o quanto eu amava lobos, desde


criancinha. E aproveitou para fazer essa analogia, que achei estranha no
começo, mas pensando melhor, pensando melhor… Que analogia
MARAVILHOSA! Simplesmente adorei! Casava com tudo o que eu buscava:
unia minha paixão por lobos com o lado badboy que o icônico vilão da história
dos Grimm trazia.

Comecei a usar esse apelido, estava assinado de vez meu pacto com a
comunidade. Eu havia criado, finalmente, uma alcunha, um alter ego. Já não
havia mais razão para não me entregar de corpo e alma ao estilo de vida que
ela promovia. Mas o que começou com um disfarce para o herói, como o
Superman era para o Clark, tornou-se minha pele, e quem eu era, havia se
tornado, então, minha fantasia. Eu era o Lobbo Mau! Esse alter ego, era a
mudança que “precisava”, o renascimento, um “novo eu” e me sentia cada vez
mais poderoso ao me apresentar assim e passei a me aventurar de vez. Vesti
meu manto, o “badboy” cafajeste e cavalheiro. Então matei o Jean doce. Era o
que eu pensava, mas isso ficará para depois.

Prazer! Pode me chamar Lobbo Mau!

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A VOLTA DOS QUE NÃO SE FORAM
Se tem uma coisa que eu jurava que havia ido embora, aliás, duas, era
meu sentimento pela Judith e a Judith e iria continuar achando até que um dia,
caminhando, a encontro na rua. Ambos, quase um ano sem se ver e eu,
convertido n’outra pessoa… caí na armadilha de sustentar o papo, que
prometia maravilhoso.

Quando dei por mim, já havia anoitecido e ela havia me chamado para
assistir sua aula de balé. Entrei, junto a ela, no carro de seu pai, todo sério,
policial de carreira. Entramos juntos na escola e adivinhe! NÃO PUDE
ASSISTIR! E o que fiz? Fiquei, como um bom menino, um bom “cachorrinho”
esperando na recepção. DUAS HORAS!!! As horas não passavam nunca! E
quando finalmente saiu, o pai já estava esperando, entrei no carro e me despedi
dela. Frustrado pela noite fracassada.

Deve estar se perguntando pela Mônica Carolina, a gostosa da faculdade,


certo?! Bom, a Mônica ficou me ligando diversas vezes durante a noite, como
se eu devesse explicação sobre onde estava. Obviamente, a evitei durante toda
a noite, afinal estava com a mulher que era o amor de minha vida e não poderia
deixar passar essa oportunidade e eu estava tão diferente, ela havia percebido,
ela estava ME NOTANDO!

Iludido! Quando sumi, gerei certa curiosidade — ou não —, talvez um


pensamento de “O que ele tá fazendo, como deve estar?” E ao voltar, volto
diferente, confiante e até super sexy, o que foi ÓTIMO, todavia, ao parar todo
o meu dia para não só estar junto com ela, papeando, mas também ficar num
lugar sem ela, somente esperando, para depois ir embora, esvaiu o que de bom
havia causado.

Observação: O ser humano tende a gostar do que é escasso, do que poucas


pessoas têm. Isso agrega valor, remete ao gatilho da exclusividade. O ser humano tem
mais fome de reconhecimento, validação, desejo por importância e validação, que de
comida. Esse desejo que nos move à evolução, ou ainda estaríamos em cavernas, sem ao
menos ter descoberto o fogo. O dinheiro tem valor, por seu nível de exclusividade. O

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mesmo vale para o diamante. Ora, não matam e morrem por ele? E por quê? Porque ele
tem valor! Simples! Valor que agregamos devido nossa inclinação para gostar do que é
raro, pois logo o que é raro, é difícil de conseguir e se é difícil, poucas pessoas têm, ou
seja, EX-CLU-SI-VO. E apesar de adorarmos a abundância, gostamos do que é
escasso, e quanto mais escasso, maior o valor. Enfim, entendeu? Tudo que é escasso, é
valoroso e eu não fui, fui completamente disponível. NÃO SEJA DISPONÍVEL
DEMAIS!

Quando cheguei, a Carol me deu a maior bronca, como se fosse minha


esposa. Óbvio que não gostei. Na verdade, odiei. Disse que não devia
satisfação alguma a ela, que aquilo tudo era ridículo. Ela perguntou quem era
a vadia que estava comigo! Ali, meu sangue esquentou, mas mantive a
compostura, afinal, eu era um badboy selvagem, mas também um gentleman
e a ignorei, dizendo que eu não tinha dona. Percebam a armadilha que sem
sequer ter sido plantada, eu caí. Já estava defendendo como se defendesse a
mãe. Não me entenda mal, não compactuo com essa coisa de denegrir, mas me
refiro a como me senti, a forma que mexeu comigo… Eu já estava “gatilhado”
e não sabia… ou sabia, mas fingi não saber.

Passei a evitar a Mônica Carolina. A presença dela não me deixava mais


animado, pelo contrário, quando dei por mim, já não estava mais interessado…
Lembra quando falei da escassez? Pois é! A Carolina passou a se fazer muito
presente. Isso logo subcomunicou ao meu subconsciente, que é quem governa
minhas emoções, e logo, meu instinto e decisões impulsivas, que não tinha uma
vida, não se amava, não tinha “valor”, logo, que não era interessante e então
minha mente não dispenderia atração por ela, não mais.

Ela estando disponível demais, fez perder o efeito mistério, curiosidade,


escassez, saudade, insegurança, indisponibilidade, surpresa, contraste emocional etc.
Todos gatilhos necessários para gerar atração.

• Mistério: Nós somos atraídos pelo desconhecido, queremos desvendar. Tudo o


que é novo, é interessante, nossa inclinação é curiosa, queremos desvendar o que
está oculto.

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• Curiosidade: Nós necessitamos da curiosidade. Como diz uma célebre frase —
que desconheço a autoria e não vou pesquisar! Sorry! —: “Não são as respostas
que movem o mundo, são as perguntas!”, as perguntas nos movem, basicamente,
nossa curiosidade. Precisamos desse senso do desconhecido. Juntamente ao
mistério, em paralelo, a curiosidade é uma grande “fisgadora”.

• Escassez: O que é raro, de difícil acesso, traz satisfação quando possuímos. Não
somos atraídos pelo o que é fácil demais. Apesar de corrermos atrás das
facilidades, para poupar tempo, inconscientemente falando, somos atraídos e
damos valor ao que foi difícil, sacrificado etc., por causa do senso de
reconhecimento, exclusividade, importância.

• Saudade: Nós adoramos o conforto, segurança e aconchego, mas precisamos de


adrenalina, o que tá sempre por perto, não recebe valor ou reconhecimento. Quer
ver? Você tá sentindo falta do ar neste exato momento? Não, não é? Afinal, o ar
é abundante. Agora imagine você sendo acometido por uma apneia e perdendo
temporariamente a capacidade respiratória, iria sentir falta do ar? Entendeu? É
assim que funciona. Ponto! Não há saudade do que está sempre por perto e
precisamos sentir falta. A saudade faz bem para o coração!

• Insegurança: Mais uma vez: Nós PRECISAMOS da adrenalina, do senso de


desafio para nos sentirmos vivos e a insegurança, faz com que sintamos que a
qualquer momento podemos perder, isso faz com que queiramos lutar mais. Ora,
não é ela que faz com que, fora de controle, as pessoas cometam as piores
besteiras? O medo da perda?!

• Indisponibilidade: Se algo ou alguém não está disponível, queremos logo


aquilo, pois queremos a exclusividade, a importância, o poder sobre aquilo.
Afinal, gostamos do desafio.

• Surpresa: A terceira irmã do mistério e curiosidade. A surpresa nos leva às


emoções. Tendemos a gostar da novidade, no que está fora dos padrões, de sentir
fortes emoções, de sair da rotina, de ser surpreendidos.

• Contraste emocional: Nós precisamos da segurança e da insegurança e como


seres emocionais, o acesso a essas cadeias, é tido pelas emoções. Necessitamos de
emoções contraditórias. Pois como sempre comparamos, mesmo nos instintos,

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sabemos o que é o bom, pelo ruim, o bom, pelo mal, assim como a felicidade, pela
tristeza, o quente, pelo frio e assim sucessivamente… damos valor às coisas boas,
provando das ruins e junto da adrenalina, absorvemos com gosto, principalmente
quando finalmente acessamos o contraposto. Te provo agora! Você gosta de livros
e filmes com aventura, certo? Ter história é ter desenvolvimento de desafios,
rompantes e superação. Se só tivesse felicidade, por que você leria ou assistiria,
não é verdade?! Pense nisso!

Observação: Bato muito nessa tecla, porque já conheço as peças… hahaha Mas
vamos lá: Racionalmente? Não! Sempre falo de instinto e programação biológica,
subconsciente, emoções… Quando for algo racional, deixarei bem claro.

Ela estando muito disponível, deixou de ativar em mim todos esses


gatilhos intrínsecos à atração. Mostrou que ela não tinha uma vida interessante,
pois girava meio que em torno de mim, e mais uma vez: Se algo está muito
dado, perdemos o senso de desafio e ela ali, já era minha até no sentido que
não era permitido, não se a intenção era me manter interessado.

E não tendo uma vida, mostra que não é uma pessoa interessante ou que
não tem autorrespeito, amor próprio e como diz a Bíblia: “Amai o próximo
como a ti mesmo” — Bíblia, A. (risos) Brincadeiras à parte, entenda: “Como a
ti mesmo”, ou seja, o amor ao outro, deve ser reflexo do próprio e se você não
se ama, logo não pode amar e a ciência explica isso também. A gente só
consegue projetar, replicar aquilo e somente aquilo que já faz parte de nós.
Comecei a fugir dela, como o diabo foge da cruz. Afinal, minha mente só queria
a outra. Ela, a Judith…

Evitei tanto a moça, que perdemos contato por um bom tempo. Nesse
ínterim, tive várias outras aventuras, mas ficará mais para frente. O que
interessa agora, é que passei a me fazer cada vez mais presente para a Judith,
cometendo o mesmo erro que a Carol cometeu comigo. Fui disponível demais,
logo, desvalidado. Todo dia queria vê-la. Eu andava mais de 3km por dia para
isso. Eu almoçava e mal escovava os dentes, saía do trabalho e percorria essa
distância para vê-la, ficar conversando pelo o que? Meia hora?

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— Judith, se você tiver lendo, me responda! Eram míseros trinta minutos,
certo?!

Ah, deixa pra lá… acho que era isso mesmo. Cerca de trinta minutos
depois e eu tinha de subir praticamente correndo, para chegar a tempo ao
trabalho. E assim sucedeu-se por algum tempo, até ela parar — com razão —,
de atender meus telefonemas, me evitar em boa parte do tempo, desmarcar e
por aí vai.

Uma vez, conversando (eu, mesmo acontecendo isso, conseguia manter


uma postura diabolicamente sexy e carismática), ela começou a entrar numa
conversa mais íntima, envolvendo-nos, o que me deixou na defensiva. Logo
eu, todo confiante e sensual, prostrado, mais uma vez, com estátua. Eu “corria”
com a desculpa de que tinha uma visão de musa dela, de que se a beijasse, iria
“macular a visão pura dela”. Ela riu. Na hora de sair, ela me chama e quando
me viro em sua direção, ela me dá um beijo. Senti uma explosão de sensações
diferentes dentro de mim, eu não sabia explicar. Paralisei. O coração
disparado, respiração ofegante, olhos arregalados. Vendo que conseguira me
deixar atônito, despediu-se, deu as costas e saiu.

Lembro que passei uma semana mandando SMS, ligando, e ela cada vez
mais distante. Chegou um momento que ela simplesmente não me respondeu
mais, não ligou e então desapareceu. Ali, senti novamente a dor do abandono,
o abraço da rejeição. Levei cerca de um mês para me estabilizar
emocionalmente após esse tombo. Decidi e racionalizei isso, fazer-me duro e
insensível. Estava determinado a ser o jogador que eu precisava ser, ou achava
isso, ao menos.

Essa experiência foi o flerte com o passado, caí na teia do que havia,
outrora, posto num baú, ao invés de simplesmente superar. O que pensei ter
ido, mas nunca saiu do lugar, A Judith e meu sentimento por ela, a volta dos
que não se foram.

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ODE POÉTICO
VIDA DE LOBBO MAU
Uma história irei contar.
Minha sina, minha vida,
alguns segredos revelar.
Vamos lá:

Pra mim, mulher “não se pega”,


é atraída, é conquistada, seduzida.
Mulher que se deixa pegar,
não merece valor.
Todo mundo pega, não tem calor.

Sou um caçador, e como tal,


gosto da emoção da caçada.
Desvalorizar vocês, fere meu ego.
Sentido não dou.
Sou um caçador, não um pegador!

Um amador, visa quantidade;


caça mil coelhinhos, “grande vantagem”…
um experiente, qualidade, como:
leões e lobos, búfalos e elefantes, bisões e águias…
um, dois ou três, aí sim é gratificante!

E eu como tal,
ajo da mesma forma.
Tudo igual.

Mesmo que demore;


passe um mês, uma semana, um dia,
afinal sou o Lobbo Mau,
não um “pegadorzinho” barato.
Não é esse o trato…

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Para o vosso bem e meu também.
Tudo bem! Réu confesso!
Sou mulherengo, mas calma eu peço!
Se quiser me conhecer, as regras irei dizer:
Nada fútil e sem motivação pode ocorrer.

O mais doce romantismo,


a mais ousada safadeza…
erotismo, criatividade, encanto e mistério,
rodeiam meu ser;
aventura e fantasia,
você não quer perder.
Conforto e segurança são essenciais!
Amizade e discrição, mais que legais.

Odeio ser como os outros são!


Minhas regras eu sigo,
as suas, mando pra avaliação.
Se eu gostar, tudo bem,
caso contrário, não, não…

Rio desses machos...


acham que sexo é penetração.
Errado! Sexo é arte, compreensão.

Dizem e adoro quando o fazem.


Dizem que amo como uma mulher,
com uma pegada de homem.

Amar é arte!
Beijar e transar, abraçar…
Meu Deus! Poesia e cavalheirismo,
gentileza… tudo faz parte!

Acho que exagerei!


Sempre me empolgo
quando o assunto é paixão.
Levo o romance a sério,

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coisa do coração.

E pra acabar,
mais uma coisa tenho a contar:
Não faço as mulheres
como vagabundas se sentirem,
por traírem a quem deveriam seguir;
se quiserem, deixe estar.

Mas esta, uma outra história será.


Sou um bad boy,
nada mais a declarar.

Só que esta é minha sina.


Se quiser me conhecer,
quem sabe?! Vamos ver!

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DIABOLICAMENTE SEDUTOR
Meu pacto com a boemia estava firmado. Me entregara completamente
ao jogo e não existia, para mim, algo acima do jogo. Os anos passaram e
estamos, agora, em 2012. Cheguei na escala de maestria na comunidade, tendo
uma parcela de pessoas treinadas na filosofia e arte do “Pickup Artist”.
Cheguei à mestre PUA e já começava a criar PNL’s para tudo. Tudo era
calculado, “O jogo” teria de ser simplesmente perfeito. Era muito bom
conseguir o que eu queria, influenciar, ou manipular, que seja, as pessoas.

Sabe quando você está utilizando “hacks” em um jogo? Você se sente


como um deus; você pode fazer o que você quiser. Claro, no meu caso, haviam
diversas limitações e não posso fazer parecer fantasioso ou quiçá, “pagar de
super-herói”, mas a verdade, é que era difícil achar meus limites e quanto mais
eu conseguia êxitos em minhas empreitadas, mais queria, sentia a necessidade
de me desafiar a mais. Ainda sobre os PNL’s, como disse, usava para diversas
situações. Queria que uma mulher mais recatada fosse devassa comigo, tinha
PNL, queria escapar de uma situação, onde num grupo, alguém usava algo
sobre mim para “chacotar”, também havia PNL.

Deixarei ambos como exemplo, porque todos merecem sair por cima às
vezes, apesar de ser favorável ao “endurecimento”, à dor, todavia, nem
sempre, no processo de desenvolvimento, a vida espera superarmos tudo para
nos fazer passar por algo do tipo, assim como merecem conseguir despertar o
tesão numa mulher, mesmo quando ainda não está completamente
desenvolvido. Então segue o tio, que você, agora, verá em primeira mão —
mentira! Na época da criação, eu postei no fórum hihihi —, algo de fato
poderoso. Não utilize de bengala, e de fato, não será efetivo para sempre, não
se você não for desenvolvido, uma hora deixa de funcionar, então use com
moderação, pratique até ficar bom, mas jamais esqueça de evoluir mental,
emocional e fisicamente, financeiramente até... e isso, quando usado, será
ainda mais efetivo ao ser usado. Mas bem, isso é uma “trapaça”, se você estiver
evoluído, vai conseguir, naturalmente, fazer isso e muito mais. Bom, agora que
o adverti, cumpri meu papel de educador. Sem mais delongas, vamos a eles!

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NEUTRALIZANDO OFENSAS
Sabe aquela situação, onde você é pego no desconforto, após repararem
e explanarem algum defeito, característica, mania ou afins sobre você? Por
exemplo, você tá numa roda e falam da tua roupa, de um trejeito seu, um
cacoete, alguma mania específica ou de uma característica física, “tirando
sarro” de você. Você sente-se humilhado, não é mesmo?! Vontade de sair
correndo, enfiar a cabeça na terra... sumir! Bom, vamos lá!

Quando isso acontecer, você manterá a calma, sorrirá e então dirá o


seguinte, com convicção e um sorriso maroto:

— Olha, quando nascemos, papai do céu (fica mais engraçado) nos dá a


oportunidade de escolher algum defeito. Vocês podem não lembrar, mas
escolhemos o defeito que nascemos. Por exemplo, VOCÊ AÍ! (apontando para
uma das pessoas) Diga-me: Qual é o seu maior defeito?

— Meu defeito é...

— Taí. Você quem escolheu! E VOCÊ, qual o seu? (apontando a outra pessoa)

— O meu é...

— Você quem escolheu! (é importante que sua certeza e convicção sejam "cara-
de-paumente" absurdas e com
sorriso de brincalhão) ou não terá a mesma efetividade.

— Então... Deus chegou em mim e disse:

— É o seguinte (SEU NOME), você pode ser (aqui você fala o defeito
criticado) ou ruim de cama, qual você escolhe? — E com uma “cara de
poker”, aquela cara de sonso safado, você fala:

— Bem, pelo visto, eu nasci...

Com isso, você normaliza seu defeito zoado, ao passo que subcomunica, com
confiança, que é bom de sexo.

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PROCEDIMENTO DO CÉU E DO INFERNO
Sabe aquele momento que você tá com aquela gata e não sabe ou não se sente
seguro para avançar o papo um pouco mais, torná-lo picante?! Pois bem! Agora vou
ensinar-lhe um breve macete, e se executado da maneira correta, colherá maravilhosos
resultados. E aqui vai a ressalva: É importante que você se desenvolva ou a chance de
efetividade será baixa e não faça disso sua muleta, é apenas um leve atalho para
emergências, ok? Vamos lá!

Você está com a mulher e não tá conseguindo evoluir o papo para um


contexto mais sensual ou ainda sexual. Fique sério de repente, olhe no fundo
dos olhos dela e diga algo do tipo, com uma postura séria, convicta e confiante:

— Fulana, tenho algo para você, aqui e agora, que pode mudar para sempre
nossa relação atual. Na verdade, uma escolha.

Observação: Provavelmente, vocês não têm um relacionamento, junte isso ao fato de


estar confiante, sério e bem misterioso, essa fala de “nosso relacionamento”, a deixará
bem intrigada. Mas é de suma importância que você tenha uma linguagem corporal
natural e confiante.

Ela perguntará o que é, mais que curiosa. Se aproxime, fique de frente


para ela, caso já esteja, apenas se aproxime, olhe nos olhos e fale baixo, quase
sussurrante, mas firme:

— Na minha mão direita, eu tenho o céu. (Faça isso levando a mão, lenta e
continuamente até ela, como se pintasse o ar). E na esquerda, tenho o inferno
(faça o mesmo, ainda com a direita estendida, com a palma para cima, na coxa
dela). Qual você escolhe? Coloque em cima da mão escolhida.!

Ela irá escolher a mão, pondo a dela em cima da sua. Então você tira as
duas mãos abruptamente, levantando as mãos para o alto, mostrando as
palmas para ela e fechando.

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— Nenhuma e nem outra!

Confusa, ela irá indagar o porquê, então você diz:

— Porque eu sou o tipo de homem que irá oferecer o melhor dos dois mundos,
para você, agora! (Fale isso, fechando as mãos dela com as suas, chegando bem
próximo dela, olhando no fundo dos olhos e finalize com um beijo lento na
bochecha ou testa).

E se ela mesma não iniciar o papo mais “caliente”, você pode usar
ganchos como: — Gostei da sua reação, já imaginou sentir o melhor dos dois
mundos agora, comigo? Ou ainda: — Vi sua cara de desejo agora, relaxe,
também senti. Me dê um abraço. Daí você pode conduzir da forma que achar
melhor.

Observação: Quando você, do nada, começa a olhar para ela, vai gerar
estranheza, irá “quebrar o padrão”. Então você começa a falar lentamente, o que a
obrigará a prestar mais atenção em você, seus lábios e todo tipo de gesto.

Quando você move as mãos de forma lenta e contínua, você faz com que ela siga
o movimento. Voz lenta, sussurrada, seguida de movimentos lentos e contínuos, fazem
nosso cérebro processar ONDAS ALFAS, que são ondas cerebrais de relaxamento (as
mesmas de quando acordamos e as mesmas de quando estamos pegando no sono),
saindo das ONDAS BETAS (que são ondas de atividade acelerada, as que usamos
acordados).
As ondas alfas são as ondas utilizadas pelo nosso subconsciente, que como citei
anteriormente, controla 80% de nossa tomada de ações, sendo as ondas que o hipnólogo
acessa, para deixar o paciente em transe.

Ela seguindo o movimento, mais relaxada, você associa o céu à sua mão direita.
Obviamente que ela não levará para o lado literal, entenderá céu como romantismo.

Da mesma forma, com a esquerda, associada com o inferno. Ela entenderá não
como o lugar bíblico, mas sim com erotismo, safadeza, libertinagem.

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As “santinhas” escolherão o céu, pois é o “certo” e as devassas, o inferno, pois
são devassas mesmo.

Quando você retira as mãos abruptamente, você causa um contraste emocional,


chamado coquetismo, o famoso “morde-assopra”, “quente-frio”, “puxa-solta”, “dá-
tira” etc., esse coquetismo, dará a mesma sensação de uma promessa de ganho e logo, a
notícia de que não vai mais ganhar.

Você causa uma avalanche emocional e a pega de surpresa. Mas quando você
abraça as mãos delas com as suas duas (que foram associadas com céu e inferno), você
subcomunicou para o subconsciente dela, que você oferecerá o melhor dos dois mundos,
ao passo que verbalizou isso, olhando nos olhos dela.

A “quieta” vai poder fazer algo que nunca ou quase nunca pôde, que é se soltar
e a devassa, o que quase não tinha ou não tinha, que é o romantismo, a doçura, que
provavelmente, não possuía dos outros homens, por ser mais “atirada”.

Ambas se entregarão com uma facilidade assustadoramente maior.

A questão aqui, Amigo, é prática. Tem que ter a postura correta, o tom de voz, o
olhar... E claro, você acreditar.

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ROQUEIRO SELVAGEM
Em 2012, eu estava levando uma rotina muito intensa, regada a orgias,
conquistas, seduções não concluídas (entenda isso por seduzir simplesmente
pelo prazer de seduzir, sem beijar ou transar, apenas “laçar em minha rede”) e
aventuras.

Sabe, esse lance todo de abordar uma mulher interessante, grupos mistos
(composto por homens e mulheres) ou grupos de mulheres, estava ficando
cada vez mais fácil. Chegou um momento que o tédio começou a se fazer cada
vez mais presente em meus dias, em minha rotina, em minha vida.

Passei então a me desafiar — e acredito que o mesmo tenha acontecido


com muita gente nesse estilo de vida, principalmente os PUAS avançados e
mestres —, eu tinha de conhecer minhas limitações e até meu verdadeiro
potencial, mas acabava que após um tempo, percebia que não havia descoberto
nenhum e nem outro.

Não havia dito, mas sou roqueiro e comecei a me encontrar com minha
galera, Brasília é capital nacional do rock, afinal... Nesses encontros, comecei a
ter contato com todo tipo de pessoa. E os primeiros sintomas da vida que
levava estava germinando. A carência.

Passei a frequentar os ambientes da “galera” para me sentir conectado,


me sentir parte de algo. Era como se fosse a minha segunda casa, e por alguns
momentos, a primeira.

Havia roqueiro de todo tipo: Metaleiros, headbanguers, góticos, grunges,


cibergóticos, emos, greasers e rockers (eu não tinha/tenho uma subtribo, mas
visualmente falando, me aproximo mais do rocker e do Greaser, agora, quanto
à musica, gosto de todos os estilos apreciados pelas acima e muitos outros, mas
sou mais inclinado ao metal) e outras tribos com certas afinidades, como
punks, motociclistas, skinheads, skatistas, otakus, cosplayers, rappers, enfim,
já deve imaginar como eram interessantes e agitados os encontros, não é?!

Todos os dias eu ia para esses encontros e o que era encontro, virou uma
rotina, uma rotina com horas lá ou em locais semelhantes, já que Brasília tem

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diversos locais de encontros. E eu vivia indo nesses locais, abordando os
grupos legais, fazendo amizades, conhecendo diversas mulheres, e claro,
seduzindo.

Eu ia para todos os locais e ficava horas “abrindo” grupos, seduzindo


belas garotas, belas mulheres e apresentando pessoas umas às outras, mesmo
as que eu havia acabado de conhecer.

Nessa mesma época, aprendi mágica e hipnose e aí, meu amigo, um novo
e melhor mundo se abriu. Passei a me tornar ainda mais interessante. Eu
divertia a todos, com meu lado exotérico, lia mãos e acredite ou não, sempre
acertava. Vou revelar meu segredo agora! Então para você que me conheceu, e
sempre quis saber se sou um mítico, um adivinho ou qualquer um do gênero,
aqui vai:

Eu olho o básico, como linha da vida, do coração e destino. Então digo o


básico sobre muitas experiências ou poucas, emocionalmente forte ou instável
e por fim, se é divertida ou sisuda. Isso é o básico, é o que se fala, segundo a
literatura exotérica de quiromancia, pelo tamanho das linhas e direções,
cruzamentos... unia isso, a coisas que percebia na pessoa, graças à leitura de
sua linguagem corporal, forma de falar, vestir, trejeitos e as micro expressões
faciais, usava um senso comum também, como algo que a maioria dos homens
tinha ou a maioria das mulheres e para fechar com chave de ouro, falava a
primeira coisa que vinha a mente, mesmo que fosse uma besteira. Por incrível
que pareça, sempre acertava e ok, isso não sei como explicar.

Então, vamos ao que eu fazia? Ao resumo, em lista:

1. Sabia o básico das linhas, como tamanho, direção e cruzamento;

2. Identificava e falava o básico que diz a quiromancia sobre tais


características;

3. Faço leitura corporal e de microexpressões faciais, para identificar


padrões comportamentais e então ditar um perfil;

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4. Uso do senso comum, falo coisas que pessoas em geral, principalmente
com o perfil analisado possuem e vou listando, de forma lúdica e
divertida;

5. Falo a primeira coisa que vêm à mente.

Voltando...

Ler mãos, praticar hipnose e fazer mágica, além das coisas que já fazia,
me deixou em outro nível. Una isso ao fato de ser um bom influenciador e até
manipulador, e você tem assim a receita para uma rápida fama.

Eu tinha um jeito polido, cavalheiresco, mas intrigantemente mesclado


com um ar rebelde, selvagem, desregrado, IMPREVISÍVEL.

Fiz a menção no início do livro com o quase bordão:

— Detective! (Tá, parei! Mas convenhamos que o Lucifer é foda!)

Quer ver como eu era, mais ou menos, é olhar para o personagem Lúcifer,
da série da Netflix. Selvagem, charmoso, educado, cavalheiro e misterioso.

Eu saía e fazia as coisas mais loucas, só nunca utilizei álcool, drogas ou


cometi furtos, já as brigas, andanças sem rumo, coisas perigosas, isso fiz muito.

Não importava quem fosse, eu demonstrava valor, para atrair a atenção,


demonstrava interesse na essência, na conversa, e então me conectava. Gerava
desejo, botava lenha na fogueira e então estava num canto escondido, fazendo
sexo ou algo do tipo... E essa foi minha rotina por um bom tempo.

Chegou um momento que todo mundo, ou me conhecia ou já ouvira falar


de mim. Muitas histórias, verdadeiras ou falsas, boas ou ruins sobre mim, e
então, fui convertido numa lenda. O Conde Lobbo Mau e assim fui chamado.

Conde Lobbo Mau, o cavalheiro sedutor, o safado aventureiro, O


roqueiro selvagem. Minha vida parecia a vida de um “Rockstar”. Sem regras,
sem leis, sem pudor e por falar neste, já não tinha graça para eu fazer sexo, se
não fosse grupal. Outras mulheres e eu. Ali me consagrei o roqueiro selvagem,
onde eu era o artista e o mundo era meu palco.

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ENTENDENDO O PROCESSO
Não tem graça se eu só ficar falando dos meus feitos, das coisas
grandiosas, se você não puder absorver o que de fato acontecia, não é?! Vamos
mergulhar no processo e ver alguns macetes também. Voilà!

1º. Para você influenciar as pessoas, você tem que ter em mente o que você
quer, o que deseja, tem de ser honesto consigo mesmo. Seus sentimentos,
sonhos, objeções, crenças e opiniões. Você tem que ter presença dominante.
As pessoas simplesmente amam estar perto de pessoas convictas e que
sabem o que querem;

2º. Se quer ser memorável, terá de ser alguém que tenha uma vida
apaixonante, que se dá por hobbies, coisas que façam com que se sinta
seguro e confiante. Alguém divertido e que ama a vida. A vida já é tão
complicada, que precisamos de pessoas que façam com que saiamos da
rotina extenuante;

3º. A confiança vem da naturalidade, do conforto, que obviamente você ganha


com a sabedoria, com a prática, com o prazer... Faça coisas que te deixem
feliz, seja o que for. Invista em seus pontos fortes, pois eles se destacam.
Trabalhe nos fracos, vendo o que pode ser melhorado;

4º. A imagem que você passa, diz muito sobre você. Falo de congruência, como
mostrar no estilo a pessoa que você é. Eu sou roqueiro, mas também um
homem polido. Meu estilo mostrava isso e de forma alinhada com a moda;
Então descubra quem é e busque a melhor aparência o possível com seu
estilo. Uma boa imagem demonstra poder, demonstra atitude, destemor,
confiança... enfim, isso atrai;

5º. Trabalhe sua comunicação. A comunicação é apenas 7% o que sai de sua


boca. A maior parte, 55% para linguagem corporal e 38% para entonação
vocal.

Observação: Vamos à prova! Imagine aquela mulher que é de parar o


trânsito. Gata, gostosa, charmosa... e então você olha com desejo para ela, babando,

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praticamente e fala que ela tá horrível. Ela vai acreditar? Agora o inverso. Você
olha para uma mulher comum ou nada bonita com asco, nojo e diz que a acha muito
linda. Diga-me: Ela vai acreditar? Viu só? O que sai da sua boca, deve estar
congruente ou seja, relacionado, combinando com o resto, ou não será validado, não
terá importância. O que manda na comunicação é linguagem e entonação;

6º. Supere seu medo de falar com desconhecidos. Pratique conversar, nem que
seja para perguntar a hora, pedir opinião, dar bom dia... Falar com as
pessoas, deixará você bem mais natural e o fato de sair da zona de conforto,
te dará uma aura diferente e as pessoas sempre reparam e com certeza, irão
querer ficar perto. Bem perto de você;

7º. Se quiser se conectar com alguém, seja um bom ouvinte. Você tem 2 olhos
para observar, 2 ouvidos para escutar e apenas uma boca para falar. Ou
seja, observe com os olhos, com os ouvidos. O assunto preferido de uma
pessoa é ela própria. Experimente também usar as mesmas palavras que
ela mais usa com frequência, só que um tempo após, do seu jeito, para não
parecer um robô. Experimente usar o mesmo tom de voz e por fim, repetir
a postura que ela está e veja o efeito que causará na outra pessoa.

8º. As pessoas são seres emocionais, suas decisões são baseadas nas emoções,
nos instintos. Se você for capaz de mudar a emoção de uma pessoa, você
muda sua decisão, e logo, sua ação. Aí entram os gatilhos, que remetem ao
nosso desejo inconsciente de perpetuar a espécie. Vamos relembrar:

• Autoridade: Damos mais credibilidade para quem é reconhecido como


autoridade em um grupo. Essa autoridade precisa ser conquistada. É
preciso construir relações e ganhar a confiança. Tendemos a aceitar melhor
o que passa garantia;

• Reciprocidade: O ser humano gosta de retribuir o que recebe. Quando


alguém é legal com a gente, sentimos necessidade de oferecer algo em troca;

• Prova social: Somos seres sociais, vivemos em grupos e queremos nos


sentir parte deles. Por isso, tomamos decisões baseadas no que as pessoas
pensam ou nas expectativas que têm sobre nós. Somos atraídos pelo o que
já é validado;

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• Curiosidade: Um dos mais motivadores. A curiosidade surge na lacuna
entre o que sabemos e o que queremos saber. Buscamos novos
conhecimentos para aliviar aquela “coceira mental” que nos aflige;

• Antecipação: Próximo do gatilho da curiosidade, supre também nossa


necessidade de instigar o sobre o que virá;

• Novidade: Novidades podem ser boas ou não. Mas o nosso cérebro cria a
expectativa de que elas vão transformar a vida para melhor. O potencial de
prazer nos faz gostar do que é novo.

• Exclusividade: Se uma pessoa tem acesso exclusivo a uma informação, um


lugar, um produto ou outra pessoa, que ninguém mais tem, ela sente-se
importante e temos a ânsia por sentimo-nos importantes;

• Escassez: Quando percebemos que algo não existem em abundância, que é


pouco e pode acabar a qualquer momento, damos mais importância pela
efemeridade e logo somos atraídos;

• Urgência: Como a escassez, desperta a sensação de esgotamento. Contudo,


mais relacionado com o tempo, passa a ideia de que irá acabar, que irá
perder se não agir;

9º. Com a escalação física no momento correto, você, após mostrar-se atraente
e se conectar, sendo um bom ouvinte ou espelhando os gestos, palavras e
tons, você despertará um aumento no desejo. A pele de uma mulher é 4x
mais fina, um toque pode fazer toda a diferença.

Observação: Se você ficar cerca de 5 segundos com trocando olhares fixamente


com uma mulher, são grandes as chances dela não te tirar da cabeça;

10º. Por fim, o melhor elemento, é sem dúvida, a tensão sexual, que nada
mais é do que você criar barreiras, impedimentos para o beijo ou o sexo.
Pode ser com sua postura ou fala. Se você desperta o desejo, mas cria um
leve impedimento, vai gerar um desafio na outra pessoa, que lutará para
ter-te ali mesmo.

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ALEJANDRA
Não tem como eu falar de sedução ou de minha história envolvendo a
sedução, sem que a cite. Você certamente já sonhou com uma mulher
estonteante, envolvente e misteriosa. Para os nascidos até os anos 90, devem
ter tido paixão platônica na personagem Elvira, a rainha das trevas, então deve
saber do que estou falando. Sim, é esse tipo de mulher.

Um dia, caminhando por uma praça, abaixo de um famoso shopping em


Taguatinga, em frente à uma loja de artigos de rock, a vi. Estava sentada, séria,
parecia triste, melancólica. Como era linda... Um vislumbre para os olhos, tanto
na beleza exótica, quanto no estilo. Ela tinha um estilo gótico, meio vitoriano,
meio moderno. Esbanjava sensualidade, mesmo sem nada fazer.

Eu nunca fui muito bom em lidar com mulheres chorando, ou tristes,


sabe... logo fui falar com ela. No início, sisuda, manteve uma linguagem
corporal extremamente fechada e me respondeu de forma rápida, seca,
totalmente desinteressada. Não insisti. Apenas segui e fui falar com nosso
amigo em comum, o — vamos chamá-lo assim — Elder Ramon (foi mal, foi o
que veio à mente). Então, foi anoitecendo e a galera começou a encher a praça,
como de costume. Inclusive, na época, era um dos maiores pontos de encontro
rotineiros. Chamávamos de Porão do rock, por ficar em frente à loja.

Não demorou e a macharada rodeou a icônica personagem. Ela


denominou-se Alejandra. Como pavões demonstrando seus dotes, numa
dança de acasalamento, começaram a se exibir, mostravam seus “dotes”,
opiniões, a colocavam num pedestal e eu, obviamente, calado, apenas
observando a “triste” cena (triste para eles apenas), ora de lado, ora de costas
para ela, e quando decidi me pronunciar, falei com propriedade e objetividade,
mas com meu jeito levemente poético de me expressar. Calei a todos ao abrir a
boca e foi então que a magia aconteceu. A Alejandra passou a me observar,
analisando-me de cima-a-baixo. Eu notei, afinal a observava de soslaio, ou
então, usando a visão periférica.

Observação: Quando você quebra o padrão, você chama a atenção, por mostrar-
se diferente do senso comum, ativando assim o gatilho da novidade. Nós tendemos a

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gostar do que é novo, por ansiar pelo sabor da mudança. E eu quebrei o padrão ao não
“endeusá-la”, nem sequer desviar minha atenção, ainda mais quando todos a nossa
volta o faziam. Quando me expressei, demonstrei autoridade no que falava, certeza.
Lembra desse gatilho? Somos atraídos pela certeza, segurança, confiança. Então, mais
um pontinho para mim. A Alê, então, passou a me fazer perguntas. Respondi com
objetividade e usei traços indiretos, que agregavam valor, tanto na história
(storyteller), quanto na forma de falar, na entonação etc. Essa mulher ficou ainda mais
intrigada e então passou a direcionar a conversa para mim, me pedindo cada vez mais
minha opinião, validando-me no processo, assim como passou a se validar para mim,
para notá-la. Quando percebi isso, passei a “recompensar” cada atitude dela de
interesse por mim, dando doses de interesse. Fosse com elogios controlados, fosse com
toques escalados ou ainda perguntas sobre ela.

O povo começou a ir embora e a Alejandra, que prometera ir tão logo o


papo começou, várias horas antes, estava comigo ainda. Criamos uma intensa
conexão, então parecíamos amigos de longa data. Ela pediu-me para levá-la
até a parada de ônibus, peguei em sua mão e fomos de mãos dadas até lá e para
deixar o momento ainda mais especial, botei uma trilha sonora, como um filme
de romance ou comédia romântica. Botei para tocar a playlist de minha banda
favorita, Bon Jovi.

Alejandra apertava cada vez mais forte minha mão, como se não quisesse
que o momento acabasse. Então, na parada de ônibus, que ficava numa
movimentada praça, peguei em sua mão e a puxei para mim, como fosse beijá-
la. Respirações sincronizadas, olhos vinculados, corações acelerados e... Puxei-
a para uma dança. Dançamos no solo, dançamos em cima de um dos bancos
da praça e fizemos isso por um bom tempo, como se não existisse ninguém,
apenas nós dois.

Numa determinada música, “Never say goodbay”, de Bon Jovi, a


inclinei, como no Tango e a beijei. Um beijo inesperado, pego de surpresa, mas
esperado, ou melhor, ansiado; beijo esse que segurei o máximo que pude.
Beijamo-nos calorosa e demoradamente, algo digno de um filme de amor, e ao
findar, a ergui e inclinando-me, beijei sua mão, como um lorde vitoriano. Ela
se despediu e daí em diante, sempre que nos encontrávamos, incendiávamos
o local onde estávamos, com nossos beijos mais que ardentes, cheios de paixão,

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desejo, luxúria — muuuuita luxúria, o pecado em ação —, uma vontade que
excitava a todos que ali estavam, de início incomodados, mas com o temo,
“contaminados” pelo nosso furor, nossa energia sexual. Passamos então a ser
conhecidos como “O casal 20 do Porão”, as mulheres queriam ser a Alejandra
(ou agarrá-la) e os homens, a mim. Sempre parávamos o tempo quando
estávamos juntos, tudo em nós era um verdadeiro jogo de sedução, ora caótico,
ora harmonioso, mas que com certeza, contagiava a todos, excitava, ludibriava,
encantava. Não era como se fosse um “pornô” ao vivo, mas a química e energia
sexual e desejosa que emanávamos de nós, tanto antes do beijo, quanto durante
e após, fomentava, incitava o desejo de quem ali estivesse. Era químico, era
mágico... era pe-ca-mi-no-so, mas era puro.

Quando não conseguimos mais sustentar o pudor, entregamo-nos às


libertinagens. Qualquer canto, que fosse escondido de olhos curiosos, era nosso
point do prazer. O encontro de corpos selvagens, sedentos, mãos curiosas e
sedentas... Nunca chegamos a fazer sexo de fato, mas descobrimo-nos de várias
maneiras. Não existia passado, presente ou futuro, apenas nós e nosso intenso
e famigerado prazer.

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“DONJUANISMO” EM AÇÃO
Com o tempo, minha “maldição” voltou a “dar um oi”. As coisas estavam
muito boas com a Alejandra. Não me entenda mal, não é como se eu estivesse
almejando um namoro ou algo sério. Não! Mas com o tempo, ela passou a
nutrir mais do que uma química por mim.

Passou a olhar-me com outros olhos. Olhos de quem esperava mais de


mim, de quem precisava disso. Passei a me sentir acuado, preso, enjoado...
como se eu tivesse a obrigação de beijá-la toda vez que nos víssemos, como se
tivesse que agir como namorado e a ideia já me dava náuseas. Não pela pessoa,
mas pela situação mesmo. Eu não queria me sentir preso. E o que eu mais
gostava, não estava mais ali: o nosso jogo de conquista e sedução.

Num determinado dia, fui flertar com algumas garotas e então ela
apareceu me abraçando e olhando feio para as moças. Confesso que só queria
fugir dali. Já estávamos há um tempo nos divertindo, era normal se apegar,
mas na época, eu não pensava assim. Declaro-me culpado! Eu estava enjoado. Só
queira ir para a próxima conquista, sem que me sentisse culpado, queria outras
pessoas. Eu já saía com outras pessoas, claro. Sempre fui honesto com a Alê,
sobre minhas intenções, mas não queria ter que sair escondido, para não haver
briga ou magoá-la, ou os dois...

Sempre apreciei minha honestidade e não podia sustentar aquela


situação, me sentindo preso ou fazendo algo errado, escondido, então a chamei
para conversar e disse que não queria mais continuar, pois não sentia mais
aquilo que tínhamos, que não queria alguém botando uma coleira em mim, me
pressionando, esperando algo, que com certeza, não iria acontecer.

— Não sinto mais atração por você, não tem mais aquela magia, a química.
Antes, a gente dançava a dança da sedução, nos seduzindo, atraindo e
conquistando, então sem aguentar mais, nos atracávamos e eu não vejo mais
isso, Alê! E era o que eu mais gostava, eu espero que me entenda, não quero te
magoar, até porque sempre fui honesto sobre minhas intenções, e odeio dizer
isso, mas perdemos nosso lance de sedução mútua, é como se tivéssemos a

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obrigação de nos beijarmos, sem ter sequer se esforçado para seduzir-se. Eu
quero aquilo de volta, sabe?! E... é isso!

— Eu entendo. Tá bom! — Tenho certeza que não foi exatamente isso ou só


isso. Mas deixemos assim mesmo. Não lembro ao certo, mas foi uma situação
bem mais dramática.

Ela se afastou e assim ficou o resto do dia e parte da noite, até que uma
conhecida fez algo que voltou a apimentar. A beijou na minha frente. Um beijo
incrível, ardente e provocante. Em seguida, beijou-me também e pôs-me para
beijar a Alejandra. E que beijo incrível! Parecia que havia voltado tudo e para
melhorar, puxou-nos para um beijo triplo e assim findamos a noite.

Observação: Ela deu por vencida a situação e parou de tentar me seduzir, que
foi justamente o que me fisgou. Toda a aura de mistério, fantasia, uma certa dose de
periculosidade, sua confiança e todo o jogo de sedução. Muita gente faz isso, eu mesmo
já fiz por demais e vários homens. Então citarei os principais erros que drenam a
atração:

• Parar de viver a própria vida para viver a do outro/se anular;


• Ser disponível demais;
• Não buscar evoluir;
• Se acomodar com uma vida que odeia;
• Reclamar de tudo e todos/ser negativo;
• Não ter amor próprio;
• Fazer de outra pessoa sua âncora emocional;
• Ciúmes excessivos;
• Fazer a outra pessoa experienciar muitas emoções ruins;
• Não deixar a outra pessoa sentir saudade;
• Fazer tudo que a outra pessoa quer;
• Não saber dizer não;
• Ser carente;
• Botar a pessoa num pedestal;
• Não mudar a rotina;

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Estes são alguns dos erros mais comuns, as pessoas comentem e com a Alejandra,
não foi diferente. Se quiser que sua relação ou affair esfrie, siga a lista, para ver.

Os dias foram passando, ficamos mais algumas vezes juntos, mas como
era esperado, não durou. Eu tinha algo que chamava de maldição. Logo
seduzia a mulher, perdia o interesse quando se entregava a mim e quanto mais
“empurra com a barriga”, findar, mais preso e enjoado ficava. Eu não sabia até
ali ou não havia admitido, mas tinha uma verdadeira compulsão por
conquista. Até esse momento, já devia ter chegado na primeira centena de
mulheres, já havia experimentado — e não me orgulho — seduzir mulheres
comprometidas, principalmente as casadas.

Eu estava vivendo para me desafiar, para experimentar cada vez mais


conquistas novas, seduções “impossíveis”. Eu já estava desgostando da minha
rotina e as coisas não mais agradavam como antes.

Passei a me envolver em coisas extremamente perigosas, para me sentir


bem. De locais com brigas armadas, com facas, canivetes ou armas de fogo, até
lugares com práticas macabras. Falando desse último, uma vez fui à uma
“social” e sem saber, estavam praticando — ou tentando, não sei — um culto
macabro e o povo começou a agir como possuído.

Se estavam, eu não sei, mas quase tive um garfo enfiado no olho e o


agressor, rasgou a própria mão, numa janela com vidros quebrados. Foi
perigoso e gostoso, e tentei voltar lá semanas depois, pela adrenalina.
Simplesmente para sentir algo, me sentir… VIVO. Já não via mais graça ou
sentido nas coisas, nem mesmo nas conquistas. Estava tudo tão sem graça, tão
sem vida, sem cor...

Vamos saltar para início de 2013, mais especificamente, março, onde


aconteceu algo que eu não previa, esperava ou queria, num passeio, me
sentindo só, encontro alguns conhecidos, num parque, e me chamam para
juntar-me a eles. Conversa vai, conversa vem, faço amizade com todos que
conhecera naquele momento e uma pessoa em especial me chamou a atenção.

Vamos chamá-la de Thaís.

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A PRIMEIRA NAMORADA
A Thaís não era exatamente o padrão de mulher perfeita, na verdade,
estava bem acima do peso, mas era extremamente confiante, sagaz e charmosa.
Tinha um sorriso incrível e confesso ter um fraco por sorrisos... (risos) foquei a
conversa nela, e pela primeira vez em muito tempo, não estava jogando.

Quando chego em casa, passa um tempo e recebo a mensagem dela. Fica


sabendo que eu dava aulas de técnicas de sedução e perguntou se eu ajudava
mulheres.

Assenti e ao saber da história, digo exatamente tudo que ela tinha de


fazer. Foram horas e horas conversando, o tempo passou, que nem vi.

— Que garota interessante! — pensei.

No dia seguinte, fui ao zoológico de Brasília com minha família, fazer um


piquenique; era a família em peso, com direito à tios e primos.

Um dia agradabilíssimo, mas eu não conseguia me ater ao momento,


como se faltasse algo. Então mandei mensagem para a garota, perguntando se
gostaria de ir para lá, fazer-nos companhia. Ela topou e a aguardei, e nem me
toquei, ansiosamente.

Quando ela chegou, fui buscá-la na entrada e apresentei para todos.


Todos gostaram dela de cara, seu jeito falante e carisma eram hipnotizantes.
Estávamos deitados num pano, como típico casal de namorados, quando surge
um grupo de dois rapazes e três moças. Me abordam e perguntam se podem
tirar foto comigo.

Eu já não aguentava mais esse tipo de coisa. Calma, Leitor, vou explicar!

Em dezembro cortei meu cabelo, que há mais de ano deixara crescer e o que antes
não fazia, passei a fazer. Deixar a barba dar as caras. De cara, me chamaram de Gustavo
Lima. No começo foi engraçado, mas então entre 10 e 20 vezes por dia eu era assim
chamado, desde então. Uma vez, um casal que estava saindo do shopping, passou por
mim e cantou a “Gatinha assanhada”, me olhando e rindo. Eu os conhecia? Não
conhecia. Mas é a vida, não é?!

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Esse grupo era ousado e bem insistente, só consegui espantá-los quando
disse que minha namorada do meu lado não iria gostar. Torci para ela assentir
a farsa e assim o fez.

Minutos após, passamos a conversar sobre várias coisas sobre nós e como
dois bobos apaixonados, começamos a olhar para o céu e falar sobre o formato
das nuvens. Ela me mostrou uma música, cantada por seu amigo, conhecido
meu, que fez para o cara de quem gostava, mas sem ser correspondida.

Quando vi esse lado dela, logo me encantei. Ela mexia comigo como
nenhuma outra mulher. Ela era diferente, era especial... (você nem imagina o
quanto e não, não necessariamente de forma boa).

Chegando em casa, ainda cantamos parabéns para meu então cunhado


na época e ela junto. Na hora de ir, insistimos para deixá-la em casa, ao que ela
aceitou. Dentro do carro, ela pegou minha mão e a laçou. Meu coração
disparou. Ao deixá-la no portão de sua casa, vou dar um beijo no rosto, mas
“erro” e damos um selinho. Meu coração bateu tão forte que era difícil respirar.

Mal dormi o resto da noite e não pensava em outra coisa no dia seguinte.
Já com o pessoal, na praça, aconteceu de uma mulher bem interessante flertar
comigo selvagemente. Falou que queria transar comigo, em 5 idiomas. Sim, eu
sei! Isso é muito incrível! E 5 vezes eu, como diz minha mãe, “saí pela
tangente”.

Eu só estava pensando nela e me sentia traindo-a, mesmo que não


tivéssemos nada. Algo em mim me fazia casto para ela. Se era recíproco, até
hoje não sei, mas eu cessei todo e qualquer encontro.

Mandei mensagem e disse como me sentia, de uma forma natural e


confiante. Ela disse sentir o mesmo e então marcamos de nos ver. A partir daí,
passamos a sair cada vez mais. Não nos beijávamos, pois eu queira “ir
devagar”. Você acredita nisso?! HAHA!

Estava bobo, todo apaixonado e nada me fazia desviar a atenção da


Thaís.

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Decidi pedir sua mão em namoro. Planejei algo bacana, marquei no
parque que a conheci e olhando para ela, cantei a música de Edson & Hudson,
a “Quer namorar comigo”, adaptada com algumas coisas para nós, junto com
meu primo, que estava lá conosco.

Ela ficou sem reação, mas queria mais e me pediu mais. Então subi numa
das mesas, que estava cheio de pessoas, que se eu conhecesse 10% era muito,
mas chamei a atenção de todos e fiz uma verdadeira declaração, ovacionado
por palmas estonteantes.

Fiz a mesma coisa em outra mesa, também lotada, pois estava


acontecendo um encontro rocker. Não bastasse isso, ainda comecei a abordar
as pessoas que estavam caminhando, correndo, pedalando ou passeado,
apenas para falar do quanto a amava. Era lindo...

LINDO, UMA OVA!

Estava demonstrando cedo e intensamente demais o que sentia, sem


saber como ela se sentia. Isso é um erro! Cuidado!

Passamos então a namorar oficialmente, minha primeira namorada.


Antes, eu queria acumular 30 mulheres até os trinta anos, chegara nos 10%
dessa soma e já havia desistido. Deus, eu queria envelhecer ao lado dessa
mulher!

Já que era a primeira — e pretendia que fosse a última —, queria que


fosse tudo especial, o que me fez fechar os olhos para muitas coisas, como
piadas amorais, brincadeiras de mal gosto, ou ela proibir algumas amizades.
Eu reclamava sobre muitas coisas, mas outras, deixava passar. Eu não percebia,
mas estava cada dia mais me anulando.

Para um casal que estava se guardando, até que tivemos uma bela
primeira vez. Num parque, ela apoiada, de frente, numa churrasqueira de
lenha, eu investindo selvagem e apaixonadamente contra ela, com os olhos no
segurança, que volta e meia aparecia.

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Para nós, foi inesquecível. E não conseguimos mais parar. Quando não
era em sua casa, era num motel, onde me disse algo que ri até ficar sem voz na
hora e rio toda vez que me lembro:

— Amor, tá bom! Minha “pepec@” tá assando...

Eu sei que você riu! Passou por isso já?

Rapaz... ela, apesar da pouca idade, dezessete anos — eu tinha vinte para
vinte e um —, ela sabia como fazer sexo. E que sexo! Eu nunca me cansava! Ela
poderia ser bem acima do peso, mas me fisgou de várias maneiras. Eu estava
em sua rede e ela, seria a Viúva-negra. Cada vez mais, ela me controlava, e eu
não percebia, sem que eu percebesse, ela ditava as regras do jogo e eu estava
em sua mão.

Um dia, estava assistindo em casa e vejo sua mensagem, querendo minha


atenção, pois disse estar carente. Perguntou se a amava. Ao ter uma resposta
afirmativa, questiona o quanto. Meu amigo, fiz uma verdadeira e intensa
declaração de amor. Tenho vergonha de admitir, mas foi mais que
desesperada. Não foi romântica como pensei.

Dali até as próximas semanas, passou a agir diferente, me evitar, ser fria
comigo. Eu não entendia o porquê, queria uma explicação, eu precisava de
respostas... mas sempre dizia que não sabia e eu ficava no limbo, que estava
mais para inferno, sem saber como sair, sem uma luz no fim do túnel. Isso
passou a me consumir. Eu não comia direito, não dormia direito e passei a me
humilhar para ela. A querer fazer tudo que ela quisesse, só para voltar a ser
“fofinha” comigo.

Sabendo que me tinha nas mãos, se aproveitou e pasmem: Descobri que


enquanto eu estava na geladeira, ela tentava, desesperada e romanticamente,
conquistar aquele cara que ela fez a música, lembra? Fui feito de palhaço e
mesmo assim continuei, ela pedindo tempo, voltando e no último tentei algo
desesperado:

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Comprei vários cartões, onde em cada um teria um adjetivo dela, mas
também teriam palavras que não eram adjetivos, palavras aleatórias, que se ela
juntasse, teria a frase: “Prometi que se ainda amasse, lutaria”. Uniria a isso um
bocado de doces e comidas que fizeram parte de nosso namoro.

Para o plano ficar perfeito, precisaria da ajuda de sua avó, então liguei
para ela e perguntei se poderia me ajudar, a enfeitar o quarto dela com os
cartões, em formato de coração, as rosas e as comidas. A avó a chamou, ainda
comigo em linha, e contou que eu queria fazer uma surpresa romântica. Ela,
furiosa, pega o telefone e me dá a maior bronca, dizendo que eu não a
respeitava, não respeitava o tempo que pediu e muitas coisas mais. As mais
piores de se ouvir de quem se ama. Disse que estava saindo com o chefe, que
era casado e ele a levava para motéis de luxo e o sexo era maravilhoso e não
por ele ser bonito ou rico, mas por ser casado e essa sensação do proibido era
inigualável.

Mesmo ouvindo isso, não queria largar o osso, afinal a “amava”,


“precisava” dela, e queria que fosse a última namorada, mesmo sendo a
primeira. “Tinha” de ser ela! Inconformada, dispara:

— Cara, que tipo de homem é você? Acabei de falar que tô dando pra
outro e você aí se humilhando. Honre suas bolas! Tenha dignidade!

Naquele momento, meu coração fora cortado, triturado, queimado e


reinserido por trás. Doeu de todas as formas que imaginar. Minha dignidade
estava um caco, meu coração, em frangalhos... Eu havia largado todas as
amizades, coisas que gostava, tudo para estar apenas com ela, e agora, ouvia
isso...

— Vá se f0d#R, V@dY@! — e desliguei em sua cara, jurando para mim


mesmo que jamais seria feito de bobo novamente.

Já deve imaginar tudo que fiz de errado, certo?! Eu me anulei como


pessoa, principalmente como homem, parei de ter uma vida, já que a mesma
girava em torno dela, deixei que ela fosse me controlando e moldando, largasse

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meus prazeres, minhas amizades (até perdi todo o respeito da galera dos
encontros), minha vida. Já deve ter notado também o problema de eu ter
levado a vida que levava, antes dela. Plantei várias sementes e as mesmas
viram a hora perfeita para germinar. Como eu só queria ter meu harém ou
melhor, meu álbum de mulheres, não sabia o que era me relacionar, me
adaptar, construir uma rotina, traçar laços, evoluir e nem nada do tipo, eu era
inexperiente no que importava de verdade.

Depois da decepção com a Judith, bloqueei minhas emoções, não me


permitia sentir nada (ou era o que pensava), depois de um tempo, eu estava
frio, calculista, extremamente machista, misógino, egoísta, manipulador... eu
só queria saber de seduzir as melhores, mais interessantes, as mais difíceis e
como sabe, foi perdendo a graça para mim e logo enjoava. Então para sentir,
passei a me propor desafios, dentre eles, seduzir as casadas. Por um bom
tempo, eu só queria saber das que estavam namorando ou casadas. Por outros,
de lésbicas.

Sim, o que vou falar é deveras polêmico e me queimarei no processo, mas


verdade tem de ser dita e a verdade é que saí com muitas mulheres, apenas
nós ou em orgias, com lésbicas.

Depois que me propus ao desafio, precisava saber se era possível e se eu


conseguiria e tenho de confessar que meu ego se sentiu regozijado por um bom
tempo, viu só?! Já não era mais pelo prazer carnal, o jogo me levou a um novo
tipo de prazer: o do ego. Só de saber que eu era capaz, já me satisfazia. E
falando de lésbicas, a história era ainda melhor...

Por falar nelas, você deve ter ficado bastante curioso sobre como isso
sucedia, não é?! Bom, vou dedicar então o próximo título só sobre a atração,
conquista e sedução de uma mulher homossexual.

Que a polêmica inicie! Que os jogos comecem!

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SEDUZINDO LÉSBICAS
Apesar de homossexual, a mulher que não é transsexual, ainda é em
suma, uma mulher. Se você se comunica com sua programação básica, ou seja,
sentir-se confortável, segura e protegida e mescla com características
“dândicas”. Se você tem traços femininos no pensar, no falar e/ou trajes, isso
gera um estado de similaridade, de afinidade. Mas são sutis, claro, pois sua
essência é a masculina. E quando você faz com que ela inconscientemente se
sinta confortável, segura e protegida, ela o pré valida, quando apresenta traços
mesclados, masculino e feminino, gera um desejo bissexual na mente e quanto
mais ela se coibir de sentir atração, mais atração sentirá, daí só seguir os passos
da conquista tradicional de uma mulher heterossexual ou bissexual. Tá, ficou
confuso, eu sei. Deixe-me ver como posso simplificar.

1. Você demonstra valor da maneira tradicional, sendo natural, confiante,


confortável e não demonstrando interesse;

2. Mostre interesse pela personalidade, ações, estilo, mas não pela aparência;

3. Tenha ações de atitude e liderança, paciência e controle emocional;

4. Seja comunicativo e seguro, destemido;

5. Ser validado por outras mulheres, aumenta um pouco seu nível de atração;

6. Agora, você ao menos foi visto como alguém interessante, passará a ser
validado aos poucos, o que recompensará com validações a ela também;

7. Gere afinidade com espelhamento verbal, tonático e corporal, usando


storyteller também (histórias que contagiam e emocionam, agregando
valor e com gatilhos mentais, sobre você, mas de forma sutil, e natural);

8. Trabalhe emoções mistas. As mulheres, mais que nós, são extremamente


emocionais. Quanto mais emoções ela sentir, mais conectada se sentirá;

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9. Seja divertido, mas misterioso. Isso a deixará confortável, mas intrigada, o
que causará um efeito de contraste emocional, da segurança com a
insegurança;

10. Percebendo aberturas, faça escalação física, atentando-se às reações dela,


para não avançar o sinal ou desrespeitá-la. De forma natural e sutil, faça
ela, desde o começo, acostumar com seu toque. Cotovelos, ombros... evolua
então para cabelo e tendo sinais verdes, vá para mãos, rostos, abraços etc.
Lembre-se de ser natural e atento aos sinais;

11. Agora ela já está atraída, apesar que pode não querer se entregar, e confia
mais em você. É o momento de mostrar mais das características de dândi,
como um pensamento ou forma de falar que só uma mulher usaria, ou um
jeito... isso “enganará” o cérebro, de que ela está com uma mulher, mas ao
mesmo tempo com um homem;

12. Retribua mais interesse, ao passo que os recebe;

13. Use técnicas que incitem desejo, como: sorriso, olhar dentro dos olhos, tocar
as mãos, contar histórias que emocionem, usando a palavra “imagine” etc;

14. Comece a usar uma linguagem mais lenta, a falar mais compassadamente,
olhar mais nos olhos e dar muitas pausas;

15. Use de olhar triangular ( olho-olho-boca) ao receber sinas de interesse;

Observação: Como mencionei, a comunicação é 93% não verbal, sendo que


55% é linguagem corporal. O corpo fala e falando de mulheres, as mesmas
subcomunicam interesse através do corpo. Os sinais mais comuns são:

• Mexer no cabelo;
• Cruzar as pernas em sua direção;
• Sentar-se perto de você, podendo sentar longe;
• Ficar te tocando constantemente;
• Olhar fixamente em seus olhos;
• Olhar para sua boca;
• Olhar sutil ou descaradamente para seu corpo, principalmente a região genital;
• Rir de tudo o que você fala, mesmo as coisas sem graça;

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• Copia a sua postura;
• Ao se afastar dela, a mesma se aproxima;
• Roçar as coxas;
• Morder os lábios;
• Brincar com objetos fálicos (que tenham formatos alongados, como lápis, caneta,
taças... quaisquer coisas que façam lembrar, inconscientemente um pênis;
• Alisar as axilas;
• Faz perguntas sobre você.

Claro, esses sinais têm que ser sutis e inconscientes, naturais. E você não pode
cometer o erro de pegar um sinal isolado e achar que é interesse. A regra é pegar uns
três sutis, pelo menos.

16. Tendo todos os sinais de interesse e investido no olhar triangular, fale


bem próximo de seu rosto e segure beijá-la o máximo que conseguir;

17. Use de impedimentos verbais e corporais, para mostrar que não podem
transar ou “se pegar”, ao passo que continua utilizando as técnicas
geradoras de desejo;

18. Beije-a!

Olhe, são passos comprovados, todavia, levam bastante tempo e prática.


Muita prática, muito jogo interno (Mindset) desenvolvido, além do próprio
desenvolvimento. Não posso deixar-me esquecer da falta de expectativas
também. Não é nenhuma fórmula mágica, tão pouco é simples ou fácil. Mas
vale a pena... isso tinha de estar aqui, apesar de nos dias atuais, ser algo bem
chato ou perigoso de se tentar, principalmente quando se está iniciando. Não
digo nada, de quem já é sedutor, agora se está iniciando, deve ter ciência dos
novos tempos em que estamos vivendo e se tá disposto a pagar o preço, a correr
o risco, caso tenha a menor das falhas. Bem, e estes foram os passos da sedução
de lésbicas. E foi dessa forma que seduzi inúmeras lésbicas ao longo dos anos.
Não é algo que bato no peito, enchendo-me de orgulho, mas faz parte da
história e histórias devem ser contadas.

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Observação: Já que citei a personalidade Dândi, vamos entender o que é. O
dândi é um dos 8 perfis de sedutores existentes. Dândis mesclam os dois universos.
Masculino e feminino, sem que sua essência principal seja afetada, na verdade, é até
mais aflorada que nas pessoas comuns. Por exemplo, uma mulher dândi é
extremamente feminina, mas possui algumas características masculinas no traje e/ou
personalidade e o homem dândi é extremamente másculo, mas possui vários traços
femininos, que pode ser um senso estético, ou forma de falar ou qualquer coisa que seja
pertinente à mulher e não afete sua sexualidade. Esse contraste gera um forte desejo
bissexual e proibido na mente, logo atraindo o alvo. O homem é atraído pela
feminilidade e pela similaridade que as leves características masculinas geram,
enquanto a mulher é atraída pela masculinidade do dândi e pela similaridade feminina
que ele apresenta em certos traços.

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CONHEÇA O “BART”
Não posso contar essa história sem falar dele, meu primeiro e melhor
pupilo, que tanto ajudei ou prejudiquei. Que tanto evoluí ou involuí, um herói,
um vilão, alguém puro, mas com uma enorme “dor no coração”.

Precisamos voltar para 2011. Eu ainda não era o Lobbo Mau ou quiçá o
Conde Lobbo Mau, talvez no nome, mas ainda não na essência. Ainda havia
algum traço de pureza em mim. Nessa época, conheci dois rapazes. Amigos e
vizinhos. Ambos com 15 anos. Um deles era bastante bonito e o outro,
“estragado”. Comecei a ensinar tudo que podia para eles, os inseri no universo
da sedução, no seio da famigerada e polêmica comunidade PUA.

O rapaz, muito bonito, vou chamá-lo de Ronan, pegou muita coisa, mas
não demorou e não seguiu adiante. O outro — vamos chamá-lo Patrícius (eu
sei, sou horrível em inventar identidades) —, sofria de baixa autoestima,
rejeição, complexo de inferioridade, fumava demais, bebia muito e parecia ser,
pelo menos, ter quase o dobro da idade. Eu gostava dos desafios. Queria
transformá-lo num verdadeiro Casanova.

O tempo foi passando, e dedicado, logo pegou os macetes e passei a levá-


lo comigo para todos os lugares, mesmo assistir aula comigo na faculdade. Eu
estava nutrindo um enorme afeto por esse rapaz, era como o irmão homem que
nunca tive. Trabalhamos seu desenvolvimento, sua imagem e principalmente
seu Mindset. O resto, ele fez sozinho, pondo para fora o que tinha de bom. Ele
mostrou-se tremendamente carismático e charmoso. Tinha um charme
selvagem, rústico, rebelde. Como um James Dean.

Passei a desafiá-lo, a passar missões, a forçá-lo a abordar. Sempre que ele


recuava, eu abordava e ou levava as mulheres ou mulher até ele ou fazia elas
chamarem-no, obrigando assim que ele enfrentasse o medo e a vergonha.

Um determinado dia, num conceituado shopping, estava dando uma


aula e era hora de praticar. Ele já deixou claro que não iria abordar. Então
avistei os “alvos” e solicitei que ele abordasse. O miserável recuou e embirrado,
“bateu o pé”. Fui até elas. Três loiras gatas e gostosas, estavam em horário de

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trabalho; eram vendedoras de roupas — ou eram calçados?! Deviam ter entre
21 e 25 anos.

As abordei de forma engraçada e desinteressada e conversa vai, conversa


vem, disse que estava ensinando as artimanhas da sedução para o rapaz, que
apontei e precisava da ajuda delas. Pensar que não, elas o estavam chamando.
Quando ele finalmente se soltou, mostrou o real poder que tinha ou adquirira.
Elas ficaram super encantadas por ele. Chegou então a gerente, uma mulher
mais que empoderada, devia ter na faixa de 27 a 30 anos e logo entrou no
grupo, de início, para encerrar, mas não obstante, entrou de cabeça. Saímos
com o objetivo concluído e meu pupilo, com o telefone de uma delas. Ele mal
acreditava, como ele tão novo e tão feio, estragado, conseguira o telefone de
uma verdadeira deusa daquelas... — era assim que ele pensava. Passei a
denominá-lo “Striker”, pois o vi, a partir daquele dia, como um assassino
profissional, um atirador de elite, um sniper.

Patrícius, agora Striker, era hábil como um ninja, me enchia a cada saída,
de orgulho. E a cada técnica que eu criava e refinava, ele testava em campo.
Posso dizer que ao menos quando PUA, ensinei tudo o que sabia e podia. O
cara era um monstro. Após uma das saídas, justamente quando começava a me
juntar à galera do rock, descubro que ele era um dos frequentadores e na minha
fase assídua nos encontros, ele sempre estava junto, já que também era
roqueiro.

Com o passar dos anos, ao passo que minha fama se alastrava, ele não
ficava para trás e assim como o meu, seu nome era propagado entre o pessoal,
todavia, o conheciam por Bart, pelo seu jeito rebelde e por um bom tempo, com
um skate. Bart virou uma lenda, um dos pilares, juntamente comigo e com a
Alejandra e alguns outros, do movimento rocker. Se posso dizer que teve
alguém que possa ter saído com tantas ou mais lésbicas, foi ele. Com mulheres
comprometidas, mulheres mais velhas... sempre que eu me desafiava, o levava,
minha meta era refiná-lo ao seu potencial máximo. Não posso afirmar ao certo,
mas o Bart, badboy rebelde, deva ter dormido com dezenas, talvez centenas.
Até apresentei à minha antiga paixão, Judith, agora amiga e grande sedutora.
Eles até chegaram a namorar. Mas antes de chegar nessa parte, preciso falar
como retomei o contato com ela. O farei mais para frente.

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GUERREIRO INCOMPREENDIDO
Tem um cara que não poderia ficar de fora desse relato. Um cara que
participou ativamente de vários momentos, ora icônicos, no mundo da
sedução, ora empresariais. Uma pessoa, que de paraquedas, virou um amigo e
abriu grandes portas, sem querer para o que viria acontecer, mudando,
indiretamente, meus dias. Vamos chamá-lo aqui de Gustavo.

Gustavo era uma ótima pessoa, apesar de deveras excêntrico. Gustavo


era falante, confiante, cantava muitíssimo bem, amigável, mas acima de tudo,
Gustavo era solitário. Seu jeito descalibrado, mas cheio de potencial assustava,
espantava a maioria das pessoas, que afastadas, não viam o talento
assustadoramente insano do rapaz, o potencial para os negócios e seu bom
coração. O conheci junto à galera, com seu cabelo em aspecto de palha, roupas
surradas, coturnos velhos e calças rasgadas, estereotipando o perfeito “poser”
de roqueiro. Seu pensamento acelerado, unido à fala que tentava acompanhar,
assustava as pessoas, tomando-o por chato. Mas Gustavo era deveras curioso,
atento aos detalhes e perspicaz.

Uma vez, me questionou sobre algo que fazia e me encheu de perguntas,


tal qual um repórter, ansioso pelo furo jornalístico, tenta, desesperadamente,
inquirir a celebridade vacilada, o que fez-me sentir bem acuado, confesso.
Tentei desvencilhar-me dele, mas o cara era rápido e tenaz. Decidi dar uma
chance à sua curiosidade e tomei por desafio extrair o melhor daquele rapaz.
Foi bem na época do término do namoro e precisava me distrair. Inseri-o nas
entranhas da comunidade PUA, ao passo que ensinei mágica, pois eu já fazia
há um tempo e ensinei também, o que o fez muito bom: A hipnose. Demos um
jeito no visual desleixado, nas roupas, na forma de comunicar e com os defeitos
acalmados e desalinhamento extraído, houve muito espaço para as qualidades
mais que gritantes, antes despercebidas dele. O cara era um verdadeiro
monstro no tocante às habilidades sociais. Só precisava de uma chance.

Comecei então a ter um certo apreço por ele, que foi evoluindo com o
tempo. Gustavo, o bizarro, após meu trato, Guerreiro incompreendido, estava
ganhando seu espaço, estava me conquistando. Mostrou-se um sedutor

100
relativamente bom, mas um grande conquistador. A forma como essa criatura
gerava rapport era fora dos limites. Unia isso às mágicas e logo chamava a
atenção, havia se convertido num “Showman”, como eu. Mas com certeza o
que mais chamava a atenção, era seu talento para a música. Sua inteligência
musical era fora dos limites e soube bem aproveitar isso para chamar a atenção.
Cara, como eu curtia ouvi-lo cantar, apesar do ego inflado, que relevava. Mas
afinal, ele bancava a própria arrogância, era validada pelo “show”. Na hipnose,
tinha um tato especial. Gustavo sabia como deixar as pessoas em transe
rapidamente, só não sabia como explicar e como todo talentoso recém
descoberto, evoluiu rápido e não praticou ou tão pouco estudou, parando
então seu progresso, que prometia ser estratosférico. Por muitos momentos,
usou de maneira indevida, antiética, amoral, mas tenho de admitir que os
efeitos de todos, eram, no mínimo, surpreendentes.

Certa vez, fez a namorada, tímida, mastigar uma folha do chão, como
fosse um petisco, surpreendendo a todos que assistiam a cena, assim como
lembrar de uma carta que ela escreveu para a irmã, quando tinha 4 anos e por
fim, imitar animais. Um detalhe, é que ela era tremendamente tímida e filha de
uma funcionária conhecida da escola, a porteira. Olha, como fiquei
decepcionado com ele, mesmo admirado... Bronqueei pela maneira mais que
errada do uso, mas relevei, afinal, quase perder a namorada foi castigo mais
que suficiente.

Quando deixava de calibrar suas características mais que enérgicas e


ansiosas, repelia as pessoas, mas nunca o vi desistindo. Buscou constante
evolução, ingressou no meio empresarial e me iniciou no mercado do
multinível, trazendo as melhores e mais satisfatórias experiências com pessoas
e reforçamento do Mindset possíveis. Gustavo é um cara que venceu as
próprias limitações e ainda luta, desde muito novo e vence sozinho. Travou
batalhas como: Depressão, ansiedade, desespero, preconceito, os próprios
demônios, uma crise de identidade, de caráter, entre outas. E ainda assim,
conseguiu voltar, após atravessar a tênue linha entre o bem e o mal. Gustavo
foi muitas coisas e até hoje me perguntam o que vejo de bom nele. Espero que
após este, consigam ver também a pessoa que vejo. Um amigo, um colega, um
aluno querido e aos meus olhos, um guerreiro incompreendido.

101
GÊNIO SUBESTIMADO
Um cara que faz parte de minha história, foi meu aluno e nos piores
momentos de minha vida, na minha transição, crise de identidade e mazelas,
foi o Areb (óbvio que é inventado). Areb era um rapaz bem diferente — pelo
visto, todos meus amigos são, afinal, eu sou, não é mesmo?! —, era acelerado,
muito acelerado. Areb tinha um pensamento muito rápido, um raciocínio
tenaz, agressivo, rápido até para sua capacidade de expressar-se. Isso o
deixava, ora incompreendido, ora subestimado por quem convivia com ele,
mas não conhecia de fato. O conheci num micro-ônibus, a caminho do meu
trabalho e ele, de seu estágio. Tínhamos um amigo em comum, que estava
comigo e me apresentou. Com o passar do tempo, nos vemos mais e deixei
escapar o que fazia e minha incomum paixão pelo universo da sedução. Ele
logo demonstrou interesse. Mas era um interesse mais que genuíno e colossal,
como quem tem verdadeira fome de conhecimento. E por falar nisso, esse era
Areb, um devorador assíduo de conhecimento. Se conheci alguém tão faminto,
tão sedento por conhecer, saber tudo, esse alguém era ele. Nisso, o admirava
muito.

Tudo começou com umas dicas, que ele logo racionalizava, achando os
padrões e definindo métricas, como um verdadeiro cientista. Passou a praticar,
e frequentando festas em minha casa, ao lado de outros alunos, como o Bart,
logo o colocava a prova. No começo foi bastante difícil, mas ele era obstinado
e passou então a pegar o jeito e domar o conhecimento, a técnica, a prática e
transformar no “jeito Areb” de fazer. Ele assimilou e transformou em algo dele.

Areb nunca chegou a ser um PUA de fato, pois ainda antes de mim,
identificou os problemas de levar determinado estilo de vida e passou a
procurar pelo desenvolvimento, seguindo o próprio caminho por um tempo,
mas sempre que dava, vinha às festas de minha família e fazia o possível para
estar presente em minha vida, sendo um fiel amigo. Areb teve várias fazes,
várias conquistas, várias desilusões e quedas, mas sempre procurou se
levantar, recuperar e a cada queda, mostrava-se bem mais forte. Muita gente o
subestima, mas ele sabe como mostrar o seu valor.

102
SEDUÇÃO NATURAL PRIMITIVA
Um caso diferente, aconteceu há alguns anos, mais especificamente em
2016, logo após o término do meu terceiro namoro, que citarei mais a frente,
em devida oportunidade. Era o dia do meu aniversário e chamei Areb, junto a
outros amigos, para sair para um rodízio de pizza e então comemorar.

Ele foi e aproveitamos bastante, todos tentaram me animar, eu realmente


estava n’outro mundo. Eu não era mais eu, sabe...

Chegou a hora de sairmos, pois minha mãe, como sempre, faz um bolo
para comemorar o dia e não passar em braço, então tínhamos de ir. Ao pegar
o ônibus, damos de cara com duas moças que estavam nos assentos mais altos;
elas nos encaravam sem parar. Percebi, mas honestamente, não ligava a
mínima, mas Areb estava sagaz esse dia. Queria porque queria me animar de
alguma forma.

— Jean, queria ver você em ação!

— Que?!

— Éh, quero ver você abordando. Se você é tão bom, chega naquelas duas ali!

— Mano, não enche! Não preciso provar nada e também não tô no clima! Você
sabe também que não abordo mais e já até larguei, há 2 anos, o estilo de vida
PUA, não é?!

— Ah, cara, só uma vez... É porque preciso ver você em ação!

— Areb! Não enche!

— Sério! Eu nunca vi você em ação.

— Mas...

— Mano, na moral, nunca te vi em ação. Claro, tudo que você me ensinou, eu


apliquei e deu certo, mas nunca vi você, você em ação, saca?! Queria ver isso e
também você tá precisando, vai...

103
— Você não vai desistir, vai?!

— Não mesmo!

— Certo, vou abrir essa exceção uma única vez. Mas é só porque você tá me
enchendo e nunca me viu, mas que fique bem claro que não corroboro mais
com a prática da abordagem e você sabe bem o que isso fez comigo, o lance do
vício em abordagem, a compulsão e todo o resto, né?!

— Certo! Só essa vez!

— Beleza! Só observa!

Então parei por um tempo, olhei em volta e abaixei o tronco, procurando,


perto de meus pés, algo. Achei um pedaço de papel e joguei em direção às
garotas. Não obtive resposta e repeti o feito.

— Que cê tá fazendo, doido?

— Vou fazer algo legal, mas para isso, quero chamar a atenção delas.

Inconformado, andei firme em direção ao banco em que estavam e me


declinei, com a mão esquerda apoiada no branco da frente e a esquerda, na
parte detrás do banco delas e proferi:

— Vem cá! — em tom natural e confiante, mas leve — Vocês sabiam que é uma
tremenda falta de educação não reagir a um cavalheiro jogando objetos para
chamar sua atenção? HA HA!

— HAHAHA Ora — falou uma delas, a da janela —, a gente olhou para trás,
mas você estava conversando com seu amigo, lá no fundo e como não olharam,
deixamos para lá.

— Sim! Vocês não olharam — disse a outra

— Ah, é?! — falei com um tom de surpresa cínica, e sorrindo — Então vamos
resolver isso agora!

104
Apresentei-me, beijando a mão das duas e as convidei para sentar
conosco nos últimos assentos do ônibus, ao que aceitaram na hora.

Quando a da frente ia descer, eu disse que não, com a mão, firme, em sua
frente e disse para outra, da janela descer primeiro e então as guiei para o
fundo. Elas iam sentar, uma do lado do Areb e a outra no fundo, comigo.

— Oh, oh! Não! Aqui é o lugar dos garotos! Vocês sentarão aqui atrás, é bom
que podemos todos falar juntos, de uma forma melhor.

Elas riram e sentaram. A conversa rendeu bastante, mas após um tempo,


passei a ditar o rumo da conversa, com minhas ações, então todos estavam
seguindo esse rumo, no meu ritmo. Passei a fazer minhas brincadeiras de
“adivinhação” e surpreendendo as meninas, mas o que chocou Areb foi a
forma como eu falava, olhava, era como fosse programado, mas
assustadoramente natural, a respiração, os toques... tudo parecia um teatro, era
como se cada ação fosse montada para induzi-las à sedução. Mas também, era
tudo realmente natural, não parecia nada esforçado, como se tivesse uma aura
que guiasse tudo para o momento decisivo.

Então beijei uma e descaradamente, puxei a cabeça, leve e vagarosamente


da outra, interrompendo assim, sua conversa com ele e a beijei também e repeti
mais duas vezes com ambas.

Estávamos perto de descer, elas então perguntaram meu nome e pediram


meu Facebook. Apenas disse que o que poderiam saber era que eu era o Lobbo,
com dois “b” e poderiam pesquisar. — E não sei como, mas me acharam e
ainda marquei uma visita no dia seguinte à loja que tinha com a minha irmã.
Areb, como estava por lá, ficou de babá do filho de uma delas, enquanto, mais
uma vez, beijo as duas, enchendo de inveja o povo da feira, onde ficava nossa
loja.

Observação: Quando entramos, já estávamos trajados de forma que chamava a


atenção e não éramos nada feios, particularmente, até malhados. Quando não demos
atenção, retribuindo os olhares, ativamos o gatilho do desafio, mostrando alto valor
social.

105
O objetivo de chamar a atenção, jogando bolinhas de papel, era fazer algo ousado
e diferente, mas que ao mesmo tempo, demonstrasse uma “falta de respeito”, indicando
certo desdém por convenções sociais, o que automaticamente, gera ainda mais valor. Ao
ir até elas, demonstrei atitude.

Me apoiando sobre elas, olhando alternadamente entre uma e outra e falando


vagarosa e decididamente, demonstro confiança e naturalidade, o que subcomunica
poder e ativou suas programações que anseiam por perpetuar a espécie. Ao mudar a
ordem de descida do banco, mesmo dificultando o processo para elas, demonstro
controle da situação, ordem, atitude e liderança, o mesmo acontece quando as impeço
de sentarem e dito o lugar e até quando dito e mudo o rumo da conversa. LIDERANÇA!
O gatilho da autoridade foi ativado. Ao falar com mistério, gero nelas a necessidade de
me decifrar, sendo mais uma vez um desafio e com as brincadeiras de “adivinhação”,
ativo os da curiosidade e novidade, deixando-as cada vez mais suscetíveis.

O espelhamento tonático no começo, junto ao verbal foi interessante para gerar


Rapport e me conectar com elas, para abrir a guarda.

Agora, com a imagem que projetei ali na hora, mais minha mentalidade e auto
visão, gerei uma aura que chamo sedução passiva, uma aura que gera um desejo
magnético incontrolável, sem uso de técnicas, todo o corpo funciona em sintonia para
a sedução. Voz, linguagem corporal, olhar, tudo. E ao finalizar, beijando-as, demonstro,
mais uma vez, atitude e um poderoso gatilho, como imprevisibilidade e para finalizar,
viro mais uma vez um desafio, ao dar a tarefa difícil de me encontrar, apenas com um
apelido.

Descemos do ônibus e meu amigo ficou perplexo e me encheu de


perguntas, ao que respondi, com minha carranca recuperada. Ele demonstrou
estar assustado, nunca havia visto isso, nem mesmo me mim, não era como
usar técnica, era outra coisa. Eu respondi algo como:

— Mano, PUA trabalha muito técnica, mas não foca em desenvolvimento.


Sabe, acredito que quando Mystery criou as técnicas, era com um motivo
nobre. O motivo de ensinar, através da “memória muscular” ou algo assim,
sabe.

— Hmmm...

106
— A maior arma da sedução, Areb, é a naturalidade. Quanto mais natural,
mais sedutor e tudo leva a ela. Creio que quando ele criou o hábito de abordar,
era para o aluno praticar, pois a prática faz ficar bom, mas principalmente, ficar
confortável ao lado de uma mulher, logo, natural. Acredito também, que
quando criou o NEG (leitor, NEG é uma técnica onde você invalida o ego da
mulher, fazendo com que seu valor fique acima, deixando-o mais confortável,
ao passo que baixa a guarda dela, ao ver que você não é mais um, dando em
cima dela), era para o homem se sentir confortável com uma mulher com nível
muito acima ao dele, logo, natural. E todas as técnicas de sedução e rotinas e
procedimentos, se parar para pensar, tem como objetivo, produzir a
naturalidade e então, tornar o usuário, sedutor.

— Ah, entendi!!! Tá, mas o que tem a ver com minha pergunta?

— Vou chegar lá! Calma! — é incrível como uso introduções longas, o que irrita
muita gente sem paciência (risos) — Continuando, Areb, acredito que tudo foi
com esse fim, quando Mystery criou tudo isso, mas os pupilos tornaram isso
rotina, regra e então, filosofia. E vieram todos os efeitos, principalmente o
egocentrismo, machismo, misoginia, objetificação da mulher, frieza, carência e
o pior: A compulsão pela abordagem e pela conquista, pela sedução.

— Fod@, mano... Pior que é verdade...

— E não para por aí! Acaba que tudo gira em torno da lábia, das técnicas, das
PNL’s, o desafio de “seduzir”, mesmo estando em desvantagem.

Mano, para mim, nem o maior sedutor do mundo vai conseguir a mulher que
quiser, quando quiser, fazendo o que quer e onde quer. Se consegue, já não tem
a ver com sedução, mas sim, hipnose, manipulação... Já não é natural. E
acredito que a sedução vá muito além disso tudo.

Venho há dois anos estudando, Areb e percebi muitas coisas, e cara, a sedução
de fato, é muito mais poderosa do que se vê, do que se divulga e engloba muita
coisa, não se restringe à técnica. A técnica, é o que chamo de sedução ativa, mas
o que você viu no ônibus, é uma aura sedutora, o que chamo de sedução
passiva, e esta, só é produzida a partir de um entendimento e mentalidade
desenvolvida, os princípios dos gatilhos desenvolvidos, mas tudo tá no

107
pensamento, na verdade, nem tem técnica, mas claro, se aplicar, fica ainda mais
forte.
Você percebeu que era como, uma vez na “minha rede”, era impossível elas
saírem, que elas sabiam disso, mas não conseguiam evitar? Como se cada
célula minha estivesse preparada para o abate? Até lembrei da cena do
Edward, do Crepúsculo falando para a Bella HAHA!!!

— HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Pior! Verdade! HAHAHAHA!


Mas mano, pior que era isso mesmo e era assustador.

— Pois é! E nisso, venho estudando e praticando, a verdadeira sedução. Você


sabia que vendas, publicidade, propaganda, marketing, negociação etc., vêm
da sedução?! Na verdade, é um tipo de sedução, só que comercial.

— Não..., mas faz muito sentido!

— Não é?! Só para você saber a grandeza, veja o PUA como o Distrito Federal,
um quadradinho no mapa do Brasil. A sedução de fato, em sua grandeza, é a
Via láctea! E esta, chamo de sedução natural-primitiva, pois ela é bem bruta
mesmo, bem primal, primitiva. Pura... E ela te obriga a evoluir, pois o que você
viu hoje, depende na projeção de imagem, mas principalmente do
desenvolvimento, e quem vive apegado à técnica, pela facilidade, a usando de
muleta, não vê motivos para se desenvolver, e de quebra, adquire todos
aqueles problemas, fora que a comunidade aqui no Brasil é muito desunida.

Cara, sempre quando um PUA chega no nível avançado ou se torna e


vive como um Mestre PUA, logo abandona a comunidade, pois leva o jogo
para um outro nível, um outro patamar, se desafia. Teve um cara famoso que
ficou 2 semanas sem tomar banho, só para mostrar que ainda assim
conseguiria. Eu mesmo, já me desafiei às lésbicas, às comprometidas e uma
vez, com a ajuda do Bart, até fiz um ciumento punk deixar-me beijar de língua
sua namorada, na sua frente. Cara, olha o nível... Ou então induzir uma moça
até direita a fazer verdadeiras ações libidinosas ou orgias, mano, me envolver
com casadas, velho... Olha o nível...

— Fod@, mano...

108
— A gente não tem paz, sabe, sempre se cobra, e quando vê uma gata, tem logo
que abordar, e se não conseguir seduzir, já se sente um lixo e a pressão só
aumenta, você vive para aquilo, acaba que as mulheres viram apenas números,
você fica muito frio, para de sentir prazer com as coisas e vem a depressão,
você faz de tudo para sentir-se vivo. Só quer ver sentido em algo. Essa
“bagaça” mexe com tua cabeça, saca?! E quando vê, tá fazendo coisas
perigosas, para ver se sente alguma emoção, além da frustração e crise
existencial. Eu, por um bom tempo, fiquei viciado em adrenalina, me
envolvendo com gente perigosa e fazendo coisas perigosas, onde quase morri
diversas vezes. Isso não é vida e quando você tem ideia disso, você sai e não
volta mais.

109
“BALLACK”
Tive diversos alunos no decorrer desses 10, quase 11 anos, porém poucos
tiveram notório destaque, não ao menos como os que estão neste, pois
conseguiram o feito de fisgar o coração deste icônico, apesar de desconhecido,
autor. Viraram amigos e um desses amigos, é o Ballack.

Vamos dizer que seu nome é Maurício, para preservar sua identidade.
Maurício ou Ballack, como irei chamá-lo aqui, era uma pessoa deveras
interessante.

Se pudesse dizer que uma pessoa sofreu e deu a volta por cima e merece
toda a felicidade deste mundo, é este rapaz.

Antes de contar como nos conhecemos e como sucedeu nossa amizade,


contarei um pouco quem era esse rapaz.

Maurício contou-me uma história muito triste de seu nascimento. Vou


replicá-la da melhor forma que conseguir lembrar. Maurício nasceu quando
sua mãe foi violentada pelo próprio pai. Uma tragédia familiar, que viria um
dia fomentar em realizações, pelas mãos do nascido indesejado. Sua mãe
tentou abortá-lo, sem sucesso e ele nasceu. Uma criança não desejada, não
querida.

Após um tempo, foi criado pela avó, até fugir de casa com cinco anos de
idade, passando a viver nas ruas e por lá, “comeu o pão que o diabo amassou”,
passou por todo tipo de abuso e aprovações. Contou-me também que na pré-
adolescência, passou a morar com um homem que para deixá-lo ficar lá, tinha
de retribuir com favores sexuais. E assim era sua vida até um policial, se bem
me lembro, civil, o tirar de lá e levá-lo para seu amigo, que sempre quis ser pai,
cuidar. Este amigo, policial aposentado e ex dono de boates era uma pessoa
maravilhosa, e numa teve um filho. A reação foi de amor à primeira vista.

Apesar do preconceito, pela orientação homossexual de seu novo pai,


isso nunca o impediu de retribuir o amor, de ser um filho como qualquer outro
filho seria.

110
Como morava em um local de muitos “trombadinhas”, fez amizades
erradas, usou drogas e flertou com o perigo de diversas maneiras e foi nesse
momento que o conheci.

De início, ele conheceu o roqueiro famoso da galera e educado, mostrou-


se solícito. Com o tempo, passei a vê-lo com uma frequência maior, até que fiz
seu “batismo de rolê”, que consiste em um forte soco desferido contra o
estômago, como uma iniciação, tornando-o assim, meu “protegido” e ele
passou a me chamar de pai desde então.

Como “pai”, o ensinei algumas coisas, como a defesa pessoal,


mentalidade e por fim, a sedução. Isso foi bem na época em que eu estava
largando a comunidade, mas isso ficará mais para frente.

Trabalhei nele a maneira como se enxergava, como se via, seu


autorrespeito, atitudes, a trabalhar seus defeitos e claro, como interagir com o
sexo oposto, independente de sua condição física. Maurício era gordo.

Observação: O mundo nos vê da mesma maneira como nos vemos. Nos trata
da mesma forma que a gente se trata. Entenda, quando você se enxerga de uma maneira,
você passa a, naturalmente, agir dessa maneira e por agir assim, por emanar uma aura
assim, falar de acordo, pensar de acordo, enfim, ser de acordo, o mundo logo acreditará.

E quando você se trata de uma maneira, está mostrando o próprio valor, logo terá
em pauta um preço e o mundo pagará esse preço. Se for baixo, terá baixo pagamento,
mas se for alto, logo terá um alto recebimento.

Então entenda que você só pode receber, num âmbito geral, por aquilo que emana
e só emana aquilo que acredita.

Acredite em seu alto valor, se valorize e veja-se como alguém de enorme valor,
ou então terá um preço baixo estampado em sua testa e não poderá reclamar, afinal
você, indiretamente, o pôs ali.

Logo absorveu a mentalidade e começou a se ver como alguém grande,


alguém de valor alto, o que o fez agir de acordo com esse pensamento e
automaticamente, passou a colher frutos.

111
Teve um episódio em específico, bem na época em que passei a ir ao
colégio que estudei, ver o Gustavo, meu então pupilo, que o levei para este
colégio renomado e tradicional, para dar a ele uma aula prática. A aula
baseava-se em sentir-se confortável com uma mulher e pedi a ajuda de uma
linda estudante. Devia ter uns 19 anos. Era popular, intelectual e reservada; o
típico perfil que assusta a maioria dos homens.

Solicitei que ele a chamasse para ir ao cinema e ela então, juntamente com
uma plateia improvisada por mim, daria sua avaliação criteriosa.

Ballack travou e não importava o quanto ele soubesse, reiterado por


todos nós, mais de uma vez, o quanto era teatral, para fins lúdicos e que não
seria rejeitado de verdade. Que era apenas um teatro, uma aula de prática. Não
importava. Ele não conseguia...

Farei uma observação do que aconteceu e como sanei.

Observação: A timidez nada mais é do que o medo por antecipação de algo, no


caso, o vexame, o mico. É algo intenso e inconsciente.

Tememos passar vergonha, nosso instinto quer nos proteger dos efeitos
fisiológicos causados pela vergonha, além da rejeição social. Efeitos como: Excesso de
noradrenalina, que é o hormônio que nos deixa preparados para o perigo, a luta, o
desafio, basicamente, situações extremas; o cortisol, que nos deixa cabisbaixos,
dopados... Nosso corpo tenta nos proteger dessas manifestações hormonais e suas
consequências, além da rejeição, que nos deixa ainda pior. Mas é um medo por
antecipação, ele não aconteceu.

Sabendo disso, antecipei o que o medo dele temia. A vexatória, não


dando escolha para ele, a não ser dar a volta por cima.

Passei batom em sua cara, baguncei o cabelo, peguei um jaleco dois


números menor, um cachecol de festa infantil e outros apetrechos
espalhafatosos. Ele ficou visualmente mais que ridículo. Aí falei:

112
— Então, cara. A timidez é o seu medo de passar vergonha. Você já tá passando
vergonha, então não tem motivo para ter timidez. Ou você continua
vergonhoso e riem de você, por estar ridículo e se sentindo ridículo ou você
assume que já tá ridículo e que se dane! Aí riram por você, com você, por sua
causa. Agora, você decide se quer ficar se sentindo um nada ou se chuta o balde
e vê que não depende do seu esterno, mas como você se vê. Decida-se!

Ele decidiu pela segunda opção e passou a agir normalmente, como se


não tivesse nada errado com sua roupa, afinal, todos sabiam, ali, que era para
fins didáticos.

Passamos, para ajudá-lo, a agir com ele, normalmente, como se ele


estivesse vestido de maneira ortodoxa. Isso o deixou mais confortável, claro e
confiante. Logo, entrou na sala da quadra em que estávamos e foi jogar seu
jogo preferido e que dominava: O Pebolim, também chamado de “Totó”.

Jogar seu jogo, o deixou em sua área de domínio, o que o fez emanar uma
energia fora do comum, com direitos a saltos, urros, gritos e até abraços de
comemoração nos parceiros de jogo (parceiros estes que eram populares e
“zoadores”, mas nem ligaram para a aparência bizarra dele, como se fosse o
cara mais incrível do local).

Ao sair da sala da quadra, chegou na moça, desceu o livro que ela estava
lendo, surpreendendo a todos no processo e desferiu com toda a confiança e
naturalidade do mundo:

— Ei! ‘Vamo’ ao cinema comigo?! — piscando descaradamente e com um


sorriso arteiro, de quem sabia o que fazia.

Ela ficou perplexa e simplesmente disse sim, gaguejando. E ao indagá-la


sobre, disse que aceitou de verdade.

A partir desse dia, um novo Maurício, melhor, Ballack surgia. Mais


confiante, corajoso, sensível às reações das pessoas e inteligente,
emocionalmente falando.

113
Mas faltava algo. Faltava sua iniciação. Chamei uma garota que “ficava”
— falarei sobre ela, mais a frente — para o teste final. Queria ensiná-lo como
beijar. Isso incluía desde a pegada até o manejo do beijo.

Então o instrui na “pegada” e ele fazia, consertando e reiniciando até que


ficasse boa. O mesmo fez com os beijos, sempre repetindo, até atingir a
aprovação da moça. No final, estando todos satisfeitos, chamei a atenção de
todos que por ali passavam e pedi, descaradamente, uma salva de palmas para
o Ballack, novo sedutor natural no pedaço. Assim o fizeram, e ele, agradeceu,
afinal fora um maravilhoso ensinamento/prova/presente de formatura.

Os anos foram passando e Ballack correu atrás dos estudos, trabalhou


sua aparência, conquistou empregos, mesmo o pai deixando o negócio local
para ele e por fim, tornou-se um apaixonado pelo mundo empresarial.

De bebê não desejado, fruto de um estupro incestuoso, morador de rua,


abusado, usuário de drogas e roqueiro desgarrado, foi a sedutor, culto, poeta
(sim, poeta. Ama compor letras magníficas) e micro empresário. Hoje é um
grande amigo e fiel pupilo. Conquistou seu espaço e tá praticamente noivo de
uma mulher incrível, que o faz, há um bom tempo, feliz de maneiras
inimagináveis.

Espero que consigam ver como o vejo, sob meus olhos, o homem —
outrora menino rebelde —, que se tornou. Um bom homem, um bom amigo,
um bom sedutor, bom filho, irmão, mas acima de tudo, um ótimo e perspicaz
ser humano.

114
RESILIENTE E SENSÍVEL
No ano de 2017, através de um amigo em comum, o conheci. Um homem
enorme, com cara de mau, mas que tinha um coração do tamanho do mundo,
uma prontidão e senso de justiça de dar inveja.

Ele era bem feliz ou aparentava isso. Um namoro longo, com uma bela
mulher, um bom estudo e o início de uma carreira. Mas a vida não é
exatamente boazinha, ela nos tira da zona de conforto da pior maneira: NOS
OBRIGANDO A SER FORTES. Nos “leva à lona” sem prévio aviso e só então
nos fala para levantar e se o fizermos, elevamo-nos mais fortes.

E foi o que aconteceu ao nosso amigo, que aqui o trarei como Kevin. Sua
namorada passou a ficar cada vez mais fria, cheia de desculpas, o evitava...
logo, num desabafo, descobrimos, mutuamente, que ambos tínhamos interesse
pela sedução e conversando sobre, passou a me falar seus pesares com a
namorada.

Passei então a dar umas dicas, principalmente porque o entendia bem,


tanto em relação ao que sentia, quanto ao que estava passando. Já estava
virando um veterano nisso... (risos) um dia, Kevin vem a mim dizer que sua
namorada o avia largado. Ele estava desolado.

Disse para que ele que desse espaço, não focasse nela, mas em si e seria
questão de tempo ela o procurar.

Observação: Salvos os casos de brigas, agressão e afins, o relacionamento acaba


por um único motivo: A FALTA DE ATRAÇÃO. A relação não acaba de uma hora
para outra. Se a sua acabou, irmão, deve ter começado quando você passou a não ter
mais uma identidade, quando passou a fazer dela sua vida, seu mundo, sua prioridade.
Isso o deixou menos interessante; sua alta disponibilidade tirou o desafio, que todo ser
humano precisa, o que chamamos de romance.

Não gostamos de ler, pelos desafios?! O mesmo não vale para os filmes?! Se não
há um estímulo, uma dificuldade, não damos valor e o mesmo acontece nas relações.

115
Você deve ter ficado carente, meloso e não deu espaço ou ainda, julgou, criticou
e foi um baita ‘reclamão’ ou ainda fez coisas nojentas na frente dela. Aí, não tem relação
que sustente a atração HAHA! Outra coisa bem ruim é não diversificar a rotina,
mantendo sempre a mesma coisa, sem emoção. Ah, e a falta de dinheiro também. Tá e
agora, o que fazer? Vamos aos passos:

1º. Aceitar o término: É importante não insistir. A outra pessoa já está saturada e
tomou essa decisão baseada na emoção. Insistir com argumentos lógicos, além de
ineficaz, é humilhante e sufocante e uma pessoa sem autorrespeito não é atraente;

2º. Sumir: Este é o famoso contato zero, que consiste em desaparecer, pois a outra
pessoa saturou de você, não quer te ver e sua imagem a associa às coisas ruins. Com
isso, você não vai alimentar a chama da raiva e ranço. Uma hora irá passar. Depois
vai gerar a curiosidade de saber onde você está e como está, principalmente se você
correu muito atrás. Após passar a raiva, ela irá se lembrar dos momentos ruins;

Ps.: Caso tenham pendências, como negócios, dívidas ou filhos e precisam manter
contato, use o contato restrito. Aqui, você apenas falará o necessário, relativo ao
que precisar e manterá distância;

3º. Entender os erros que levaram ao fim: Aqui é o momento de você entender o
que você, ela, ambos fizeram, que culminou no desgaste do relacionamento. Para
futuramente, com ela ou outra mulher, você não venha a cometer ou aceitar os
mesmos erros;

4º. Trabalhar a obsessão: Você acabou de ser dispensado. Isso faz a gente ficar
desnorteado, com senso de perda; criança dá birra, quando a mãe ameaça doar o
brinquedo que ela não mais brinca. Às vezes, você não queria mais, mas doeu ter
sido dispensado, às vezes, é apego emocional, carência e não amor. Essa lacuna de
tempo e espaço é crucial para você entender o que de fato sente e até tratar a
obsessão. Se for amor mesmo, aprenderá a dar espaço e ser paciente, características
mais que importantes dentro das relações.

5º. Evoluir: Use esse tempo para trabalhar em você. Meditar, fazer novos cursos,
aprender coisas novas. Use para focar na sua melhora emocional, intelectual, física,
financeira e estética. Leia, faça exercícios, mude sua aparência, pratique exercícios
etc. Acredite, isso o fará melhor consigo mesmo e, automaticamente, mais atraente;

116
6º. Tenha hobbies: Você parou sua vida para viver a de outra pessoa, agora é o
momento de resgatar sua autoestima, de torná-lo interessante e nada melhor que
ter uma vida interessante. Para isso, tenha hobbies, nada mais atraente, que uma
pessoa apaixonada pela vida;

7º. Conheça novas pessoas: Trabalhar sua inteligência social é muito importante,
ter traquejo, no tocante à socialização é algo que vai te deixar vários patamares
acima dos homens comuns e claro, de sua versão fracassada. Além disso, se divertirá
no processo, fará novas amizades, enfim, viverá;

8º. Mande uma carta de amizade/despedida: Agora que você sumiu


completamente do radar, a deixou curiosa, fê-la sentir saudade, desapegou,
trabalhou suas carências e mazelas, além de aprender novas habilidades, mudar a
aparência e a rotina, é a hora de retomar o contato. Você irá procurá-la pessoalmente
ou via e-mail, redes sociais e mandará uma carta. Uma carta não muito grande,
mas direta e onde você reconhece todos os erros e demonstra gratidão por tudo e
deseja boa sorte para ela. Se for uma de despedida, você, além disso, dirá um adeus
não dramático e encerrará. Caso opte pela de amizade, dirá que adoraria que
mantivessem contato, ao tempo dela, claro e esperaria e estaria lá, caso precisasse.
Ao fazer isso, seja qual for a carta, você demonstra maturidade e desapego,
mostrando que não tem intenção de voltar. Isso a fará baixar a guarda, afinal você
deu razão a ela, assim como provocará nela um senso de perda.

9º. Seguir em frente/Retomar contato: Caso ela te responda aceitando sua partida e
não querendo continuar o contato, ou simplesmente nem te responda, apenas siga
em frente. Agora, caso aceite sua amizade ou até algo mais, retome contato aos
poucos, vá conversando, sem muita disponibilidade, afinal você tem uma vida
agora, não é?! Libere as novidades aos poucos, afinal o mistério encanta e atrai;

10º. Encontro: Na evolução da conversa, com uns dias ou semanas, proponha um


encontro casual, a luz do dia, num local movimentado, para pôr a conversa em dia
e tudo mais. Se ela recuar, aceite e continue pela internet, caso aceite, vá com calma
e prosseguindo nos próximos encontros;

11º. Retomada: Com mais intimidade e afinidade, conexão, invista na paquera,


relembre momentos divertidos, mas evite falar na relação. Se ela quiser, apenas
assuma o erro e diga que está no passado; nada de ficar se desculpando. Você já o

117
fez na carta. Seja sexy, você sabe o que a agrada, use ao seu favor. Desperte o desejo
e provoque, use e abuse da tensão sexual. Essa é a fase mais gostosa, aproveite. A
volta é consequência;

12º. A volta: Você, guerreiro — afinal, reconquista é apenas para os fortes e líderes
de suas mentes e emoções —, passou por todas as fases, tá se divertindo com ela há
um tempo e sente que tá na hora. Proponha o relacionamento. Nada de retomar,
comece do zero!

Ps.: Durante o processo, nada de falar para ela, amigos em comum, família dela ou até
mesmo a sua, que quer reconquistá-la. Primeiro porque será visto como abusivo,
segundo que te darão conselhos errados ou te desmotivarão ou pior: te dedurarem, sem
querer para sua ex. Nada de ficar sofrendo aos quatro cantos. Escolha um dia para
chorar e sofrer tudo que precisa e depois, vá à luta, pois como gosto de dizer: Se você
tem tempo e força para desesperar-se, use-os para mudar o que te aflige. Não seja o
cachorro chorão deitado no prego!

Kevin seguiu todos os passos e numa viagem, recebe a mensagem de sua


ex, querendo conversar. Disse que sentiu saudade, se explicou e queria voltar.
Ele aceitou e contra minha orientação, retomou a relação. Como era de se
esperar, os erros voltaram e ela mais uma vez terminou. Ele teve várias e várias
experiências parecidas, o que sempre o levava até mim. Com o tempo, nossa
relação foi estreitando e nos tornamos amigos. Os anos foram passando, os
conhecimentos sendo passados e absorvidos, ele teve a cota dele, quando eu
precisei (você saberá, mais a frente) e assim fomos seguindo. E após várias
tentativas frustradas, conheceu a mulher de sua vida, teve várias crises, mas
homem sábio que tornou, passou a me procurar, ser paciente, agir sempre de
cabeça fria e consertou os erros. Hoje, Kevin é pai, marido e um homem
melhor. Aprendeu a lidar com sua sensibilidade extrema, seu impulso e gênio
forte e então, tornou-se um homem resiliente. Resiliente e feliz.

118
REBELDE GENIAL
Agora, para fechar a cota dos grandes pupilos que tive no decorrer dos
anos, que viraram amigos, vou citar alguém especial, que senti vontade de
esganar em diversos momentos e em outros, amparar. Wemerson, assim como
Areb, era uma pessoa acelerada, pensava demais, só que diferente do outro,
pensava muito mais, o que o impedia de tomar uma ação, de fato, racional. Ele
era um consumidor impulsivo de conteúdo, além de programador. Haja
neurônios... (risos)

Através de um grupo de sedução no Facebook, me abordou. Passamos


então a conversar, debater (até acaloradamente). Eu ficava indignado com a
teimosia dele. Era insana... Com o passar do tempo, passamos a nos adaptar,
ele passou a me ouvir mais e a praticar e assim, os anos foram passando.

Recentemente, veio até mim para recuperar sua namorada, que o deixou
e confesso que foi o caso mais difícil que já peguei. Wemerson era muito cabeça
dura, estourado, debatedor, crítico e julgava com tenacidade e demasiada
frequência. Seu maior problema era sua falta de inteligência emocional e
pensamento acelerado, mas não esqueçamos do gênio forte. Além de todos os
passos citados no título anterior, tive de trabalhar sua autoestima, muito
pequena, em detrimento do ego enorme, que o consumia. Tive de trabalhar
incansavelmente também, seu pensamento acelerado; seu mal era racionalizar
tudo, absorver informação, como um obeso absorve o alimento, acumular
tarefas, o que sobrecarregava sua mente.

Observação: O ego é inversamente proporcional à autoestima. Quanto maior


um, menor o outro, pois quando existe uma necessidade de aprovação, de validação, há
em conjunto, a carência e isso não é nada atraente, pelo contrário, repele.

Se tem uma pessoa que foi guerreira, que aguentou a pressão do fundo
do poço, as chicotadas da própria mente, carcereira cruel, foi o Wemerson. Por
vários momentos tentou desistir, quase desisti dele, mas ele então voltava e
reiniciava os frutos de sua obstinação são imensuráveis. Ainda mantem seu
ímpeto rebelde e o jeito genial, claro, mas agora, em sua melhor versão.

119
120
ODE MUSICAL III
AGORA EU QUE VOU BRINCAR
Eu sei não era o tal
Mas o que fazer?
Eu vivia, respirava, só pensava em você
Sol, estrelas, mar, ar...
Será que vai me amar?

Mas deu tudo errado, acabou!


Putz! Um fora
Você me ferrou!

— Ei, se enxerga!
Sai do meu portão!
Ridículo e chato
Não te quero não! (bis)

AH! AH, AH...


ELA NÃO QUIS ME AMAR... (BIS)
E AGORA? E AGORA?

Depois eu quis mudar


tomei uma decisão
Ser o foda, ser o tal
Entrei numa de sedução

Numa comunidade
Muitas coisas aprendi.
Me tornei um alfa
E agora renasci.

121
— Ei você! Eu não te conheço?!
Venha dar um oi,
mas é só um beijo!

Sei que você me quer!


Eu sei, tem razão!
Agora que tô grande
Você quer meu coração
Se ferrou!
Eu não te quero não...

AH! AH, AH...


VOCÊ NÃO QUIS ME AMAR
AH! AH, AH...
AGORA EU QUE VOU BRINCAR (BIS)

Não se sinta mal


Você não tem culpa!
Se todas me querem
Pra que ter conduta?

AH! AH-HÁ!
VOCÊ NÃO QUIS ME AMAR!
AH! AH-HÁ!
AGORA EU QUE VOU BRINCAR...
AGORA EU QUE VOU BRINCAR...
AGORA EU QUE VOU BRINCAR!

AH! AH, AH...


VOCÊ NÃO QUIS ME AMAR
AH! AH, AH...
AGORA EU QUE VOU BRINCAR (BIS)

COM VOCÊ...
COM VOCÊ...
COM VOCÊ!

122
SUPERANDO O AMOR DO PASSADO
Como eu havia dito, voltei a ter contato com a Judith. Ainda em 2012, um
dia, decidi visita-la, junto a um ex colega nosso, que havia encontrado no
caminho. Fomos até sua casa e conversamos. Ele ficou flertando o tempo todo,
não parava de olhar para mim. Eu estava totalmente diferente. Foi nessa época,
que iniciei uma de minhas maiores paixões: A academia. Estava há meses
treinando pesado e suplementando. Ela viu um Jean forte, com uma “Vibe”
(energia) imponente, segura e destemida. Ao ir embora, o rapaz me falou que
ela me devorava com os olhos. E nesse momento, ela me chama. E para que?
Apenas para dizer que eu estava muito gostoso. Sorri, agradeci, e dei as costas.

Passamos a nos encontrar no decorrer do tempo, mas como amigos. No


infeliz dia em que meu orgulho e dignidade foram postos à prova, com a
ligação da minha ex, a encontrei, mas eu estava furioso, desconsolado,
totalmente imerso em meus pensamentos de ódio e autopunição. Mal desliguei
o telefone na cara da Thaís, encontrei uma mulher, Neire, uma interessante
“Coroa” de uns 40 anos, aproximadamente, e mal demos oi, fomos para detrás
da arquibancada da quadra, aplacar nosso desejo sexual. Fizemos verdadeiras
loucuras, praticamente botamos fogo naquela faculdade. Pura libertinagem.

Saindo da faculdade, encontro a Jude e ela estava diferente: Toda fogosa


e queria me levar para uma sala, para que transássemos. Recusei. Não porque
não queria, porque com certeza iria, mas acontece que eu acabara de gozar e
não estava no clima de qualquer forma. Depois desse dia, me joguei de cabeça
nas orgias, eu precisava esquecer a Thaís e tudo que ela me fez, por isso senti
necessidade de me esbaldar com todo tipo de mulher e fantasias. Acredito que
foi o ano que mais transei na vida... Sempre que podia, conversava com Jude
por horas. Sempre tivemos bastante conexão e papo. Ela sempre foi uma
mulher incrível. E bastante sedutora. Jude e eu, passamos a nos encontrar
diversas vezes, com o passar dos anos, tanto, mais tanto, que viramos ótimos
amigos e somos até hoje, onde nutro um enorme carinho por ela e sei que é
recíproco; uma de minhas melhores amigas até hoje.

— Beijo, Jude! Adoro você, minha amiga!

123
CADA VEZ MAIS FUNDO
Vários meses após, fui chamado para gerenciar uma escola do zero. Uma
escola que oferecia cursos de beleza e informática. O nome era “Pensando
Gigante”. Nessa escola, tive, junto da proprietária, de construir tudo do zero.
Mas como era coordenadora em sua antiga empresa, mas não uma gestora,
obviamente não deu muito certo. Ela me deu um horário super flexível e estava
tudo indo tudo muito bem para mim, até minhas novas companhias, meus
efeitos colaterais, da vida que levava, darem as caras; em especial, a carência.

Observação: Se você não trabalha suas fraquezas, não abraça seus demônios,
tornando-os aliados seus — e não o contrário —, se voltam contra você. Somos seres
emocionais e graças ao cérebro reptiliano e ao sistema límbico, responsáveis,
respectivamente, pelas ações rápidas e instintivas e pelas emoções, que juntos, fazem-
nos seguir nossa programação biológica, que agimos emocionalmente e não
racionalmente. E se atentamos contra nossa natureza, nosso corpo nos cobra de alguma
maneira, tentando reverter, pela lei do “desconto”, de alguma forma.

Por que eu digo isso? Porque passei tantos anos sendo o “Homem de uma noite
só”, o sedutor implacável, Bon vivant incontrolável, que abri mão dos prazeres e
responsabilidades de sentir as constâncias emocionais, de nutrir experiências em me
relacionar de verdade com alguém, de sentir algo, de preocupar-me com algo além de
mim mesmo. Suprimi minhas emoções o máximo que pude, e mais uma vez, como um
ser emocional, obviamente, não daria certo. Uma hora, “a casa iria cair” para mim. E
essa hora começou quando, surpreendido de guarda baixa pela Thaís, minha primeira
namorada, atacou minha parte desprotegida, sem experiência, as minhas emoções.
Então, todo o tempo antes disso que eu deveria sentir algo, acumulado, veio como uma
grande torrente de uma vez e agi como agi com ela. Não parou por aí, até porque, como
solução temporária, me enganando, eu tinha o hábito de me jogar nas orgias, momentos,
aventuras e na frieza. Ou era o que eu pensava, já que não conseguia mais ser assim e
só piorava. Minhas emoções estavam me consumindo...

Com a carência, era questão de tempo, pois como eu me coibia de sentir emoções,
obviamente, me privava do calor do afeto, e mesmo recebendo, não surtia o mesmo efeito
em mim, logo eu carecia e não sabia, de afeto.

124
Quando saí da primeira relação, em frangalhos, já me prostei carente, quando me
joguei na vida, só piorou, afinal, os prazeres não eram mais prazeres, não tinha mais o
mesmo gosto. O problema maior, é que após isso, toda vez que recebia o mínimo afeto,
como um viciado de entorpecentes, me entregava, iludido, a isso e logo quebrava a cara
e sofria. Com certeza, o pior inimigo fora a carência.

PS.: Imagine que você cria um cão da raça Pitbull. Você não demonstra medo
algum, o alimenta, cuida, dá amor e carinho. O protege, mas é firme. Seu cachorro,
adulto, o amará e protegerá, certo? Agora, se você, em antologia, neste mesmo exemplo,
demonstrar constante medo, não cuidar, tratar como monstro, manter sempre preso, o
que acontecerá quando o mesmo for adulto? Na primeira oportunidade de fugir, fugirá.
Ou até pior! Se te vir, te mata. Assim são nossas emoções, nossos defeitos, nossos
demônios ou nossos problemas. Se você abre mão de uma parte de você, ao invés de
guiá-la, controlá-la, na primeira oportunidade, ela te mata, te consome.

A carência tornou-me terrivelmente sensível, mas um sensível, não no


sentido bom, o senciente, que capta rapidamente as coisas, mas um sensível
que sente tudo na mais alta intensidade e não controla.

Quero deixar bem claro que hoje eu entendo as mulheres com TPM. Sei como
sofrem, eu senti na pele, hein?!

Como eu dizia, tudo ia muito bem, até que conheci a filha da dona, uma
garota, aparentemente normal. Nos apresentamos formalmente e até aí tudo
bem. Dei treinamento comercial para a equipe e ela faria parte. Concluído o
treinamento, estávamos todos no térreo e ela pegou o chapéu que eu usava, e
olhando no espelho, provou o chapéu, parou, olhou-me através do espelho e
sorriu, com um olhar arteiro, mas provocante. Nessa hora, minha carência deu
as caras e eu acreditei cega e terrivelmente que estava apaixonado. Passei
horas, mal dormi a noite, pensando nessa moça, que aqui chamarei de Milena.

Nos dias que sucederam, criamos uma forte química e em uníssono,


flertávamos. Infelizmente para mim, ela tinha namorado, mas pelo visto, não
ia muito bem e isso me alimentou a esperança e passei a cometer um erro que

125
digo para você: NÃO FAÇA ISSO! Repito: NÃO FAÇA ISSO! Passei a me
comparar com seu namorado, para mostrar o quanto eu era melhor em tudo.
Ela, ora se afastava, ora se aproximava e isso me incendiava. Eu estava caindo
em um jogo de sedução, logo eu, sedutor implacável...

Para resumir e concluir essa infeliz história, me declarei, compus duas


músicas, mostrei-as. Falei com sua mãe, minha chefe e além de tomar um
“esporro”, fui demitido. Decidiu dar-me uma segunda chance, com a promessa
de não me aproximar de sua filha e que mesmo que passassem 10 anos (para
você ter ideia, só daqui a dois anos, terão passado dez), não deixaria que me
aproximasse de sua filha. Aceitei, envergonhado, pois vinha esses anos todos,
acumulando ótimas experiências profissionais e mesmo muito jovem, obtive
experiências de liderança. Foi muito difícil, mas me contive. Não foi nada fácil,
afinal ela me provocava com seus sinais ambíguos, que honestamente, não sei
até hoje se eram propositais ou não, mas me machucavam, graças à minha
fragilidade adquirida. Sua mãe arrumou um pretexto para novamente me
demitir e assim fui, “com o rabo entre as pernas” e de forma humilhante, que
confesso, levou-me às lágrimas — longe dela, claro —, como um bebê,
emocionado. Enfim, águas passadas. Vamos às músicas?

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ODE MUSICAL IV
UMA ETERNA CANÇÃO DE AMOR
Uma eterna canção de amor
Um tiro no escuro
De cara com o muro
Guiando meus passos
Um beijo, um toque
Um simples arrepio na pele me sobe

Uma eterna canção de amor


Escrevo o que eu sinto
Viajo ao infinito

Nos teus braços quero estar


Nos teus beijos mergulhar
O que posso fazer
Se me apeguei a você

É assim que é a paixão


Coisas do meu coração (Bis)

Pois no meu interior


Só falo de amor

Escute o que vou lhe dizer


Acho que amo você
Uma eterna canção de amor
Eu e você
Eu e você

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ODE MUSICAL V
UMA NOVA CANÇÃO DE AMOR
Uma nova canção de amor
Seu olhar me inspira calor
Agora penso em te abraçar
E cada vez mais te tocar

Por que aconteceu comigo


Se eu estava tão bem ou achava
O que não consigo entender
Como rápido eu fui me apegar a você

Por que aconteceu comigo


Se eu estava tão bem ou achava
O que não consigo entender
Como rápido eu fui me apegar a você

UMA NOVA CANÇÃO DE AMOR


SEU OLHAR ME INSPIRA CALOR
SEU SORRISO ENTROU EM MIM
SEU JEITO ME DEIXOU ASSIM

SÓ PENSO EM VOCÊ
A CADA AMANHECER
SUA FALA ME DESTRÓI
ME FORTALECE, ME INSPIRA, CONSTRÓI
UMA NOVA CANÇÃO DE AMOR (BIS)

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129
MAGIA E SEDUÇÃO
Após minha recente derrocada amorosa, tentei me distrair, sem aprender, mais
uma vez, a valiosa lição que a vida tentava esfregar na minha cara: Aceitar meu
erro, afinal, como mudar sem saber que precisa?! Que devemos aceitar,
ressignificar e prosseguir... Fugi da lição da melhor forma que conhecia: Me
preencher de momentos, lugares, pessoas, mulheres...

Passei a ir ao colégio que um dia estudei o colegial e o Gustavo estudava.


Foi então, que numa de minhas façanhas de sedução, mágica, hipnose e
quiromancia (leitura de mão), conheci aquela que reverberaria os meus dias,
mas enquanto não chego nela, contarei um caso; uma história de sedução, a
incrível sedução de um icônico personagem. Vou chamá-lo de Cassandra.

Lembra da moça que me ajudou na formatura do Ballack? Pois é. Esta é


a sua história comigo. Conheça Cassandra.

Um dia estava com o Gustavo, já a noite, conversando sobre sedução e a


complexa mente humana e suas nuances e constâncias. Até que chega uma
linda mulata. Parecia saída de um conto egípcio. A forma como andava... como
tivesse desfilando em câmera lenta; confesso ter “engolido seco”.

Tinha traços finos, mesclados numa beleza agressiva, selvagem,


distópica; o tipo de mulher que você contempla em seus mais selvagens,
eróticos e fantasiosos sonhos. Seu cabelo cacheado, selvagemente
desgrenhado, mas organizado como fosse intencional; suas curvas
maravilhosas eram de um outro patamar. Há quanto tempo não via curvas
assim... agora, o que me chamou mesmo a atenção foi sua ágil e perspicaz
mente.

Cassandra se apresentou e rapidamente entrou no assunto, ao que


demonstrou ter grande apreço e certo entendimento do tema; era fascinada
pelo universo da sedução, mas não sabia muito e adoraria saber mais. Então
quis ilustrar o que era sedução, para que ela sentisse na pele, ao passo que se
tornasse minha, tanto no pensamento, instigado pelo exemplo, quanto na vida
real.

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Disse a ela que sedução era como uma dança, uma dança de salão; uma
hora você avança, enquanto o outro recua, e depois você recua, provocando
assim o avanço do outro e sincronizadamente, ambos são capazes de realizar
uma dança, sem regras, sem agressão, sem falsa pretensão, apenas o momento
e nada mais...

Enquanto fui falando, fui dançando com ela, deixando-a colada ao meu
peito. O tempo congelou por um momento.

A tensão sexual pairava no ar; era gritante, mesmo que não disséssemos
nada. Ao se despedir, tomei a frente, me curvei e beijei sua mão, subindo
lentamente. Ela ficou surpresa, mas encantada.

Quando me deu as costas, perguntei se não estava esquecendo nada, ela


disse que não. Eu perguntei “E meu selinho?!”, tocando a boca... fiz sinal para
ela vir, chamando com o indicador. Ela veio e então, como numa dança, a
declinei e a encarei por um momento; alguns segundos e então dei um selinho
demorado nela. O tempo parou por um momento... a levantei, e mais uma vez,
beijei sua mão, mas sem me curvar dessa vez e a dispensei.

Observação: A aticei o máximo que pude. Criei vários impedimentos, fazendo


a magia da tensão sexual e no final, deixo-a ir embora com um cortês, singelo e formal
beijo na mão, para então, como num “Plot twist”, a surpreender com um selinho
provocante e cheio de fogo, mas parando ali, deixando um gosto de “quero mais”.

Três dias depois, quando nos vimos, sem cerimônia, mal me dá oi e já a


agarro, trazendo a mim e dando aquele beijo de cinema, aquele que faz a mente
rodopiar; quente, molhado, ritmado e sedento; o desejo encarnado... Então,
sem nada dizer, levei-a para detrás da biblioteca do colégio, e sem o menor
pudor, aproximei-a de mim, para remover sua calcinha, que ela, claramente
permitiu, com seu olhar praticamente suplicando por isso, como se dissesse:

“Me salve! Me mostre que nasci para sentir o verdadeiro prazer! Quero
me sentir viva! Me possua! Aqui e agora, me torne sua, como se não houvesse
amanhã”.

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Cassandra então, como uma pantera selvagem — e foi assim que a
chamei a partir daquele dia —, com um desejo mais que inflamado, removeu
meu cinto, como se o mesmo fosse seu pior inimigo, abriu minha calça, enfiou
a mão dentro de minha cueca e o retirou completamente; isso me surpreendeu,
mas dei a mão à valsa sexual que ali ela propunha e deixei, ao passo que, com
meus dedos, curiosamente arteiros, a iniciei naquele pecaminoso e delicioso
momento e que delicioso momento... a adrenalina de alguém aparecer, tornava
tudo ainda mais gostoso.

Enquanto, com uma mão, segurava sua calcinha, com a outra, molhava
ainda mais sua intimidade, já encharcada, salientada mais e mais pelo
pecaminoso e saboroso momento, o que a fazia se contorcer de prazer e conter
gemidos do âmago de seu ser. Enquanto isso, Cassandra, com sua mão, passou
a me dar prazer, com bastante destreza, o que me surpreendeu e fez-me
parecer um total amador, se comparar com as vezes que me toquei. Nada podia
nos parar em nosso “momentum sexual” e então fizemos os anjos e demônios
corarem, com nossas libertinagens e peripécias cheias de luxúria e ardor e
nenhum pudor.

Embora não tivesse havido penetração, o resto fez isso ter sido um mero
detalhe. O que posso dizer é que ela me deixou ofegante e se me permite, sem
fluido para contar a história. HA HA! Para finalizar esse relato erótico, digo
que tive de tapar sua boca, para seus gemidos não nos entregarem e isso se
tornar um polêmico e estrondoso caso policial.

Observação: O lance aqui foi mostrar o valor que eu já tinha. Então não ficava
de “tecnicazinha”, para criar valor ou desqualificar a moça, apenas mostrei o valor,
criei e aumentei exponencialmente nossa conexão, o que a fez confiar e se sentir
confortável comigo, gerei bastante tensão sexual e fiz nascer um clima de romance, de
magia... Fi-la voar, mas voar de verdade. Sabe, não basta deixá-la com fogo, tem que
criar impedimentos, fomentar a ideia de romance, da magia no ar, surpreender também,
mas se posso dizer algo, o verdadeiro tiro de misericórdia, o que gerou tudo isso, foi o
simples e delicado selinho.

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DE VILÃO A “HERÓI”
Bem, aqui início a história que prometi. Da moça que fez reverberar os
meus dias, me levar do céu ao inferno em tão pouco tempo. O início da minha
maior e mais decisiva queda e a catálise de minha redenção.

Como estava bem para baixo, por conta do que aconteceu na escola, com
a filha de minha chefe. Estava me preenchendo, como sempre, de momentos e
pessoas, então passei a frequentar o colégio e conversar com o Gustavo, meu
aluno e fazer mais amizades. Foi nessa época que conheci a Cassandra e pouco
tempo após, a pessoa que estragaria, ao passo que melhoraria, minha vida.
Paloma — Vamos chamá-la assim.

Estava numa roda de amigos e conhecidos do Gustavo, quando


apareceu uma moça toda falante, toda garbosa. Ela emanava uma aura de
poder, de convicção; era algo muito intenso, estava acompanhada de outras
garotas, o que me fez lembrar as patricinhas populares dos filmes de colegial.

Alguém ali comentou que eu sabia ler mãos e ela logo se “enxeriu’, para
que lesse a dela, pondo a palma estendida sobre minha coxa. Como de
costume, fiz um charme, dizendo que não leria, inventando desculpas. Ela
insistiu e me vi compelido a fazer sua vontade; comecei então minha “magia”.

Falei as observações que extraí dela, de suas expressões e linguagem


corporal, baseado no jeito, estilo e personalidade, usei o truque do senso
comum, falando um dado que se encaixaria em grande parcela de pessoas no
perfil dela e por fim, falei a primeira besteira que veio à minha mente. Após
uns segundos atônita, puxou a mão, levantou-se e com a cara feia, saiu do local.

Ficamos todos boquiabertos, surpresos com sua ação, mas decidimos


ignorar o fato. Com o passar dos dias, passou a me evitar, a me ignorar.
Quando me via na rua, virava a cara e mudava o trajeto, e quando me
encontrava, fazia o mesmo, por mais perto de mim estivesse.

Ao indagar a um amigo sobre ela e sua atitude, falou que era o jeito dela,
disse também que era a garota mais popular do colégio, que era casada com
um advogado rico e por fim, a mais bonita também.

133
— Ah, é?! Pois então ela será minha! Vou seduzi-la, “comer” e cair fora, só
porque é a mais linda, casada, mas principalmente por ter cometido o pecado
de me esnobar gratuitamente. Quem ela pensa que é?! Ela vai ver! — proferi.

Alguns dias após, estava no teatro do colégio para assistir à apresentação


de um amigo e outras, que aconteceriam no mesmo momento, quando sem
prévio aviso, desceram, fantasiados, vários rapazes seminus, com adornos
egípcios e carregando uma moça, personificando a rainha Cleópatra VII
Filopátor ou simplesmente Cleópatra, a famigerada, letrada e sedutora rainha
da Mesopotâmia, assim como a maior sedutora de todos os tempos.
Obviamente que esse ultraje me fascinou, ultraje, porque quem veio de
Cleópatra foi simplesmente a Paloma e o fascínio que senti, afinal, fã da rainha
que sou, me fez sentir enraivecido, pois dela, só queria nutrir raiva e ter seu
corpo, claro.

Ela desceu sendo carregada por 4 rapazes, sobre uma tábua,


simbolizando aquelas camas em que os nobres eram transportados por seus
servos. Como ela estava linda... garbosa, poderosa... eu mal contive a boca
fechada.

O tempo passou, na verdade, semanas e segui levando a rotina de ir a


esse colégio fazer novas amizades, exibir-me — antes que pense algo, era EJA,
então só estudavam adultos — e me preencher, como sempre. Já havia até
esquecido da Paloma.

Num determinado dia, passeando pelo Facebook, chega uma notificação


de amizade. Ao clicar, pasme! A Paloma Serqueira.

Como eu fiquei surpreso... então lembrei de minha promessa e comecei


a tentar jogar com ela, mas incrivelmente — ou nem tanto —, ela não caiu, não
cedeu em nenhum momento sequer. Já estava para me frustrar, quando ela
começou a baixar a guarda, não para ceder aos meus encantos, mas para uma
conversa sincera, honesta e despretensiosa. Acabou, que eu baixei a minha
guarda e sem perceber, fui nutrindo um sentimento de amizade.

Passamos a nos falar todo dia, trocar músicas, piadas, até conselhos para
melhorar o casamento dei — antes que me acuse, realmente dei conselhos

134
válidos, para ajudar — e amigo, se eu já estava me preenchendo antes, com
simplesmente idas a um colégio e saídas com mulheres e amizades, imagine
agora, todo conectado com uma garota. Passei a não mais ir ao colégio pelo
Gustavo e companhia, mas sim para vê-la, para ficar com ela, simplesmente
conversar, já fazia meu dia valer e o que fazíamos de interessante? Apenas
conversar e divagar sobre disparidades, futilidades, amenidades, enfim,
qualquer assunto que simplesmente nos desse a desculpa de ficar perto um do
outro.

Como deve imaginar, não parava de pensar nela, eu me recusava a negar,


mas pela terceira vez, naquele ano, eu estava apaixonado.

Um dia, me pegou com o semblante péssimo e ao indagar-me, disse que


precisava conversar com ela. Ela engoliu seco, mas assentiu, curiosa sobre o
porquê eu queria conversar e porque estava tão sério.

Disse para a Paloma que não poderíamos mais ser amigos, o que a deixou
perplexa e com voz de choro e uma expressão, que tentava conter o desespero,
perguntou-me o motivo. Falei que estava gostando muito dela, que a
considerava demais uma amiga, mas que havia feito algo ruim, que quando
nos conhecemos, por ter me esnobado, quis levá-la a cama só por ser bonita,
casada e pela atitude gratuita comigo. Isso não era certo e não merecia sua
amizade.

— Jean, tá tudo bem! Olha, você errou, mas tá arrependido, realmente tá tudo
bem, ok?! — ela me falou.

Contudo disse que ainda assim não poderia, pois (e demorei para falar
essa parte) estava totalmente apaixonado por ela, ela era casada e não queria
bagunçar sua vida; não que eu fosse o tipo de homem que ligasse para isso,
mas como gostava muito dela, decidi ir contra “minha natureza” — ou era o
que pensava —, não a levando à traição. Terminando de falar, beijei sua testa
e sai, sem olhar para trás.

— JEAN!!! Espera! Não precisa ser assim, peraí!

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— Mas...

— Sério... Não vai... Só deixa rolar... Apenas deixe rolar...

— Mas Paloma, você é casada. Não podemos!

Foi aí que ela me contou tudo o que acontecia em seu casamento e que não era
perfeito, como faziam parecer, a toxicidade, as agressões, o terror psicológico,
tudo...

Contou-me cada coisa, que faria as páginas desse livro ficarem perplexas
e certamente você também. Abster-me-ei de tamanha informação, apenas saiba
que ela pintou o marido como um verdadeiro demônio. Eu fiquei sem palavras
e o que antes eu sentia sobre mim mesmo em relação a ela, sendo um calhorda,
passei a me ver como um herói. Não, melhor: Como um pirata, um bandido
dos mares, que decidiu atracar numa ilha, saquear o povo e sequestrar a
princesa, mas que no processo, se apaixona, converte-se e descobre que o
marido era um verdadeiro monstro e eu seria o salvador.

Então ele chegou e ela foi embora, triste, com ele e eu? Bem, passei a noite
e o dia seguinte inteiro com isso na cabeça.

Eu estava vivendo um verdadeiro romance. Sabe aquelas novelas


impressas que nossas mães compravam para ler, aqueles livrinhos, que hoje as
bancas e sebos acumulam, junto às poeiras, que tinham homens musculosos,
com pouca roupa e mulheres com belos vestidos vitorianos! Pois é... Me sentia
em um.

Observação: A vida que eu levava, me privando de sentimentos, emoções,


calmarias, responsabilidades, enfim, relacionamentos, havia me tornado fraco, por não
ter experiência, justamente para essas coisas. Eu havia me tornado um emocionado. E
acabei sendo seduzido pela minha própria sedução, conquistado pela minha própria
conquista, eu estava apaixonado pela ideia de romance; algo tipicamente clichê.

A carência disfarçou-se, divinamente, de romance e eu só percebi tarde demais,


após o estrago — e quando falo estrago, é estrago mesmo, não uma analogia à paixão
— já estar feito. A carência fez eu baixar a guarda para a Thaís, para a filha da minha

136
chefe e também, de forma diferente, para a Paloma, como romance e esta foi a pior de
todas, pois me entreguei em todos os sentidos.

No dia seguinte, com corações a mil, esperamos o máximo que


conseguimos, qualquer coisa, como dois sonsos (risos), mas uma hora, tomei
coragem e a chamei para caminhar, e nessa caminhada, paramos numa praça
próxima e deitamos no chão, olhando as estrelas, onde dei um beijo de leve,
um selinho e naquele momento, parecia um sonho, como se fosse transportado
para um outro mundo, uma nova realidade, onde existíamos apenas nós dois.

Quando tudo está perfeito, a vida dá um jeito de nos trazer de volta a


realidade e foi isso que aconteceu. Ela recebe uma ligação e levanta de uma
vez, em pânico. Era seu esposo e vira o que nós dois fizemos. Me sinto culpado
e receoso por sua situação, temeroso de que algo possa lhe acontecer. Ela vai
para casa, enquanto eu, na minha, fico sem saber o que aconteceu, até ter a
resposta no dia seguinte.

Quando amanhece, finalmente recebo sua mensagem e ela estava bem


seca, fria e eu nada entendi. Estava confuso e ao mesmo tempo arrasado, afinal,
fui ao parque de diversões e agora, era como se o porteiro me dissesse que
jamais pisaria lá outra vez. Tento entender, sem sucesso, o que estava
acontecendo, mas ela, pouco suscinta, só recuava, o que me fez perder a
paciência e falo um monte. A pressão foi demasiada grande, o que a fez desabar
e em choro, me pediu para entender seu lado, que sua situação não era fácil,
que era uma prisioneira, que seu pecado foi tentar sonhar com sua liberdade,
mas o preço foi caro e agora sua vida estava pior e ela não precisava de mais
problemas ou pior: Que isso respingasse em mim. Me vi pouco a pouco
perdendo “meu amor”, a “mulher de minha vida”. Fiquei muito triste. Não
consegui comer, beber ou fazer qualquer outra coisa, que não pensar nela, na
minha “desgraça” e como poderia resolver. Fiz o que há um tempo não fazia,
uma de minhas paixões. Pus para fora, comecei a escrever.

137
ODE MUSICAL VI
IT’S SO EASY
O que vai acontecer
Se deixar isso fluir
Atirar-se sem pensar
E o destino desafiar

O que posso fazer


Se gosto de você
Se te faço tão bem
Sei que posso ir além

Deixa eu cuidar de você


É tão fácil, Amor
No idioma que for
Oh!

IT’S SO EASY
IT’S SO EASY
EU QUERO VOCÊ
ENTÃO TENTE ENTENDER

IT’S SO EASY
IT’S SO EASY
VOU CUIDAR DE VOCÊ
TE PROTEGER
ME DEIXA
VOU FAZER VALER A PENA
IT’S SO EASY
SO EASY

138
DO CÉU AO INFERNO
Após escrever uma música, onde expressava toda minha paixão, minha
devoção ao momento, a ela, e mostrando que era sim fácil, mas se ela quisesse
de verdade e até usei uma brincadeira interna nossa, onde falávamos “It’s so
easy” para muitas coisas, que em português, significa “é tão fácil”.

No mesmo dia, liguei e já comecei a cantar. Ao final, após segundos, que


pareciam anos, de silêncio, ela começa a chorar, dizendo que eu não existia e
que aceitava sim viver essa aventura, esse romance louco e perigoso comigo.
Foi o dia mais feliz da minha vida, até então, estava extasiado, estava “nas
nuvens”...

Paloma e eu passamos a nos enamorar cada vez mais, até planos de


morar juntos fizemos, mesmo com apenas duas semanas, tínhamos total
certeza de que era o que queríamos.

Observação: Como pôde notar, Meu querido amigo leitor, eu tava fazendo tudo,
menos racionalizar, como um peixe, pego pela boca, eu tava sucumbindo às minhas
emoções e porquê? Porque a carência me deixou suscetível às minhas emoções eufóricas.
Lembra que eu queria me sentir vivo?! A adrenalina, a ideia do romance proibido, a
redenção do vilão, transformado em herói... Eu tava preso num conto romântico e não
havia percebido.

Passamos a nos ver com uma frequência ainda maior, até a levei em
minha casa, onde apresentei toda minha família, orgulhoso e claro, meus pais,
preocupados, não gostaram nada dessa história, mas deixaram ver, afinal, cego
como estava, eu não ouviria ninguém, que não fosse minimamente capaz de
entender e apoiar o nosso “amor”.

Um determinado dia, que estávamos para nos ver, ela disse que o esposo
ligou para sua mãe, que morava numa cidade do interior de Goiás, Planaltina
ou Brasilinha, para os íntimos. (risos) Sua mãe estava perplexa com as atitudes
da filha e condenou-me e tomou-me por demônio, que apareci para estragar o
casamento perfeito de sua garotinha e foi quando, tomada pelo desespero,

139
Paloma revelou toda a verdade para sua mãe e provou. Perplexa, entrou em
pânico e um torpor de culpa e disse que lá, ela não ficaria nunca mais, que
arrumasse as coisas e ainda aquele dia iriam embora para Brasilinha.Se eu
pudesse ler sua mente agora, acredito que veria algo como: “Putz! Que cara
azarado... Será que ele nunca será feliz?!” haha Pois é, Amigo, foi o que eu
pensei também e claro, fiquei em frangalhos, afinal já estávamos fazendo
planos, eu já estava procurando a casa para alugarmos. Combinamos então de
nos ver a cada 15 dias, ora eu iria para lá, ora, ela para cá. Eu queria pedi-la em
namoro, mas de uma forma surpreendente, algo simplesmente único. Como
nos falávamos todos os dias, volta e meia, me mandava fotos, fotos comuns,
antes que pense besteira.

Fazendo uma pequena pausa para reflexão, direi que um dos erros cometido, era
o de falar constantemente, eu não era escasso, mas disponível demais e como sabe, isso
acaba com a atração.

Mas voltando ao assunto, escolhi uma foto e a desenhei numa folha A3.
No verso, transcrevi a letra da música, nossa marca registrada; a marca do
nosso amor. Chegado o dia dela passar o final de semana comigo, fui buscá-la
na Rodoviária do Plano piloto e quando a vi, entreguei o desenho, enrolado tal
qual um pergaminho, e quando abril, riu feito boba e beijando-me sem parar,
disse sim várias vezes. Eu não conseguia conter, sequer mensurar a felicidade
que senti naquele momento. Passeamos um pouco por lá e então fomos para
casa. A semana foi simplesmente maravilhosa, se deu bem com minha família,
até ajudou minha mãe na cozinha. Nossa tensão sexual tava cada vez maior,
afinal ainda não tínhamos nos conhecido biblicamente, nem ao menos
havíamos nos visto sem roupa. Os dias ocorreram bem, fomos até deixá-la em
casa, ficando quase 3 horas dirigindo. E assim continuamos nossa rotina, nos
falando todo dia, contando absolutamente tudo que fazíamos, fazendo mil
planos, até que uma hora a conta vem. E veja bem, quando você decide levar
sua companheira para jantar no restaurante da rotina, do tédio e da monotonia,
tem de estar disposto a pagar o alto preço que ele cobra e eu só não sabia o
quão caro seria e que eu não teria um “tostão” e sem opção de lavar prato, para
compensar.

140
Um determinado dia, ela não me respondeu com a mesma empolgação,
mesmo podendo falar, escolheu não me priorizar. O desespero me atingiu em
cheio, quando dei conta, cego pelas emoções, a sequência de besteiras estava
pronta. Liguei cerca de 10 vezes, liguei para a irmã, liguei para a mãe, mais de
uma vez e quando finalmente consegui falar com ela, tomei o tiro de
misericórdia. Ela mostrou-se fria como gelo e brigamos feio, brigamos pelo fato
de eu não estar entendendo a súbita mudança de humor e atitude comigo,
pelas desculpas que ela apresentou, sendo que eu sabia, serem furadas e ela,
por sentir-se sufocada; até que cometi o fatal erro de perguntar se me amava.
Ela, em silêncio por um bom tempo, fez com que eu, já desesperado, mostrasse
um lado, que até então, eu não havia visto: Um lado agressivo,
emocionalmente instável. Eu gritei com ela. Paloma então xingou-me de vários
nomes e me comparou ao seu marido, desligando em seguida, na minha cara.

Os dias seguiram e com eles, minha alegria, vontade de comer, de me


divertir, de fazer qualquer coisa. Eu só a queria de volta. Na festa de natal, na
casa de uma de minhas tias, eu não consegui fazer nada, além de ficar num
canto, contemplando meu pesar e minha solidão, ambos fazendo amor na
minha frente, me chamando para um ménage com eles. Pedi para minha mãe
ligar, desejando feliz natal e que dissesse que eu queria falar com ela, já que
não me atendia. Ela o fez. Ligou para Paloma, que atendeu simpática, mas fria.
Retribuiu a felicitação e recusou me atender, disse que não queria falar mais
comigo, só queria esquecer que um dia apareci em sua vida. Tentei ligar
novamente e ao ouvir minha voz, desligou, bloqueando o número da minha
mãe também.

Passou o natal, o ano novo e não pude fazer nada. Nada além de apenas
imaginar como poderia ter sido se eu não tivesse gritado, ou insistido ou
sequer ligado. Cometi o erro do “e se”, de ficar remoendo os acontecimentos e
lamentando minha falta de sorte. Fiz uma música e uma poesia (que ela só foi
ouvir uns 4 anos depois, quando eu estava namorando a mãe do meu filho e
ela, certamente queria tentar algo, mas eu já estava em outra). Pensei em vários
planos, incluindo até ir à sua cidade, e na festa de aniversário, subir no palco e
cantar nossa música. Olhe só o nível que eu cheguei.

141
Observação: Só seja romântico quando a mulher já sente algo por você ou no
caso, ainda sente algo por você. Se apelar para o romantismo fora dessas condições, só
irá saturar ainda mais ela, diminuir seu valor, afinal ela perdeu a atração, ou no
primeiro caso, não a possui.

Acabei não realizando o feito, pois um primo, que por muitos anos
participou de aventuras comigo, aprendeu comigo e tive como irmão por um
bom tempo, me botou juízo na cabeça e desisti da maluca ideia.

Após Paloma, mudei muito minhas convicções e crenças, incluindo usar


o sexo, principalmente as orgias para curar um “coração partido”, tomei a
decisão de parar de me envolver com mulheres comprometidas e finalmente
decidi aceitar que minha vida estava muito errada, que eu me ancorava nas
coisas erradas e que a filosofia PUA era batida. Foi então que decidi, em janeiro
de 2014, largar a comunidade internacional de sedução e buscar o
desenvolvimento. Passei então a estudar a origem da sedução, seus princípios,
mistérios e verdadeiro poder e foi nesse estudo que desenvolvi o conceito
Sedução natural primitiva, foi aí que jurei não mais utilizar a prática de
abordagem ou sequer corroborar com ela, e então tomei ranço desse estilo de
vida, que deixou-me cheio de mazelas psicoemocionais, sem um pingo de
inteligência emocional, egocêntrico e sem amor próprio ou ainda, com baixa
autoestima, mas com uma baita síndrome de Don Juan ou “Donjuanismo”.

Como mencionei no capítulo em que falo sobre meus pupilos, em


especial, do Areb, falo que descubro que a sedução passiva ou aura sedutora,
vem do desenvolvimento, é uma energia poderosa, muito poderosa e contagia.
Menciono também a descoberta de que vendas, publicidade, propaganda,
marketing e afins, são sedução, só que na vertente comercial.

Digamos que foi um ano de descobertas, “Eurekas” e realizações, foi o


passo para minha cura, um passo para minha jornada do herói, o início da
minha dolorosa e quase impossível redenção e só foi possível pelo meu
envolvimento com Paloma, minha donzela resgatada por meus braços de
pirata, minha ex paixão, meu presente de natal.

142
ODE MUSICAL VII
GAROTA EU TE AMO
Foi perfeito, foi real
Cada momento que passou
Tivemos uma história
Como um filme de amor

Sempre quando fecho os olhos


Sinto você em mim
Sua voz me chamando: Fica!
Como pôde acabar assim?

Fiquei tão inseguro


Também te pressionei
É só porque te amo, poxa!
Eu sei que eu errei

Mas se Deus me der a chance


Uma faísca que for
A explodo, faço um milagre
Em nome do amor

A DISTÂNCIA É GRANDE, EU SEI


MAS EU NÃO VOU PERDER VOCÊ
NÃO, NÃO PODE ACABAR
SE EU TE AMO

A DISTÂNCIA É GRANDE, EU SEI


MAS POR VOCÊ ME APAIXONEI
NADA PODE TERMINAR
ME DEIXA TENTAR

143
Você pode até dizer
Que isso pode não dar certo
Mas eu não vou desistir de você
Garota eu te amo

Você pode até dizer


Que isso pode não dar certo
Mas eu não vou desistir de você
Garota eu te amo

Garota... eu... Te amo

Te amo!

144
ODE POÉTICO II
MEU PRESENTE DE NATAL
Fui ao seu encontro,
nem tanto assim...
talvez coincidência, destino...
algo para mim.

Sei que te conheci,


estava lá;
você apareceu, toda linda e pomposa;
um brilho me aconteceu.

Fui logo ao seu encalço,


um cafajeste encarnado,
um cara safado,
badboy desmiolado.

Então te cheguei,
li sua mão;
mil besteiras falei.
Um medo em seu olhar;
desdém.

Aí recuei!
Vergonha talvez;
raiva e frustração,
me desesperei.
Passei a te odiar,
tratar com desdém.

Garota arrogante,
ninguém me despensa!
Nem você, nem ninguém!
Dias após dias,

145
te ignorava e você refletia.
Trocávamos farpas,
nos odiávamos,
muita "alegria"...
Então eu me jurei:

Vou seduzi-la!
A mais bela, a mais linda,
mais popular deste lugar
Só porque és casada e esnobe,
vou te ganhar!
Você verá!

Daí eu comecei,
meu plano em prática coloquei
Táticas e mais táticas.
Na conquista iniciei
e então aconteceu!

Aquela garota não cedeu.


Como assim?
Sedutor como eu...
Por que não valeu?
Ela não cedeu,
mas também não fugiu.

Então a megera,
mostrou-se diante mim,
uma bela donzela; doce e singela.
Amigos viramos.
Compartilhávamos tudo.
Desisti de meu plano,
amizade tinha futuro.

146
Dias e dias,
o sentimento ascendia.
A magia acontecia,
acontecia e crescia.

Não nos desgrudávamos.


Sempre nos falávamos;
disso eu dependia...

Então eu descobri.
Estava gostando dela.
A ex megera,
então minha donzela,
era a rainha do meu ser,
do meu viver
e por ela até reverteria.
Aceitaria me converter...

Triste, fiquei.
Precisava me afastar.
Nunca a machucaria,
seu mal não pretendia
e ela estava casada.
Eu me importava!

Não poderia ocorrer...


se sua honra eu manchasse,
não poderia viver!

Ela chorou.
não queria me abandonar.
Uma história, um futuro;
tinha algo a desejar.

147
Não pode ser possível!
Um futuro comigo...
Algo pretendido,
não queria acreditar.
Ela estava ali a me almejar...

Fiquei emocionado
e deleitado com a ideia:
A dona do meu coração correspondia,
mas eu não podia!
Não era certo!
Não valia!

Difícil situação.
Como abandonar ela,
a minha donzela?!
Que Deus me dê o perdão
por levá-la à traição!

Ela então contou tudo:


Calhorda o marido,
canalha varrido;
mil traições,
dores e mágoas.
Discorreu seu destino;
que não era feliz.
Ele a prendia, a maltratava.
Era dever meu salvá-la!
Isso, por amá-la...

Presente de natal,
um sonho eu vivi.
Encontros de amor.
Achei, eu morri!
Fui ao paraíso, é disto que preciso!
Pois és meu abrigo.

148
Dele se separou,
a família confrontou e a mim se apegou.
Da mãe não fugiu,
contou-lhe logo tudo
e seu genro que lhe era nobre;
sapo e ogro e demônio convertido;
mudou tudo!

Nesta casa não fica mais!


Nesta cidade, jamais!
Longe dele ficará,
deste monstro, nada saberá
e deste lugar, vou te levar!

Levou minha donzela pra bem longe.


Longe do meu afago,
do meu carinho,
do meu amor...
E restou a dor,
que transformei
em felicidade momentânea,
a vi mais duas vezes.
Dois encontros
e acabou nossa história.

Mas uma coisa restou:


Ela me mudou!
E hoje sou mais feliz!
Por ser mais humano.
Por ser mais humilde;
um eterno aprendiz.
Que valoriza o ser humano
e a natureza,
vê a beleza da vida e do mundo
e não apenas a tristeza.

149
Não sei se um dia volto a encontrá-la,
“volver” nossa amizade,
recuperar o tempo perdido
e contar as novidades.

Não sei se volto a amá-la


ou desejá-la,
mas sei que isso foi preciso;
viver tudo isso,
pra eu mudar,
ter um futuro melhor,
um grande início...

Meu presente de natal,


que amei receber.
Se um dia ler esta,
saiba que sou grato,
por ter te encontrado,
jamais te esquecerei!

150
151
NATASHA
Estamos no final de 2014 e após minha, agora, não tão recente derrocada,
estava me sentindo muito bem; pleno, confiante, sagaz e com uma nova
perspectiva de vida, já que eu não iria mais seguir a filosofia Pick Up Artist, as
técnicas, devoções e a hábito da abordagem, afinal, jurei não mais abordar, não
com a motivação da paquera, ao menos, a não ser que estivesse realmente
querendo algo.

Larguei sendo Mestre PUA, o mais elevado grau, dentro da comunidade,


mas havia descoberto que a sedução de verdade não tinha teto, o que queria
dizer que não haveria limites e poderia transcender e muito. Eu estava
animado.

Só havia um problema: Eu ainda estava com a compulsão pela sedução,


o que me levava a constantemente, até sem perceber, iniciar o jogo de sedução,
mas fingi não saber disso e me deixei levar.

Num determinado dia, na festa de aniversário de uma amiga, vou a um


rodízio e lá conheço a vizinha de prédio dela. Uma moça linda, educada e
estilosa, apesar de mostrar-se séria. De início, a julguei “sem sal”, pelo
semblante demasiado sério e um jeito pacato. Mas na roda de conversa grupal,
que certamente estava dominando, como sempre alguém comentou sobre
minha prática quiromântica e então me vi compelido a ler a mão de toda a
mesa e nessa brincadeira, estava eu lendo a mão dela, que aqui vou chamar de
Natasha.

Novamente, surpreendi a todos, por acertar tudo sobre todo mundo,


mesmo as besteiras aleatórias, o que incluiu Natasha, que a partir daí, roubou-
me para si e fez de tudo para me manter focado nela. Conversando por horas,
descobri fatos incríveis sobre ela, ao passo que a deixei encantada, até que ela
pegou minha mão para si e entrelaçou nossos dedos. Senti um certo e perigoso
"calor no coração”, mas decidi prosseguir e deixei.

Andamos até o prédio de mãos dadas e todo mundo decidiu por fazer
hora no apartamento de outra grande amiga minha, que também estava na

152
festa. Ficamos colados, conversamos muito mais, e quanto mais brecha eu
dava, mais ela se aproveitava, como me pedir para desenhar nela, pedir para
desenhar em mim — o que me encantou, afinal eu sempre desenhei e ela
desenhava muitíssimo bem — e por fim, não obstante, deitar sua cabeça em
meu colo. Olha, admito e creio que não será nenhum segredo para você, que
está tão íntimo de mim, que isso mexeu comigo.

E mais uma vez, caí nas graças do afeto. Você tá vendo o nível da carência
e como essa “Filha da mãe” nos sacaneia sem dó ou piedade?! Vê também
como o hábito de fugir dos problemas ou ignorá-los só piora as coisas?! Eu fugi
de mim mesmo, criei um escudo, me fiz frio, abdiquei das experiências de
sentir e é claro que isso não daria certo, pelo contrário, afinal somos seres
emocionais, a não ser que lesionemos nosso cérebro, mais especificamente o
Sistema límbico, que é o responsável pelas emoções, não há como parar de
sentir, não para sempre e quando tentamos, todo o tempo em que deveríamos
sentir, na primeira oportunidade, aparece e aparece acumulado.

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RECAÍDA
Como sabe, já estava muito bem, tendo em vista a evolução que a vida
me obrigou a passar, mas algo que não falei me atingiu em cheio e pouco tempo
após o rompimento com Paloma, que foi o divórcio dos meus pais e de maneira
muito chata. Isso foi algo que mexeu muito comigo e por um bom tempo, me
tirou dos trilhos, que levei meses para recuperar.

Voltando à história, estava completamente “mexido” pela Natasha e


nossa química estava gritante. Fui para casa do meu pai, pois iria dormir em
sua casa e já cheguei falando sobre essa garota, o quanto havia me
desestabilizado e o quanto era “perfeita”.

Trocamos muitas mensagens e claramente ela estava afim, mas


obviamente, não estávamos na mesma sintonia, pois ela queria — e certa ela
— algo casual, enquanto eu mesmo me iludia, pois além de querer algo sério,
em tão pouco tempo, criei expectativas que certamente ela não poderia suprir,
criei uma imagem dela que não condizia e essa imagem era quem me deixava
apaixonado e ela notou.

As semanas foram passando e com elas, o interesse de Natasha por mim


e como péssimo perdedor que ainda era, claro que mexeria com meu ego e
tiraria meu “norte” e meu chão.

Diferente de outras vezes, fui bem menos insistente, mas me fiz


disponível demais. Tanto, que teve até uma vez em que ela não poderia ir
comprar ingressos para um evento, até bem conhecido, Happy Holi e logo me
ofereci para, não apenas comprar o dela, como o de seu irmão.

Fui até um bairro comprar, cerca de 21km de distância, apenas para


agradá-la. E o que recebi? Nada mais que um obrigado bem sem graça. Afinal,
estava claro que eu tinha “segundas intenções”, no caso, agradar, para então
receber afeto e quem sabe algo mais. Um típico erro de homem carente.

Observação: A mulher sempre saberá quando você espera algo mais. Primeiro
que aqui, você a está tratando como prêmio, troféu e isso invalida-o, pois mostra como

154
a coloca num pedestal, ao passo que ela também se sente comprada. E se você tenta
comprar a afeição de alguém, é porque não tem habilidade de conquista, não é um bom
parceiro, um bom provedor, um bom homem. Jamais tente comprar o afeto, as pazes ou
a calcinha de uma mulher.

Por vários momentos, tentei chamar sua atenção, mostrar o quão


valoroso era, mas nada... E no fundo eu sabia, afinal era o que eu sempre dizia
aos alunos e clientes não fazerem, mas emocional, estava fazendo. Até almoço
preparado em casa de amigos, presentes, música composta... tudo que
imaginar e certamente, sem sucesso.

Um dia decidi me declarar e dizer que sairia de sua vida, ela disse que
sabia e que queria apenas ficar, mas eu queria algo mais e ela não estava no
clima para romance. Eu entendi, aceitei e antes de ir embora, ela me puxou e
meu um beijo daqueles, só para me fazer sofrer..

Estou de onda! Hahahaha...

Ela me chamou apenas para dizer que eu não precisava me afastar, que
poderíamos ser amigos e é óbvio que eu sabia que estava virando “a garantia”,
caso tudo desse errado, o plano B, mas é óbvio também que fiquei esperançoso.

Para resumir essa história, tentei tanto, que só me frustrei e decidi ejetar.
Parei de investir e após muitos acontecimentos, que citarei no próximo título,
conheci uma pessoa e a ela me entreguei e fui correspondido.

155
ODE MUSICAL VIII
FUJO DE VOCÊ
Fujo de você
Vou dizer o porquê
Eu não quero te ver
Estar com você

E outra vez eu minto,


O que mais quero é estar contigo
Ser mais que um amigo
Me apaixonei por você

SÓ QUERO TEU BEM,


SER TEU COBERTOR
NAS HORAS SOMBRIAS
TE PASSAR CALOR

É MINHA MISSÃO
TER QUE PROTEGER
MAS QUANDO ESTOU PERTO,
TUDO SAI ERRADO
E EU FUJO DE VOCÊ

Não estou acostumado


Do amor ser um soldado
Antes era um lobo mau
Hoje um príncipe encantado

Calculista e frio
Tudo era fácil
Tinha as mulheres na mão
E agora não sei o que faço

SÓ QUERO TEU BEM,

156
SER TEU COBERTOR
NAS HORAS SOMBRIAS
TE PASSAR CALOR

É MINHA MISSÃO
TER QUE PROTEGER
MAS QUANDO ESTOU PERTO,
TUDO SAI ERRADO
E EU FUJO DE VOCÊ

Durão demais pra aceitar


É chato, eu sei
Cupido maldito
Maldito ou bendito
Eu me apaixonei

SÓ QUERO TEU BEM,


SER TEU COBERTOR
NAS HORAS SOMBRIAS
TE PASSAR CALOR

É MINHA MISSÃO
TER QUE PROTEGER
MAS QUANDO ESTOU PERTO,
TUDO SAI ERRADO
E EU FUJO DE VOCÊ

157
ODE MUSICAL IX
EU SEI QUE É AMOR
Às vezes a paixão nos pega de surpresa
Faz com que sejamos loucos, bobos
E tolos de vez

Foi assim que aconteceu


Você mexeu a minha vida
Mudou todo o meu jeito
Consertou alguns defeitos

Ontem era um cara mau


Só pensava num harém
Hoje um príncipe encantado
Não quero ter mais ninguém

EU SEI QUE É AMOR


SÓ PODE SER PAIXÃO
NO MEU PEITO FORTE BATE
NÃO, NÃO PODE SER ILUSÃO

Não aguento mais tanto amor


Quero sentir todo o calor
Poder viver tudo isso
Construir um compromisso

Esse sorriso que me encanta


Tua fala me entorpece
O seu jeito desconcertado
Teu olhar que me enlouquece

EU SEI QUE É AMOR


SÓ PODE SER PAIXÃO

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ODE MUSICAL X
ANJO
ANJO, DESCREVE O SEU ROSTO INTEIRO
ANJO, TEUS OLHOS, BOCA, TEU SORRISO
DE ANJO ME DIZ O QUE É PRECISO PARA
E VOU FAZER
SOU FELIZ PORQUE AMO VOCÊ

Você chegou de um jeito inocente


fez meu mundo diferente
Depois você mudou
o meu lado descontente
um cafajeste irreverente
Não dá pra explicar

E agora não sei o que faço


Se te beijo e abraço ou se fujo de ti
Ando vivendo desse jeito
Tô beirando o desespero
Eu me apaixonei

NA MINHA CABEÇA VEM UM ANJO


DESCREVE O SEU ROSTO INTEIRO
ANJO, TEUS OLHOS, BOCA, TEU SORRISO
DE ANJO ME DIZ O QUE É PRECISO PARA
E VOU FAZER
SOU FELIZ PORQUE AMO VOCÊ

ANJO! POR MAIS QUE EU TENTE ESCAPAR


ANJO! ACONTECEU, COMO EVITAR UM ANJO
ME MOSTRA O QUE É PRECISO
ESPERA! VOU DIZER:
DO INFERNO AO PARAÍSO AMO VOCÊ

159
INTENSA AMIZADE
Essa é a história de uma amizade que começou bem lá atrás, se fortaleceu
após tentar me juntar com a Natasha, sua vizinha de prédio e ficamos
inseparáveis. Brigamos várias vezes, mas não conseguíamos ficar longe um do
outro.

Foi a primeira pessoa que eu disse que amava, mas como amiga e foi
alguém que arrisquei a vida, que comprei briga com a mulher do maior
traficante de um bairro vizinho; por ela enfrentei um punk e todos seus
seguidores, quase morrendo no processo.

Vamos chamá-la de Patrícia. No final de 2014, já desiludido da Natasha,


me via bastante ocupado, afinal vivia saindo com Ballack, Patrícia e vários
outros amigos, todo santo dia. E isso me preenchia, mesmo que eu não devesse
me permitir a tal.

Patrícia era uma garota de 15 anos. Tímida, extremamente inteligente e


observadora. Apesar da dislexia e baixa autoestima, tinha uma criatividade e
senso crítico e estético fora do comum, extrapolava o que era tido como normal
e aceitável. Sua capacidade cognitiva também era apurada, aprendia as coisas
com assustadora facilidade, mas infelizmente, devido ao bullyng e sua dislexia,
além do TDAH, não percebi o quanto era especial.

Patrícia também sofria de depressão e assim como eu, usava amigos,


lugares, momentos e afins, para se distrair, para sentir-se viva, então meio que
nós nutríamos um do outro. Ela já era tão especial para mim, que, tirando
minha família, nada mais importava. Eu só precisava dela, estar com ela. Não
me sentia atraído por ela, não fisicamente, nem a via com outros olhos, mas
nosso vínculo era tão forte, tão poderoso, que ela era como um verdadeiro
tesouro para mim. Quantas e quantas vezes, não troquei sexo por momentos
simples, tediosos e pacatos, só por ela precisar?! O amor que eu sentia por
Patrícia, era simplesmente fora dos padrões, era incomensurável.

Um dia, por motivos idiotas, brigamos e ficamos 2 semanas sem se falar.


Foram as duas semanas mais difíceis para mim desde então. Eu estava

160
magoado, ela estava magoada e orgulhosos, não nos permitíamos passar por
cima do ego e falar com o outro.

Devido a um acontecimento, fui correndo até a casa do pai dela, onde ela
estava no dia e ela me abraçou como nunca e então retomamos nossa calorosa
e inigualável amizade. Lembra do evento Happy Holi? Pois é! Ela foi e na volta,
ao me encontrar, me deu um abraço tão gostoso, tão caloroso, que saí de mim.
Eu estava tendo minha amiga de volta. Eu estava tão feliz... e foi esse
acontecimento que deu o retorno de nossa apreciada amizade.

Nesse dia, até dormi, juntamente a um amigo em comum, que havia ido
também ao evento do Festival das cores com ela, e com meu primo, pois ela
implorou, por não estar se sentindo bem e com pensamentos ruins (ela sofria
de Pânico e Terror noturno). Ela pediu para que eu dormisse com ela, pois
tivera um sonho ruim comigo, se não me falha a memória e aceitei.

Dormi perto da parede, por ser meu local favorito e ela, abraçada a mim.
Ela então pede para que eu a abrace, “de conchinha” e apesar de não me sentir
muito confortável com a ideia, aceito. E confesso ter me sentido bem com isso.
Ela começa a chorar e ao indagar o porquê, simplesmente me abraça mais forte
e diz que não era nada, que poderia voltar a dormir. Assim o fiz.

Voltada a rotina, Patrícia e eu acostumamo-nos, novamente, a apreciar,


mais que tudo na vida, os encontros, um com o outro e com nossos amigos.

Em um determinado dia, sem notar, passo a sentir ciúmes dela com outro
amigo, indagando o porquê de ele estar recebendo mais atenção que eu — o
que, logo odiei, pois não havia razão para ciúmes (ou achava). Isso me
incomodou o resto da noite, mas seguimos tranquilamente na rotina e no dia
seguinte, quando, como sempre, fui encontrá-los, todos estavam, menos
Patrícia.

Onde estava Patrícia? não sei. Fui em todos os locais e nada, então desci
para a casa do Ballack e lá fiquei até o final da noite, mas a cabeça longe; lá na
Patrícia.

No dia seguinte, fiz questão de encontrá-la algumas horas mais cedo,


para saber onde se metera no dia anterior. Quando ela finalmente aparece,

161
sinto um certo alívio. Irracional, eu sei, mas senti mesmo assim. Começamos a
conversar e ela me pede para acompanhá-la até sua escola, em outro bairro.
Sigo então com ela até lá, mas ela decide não assistir aula. Não corroborei com
tal decisão, mas acatei. Fomos então passear pelas ruas e como se fosse a coisas
mais agradável do mundo, nos divertimos no local mais improvável em que
um adolescente ou adulto poderia divertir-se: um supermercado. Mas está
claro, não está, que não era o local, mas a companhia?! Num momento,
enquanto ela escolhia o que comprar, disparo:

— Você sabe o quanto é especial pra mim, né?!

— Você também é!

— Não, é sério! Vou te guardar pra sempre! Quando eu começar a namorar,


minha namorada terá de aceitar que eu durma ao seu lado!

Eu sei! Algo muito errado de se falar e nem sei porquê falei ou não sabia na
ocasião ao menos. Hoje, sei. Falei porque a sementinha já estava plantada e era uma
forma subliminar de declaração. Mas para mim, fora apenas uma frase afetuosa de um
amigo. Não percebi meus próprios sentimentos por ela.

— Ooown! Que fofo!!! — E me abraça calorosamente, em seguida.

— Tá! Já tá bom, vamos parar de “viadagem” (fazendo menção à frescura, não


à sexualidade), pois tenho uma fama de Badboy a zelar!

— Uhum! Sei... mas comigo, você não consegue!

Passamos uma tarde, que para muitos poderia ser chamada de ociosa,
mas para nós, nada menos que agradabilíssima. Conversamos bastante e num
momento, sentados para lanchar, ela “lança”, comigo deitado em seu colo:

— Lobbo, sabe… se não tivesse a Natasha e a Fabi, eu... namoraria... com você.

— Fabi era sua irmã mais velha, também muito amiga minha, e que segundo
Patrícia, nutria um interesse romântico — e platônico — por mim.

162
Fico alguns segundos em silêncio, processando a informação. Eu jamais
imaginei, imaginaria ouvir aquilo, ainda mais dela. Eu nunca havia olhado
para Patrícia daquela maneira, ela não me atraía fisicamente, não era
exatamente meu tipo de mulher, além do mais, ela tinha um jeito todo durão,
então eu jamais imaginaria. Meu coração acelerou e me veio à mente diversas
lembranças e principalmente como me senti no dia anterior.

— Você tá falando sério?!

— Uhum... É sério! Você é bem legal.

— Eu não sei o que falar, Patrícia... nunca imaginei você falar isso pra mim,
assim...

— Relaxa, Lobbo!

Nota: Desde minha mudança, larguei a algunha de Lobbo Mau, me tornando


apenas Lobbo. O que antes, era o lobo solitário, caçador, desbravador e malvado, foi
ressignificado para o lobo “família”, protetor, líder e principalmente, fraternal. Até
porquê, na cultura, lobos não são tidos apenas como caçadores implacáveis e símbolos
do homem cafajestes, mas também como protetores, familiares e empáticos.

— Eu...

— Vamos mudar de assunto!

A tarde passou e com ela, minha calma. Minha mente não estava lidando
tão bem assim com o rumo que o dia havia tomado, com essa torrente de novas
informações, de sentimentos... Na volta, sento e começo a escrever e minutos
depois, peço, todo ansioso para mostrar-lhe algo, um presente. Canto para ela
uma música, a música que havia acabado de escrever, mostrando todo meu
afeto por ela e o quanto era importante para mim.

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ODE MUSICAL XI
CINDERELA
Sabe como foi difícil encontrar
Alguém que eu amasse de verdade
Sem pesar

Aconteceu, não é normal


Eu me apeguei não sei porquê
E toda sua vida, seu presente, seu futuro
Vou cuidar de você

ENCONTREI NAS ESTRELAS


MINHA CINDERELA
UMA GRANDE AMIGA
A MAIS LINDA A MAIS BELA

DO AR QUE EU RESPIRO
TUA AUSÊNCIA, MINHA DOR
ENTROU NA MINHA VIDA
TE SIGO ONDE FOR

Você me diz que eu te mudei


Tá diferente
Bela, a mais bela
Cinderela independente

Mas dessa vez, eu vou dizer


Eu que agradeço! Devo a você
Por eu mudar
Meu melhor mostrar

164
ENCONTREI NAS ESTRELAS
MINHA CINDERELA
UMA GRANDE AMIGA
A MAIS LINDA A MAIS BELA

DO AR QUE EU RESPIRO
TUA AUSÊNCIA, MINHA DOR
ENTROU NA MINHA VIDA
TE SIGO ONDE FOR

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CEGO AMOR
Após ouvir atentamente a música, Patrícia me dá um abraço acalorado,
não queria soltar-me — nem eu, para falar a verdade —, ali, naquela estação
de metrô, só existia nós dois. Chegando no destino, encontramos nossos
amigos numa praça e sentamos. Todos estavam falando, interagindo, rindo,
mas para mim, não passavam de balbuciados, eu não entendia absolutamente
nada e nem queria. Até que não aguentei e mandei a ela a seguinte mensagem,
no WhatsApp:

— Sabe, naquela hora que eu estava deitado em seu colo, e você me falou
aquilo, senti uma vontade enorme de te beijar.

Ela nada disse e seu silêncio me assustava. O receio de ter cometido uma
besteira e botar à prova nossa amizade.

— Olha, se você não falar nada, não saberei onde enfiar minha cara, de
vergonha...

— Desculpe! Fui pega de surpresa. Eu também!

— Sério?! Pera, você também quis me beijar?

— Sim.

— Aproveitando, eu... queria... te beijar agora.

— Eu tbm.

Quanto mais tempo aquela socialização demorava, mais ansiosos


ficávamos, até que fomos todos embora e passamos a trocar mensagem. No dia
seguinte, assim que saí do meu curso técnico, fui até seu prédio, visitá-la e
conversamos sobre tudo quanto é tipo de papo furado, mas nada de falar do
enorme elefante na sala. E quanto mais nos demorávamos, mais tensão sexual
pairava no ar.

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Nota: Se havia algum fantasma ali, com certeza, ficou com a sensação de estar
segurando não uma vela, mas um candelabro.

Comecei a cantar para ela, como sempre gostei de fazer, só que diferente
das outras vezes, ela gostou. (risos) Disse que a toquei com emoção. Vou
admitir, isso mexeu sim comigo. Dessa vez, não resisti. Inclinei sobre ela, indo
para a frente, em direção seu rosto; ela foi afastando a cabeça, com os olhos
arregalados, até topá-la na parede. Eu parei, sorri e ela então fechou os olhos.
A beijei. Beijei como nunca havia beijado ninguém antes, beijei como estivesse
faminto e sedento, no deserto e avistasse um Oásis, com comida e bebida,
beijei-a como se nada mais importasse, apenas aquele momento.

Chamei para ir lá em casa, e volta e meia, no ônibus, a beijava e sempre


que o fazia, ela afastava a cabeça, de um jeito sexy e eu ficava ainda mais
desejoso por beijá-la. Chegando em casa, tivemos uma tarde maravilhosa e
então voltamos para Taguatinga, para encontrar a galera. Lá, logo saímos de
perto e fomos caminhar. Eu já havia comentado com Patrícia que estava
confuso. Entre ela e Natasha. Ela apenas disse para deixar rolar e que não se
importaria se não fosse a escolhida. Eu temi. Temi magoá-la.

Conversando, paro de repente e fico encarando-a, deitada,


contemplando o céu, enquanto eu, em pé, observava, atônito. Começo a
lembrar de vários momentos nossos, principalmente, de um em que briguei
com um amigo, onde me ralei todo e fiquei completamente sujo; ela me limpou
com as mãos limpas, sem nada para protegê-las.

Após alguns minutos processando essas lembranças felizes com ela, em


que notei, o que antes não havia notado, o afeto por mim, o amor, os sacrifícios
então parei e sorrindo:

— Espera! (Falei quase gritando, assustando-a no processo)

— Hã?! O que, Menino?

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— Sempre foi você! Sempre foi você... (falei rindo, coração acelerado)

— Não entendi. Como assim, Lobbo?

— Ora, sempre foi você! Eu lembrei de todos os momentos em que você esteve
comigo, em que me amou, mesmo sem esperar algo em troca, momentos se
doou, era com você que eu deveria estar. Sempre foi você! — Então ela sorriu.
Nos beijamos e passamos a namorar, em segredo. Se antes já não nos
desgrudávamos, agora, namorando, bem mais. Só não sabíamos o quanto isso
seria prejudicial.

No dia seguinte de namoro, fomos a um evento bastante conhecido: A


“passeata zumbi”, Zombie Walk, que aconteceu dia 2 de novembro de 2014,
fantasiados, nos divertindo com nossos amigos, principalmente sua irmã, Fabi.

Neste evento, estávamos todos bem, quando de repente, a esposa de um


grande traficante levantou as mãos para o alto, armada, gritando: “Vou
mostrar quem é a mulher do Dida!” Lembra que falei acima que me arrisquei
com a mulher de um traficante, defendendo a Patrícia? Pois bem! Será essa
história.

Após tal alarde, nosso amigo Ballack pediu-nos para sair correndo, que
ele ganharia tempo e percebi que precisávamos, afinal haviam vários punks
retirando armas brancas para nos cercar, o que me entristeceu, pois vários
deles ensinei um pouco de defesa pessoal e “anti-faca”. Peguei na mão dela e
de minha cunhada, juntamente com meu primo, que estava conosco e saímos
mais que depressa, como se nossa vida dependesse disso. HAHA! E não
dependia?!

No fim, conseguimos chegar bem, em casa e ela sentiu-se ainda mais


ligada a mim, afinal vivenciou fortes emoções estando comigo, ao passo que
transmiti a todo momento segurança.

Ansiamos pela emoção, se passamos por agitos, mixados com emoções boas, logo
temos dispendemos atenção à outra pessoa, atraindo-nos cada vez mais.

168
O tempo foi passando e com ele, nosso juízo. Não seguimos a máxima
que diz que saudade faz bem para o coração. Estávamos constantemente
aflorando nossa paixão, nossa libertinagem e nosso desejo, enfim nossa intensa
e fogosa relação.

Os primeiros problemas começaram a surgir, abalando as estruturas do


nosso namoro. A família interferindo, ela querendo mais atenção, eu com o
tempo, trocando de lugar com ela, passando a ser então o carente... muitas
brigas, crises, desentendimentos e regressos, mais que calorosos.

Posso dizer que foi um namoro muito... assim… então… bem, vamos
apenas dizer que foi como andar numa verdadeira montanha russa emocional,
tanto para mim, quanto — principalmente — para ela, já que eu era bem mais
manipulador do que percebia (ou sentia), mas você entenderá melhor os
poréns dessa relação no próximo título. Sem spoilers, okay?!

169
O PIOR DE MIM
Um determinado dia, após um ano e três meses de muito amor, paixão,
loucuras e toxicidade — boa parte, vinda de mim — recebo a carta verbal do
adeus; ela pediu para terminar. Terminar tudo, toda a nossa história, fogo,
paixão, desejo, loucuras, toda a nossa entrega, sonhos, ambições... tá, tô sendo
romântico e melancólico por demais.

Na verdade, a nossa relação foi bem compulsiva, ciumenta, desregrada,


com ancoragem emocional, apego e principalmente imaturidade. Confesso
com pesar, que boa parte foi minha; minha por agir mais como pai, do que
como namorado, minha por expectar de mais uma situação, uma imagem que
não seria cumprida e minha por ancorar minha salvação, meus prazeres
n’outra pessoa, que não eu. Eu sofri, sofri muito, não queria fazer mais nada;
nada além de dormir, de ficar olhando para o horizonte, ocioso, tentando
entender o que havia acontecido e porque tão de repente.

Entenda algo com o tio aqui: Nunca e repito, nunca é de repente, as coisas vão
acontecendo, não vão sendo consertadas, sanadas, conversadas e quando damos conta,
a bomba explode à nossa mão.

Tentei de várias maneiras reconquistá-la da maneira errada, quando


deveria ter simplesmente aceitado o fim, passei a tentar presenteá-la, quando
deveria ter cuidado de mim e não “comprar” afeto, desvalidando a mim. O que
posso dizer é que, de várias maneiras, fui incisivo: Pedi para o porteiro usar
meu perfume, que ela amava, borrifei também na porta de seu apartamento,
nos corredores, nos elevadores, nas plantas, nas paredes da portaria, na porta
principal... eu estava sem controle. Também pedi para uma amiga em comum,
que passaria um mês lá, enquanto seu apartamento seria reformado, para tocar
uma playlist com as músicas que marcaram nosso relacionamento, além de
passar a sair mais com amigos em comum; não para saber notícias dela, mas
para me sentir ainda com ela, me alimentar da presença de pessoas e/ou
lugares que me conectavam às lembranças dela.

170
Vá por mim! Em minha mente, estava tudo correto, afinal eu estava
lutando por um amor, estava sendo romântico, mas consegue analisar o quão
assustador eu estava sendo já? Isso, eram minhas emoções, descontroladas,
falando mais forte, a E.T.P.A. (Estado temporário de percepção alterada).
Tentei uma última vez voltar e cheguei ao ponto de me ajoelhar e chorar,
dizendo para não me deixar, ao que fria, disse que se eu não parasse, não
conseguiria falar mais comigo, com medo de eu fazer uma besteira.

Observação: Quando terminamos uma relação ou sofremos algum “baque”


emocional, advindo de um acontecimento negativo, tendemos a agir completamente à
base das emoções. Por elas estarem intensas e descontroladas, agimos sem o menor
discernimento. Para ilustrar, imagine um carro em alta velocidade, com o motorista de
olhos vendados. Visualizou? Pois é. A mesma coisa, é quando tomamos atitudes estando
com a percepção alterada, devido ao enorme fluxo intenso de emoções negativas.
Quando a gente está apaixonado, produz várias substâncias que nos dopa e que são
altamente viciantes, nós ficamos, digamos, num estado letárgico. O pior é quando não
estamos com o objeto desejado, a pessoa amada, entramos em abstinência e sofremos,
portanto, os mesmos efeitos de uma abstinência alcoólica ou narcótica. Não é atoa que
paixão significa, no latim, sofrimento. Outra curiosidade é o nome da atitude em que
agimos de maneira emocional e descontrolada, impulsiva. A palavra passional; Ela
vem da palavra paixão.

Ela foi uma pessoa muito querida para mim. Por várias vezes, daria a
vida sem pensar duas vezes; troquei transas só para ficar com ela, mesmo sem
vê-la como mulher; me entreguei de corpo e alma — até demais (risos) — à
nossa relação. Fui muito feliz, mas infelizmente, minhas atitudes me levaram
a ser o pior de mim, e hoje, quase 6 anos após o término, sei que a deixei com
uma extensa e profunda marca no coração, uma ferida na alma e acredito que
nem tão cedo, será curada e as experiências do pós-término sejam, por fim,
desvinculadas de mim. Este livro é uma verdadeira aula de sedução, a imersão
de quem lê nos âmagos dos sórdidos segredos da mesma; um passeio na minha
história, com um toque lírico; uma roupagem de romance; uma mentoria, mas
acima de tudo, é a minha carta de redenção.

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UMA NOTA ESPECIAL

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AMIGA OU AMANTE?
Sabe quando você está no fundo do poço?! Precisa de ancoragens para se
sentir vivo ou bem... no caso, bem, por estar ligado ao passado; um passado
em que se estava feliz, antes da perda e então procura lugares, pessoas, objetos
e afins, para se conectar com esse passado perdido. E assim estava eu. Havia
acabado de terminar o namoro e da pior forma possível ainda por cima; e após
vários vacilos, até a amizade; também. Para ela, eu havia me tornado — ou
disfarçado, sempre fui — um monstro. E foi nessa de me conectar, ao passo de
receber umas dicas de reconquista, que conheci uma garota incrível, que aqui
chamarei de “Ana Paula”. Ana Paula era amiga de longa data da Fabi, irmã da
Patrícia. E sempre a admirei como uma pessoa observadora, sensível e
perspicaz. Comecei a usá-la como suporte emocional, válvula de escape; a
minha psicóloga, e nossas conversas por WhatsApp, o meu divã.

Com o tempo, nos conectamos de uma forma tão incrível, tão profunda
que após um tempo, já não era pelo intelecto dele, pelas dicas de reconquista,
era pelo prazer de estar com ela, da conexão, do bem estar, da forma que eu
era afagado. Então estava nascendo ali uma amizade, todos os dias
entregávamos um ao outro numa grande sincronia; a sincronia de afago, da
supressão da carência, do alavancamento de nossas autoestimas.

Mais para frente, essa interação virou, verdadeiramente, uma amizade,


uma grande amizade. Então, quando estava com a Ana, mal pensava na
Patrícia. Chegou um momento, quando saturei a ex namorada, ao passo que
desisti, que simplesmente não queria mais, não me via mais com ela e a
amizade com a Ana Paula, construída, à princípio, por causa dela, estava forte
e independente.

Todo dia nos falávamos e não mais na minha ex, mas coisas do cotidiano,
pensamentos, discussões, temas sobre literatura, política, sobre nós e isso nos
guiava, nos impulsionava cada vez mais para o bem estar. Até que comecei a
vê-la com outros olhos, a atração emocional e intelectual estava num nível que
me fez confundir as coisas e então comecei a pensar que estava enamorado,
apaixonado por ela.

174
Ao indagá-la sobre o que sentia por mim, com um certo receio,
demonstrou-me sentir o mesmo e então, como um casal de apaixonados,
estávamos letárgicos, devido a promessa ludibriosa da paixão e por termos
uma enorme conexão intelectual, só piorava a situação, pois iludidos, agíamos
como um casal, repleto de tensão sexual, loucos para nos encontrarmos;
enquanto isso, fazíamos os mais fantasiosos sexos em nossos contos
imaginativos, enquanto não podíamos cumprir, pessoalmente.

O sexo era incrível, fantástico; como ela dizia, “orgasmático”.


Pintávamos verdadeiros cenários romântico-eróticos, como a vez em que
fomos para um bosque, à noite, sob a luz de uma grande e majestosa lua cheia.
Descemos a ribanceira, sorrindo; eu pegando em sua mão, ambos com corações
mais que acelerados, saltitantes, ora alegres, ora preocupados; preocupados
com a possibilidade ingrata de não dar certo, do que os deuses mais queriam,
não acontecer, a nossa união carnal. Ela estava linda, um vestido de seda
branco, leve, como estivéssemos num conto vitoriano. Seus cabelos ondulados
estavam esvoaçando àquele não muito desejado, mas curioso, vento e apesar
da brisa levemente fria, o momento ficava ainda mais perfeito.

De repente paro e tomando as duas mãos dela, inicio-a numa dança, uma
valsa e mesmo sem música alguma, apenas de nosso desejo, dançamos e nos
beijamos lenta, mas calorosa e intensamente. Após isso, desci seu vestido, que
caído subitamente, mostrou-se contente por iniciar o ato mais que esperado,
revelando a nudez dela, toda para mim. Contemplo a musa que estava diante
de mim por alguns segundos, atônito e então a abraço, tomando seu corpo,
mostrado para a natureza que ela, ao menos ali, me pertencia e seria toda
minha. Pego em sua nuca, enrolando meus dedos em suas rebeldes madeixas
— o que a leva a se arrepiar ainda mais — e com a outra mão em sua cintura,
a colo a mim e a beijo, só que mais rápido, para deixar aquele “gostinho de
quero mais”.

Aproveito cada parte de seu rosto e em seguida, desço aos mamilos,


mostrando como a cultuo em toda plenitude, fazendo-a sentir-se não uma
mulher, mas uma deusa, a minha mulher, a minha deusa. Após vê-la sedenta
e ansiosa, desço a linha de seu abdômen, com a língua, o que a faz envergar,
ainda em pé, enquanto abraçava-a as ancas. Depois, de forma que mesclava

175
meu lado mais selvagem com o mais doce, fui à sua intimidade, com meus
lábios curiosos e língua arteira, provando ali que nada mais importava, apenas
o seu prazer, e após provar do néctar da maturação, viscoso e límpido e ouvir
seu gemido e arfado de prazer, vejo que ela estava mais que pronta. Então com
delicadeza, a deito sobre a grama e em sua frente, a faço contemplar-me,
enquanto me dispo, de forma sublime, pois afinal, o reflexo da lua contornava
minha silhueta, dando-me o brilho de um Apolo encarnado e encantada,
chorou, por sua primeira vez ser mais que especial. Sorrio, como entendesse e
compartilhasse do sentimento e então deito sobre ela, mostrando o quanto a
quis possuir, o quanto esperei e o quanto desejei-a.

Após atingirmos juntos o gozo, descemos ao lago, nus, correndo, como


dois adolescentes, nada preocupados com os problemas da vida adulta e lá
banhamos, enquanto nos beijávamos apaixonadamente.

Mandei esse texto para ela, imaginando como seria nossa primeira vez
perfeita, o que nos fez ansiar ainda mais um pelo outro, onde completávamos
com esse mais outros textos, juntos, com nosso amor sapiossexual, mais
cerebral, que físico. E o final dessa história? Marcamos por várias vezes, e
quando finalmente saímos, descobrimos que somos bons amigos e nada mais;
continuamos a conversar, deixando nossa transa romântica e especial na
imaginação e no passado e assim findo essa, a história em que não sabia se
tinha uma amiga ou amante.

176
CONSELHEIRO APAIXONADO
A próxima será sobre Bruna, outra amiga em comum, uma moça que
inclusive, apesar de não ser amiga de Patrícia, havia estudado com ela e era
amiga de sua irmã, Fabi. No início, confesso que só queria me preencher de
momentos — em minha cabeça, estando com os amigos que me lembravam da
ex, seria como reviver esses momentos, mesmo sem estar com ela, de fato —,
após, realmente tornei-me amigo dela, assim como de Ana Paula e seguia e
encontrando cada vez mais com ela.

Bruna passou a se confidenciar comigo, a falar de seu namorado, que


estava sofrendo, pois o mesmo a esquecera, a largara e quando ela seguia em
frente, reaparecia, a fazendo entrar numa verdadeira torrente emocional. Na
época com 16 anos, confidenciou-me ter perdido a virgindade com esse
homem, um homem de 32, que conhecera num retiro. Passaram então a
namorar. Ele não era um homem apessoado, pelo contrário, sendo bem acima
do peso, branco demais (do tipo que não pega sol), com nada aparentemente
atraente, mas pelo visto, um hábil manipulador de momentos e emoções, pois
Bruna estava completamente apaixonada e mais que apegada nele.

Passei a aconselhá-la; no início, para “fisgar” esse homem, mas ao passo


que ela detalhava, mais eu via que não só não valia a pena, como ela deveria
ser afastada dele; ele não valia nada. Sem perceber, e logo após ter visto que
não gostava da Ana Paula, passei a enxergar a Bruna com outros olhos e sei
que por um momento ela sentiu o mesmo, mas mais inteligente, soube recuar.

Nota: Quando você não supera um amor e busca em alguém, você jamais será
feliz, pois está se preenchendo das pessoas, o que falta em você. Foque em seu amor,
para saber o que é amar e então, com a pessoa certa, poder investir plenamente.

Tentei me aproximar dela por vários momentos, o que já estava ficando


meio chato e insistente e então de um conselheiro cheio de autoridade amorosa,
passei que um rapaz apaixonado, que não se toca quando não está agradando
e estava afetando a todos à minha volta. Até que fiz uma poesia para ela, quis
mostrar o que de fato eu sentia.

177
ODE POÉTICO III
ATÉ LOGO, MINHA CLEÓPATRA
Até logo minha Cleópatra!
Até logo, até quem sabe...
um dia seremos nós,
agora já não se sabe.

Somos como um fruto,


maduro, mas não colhido.
Eu com minhas mazelas
e você com seu amor
não mais correspondido.

Dois sedutores sensíveis por dentro,


cheios de sonhos, jogados ao vento;
esperando semear e quando a chuva chegar,
chegar e passar e a terra de boas coisas plantarem,
então vê-lo-emos realizarem.

Nunca reparei, só agora enxerguei.


Somos sementes do mesmo fruto,
iguais em quase tudo.
Fomos feitos um para o outro,
mas não estamos prontos, eu sei.

Mas prontos nunca estaremos;


casei com meus demônios
e você voa livre como borboleta.
Cortaram suas asas;
você tá no chão, tremendo pelo frio,
numa grande desilusão.

Encantou-se pelo caçador,

178
um colecionador de raras borboletas.
Caçou a mais bela, a mais rara
e após usurpar suas asas,
abandonou-a ao relento
e a qualquer desatento,
poderá você perecer.

Logo você, Minha Cleópatra?!


Como pôde donzela,
borboleta livre; a mais rara, a mais bela,
cair no laço do caçador?!

E agora jaz aí.


Morrendo e não entendendo.
Sem entender o que tá acontecendo;
por que ele a deixou...

Eu queria poder ter-me com você,


te resgatar e voar junto,
sem limites ter,
mas só posso ficar aqui
Suspirando e indagando o porquê,
o porquê de não ter reparado,
protegido e cuidado dessa borboleta,
essa Cleópatra, que é você.

Mas já estou me delongando.


Tenho que findar esta carta;
esta despedida
e dizer que sois forte.
Não precisa do colecionador,
nem dele e nem de ninguém.
Cultive suas asas!
Torço por você!

Maiores mais fortes

179
e mais bonitas,
seu símbolo de poder.

Até logo, Minha Cleópatra,


não queria por esta ter;
sei que não vai entender,
mas o que posso dizer,
é que torço por você.

Não estarei por perto,


não poderei cuidar de você,
não matei o dragão,
alimentei meus demônios;
o Lobbo provou sangue
e agora viciou.

Até logo, Minha Cleópatra!


Vou fazer uma viagem.
Não espere uma volta breve,
não até eu ter a vantagem.

Vantagem sobre este novo eu,


o antigo morreu;
o Lobo venceu
e tô odiando,
mas tô gostando...

E gostar, está por me assustar.


Não sei mais o que sou,
se sou capaz de amar,
de cuidar, de proteger;
ainda mais você...

Até logo, Minha Cleópatra!


Descobri tarde demais,
depois de tudo que aconteceu,

180
que era pra ter sido nós dois,
mas não deu.

Bem, já tenho que ir!


O que me resta de bom pra estar aqui, tá acabando.
O Lobbo tá voltando,
só queria dizer até logo!
Até uma próxima vez!

E se eu estiver pronto,
deixo você se aproximar;
claro, se não se assustar!
Mas por agora,
só posso dizer isto.

Foi bom te conhecer,


mas tá na hora de fechar a porta,
pois não há mais sentido aqui estar,
então Até logo!
Até logo Borboleta rara!
Até logo minha Cleópatra!

181
OUTRO FORA
Após mandar a poesia, onde subcomunicava meu interesse e admiração
ao passo que dizia que desapareceria, ela logo pede para vê-la. E como fica
minha ansiedade, expectativa e imaginação? Preciso falar mais?!

Bom, cheguei lá e conversamos muito — nada do que esperei — e


passamos uma tarde agradabilíssima, brincamos, atuamos, pois como amante
das artes cênicas, era seu hobby favorito, cozinhamos, deitamos juntos para
ficar conversando, rindo e após um momento, onde viramos um para o outro,
aquele silêncio ensurdecedor, corações acelerados e por pouco, não nos
beijamos, mas foi bem quase mesmo...

Fingimos que nada havia acontecido e então voltamos às brincadeiras de


cócegas, beliscões e mordidas (fofinho, eu sei, mas como evitar?! Estava
emocional e adorando, carente, precisando de conexões, aliás, ansiando por
conexões e ela, me suprindo, naquele momento) e então no calor do momento,
quando, por cima dela, a segurando e mordendo o pescoço, ela geme e me pede
para parar, dizendo que não era certo, que não podíamos e eu, ofegante,
concordo, me desculpo e fico sem graça, me perguntando o que estava
acontecendo.

Bruna diz que não precisa se desculpar, afinal ela estava


correspondendo, mas sábia — ao menos mais que eu —, disse que aquilo era
ela agindo com carência e não em estado normal (o que fez eu me sentir não
tão atraente no momento, mas é óbvio que uma coisa não tem nada a ver com
a outra e eram meus demônios falando comigo apenas) e tinha de pôr a cabeça
no lugar e eu deveria fazer o mesmo, afinal meu término também era bem
recente.

Com o passar dos dias, ela parou de me responder da forma que estava
e para falar a verdade, nem nossa amizade vingou, afinal ela passou a me
evitar, o que é compreensível, mas na época, apenas a culpei e vi como um
verdadeiro fora, mais um fora.

Observação: Quando você está carente, está em estado de ETPA (estado


temporário de percepção alterada), então logo passará a confundir as coisas, a expectar

182
por momentos, sensações e afins e aí, verá tudo com os olhos da carência e se encontra
alguém em semelhante situação, terão nas mãos um verdadeiro desastre, afinal assim
que o efeito passar, verão que apenas estavam suprindo-se, mutuamente, um do outro;
que criaram versões inexistentes de si e projeções do outro irreais e aí, amigo, quando a
magia acaba, só restará o fim, com sinais catastróficos. Geralmente, quando dá em
relacionamento, chamamos de “rebote”, pois aconteceu logo após o término de outro e
salvas exceções, nunca dão certo, justamente pelos motivos acima citados, além de
alguns outros, claro.

E mais uma vez me vi ruim, abandonado e carente, pois ainda não havia
aprendido a lição que mais importava e espero que aprenda com meu erro: O
amor próprio.

183
CASSANDRA
Bem, já estamos em 2017 e vou contar a história referente à uma moça de
meu passado. Vocês lembram da Cassandra?

Aquela que seduzi no colégio e fizemos as mais loucas e também a que


me ajudou na graduação do Ballack, no teste do beijo. Pois bem, um dia, penso
nela e decido buscá-la no Facebook. Ela mostrou-se bastante receptiva,
conversamos amenidades e então marcamos de nos encontrar, no caso, que eu
fosse visitá-la em seu apartamento.

Vou em seu apartamento e sou super bem recebido, mesmo após quatro
anos, sem sequer se ver, desde o colégio, quando rolou aquilo tudo.

Passamos então a conversar e reflito o quão diferente ela estava, mais


adulta, decidida, diferente... botou um belo blues e me chama para cozinha
para cozinhar para mim. Tomo a dianteira e insisto para fazer um belo prato,
já que era o convidado, poderia pagar a hospitalidade de alguma maneira.

Relutante, aceitou, mas auxiliou-me em tudo, seguindo religiosamente


minhas instruções e ao final, provou, junto à uma taça de vinho, a minha
especialidade: Risoto de forno, cremoso.

Ela falou que aquele prato era um erotismo gastronômico... as ervas finas
cozinhando no arroz, o que era lindo e o cheiro, surreal; o tomate seco com
orégano, secando no forno, o que dava o aroma de uma pizza recém saída do
forno.

Toda a montagem, o processo, era surreal; o próprio risoto assando e


após cozido, no forno, com frango, linguiça e ovos por cima, tudo.

E o queijo então? Ah, aquele queijo Muçarela derretendo, provocando


uma verdadeira orgia de aromas... o processo todo em si, era um sexo entre os
sentidos.

Mas quando ela provou, soltou aquele “Hmmmmm” tão gostoso, que eu
não sabia se focava no sabor ou nela, logo, imaginei besteira.

184
Após o almoço, Cassandra e eu fomos para a sala conversar, ouvir música
e passar a tarde. Nos divertimos bastante, tanto que transar ou não, seria um
mero detalhe. Pedi para fazer-lhe uma massagem. Então peguei um creme de
massagem e empenhei-me com afinco em seus belos pés. Tratei-os como os pés
de uma deusa, cultuando cada pedaço, arrancando sorrisos e anseios;
verdadeiros suspiros de prazer, então vendo as arfadas e os gemidos, paro e
me inclino sobre ela, que vindo até mim, faz acontecer o que era esperado, mas
segurado: Nossos beijos quentes, molhados e sedentos, como fosse acabar o
mundo amanhã e só tivéssemos o hoje para aproveitar.

Rolamos ao chão, nos beijando e acariciando, mãos bobas e ousadas, até


que ela dispara que temos de ir para o quarto e lá, tirando as roupas sem a
menor calma ou paciência, enquanto nos digladiávamos prazerosos, acabo
chegando ao clímax, ainda de cueca, tamanha a excitação; não fico
desconcertado, mas gargalho, como fosse a situação mais cômica do mundo e
após cessar, volto ao foco: O prazer esmagador que pretendia, desde o começo.

Com o auxílio de um gel térmico, para uso sexual, dedos mais que hábeis,
boca e língua, sensíveis e curiosas e um desejo ardente de dar prazer — na
verdade, de se fazer ser inesquecível —, vou à sua intimidade, agarrando firme
suas ancas e então, ao final, após uma arqueada e grito de prazer, ouço:

— Meu bem, esse foi o melhor orgasmo da minha vida!

Observação: O fato de estar em desvantagem, no caso, ter chegado ao clímax


demasiado cedo, fez com que eu me vesse com a obrigação de compensá-la. Isso me fez
focar única e exclusivamente em seu prazer, com boca, língua, dedos e o gel... logo, pude
explorar cada parte ou investida, acatando os feedbacks de seu corpo. Mas só aconteceu
por ter mantido a calma e ter sido leve com a situação e resolver a questão. E o detalhe
maior, que nem mencionei, é que ela era lésbica e recém saída de uma relação de dois
anos. Então eu, heterossexual, cheguei ao ponto de dar o melhor orgasmo de sua vida.

Com o passar do tempo, passamos a nos ver cada vez mais e em cada
saída, nos encontrávamos compartilhando momentos mágicos, de paixão,
luxúria e conversas satisfatórias, que por si só, seriam capazes de saciar as mais
inquietantes mentes ou os mais desejosos sapio e demissexuais, pois era um

185
deleite para a mente e conexão emocional, digna de uma sólida amizade.
Cassandra estava cada vez mais apegada e envia-me uma mensagem onde
dizia que não poderia mais continuar, pois estava apegada e eu teria de
escolher entre o sexo, maravilhoso ou as boas conversas, inesquecíveis.

Honestamente, não pude escolher e nem me dei ao trabalho, pois como


abrir mão de um sexo tão maravilhoso? Como abrir mão de uma conversa que
alimentava minha mente e minhas emoções? Disse que não o faria, ela também
disse que realmente não seria capaz, fosse qual fosse a escolha, acabaríamos
fazendo o outra também e assim continuamos nossa rotina mais que prazerosa.
Várias vezes dormi em sua casa e ela queria ficar de conchinha e me sentia
desconfortável. Não me entenda mal, eu adoro, mas não era o tipo de coisa que
eu gostaria de ter com ela, então me sentia mal toda vez. Então, era questão de
tempo, após início desses descontentamentos, que não desse certo, não por
muito tempo ao menos.

Com o tempo, não estava mais querendo vê-la, já havia perdido toda a
graça, as conversas não mais interessavam e passei a ficar mais retraído, até
que um dia recebo a mensagem que dizia que “estava atrasada” e com enjoos
constantes. Nessa hora, meu coração acelerou, afinal como eu poderia ser pai,
sem ter todo o aparato financeiro necessário, sem ter a maturidade necessária,
não a amava, não estava apaixonado e tão pouco sentia mais desejo e para falar
a verdade, até a vontade de conversar, havia sumido. Eu entrei em pânico, mas
então enviei a seguinte mensagem:

— Olha, realmente espero que não esteja grávida, mas se estiver, fique
tranquila! Esse filho terá o melhor e mais presente pai desse mundo! Você não
está sozinha!

Ela ficou muito feliz em ler isso e ficou de me dar uma resposta. Alguns
dias depois, disse que era alarme falso, que não estava grávida, que era apenas
efeito colateral de um remédio. O alívio que senti, era incalculável. Mas apesar
disso, nossa história encerrou. Não mais nos vimos, não nos falamos e aqui
acabou nossa história.

186
187
ODE POÉTICO IV
SINTO MINHA FALTA
E aí cara! Sou eu! É você.
Você, daqui a alguns anos.

Você se tornará eu, pois é...


O que aconteceu?
Não sei te dizer, sinceramente.

Mas brevemente posso falar:


Aquele seu charme, ímpeto olhar.
Seu sorriso convidativo a sorrir,
seu jeito sexy…

Não sei como me perdi,


como me tornei carente;
de atenção, de cuidado, de paixão...

Olho pra trás e vejo você, todo sorridente,


rodeado de gente.
Era tão quente...

Já não tenho tantos amigos;


mulheres não mais me rodeiam;
homens já não querem ser eu
e mesmo orgulhoso, me pego correndo atrás de atenção
de quem valor não me deu.

Não sei onde errei, como me perdi.


Só sinto sua falta.
Por favor volte logo!
Não morra, eu imploro!
Preciso de você!

188
ODE POÉTICO V
QUEM EU SOU
Sou só mais um cara
se aventurando neste ciclo chamado vida.
Às vezes poeta,
às vezes amante;
cozinheiro ou errante.

Um selvagem,
um cavalheiro,
vai do que a situação pedir.
Arranhar ou morder;
um beijo na mão
ou uma rosa roubada do pé,
para agradar outra rosa,
pode ser você,
por que não?!

Um príncipe encantado
e um lobbo mau.
Valho mais que um diamante
e menos que um centavo,
o que pede seu coração?

Mas se não te interessa nada disso,


sou um poeta
e cativar com palavras,
minha missão.

189
COMPLEXO DO HERÓI
Como puderam ver, eu estava deveras emocional, no primeiro título,
antes deste. Mostro no poema da época, como estava descontente comigo
mesmo, como estava deprimido, inconstante. Já no último, antes desse, mostro
uma personalidade ultra confiante e apesar de ser tudo verdade, claramente é
um relato narcisista e garboso e é obvio — deve ter notado isso —, que eu não
estava nada bem e foi nesse momento que conheci a autora dessa história, que
aqui, chamarei de Laura.

Estava no Facebook e vejo uma moça lindíssima e decido mandar uma


abordagem indireta e engraçada. Algo como:

— Escolha a melhor forma de começar essa conversa:

a) “Oi Gata!” (Só que sem direito a reclamar, você que pediu);

b) Duelo de rima. (Mas aviso que improviso bem);

c) Trocamos uma maravilhosa e destemida conversa como duas pessoas


interessantes.

Ela simplesmente escolheu a “C” e mandou-me uma pergunta sobre


paradoxo e buraco de Einstein-Rosen (buraco de minhoca), basicamente, me
trouxe um problema lógico da física quântica.

Como nerd, fiquei maravilhado, extasiado... Rapaz, estava encantado


pela moça e então passamos a ter os mais variados papos, mas algo na pegada
Geek, nerd, fosse sobre filmes, jogos, games ou sobre teorias científicas. Sem
perceber — ou perceber e fingir não notar —, estava me deixando levar e o
pior: Me encantando pela versão que minha expectativa criou dela.

Mas poso afirmar com certeza, para você, Caro leitor, é que o que me
deixou completamente apaixonado por ela, é o que a psicologia denomina
“complexo do herói”. Complexo do herói, ou complexo de super-herói, é a
condição em que a pessoa se sente fortemente ligada à uma pessoa com

190
problemas e tenta resolvê-los, ser seu salvador, protetor e assim me vi em
relação a Laura; quanto mais ela me falava de seus problemas, seus medos,
demônios, mais eu ficava louco por ela; mais empatia sentia e mais confortável
em explanar minhas próprias mazelas também. Para mim, havia se
estabelecido uma conexão, apresentava-se ali, um verdadeiro conto de fadas.
Claro, somente em minha mente.

Laura era Borderline (Borderline é um transtorno mental caracterizado


por humor, comportamentos e relacionamentos instáveis) e como tal, sofria de
humor variável, autoestima oscilante e quanto mais ela se mostrava instável,
mais apegado ficava, eu queria realmente salvá-la, ao passo que tê-la para mim.

Nota: Na borderline, há um padrão generalizado de instabilidade e


hipersensibilidade nos relacionamentos, na autoimagem, flutuações extremas de humor
e impulsividade; os sintomas incluem instabilidade emocional, sensação de inutilidade,
insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas. Então a pessoa vive uma
verdadeira maré de crises.

191
ODE POÉTICO VI
LAURA
Laura!
Óh, doce Laura...
Tenho de falar sobre você,
lerei su'aura.

Sois assustadoramente interessante...


Às vezes me indago
se você é real
ou miragem deslumbrante.
Talvez fruto de minha imaginação,
quem sabe.

Tudo o que eu sempre quis,


tudo e mais um pouco,
Com características que admiro.
Seus defeitos,
até seus defeitos que muitos poria pra correr,
excitam-me, me confundem-me;
viram meus moldes;
e isso me faz viver

A mineira, a pequena, violinista, borderline;


a desenhista faceira, a megera encrenqueira
A doce e singela cozinheira.

Sois tu uma bruxa?


Que queres de mim?
Além de claro, me confundir.
Deu-me o gosto de meu próprio veneno;
de grande, vou a pequeno.

192
Tu fazes amor com meu cérebro,
que regozijado é devorado,
pós coito, por tu'alma, misteriosamente cativante.
Desperta meu melhor lado.

Você me atrai,
namora meu lado;
o mais doce e puro,
Enquanto flerta com meus demônios,
o que dá medo,
se é seguro.

O que acho de você?


Não sei...
Espere-me sair desse meu torpor
para que eu possa
honestamente te responder,
enquanto fujo de você,
talvez dona do meu amor.

193
ODE POÉTICO VII
PENSANDO EM VOCÊ
Passei quase uma década
sendo o garanhão.
Atraindo, conquistando
e seduzindo por diversão.
Novas e velhas;
experientes e singelas.

Jurei não mais sofrer,


como antes de "renascer"
e sofri por me entregar demais...

E então me pego todo bobo,


falando com você,
enquanto sorrio, com vergonha,
como se você pudesse me ver.

E quando você parece


não se importar comigo,
não me querer ou dar a entender,
que só me vê como amigo,
acabo me partindo e dizendo pra deixar pra lá,
mas então volto a pensar em você,
para o doloroso e prazeroso ciclo continuar.

194
ODE MUSICAL XII
LADY LAURA
Pegue seu violino!
Escute a minha voz...
Feche agora os olhos
e pense em nós...

Seus olhos de menina,


seu sorriso de mulher.
Teu jeito me fascina,
sabe bem o que quer.

Quando te olho,
fico sem graça...
Olha em meus olhos,
perco a fala.
Sonho com nós dois
e isso me abala.
Quando volto a mim,
não sei se pensa em mim, lady Laura...

Mas algo pode mudar.


Me diz o que é preciso saber.
Fazer acontecer por você.

Pegue seu violino!


Escute a minha voz...
Feche agora os seus olhos
e pense em nós... (bis)

HÁ UMA ESTRELA À BRILHAR


NA IMENSIDÃO DESSE LUGAR
QUE EU CRIEI PRA VOCÊ,
ESPERANDO TE ENCONTRAR.

195
HÁ UMA ESTRELA A BRILHAR...
TÔ AQUI NESSE LUGAR
NA ESPERANÇA DE ESTAR CONTIGO...
AO SEU LADO LADY LAURA (BIS)

Pegue seu violino!


Escute a minha voz...
Feche agora os olhos
e pense… em nós.

196
O CICLO DE INSUCESSOS REINICIA
O problema de se estar carente, é que nos apegamos demais às pessoas,
aos momentos, lugares e quaisquer coisas que nos tragam conforto, gerem
dopamina e então nos entregamos, nos iludimos, criamos expectativas e essa é
a receita do bolo do verdadeiro fiasco. E era exatamente isso que estava
acontecendo comigo e Laura. Eu não havia desenvolvido, ainda, maturidade
emocional, havia passado por perdas significativas, no tocante “ao coração” e
por isso, me ligava quando me surpreendia, o que não é nada sadio.

Mais uma vez, vou falar (na verdade, relembrar): A vida que levei, sem
me abrir às emoções, me deixou inexperiente em me relacionar, em me abrir,
em confiar, ceder, estar vulnerável etc., fora que quando você inibe suas
emoções por muito tempo, também perde o contato, a experiência em lidar
com elas e na primeira brecha, você recebe uma verdadeira torrente emocional;
junte à soma, as frustrações e decepções, além do fato de ao invés de lidar com
elas, decidir me jogar ainda mais aos prazeres mundanos, a fim de sanar a dor.
Quando você foge de um problema, você não o resolve e mais cedo ou mais
tarde, ele o perseguirá e encontrará. A única maneira de resolver algo, é
enfrentando, infelizmente — ou felizmente —, não há outro caminho e se o
problema é de cunho psicoemocional, mais um motivo para trabalhá-lo. Mas
eu só fugia...

Voltando à história, Laura havia até se conectado a mim, mas sua


inconstância emocional a levava a me deixar de lado, se retrair ou ficar
melancólica, e nesse — sem querer ou querendo — coquetismo, deixou-me
ainda mais preso e entenda: Quanto mais você pensar numa pessoa, mais
esforço dedicar a ela, mais propenso a se apaixonar estará. Por ser uma das
mais poderosas e cruéis técnicas de sedução, você fica preso ao sedutor ou
pessoa que a utilizar, conscientemente ou não. Vamos relembrar o que é
coquetismo?!

Observação: Coquetismo é a técnica que usa do contraste emocional. Você


provoca reações adversas na pessoa. Ela utiliza de gatilhos da segurança e da
insegurança. Por incrível que pareça, ambos importantes para nós, seres humanos.

197
Precisamos da segurança, para nos sentirmos acolhidos, e da insegurança, para ter
aventura, sentir fortes emoções. Popularmente, é chamado de “Jogo doce”, “quente-
frio”, “puxa-empurra”, “morde e assopra”, “bate e alisa”, entre outros.

Por fim, o que posso dizer é que eu fiquei ligado ainda mais a ela e senti
cada ausência, fosse emocional ou de tempo e comecei a questioná-la sobre.
Passou a ficar evasiva, a dar mil desculpas e a cada vez menos, demonstrar
desinteresse por mim.

Uma vez, marcou de eu encontrá-la em sua casa, me passou seu endereço


e fui, mas antes de ir, fiz um desenho realista todo colorido dela (sim, eu
desenho) e levei. Foi difícil achar sua casa e quando encontrei, fui recebido por
seu pai, um homem sério, que descobri depois, tinha uma certa notoriedade na
TV. Ele a chamou e pediu-me para entrar e indagou onde conheci sua filha.
Ela atropelou-me quando fui responder e inventou uma história, me tratou
com certo desdém e desconforto, que incomodado, fui embora. Ao chegar em
casa e falar com ela, não demostrou interesse em interagir e ainda cometi o
disparate de adicionar o pai dela, chamá-lo no chat e perguntar o que sua filha
sentia por mim e logo vi o que minha impulsividade e contrassenso causaram:
Um pai nervoso e preocupado dando uma bronca boa, botando um marmanjo
de 24 anos no lugar. Laura nunca mais falou comigo, o que me fez tentar ainda
mais chamar sua atenção, o que fez com que ela me ignorasse completamente.

Pedi ajuda a vários colegas da comunidade e apenas dois me


responderam, um deles me deu a real, sobre minhas atitudes que não são de
homem e outro, o Nerd Sedutor, um admirável coach de sedução, me deu toda
a atenção, analisou toda nossa conversa, leu meus relatos e com toda paciência
me disse onde errei e inclusive, deu razão ao pai; disse que faria o mesmo ou
pior. Bom, me vi mais uma vez sendo dispensado pelas minhas atitudes,
alimentadas pela minha carência, medo, impulsividade e mania de fugir dos
problemas e pagar os mais altos preços. Criei, na raiva um poema para Laura,
demonstrando toda minha insatisfação nos acontecimentos, mostrando-me
sensível e afetado. Sem mais delongas, deixarei para que veja como me senti,
como estava no final dessa triste — mas didática —história.

198
ODE POÉTICO VIII
VOCÊ QUEBROU MEU CORAÇÃO
O que tá feito,
não pode ser desfeito
e nesse pleito, digo a situação;
aqui exporei:
Você quebrou meu coração!

Não entendo como chegou a isso,


esse reboliço que chamei de interação.
Foi findada nossa história...
Você quebrou meu coração.

Devia ter imaginado,


indagado a respeito...
você não tinha o direito
de me fazer feliz e ir embora me diz
por que você quebrou meu coração?

Foste tão doce,


delicada e sensata
ou insensata por se aventurar,
mas nessa jornada,
você, ingrata foi a vencedora;
tirou-me o ar, que situação!
Nem acredito, você quebrou meu coração!

Estou na penumbra
Vivendo nas sombras
Sem esperança de um dia voltar
a ser quem fui antes da paixão,
mas nunca se esqueça:
Você quebrou meu coração!
Agora já chega!

199
Não me importo mais!
Levou minha paz,
Até meu perdão;
depois do que fez...
Você quebrou meu coração!

Te dei minha luz,


retribuiu com escuridão.
Deixou-me em cacos;
não quero redenção!
Nem ligo mais,
você quebrou meu coração.

Eu te agradeço!
Não sinto mais,
perdi minha paz,
até mesmo a paixão.
Não vivo mais...
porque... garota...
Você quebrou meu coração.

200
A ENFERMEIRA REBELDE
No final do ano, ainda em 2017, no Tinder, conheci uma mulher
aparentemente normal. Bonita, mas normal. Conversamos algumas vezes e
então trocamos números. No WhatsApp, a conversa fluiu bem melhor, e sem
percebermos, estávamos nos delongando em assuntos extremamente pessoais,
como nossos problemas, anseios e afins (sim, ainda não havia aprendido a
lição. Como pode, né?!?!?!). Vou chamá-la de Daniele.

Daniele estava passando por uma fase muito ruim em sua vida, então de
certa forma, apegou-se a mim. Finalmente, marcamos de sair e quando
cheguei, mal pude fechar a boca... que mulher incrível, meu Deus! Estava ali,
num bar de rock, fumando um cigarro, com seu olhar imponente, batom forte,
cabelos loiros, cacheados e selvagens e um visual digno de primeira dama de
motoclube. Meu coração acelerou na hora... não apenas por ser uma mulher
lindíssima, que para mim, estava mais pra deusa, mas sim pela presença,
charme, um jeito irreverente, digamos, quase sobrenatural e também porque
tinha a imagem, que para mim, era perfeita: A roqueira selvagem.

Fiquei atônito, observando aquela mulher e quando finalmente volto a


mim, ela me nota, sorri e vou até ela, transbordando minha recobrada
confiança. Tivemos um encontro maravilhoso, algo surreal, digno daqueles
livretos de romance, que nossas mães liam (risos).

Daniele me contou sua vida, que tinha uma filhinha, que era enfermeira,
amava um bom rock (sério?! Nem notei haha) e amava ler. Talvez seja pelo
signo — ou não —, mas como eu, era uma baita tagarela, uma geminiana
tagarela.

Quando deu duas horas da manhã, disse que teria de sair, pois teria que
estar no hospital às cinco. Isso me deixou mais animado ainda, afinal, ela nem
dormiria e trocou seu sono para estar ali, comigo. E mais uma vez — e não
deve ser novidade para você —, meu confidente e amigo leitor, eu estava
apaixonado. Mal cheguei em casa e pus-me a escrever; escrevi logo duas
poesias.

201
ODE POÉTICO IX
ENTÃO FECHEI MEUS OLHOS
Então fechei meus olhos
e do fundo do peito desejei
um grande amor encontrar;
o que preenchesse minha vida,
meus dias sóbrios e sombrios...

Então fechei meus olhos


e do fundo do peito desejei
encontrar alguém que me mostrasse
que era ainda assim possível ser feliz
sendo quem sou,
de bem comigo mesmo.
Alguém para estar ao meu lado,
acordar comigo toda manhã
pra me tirar do vazio desse leito
chamado solidão,
que me apodrece o peito.

Alguém que eu possa lutar,


alguém que eu possa contar,
alguém que não suma
quando com meus demônios se deparar.

Então fechei meus olhos


e do fundo do peito desejei
não confundir as coisas,
depositando o peso em alguém
e na pessoa errada confiar.

Sentir todo o processo,


todas as dores e no fim, me machucar.
Então apareceu você,

202
toda linda a me encarar,
sorriu pra minh'alma,
ao passo que me fez corar.
Com seu olhar, comprou os meus sonhos,
domou os meus medos
e sem querer ou querendo, não sei,
me tirou do abandono.

Mostrou pra mim sua face;


confiou os seus segredos
e pela primeira vez,
percebi não tinha medo.
Aquela sensação gostosa...
será que eu tava errado?
Não queria acreditar,
acontecia, respirei fundo...
Eu estava apaixonado...

E então fechei meus olhos


e do fundo do peito desejei
que dessa vez desse certo,
que eu não prove da agonia
de provar essa magia,
pra depois eu descobrir,
que não era correto.

Então fechei meus olhos


e do fundo do peito desejei
que você também me amasse
e um dia se entregasse,
que pra mim provasse,
que era a realidade,
que de um vil sonho acordei.

203
Que você me desse a chance
de mostrar que a vida pode ser linda e encantar,
que posso ser o melhor e jamais te machucar.
Que o amor nos é merecido,
a felicidade, nosso destino,
que basta apenas acreditar.

Então fechei meus olhos


e do fundo do peito desejei...

204
ODE POÉTICO X
VAI DAR ROCK
E esse cheiro de cigarro
que me persegue
e é sempre assim,
traz controle sobre mim,
vai dar rock!

Um sonho, uma ilusão,


uma luz e escuridão.
Dois buracos vazios,
buscando um no outro
o que faltava e emanava do coração...
vai dar rock!

A bela e a fera;
a fera e o belo.
Ambos decididos a iluminar o caminho,
a sonhar e acreditar,
a lutar e enfrentar seus demônios
e se encontraram ao luar...
uma batida encantada...
vai dar rock!

Sorrisos e bebidas,
gargalhadas e lágrimas,
lágrimas presas,
pois soltas, iriam machucar.
Sensualidade no sorriso e olhar...
A preocupação que paira no ar...
vai dar rock!

Cérebros fazendo amor,


corações em ciranda, girando em torpor.

205
Duas vidas, dois sonhos, uma ligação...
nascia ali a esperança de dias melhores,
acontecia.
Vai dar rock!

Daí acabou!
Um encontro de amor,
de sonhos, ambições,
bebidas e cigarro mentolado.
O melhor encontro que se poderia ter,
sem nada demais a acontecer;
demais para olhos desatentos, destreinados,
um futuro abençoado,
vai dar rock!

Um abraço, uma despedida,


duas vidas de tristezas despidas
para do casaco do amor vestir;
se assim tiver de ser,
vai dar amor,
vai dar rock!

Agora estou com este na lembrança,


o encontro perfeito,
gravado no peito,
que vive a me seguir,
vai dar rock!

E esse cheiro de cigarro


que me persegue
e é sempre assim,
traz controle sobre mim...
vai dar rock!

206
MAIS UMA DECEPÇÃO PARA A CONTA
Como sempre, meu total despreparo com situações de apego, com meus
sentimentos aflorados e com minha relação com mulheres que me “fisgaram”,
me fizeram “meter os pés pelas mãos” e ela, claro, logo notou. Daniele passou
a ficar mais evasiva e fria e mais uma vez, ao sentir o vácuo, de tempo, presença
e dedicação, passei a cobrar ainda mais atenção e isso só me desvalidou cada
vez mais.

Observação: Quando você cobra afeto, atenção, atitude, reciprocidade ou


quaisquer coisas no tocante às relações que mereça, você mostra como aquilo te falta,
logo, passa a ideia contrária da abundância, passa a ideia de escassez, que está em
escassez do que necessita e se está, logo, não tem nada de bom. Isso afasta ainda mais a
mulher. Entenda que atenção, carinho, reciprocidade e afins, não se cobram, mesmo que
seja obrigação, deve ser dada de bom grado. Se você cobra, demonstra carência e quem
carece de algo, não tem abundância e por conseguinte, não tem poder e o poder é o que
atrai. Espero que seja safo, seja sábio e aprenda com meus erros. JAMAIS COBRE POR
NADA DISSO! Isso só tira o seu valor e drena sua atratibilidade.

Nossa relação foi de, conexão profunda e sexual, para, eu sumir por um
tempo e ela, na carência, me chamar e quando satisfeita, sumir novamente. Eu
me deixei entrar nesse looping de humilhação e falta de autorrespeito; me
permiti isso.

Após algumas semanas, quando sumi por um tempo, ela me mandou


diversas mensagens e me chamou para sair. Mesmo lugar, mesmo horário e
encontro semelhante, mas com uma diferença: Ela me beijou! Isso me pegou
de surpresa. Não estava esperando ser tomado por tal atitude, o que fez com
que eu perdesse meus planos e jogo de cintura. Beijamo-nos mais algumas
vezes, ela até falou de sexo e coisas afins e mais uma vez, me iludi pelas
expectativas e a promessa mental de que tudo seria diferente. Saí
extremamente tarde de lá. Não havia mais ônibus e com o celular descarregado
para chamar um carro, tive de andar durante quase 5 horas, até chegar em
minha casa. Após mandar mensagem, a decepção: Daniele parou de me
responder da forma cordial que havia voltado. Foi seca, fria e distante.

207
Mais uma vez, a realidade estava me estuprando — e sem vaselina — (tá,
pode rir, eu deixo hahaha).Tivemos uma baita discussão por conta dessa
mudança de atitude e ouvi tanta coisa que jamais ousaria pensar, que fui às
lágrimas, assim que desligou. Isso me deixou mal por muito tempo, mas decidi
findar ali mesmo essa história.

Nos falamos algumas vezes mais, mas sem muita delonga. Ela, inclusive,
foi em meu aniversário, o que fez meu coração acelerar, mas ali mesmo, para
mim, foi o ponto final e falarei o porquê. Vi que não era para ser e ela deixou
claro estar gostando de outro homem. Então nesse dia, ficou claro que estava
encerrada essa história de amor ilusão.

208
ODE POÉTICO XI
DANIELLE, ABRO MÃO DE VOCÊ
Não adianta nada sentir o que sinto
e tenho de entender,
por isso vim aqui dizer:
Danielle, abro mão de você!

Não sei como cheguei aqui.


Carência minha, talvez.
Desejo de redenção ou descansar,
quem sabe ter afeto e atenção...

Me gabei por anos.


Bad boy descontrolado,
cafajeste desapegado;
tipo certo de cara errado.

Quantas apaixonadas,
desesperadas pela minha atenção
e agora por carma talvez,
sou eu correndo atrás de um coração.

Meu corpo inflama de paixão,


o desejo de ser grande;
a vontade da redenção,
de ser alguém melhor.

Me peguei a pensar que


pra com você ficar,
eu teria de me reinventar.

Ser um melhor eu, minha perfeita versão,


evoluir num homem de verdade;
voltar a ter um coração.

209
Mas tenho de te remover,
de minha mente extrair
ou não consigo focar em pensar em evoluir.

Sua imagem me queima,


sua ausência me desespera;
é como se eu perdesse tempo
e no peito cavando uma cratera.

Mas quanto mais corro, mais te afasto;


vejo que minha vida fora uma mentira
contada por um palhaço...

Desafiado por moldar uma boa alma,


dela fazer seu soldado; domador de amores,
causando dores e o peito moldado em estardalhaço...

Mas tenho de te tirar de minha mente,


por hora desistir de você;
focar em mim e dessa vez, saber como viver.

Ou talvez infelizmente deva admitir,


que pode ser para sempre, te deixo ir,
mas enfim, meio contente por conhecer-te,
tenha me mudado e o desejo iniciado,
de minha melhor versão...
obrigado!

Mas não adianta nada


sentir o que sinto e tenho de entender,
por isso vim aqui dizer:
Danielle, abro mão de você!

210
211
VAMOS FALAR DE EVOLUÇÃO?!
Vamos sair um pouco da cronologia para falar algo de suma importância:
O desenvolvimento. O desenvolvimento é de tamanha importância no quesito
atração e sedução. No caso da passiva, principalmente, afinal ela não necessita
de técnica, mas alta performance, que é obtida através do refinamento ou seja,
desenvolvimento.

Quando você cuida da sua imagem, da congruência com seu estado


mental, sua personalidade, seu estilo; automaticamente, você exala identidade.
Identidade é algo de extrema importância e se você não a tem, você está
perdido nesse mundo. Ou você dita as regras ou você faz acontecer, deixa sua
marca na história, cria seu legado ou então você não poderá reclamar do que
lhe é ofertado.

O mundo pertence aos tubarões e você não pode ser uma sardinha ou o
que é pior, uma sardinha tentando bancar o tubarão. Você será motivo de piada
e após divertir a todos, devorado. Assim como não dá para ser um tubarão
nadando entre sardinhas ou achando que é uma sardinha.

Entenda, tubarão nada com tubarões, pensa como tubarões, se alimenta


como tubarões e por isso, tá no topo da cadeia alimentar dos oceanos.

Se você não é alguém capaz de impactar a vida das pessoas, de


comandar, você apenas é alguém que segue, que é comandado, o que não tem
problema, mas só não deve reclamar.

— Okay, Jean e o que faço para ser um tubarão?

Boa pergunta, Jovem gafanhoto! Com evolução! Com desenvolvimento.


Trabalhe sua imagem, seu pensamento, afinal se você não sabe quem é, se não
tem uma boa relação consigo mesmo, se não se respeita, se não se vê como
alguém grande, o mundo também não verá e o mundo, com certeza não o fará.

O mundo te vê da forma que você se vê e te trata da mesma forma que


você se trata.

212
Além de sua imagem e Mindset, sua aparência. Não ser bonito, não é
desculpa para não se cuidar, para não investir em seus pontos fortes e trabalhar
nos fracos. O charme visual vem do trabalho feito na aparência, não da estética
propriamente dita.

Trabalhe sua comunicação, afinal precisa ser ouvido, ser visto, para
então, ser notado, lembrado... não tem noção do poder de atração de alguém
que fala bem, sabe se expressar, sabe o que quer, além de se impor. Então aqui,
é uma questão de uma boa linguagem corporal, de uma boa dicção
(pronunciação correta das palavras, boa articulação fonética), altura.

Falando em comunicação, saiba que ela é apenas 7% falada, a grande


parte é não verbal. 55% é a sua linguagem corporal (sim, seu corpo fala) e 38%
entonação (altura da voz, velocidade etc).

Já falei isso antes, mas imagine aquela mulher lindíssima e então você
olha com desejo para ela e fala que ela é feia. Ela não irá acreditar e por quê?
Porque seu corpo disse o contrário!

Agora imagine que você olhou para uma mulher nada bonita com nojo e
diz que ela é bonita. Certamente não irá “engolir” essa, afinal não foi isso que
seu corpo falou.

Viu só? O que sai da sua boca, deve estar congruente com o resto ou não
será validado, não terá importância. O que manda na comunicação é a
linguagem e entonação.

É importante também investir em conhecimento, pois isso te faz abrir


portas e sim, conhecimento é poder. Estude! Se aprimore!

Trabalhe, por fim seu traquejo social. A habilidade de conversar,


interagir e influenciar pessoas, é o que te fará rico, seja com vendas, seja criando
pontes e parcerias e amigo, network é o segundo, ao meu ver, maior ativo após
o tempo. Como gosto de dizer, quem tem amigos tem tudo e quem tem
contatos, tem o mundo. Aprenda a socializar já!

Enfim, evolua, crie sua marca e deixe seu legado!

213
O PRIMEIRO RAIO DE SOL
DO PRIMEIRO DIA DO ANO
Não tem como eu falar de desenvolvimento, de evolução, de Mindset,
sem falar na minha trajetória no Marketing multinível. Este é um modelo de
mercado fantástico, que não apenas fomenta um certo acúmulo financeiro, mas
ensina ferramentas fantásticas e mais que essenciais, no tocante às relações
humanas para negócios, como a criação de network, liderança, vendas, criação
de rapport, além das várias palestras e treinamentos empresariais.

A gente lê constantemente livros de inteligência emocional, financeira,


empreendedorismo, gestão de pessoas e recursos, logística, economia,
investimento... rapaz, é tanta coisa que se eu continuar aqui, terei de escrever
outro livro, só sobre isso. Mas o que mais gosto é a base que você cria para
absorver isso tudo.

Você obrigatoriamente se torna uma pessoa melhor no processo, quebra


mitos e crenças limitantes e passa a ser moldado em uma pessoa de sucesso. A
caminhada é dura, é árdua, mas vale muito a pena e a empresa que fiz parte
um dia, é uma empresa muito especial e para sempre estará em meu coração.
Falo da icônica Grupo Hinode.

Meu primeiro contato com esta maravilhosa empresa, foi em abril de


2014. Um rapaz que havia trabalhado comigo numa das escolas que citei no
início deste, me chamou para conhecer. Matei as últimas aulas e fomos.
Chegando lá, confesso que fiquei maravilhado com tudo...

Mentira! Eu não entendi foi nada. Haha

Só vi um monte de gente super animada e falando de mansão, carro,


dinheiro, pontos, maquiagem e perfume. Eu estava louco para ir embora, mas
educado, continuei. O ruim é que chegamos no final da apresentação e isso fez
com que eu, obviamente, não entendesse nada.

214
Saí de lá com a sensação de ter jogado meu tempo no lixo e meu amigo
me perguntou o que achei e com qual combo entraria, que era melhor o de R$
1500. Disse para ele que não teria como; que eu era tatuador, estava cursando
biomedicina e vender cosméticos e colocar pessoas para fazer o mesmo, não
tinha nada a ver comigo.

Na verdade, é porque simplesmente tinha outra expectativa; cheguei


faltando 10 minutos para acabar e fiquei desconfortável com aquele povo todo
gritando. Então é nítido que não absorvi a ideia.

Vamos para agosto de 2015. A firma que meu pai tinha, havia quebrado,
os trabalhos ficaram escassos e o país estava na recente crise. Um amigo, um
de meus pupilos, o Areb (lembra dele?) disse que haviam apresentado para
seu pai uma empresa fantástica que mexia com perfumes e maquiagens; a
Hinode (ainda não tinha “Grupo” no nome). Ele ficou falando com muita
euforia e convicção, só que eu não quis me abrir e já deixei claro:

— Areb, cara... ano passado, quando um cara que ganhava quase 30 mil, me
falou para entrar, não entrei... por que agora será diferente?

— Éh, mano, mas...

— Mano, não! Não quero ficar vendendo perfume, maquiagem... eu faço curso
na área da saúde; eu tatuo; isso não tem nada a ver comigo.

Então Areb foi incisivo.

— Jean, você tá tatuando no momento?

— Não estou, mas...

— Cara, não tem mais! Você não tá trabalhando e precisa gerar renda pra tua
casa. Você é o homem da casa.

— Hmmmmm... Éh... — aqui, ele me pegou de jeito... e continuou.

215
— Jean, quem tá com fome, não escolhe o prato. Além do mais, podemos fazer
assim: Você treina em vendas minha equipe e te dou uma porcentagem, que
acha?

— Posso pensar.

— Vamos fazer assim: Amanhã às 11h, você vai lá em casa e meu pai te explica.

— Tá, vou lá, mas não garanto nada. Vou pra conhecer.

— Ok! Mas só vá de mente aberta!

— Tá bom!

Amanhecendo o dia, me preparei e fui para a casa dele, que não era
distante da minha e após 10min, cheguei. Seu pai, que era pastor e vendedor,
era então, uma pessoa bem influente e sagaz. Vamos tomá-lo por Edson.

Edson era um homem de meia idade e perspicaz. Sua dialética era


assustadoramente impactante e por momentos, incisiva. Eu mal tive chance...

Ele me apresentou o plano do começo e tocou na ferida da maneira


correta; explicou-me como era o negócio de fato. Que foi a empresa que há 27
anos (na época) criou o “Doutorzinho” (aquele produto maravilhoso de
massagem, que acredito que todo brasileiro já teve em casa; feito de arnica,
mentol e afins) e a partir dele, vieram outros produtos e contou a história da
empresa; que surgiu do sonho de uma costureira e um torneiro mecânico sem
escolaridade.

E que era uma empresa de venda direta, do mesmo segmento de outras,


como Avon, Natura e O boticário, mas que em 2008, entrou no marketing
multinível, um modelo inovador, que usa dos próprios consultores para fazer
o marketing e os mesmos, podem criar equipes de vendas e ganhar a partir do
esforço conjunto, além do individual.

Aí ele questionou-me se eu gostava de ganhar dinheiro, se tomava


banho, escovava os dentes, se gostava de andar cheiroso e com as palavras

216
certas, foi ganhando minha atenção, afinal como falar não para quaisquer
dessas perguntas?!

Ele me fez ver que não era a questão de trabalhar ou não com cosméticos,
mas sim de ganhar dinheiro, afinal se as pessoas tomam banho, se o Brasil era
o 3º maior consumidor mundial de cosméticos, daria para ganhar dinheiro com
isso.

Eu entendi isso. Se pessoas compram cosméticos, é um mercado


vendável e mulheres deixam de ter algo que nós consideramos de suma
importância, para ter o batom, os demais itens de maquiagem e eu poderia
ganhar dinheiro com isso.

Entendi também que não importa o tamanho da crise, que as pessoas


nunca deixariam de comprar produtos de higiene, beleza e perfumaria ou seja,
é um mercado sólido.

Quando me explicou o corte dos custos logísticos, aí a coisa melhorou e


vi que realmente não é sobre trabalhar com cosméticos, mas gerar uma renda
residual, ganhar dinheiro. O produto não sairia da fábrica, para o distribuidor,
depois para o varejo e só então para o cliente final, mas sim da fábrica, para o
cliente final, passando por nós. Isso me fez ver que eu poderia não apenas
vender, mas usar produtos bons, com preço de fabricação e logo, lucrar 100%
sobre eles.

Aí o Edson disse que se eu tivesse alguém na equipe que ao menos


comprasse para uso próprio, eu ganharia centavos por cada produto que
comprasse; se eu colocasse alguém que amasse vender, eu ganharia bem mais,
afinal seriam vários centavos e se achasse alguém empreendedor o suficiente,
poderia ter em minha equipe várias pessoas, fossem elas meros usuários,
vendedores ou quiçá, geradores de equipe.

Ele começou mesmo a me ganhar, quando disse que ninguém ganharia


em cima de ninguém, que quem se esforçasse mais, ganharia mais,
independente da posição na equipe, que se eu não trabalhasse e colocasse uma
pessoa muito boa, que trabalhasse muito, ela ganharia bem mais que eu, mas
que se eu fosse capaz de colocar várias pessoas dessa e as guiasse e ensinasse

217
a serem independentes e formarem pessoas também independentes, eu estaria
feito. Eu fiquei extasiado, mas o golpe final foi quando ele tocou na ferida, me
mostrando que eu não estava satisfeito com a vida que levava e talvez essa
fosse a oportunidade que eu esperava e não custava tentar, principalmente
quando vi a filosofia da empresa, baseada em valores familiares.

Começando pelo nome, já que Hinode é em japonês: “Primeiro raio de


sol do primeiro dia do ano” ou seja, a primeira oportunidade do ano; promessa
de mudança. A empresa se baseia em ajudar as pessoas e isso me atraiu, ainda
mais em minha fase, que era ajudar, ser mais empático.

Eu, na mesma hora, disse que toparia, mas como iria entrar, sendo que
não tinha um centavo e o combo de produtos para entrar, custava R$ 2200?!

Então eu não dormi aquele dia e acordado até de madrugada, comecei a


conversar com vários conhecidos, para contar a novidade e convidar para o
negócio (se você está iniciando em qualquer empresa de multinível, não faça
isso, não é profissional e você se queimará, frustrará e então desistirá) e é claro
que não obtive o resultado desejado, mas não desisti e falei com um conhecido,
que eu sabia que amava empreender e teria como conseguir o dinheiro.

Ele adorou a ideia e no dia seguinte, foi à minha casa e juntos, para a casa
de Areb. Chegando lá, Edson, juntamente ao seu líder, explicaram todo o plano
e assim como eu, “Jairo” estava focado, encantado, contudo sua namorada
“Tamara”, só queria ir embora.

Jairo havia me contado que ela gostava muito da Disney e quando


chegou na parte do plano que falava sobre a premiação que levava para a
Disney, interrompi o líder e foquei nisso, direcionando para ela, que passou a
prestar a atenção e simplesmente pulou e gargalhando, disse:

— Amor, eu quero ir pra Disney! Entra, vai! Eu te ajudo!

Observação: As pessoas compram ou se movem para evitar uma dor ou ter um


prazer, quando você descobre o que a motiva, o que a move, logo poderá influenciá-la.
Tamara sempre sonhou ir para a Disneylândia e foi o que usei para ter sua atenção.

218
Assim ele topou entrar e já nos acompanhou numa reunião; um evento
sensacionalista e mágico, vibrante, onde todas as pessoas pareciam
exageradamente felizes e agora, entendíamos o porquê. Ao final, chegamos no
palestrante, um homem que ganhava cerca de 150 mil e era parente do Edson
e perguntei se ele poderia pagar meu combo. Era o mesmo cara que falou
brevemente comigo, um ano antes, quando ganhava cerca de 30 mil — Seu
nome é Marcelo Barros, na época, imperial diamante do Grupo Hinode —. Ele
disse então:

— Jean, eu entendo seu esforço, de longe, você é a pessoa com mais fogo
aqui e é justamente a pessoa que quero em minha equipe, mas pagar seu
combo, não pago, pois além de R$ 2000 ser muito dinheiro, você, por não sentir
o peso no bolso, não dará o devido valor e assim, não trabalhará com afinco e
logo desistirá. Se eu fizer isso, meu caro, irei matar o seu negócio, mas eu vou
fazer o seguinte: Apareça no meu prédio amanhã às 20hs, que eu te darei 22
perfumes e ao vendê-los, terá o valor do seu combo (na época, o valor era R$
100).

Observação: Quando você não se sacrifica por algo, não sente o peso, não há
desafio — e isso vale para tudo na vida —, você não dá valor, seu subconsciente não vê
como algo importante, afinal tudo que é importante, é de difícil acesso e então ao receber
algo valioso de graça em todos os sentidos, você desvaloriza sem perceber. É como diz o
ditado: “O que é de graça, não damos valor”.

Então fui com minha namorada, a Patrícia, pegar os perfumes e então


pegamos um para cada e começamos a vender os demais. Acontece que não
fazíamos da maneira correta e demoraria muito, então o Jairo fez um
empréstimo na Caixa para nós, sendo o meu, o primeiro.

Mas então Edson cadastrou Jairo e Tamara abaixo dele e basicamente,


perdi meus primeiros “downlines”, ou como também são chamados, “linha
descendente”. Fiquei extremamente frustrado e abandonado, então lembrei
que um outro amigo, o Gustavo, meu ex pupilo, que também estava no negócio
e por ser bem enérgico, eu não me sentiria abandonado e fui falar com ele.

219
Expliquei ao Gustavo toda a situação e que queria migrar para sua
equipe, que também estava abaixo do Marcelo Barros, porém sob outras
lideranças. Ele disse que falaria com seu líder, um ouro recém formado. Disse
que seu nome é Douglas.

Acontece que nem ele e nem o Gustavo entraram em contato, então fui
no Facebook do Gustavo e digitei Douglas; apareceram alguns e fui em cada
perfil ver similaridades com o negócio, até que achei um que até batia com a
descrição e enviei em seu privado:

— Boa tarde! Me chamo Jeânderson Douglas e sou amigo do Gustavo; não sei
se é você a pessoa em questão e caso não, me desculpe! Caso seja, sou o rapaz
que o Gustavo falou que quer migrar para sua equipe. Gostaria de marcar uma
reunião para falarmos melhor. Eu estarei até tarde da noite na academia de
artes marciais Fight Club Marcelo Tigre. Caso seja você, poderia ir amanhã por
volta das 18h encontrar-me? Caso não, por favor, desconsidere esta.

Passei o endereço e aguardei. Pensar que não, ele apareceu, esperou meu
treino e fomos para sua casa, onde Gustavo esperava e falamos sobre como
sucederia essa migração.

Douglas me deixou super confortável e confiante e disse que me ajudaria


e que cresceríamos juntos, que ninguém fica para traz.

Então fui falar com o Marcelo Barros, para explicar a situação e dizer que
gostaria de trocar de “linha” e se ele poderia ver como poderia fazer isso. Ele
disse que veria com a diretora de marketing tal possibilidade e que me
retornaria. Enquanto isso, passei a andar junto do Douglas e já o considerava
meu líder.

Após umas semanas, finalmente consigo a resposta do imperial e ele me


diz que infelizmente não é possível migrar o ID entre equipes paralelas, apenas
entre linhas abaixo e acima e que eu teria de comprar novamente o combo e
me cadastrar no CPF de minha mãe. Aquilo foi um choque, pois até então eu
não havia obtido o sucesso, mas acreditava fielmente na empresa, na filosofia
e no Douglas; então passei para ele, que nada abalado apenas disse que me

220
passaria os produtos, eu divulgaria, juntaria o dinheiro e ao final, pegaria meu
kit, meu combo e após, devolveria os produtos dele.

Assim fiz. Me cadastrei abaixo do Gustavo e faltando um dia para expirar


meu cadastro, consigo o valor, pego meu kit e meu combo de produtos,
devolvo os produtos do Douglas e fico bastante feliz, mas enquanto vendia, já
estava aprendendo a fazer equipe e nesse ínterim, chamei meu primo,
cadastrei-o e ele entrou da mesma maneira que eu, só que pegou seu kit e
combo antes; ele chamou seu cunhado e outro amigo também, que acabaram
entrando da mesma maneira; então quando peguei meu kit e meu combo, bati
não apenas o primeiro nível da empresa; de master, como o segundo, o extinto
bronze.

Assim minha equipe foi crescendo, atingi o nível de prata e sem perceber
estava com uma equipe enorme, com vários níveis.

A Hinode foi um verdadeiro marco em minha vida, pode-se dizer que


me fez quem sou. Aprendi através de palestras, livros, filmes, eventos e afins,
sobre inteligência emocional, financeira, empreendedorismo, gestão, logística,
vendas e a me adaptar com as pessoas e isso é o legal desse tipo de mercado;
para lidar com pessoas, você precisa se tornar uma pessoa melhor, então
evolui. A Hinode me fez conhecer pessoas mais que incríveis e agora, falarei
um pouco de uma delas, meu ex líder, Douglas Santos.

221
IMPLACÁVEL MENTOR
Douglas Santos foi um mentor incrível, que apesar de ser apenas dois
anos mais velho que eu, me ensinou coisas mais que incríveis e sempre terei
um enorme apreço por ele e parte de minha formação, devo ao mesmo. Tive
alguns mentores ao longo da minha vida. Autores de livros, meu pai e o
Douglas.

Falando desse, aprendi na prática, lidando nas piores fases de minha


vida, nas amorosas e em perdas pessoais ou fracassos profissionais, depressão,
a escolher ser resiliente, a ser humilde, gerenciar minhas emoções, entender
que mesmo minhas menores atitudes, teriam um enorme peso, num “efeito
borboleta”, desencadeando eventos que poderiam fugir do meu controle, para
o bem ou para o mal.

Me ensinou que todas as pessoas têm defeitos, mas que para elas, podem
ser qualidades ou nem percebem tais características; que julgamentos abrem
precedentes, num efeito bumerangue, para mais julgamentos e que críticas
geram críticas; que falar dos erros das pessoas, apenas atrai suas justificativas
e não conserta a falha.

Com ele, aprendi sobre inteligência financeira e finanças. Não sou


exatamente um expert no assunto, mas ele me fez desejar saber mais e dar
importância ao assunto, além de aprender como trabalhar melhor com as
pessoas.

Bem, o que posso dizer, é que ele foi um grande amigo, um professor
fantástico, um visionário e acima de tudo, um implacável mentor.

Apesar de não ter continuado na empresa — ao menos fazendo equipe


ou vendendo — e mais a frente você entenderá o motivo, tenho em meu
coração e memória, todo o aprendizado, momentos, pessoas conhecidas e
vivências e uma dessas pessoas é esse cara incrível, Douglas Santos, o
implacável mentor.

222
223
O ENCONTRO PERFEITO
Essa é uma história de redenção, recaída e tomada de decisão, a história
da mãe do meu filho; como conheci Érika Christina, a mulher que mais me fez
feliz e triste em toda minha vida.

Após a decepção com a Danielle e alguns casinhos, estava totalmente


desanimado. Desanimado a ponto de preocupar minha mãe. Eu estava,
modéstia parte, transando como nunca, mas amores e momentos fugazes, mais
que efêmeros e para mim, sem vida. Tinder para mim, era um cardápio, onde
eu jurava que iria conhecer alguém especial, mas então meu lado caçador
tomava conta e sem notar, já estava fazendo sexo, fosse na casa da pessoa,
motel ou algum local público, escondido.

Sempre que voltava de um encontro, já em casa, como toda pessoa em


estado de ressaca, prometia dar um tempo e esquecer aplicativos de
relacionamento, mas então batia a carência sob tutela da compulsão pela
conquista e mais uma vez estava eu conversando; conhecendo alguém legal e
novamente, perdendo totalmente o interesse. Numa dessas passeadas, acabei
dando “Match” com uma garota bem bonita, mas aparentemente normal. De
início não dei atenção, fui conversar com uma nipo-brasileira linda, mas que
tava mais fazendo jogo que interagindo e então decidi conversar com a outra,
afinal não estava fazendo nada mesmo...

Fui ver com calma seu perfil e realmente ela era bem bonita, tinha fotos
bem legais e criativas. Gostei porque parecia estar em eventos relevantes e que
eu gostava, também tinha fotos trajada como “dra da alegria” — caso não
conheça, é um projeto onde você se veste de palhaço e vai em hospitais, animar
os dias ruins de quem está em seus piores momentos — e fiquei simplesmente
maravilhado. Iniciei uma conversa e ela era super gentil, educada e inteligente;
divertidíssima, até. Disse que se chamava Érika Christina; era formada em
fotografia, estava terminando o curso técnico de eventos, fazia aula de circo e
ações sociais em hospitais, vestida de palhaça. Érika também era “do rock”,
assim como eu e tinha uma mente empreendedora.

224
Quando dei por mim, estávamos falando por horas a fio, sem notar a
madrugada, até sermos alertados pelo nosso estado sonolento e
“zumbificado”, pela privação do sono.

Era a madrugada de sábado para domingo. Lembro como ontem, dia 3


de junho de 2018. A chamei para um almoço em minha casa, pois iríamos assar
carne e torci para que ela aceitasse, afinal não nos conhecíamos e poderia ficar
receosa e com razão. Mas ela aceitou e fui encontrá-la na parada. Quando ela
desceu, mal consegui disfarçar minha surpresa. Meu Deus! Que mulher
interessante! Era bonita, estilosa, tinha um corpo muito bonito. Cheia de
tatuagens, um cabelo curto descolado, piercing de argola no septo e um visual
digno de uma estilista.

Eu estava bastante nervoso, mas seguimos conversando normalmente e


ao apresentar Érika para minha família, todos a adoraram. Ela almoçou,
conversou por muito tempo e perto do fim da tarde, a chamei para caminhar.
Fomos andando, sem perceber e após algumas horas e cerca de 8km, estávamos
numa lanchonete árabe, comendo um hamburguer e falando mais sobre nossas
vidas. Minha mente suspirava enquanto conversava com ela...

Já pela noite, decidimos voltar seguindo o mesmo trajeto; conversando e


se divertindo. Quase chegando, decidimos parar numa praça, aquelas que tem
uns aparelhos de exercício e tomo coragem para beijá-la, que retribuiu com
gosto e desejo.

Diferente de todas as mulheres que vinha beijando, vinha saindo, não me


senti beijando mais uma, não foi algo qualquer e isso fez com que eu quisesse
continuar. Pego em sua mão e voltamos para casa e eu pergunto se ela quer
dormir lá, pois estava bem tarde para pegar um ônibus e ela, após relutar um
pouco, acaba aceitando. Na rua de casa, percebo que ela estava mancando;
paro e preocupado pergunto o porquê de estar daquele jeito, afinal não a vi se
machucar.

Ela então explicou:

— Lembra que eu disse que fazia aula de circo?

225
— Sim, lembro sim.

— Pois é. Há duas semanas, estava no topo de uma pirâmide humana e caí.


Machuquei meu joelho feio e desde então, tô fora das aulas.

Eu não sabia o que falar, não podia acreditar. Tudo era fantástico demais.
Ela se machucou fazendo algo incrível, mas nem era essa a melhor parte: Com
o joelho lesionado, escolheu me acompanhar e andar por 8km e em momento
algum reclamou; andou mais 8km para voltar e mais uma vez nada falou, nem
tão pouco deixou transparecer. Imagine a força necessária para disfarçar uma
dor, ainda mais que estava de bota... simplesmente a abracei e levei-a para casa.

Começamos a assistir filme com minha mãe e então fiz uma massagem
com gel de arnica em sua perna. Ao passo que estava surpreso e honrado, me
sentia muito culpado. Após horas vendo filmes, juntos, abraçados, não
consegui aguentar e beijei-a. Sabe, foi algo incrível... Meu Deus, há quanto
tempo eu não sentia uma sensação tão boa, tão reconfortante, mas ao mesmo
tempo, tão avassaladora... Terminamos de assistir e quase amanhecendo, levei-
a para um dos quartos e fui para o meu, dormir, após anos, verdadeiramente
feliz.

No dia seguinte, passamos uma tarde agradabilíssima; ela interagindo


com toda a família e até fazendo uma sobremesa para nós: Palha italiana e por
Deus, como estava gostosa... insistiu, ao nosso contragosto, meu e de minha
mãe, para lavar a louça e somente a noite, a deixei na parada e após sua partida,
já senti em mim a cutucada da saudade. Ainda nos falamos bastante por
mensagem, nos conhecendo cada vez melhor, até que a chamei para mais
encontros, onde a tomei por namorada.

226
VOCÊ ESCOLHE AMAR
No dia 12, dia dos namorados, chamei-a para sair, para ir fazer uma
entrega comigo, já que eu nada teria para fazer e ela me acompanhou. Após as
entregas, fomos lanchar e ir à casa de um amigo meu, onde comemos mais e
papeamos por horas, até voltarmos de carro para casa e mais uma vez ela
dormiu, repetindo o clico amoroso da madrugada.

Quatro dias após, chamei para que me acompanhasse em uma espécie de


comício que o então candidato à distrital, Marcelo Tigre havia me chamado.
Seria um churrasco na casa de alguém importante e a levei. Ela, mais uma vez,
estava estonteante e todos os olhos pairavam sobre ela.

Foi a noite toda sendo questionados se namorávamos e porque não,


sendo que éramos tão lindos juntos. No final da noite, deitados juntos no sofá,
vendo filme, pedi para que se virasse para mim, pois queria falar-lhe algo.

Ela assim o fez e muito nervoso disse que a gente combinava muito, que
se dava bem e todos já nos viam como um casal e eu não estava pensando em
ninguém, não até conhece-la e gostaria que continuasse; então a pedi em
namoro, que sem titubear disse um sonoro sim, oficializado por beijos e
carícias, para então ficarmos os dois, de “coração quentinho”, numa conchinha
perfeita.

Fomos levando o namoro da melhor forma que podíamos; com leveza,


compreensão, dedicação, bastante comunicação, intimidade e muita, muita
amizade. Éramos inseparáveis! Ela, por vários momentos passava uns dias lá
em casa, às vezes uma semana e todos já estavam acostumados com sua
presença.

Tudo estava tão lindo, tão perfeito, até que o fantasma do enjoo e da
saturação veio me atormentar, meteu “minhocas em minha cabeça” e fez-me
duvidar se realmente estava feliz, se fui precoce no pedido, se deveria
continuar essa relação. Isso realmente me assustou...

Cheguei a perguntar para minha mãe e irmãs se elas haviam achado cedo
demais o pedido e o que achavam dela. Me responderam que se eu estava feliz,

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era o que importava e que gostavam muito dela, mas somente eu poderia ter a
resposta que precisava e isso me atormentou muito.

Perguntei para uma grande amiga, que aqui trarei como Lucilene, sobre
a questão. Ela, como sempre, foi direta e dura comigo.

— Jean, não tem isso não. O amor não é um sentimento, o amor, Jean, é uma
escolha. Você escolhe amar! O amor é construído através do afeto, do cuidado
constante, da entrega e do sacrifício. Claro que não é nada fácil. Tem dia que
você não quer olhar para a cara da pessoa e tá tudo bem. Tem dia que você
quer estourar com ela e tá tudo bem, mas o que fará a diferença é você sorrir,
mesmo sem estar com vontade, é abraçar, mesmo sem estar afim, elogiar,
mesmo quando quer criticar; não julgar, mesmo que a língua coce para isso; é
perguntar como foi o dia, é ajudar... enfim, Jean, quanto mais você rega uma
planta, mais ela cresce e assim é o relacionamento e é daí que surge o amor e
quando vê, você está amando a pessoa...

— Mas Lu... e se eu conhecer outra pessoa... e se eu gostar dessa pessoa?

— Jean, para! Olha o que você tá falando, cara... pra que você vai abrir portas?
Existem coisas que não se fazem quando se está num compromisso e se você
respeita tua parceira, certamente não fará e Jean, não se coloque em situações
que garantam que você nutra sentimentos por outra pessoa, mas se acontecer,
pare de alimentar. A paixão tem prazo de duração e estar apaixonado, não
significa viver essa paixão. Se entregue, Jean! Se entregue... só se entregue.

— Tá bom! Não sei nem o que falar. Você me fez lembrar daquele filme,
baseado no amor ágape, À prova de fogo; aquele sobre o bombeiro babaca que
tenta reconquistar a esposa.

— Sim, lindo filme! Aprendi muito com ele, mas é mais sobre vivência, sabe...
Eu já tenho 32 anos, já vivi muita coisa; eu sei.

Observação: Diferente da paixão, o amor realmente é algo construído e que se escolhe;


ele surge justamente quando tá findando a paixão. Acaso não temos afeto ao que
dedicamos cuidado, afinco?! O amor não é diferente, ele surge pelo tremendo empenho

228
que dedicamos. Lembra quando eu disse que o que não é “sofrível”, não valorizamos?
Pois é! Se não há sacrifício de alguma forma, se não dedicação, se não há investimento,
não damos a devida atenção, afinal como explicado no início deste livro, somos atraídos
pelo desafio, precisamos dele para que nos sintamos vivos, com propósito; a vida é por
si só um constante desafio... então a premissa vale para as relações. Quando nos
dedicamos a algo, investimos tempo, esforço, paciência, controle e várias outros
cuidados, nutrimos um apego, um forte sentimento de que algo é nosso e então são
liberados diversos hormônios prazerosos, como a dopamina e ocitocina. Passamos então
a querer cuidar e proteger e ver bem o “objeto” amado. E então, chega um momento,
que apenas a felicidade da outra pessoa nos basta, independente se nós estamos
envolvidos nela e isso, meu caro, é amor.

Lucilene era uma mulher muito sábia. Já a conhecia há um tempo; já


quase tivemos um affair, até... ela era concurseira e micro empresária, também
modelo (por sinal, dois anos após, no caso, ano passado, ganhou o concurso
beleza afro). Lu era, além tremendamente inteligente, era lindíssima; o sonho
de todo homem. Eu disse para Érika que não gostava dela, não da forma que
merecia, mas queria lutar pelo nosso amor e ao lado dela, gostaria de
envelhecer. Ela apenas disse que tudo bem, que tudo tem seu tempo e que iria
me conquistar, fazer gostar dela, como ela gostava de mim. Isso me deixou
muito feliz. Então passei a praticar tudo o que a Lucilene me falou e confesso
que ao menos minha preocupação diminuiu bastante e pude ficar mais
tranquilo, enquanto vivia minha mais nova história de amor. O resultado não
poderia ser outro, se não um Jeânderson mais limpo, mais livre e sem tantas
expectativas, apenas vivendo o momento.

No final do mês, Érika foi para o evento Campus Party Brasília, como
assistente de produção, ou Staff, como queira chamar. Ela passou uns cinco
dias lá, dormiu no evento e nesse tempo, continuei semeando o amor em nossa
relação e com uma semana, notei que não era a mesma coisa; conversar com
ela à distância. A queria ali, comigo... nem notei e já sentia sua falta.

Quando acabou o evento e meu amor (sim, já a via assim), finalmente


estava livre para meus braços (piegas, eu sei, mas era como me sentia), para
aplacar nossa saudade. Marquei para que ela fosse assistir o jogo do Brasil lá
em casa — não que eu quisesse ver o jogo, já que não curto futebol, mas era

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uma desculpa para ela ir —; ela foi e após nos abraçarmos, matarmos a
saudade, um amigo me chamou para ajudá-lo a escolher umas roupas, pois iria
viajar e a levei comigo. Num determinado momento, dentro do carro, dei um
selinho nela e pela primeira vez, meu coração acelerou e acelerou como nunca.
Percebi, naquele momento, que estava apaixonado por ela. Contei todo feliz e
fui recebido com tanto ardor por ela, que fiquei ainda mais extasiado. Então
estávamos os dois completamente apaixonados e fazendo mil planos juntos.

Os meses foram passando e nosso namoro foi ficando cada vez mais
sólido e avassalador, estávamos cada vez mais apaixonados. Em seu
aniversário de 23 anos, em agosto, fiz uma surpresa incrível. A busquei em seu
trabalho, tarde da noite e a recebi com um desenho grande e realista de seu
falecido avô, vestido de Capitão América (Seu avô a criou como filha, já que o
pai era falecido, juntamente à esposa, sua avó. Então “Seu Antônio” era o pai
dela, mas no início do ano que nos conhecemos, faleceu, o que deixou um
enorme buraco em seu coração e Capitão América é seu herói favorito, então
essa junção tornou tudo muito especial e confesso: Deu muuuito trabalho).

Ela ficou extasiada, e ao chegarmos em casa, ela foi recebida por um bolo
que minha mãe fez. Foi perfeito. Tudo estava indo bem, até tomarmos a decisão
de morarmos sozinhos. O intuito era sairmos de casa; queria ter meu lugar,
minha independência e ela, sair do lugar que só lembrava da falta de seu avô
e então propus dividirmos um aluguel. Ninguém viu dessa maneira, já nos
tratavam por um casal amaseado, como casados. Pensamos e vimos que era
correto e lógico, afinal éramos um casal e dividiríamos um lugar. Fomos
avisados de que esse passo seria muito grande, que deveríamos esperar,
inclusive o Douglas nos disse, mas a gente não ouviu, afinal nos dávamos tão
bem, não enjoamos um do outro, na verdade, cada vez mais apaixonados, o
que poderia dar errado?

Passamos as semanas seguintes procurando aluguel e quando achamos


um e fechamos com a dona, já em setembro, minha mãe nos convenceu a
morarmos com ela e tudo daria certo; disse ela que ficaria mais que feliz em ter
nós dois por lá. Pensamos e mais uma vez, o que poderia dar errado?

230
A PRIMEIRA GRANDE CRISE
Ficamos animados, pois minha casa era enorme; teríamos um quarto
grande, com banheiro dentro, não pagaríamos aluguel, apenas nossa parte nas
contas; fora o fato de todos gostarem da Érika.

As primeiras semanas foram legais, mas obviamente, não daria certo e


a máxima “Quem casa, quer casa”, nunca fez tanto sentido...

Entenda! Quando você junta com alguém, você está construindo sua
liberdade, suas próprias regras, manias e tudo o que destoa de sua antiga vida,
então quando você continua na casa de seus pais, sob a tutela das antigas
regras, não haverá essa liberdade, não haverá espaço para suas novas regras,
manias e jeito, o que pode gerar os primeiros conflitos e acredite, vai acontecer.

Além do mais, você não tem sua liberdade, seja para discutir a relação ou
até brigar, pois haverá intromissão e os parentes, obviamente, além de se
meterem, ficarão do lado do consanguíneo.

As coisas começaram a ficar ruim, pois em cada questão debatida, minha


mãe levantava a questão de que eu morava lá e devia seguir as regras — e olha
que não as descumpria —, deveria pagar as contas sem atraso — brigava
mesmo bem antes do vencimento — e coisas do tipo, o que já me deixou
chateado e repensando minha escolha, que agora não teria como voltar. Outro
grande problema, era a minha namorada escutar tudo e se questionar onde
havia se metido, então o que antes a fazia sentir-se livre, tornou-se sua prisão
e lá em casa, já não era seu lar.

Érika então passou a ficar reclusa, triste e na sua... a tristeza estonteante


e jeito serelepe passou a ficar condicionado a poucos momentos; já não
interagia da mesma forma com minha mãe, comigo, com o mundo... passou a
ficar mais no quarto, não saía e nem nada e antes, tudo o que fazíamos juntos,
passou a perder a frequência.

Vendíamos muito os produtos da Hinode, apresentávamos juntos o


plano, construíamos métricas e tudo mais, mas ela estava completamente

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desanimada, contida, deprimida; eu a estava perdendo e não via — ou via, mas
fingia que não.

Então, vendo ela cada vez mais fria e distante, sem associar com a energia
lá de casa, acabei fazendo com que meus demônios voltassem e passei a ficar
preocupado, então o Jeânderson confiante, calmo, sábio e inteligente, fez as
malas e seguiu viagem e em seu lugar, deu as caras o Jeânderson que cobra
atenção, julga precipitadamente, critica, compara — e se compara —, briga,
desconfia e com toda a insegurança, mostra-se alguém totalmente diferente do
começo.

Então percebi que ainda não estava curado, que ainda era superficial a
mudança, que eu apenas não havia sido testado o suficiente, para mostrar que
ainda era possível recair; que quando, por algum motivo, a mulher que está
comigo se afastasse, eu não manteria minha inteligência emocional e então,
toda a torrente de emoções negativas, guiadas pela insegurança e despreparo,
mais uma vez, me sabotariam, me fariam pôr tudo a perder.

Mas não estava ruim o suficiente, poderia sim piorar e piorou... Vamos
para novembro, no início, onde ela foi chamada para um evento de rap e me
falou para irmos; combinamos então de nos encontrar lá, pois ela teria de
acompanhar sua avó em um lugar.

Chegado a hora, me arrumei, ajeitei o cabelo e a barba; coloquei minha


melhor roupa e saí para encontrá-la. Chegando na rodoviária, local próximo
ao evento, tento entrar em contato, mas o celular só dava fora de área, o que
me deixou super aflito, afinal como a encontraria no meio de milhares de
pessoas, sem saber sequer onde estaria?

Já passavam das 22h quando cheguei e isso só me deixou mais aflito.


Fiquei preocupado e passei a pensar mil besteiras do que poderia ter
acontecido com ela, se estaria bem.

Vou até o local e naquele mundo de pessoas dançando, fumando e


bebendo, me vi pequeno; era impossível achar alguém ali, mas eu teria de
tentar. Continuei ligando e até o celular parou de chamar. Fui então abordando
várias pessoas, mostrando sua foto, para ver se a viram. Recebi muitos relatos,

232
mas as pessoas estavam tão bêbadas ou drogadas, que era difícil dar alguma
credibilidade para os relatos.

Para meu desespero, meu celular estava completamente descarregado.


Como saí de casa e não vi que a bateria não estava carregada?! E agora???

Procurei manter a calma e pensar racionalmente, o que era difícil, mas


sei que o fiz com eficácia herculana (não acredite nisso, com certeza não estava
nada calmo haha). Passei a abordar diversas pessoas, para ligar para o número
dela, mas só chamava. Em uma das tentativas, pelo WhatsApp, ela responde e
me passa a localização, mas quando chego ao local, ela já não estava.

Então um misto de angústia, preocupação e raiva tomaram conta de


mim. Parei de racionalizar e mil possibilidades passaram por minha mente;
traição, estar me fazendo de trouxa, estar drogada, dopada ou bêbada,
coagida... amigo, eu não sabia mais o que pensar e pensar coisas ruins dela,
estavam me fazendo sentir-me um lixo como namorado, mas era difícil não
pensar, quanto mais eu processava as informações, mais estranho tudo parecia.

Eu não queria desconfiar dela, eu já não sabia o que pensar mais e a


vontade de chorar estava me esganando por dentro. Quando não eram os
pensamentos de desconfiança, eram os pensamentos de que pudesse ter sido
dopada ou que usou drogas e estava totalmente fora de si, o que não ajudava
muito, já que apesar da vida totalmente desregrada que levei por anos, sempre
fui abertamente anti drogas.

Sempre considerei o corpo um templo, que não deveria ser imaculado e


como as drogas fomentam o tráfico e o motivo de usá-las é abastecido pela fuga
da realidade e não resolução dos problemas, com certeza, não haveria como eu
gostar e só de imaginar ela, a pessoa que amava, se drogando, eu via como um
ataque direto aos meus valores e por conseguinte, uma traição.

Já deve imaginar como minha cabeça estava, não é?! Pense que sufocante.
Posso dizer que estava totalmente desesperado e ao mesmo tempo uma
convidada nada esperada apareceu para me abraçar: Uma baita crise de
ansiedade. O resultado dessa equação maluca? Comecei a ficar taquicardíaco,
a vista logo ficou turva, deu falta de ar... eu não sabia o que aconteceria, se eu

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desmaiaria, se gritaria, se socaria o que visse pela frente, se choraria como um
bebê que está com medo, fome e assustado; EU NÃO SABIA DE NADA! E isso
me deixava ainda mais aturdido. Comecei a chamar a atenção de várias
pessoas, alguns assustados, outros preocupados e quando estava preste a
surtar, respirei fundo, parei e procurei relaxar; pensar com clareza no que
fazer.

Afinal independente de traição, de ter se drogado ou algo assim, não


mudava o fato de ser quase meia noite, estarmos em um local perigoso e não
tinha como contatá-la. Então mais calmo, abordei um comerciante e pedi seu
celular emprestado para ligar. Tentei e nada... tentei mais uma vez e então ela
atendeu, dizendo que estava na rodoviária; me falou seu bloco e fui correndo
até lá (após agradecer, claro).

Eu fiquei ansioso, mas ao mesmo tempo aliviado, por saber que ela
estava segura e quando cheguei, ela simplesmente não me falou nada e fiquei
esperando sua reação e não a obter, me deixou furioso. Notei que estava com
cara de sono, com fala meio arrastada e olhos vermelhos.

Você não consegue mensurar a fúria que senti dentro de mim, como vê-
la nesse estado mexeu comigo... e logo disparei:

— NÃO TEM NADA PARA ME CONTAR?!

— Não... não tenho.

— VOCÊ TEM CERTEZA, ÉRIKA?! NÃO MARCAMOS DE NOS


ENCONTRAR NUM PONTO, QUE VOCÊ CLARAMENTE NÃO ESTAVA,
NÃO ATENDIA A P8RR@ DO TELEFONE... VOCÊ SABE COMO FIQUEI
PREOCUPADO?!

— Desculpe...

— DESCULPE?! DESCULPE?! PRA COMEÇAR, ONDE VOCÊ TAVA? E


PORQUÊ VOCÊ DISSE QUE ESTARIA PERTO DA PONTE E FUI EM SUA
DIREÇÃO E VOCÊ NÃO ESTAVA?! POXA, VOCÊ SABE O QUE PENSEI

234
QUANDO FUI, ANDANDO EM LINHA RETA E NÃO TE VI?! POR QUE
SAIU DE LÁ?

— Ah, véi... não sei, eu só andei...

— E ESSA CARA DE NOIADA AÍ? EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ


ISSO COMIGO... POXA, VOCÊ SABE COMO SOU CONTRA ESSE TIPO DE
COISA. POR QUE VOCÊ FUMOU MACONHA?

— Eu não fumei — nessa hora, fiquei ainda mais furioso, porque senti que ela
tava me fazendo de otário, achando que eu era burro, que não sabia quando
alguém tinha fumado.

— NÃO FUMOU?! E ESSES OLHOS? ESSA CARA DE DROGADA, ESSA VOZ


ARRASTADA? TÁ ACHANDO QUE SOU BURRO, QUE SOU OTÁRIO?!
QUAL O SEU PROBLEMA?

— Eu não sei, véeeei! — aqui, ela já estava desconfortável, triste e com medo.

— BORA! VAMOS, ME FALE! EU SEI QUE VOCÊ FUMOU!

— Olha, eu só fumei um cigarro...

— Nicotina???

— Éh...

— P*T@ QUE PARIU, ÉRIKA! NÃO ACREDITO... QUAL É O TEU


PROBLEMA? VOCÊ NÃO FUMA... MACONHA, AINDA ENTENDO,
APESAR DE CONTRA, MAS CIGARRO... MANO, CIGARRO. VOCÊ SABE O
TANTO DE GENTE QUE MORRE POR CAUSA DISSO? MINHA MÃE
FUMOU POR ANOS, O QUE EU ODIAVA E PAROU. AS PESSOAS FUMAM
PELO VÍCIO E AGORA VOCÊ COLOCA ESSA P000RR@ NA BOCA — quem
me conhece, sabe que não suporto palavrão, para eu xingar, já estava bem fora
de mim e gritando, em público... —, O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?!

— Eu não sei... — quase chorando — eu só quero ir pra casa...

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— ANDA! EU SEI QUE VOCÊ FUMOU MACONHA TAMBÉM E QUERO
QUE ME FALE QUEM TE VENDEU, TE DEU, SEJA O QUE FOR!

— ...

— NÃO VAI FALAR, ENTÃO VOU AGORA ESTOCAR CADA


TRAFICANTE QUE EU VIR VENDENDO ESSA PORCARIA — com meu
canivete, que sempre andei, à mostra e eu realmente, na ocasião, quis ir atrás
de todo traficante que visse vendendo droga —, ATÉ ACHAR O QUE TE
PASSOU ISSO!

— Para, por favor! Só para! — quase chorando —, volta aqui...

Eu parei, mas antes, dei um soco com bastante força numa pilastra de
cimento, o que a deixou visivelmente assustada, assim como todos a nossa
volta. Então continuamos conversando, só que agora eu havia parado de gritar
e tava tentando manter a calma, até que um vendedor de doces nos abordou e
friamente o dispensei, mas ele insistiu e quando disse que era para agradar a
namorada, perdi a recém adquirida compostura e o tratei grosseiramente.

— Amigo, já te falei que não quero e você está atrapalhando!

Na hora, senti vergonha pela minha atitude, pois nunca havia tratado
alguém assim, então vi que eu já estava mais do que fora de mim e que
precisava repensar minhas atitudes.

Sabe, quem vê alguém tendo atitudes nada honrosas ou acessos de fúria,


rapidamente julga e deprecia. Assim eu fiz por anos, até ser eu a passar por
isso, a agir de tal maneira. Não vou me justificar, buscando uma sanção divina
para minhas ações deploráveis, não! Todavia, tudo tem um caminho, um
começo, meio e fim; tudo acontece por um motivo, não existe nada sem um
porquê e a reunião de várias coisas acumuladas, desencadeou minhas atitudes
mais que vergonhosas.

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Dentro do ônibus, continuei “passando sabão” nela, como se fosse minha
filha, recebendo um sermão, após o mal feito. Até cheguei a dizer que estava
me segurando para não terminar com ela.

Eu não procurei entender a raiz do problema, como ela se sentiu lá em


casa, que foi o que provocou sua “súbita” mudança; como eu, ao vê-la mudar,
mudei em conjunto — e para pior —, o que a afetou; que ter fumado, foi uma
forma de escapar da realidade e os desencontros, foram apenas desencontros.

Eu me deixei levar pelo meu medo, minhas inseguranças, meus traumas,


minhas emoções e então me permiti ser guiado, como marionete; ao invés de
raciocinar e procurar ver com os olhos dela.

Aquele dia, foi a primeira — e única — vez que matei seu sorriso, mas
para uma mulher, ainda mais uma que passou por muitas coisas, só precisa
uma vez.

Chegando em casa, dormi no sofá e passei o resto do dia seguinte, um


domingo, sem dirigir a palavra para ela, mas calmo, procurei (finalmente)
pensar como ela, ser mais empático (até que enfim) e a culpa passou a
consumir-me.

Eu queria ir até ela e me desculpar, mas sabia que após tudo, precisava
dar espaço e assim o fiz, mas fui ao quarto, levei lanche, depois recolhi e
perguntei se queria algo e a cada meia hora, uma hora, fui até lá, ver se
precisava de algo.

Na última vez, me chamou até ela, segurou minha mão e chorando me


pediu desculpas e me puxou para um abraço, que mais me dilacerou o coração,
do que confortou, pois eu me sentia culpado e ter a sua escusa ali, foi pior do
que a fúria de cem leões e então estava em cacos.

Disse que eu era quem devia desculpas e que nunca imaginei tratá-la
daquela maneira ou tratar alguém daquela maneira e nos beijamos, um
momento cheio de carinho, doçura e choros entrecortados.

No dia seguinte, eu, como todo homem, pós briga, achei que estava tudo
bem e que poderia tratá-la como se nada tivesse acontecido (Se você, leitor, for

237
homem, não faça isso! Repito: Não faça isso!) e era claro que não estava, então
não teve outra: Ela passou o dia na defensiva e o que fiz eu? Fui compreensivo
e dei espaço? Claro... que não!

Eu, mais uma vez, dispensei o bom senso com chute na cara e agi pela
emoção. Eu comecei a cobrar dela o motivo de estar daquele jeito, de se fechar
para mim, sendo que já tínhamos feito as pazes; que não era nada justo e então
Érika começou a se fechar ainda mais em um casulo e foi o começo de seu
hábito de não expressar o que sente, o que incomoda, então assim como fiz
com Paloma, cinco anos antes, comecei a perguntar se ainda me amava etc.

Nota: Entenda! Quando alguém está com raiva, quer tudo, menos ser
questionado sobre os sentimentos por quem o deixou com raiva; ou vai se calar ou dizer
que não.

Ela ficou calada. Repeti a pergunta e mais uma vez, calou-se e ainda
abaixou a cabeça. Furioso, saí de casa e fiquei horas sem retornar. Para piorar,
ainda liguei chorando para sua avó, explicando que ela e eu não estávamos
nada bem. Um erro, que mais tarde, eu pagaria e caro.

Quando eu cheguei, minha mãe disse que logo após minha saída, ela saiu
também e não falou com ninguém e nem para onde ia, apenas saiu. Ficamos
todos preocupados, pois além de ninguém a conhecer, estava de noite e como
havia tido o famoso “saidão”, vários detentos foram liberados.

Saí para procurá-la e nada; ligava e nada; mais uma vez a ansiedade, o
pânico e a culpa, vieram me ver; eu estava com os nervos “à flor da pele” já.

Quando estava para sair pela quarta vez atrás dela, ela chega, nada diz e
simplesmente vai para o quarto, onde se fecha e mais uma vez, me sinto
acuado, pequeno e impotente.

Quando amanheceu o dia, ela fez as malas e disse que passaria umas
semanas na casa da avó e que precisava respirar. Eu aceitei, mas não por muito
tempo, pois a agonia da ansiedade ainda se fazia bastante presente em mim e
sem prévio aviso, ainda de noite, fui até sua avó, também para passar a semana.

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Ela me ignorou e se fez distante todo o tempo, onde tentei aproximar,
sem sucesso — eu não havia, ainda, enfiando em minha cabeça que ela só
precisava de tempo e espaço e eu não dei —. Fiz massagem, o que acabou nos
garantindo uma tarde de amor, mas em seguida ela dispara que nada mudou,
deixando-me em frangalhos.

A semana decorreu dessa maneira, até que ela me chamou para


conversar, para ver se ficávamos bem, o que aparentemente deu certo... ou era
o que pensava, iludido.

No dia após a conversa, ela pede para que eu vá em casa (em outro bairro,
meio longe), buscar uma bota dela, pois iria sair. Vou e quase duas horas após,
retorno com a bota e ao indagá-la, disse que um amigo meu a chamou para
conversar.

Logo saco que era o mesmo amigo que ajudamos a escolher as roupas e
ganhamos umas de presente. Ele era meio carente e apesar de não ganhar mal,
era muito sozinho. Recentemente, o havia cortado, pois ele queria ficar
mandando mensagem tarde da noite para minha namorada, para conversar,
desabafar — que sempre me mostrava — e queria chamá-la para sair sem mim
e até chamar para seu apartamento. Eu sei que ele não tinha intenções escusas,
mas como namorado, não poderia permitir esse tipo de atitude.

Eu não gostei da ideia, mas à essa altura do campeonato, não adiantava


debater, apenas disse que não queria que ela aceitasse ir ao apartamento dele,
apesar de não ter nada a ver, eu não gostaria que isso ocorresse. Mandei
mensagem para ele, dizendo que não a chamasse novamente para seu
apartamento, pois ficaria feio; que não era para levá-la. Ele me chamou de
possessivo, dominador e várias outras palavras, o que me deixou muito bravo
e disse isso a ela; que não era para ela sair. Discutimos feio e ela foi mesmo
assim.

Foram para um restaurante, um dos mais chiques de Brasília, desabafar


com ele os recentes acontecimentos, assim como ouvir seus desabafos.

Eu fiquei desolado e na primeira oportunidade, contei tudo para sua avó


e tia, que preocupadas, tentaram conversar com ela, mas ela demorou e muito

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a chegar em casa e chegando, tínhamos de ir na comemoração do aniversário
de uma de suas irmãs, então não teve como.

Passados uns dias, ela se fechou ainda mais e decidi ir embora, pois
estava me sentindo um verdadeiro palhaço com toda essa situação e não queria
mais alimentar a pena de todos por mim, que já estava grande o suficiente.

Antes de ir, perguntei para sua tia se poderia passar em sua casa, ela
assentiu e após andar por cerca de meia hora, engolindo a vontade de chorar,
chego. Minha intenção era socializar, jogar videogame e relaxar, mas chegando
lá, com o semblante que estava, não bastou disfarçar o sorriso, não bastou
porque simplesmente estava um caco e todos notaram. Fui recebido com caras
piedosas e logo a tia e prima de Érika vieram me consolar e quando me
abraçaram, foi mais forte que eu; não aguentei e chorei; chorei como nunca
chorei antes; chorei tudo que há anos não chorava; chorei por todas as vezes
que deveria, que poderia ter chorado; eu chorei copiosamente e mesmo
cobrindo a cara com o travesseiro, não adiantou, pois tão alto era meu choro,
tão agonizante, tão sofrível, que hipnótico, fê-las chorar junto comigo por
quase cinco minutos. Até os meninos jogando videogame, seu primo e o
namorado de sua prima, quase choraram junto. Eu me senti tão ridículo...

Ao final do dia, ela me ligou através do número de sua prima e esta disse
para que eu fosse firme e não cedesse e eu assenti, convicto de que o faria. A
mensagem dizia para que eu fosse até lá, conversar com ela; perguntei se sua
prima e o namorado poderiam de dar carona e me deixaram na avó, para que
pudesse ter minha conversa. Na hora da conversa, ela fica sem graça, escolhe
bem as palavras e diz que ia terminar comigo, mas ao me ver desistiu, viu que
ainda me amava, que só precisava de um espaço, que eu não dei, não respeitei,
mas esse evento a fez repensar com clareza em tudo e viu que ainda me amava
e não queria desistir de nós. Ela me beijou. Tentei recuar, mas foi mais forte
que eu. Como amava essa mulher! Quando dei por mim, estávamos dormindo
de “conchinha”.

As semanas foram passando, mas ela não voltou comigo, decidiu


continuar em sua avó e o sentimento de estranheza voltou. Não passamos o
natal juntos, o que já me chateou e ela continuava estranha e para piorar,

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estávamos desconfiando que estava grávida; já até havíamos pensado em
alguns nomes e escolhido Antônio Lorenzo, caso fosse menino.

No dia 30 de dezembro, fui ao aniversário de uma de suas irmãs. Nós


não trocamos ideia alguma. Quando eu estava para ir embora, sua mãe me
chama para conversar e pergunta o que estava acontecendo, porque estávamos
tão frios um com o outro; então mais uma vez, envolvi quem não devia e falei
tudo que estava entalado, levando a mãe a chamá-la e pô-la contra a parede,
que escolheu abraçar o silêncio e não dizer absolutamente nada.

Saímos mudos e permanecemos até a hora de dormir. Não quis dividir a


cama com ela, preferi o sofá e no primeiro raio de sol, decidi sair. Apenas dei
um beijo em sua testa e sai. Naquele dia, passaríamos o reveillon na casa de
uma tia minha. Fui e não aproveitei nada e meu primo, tentando entender,
arrancou-me a descrição dos acontecimentos dos últimos três meses e em
momento algum dá-me a razão, pelo contrário, mostra-me o quão egoísta e
insensível fui com ela e imaturo, por envolver a família dela; sua namorada na
época falou o mesmo e então uma cortina caiu diante dos meus olhos, eu vi
tudo por um outro ângulo e me senti muito culpado. No dia seguinte, desejei
feliz ano novo e após um tempo, liguei.

Na ligação, ela disse que algo havia morrido dentro dela, que não era a
mesma coisa, que estava tudo diferente e sentia que não me amava mais e isso
a machucava. Tentei usar razões lógicas para fazê-la entender que ela não
poderia terminar comigo, mas claro, razões lógicas não funcionam para mudar
decisões tomadas pelas emoções e o erro de muitas pessoas nesse estágio, de
término, é tentar usar razões, quando é a emoção do outro que está levando
para a decisão de finalizar.

Após muita insistência, disse que pensaria, mas que eu não criasse
esperança e assim desligamos. Passei os próximos dias tentando “sobreviver”.
Seguindo os conselhos de um terapeuta, que conheci no Wpp, decidi recuar e
apenas esperar, deixar a poeira baixar e focar mais em mim, talvez meditar.

241
ODE POÉTICO XII
LÁGRIMAS E ESPERANÇA NO OLHAR
Eu era um caçador; implacável e insaciável.
Um completo agressor; agressor do amor.
Colecionando corpos... Momentos e momentos;
grandiosos e singelos; sonhos jogados ao vento.

Vivia cada dia com a gana da euforia.


A conquista pelo ego de ter em meu abraço
vários amores; nenhum forte, nenhum belo...

Quando a esperança, através da queda da máscara


da falsa felicidade estava prestes a morrer,
então uma luz sorriu pra mim; aconteceu! Conheci você!

A noite acabou, meu dia amanheceu.


Um ser tão belo e gracioso,
cheio de histórias a contar.
Um sorriso iluminado, que por mim contemplado, roubava meu ar...
Uma explosão de admiração, é o que posso afirmar.
Uma mulher linda, por dentro e por fora...
Com ela quero casar!

Fiz tudo ao inverso.


paixão ainda não tinha, amor ainda não...
Deus, que agonia!
Como posso não sentir nada por ela?!
A doce fada.
Mas meu coração pra mim sorriu.
Ele disse: Vá agora!
Lute por seu futuro!
Faça dela sua senhora!

242
Lutei e dediquei.
Não havia sentimento e pensava...
Como estar com alguém, se não sente nada?
Mas o amor é assim mesmo;
engraçado e sem jeito.
Diferente do que se aprende;
é paciente e não ardente.
Não é o sentir ou o falar,
é a decisão do agir,
a dedicação de querer cuidar;
de ser gentil e respeitar;
de querer com o outro estar.
Se formos pensar, não é assim que surgem as paixões
Ou o gostar?!

Sentimos algo por quem cuida de nós,


se preocupa e abraça nossa dor,
nos faz bem ou seja, quem demonstra o amor.

E foi o que aconteceu...


Minha admiração, fez-me gentil com você.
Carinhoso e dedicado,
não queria nos perder.
Sorria e brincava; cuidava e acalmava.
Até que então Deus disse: É agora!
Ao tomar sua mão, seus dedos entre meus dedos,
meu coração saltava fora...
Te vi diferente, sorria bobo;
um sentimento estridente...
Meu ar faltava... estremecendo me via...
Deus, que agonia!
Não pode ser, estou apaixonado!
Mas é possível?!Fascinante!
Estou encantado!

243
Estava feliz! Oh! Como estava feliz!
Nunca me senti tão feliz!
Um só homem realizado.
Um futuro planejado.

E então ficamos mais juntos


e sem preparo, nos levamos à uma onda de embaraços.
Me permiti seduzir pelos problemas,
não cuidei de você, Amor
e minh'alma me condena.

Tirei seu sorriso.


De castigo, perdi meu paraíso.
Você tá triste e cansada.
Não sente nada, tá acabada.
E agora tô em pedaços...
Sinto sua falta...
do seu abraço, seu sorriso que me enlouquece,
sua voz que me aquece,
seu olhar que rouba minha fala.
Tô sem você e isso me apavora.

Como viver meus dias,


sabendo que roubei minha alegria?!
Tirei meu futuro. Roubei nosso filho,
Antônio, o cara que ganharia o mundo.
A cada palavra, uma lágrima arrancada do âmago do meu ser.
Olho prás paredes da minha alma
e só me vejo com você.

Todos os planos e futuros,


memórias felizes, assim como as cicatrizes,
por erros infelizes de quem não sabia como agir.
Mas quem nunca errou, me diz?!
Se pudesse voltar no tempo, tudo diferente faria;
não permitiria perder-te e ficar nessa agonia.

244
Ah, como amo você!
Sou louco por você!
E se assim puder dizer,
sem te ter, não sei como viver!

Não sei como te pedir perdão


ou me pedir perdão, por me tirar você...

Senhor, o que devo fazer?


Sei que fiz tudo errado, mas daria tudo por uma chance
de consertar o meu pecado.

Queria te fazer acreditar que o amor só deve acabar


por uma grande ferida, da traição ou agressão,
não sendo isso, tudo pode ser reconstruído
e assim continuar...

Mas não consigo!


Deus, não consigo!
Você tá cansada e ferida.
Olha onde fui parar...
Érika, me perdoe!
E se eu tiver a chance de sonhar,
fazer tudo diferente, lutarei para nosso desejo realizar.
Findo esta com lágrimas e esperança no olhar.

245
O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA
Eu estava desolado, completamente carente, triste e sensível... só faltava
as amigas e o pote de sorvete. (risos) Mas decidi pensar na minha relação; o
que deu errado, o que EU fiz de errado. Imergi dentro de mim; eu mergulhei
de uma forma que jamais havia feito. Eu estava crescendo...

Após uma semana sem contato, Érika tentou contatar-me, mas não
conseguiu, pois meu celular estava com problema e eu não recebi suas
mensagens, nenhuma delas, tão pouco sua ligação. Minha mãe chegou em casa
dizendo que ela estava tentando falar comigo, mas eu não respondia. Quando
abri meu WhatsApp, vi a chuva de mensagens meio desesperadas, tentando
marcar um encontro. Marcamos de nos encontrar lá em casa.

Nota: “Mas quando vem a volta, o homem se arruma, faz barba, lava o carro, se
banha, se perfuma... e liga pro amigo, que tanto lhe deu forças e jura nunca mais, vai
perder essa moça... e a mulher se abraça, à mãe diz obrigado! E põe aquela roupa, que
agrada seu amado e passa a tarde toda, cuidando da beleza... jantar à luz de velas e
amor de sobremesa...”

Tá, eu sei que você cantou junto e não adianta mentir, viu?! E deve ter ficado
frustrado, por não ler o refrão... Mas okay! Não serei tão mal, vou mandar o refrão, pra
você não me odiar... HA HA! Só não conte a ninguém, pois tenho uma fama de badboy
a zelar, certo?! Hahahaha — “E perto um do outro, a vida é diferente. A solidão dá
espaço ao amor que estava ausente; quem olha não tem jeito de duvidar agora da força
da paixão que vem... dois corações e uma história. A força da paixão que vem... dois
corações e uma história.” — Certo, agora que estamos ambos satisfeitos, vamos voltar
para a história!

Eu estava bastante ansioso para sua chegada, me arrumo todo, de uma


forma nunca vista antes e aguardo. Quando ela bate no portão, ao recebe-la, já
me encontra com um beijo, o que faz meu coração e então saímos para
conversar e botar todos os “pingos nos is”.

246
Após nos ajeitarmos, ela diz que tinha quase certeza que nossa
desconfiança era mais que uma certeza, que provavelmente, ela estava
realmente grávida. Aquilo me deixou tão feliz, tão feliz, que eu não conseguia
mais raciocinar. Afinal, um de meus sonhos mais ocultos, era ser pai e teria um
filho — ou filha — com a mulher que amava, que quase perdi e que agora
estava ali, me pedindo para que nos déssemos mais uma chance. Ela voltou lá
para casa, o que foi um enorme erro, para ficarmos por lá. E fomos seguindo a
rotina, tentando voltar à normalidade, mas vaso quebrado não fica igual e você
não deve agir como se nada tivesse acontecido, pelo contrário, adapte-se,
ressignifique e siga alinhando as arestas.

No final de janeiro de 2019, nos mudamos para a casa de sua avó, pois
era muito idosa e não teria ninguém para ficar com ela. E assim os meses foram
passando e eu seguindo a premissa de cuidar, de ceder e correr atrás de nos
mantermos. Nossa situação não estava tão boa, pois após as brigas, nos
deixamos levar pelo emocional e já não fazíamos mais vendas como antes, na
verdade, quase nada e nossa renda caiu drasticamente.

Os meses foram passando e com eles, minha falta de senso, pois eu estava
me moldando cada vez mais; o problema, é que a virada foi de 180º e então o
que era pra acontecer apenas uma mudança de postura, tornou-se uma espécie
de “vassalagem”. Sim, ao invés de apenas dosar minhas atitudes enérgicas e
autoritárias, eu estava perdendo minha identidade e sacrificando quem eu era;
cedendo mais, desculpando-me mais, sacrificando mais, afinal o medo de
perder era enorme. E isso era o início do fim. Começamos a nos preparar para
a chegada do Antônio Lorenzo, nosso menino tão aguardado; estávamos
felizes, mas a pressão só aumentava e isso, querendo ou não, nos afetou. E
quanto mais me afetava, mais eu cedia, tentava agradá-la, não a contrariar.
Então de dominador, fui à dominado.

Observação: Quando você abre mão de suas individualidades, é o único a ceder


e se sacrifica, você drena seu nível de atratibilidade, deixa de ser interessante para a
outra pessoa, por deixar de ser um desafio e quando algo está “ganho” demais, perdemos
o fascínio, a admiração e por não haver mais investimento nosso, logo,
subconscientemente, não damos valor e querer o término, é uma questão de tempo.

247
Em meados de abril, e vou contar a seguir, comecei a trabalhar na escola
com um conhecido que trabalhou comigo no Grupo Hinode, meu atual sócio,
Paulo Vítor. Foi o começo da mudança, pios iniciamos com força total,
tentando resgatar uma escola que estava falindo, mas isso ficará mais para
frente. Acontece, que isso me deixou mais confiante, ousado, provedor... passei
a recuperar assim, o respeito e admiração dela, o que deu um verdadeiro
“boost” em nossa relação. Passou a me beijar mais, a se tornar mais disposta
para nos amarmos, a compartilhar mais comigo, procurar conversar e até fazer
verdadeiras declarações de amor, dessas capazes de aquecer os mais gélidos e
petrificados corações.

Na madrugada do dia 30 para o dia 31 de julho, Érika me acordou


reclamando de dores bem fortes e molhada.

— Amor, acho que vai. A bolsa estourou!

Eu não pude conter minha ansiedade e praticamente travei. Finalmente


o amor da minha vida estaria chegando, meu garoto danado e serelepe,
finalmente daria as caras. Sua tia nos levou para o hospital, onde passamos
horas até que ela fosse atendida e pude entrar, para acompanhar o parto.
Confesso que foi bastante estranho, mas quando vi aquele serzinho diminuto,
chorando; meu coração parou, de tão acelerado.

E da mesma forma que estou agora, enquanto escrevo, sorri feito bobo,
enquanto senti um calor enorme no peito e o coração batendo acelerado;
mesmo agora, dois anos depois, só de lembrar, já bate a vontade de chorar de
alegria e se eu pudesse, Leitor, emprestar a você meus olhos, para ver o que vi,
os meus ouvidos, para ouvir o que ouvi e meu coração, para sentir o que senti,
saberia como, o que com palavras não consigo descrever, me senti. Todo o calor
e emoção que só um pai pode receber, mas ouso tentar e posso afirmar que foi
a melhor sensação do mundo e ao tê-lo em meus braços e dar um beijo em sua
testa, antes de pô-lo em sua mãe, me senti vivo e soube na hora, que aquele era
o dia mais feliz da minha vida.

248
LEGACY
Vamos voltar um pouco. Mais especificamente para abril de 2019,
quando um conhecido que trabalhou comigo na Hinode, Paulo Vítor, tomando
conhecimento do meu passado com escolas, chamou-me para administrar com
ele uma escola de cursos que estava praticamente falida, mas pior que isso,
estava “A Deus dará”...

Era uma escola pertencente à franquia Prepara cursos e juntamente com


outras 5, não se adequaram às normas padronizadas de excelência franchising
e debandaram, criando uma nova marca. Porém, não criaram uma franquia
unificada; cada uma fazia do seu jeito, tinha sua própria logística de gestão,
produtos, valores, logos; apenas dividiam o nome e era claro que não daria
certo.

Quando cheguei nessa unidade, identifiquei, com o tempo, diversos


erros, como contratos desatualizados, misturando pais e alunos, verifiquei
também funcionário sem receber há cinco meses, assim como um rombo
financeiro de mais de vinte mil reais, entre outros vários erros.

Paulo e eu então decidimos criar uma escola do zero, mesmo que não
fôssemos os donos. Uma nova identidade empresarial, uma nova gestão, nova
logística; tudo do zero.

Mudamos a funcionalidade da secretaria, reorganizamos as salas,


atualizamos absolutamente todos os contratos, tiramos do nosso salário para
pagar funcionários, mudamos o quadro de professores, fizemos uma reunião
com todos os pais e o mais importante: Mudamos o nome da empresa e tudo o
que o antigo significava e assim, após horas de “naming”, criamos a Grupo
Legacy Educação Profissional.

Criamos a partir de educação, herança, valores, legado.... E aí veio


Legacy. Então, Paulo e eu tentamos introduzir tudo o que, em nossos cargos,
dele, como professor e eu, como vendedor e gestor, gostaríamos que tivesse
nas escolas que trabalhamos; que julgamos ser o ideal e então passamos a
recuperar vários pais de alunos que queriam processar a escola; cerca de 17.

249
Conseguimos recuperar alunos desistentes, assim como renovar vários
contratos, fechar parcerias empresariais e bloquear a retirada de dinheiro,
deixando que o mesmo ficasse na escola.

A Legacy acabou ficando maior do que a proposta inicial e inclusive, o


dono não quis continuar, pois havia acumulado uma dívida astronômica com
o imóvel alugado e nos passou todas as coisas, contanto que assumíssemos a
dívida e assim abraçamos a oportunidade e fizemos a Legacy decolar, torando-
a em algo muito maior que a marca de uma escola, algo que pudesse fazer
aflorar o melhor das pessoas, o melhor das empresas e pensamos em torná-la
uma “holding”.

O local onde estávamos não era o ideal, mas estávamos presos pela
dívida para com o imóvel. Era um prédio comercial, onde as fases elétricas de
todas as salas eram dividas, não apenas entre si, mas com o galpão no térreo,
onde funcionava um supermercado. Sempre que as máquinas eram ligadas, a
energia oscilava e um dia, perdemos todos nossos computadores, sendo que
um deles, pegou fogo em plena sala de aula, com crianças...

Bem, foi um baque para nós, afinal, foram tantas matrículas feitas, tantos
processos cancelados, novos professores, cursos reformulados, parcerias com
empresários relativamente fortes... mas como eu vivia falando para o Paulo, “a
gente trabalha com o que tem”, “existem momentos em nossa vida, que
bombas explodiram e nada podemos fazer, a gente apenas evita danos maiores
e administra os feitos” e também que “a dor ensina a crescer” e assim
procuramos fazer, como um moribundo respirando por aparelho, não sabendo
se viverá mais um dia, se questionando se realmente vale a pena.

Mas 95% de nossos cursos dependia de computadores e era questão de


tempo até fecharmos as portas, pois sem computadores, não poderíamos dar
aulas, sem dar aulas, não poderíamos cobrar mensalidade e sem a receita
dessas, não podíamos nos pagar, pagar funcionários e o principal: Professores.

Tentamos manter os professores que não dependiam de professores, com


a demissão de um funcionário, corte do meu salário e do Paulo, assim como
nossas passagens; minha irmã ficou com a gente na secretaria de graça,

250
contratamos vendedores comissionados que morassem na região, mas ainda
assim, não conseguíamos, afinal o aluguel já estava para vencer.

Então tentamos um investidor anjo, nosso ex mentor, o Douglas Santos,


da Hinode, mas ao indagar o responsável pelo imóvel do valor da dívida, nos
orientou não continuarmos e então deixamos todas as coisas para saldar a
dívida e tivemos de nos despedir da escola, com um grande pesar no peito,
pelo afinco que dedicamos.

Decidimos os 3 ir para a Fight Club Marcelo Tigre, pois teria bastante


espaço e ele toparia com certeza. Chegando lá, conversamos, ele gostou da
ideia, mas com o tempo, notamos a impossibilidade de ficar ali, então
decidimos enterrar a Grupo Legacy Educação Profissional e o Paulo ficou
fazendo trabalhos de designer gráfico (sua formação) para o Marcelo e diversos
parceiros. Isso foi legal, pois teve acesso aos maiores empresários de Brasília e
até de outros estados e usando o que aprendera comigo, na escola, fez contatos
da forma correta e eu, deprimido (sem notar), me recolhi na minha casa e tentei
outras formas de ganhar dinheiro; uma delas, foi numa gráfica, onde me
acidentei feio e quase perdi o dedo, o que me deixou 45 dias afastado e ao
regressar, demitido. Enquanto isso, o Paulo tornou a Legacy ainda maior e
então a singela, mas querida escola, tornou-se uma empresa de consultoria
logística e de marketing para empresas menores, que adorando todo o
conceito, valores e legado, decidiram ficar sob as asas e assim foi consolidada
a atual Legacy Company, nossa querida empresa, que mais que um ensino
prático, fez-nos melhores amigos e grandes sócios em vários
empreendimentos, incluindo esse livro.

251
ODE POÉTICO XIII
QUER CASAR COMIGO?
Por muito tempo esperei acontecer.
Há muito tempo sonhava com você.
Não a conhecia é verdade,
mas por Deus, não esperava tamanha bondade
para com minh’alma, desolada e perdida
sem esperança ou esperança contida
de um dia encontrar; quem pudesse me fazer e ser feliz,
quem me fizesse voar.

Então conheci você e meu mundo mudou...


foi tudo como um sonho de encanto e amor.
Intenso e belo; singelo e perfeito,
mas me achei no direito de então relaxar,
deixar desandar e lagrimas suas derramar.

Sonhamos alto, caímos bastante,


aprendemos um montante
e ainda estamos aqui.

Passamos por muita coisa, eu sei


e uma vida terei; de redimir e encontrar
a força para melhorar,
ao seu lado estar a o melhor encontrar.

O caminho da vida, da beleza e do amor


e por nosso Senhor, daremos valor.

Já construímos algo lindo, Antônio Lorenzo, nosso menino;


de sorriso alegre e olhar serelepe;
o amor é o nosso destino.
E sempre que eu falhar,
não há garantia, pois irei me esforçar,

252
mas sempre que falhar, irei consertar.

Te farei feliz e darei o olhar


de cada primeira vez;
a vez do sonhar

e se isso fizer sentido,


perdoe o jeito brega,
mas romântico, eu não duvido...
É o que mais quero;
perguntarei aqui sorrindo:
Érika Christina,
você quer casar comigo?

253
“CAIXA DE PANDORA”
Voltando à linha do tempo, meu filho havia nascido há um mês e a
Legacy, oficialmente inativa. Mas o Paulo começou a frequentar a academia do
Marcelo Tigre e lá, com seus graúdos contatos empresariais, criar network e
propagar os valores da Legacy, enquanto isso, eu estava abatido em casa e
minha relação começou a ruir, a pressão aumentou, tanto por parte de minha
família, quanto da dela, pois cobravam uma posição de minha parte e eu estava
me deixando levar pelos problemas, sendo consumido pela vitimização e
autopiedade.

Num determinado dia, comprei uma aliança para Érika, o que foi errado,
já que havíamos acabado de brigar. É um erro você tentar sanar uma briga com
algo assim, pois parece que é tipo um “cala a boca”; fora que estávamos numa
baita crise e um anel de compromisso, parece forçar demais a barra.

O que acontece, é que ela não aceitou. Quando cheguei em casa, com o
Paulo, que me ajudou a comprar, ela estava deitada, com dor de cabeça, com
raiva de mim e o Paulo ainda estava por lá. Eu simplesmente tentei empurrar
em seu dedo e fiquei furioso por ela ter recusado. Eu peguei minhas coisas e
saí de casa, indo para a casa de minha mãe.

Minha mãe não se aprofundou no assunto e me deixou na minha, mas


no dia seguinte, mostrou o quão errado estava e que como homem, não poderia
correr para a casa da mãe sempre que surgisse um problema; falou que eu teria
de resolver com minha mulher.

Coincidentemente, minha namorada mandou mensagem, querendo


conversar e fui. Falamos por um bom tempo e ela demonstrou muito
descontentamento, estava pensando realmente em pôr um fim em tudo, mas
após conversarmos bem, decidimos nos dar uma chance e seguimos.

Em meados de novembro, meu primo tentou ajudar-me e me chamou


para fazer freelances numa grande gráfica aqui de Brasília. Comecei a trabalhar
à diária, recebendo semanalmente, o que me deixou ao menos tranquilo, pois
sustentaria meu lar.

254
Num determinado dia, após duas semanas, talvez um pouco mais, meu
primo me ensinou a usar uma máquina de grampear, chamada “Meruna”. Essa
era uma máquina de uso técnico, mas arrisquei mesmo assim; não teria perigo,
usando da forma que deveria. Em minha soberba, não quis ouvir o que meus
supervisores me falaram; eu queria fazer do meu jeito, eu não via sentido na
maneira que eles ensinaram.

Acontece que meu jeito não era o certo e estava tendo muito erro. Meu
primo começou a me zoar e dizer que eu era covarde, que estava com medo de
me machucar e que era só uma dorzinha. Não sei se era resquício não tratado
da época do bullying, mas aquilo me “esquentou o sangue” e confesso ter
sentido uma vontade grande de botar a mão e mostrar que não era falta de
coragem, mas sim, que apenas não concordava com o jeito. Claro, não fiz essa
besteira, afinal não é porque sentimos vontade de fazer algo, ainda mais no
calor do momento, que vamos fazer, não é mesmo?!

Fiquei retraído, de cara fechada e um outro rapaz veio até mim e de uma
forma paternal e gentil, explicou-me porque a maneira que os supervisores
falaram, estava correta e porque a minha não; e por isso acontecia os erros.
Então aprendi e ficou tudo bem. No dia seguinte foi a festa de uma de minhas
irmãs, meu primo foi e ficamos juntos na festa, eu já não estava mais com raiva.
No dia seguinte, ajeitei a conta do Tinder para ele e assim seguiu o dia...

Na segunda feira, por estar doente, não fui, indo apenas na terça e ao
chegar, noto que havia outro primo meu e era seu segundo dia de trabalho. Foi
solicitado a ele que usasse a Meruna. Como o rapaz fez comigo na semana
anterior, fui até ele e já expliquei a forma correta de fazer, assim como mostrei,
para que o fizesse em seguida. Enquanto ele ia grampeando, eu segurava os
vincos dos livros que seriam grampeados, com meus dedos, para que os
grampos ficassem alinhados.

Fiz exatamente o que não se deve fazer quando se opera uma máquina
de relativa periculosidade: Distraí-me, conversando, sem dar atenção à
máquina, apenas conversando, em pé, com nosso outro primo.

Após um tempo, escuto um barulho e sinto um grande desconforto em


meu dedo médio direito. Meus primos olham para mim com um olhar de

255
preocupação e imaginei que não fosse nada, que o grampo apenas havia
entrado. Quando tirei o dedo, erguendo para ver o grampinho que havia
entrado, vi um dedo como parte da falange distal (onde fica a unha) sem unha,
pendurada, e meu osso exposto, com a cabeça da falange esmigalhada.

Na hora, não tive uma reação esperada, apenas olhei frio, como fosse um
corte de papel. Todos começaram a correr desesperados, com medo de uma
significativa perda de sangue ou que a parte pendurada de meu dedo caísse.
Enrolaram um pano e me levaram ao hospital. Chegando lá, após horas de
espera, vou à traumatologia e nem queira imaginar a dor que foi tirar aquele
pano grudado em meu dedo, nem queira!

Tomei muitas anestesias no dedo e em seguida, o tive enfaixado. Eles


foram sinceros comigo; disseram que havia grande possibilidade de eu ter de
amputá-lo, mas só o ortopedista poderia afirmar com clareza, mas que eu me
preparasse. Levei muito na esportiva, pra te falar a verdade, a ficha ainda não
havia caído para mim. Mais horas e finalmente sou atendido e o médico, um
residente, operou meu dedo, ainda fiz piadas sobre o assunto e solicitou que
eu retornasse em duas semanas e avisou:

— Jeânderson, terei de ser sincero contigo, cara! Existe 50% de chance de


rejeição; de necrosar e então, teremos de amputar seu dedo.

Tentei ainda arrancar alguma informação dele, pois impaciente como


era, como aguentar a ansiedade, sem saber se perderia ou não o dedo, por duas
semanas?

Foram as duas semanas mais longas e exaustivas de toda minha vida.


Sem saber o que seria de mim, fez com que eu ficasse ainda mais ansioso,
paranoico, nervoso e deprimido. Graças a Deus, a cirurgia foi um sucesso e
estava cicatrizando bem.

Nota: Mais um vez, Paulo parou tudo que estava fazendo para fazer algo por
mim. Foi comigo ao hospital e ficou por várias horas, inclusive entrou na sala de
pequenas cirurgias, onde uma monstra hábil médica, com toda raiva de sua vida, do
namorado que a deixou, do professor da faculdade e da TPM e do mundo delicadeza,

256
arrancou com força retirou as ataduras, que estavam 14 dias com sangue grudado em
meu dedo, com tecido novo. Como a odiei fiquei agradecido...

Fomos chegar em casa quase amanhecendo o dia. Eu fiquei feliz, pois


estava tudo dando certo, ganhei uma espécie de compensatória pelo acidente,
já que eu não trabalharia e isso deu para segurar as pontas; o problema foi o
regresso, já em janeiro, quando após trabalhar apenas 5 dias, sou mandado
embora, sem saber o que faria.

Ter me acidentado, foi como abrir uma “caixa de Pandora”, pois tive de
ficar recluso em casa, sem saber o que seria de meu dedo, se seria recuperado
ou se teria de ser amputado, o que já mexeu muito comigo e após ser
dispensado, me senti inútil, pois tinha uma formação de fazer inveja à muita
gente, já havia empreendido com certo sucesso e abracei o meio empresarial e
por forças maiores que eu, quebrei. Então trabalhar numa gráfica, apenas
dobrando papel, ficando prostrado por duas semanas, perdendo a
funcionalidade do dedo e para sempre sua estética, além de ser dispensado,
fez com que eu me sentisse algo pior do que lixo.

Você já deve ter ouvido a expressão: “Quando você olha muito tempo
para o abismo, ele te olha de volta”. Pois bem! Permiti-me tanto ficar
remoendo, ruminando minhas desgraças, que parei de dar a devida atenção ao
meu filho, ao meu relacionamento, às oportunidades que surgiam, inclusive,
que o Paulo abria...

Eu só queria saber dos meus problemas, das minhas desgraças, da escola


que faliu, do meu dedo que perdeu toda a estética, do meu relacionamento que
estava acabando, de ter sido demitido de um emprego que nem sequer estava
à altura de meu currículo.

Quando você foca nos problemas, você os atrai, você perde sua
individualidade, você deixa de ser você mesmo. Imagine um homem que teve
em tão pouco tempo, menos de 5 anos, quatrocentas mulheres, que seduziu
muito mais; um homem inteligente, com experiência e diversas habilidades e
qualidades, sendo tóxico, deprimido, reclamão, procrastinador, aparência
descuidada... enfim, tudo de ruim que você pode imaginar.

257
Eu não era, de longe, o cara que fui um dia; estava feio, arruinado, o
corpo sarado que cultivei por anos, bem, na verdade, digamos que musculoso,
era coisa do passado. Me olhava no espelho e o que via, seja fisicamente, seja
mentalmente, não batia com a descrição; eu não me reconhecia mais e quanto
mais eu sentia isso, mais triste e deprimido eu ficava.

Pra explanar melhor, eu acordava e ficava o dia todo vendo TV,


ruminando como minha vida estava uma droga e como fui de um padrão que
considerava de sucesso, para um fracasso total. E a Érika? Bem, ela trabalhava
de monitora na creche da mãe e passava o dia lá. Aluguel para vencer, assim
como as contas, o dinheiro já acabando e eu apenas fazendo vários nadas
durante o dia.

Ainda em janeiro, sua irmã fez na creche seu chá de fraldas e fomos. Já
perto de ir embora vendo anime no celular e ela me pediu para segurar o
Antônio, enquanto arrumava as coisas para irmos embora, eu digo:

— Espera um pouco, tô assistindo!

— Júlia, segura aqui o Antônio pra mim, por favor! — falou ela para a irmã
menor.

Vi que ela se chateou e então pauso meu anime para segurar meu filho e
quando vou segurá-lo, ela então se vira bruscamente e o entrega para a irmã.

Minutos após, já no portão da creche de sua mãe, onde estávamos, ela


pega todas as bolsas para carregar sozinha; envergonhado, vou pegar ao
menos as bolsas, para que ela fique incumbida de apenas levar o carrinho, ela
então recua de forma mais brusca ainda. Eu respeito, mas sinto uma queimação
por dentro, como se alguém tivesse feito algo muito ruim comigo... a raiva que
senti foi sem precedente...

Então com raiva e orgulho, vou ao menos pegar o carrinho, que ela não
permitiu, claro. Mas eu respeitei? Claro que não! Simplesmente passamos a
competir pela posse do carro; ambos com as duas mãos, empurrando com o
quadril ao outro.

258
Como homem, mais forte e alto, venci a peleja, mas Érika não desistiu e
atrás de mim, agarrou o carrinho, abraçando-me no processo. Eu tentava
afastá-la com minhas costas e ela me empurrava com sua barriga e mais uma
vez a genética que aos homens favorece, me “ajudou” e então ela largou o
carrinho, sendo jogada para trás, pelas mãos traiçoeiras da inércia. O problema
é que tropeçou no degrau da entrada e caindo, deu com as costas no portão.

— QUAL É O SEU PROBLEMA, SEU FILHO DA PUT@! — falou Érika, com o


olhar em chamas e um semblante que assustaria os deuses e titãs da mitologia
grega.

Eu nunca havia a visto daquele jeito, ela sempre foi a pessoa mais calma
da relação, afinal eu era o explosivo, o passional da história. Era costume meu
ter aquele semblante, não dela.

O ódio em seu olhar dizia tudo, não precisava falar mais nada. Sua mãe
pediu que eu me acalmasse e fosse para casa e ela iria para casa com ela, para
esfriar a cabeça.

No dia seguinte, a mãe de Érika disse que conversaria comigo, a noite e


que teríamos de resolver tudo. Isso já me deixou apreensivo, pois como as
coisas estavam, claro que não ficaria nada bem.

Chegado o momento, encontrei uma Érika calada e apática, nada afim de


interagir comigo. A conversa, basicamente ficou entre sua mãe e eu, que
mostrou também que não estava mais contente com nossa relação e enfatizou
que já não dava mais e era melhor que cada um seguisse seu rumo.

Ela foi embora e apesar do “elefante na sala”, enfatizei a importância de


conversarmos, desculpei-me pelo ocorrido, disse que a amava e não queria
perdê-la.

— Vou pensar. Te falo amanhã — falou ela fria, mas calmamente.

Fui dormir apreensivo, mas respeitei cada momento no decorrer do dia.


À noite, me chamou no quarto e disse que não daria mais, que era melhor

259
finalizar por ali mesmo, que as coisas não estavam nada boas e que nada mais
sentia.

Ultrapassei a linha entre o autorrespeito e a humilhação; linha esta, que


jamais se deve ultrapassar ou você está condenado ao ostracismo.

— Quero te pedir algo.

— Diga!

— Me dá uma ultima noite! Já que terminaremos, quero que meu cérebro saiba
que é a última vez, que já não haverá mais. Não dá para terminar tudo que
vivemos de surpresa. Merecemos uma despedida. Um último banho, uma
última noite de amor, uma última dormida de “conchinha”.

Ela assentiu e tivemos tudo isso. Tratei como realmente era, a última vez.
Aproveitei cada segundo do banho de casal, do amor mais que contemplativo
e por fim, a dormida abraçados.

No dia seguinte, não voltou para casa, dormiu em sua mãe e assim foi
fazendo, até que me mandou mensagem, dizendo para que eu pegasse minhas
coisas e fosse morar com minha mãe e que entregaria a casa, pois não iria ficar
pagando aluguel e moraria com a sua. Disse que poderia ficar tranquila, que
eu sairia sim, mas ela poderia ficar, eu deixaria todos os móveis e nos dois
primeiros meses, ajudaria com o aluguel. Ela aceitou.

Na sexta-feira dessa mesma semana, fui para casa da minha mãe,


desolado, acabado e não bastasse isso, ainda soube que meu cachorro, que
tinha desde os treze anos, havia morrido. No sábado foi a festa de aniversário
de uma de minhas irmãs e apesar de muito bem organizada, animada e tudo
que tinha direito, eu não conseguia me divertir. Consegui socializar com meus
primos e apenas com eles. No dia seguinte, após me assear, ouço minha mãe
gritar comigo:

— EU NÃO ACREDITO QUE JEAN FEZ ISSO! É VERDADE, JEÂNDERSON?!

260
Sem entender nada, a indago o porquê daquilo tudo e ela diz que meu
primo falou que me acidentei propositalmente. Vou perguntar para ele e
rispidamente, diz que eu realmente me acidentei de propósito e perto do natal,
admiti.

No natal, mandei a mensagem:

— Cara, lembra o dia que você ficou me zoando? Dizendo que eu tava com
medo de me machucar e me chamando de covarde? Pois é, naquela hora, senti
vontade de me machucar, só pra você parar de falar isso. Se sem querer, eu me
machuquei, imagina se fosse de propósito, como senti vontade?!

Ele perguntou por quê eu estava falando aquilo para ele. Eu percebi
então que pudesse ter me expressado errado e ele achara que estava o
culpando. Tentei explicar que era só uma “resenha”, mas ele apenas disse que
se eu tivesse o feito, seria o maior babaca da história dos trabalhadores da
gráfica. Após isso, apaguei a mensagem, para não ter que olhar para ela sempre
que fôssemos trocar mensagens.

Quando retornei, em janeiro, ele mal trocou palavras comigo, então achei
estranho que na festa da minha irmã, tivesse socializando comigo.

Voltando ao dia da discussão, ele disse que confessei ter-me acidentado.


Eu retruquei, explicando que sentir vontade, não significava planejar algo e
que se eu fosse fazer, não teria esperado 4 dias, não teria me juntado a ele na
festa que teve lá em casa, não teria cuidado de seu Tinder e muito menos, após
4 dias, me machucar, quando outra pessoa, um novato, mais novato que eu,
operasse a máquina. Não adiantou e ainda assim manteve-se firme, discutiu e
foi embora.

Eu já estava em cacos por tudo que vinha acontecendo, já estava no fundo


do poço antes mesmo do término e quando este chegou, fiquei ainda pior; a
morte do meu querido cachorro, Max, deixou tudo pior e ele fazer essa cena na
frente de toda a família, foi a gota d’água. Eu estava oficialmente um lixo
humano.

261
Quando olhamos para o abismo, ele olha de volta. Eu flertei com os
problemas, ao invés de me abrir às soluções. E tudo começou quando a “Caixa
de Pandora” foi aberta. Não, a Caixa não foi o que aconteceu com a escola, não
foi o acidente da gráfica, tão pouco o término e mais a frente, entenderá que
tinha de acontecer, que era necessário para o “encasulamento” da nova versão
que estava por vir.

A “Caixa de Pandora” nada mais foi do que eu me vitimizar, ruminar os


acontecimentos ruins e reclamar como minha vida estava boa e agora, ruim. E
como na mitologia, quando a Caixa foi aberta, liberando todos os males no
mundo, abrir a minha, libertou uma onda sequencial de acontecimentos ruins.
Quando você foca no problema, além de torná-lo maior, você perde a
oportunidade de resolvê-lo, assim como perde oportunidades únicas de tornar
sua vida melhor, fora que afasta as pessoas, pela toxicidade e sair desse limbo
emocional, é extremamente difícil. Quando você olha por muito tempo para o
abismo, ele te olha de volta; quando você abre sua “Caixa de Pandora”, você
liberta seus maiores demônios e se não estiver disposto a enfrentá-los, será
consumido.

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RECOMEÇO
Após um mês tentando, desesperadamente, reconquistar minha ex,
chorar pelos cantos, ser chato, só falar de problemas e afins, decido mudar,
afinal eu era melhor do que aquilo e que se acabou, era porque tinha de acabar,
quem sabe não era o chacoalhão que eu precisava, por estar estagnado em
minha zona de conforto. Não era certo que antes de algo melhorar, piora
muito?! Decidi então parar de reclamar e partir para a ação.

Cortei o cabelo, pois após muita gente falar, inclusive profissionais, que
eu não combinaria de cabelo longo e não estava cuidando bem. Alinhei a barba,
fiz sobrancelha, comprei um calçado novo, mudei forma de me vestir, passei a
me exercitar e fiz dieta na verdade, jejum intermitente; experimentei, pela
primeira vez, botar um brinco, um piercing; fiz novas tatuagens, e consegui
um emprego que pagaria bem, numa escola de cursos gráficos.

Ao encontrar a Érika, quando fui visitar meu filho, ela tomou um susto,
eu estava totalmente diferente, mas como tudo era recente, óbvio que a
mudança era mais externa que interna e após “nos amarmos”, nada mudou e
assim se sucedeu por algumas semanas, inclusive com recaídas emocionais
minhas e crises de ciúme, até que veio a pandemia e não saí. Aproveitei essa
lacuna de tempo e espaço para focar em minha evolução e decidi sumir das
vistas da Érika e fiz isso, ficando por duas semanas longe de todas as redes
sociais. Foi bom, pois me desintoxiquei e aproveitei para seguir o curso que
um ex colega da comunidade, o João Abrantes, me passou, o que muito ajudou.

Érika então me mandou mensagem, que obviamente, não foi respondida,


na verdade, nem visualizada e assim durante essas duas semanas, foi
mandando mensagens e não visualizadas, a levou a mandar mensagem para
um de minhas irmãs, pedindo que eu ligasse para ela. Algumas horas depois,
ligo, achando que queria me falar algo, mas apenas queria ouvir minha voz,
me ver por vídeo. Falamos por horas a fio e então, felizes, desligamos, mas com
a promessa mental de que no dia seguinte, falaríamos novamente e que tudo
estaria bem.

264
No dia seguinte, conversamos algumas vezes por mensagem; eu com
uma postura totalmente diferente, o que a surpreendeu por todo o tempo.
Passamos, graças a ela, a falar sobre nós, mas comigo recuando e tentando
desviar do assunto e quando comecei a falar que seria difícil achar uma mulher
tão incrível quanto ela, ela sentiu-se triste, pois viu que eu não estava mais
focado em reconquistá-la e ao dizer que desejava que ela fizesse o mesmo, a
abalou ainda mais e então disse que perderíamos tempo tentando conhecer
pessoas, se acostumando do zero e passar por tudo; que seria mais fácil
recomeçarmos, como um casal. Por dentro, estava tão feliz... estava dançando
“break”, mas por fora, já por ligação, fui sério e perguntei porque eu deveria
confiar, tendo em vista como fora o término. Ela disse que estava fazendo
terapia, que estava melhor e obviamente, eu estava bem melhor. Sugeri então
começarmos do zero, mas aos poucos.

Vivemos por um mês um verdadeiro clima de lua de mel, ali era nítido o
casal apaixonado, mas após a páscoa, esfriou e antes do dia dos namorados,
ela decidiu mais uma vez terminar e passamos o ano de 2020 assim. Várias
recaídas emocionais, de intimidades, de saídas, saudades, brigas, crises de
ciúmes de ambos, e voltas, sendo a última em outubro. Apesar disso, nesse
ínterim, eu estava bem mais bonito, pois perdi muita gordura com o jejum e
em agosto, entrei na academia e foquei como se não houvesse amanhã. Retomei
as mentorias de sedução, passei a meditar, fazer alguns cursos gratuitos, a
fazer novas amizades, e trabalhar em mim.

O desenvolvimento é de suma importância para não apenas a sedução e


a conquista, mas para a mais difícil e complicada: A reconquista. Ele faz com
que trabalhemos nossos traumas, ressignifiquemos os problemas e evoluamos
como pessoa, como profissional, mudemos nossa rotina e então nos
reconstruamos em nossa melhor versão e assim recomeçar, não retomar. Foi
um ano turbulento, mas que decidi não parar, não desistir e recomecei e tenho
feito desde então, vivendo todo dia, meu recomeço.

Então, amigo, não apenas recuperei o Jean do passado, na verdade, não


o recuperei, o superei, o que me permitiram dar um passo além e superar
minha melhor versão do passado, mas o melhor: Não vivendo meu alter ego,
o Lobbo Mau, mas sendo quem sou.

265
UMA NOTA MAIS QUE ESPECIAL

— —

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SEM MEDO DE SER FELIZ
Após muito penar nas intempéries da vida, aprendi muitas lições. Fui
uma grande mula no processo? Fui uma grande mula no processo, mas
finalmente aprendi.

Foi importante cada trajetória, pois fez com que eu aprendesse por todas
as perspectivas possíveis, que eu passasse por coisas que moldariam quem eu
seria, quem eu sou hoje, assim como serei no futuro.

Após um tempo, mais especificamente no final de fevereiro deste ano,


terminei com a Érika; na verdade, terminamos e terminamos dessa vez, bem.
Somos grandes amigos e como deixo bem claro nos agradecimentos desse
livro, sou mais do que grato a tudo que ela significou na minha vida, na minha
jornada, evolução e principalmente, no meu maior presente: Meu menino,
Antônio Lorenzo, dono de todo meu amor.

Após vários anos no anonimato, no tocante ao nicho de sedução e várias


perdas, tropeços e quedas, estou finalmente decidido a dar as caras e criar
autoridade, fazer nome no mercado e começo com o lançamento deste livro.
Conto com grandes parcerias e cada palavra que aqui escrevo, vai com todo
meu amor, toda minha alma e toda a imparcialidade que é possível ter, onde
você tem acesso à minha história, sem que me faça de herói ou vilão, mas
apenas um homem que passou por muitas coisas e faz com que você se sinta
como eu em cada momento e claro, aprenda com meus erros. Este é meu
presente pra você, e assim como me permiti a chance de ser feliz, dar-te-ei a
mesma oportunidade, que você, do fundo do coração, tome essas palavras,
essa história, esse aprendizado e faça delas a sua oportunidade, a sua chance
de ser feliz. Então, amigo leitor, agora que estamos íntimos, peço do fundo do
coração: Aproveite e se permita sentir! Viva e viva sem medo de ser feliz!

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A VIDA ENSINA A VIVER
Quando você adentra o fundo do poço, você passa a enxergar tudo com
uma vista turva, bagunçada e não há clareza. Você passa a agir baseado em
emoções conflitantes e negativas e então, passa a fazer tudo errado e quanto
mais as coisas dão errado, mais você se desespera, se vitimiza, afunda mais e
culpa todo o sistema.

Prestou a atenção no looping de fracasso formado? Reparou no ciclo


vicioso que nos permitimos entrar quando estamos nublados pelas emoções
ruins? Quando passamos a tentar olhar as coisas com calma, olhar ao redor e
ver o que pode ser feito para mudar, o que podemos aprender com aquilo tudo,
vemos o quão necessário foi cada evento e que sem ele, jamais estaríamos onde
estamos hoje. Quer ver?

A vida ensina a viver; tudo acontece por um propósito e assim foi


comigo. Tudo aconteceu por um motivo. O bullying que sofri na infância, ter
feito curso de vendas, ter trabalhando abordando pessoas, me obrigando a
deixar a zona de conforto, trabalhar com atendimento, ter tomado o fora
colossal da Judith, ter conhecido a comunidade PUA, ter-me dedicado com
total e obsessivo afinco a ela; minhas crises, mazelas, relacionamentos
frustrados, paixões platônicas, aventuras, falências, ter conhecido, me
apaixonado e sendo deixado pela Érika... enfim, tudo aconteceu para me levar
para onde estou e me fazer tornar-me a melhor versão que eu poderia chegar
e só foi possível mediante às quedas, que tornaram-me um aprendiz e humilde
observador.

Atento às necessidades alheias e demanda do mundo, do espírito, mente


e corpo; mais sábio, paciente e agora, um homem completo. Não direi que
estou sem mazelas ou problemas, mas ao menos autoconsciente me tornei. Eu
decidi abraçar meus demônios e trazê-los para perto, onde descobri que eram
anjos rebeldes, que sem atenção e repletos de abandonos, tornaram-se meus
algozes carrascos. Eu aprendi, às duras custas, mas aprendi e agora sei que
tudo tem um propósito, que a vida nos ama e do jeito dela, nos ensina a viver.

269
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bem, espero que tenha gostado dessa jornada fantástica que é a “A última
sedução”. Que tenha absorvido todo o conhecimentos e lições implícitas e
explícitas, tenha gostado da proposta que passei, assim como se conectado com
este que vos escreve. Vamos à uma última observação?! Que tal um resumo de
tudo que vimos até aqui?! Vamos lá!

Observação: Todos nós temos como objetivo subconsciente, sobreviver e


reproduzir, para assim perpetuar nossa espécie, a humana. Fazemos isso através da
interação com outras pessoas e esta acontece por meio do nível de atratibilidade de cada
um. A atração é a força de captação, é o interesse em algo e por conseguinte, o que nos
leva a nos conectar de alguma forma às pessoas e assim, subconscientemente ou até
racionalmente, sobreviver e reproduzir, cumprindo então nossa missão de perpetuar a
espécie, missão de todo animal.

Existem diversos tipos de atração. Atração é igual a interesse; atrair-se por algo
é estar interessado por algo, sendo assim, interagimos com alguém por estarmos
interessados nela, em algo que ela possa provir ou algo relacionado a ela.

Existem vários tipos de atração. Atração física, mental, social, financeira,


intelectual, emocional etc.

Quando nos conectamos com alguém, estamos interagindo, mas


inconscientemente, cumprindo nossa missão de perpetuar a espécie, através de conexões
sociais, criadas a partir da atração.

A atração se dá por meio de características que mostram sutil ou abertamente


qualidades de sobrevivência e reprodução, chamadas de Fator S&R.

S&R são características remetentes a qualidades físicas, de ações ou


personalidade; que demonstram o grau de valor sexual e de “sobrevivência” de uma
pessoa. Podem ser destacados atributos físicos, habilidades, formas de agir etc.

Essas características atraem a pessoa, sendo para amizade, amor, sexo, tutela ou
união grupal, claro, inconscientemente.

270
Vimos também que pessoas tomam decisões baseadas nas emoções e instintos,
pois seguem a programação máter. Vimos que nosso cérebro é dividido em três regiões:
Cérebro reptiliano, responsável pelos instintos; Sistema límbico, que traz todo o trato
emocional e o Neocórtex, que comanda nossos pensamentos racionais. E o cérebro
racional, o Neocórtex fica responsável por apenas 20% das ações, então 80% fica para
nossas emoções e instintos e ambos seguem a premissa de sobreviver e reproduzir.
Então se queremos mudar as ações de uma pessoa, devemos trabalhar suas emoções e
quando não temos o S&R forte o suficiente, usamos “atalhos”, os gatilhos mentais.
Gatilhos são técnicas que utilizam palavras e/ou ações que induzem um estado
emocional em alguém, algo primitivo, que ativando o instinto de sobrevivência e/ou
reprodução, leva a pessoa a agir mediante a emoção causada.

A atração faz com que você seja notado, abre a guarda, o segundo passo é a
conquista, advinda da conexão emocional, a sensação de cumplicidade e/ou alma gêmea
e por fim, a sedução acontece quando é fomentado o desejo sexual, através de técnicas
corporais, psicológicas ou da privação do ato, que chamamos tensão sexual.

A atratibilidade pode vir de forma natural, chamada de passiva, sendo a áurea, a


atração que você emana de forma inconsciente, mas pode vir também de forma ativa ou
provocada, através de técnicas de PNL (programação neurolinguística, que é a
ferramenta utilizada para provocar reações, mudando o estado emocional de uma
pessoa). A sedução também se dá da mesma maneira, de forma passiva ou natural,
assim como de forma ativa ou provocada por técnicas. Seja a atração ou sedução, quando
passivas, acontecem da mesma maneira. De forma natural, vindo da áurea que você
emana, construída pelo seu desenvolvimento. São as qualidades resultantes do
refinamento dos S&R, que é o que nos atrai.

Sou o melhor sedutor do Brasil? Bom, no quesito sedução ativa ou seja,


vinda das técnicas, não sei. Talvez. Afinal, dediquei, de forma obcecada e
doentia, a minha vida à sedução. Era minha maior paixão, era minha vida.
Nada importava tanto para mim, como ser o melhor, como mesmo em total
desvantagem — muitas vezes mais que injustas e provocadas,
propositalmente, por mim mesmo —, conseguia não apenas eficácia, como
após prática constante, tornar natural.

271
O jogo para mim não era para ser zerado, mas sim dominado. Poderia,
claro, ter feito dinheiro com isso, mas eu queria mesmo era ficar bom e ter
conseguindo “dormir” com um verdadeiro harém, ao passo que ter feito as
mais inimagináveis coisas.

Agora, falando em sedução passiva, sou o melhor? Com certeza não!


Como deixo bem claro neste, ela vem do desenvolvimento, da aceitação, da
superação e equilíbrio em diversas áreas da vida. A técnica é interessante, mas
é um atalho, se você é bom, após praticar incansavelmente, você raramente
precisará dela. Tem vários profissionais especialistas que eu admiro com afinco
e espero um dia me igualar, na sedução que mais prego, que é a passiva. Vou
citar aqui as pessoas que mais admiro e alguns, que nutro enorme gratidão.

Gustavo Munhoz ou Gambit, um rapaz que tá brilhando e com todo o


mérito mais que merecido. CEO da Social Games 7. Um fenômeno da
inteligência social e Marketing digital.

Sérgio Fialho, um guru da sedução e desenvolvimento, que traz a


inteligência financeira e ajuda o homem, mas também a mulher a atingir o
ápice em diversos setores, além de um grande guru do digital.

Matheus Copini, da Alphalife. Um ex colega da comunidade que


trabalha desenvolvimento e espiritualidade. Um dos nomes que mais
acompanhei a evolução e que me espelhei, em minha própria.

Alexander Voger, grande especialista em sedução e atualmente focado


em reconquista, um grande desafio do nicho de relacionamento.

Larissa Alencar, do Decifrando elas. Uma mulher falando de forma


científica e concisa, mas didática, como conquistar e seduzir uma mulher.
Extremamente atenciosa e dedicada. Uma promessa para o nicho.

Dyuly Cardoso, da Reconquiste o amor. Traz um serviço completo de


consultoria voltada para a reconquista. Com um jeito irreverente e simples,
aborda temas tristes, complicados e difíceis, referentes à reconquista e
relacionamentos. Uma figura ímpar e de um carisma fora do padrão.

272
Arthur Penido, do Papo de hétero. Esse cara é sensacional e traz a
verdade nua e crua sobre os relacionamentos. Ajuda diariamente diversos
homens como reconquistar suas ex’s.

Almir Júnior, do Reconquista na prática. Uma estrela em ascensão; Não


tem o mesmo engajamento dos anteriores, mas não perde em conhecimento e
eficácia. Um amigo pessoal e de uma humildade sem igual. Conheçam!

Felipe Alves, o Sedutor nato. Cara incrível que ensina a arte da lábia.
Saber conversar é um arte, mas também um ciência e se você domina, você
doma o jogo e este cara é um mestre nisso.

Elias Mamam. O Elias é um cara sensacional e já o acompanho há um


tempo. Mostrava o poder da persuasão e do desenvolvimento e agora, assim
como Fialho e Gambit, mostra como dominar as ferramentas do digital, para
prospectar o sucesso.

Agora citarei outras pessoas que tenho, além da admiração, como os


acima citados, apreço, por ter, em algum momento, me ajudado.

Rafael Albano, o Nerd Sedutor. Esse é um cara fantástico que ensina


sedução e desenvolvimento, com um conteúdo leve e jovial. O Nerd me ajudou
num momento de grande crise, quando estava reativo e emocional, devido o
encontro com Laura. Ele, mesmo com toda sua agenda, demonstrou
atenciosidade comigo e não julgou, por eu ser do segmento e “escorregar”
tanto. Analisou toda a conversa que tive com ela, ao passo que recebeu mais
informações e de forma calma e lúdica, explicou-me meus erros e me ajudou a
chegar à solução.

João Abrantes, o ex Chamaleon. O João, assim como eu, passou um bom


tempo na comunidade e pelos mesmos motivos, a deixou. João foca bastante
em desenvolvimento e reconquista e minha história com ele, remete a 2020,
quando Érika me deixou. Ele, pacientemente me atendeu e ainda me deu de
presente seu curso, Reconquista já; curso esse que muito me ajudou, mas ainda
ajuda, com os bônus, como conteúdos voltados às redes sociais e autoestima.

Bem, companheiro, isso é o que posso te deixar, nessas poucas páginas e


espero que faça bom uso. Repito, bom uso, viu?!

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O FIM?
Bem, meu amigo, é com pesar, mas também orgulho, que me despeço de
você. Foi uma longa caminhada. Me coloquei nu para você, expus minhas
fraquezas, demônios e aspirações. Meus erros, fracassos e até atitudes
deploráveis... mas como gosto de falar, se algo faz parte da história, deve ser
contado, pois a história deve ser contada. Assim como, relatar algo não
significa compactuar, mas apenas relatar.

Aprendi muito na vida, ainda posso aprender. Errei bastante e sei que
ainda errarei muito, mas agora, com uma nova roupagem, a do homem de
sucesso. Eu aprendi que para me fazer grande e dominar o mundo — risos —,
devo primeiro me fazer pequeno; a humildade mensura o nível de poder de
uma pessoa, então deve ser aprimorada, trabalhada; não há vergonha em ser
humilde, pelo contrário.

A sedução é linda, mas também perigosa, pode te levar a conquistar o


que deseja, seja utilizando de suas facetas sexuais ou comerciais, não importa.
Você pode conseguir o que deseja, mas usada da forma errada, pode te levar a
perder a pessoa mais importante para si mesmo. A sua identidade, sua alma.

Tive uma vida que talvez 100 homens comuns, juntos, jamais teriam; fiz
coisas que não me orgulho e que jamais repetiria, errei bastante, cai, levantei,
recaí e evolui várias vezes... simplesmente eu vivi e tenho orgulho disso e sei
que ainda vou viver e muito, afinal tenho apenas 29 anos e apesar de tudo,
ainda tenho muito a viver, a experienciar, experimentar. Foi um enorme prazer
tê-lo aqui comigo, escrever cada palavra desse livro, por mais difíceis que
algumas passagens tenham sido; no final, me senti mais leve.

Este livro é muito mais que um livro de autoajuda, ensinando sedução; é


muito mais que um livro revelando os segredos proibidos dela e dos
relacionamentos; é também, muito mais do que minha história e muito mais
que um tapa na cara da sociedade. Este livro é a minha carta de redenção, a
assinatura de minha mudança, com as palavras vindas do coração.

Muito obrigado!

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DEDICATÓRIA MAIS QUE ESPECIAL

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