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RESUMO
ABSTRACT
This article aims to discuss policies on youth and adult education, from the legal
document that reorients the practice of this type of education in the State of Bahia, regarding
the evaluation process. This is a theoretical analysis based on contemporary currents of public
policies and curriculum, aiming to realize how the official system has been working to
promote an education that meets the demands of the students in this segment, through an
analysis of the proposed curriculum, who in his speech takes into account the concerns of
historically excluded groups, adapting the curriculum, a constructivist perspective that values
the process more than the results. The data indicate that this document constitutes the need to
rethink new proposals for this segment and that depart from neoliberal logic, walking for
dialogue with society in promoting equality. Thus, it was found that such proposals are
directly linked to political / partisan issue, which thins the interests of the current government
and its respective program, reflecting thus the pedagogical projects that guide the curriculum,
in this case the Youth Education and Adults in the State of Bahia.
Key – words: Education of young people and adults. Public policy. Educational practices.
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INTRODUÇÃO
base para analise dos dados, procurando estabelecer relações com os pressupostos teóricos.
Dessa maneira, pretende-se constatar que as políticas públicas em educação estão diretamente
ligadas à questão político/partidária que se coadunam aos interesses do governo e a sua
corrente ideológica, refletindo, portanto nos projetos políticos pedagógicos que norteiam as
propostas curriculares, neste caso a da Educação de Jovens e Adultos no Estado da Bahia.
característica das classes dominantes, desenvolverem políticas sociais que não estejam
subordinadas aos seus, próprios interesses, enfatizando que aqueles que detêm o controle dos
meios de produção são os que determinarão o tipo de produção social desenvolvida, ficando
estas políticas subordinadas aos interesses privados da classe que detém este controle
(SAVIANI, 2000). O autor afirma que:
Na medida em que esse tipo de sociedade constitui, como seu elemento
regulador, um Estado, consequentemente capitalista, a “política econômica”
impulsionada por esse Estado, tendo em vista o desenvolvimento e a
consolidação da ordem capitalista, favorecerá os interesses privados sobre os
interesses da coletividade. Configura-se, assim o caráter antissocial da
“política econômica” cujos efeitos, entretanto, contraditoriamente, atuam no
sentido de desestabilizar a ordem capitalista em lugar de consolidá-la. Para
contrabalançar esses efeitos é que se produz, no âmbito do Estado, a
“política social”. (SAVIANI, 2000, p.1 e 2)
Em Azevedo, (2004), quando se discute as principais teorias que tratam sobre políticas
públicas salienta-se que essa prática é característica de tais modelos defensores da ideia do
“Estado Mínimo” 3, onde “creditam ao mercado a capacidade de regulação do capital e do
trabalho e consideram as políticas públicas as principais responsáveis pela crise que perpassa
as sociedades.” (AZEVEDO, 2004, p.12), pois asseguram que não é papel do Estado ser
responsável pelo individuo, cabendo a ele mesmo sua própria sobrevivência e qualificação,
pelo fato de viverem numa sociedade capitalista que prima pela “livre concorrência” e
“infinitas oportunidades”, cabendo a este sujeito buscar por si mesmo formas para adquirir os
meios necessários ao seu aprimoramento, como acontece na economia. A autora ainda destaca
que, segundo esta corrente:
intervenção estatal é uma das funções permitidas ao ‘Estado Guardião’” (AZEVEDO, 2004,
p.15).
A autora explica que apesar dos neoliberais aceitarem a legalidade da intervenção
estatal na educação, não pode ser isso exclusividade das entidades governamentais, sendo
necessário estabelecer uma parceria entre o público e o privado, para a promoção destes
investimentos em educação, incentivando a concorrência, destacando que os poderes públicos
devem transferir ou dividir a responsabilidade administrativa deste setor, incentivando a
competição que geraria um maior estimulo, melhorando a qualidade dos serviços e
aumentando o “leque” de opções para os cidadãos poderem fazer suas escolhas quanto a que
tipo de formação educacional desejaria ter.
o período pós/promulgação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) em 1996; concluindo que até
2004, a educação voltada para esse seguimento, apesar dos vários programas desenvolvidos,
nas diversas políticas instituídas, conservou ao logo dos anos um caráter reducionista e
assistencialista contrariando as promessas reparatórias, destacadas na LDB.
Por tanto estas ações acabam por dirimir a responsabilidade do Estado, que não
assumiu o papel a ele conferido, não aplicando devidamente os recursos financeiros, em
infraestrutura, material didático adequado, cursos de formação continuada para os professores,
etc.; mascarando o ensino da EJA e transferindo em parte essa responsabilidade para a
sociedade civil, por meio de programas assistencialistas que enfatizam os mecanismos de
manobras políticas, com o pretexto de estar democratizando a educação, passando a
responsabilidade para a iniciativa privada, contrariando até então o art. 208 da Constituição de
1988 que estabeleceu o ensino fundamental obrigatório estendendo a gratuidade àqueles que
não tiveram acesso em idade própria. A respeito disso as autoras concluem.
A função reparadora da EJA e a sua promessa de inclusão social via escola
baseia-se num reducionismo, pois a escolarização, na atual fase do
desenvolvimento capitalista, tem sido utilizada para justificar a seletividade
num mercado do trabalho onde não há lugar para todos. O termo equidade,
utilizado com frequência nos documentos nacionais e internacionais sobre
educação, deve ser entendido como o equilíbrio entre o mérito e a
recompensa, e pudemos perceber um sutil deslocamento do conceito de
igualdade para o de equidade. Pelos princípios neoliberais justifica-se a
existência das desigualdades como fruto das escolhas individuais do
cidadão-cliente, ou ainda, como necessárias para o bom funcionamento do
mercado. A ideia da equidade tem servido para que o Estado burguês
promova a aparente conciliação dos interesses da classe trabalhadora sem
prejudicar os interesses do capital e para a manutenção da coesão social.
(CHILANTE e NOMA, 2005, p.20)
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Esta política além de perpetuar, uma condição de dominação irá trazer como
consequência a provável imobilidade social das categorias menos favorecidas, pois, estes
nunca terão acesso às praticas pedagógicas adequadas, pelo fato de não poderem pagar por
uma educação de qualidade ou por conta do Estado não oportunizar esse tipo de educação.
Esses fatores implicarão na impossibilidade desses indivíduos pensarem criticamente e ao
mesmo tempo, terem uma qualificação que os permitam ingressar no mercado de trabalho e
serem bem sucedidos.
Quanto à função qualificadora, apontada como o próprio sentido da EJA e a
promessa de mudança situacional do indivíduo, ressalta-se que no
capitalismo mundializado o desemprego torna-se uma das maiores
dificuldades para a classe que vive do seu trabalho. Nesse processo a
educação é chamada a cumprir o seu papel histórico de formação do homem
para a sociedade, colocando-se como redentora. Na prática, porém, o
discurso de inclusão social via escola revela-se na exclusão social via
mercado, pois a exclusão deixa de ser percebida como condição do modo de
produção capitalista para tornar-se fruto das características individuais
daqueles que não conseguiram seu lugar na competitiva sociedade capitalista
que se manifesta no mercado de trabalho. (CHILANTE e NOMA, 2005,
p.20)
A PROPOSTA CURRICULAR
Essa tendência é fruto de uma visão tecnicista, resquício da época do regime militar,
que ainda repercute de uma maneira ou de outra numa visão que se deve ter da formação de
jovens e adultos. Visão esta que envolve as leis de mercado que exigem mão de obra,
especializada e barata, limitando a qualificação aquém do esperado, não propiciando o
desenvolvimento profissional desses grupos, colocando-os sempre na posição de pessoas que
necessitam de uma política assistencialista. Buscando uma reflexão sobre isso e apontando
caminhos, o autor conclui que:
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[...] a ênfase nessa ou em qualquer outra modalidade de ensino não pode ser
exclusivista, mas, sim, precisa pautar-se pela busca de uma formação aberta
à diversidade, contemplando, dessa forma, as diferentes dimensões e
possibilidades do humano. Tais como a afetividade, o conhecimento geral
sobre os processos culturais, o acesso aos bens e valores sociais e ecológicos
do mundo em que vive. Enfim, educação para ser educação precisa estar
envolvida com o desejo de instituição de pessoas que não só busquem um
posto de trabalho, mas que estejam buscando a realização de seus desejos e
mesmo de seus sonhos. (BARCELOS, 2010, p.26)
Porém o que categoricamente vem sendo afirmado nesta proposta curricular, é que, os
compromissos do Estado serão o de assumir um novo fazer coletivo, o qual se instituirá a
partir do diálogo com os próprios jovens e adultos, e com os educadores e educadoras da EJA;
contribuindo com a democratização e o efetivo desenvolvimento do processo educacional.
Esse posicionamento do Governo Estadual nos remete ao que já foi discutido, quando
abordamos a chamada universalização, ou democratização da educação, que segundo este
documento, não pretende diminuir ou transferir as responsabilidades delegadas ao Estado para
a iniciativa privada ou para os movimentos sociais; mas buscar o apoio desses setores na
busca de soluções para resolver as discrepâncias estabelecidas no ensino/aprendizado da EJA,
cuja orientação terá como ponto de partida os seguintes questionamentos:
[...] quem são os seus sujeitos? A que e a quem a EJA se destina? Que
significado esta modalidade assume em uma sociedade que se pretende
globalizada e pós-moderna? E ainda, quais as verdadeiras possibilidades
educacionais que são oferecidas aos educandos jovens e adultos na socie-
dade da informação? (BAHIA, 2009, p. 11)
A resposta para estas questões perpassa pela analise da gradativa degradação do ensino
público, decorrentes de políticas que por décadas vigoraram em nosso país, cuja lógica era a
de criar dois grupos distintos na sociedade: os que mandam e os que obedecem;
desenvolvendo assim dois modelos distintos de formação educacional: a privada e a pública.
Contudo, criou-se um grande problema, que foi a evasão escolar, seja pelo fato do aluno de
escola pública se desestimular, pelas péssimas condições de ensino e estrutura física e
pedagógica das instituições, gerando o aumento na repetência, seja pela necessidade de ter de
trabalhar mais cedo para ajudar nas despesas de sua família; alimentando o ciclo vicioso e
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determinista que desencadeou uma problemática quanto à defasagem escolar dos brasileiros
no quesito série/idade, aumentando o ingresso do número de jovens na EJA. Sendo necessária
também uma reformulação, não somente deste curso, como também na Educação
Fundamental e Média.
Atualmente, é pacífico afirmar que, do público que efetivamente frequenta
os programas e cursos da EJA, é cada vez mais reduzido o número de
sujeitos que não tiveram passagens anteriores pela escola; e o crescimento da
demanda indica, em número cada vez mais crescente, a presença de
adolescentes e jovens recém-saídos da Educação Fundamental, onde tiveram
passagens acidentadas.
O constante crescimento da EJA, portanto, tenciona o compromisso do
Estado com o direito à Educação Básica das crianças e adolescentes. Faz-se
necessário, então, reconhecer e afirmar que esta política tomará rumos mais
acertados no trabalho em parceria com a Educação Fundamental e Média do
nosso Estado. (BAHIA, 2009, p. 12)
Como foi previamente dito na introdução deste artigo, são diversas as possibilidades
para uma analise deste documento, restando ainda, como pudemos observar nos
compromissos do Governo, imensas lacunas a serem analisadas. No momento apenas se
discutiu o tema na perspectiva das políticas públicas em educação, buscando relacionar esta
proposta lançada em 2009, pela Secretaria Estadual de Educação do Estado da Bahia, no
contexto das políticas neoliberais que orientam ainda de certa forma as políticas sociais no
Brasil. Num outro momento, outras abordagens, poderão ser discutidas, após elaboração do
projeto, como por exemplo: Princípios teórico/metodológico da EJA; perfil e formação do
educador de EJA; estrutura curricular; orientações para o acompanhamento da aprendizagem;
avaliação, dentre outros.
CONCLUSÃO
questões relacionadas às políticas públicas em educação, voltadas neste caso para a EJA, não
aconteceram de forma aleatória. Juntamente com a pressão exercida pelos órgãos
internacionais, que sempre recomendaram a necessidade de novas propostas políticas, houve
todo um interesse dos órgãos públicos em travar esses debates também para corresponder
principalmente às críticas feitas pelos movimentos sociais, que exigem uma política de
reparação, viabilizando uma educação de qualidade para aqueles que tiveram o percurso
interrompido, para além do mero assistencialismo.
Portanto, concluo que é necessário o cumprimento do que foi estabelecido na proposta
curricular da EJA, mantendo sempre o diálogo com todos os setores envolvidos, para que o
processo de transformação social, através da educação, ocorra por meio de experiências
pragmáticas que apenas ações sociais politicamente engajadas conseguem alcançar. E que
essas visões de mundo e de concretude da realidade social e de suas emergentes necessidades,
possam sempre ser levadas em consideração, pois na maioria das vezes os administradores
públicos por si só não conseguem vislumbrar.
No entanto, se estas ações não estiveram realmente articuladas com as comunidades
locais, com as particularidades educativas e culturais da população da cidade e se não levar
em consideração as experiências educativas da educação não formal obtidas pelas próprias
necessidades dos estudantes da EJA, não conseguirá garantir essa escola tão almejada e que a
todo o momento é exaltada nos documentos e discursos oficiais.
REFERÊNCIAS
BAHIA, Secretaria da Educação do Estado da. Política de EJA da rede estadual. Disponível
em: http://www.educacao.escolas.ba.gov.br/node/11#sub6. Acesso em 02 de maio de 2011.
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_________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96). Rio de Janeiro: DP&A,
2003.
SAVIANI, D. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra política
educacional. Campinas: Autores Associados, 2000.
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1
Licenciado em História pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL). Especialista em Política do
Planejamento Pedagógico Currículo, Didática e Avaliação pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Pós-
graduando em História da Bahia, pela Faculdade São Bento da Bahia. Professor da Educação Básica pela
Secretaria da Educação do Estado da Bahia. jackr1@hotmail.com.
2
Esta denominação refere-se à Proposta Curricular com base em aprendizagens, por assim chamados Tempos
Formativos, que consistem em Eixos Temáticos e Temas Geradores. Estes últimos organizam (e organizam-se) as
diferentes áreas do conhecimento, de acordo com a dinâmica expressa no modelo curricular.
3
O Estado mínimo é um termo derivado das consequências do pensamento oriundo da Revolução Francesa e
Revolução Americana, que prega o liberalismo. A burguesia consegue após essas revoluções alcançar esse
patamar e fazer com que o Estado interferisse minimamente. O Estado de intervenção mínima cuidava apenas da
segurança interna e externa. Vários problemas começaram a surgir em razão desse Estado, principalmente após a
Revolução Industrial, que a burguesia passa a deter além do poder econômico, os meios de produção. Só então,
começam os primeiros rumores, de que o Estado deveria também interferir no social.
4
Grupo de Estudos e Pesquisas: História Sociedade e Educação no Brasil.
5
A Educação Popular é uma educação comprometida e participativa orientada pela perspectiva de realização de
todos os direitos do povo. Não é uma educação fria e imposta, pois baseia-se no saber da comunidade e incentiva
o diálogo.