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Módulo 3

CONCORDÂNCIA
VERBAL E NOMINAL

Sumário
Concordância Nominal......................................................................................................................................... 3
Regra geral ............................................................................................................................................................ 3
Casos Especiais ..................................................................................................................................................... 3
Concordância Ideológica.................................................................................................................................... 10
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CONCORDÂNCIA NOMINAL

Regra geral

O artigo, o adjetivo, o pronome adjetivo e o numeral adjetivo concordam em gênero e


número com o nome a que se referem. Esse nome será o núcleo do termo.

Aqueles dois meninos estudiosos leram os livros antigos.

sujeito objeto direto

núcleo núcleo

Casos especiais

1. Um único adjetivo para mais de um substantivo

Quando temos um só adjetivo qualificando mais de um substantivo, podemos distinguir


dois casos:

 adjetivo vem antes dos substantivos a que se refere.

Neste caso, o adjetivo deverá concordar com o substantivo mais próximo.

Tiveste má ideia e pensamento.


Tiveste mau pensamento e ideia.

 Quando funciona como predicativo (do sujeito ou do objeto), o adjetivo anteposto


poderá concordar com o substantivo mais próximo (conforme a regra) ou ir para o
plural.

Estava calmo o aluno e a aluna.


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ou
Estavam calmos o aluno e a aluna.

 Se o adjetivo anteposto referir-se, porém, a nomes próprios, o plural será


obrigatório.

As simpáticas Carolina e Luciana são irmãs.

 adjetivo vem depois dos substantivos.


Quando o adjetivo vem posposto aos substantivos a que se refere, há duas opções
de concordância.

 O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo:

Encontramos um jovem e um homem preocupado.

Evidentemente, o adjetivo concordará apenas com o último substantivo se apenas ele


estiver sendo qualificado.

Comeu peixe e laranja madura.


Da janela avistava sol e mar azul.

 O adjetivo vai para o plural, concordando com todos os substantivos:

Encontramos um jovem e um homem preocupados.

Quando se opta pela concordância no plural, é preciso levar em conta que o adjetivo
deverá ir para o masculino plural, se pelo menos um dos substantivos for masculino.

Encontramos uma jovem e um homem preocupados.

Se o adjetivo posposto aos substantivos funcionar como predicativo, o plural será


obrigatório.
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O aluno e a aluna estão reprovados.

2. Um único substantivo para mais de um adjetivo

Quando há um único substantivo determinado por vários adjetivos, encontramos duas


construções possíveis:

Estudava os idiomas francês, inglês e italiano.


Estudava o idioma francês, o inglês e o italiano.

Note que, quando se coloca o substantivo no plural, não se usa artigo antes dos
adjetivos. Se, no entanto, o substantivo estiver no singular, será obrigatório o uso do
artigo, a partir do segundo adjetivo.

3. As expressões é bom/ é necessário / é proibido.

As expressões formadas do verbo ser mais um adjetivo (é bom, é necessário, é


proibido, etc.) não variam.

Aspirina é bom para dor de cabeça.


É necessário paciência.
Bebida alcoólica é proibido para menores de 18 anos.

Entretanto, se o sujeito vier antecedido de artigo ou palavra equivalente, a


concordância será obrigatória.

A aspirina é boa para dor de cabeça.


É necessária muita paciência.
A bebida alcoólica é proibida para menores.

Verifique este exemplo clássico:

É proibido entrada de estranhos.


ou
É proibida a entrada de estranhos.
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4. As palavras anexo /incluso

Anexo e incluso são palavras adjetivas; devem, portanto, concordar com o nome a que
se referem.

Segue anexo o livro.


Seguem anexos os livros.
Segue anexa a fotografia.
Seguem anexas as fotografias.
Vai incluso o documento.
Vão inclusos os documentos.
Vai inclusa a procuração.
Vão inclusas as procurações.

A expressão em anexo fica invariável.

Segue em anexo a fotografia.


Seguem em anexo as fotografias.

Observação: seguem também esta regra as seguintes palavras mesmo, próprio,


obrigado, agradecido, grato, apenso, quite, leso.

Ele mesmo falou: obrigado.


Ela mesma falou: obrigada.
Ele próprio disse: agradecido.
Eles próprios resolveram as mesmas questões.
O menino ficou grato.
A menina ficou grata.
Os meninos ficaram gratos.
As meninas ficaram gratas.
O documento está apenso aos autos.
A duplicata está apensa aos autos.
O aluno está quite com o serviço militar.
Os alunos estão quites com o serviço militar.
Cometeram crime de leso-patriotismo.
Cometeram crime de lesa-soberania.

5. Menos / alerta / pseudo

As palavras menos e alerta e o prefixo pseudo são sempre invariáveis.

Havia menos alunos na sala. Havia menos alunas na sala.


O rapaz ficou alerta. Os rapazes ficaram alerta.
Era um pseudoprofessor. Era uma pseudoprofessora.
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6. A palavra bastante

A palavra bastante pode funcionar como adjetivo ou como advérbio.

 Como adjetivo, estará ligada a um substantivo e concordará normalmente com ele.

Bastantes pessoas compareceram à reunião.


Havia bastantes razões para ele comparecer.
As provisões foram bastantes para as férias.

 Como advérbio, estará ligada a um verbo, adjetivo ou advérbio e nunca variará.

Elas falam bastante.


Elas são bastante simpáticas.
Elas chegaram bastante cedo.

É muito fácil verificar se a palavra bastante deve ou não ser flexionada: basta substituí-la
na frase por muito. Quando se flexiona a palavra muito, bastante também deve ser
flexionada.

Encontraram bastantes (= muitos) motivos para justificar a falta.


Na prova havia bastantes (= muitas) questões de concordância.

Observação: seguem também a mesma regra as seguintes palavras: meio, muito, pouco,
caro, barato, longe.

Como adjetivo ou pronome adjetivo

Tomou meio litro de vinho.


Tomou meia garrafa de cerveja.
É meio-dia e meia (hora).
Muitos alunos compareceram à formatura.
Poucas pessoas assistiram ao jogo.
Os sapatos eram caros.
A mercadoria é barata.
Andei longes caminhos e longes terras.
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Como advérbio

Ela é meio louca.


A porta estava meio aberta.
Ela anda meio aborrecida.
Os alunos estudaram muito.
Elas gastaram pouco.
Aqueles sapatos custaram caro.
Aquelas mercadorias custaram barato.
Eles moram longe.

7. A palavra só

A palavra só, quando é um adjetivo (equivalendo a sozinho), concorda normalmente


com o nome a que se refere.

Ela ficou só.


Elas ficaram sós.

Quando é um advérbio (equivalendo a somente), naturalmente não será variável.

Depois da batalha só restaram cinzas.


Os artistas só esperam ter seu talento reconhecido.

A locução adverbial a sós é invariável.

Gostaria de ficar a sós com você.


Eles precisam conversar a sós.
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8. A palavra possível

A palavra possível, quando acompanha expressões superlativas, tais como o mais, a


menos, o melhor, a pior, os maiores, as menores, varia conforme o artigo quer integra
essas expressões.

Quero um carro o mais barato possível.


Comprou alimentos o menos caros possível.
Recebemos a melhor notícia possível.
Vestia roupas as mais modernas possíveis.
Dirigiu-lhes os maiores elogios possíveis.
As previsões eram as piores possíveis.

A expressão quanto possível é invariável.

Proporcionou-lhes conforto quanto possível.


Obteve informações quanto possível.

9. Pronomes de tratamento

Os pronomes de tratamento concordam sempre em terceira pessoa.

Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.


Vossa Alteza conhece muito bem os seus inimigos.

O adjetivo referente a um pronome de tratamento concordará com o gênero da


pessoa representada por esse pronome.

Vossa Majestade está preocupado. (o rei)


Vossa Majestade está preocupada. (a rainha)

10. Substantivo com valor de adjetivo

Um substantivo empregado como adjetivo (derivação imprópria) não varia.

Mulher monstro, mulheres monstro.


Blusa vinho, blusas vinho.

11. Particípios

Os particípios concordam normalmente com o substantivo a que se referem.

Iniciado o trabalho, todos saíram.


Iniciada a aula, o professor fez a chamada.
Iniciados os trabalhos, todos saíram.
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Iniciadas as aulas, os professores fizeram a chamada.


O material foi comprado pelo pedreiro.
Os materiais foram comprados pelo pedreiro.
A aula foi iniciada pelo professor.
As aulas foram iniciadas pelo professor.

Quando integra um tempo composto conjugado na voz ativa, o particípio permanece


invariável.

O professor tinha iniciado a aula.


A professora tinha iniciado a aula.
Os professores tinham iniciado a aula.
As professoras tinham iniciado a aula.

CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA

Muitas vezes a concordância não é feita com a forma gramatical das palavras, mas
com a ideia ou o sentido que está subentendido nelas. A esse tipo de concordância dá-se
o nome de concordância ideológica, ou silepse.

A dinâmica e populosa São Paulo continua sofrendo com as enchentes.


(Silepse de gênero: subentende-se a cidade de São Paulo)

Os brasileiros lamentamos a derrota do esquadrão canarinho.


(Silepse de pessoa: subentende-se nós, os brasileiros).

Os Sertões conta a Guerra dos Canudos.


(Silepse de número: subentende-se a obra Os Sertões).
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Referências

ANDRÉ, Hildebrando. Gramática Ilustrada. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 1990.

BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela análise sintática. 16ª ed. Rio de
Janeiro: Lucerna.

CADORE, Luís Agostinho – Curso Prático de Português, Literatura. Gramática.


Redação.

CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 30 ed.


São Paulo: Nacional, 1998.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio


de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

EPSTEIN, Isaac. Gramática do poder. São Paulo: Ática, 1993.

KURY, Adriano da Gama. Português Básico. Rio de janeiro: Nova Fronteira, p.150.

LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 42ª


ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2002.

TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. São Paulo: Scipione. 1996.

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