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O Pentecostalismo no Brasil
Ingo Wulfhorst
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Estudos Teológicos, 35(l):7-20, 1995
Enquanto que para os pentecostais negros Cristo era um Cristo negro dos
pobres e oprimidos, também em sua dimensão política, os pentecostais brancos se
limitaram à experiência religiosa unicamente voltada para o sagrado, separando a
prática religiosa da missão sócio-política3. É nesse pentecostalismo dos brancos
nos Estados Unidos que encontramos o berço do pentecostalismo brasileiro. Numa
das reuniões pentecostais de Seymour o pastor batista W. H. Durham, de Chicago,
estava presente e também falou em línguas. Então levou essa experiência para a
sua Igreja em Chicago. Ele ressaltava que a justificação já é o início da santifica
ção e que, por conseguinte, o Batismo do Espírito Santo seria a segunda bênção.
Reencontramos essa doutrina no pentecostalismo brasileiro, pois na Igreja de
Durham em Chicago encontramos o núcleo comum a partir do qual se formariam
“ as três vertentes do pentecostalismo brasileiro” : a Assembléia de Deus, a Con
gregação Cristã do Brasil e a Igreja Evangélica Quadrangular no Brasil4.
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preparação para o vestibular. É uma Igreja popular, que atrai a população pobre e
periférica das cidades e conta hoje com 800.000 fiéis, conforme a AEVB. O
sucessor de Manoel de Mello é o seu filho Lutero, enquanto o seu cunhado iria
fundar a Igreja Pentecostal “ Deus é Amor” .
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A experiência religiosa de ter sido eleito por Deus, selada pelo Batismo do
Espírito Santo, é para o crente a sua distinção em relação a todas as demais
pessoas. E essa diferença ele mostra visivelmente na sua maneira de viver, afas-
tando-se do mundanismo, como da TV, cinema, baile, fumo, bebidas alcoólicas,
etc. A diferença também é mostrada através de outras proibições: p. ex., a mulher
não pode usar maquiagem nem lhe é permitido aparar os cabelos. A ruptura com
as “ coisas do mundo” é sinal visível do crente e pré-condição para receber o
Batismo do Espírito Santo. Essa separação dos eleitos ainda é cimentada pelo
terceiro pilar da doutrina pentecostal.
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Por fim cabe dizer ainda que existe também um posicionamento sócio-
político muito conservador entre os pentecostais que vão alcançando pessoas da
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classe média. Se o mundo está começando a tomar-se bom, isto é, alguns pente-
costais deixam de ser pobres, por que deveriam insistir tanto no fím do mundo?
Conseqüentemente, neste caso o discurso sobre o fim do mundo vai se enfraque
cendo. Isto está muito forte na assim chamada teologia da prosperidade, que tem
o seu expoente na Igreja Universal do Reino de Deus. É possível ouvir diariamente
em muitas rádios e emissoras de TV testemunhos de que bastaria converter-se a
Cristo para ter garantido o sucesso material para a sua vida pessoal. É toda uma
visão do pensamento positivo da Nova Era que está sendo difundida por determi
nados grupos pentecostais. Felizmente já surgiram críticas contra essa teologia
dentro do próprio pentecostalismo: cito como exemplo o livro de Ricardo Gondim
intitulado O Evangelho da Nova Era. Uma Análise e Refutação da Chamada
Teologia da Prosperidade.
Bibliografia
Notas
1 Folha de S. Paulo, 10 maio 1993, p. 14.
2 Walter HOLLENWEGER, EI Pentecostalismo, pp. 9s.
3 Francisco C. ROLIM, Pentecostais no Brasil, pp. 70ss.
4 Antônio G. M ENDONÇA, Introdução ao Protestantismo no Brasil, p. 48.
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