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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

RAFAEL VENÂNCIO PINTO

LUCAS GABRIEL SILVA MARTINS

“OS EFEITOS DA EXTINÇÃO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES SOBRE A POLÍTICA URBANA NO


BRASIL”

GOIÂNIA

2023
OS EFEITOS DA EXTINÇÃO DO MINISTÉRIO DAS CIDADES SOBRE A POLÍTICA URBANA NO
BRASIL

A partir da década de 1960 iniciaram discussões dos problemas que seriam ocasionados pelo
intenso fluxo migratório do campo para a cidade. Cidades essas que não tinham estrutura ou
ao menos um plano sólido para suportar o descontrolado aumento populacional.

Em 1988 a nova Constituição Federal apresentou relevantes diretrizes acerca da política


urbana. A Propriedade Urbana passou a ter função social; estabeleceu-se que todos os
cidadãos têm direito à moradia digna o que levou a futuros programas sociais como o Minha
Casa Minha Vida; a participação popular no planejamento urbano foi enfatizada; o plano
diretor passou a ser obrigatório. Pode-se dizer que a partir dessa nova Constituição Federal o
interesse social sobressaiu ao interesse privado acerca das propriedades.

Complementando os avanços apresentados em 1988, o Estatuto da Cidade (EC) foi instituído


em 2001 para regulamentar as políticas urbanas presentes nos artigos 182 e 183 da
Constituição Federal. Além da regulamentação, o EC passou a auxiliar a elaboração dos novos
Planos Diretores e exigiu que tais planos fossem revistos, pelo menos, a cada dez anos.

O Plano Diretor (PD) é o instrumento que dita as políticas de desenvolvimento e expansão


urbana. O PD é responsável pelos direcionamentos da gestão urbana quanto ao uso do solo,
zoneamento, implantação de serviços e infraestrutura e promoção a redução de desigualdades
sociais. Ao longo do processo de elaboração e aprovação do Plano Diretor devem ser realizadas
audiências públicas buscando trazer uma maior participação popular, além de dar
transparência ao processo como um todo.

Percebendo a relevância das políticas públicas foi criado em 2003 o Ministério das Cidades
(MC). Esse órgão tinha uma função planejadora, normativa e fomentadora a elaboração de
planos nacionais. Além de buscar implantar um sistema de dados sobre as questões urbanas e
habitacionais, o que tornariam os PDs mais eficazes. Através de suas secretarias o MC auxiliava
e registrava as gestões municipais.

Questões habitacionais, de saneamento, transporte e mobilidade eram pontos de suma


importância para o Ministério das Cidades. Frisando as questões habitacionais de interesse
popular, seguindo as diretrizes presentes na constituição de 1988 onde foi estabelecido que
uma moradia digna é um direito da população.

Com o discurso de redução de gastos e da burocracia o Ministério das Cidades foi extinto em
2019, tendo suas competências incorporadas ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
Através de documentos orçamentários como a Lei Orçamentária Anual (LOA) verifica-se que as
despesas relacionadas com o Ministério das Cidades estavam em patamares bilionários, tendo
como exemplo os anos de 2017 e 2018 as despesas apresentadas foram de R$ 16.284.527.449
e R$ 11.143.030.885 respectivamente. Valores estes que podem ser amenizados ao fundir
ministérios que apresentam sinergia.

O ano de 2016 foi o prazo máximo para a primeira revisão obrigatória dos Planos Diretores,
logo, a segunda será no ano de 2026. A partir de então será possível ter uma noção se o
Ministério do Desenvolvimento Regional conseguiu englobar o MC e realizar suas funções com
êxito.

Tanto o Estatuto da Cidade quanto o Ministério das Cidades foram inovações de suma
importância que colocaram um holofote no caos em que as políticas públicas se encontravam.
Porém existem poucos dados sobre a eficácia dos mesmos devido ao pequeno tempo de sua
implantação, tendo passado apenas um período revisional dos Planos Diretores obrigatórios.
Outro ponto que deve ser observado é o cumprimento dos planos que foram definidos.

Pode-se dizer que o MC deu um grande passo no âmbito das políticas públicas, porém somente
com o passar dos anos será possível afirmar se a sua incorporação pelo Ministério do
Desenvolvimento Regional resultará em uma somatória de forças que trará ainda mais
resultados ou se essa decisão vai causar um retrocesso nos benefícios já alcançados.

Referências Bibliográficas

 https://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/orca/orcamento/OR2017/
red_final/Volume_I.pdf
 https://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/orca/orcamento/OR2018/
red_final/Volume_I.pdf

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