Você está na página 1de 6

Universidade Federal de Jataí / CIAGRA

Mecanização Agrícola
Tratores – Aproveitamento da Potência e Manutenção

Aproveitamento da Potência
O trator agrícola permite o aproveitamento da potência por meio do
A - sistema de levantamento hidráulico (SLH)
B - barra de tração (BT)
C - Tomada de potência (TDP)

A barra de tração é a primeira forma desenvolvida para aproveitamento da potência do trator. Permite o acoplamento de
implementos de arrasto e a potência desenvolvida depende do atrito do rodado com o solo. Por esse motivo, é a forma menos
eficiente de aproveitamento de potência entretanto é uma das mais utilizadas. Para melhorar sua eficiência, algumas características
e ajustes são possíveis.
Uma característica que melhora a eficiência é o ponto de acoplamento, que em geral ocorre abaixo e à frente do eixo
traseiro, especialmente nos tratores de maior potência. Dessa forma, é possível melhorar a aderência das rodas dianteiras,
melhorando a estabilidade longitudinal do trator (menor tendência do trator “empinar”) quando exerce grande força de tração e
também reduz a patinagem.

Além disso, dependendo do trator, é possível fazer alguns ajustes como comprimento da barra, trabalho com a barra fixa ou
oscilante e altura da barra.
O comprimento da barra é regulado alterando-se o furo utilizado para fixar a barra ao trator. Escolhendo-se os furos da
extremidade a barra ficará mais longa e os furos do centro a barra ficará mais curta. A posição mais curta é utilizada com
implementos que aplicam muita carga vertical (peso) sobre a barra de tração pois aumenta sua resistência. Porém nessa posição as
manobras ficam mais difíceis com alguns tipos de implementos. Por isso, com implementos mais leves, o ideal é utilizar a barra
mais longa, de modo que a distância ao trator fique maior, reduzindo o risco de se chocarem com os pneus traseiros durante as
curvas mais fechadas.

Fonte: SENAR Fonte: SENAR


Barra na posição curta Barra na posição longa
Geralmente é possível também trabalhar com o trator com a barra de tração fixa ou oscilante. Para isso o movimento lateral
da barra é limitado por pinos colocados lateralmente a ela. Com os pinos mais próximos, a barra fica fixa. Com os pinos mais
distantes a barra passa a oscilar, acompanhando a linha de tração do implemento nas curvas. Assim, haverá maior facilidade nas
curvas tracionando o implemento, com maior capacidade de tração e menor esforço na roda exterior. Entretanto, alguns
implementos não permitem o uso da barra oscilante, carretas por exemplo, em que a barra fixa é necessária para as manobras. Os
implementos que são acoplados à barra de tração e acionados pela TDP, um pulverizador de arrasto por exemplo também devem
trabalhar com a barra fixa. Nesse último caso, com a barra oscilando a angulação da TDP pode ser excessiva nas curvas causando
danos ao cardã ou à própria TDP. Durante o transporte dos implementos também se recomenda a barra fixa.
Alguns tratores apresentam a barra de tração reta, sem ajuste de altura. A maioria, entretanto, permite a regulagem da altura
da barra de tração, que podem ter duas ou quatro alturas diferentes.
O ajuste da altura pode ser realizado para adequar o trator para que o cabeçalho do implemento fique o mais horizontal
possível, garantindo a aderência adequada dos dois eixos do trator.

Fonte: Massey Ferguson Fonte: Massey Ferguson

Barra muito baixa: Eixo traseiro perde aderência Barra muito alta: Eixo dianteiro perde aderência

Outro motivo é para permitir ao trator tracionar implementos que exigem muita força de tração com menor tendência de
“empinar”. Para isso, se reduz a altura da barra o que provoca a redução na transferência de peso do eixo dianteiro para o traseiro,
melhorando a estabilidade longitudinal.
Caso a barra seja reta e tenha o cabeçote parafusado a ela, formando a boca de lobo, é possível obter duas alturas,
invertendo a barra de modo que o cabeçote fique acima da barra (maior altura) ou abaixo (menor altura). Nas barras com degrau e
cabeçote, é possível obter quatro alturas diferentes, invertendo a posição da barra e do cabeçote.

Fonte: SENAR

Barra reta sem cabeçote Barra reta com cabeçote

Fonte: SENAR

Barra com degrau


Barra com degrau e cabeçote que permite 4 posições (alturas)

1- Com degrau para baixo e cabeçote para cima


2- Com degrau e cabeçote para baixo
3- Com degrau para cima e cabeçote pra baixo
4- Com degrau e cabeçote para cima

Fonte: Massey Ferguson

Tomada de Potência - TDP


Transmite movimento de rotação do motor para acionamento de implementos. É uma evolução dos sistemas utilizados nos
tratores antigos que acionavam implementos por meio de uma polia montada ao lado do trator. É o dispositivo mais eficiente para
aproveitamento da potência do motor uma vez que as perdas são somente no sistema de transmissão.
Há uma padronização na TDP de acordo com a faixa de potência dos tratores. Menor potência se utiliza rotação de 540 rpm
e em tratores de maior potência 1000 rpm. Para evitar acoplamento incorreto de implementos os eixos da TDP e consequentemente
os cardãs são diferentes em termos de diâmetro e número de estrias. Os tratores equipados com TDP de 1000 rpm normalmente
tem a opção de 540 rpm, mas exigem a troca do eixo da TDP. Importante ressaltar que existe a rotação do motor que corresponde à
rotação de trabalho da TDP, que varia com o fabricante e o modelo do trator. Geralmente no tacômetro (conta-giros) no painel há
uma indicação da rotação recomendada. Por isso, quando se trabalha com máquinas acionadas pela TDP a velocidade de
deslocamento é definida pela marcha do trator, já que se variar a rotação do motor a rotação da TDP irá variar também. E os
implementos são projetados para receber a rotação padronizada, pois se estiver acima da recomendada podem ocorrer danos ao
equipamento e riscos para operador. Rotação abaixo da recomendada o equipamento não funcionará adequadamente.
Alguns implementos necessitam de rotação para funcionar porém não exigem muita potência, como por exemplo o
acionamento da bomba dos pulverizadores. Já outros, uma roçadora por exemplo, exigem rotação e potência. Para atender o
primeiro tipo, alguns fabricantes de tratores disponibilizam a TDP com a opção de 540 Econômica, em que a rotação padronizada
da TDP é obtida em uma rotação mais baixa, consequentemente com menor consumo de combustível. Para isso o operador precisa
alterar a posição de uma alavanca, geralmente.

Eixo Nº Rotação Potência


Tipo
(mm) Estrias (rpm) Máx. (cv)
1 35 6 540 65
2 35 21 1000 125
3 45 20 1000 251
4 57 18 1000 462

Fonte: SENAR

Nos tratores mais antigos, a TDP para de girar com a embreagem do trator acionada, pois o acoplamento ocorre após a caixa
de câmbio. Essa TDP é denominada dependente. Atualmente os tratores são equipados com a TDP independente, em geral
controlada por embreagem própria. Trata-se de um sistema mais eficiente e seguro em que o operador não precisa parar o trator
para acionar ou desligar a TDP bem como consegue parar ou reduzir a velocidade do trator sem parar o movimento do implemento.
Mas ressalta-se que em nos dois tipos a alteração da rotação do motor altera a rotação da TDP.

Fonte: SENAR

TDP dependente TDP independente


Sistema de Levantamento Hidráulico - SLH
Funciona à base de compressão de óleo, em que a bomba é acionada pelo motor do trator e utilizado para acionar os três
braços do trator que operam de forma articulada nos quais são acoplados os implementos montados. Além disso, são bastante
utilizados também para acionamento de máquinas por meio de pistão ou motor hidráulico cujas mangueiras são conectadas ao
trator por terminais de engate rápido.

Fonte: SENAR

Os implementos montados podem ser de superfície, em que o sistema hidráulico é utilizado para controlar a altura do
implemento. No comando do trator cada posição da alavanca corresponde a uma posição dos braços inferiores, de modo que o
operador define a altura de trabalho do implemento. Exemplos são distribuidores de adubo ou pulverizadores montados. Nesse caso
o braço do terceiro ponto sobre um esforço de tração. Porém também existem os implementos montados de profundidade, como
por exemplo subsoladores ou arados montados. Nesse caso, a resistência do solo tende a levantar o implemento, o que origina uma
força de compressão no braço superior.

Implemento de superfície – tração no 3o ponto Implemento de profundidade – compressão no 3o ponto

Com os implementos de profundidade, o operador utiliza outra alavanca do SLH para controlar a profundidade de trabalho
em função da força de tração exigida. Esse sistema é o controle de tração, mas também denominado por alguns autores como
controle de profundidade. O braço superior (3º ponto) é acoplado por um dispositivo com mola, um sensor, que mede a compressão
sofrida pelo terceiro ponto e atua sobre o sistema hidráulico. Caso haja alteração na força de compressão, o sistema abaixa ou
levanta o implemento automaticamente, sem a interferência do operador. Em geral o maior esforço de tração significa que o
implemento está mais profundo. Mas pode ocorrer também que haja uma variabilidade no solo, com áreas mais compactadas.
Nessas áreas o esforço de tração será maior e automaticamente o SLH levantará o implemento mantendo o esforço de tração
constante.

Maior compressão – levanta o implemento Menor compressão – abaixa o implemento

A sensibilidade do sistema de controle de tração pode ser alterada


pela escolha do ponto de acoplamento do braço na torre do terceiro
ponto. Quanto mais próximo do sensor, maior a sensibilidade. Assim,
em solos leves se utiliza o furo mais próximo do sensor, solos médios o
furo intermediário e solos duros ou para o transporte de implementos o
furo mais distante. Essa recomendação para transporte serve para
proteger o sensor de choques e vibrações durante o transporte do
implemento.
Os cilindros hidráulicos dos implementos são conectados por meio de mangueiras ao sistema hidráulico do trator por
terminais de engate rápido, normalmente localizados na parte traseira do trator. Os terminais do trator e do implemento devem ser
mantidos protegidos por tampas para evitar a contaminação por poeira e devem ser limpos antes do acoplamento. Outro cuidado
que deve ser observado é em relação às especificações do óleo hidráulico utilizado nos tratores, pois esse irá se misturar com o óleo
presente nas mangueiras e cilindros dos implementos, o que pode vir a causar problemas no sistema hidráulico do trator.

Fonte: SENAR

Fonte: SENAR

Manutenção

É o Conjunto de serviços destinados a manter o trator em condições ideais de operação. Manutenção bem feita representa
economia para o produtor, com maior rendimento das máquinas, pois ocorre menor número de paradas para ajustes e consertos. O
custo operacional também é reduzido, pois o custo da manutenção é menor que o conserto por manutenção deficiente, como falta
de lubrificação de peças, por exemplo. Além disso, a vida útil das máquinas aumenta com a manutenção correta, associada aos
cuidados adequados durante a operação.
Basicamente, são três os tipos de manutenção: preventiva ou periódica, corretiva e preditiva.
A preventiva é aquela realizada para evitar deficiências por falta de lubrificação ou pequenos ajustes. Normalmente é a essa
que nos referimos ao se tratar da manutenção de máquinas agrícolas.
A manutenção corretiva é aquela realizada para sanar defeitos decorrentes da falta de manutenção, acidentes ou desgaste
natural de peças. Procura-se evitar a manutenção corretiva pois além do custo ser mais elevado, normalmente o problema acontece
durante o trabalho, prejudicando a semeadura ou a pulverização por exemplo, que tem prazo certo para ser realizada.
A Preditiva é aquela realizada de acordo com o histórico da máquina ou análises (óleo p. ex) para se prever a troca de um
componente ou execução de procedimento. Normalmente só é utilizada em grandes frotas.
Na manutenção preventiva de tratores agrícolas, o serviço a ser realizado e a periodicidade ocorre de acordo com o número
de horas trabalhadas, que pode ser lubrificação (pinos graxeiros, correntes, p. ex.), limpeza (radiador, p.ex.), ajustes (folga de um
pedal, p.ex), troca de peças (filtros, p.ex.) e revisões (estado e pressão dos pneus, p.ex.).
De modo geral, os cuidados são agrupados em
• Diários – 10 horas
• Semanais – 50 horas
• Mensais – 200 a 250 horas
• Trimestrais – 400 a 500 horas
• Semestrais – 750 a 1000 horas
Mas podem haver variações de acordo com o fabricante – sempre verificar o manual do trator. Nele estão especificados
todos os serviços e a forma de serem realizados, de maneira bem completa e ilustrada.
Abaixo segue exemplo do quadro resumo das manutenções de um trator agrícola
Fonte: Massey Ferguson

Você também pode gostar