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Ano: 2018
Cofinanciamento:
Candidatura no âmbito do PDR2020, medida 2.1.4 – Ações de Informação
Rua Anzebino Cruz Saraiva, Edifí�cio Beira Rio, Lote 9, Loja 5, 2415-371 LEIRIA
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Resina e Resinagem – Manual Técnico
Índice
Ficha Técnica.......................................................................................................................................... 2
�ndice......................................................................................................................................................... 3
�ndice de Figuras.................................................................................................................................. 5
Enquadramento:................................................................................................................................... 7
I. O que é a resina?................................................................................................................ 7
II. Processo de produção de resina pelos pinheiros............................................... 9
III. Resinagem............................................................................................................................. 9
IV. Primeira transformação e derivados de resina................................................... 10
a. Colofónia (pez louro)............................................................................................... 11
b. Essência de Terebentina (aguarrás)................................................................. 12
V. História da produção e transformação de resina em Portugal.................... 13
VI. Produtos resinosos no mundo.................................................................................... 15
Importância da resinagem:............................................................................................................. 19
I. Importância da resinagem na economia florestal
e rural em Portugal........................................................................................................... 19
II. Importância da resinagem para uma gestão florestal sustentável
e prevenção de incêndios rurais................................................................................ 20
III. Importância da resina para a Indústria Nacional.............................................. 22
Técnicas de resinagem:..................................................................................................................... 25
I. Resinagem à vida............................................................................................................... 25
II. Resinagem à morte........................................................................................................... 26
III. Ferramentas utilizadas na resinagem..................................................................... 27
a. Ferramentas utilizadas em ambos os métodos de resinagem............. 31
b. Ferramentas utilizadas para a resinagem com púcaros......................... 31
c. Ferramentas utilizadas para a resinagem com sacos.............................. 31
IV. Preparação de um pinhal para a resinagem......................................................... 31
V. Determinação do potencial de uma área para a resinagem.......................... 33
VI. Organização do trabalho de resinagem.................................................................. 33
VII. Descarrasque....................................................................................................................... 33
VIII. Riscagem................................................................................................................................ 34
IX. Abertura da bica................................................................................................................. 35
X. Montagem de serviço...................................................................................................... 35
a. Púcaros........................................................................................................................... 36
b. Sacos................................................................................................................................ 37
XI. Renova.................................................................................................................................... 38
XII. Aplicação de pasta estimulante.................................................................................. 38
XIII. Colheita................................................................................................................................... 39
XIV. “Raspa”.................................................................................................................................... 39
XV. Armazenamento................................................................................................................ 40
XVI. Transporte da resina para a fábrica e chegada à fábrica................................ 40
XVII. Finalização da campanha de resinagem no pinhal............................................ 41
Fontes Bibliográficas.......................................................................................................................... 48
Índice de Figuras
Figura 1 Resina saindo de uma incisão........................................................................... 8
Figura 2 Esquema desde a floresta até à 2ª transformação.................................. 11
Figura 3 Aplicações industriais da colofónia................................................................ 12
Figura 4 Aplicações industriais da terebentina.......................................................... 13
Figura 5 Resinas do petróleo vs resinas do pinheiro (fonte: PCA).................... 16
Figura 6 Resinas naturais quanto à sua origem (fonte: PCA)............................... 16
Figura 7 Produção global de produtos resinosos (2017)
em milhares de toneladas/ano (fonte: PCA)............................................. 17
Figura 8 Pinhal de Leiria antes do incêndio de outubro de 2017...................... 19
Figura 9 Evolução da produção de resina em Portugal desde 1998,
valores em milhares de toneladas/ano (dados INE)............................. 22
Figura 10 Evolução do preço da resina em euros em Portugal (dados INE)... 23
Figura 11 Diâmetro mí�nimo de resinagem...................................................................... 25
Figura 12 Diâmetros e número de fiadas na resinagem à vida.............................. 25
Figura 13 Distância entre fiadas, resinagem à vida..................................................... 26
Figura 14 Distância entre fiadas, resinagem à morte................................................. 26
Figura 15 Fases do pinhal aptas para a resinagem à vida........................................ 32
Figura 16 Descarrasque............................................................................................................ 34
Figura 17 Riscagem..................................................................................................................... 34
Figura 18 Abertura da bica...................................................................................................... 35
Figura 19 Dimensões máximas da incisão para resinagem à vida e à morte.. 35
Figura 20 Resinagem com púcaros...................................................................................... 36
Figura 21 Resinagem com sacos........................................................................................... 37
Figura 22 Renova simples e renova com proteção....................................................... 38
Figura 23 Aplicação da pasta estimulante....................................................................... 38
Figura 24 Transporte da resina para a fábrica............................................................... 40
Figura 25 Esquema SiResin..................................................................................................... 44
Figura 26 Circuito económico da resina............................................................................ 46
Enquadramento:
Este manual técnico surge pela necessidade de colmatar a ausência de
informação técnica atualizada sobre a atividade da resinagem em Portu-
gal. É� pretendido, com um conjunto de informações transmitidas de forma
clara e objetiva e com recurso a imagens e esquemas simples, contribuir
para o desenvolvimento da atividade resineira em Portugal.
Com este manual é pretendido agregar toda a informação referente à ativi-
dade de extração de resina, de forma a permitir a sua correta implementação
no terreno, bem como dotar todos os interessados e profissionais do sector
de uma ferramenta de consulta e de apoio à tomada de decisão técnica.
Todos os processos de resinagem desde a seleção do local até ao trans-
porte da resina para as fábricas encontram-se mencionados e descritos
neste manual. As práticas descritas encontram-se em linha com a legisla-
ção atualmente em vigor que regula o sector em Portugal, o Decreto-Lei
n.º181/2015. No entanto a utilização deste manual não descarta a neces-
sidade de conhecer e consultar a legislação aplicável ao sector.
Através deste manual é feita igualmente uma breve introdução à temática
de resina e da resinagem, bem como uma resenha histórica da resinagem
em Portugal. São ainda apresentados alguns dados globais do sector das
resinas naturais, resinagem e dos derivados de resina.
Como complemento a este manual a RESIPINUS dispõe de três filmes téc-
nicos sobre a importância da resinagem, a legislação do sector e as princi-
pais técnicas e etapas da resinagem. Os filmes referidos estão disponí�veis
para consulta livre no site oficial da RESIPINUS.
I. O que é a resina?
A resina é um lí�quido viscoso e translúcido, de cor amarela acastanhada,
com um odor caracterí�stico a pinho, que as espécies vegetais libertam, em
III. Resinagem
A Resinagem é a atividade florestal praticada manualmente pelo explora-
dor de resina (resineiro), com recurso a ferramentas manuais desenvolvi-
das para o efeito. Esta atividade inclui um conjunto de operações em que
o objetivo é extrair, recolher, limpar e acondicionar a resina de pinheiros,
seguindo esta posteriormente para uma unidade industrial de 1ª trans-
formação. Esta atividade consiste em fazer incisões no tronco do pinheiro,
retirando uma porção da sua casca e entrecasco, fazendo com que a árvore
produza e liberte resina. A resina produzida vai sendo recolhida num re-
Importância da resinagem
I. Importância da resinagem na economia florestal
e rural em Portugal
A história da produção e transformação de resina em Portugal está inti-
mamente ligada à história da principal espécie resiní�fera em Portugal, o
pinheiro-bravo (Pinus pinaster). O pinheiro-bravo é uma espécie caracte-
rí�stica do Mediterrâneo Ocidental, presente na Estremadura Portuguesa
há pelo menos 33.000 anos e de grande peso económico e social na histó-
ria recente do setor florestal português.
Técnicas de resinagem
I. Resinagem à vida
A resinagem à vida consiste numa
forma de exploração de resina que
é realizada ao longo da vida do pi-
nheiro. Legalmente pode ter iní�-
cio a partir do momento em que
o tronco do pinheiro atinja um
diâmetro à altura do peito (DAP)
mí�nimo de 20 cm, (63cm de perí�-
metro) a 1,30m do solo. Nesta mo-
dalidade, em função do diâmetro
do pinheiro apenas se pode fazer
1 ou 2 fiadas por pinheiro (ver
art. 4º do Decreto-Lei). É� uma for-
ma de resinagem de longo prazo, Figura 11 – Diâmetro mínimo de resinagem
de intensidade baixa/moderada,
que permite que as árvores continuem a crescer e a produzir madeira
normalmente.
Na seguinte tabela encontram-se representados os limites mí�nimos (perí�-
metro / diâmetro) previstos na legislação para a resinagem à vida:
VII. Descarrasque
A resinagem no pinhal inicia-se com a operação de desencarrasque ou
descarrasque. Esta operação consiste na remoção da camada superficial
de casca (carrasca) do pinheiro. É� efetuada na face do tronco onde se irá
realizar a montagem do serviço, isto é na face onde se irão realizar todas
as etapas seguintes do processo de resinagem. As dimensões do descar-
rasque são normalmente, cerca de 50 cm de altura e aproximadamente de
30 cm de largura.
O descarrasque é efetuado com auxí�lio da descarrascadeira e/ou poderá
ser também utilizado o machado. O machado é indicado para os pinheiros
VIII. Riscagem
A riscagem consiste na marcação prévia
da fiada. Tem como finalidade servir como
orientação para os limites de largura má-
xima que a incisão pode ter (12cm para a
resinagem à vida). Faz-se com recurso ao
riscador, resultando em dois sulcos (ris-
cos) paralelos na casca do pinheiro, des-
de a base do tronco até à altura em que se
perspetiva realizar as renovas (cerca de
50cm por ano). Figura 17 – Riscagem
X. Montagem de serviço
Operação central da resinagem, que pode ser feita recorrendo a dois mé-
todos distintos, serviço com púcaro, prego e bica (chapa que se insere no
pinheiro) ou serviço com sacos de plástico, onde estes são agrafados ao
tronco do pinheiro. Dado que os dois métodos são muito utilizados em
a. Vantagens:
• Os púcaros podem ser reutilizados durante vários anos;
• Permitem a realização de colheitas intermédias de forma mais
prática;
• São uma solução mais ecológica com menor produção de resí�duos
plásticos.
b. Desvantagens
• Instalação dos púcaros é tecnicamente mais difí�cil e demorada do
que a instalação dos sacos;
• Preço dos púcaros consideravelmente mais elevado do que os sa-
cos;
• Ao fim de alguns anos os púcaros necessitam de ser substituí�dos;
• Em caso de vento muito forte podem cair derramando a resina
armazenada.
b. Sacos
A resinagem com sacos consiste numa al-
ternativa à resinagem com púcaros. Neste
método de resinagem os sacos são agrafa-
dos ao pinheiro após a realização da ope-
ração de descarrasque, ficando no pinhei-
ro até ao final da campanha. Se no decorrer
da campanha o saco ficar cheio poderá ser
agrafado um ou mais sacos, imediatamen-
te acima, no mesmo pinheiro. Em algumas
explorações realiza-se uma colheita in-
termédia, despejando o conteúdo do saco
para um recipiente de colheita.
Figura 21 – Resinagem com sacos
a. Vantagens:
• Instalação fácil e rápida apenas com recurso a um agrafador;
• Baixo custo dos sacos.
b. Desvantagens:
• Os sacos não podem ser reutilizados;
• Exige que no final da campanha a resina tenha que ser separada
manualmente de cada saco;
• Opção menos ecológica pela maior produção de resí�duos plásti-
cos.
• Acrescem os custos anuais da atividade, uma vez que no final de
cada campanha devem ser encaminhados para entidade acredita-
da para o efeito.
37 RESIPINUS – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina
Resina e Resinagem – Manual Técnico
XI. Renova
A renova consiste na abertura de uma nova incisão acima da que foi feita
anteriormente (na mesma fiada). Este processo é repetido ao longo de
toda a campanha com intervalos de15 a 21 dias, dependendo das opções
de gestão e da disponibilidade de mão-de-obra. Durante os meses nor-
mais de exploração poderão ser feitas até cerca de 10 renovas.
Para uma melhor qualidade da resina obtida a renova poderá ser feita
com recurso a um protetor colocado em cima dos sacos ou púcaros, evi-
tando que pedaços de casca, agulhas ou outras impurezas caiam dentro da
resina contida no púcaro.
XIII. Colheita
A colha ou colheita da resina consiste na recolha da resina acumulada que
se encontra nos recipientes de recolha (púcaros ou sacos). A resina depois
de colhida é normalmente encaminhada para bidões onde irá ser arma-
zenada e posteriormente transportada para a fábrica que a irá processar.
Na resinagem com púcaros são efetuadas diversas colhas ao longo do ano,
em função do ritmo da produção que se verifica, do risco de incêndio e das
necessidades de recuperação de investimento. Normalmente são efetua-
das 3 colhas ao longo de toda a campanha. Nesta modalidade a recolha da
resina é feita com recurso a uma espátula, que ajuda a retirar a resina do
púcaro para uma lata de colha, sendo a resina posteriormente depositada
num bidão.
Na resinagem com sacos, a resina libertada pelo pinheiro fica normal-
mente no saco sendo recolhida apenas no final da campanha. No entanto
nalgumas situações, sobretudo em função do risco meteorológico de in-
cêndio, pode optar-se por realizar uma colha intermédia de forma a salva-
guardar parte da produção, evitando assim a perda total da produção em
caso de incêndio ou roubo. Na resinagem com sacos a operação de colha
faz-se retirando os sacos dos pinheiros onde foram agrafados, sendo estes
levados para um estaleiro, posteriormente os sacos serão abertos um a
um e a resina será depositada igualmente num bidão.
XIV. “Raspa”
No final da campanha, depois da última colheita, justifica-se na maioria
das explorações a colheita da “raspa”. Designa-se de raspa toda a resina
que foi ficando acumulada sobre a incisão ao longo da campanha (como
resultado da evaporação dos compostos voláteis da resina). Esta resina
embora de inferior qualidade, possui apesar de tudo, interesse para a in-
dústria. No final da campanha é habitual esta resina, que ficou acumulada,
ser raspada com o auxí�lio de uma ferramenta própria. Este processo con-
siste em raspar toda a face do tronco que foi resinada ao longo da campa-
nha, de forma que a resina raspada caia sobre uma sarapilheira ou esteira
plástica previamente colocada na base do tronco do pinheiro. A resina
raspada será posteriormente armazenada em sacos de grande dimensão
e encaminhada para a fábrica.
XV. Armazenamento
A resina depois de colhida no pinhal é habitualmente armazenada em bi-
dões de metal de 200 litros. Os bidões utilizados para este fim são, na sua
grande maioria, recuperados e reutilizados a partir de outras atividades
económicas. Antes de se proceder à colocação da resina nos bidões o inte-
rior destes deverá ser revestido por um saco de plástico de grande dimen-
são. Desta forma evitam-se contaminações que possam advir do contacto
da resina com substâncias presentes nos bidões ou mesmo provocadas
pela reação quí�mica entre o metal e a resina. Eventuais contaminações
de resina por produtos quí�micos implicam a rejeição de toda a resina do
bidão, uma vez que as caracterí�sticas quí�micas da resina poderiam ser
deterioradas e os critérios de qualidade pretendidos para os derivados
não fossem atingidos.
Em algumas explorações o armazenamento dos bidões é feito, ainda que
temporariamente, no próprio pinhal, no entanto esta opção tem riscos,
nomeadamente a perda da resina armazenada em caso de incêndio ou au-
mento da probabilidade de roubo. Algumas empresas optam pela retirada
da resina do pinhal aquando da colha, optando pelo armazenamento em
estaleiro ou armazém.
V. Legislação Revogada
Com este Decreto-Lei é revogada a legislação anterior referente à resi-
nagem, nomeadamente:
• Os artigos 11.º e 12.º e a secção III da Lei n.º 30/2006, de 11 de julho;
• O artigo 6.º do Decreto n.º 13658, de 23 de maio de 1927;
• O Decreto-Lei n.º 33529, de 15 de fevereiro de 1944;
• O Decreto-Lei n.º 38273, de 29 de maio de 1951 alterado pelo Decre-
to-Lei n.º 41033, de 18 de março de 1957, e pela Lei n.º 30/2006, de
11 de julho;
• O Decreto-Lei n.º 38630, de 2 de fevereiro de 1952, alterado pelo De-
creto-Lei n.º 41033, de 18 de março de 1957, e pela Lei n.º 30/2006,
de 11 de julho;
• O Decreto-Lei n.º 41033, de 18 de março de 1957, alterado pelo De-
creto-Lei n.º 129/88, de 20 de abril.
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