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Brasil fica em 60° lugar em ranking mundial de educação em lista com 76 países

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) analisou o desempenho de alunos de 15


anos
REDAÇÃO ÉPOCA
13/05/2015 - 15h20 - Atualizado 13/05/2015 15h20

Nesta quarta-feira (13/05), a BBC teve acesso ao relatório parcial da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre a educação em 76 países do mundo. O Brasil ficou com a 60ª
posição, atrás do Chile (48°) e do Uruguai (55°). De acordo com O Estado de São Paulo, Argentina (62°),
Colômbia (67°) e Peru (71°) ficaram entre os 15 piores colocados. Os resultados têm base na pontuação
alcançada por estudantes de 15 anos em testes de ciências e matemática.
Apesar do desempenho no ranking, outra estimativa feita pela instituição apontou que o Brasil tem potencial
para multiplicar por sete o seu PIB nas próximas décadas, caso todos os adolescentes de 15 anos tenham acesso
à educação básica. O país que teve a melhor colocação no ranking foi Cingapura, que nos anos 60 tinha altos
índices de analfabetismo. Segundo a OCDE, o país asiático é um bom exemplo de como é possível ter
resultados positivos com investimento no setor. A Finlândia, referência internacional em educação, ficou em
6° lugar no ranking, antecedida de outras quatro nações asiáticas, além de Cingapura.
De acordo com o diretor da OCDE para assuntos educacionais, Andreas Schleicher, em entrevista à BBC,
essa é a primeira vez que um ranking atinge uma dimensão verdadeiramente global. "A ideia é dar aos países,
ricos ou pobres, a oportunidade de comparar seu desempenho educacional para descobrir pontos fortes e fracos
e ao mesmo tempo ver os benefícios a longo prazo de melhoras na qualidade do ensino", afirmou. A inserção
de novos países no ranking, como Tailândia, África do Sul e Irã, é a principal razão apontada para a melhoria
da análise a nível mundial. Com essa mudança, o próprio Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa), promovido também pela OCDE, passa a ter menor relevância, segundo Schleicher.
http://epoca.globo.com/tempo/filtro/noticia/2015/05/brasil-fica-em-60-lugar-em-ranking-mundial-de-educacao-em-lista-com-76-
paises.html

Brasil ficou entre os países com pior desempenho na avaliação


No ranking, o Brasil aparece com desempenho pior do que o de países como o Irã (51.º), que enfrentou uma
guerra de grandes proporções nas últimas décadas, e os vizinhos Chile (48.º) e Uruguai (55.º), que têm
economias mais fracas do que a brasileira. Outros três sul-americanos ficaram entre os 15 piores colocados na
avaliação: Argentina (62.º), Colômbia (67.º) e Peru (71.º). No ranking de 2012, que avaliou 65 países, o Brasil
havia ficado em 58.º lugar.
A assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC) informou que só vai comentar os dados após a
apresentação oficial do relatório, que ocorrerá na próxima semana durante o Fórum Mundial de Educação, na
Coreia do Sul.
No evento, líderes mundiais vão traçar metas de educação para os próximos 15 anos. Os últimos objetivos
foram traçados em 2000, mas alguns deles - como fornecer ensino primário a todas as crianças - não foram
completamente alcançados.
“A tarefa para os governos é ajudar os cidadãos a se desenvolver e garantir que em 2030 todos eles tenham os
conhecimentos e habilidades necessários para ter uma educação, trabalho e vidas adequados”, avalia a OCDE,
no relatório.
Posições. As cinco melhores colocações ficaram para países asiáticos, Cingapura, Hong Kong, Coreia do Sul,
Japão e Taiwan, na sequência. Schleicher chamou a atenção para o caso de Cingapura, que nos anos 1960 tinha
altos índices de analfabetismo, mas conseguiu uma recuperação nas últimas décadas. Nas três piores posições
do ranking estão Gana, África do Sul e Honduras.
http://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-e-o-60-colocado-em-ranking-mundial-de-
educacao,1686720

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O que os países asiáticos têm a nos ensinar sobre educação?
Bruna Riboldi

São asiáticos os países que estão no topo do ranking mundial de educação divulgado na última semana pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ODCE). O primeiro lugar foi ocupado por Cingapura,
seguido de Hong Kong (região administrativa especial da China) e Coreia do Sul. Entre os 76 países avaliados, somente
dois lusófonos integram o ranking e figuram na segunda metade da lista: Portugal o ocupa a 30ª colocação, e Brasil, um
vergonhoso 60º lugar.
A lista foi criada com base nos resultados de testes de matemática e ciências aplicadas nesses países, como o Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), o TIMSS (dos EUA) e o TERCE (da América Latina). De acordo com
o relatório, os índices de educação de um país servem como indicação dos ganhos econômicos que a nação pode ter a
longo prazo. Tomemos o Brasil como exemplo: segundo o estudo, se o país proporcionar educação básica universal para
todos os adolescentes de 15 anos, o país pode ter um crescimento de até sete vezes no seu PIB.
“Políticas e práticas educacionais deficientes deixam muitos países em um permanente estado de recessão
econômica“, sublinha o relatório, citado pelo Jornal O Globo.
O site BBC Brasil listou cinco lições que podemos aprender com os primeiros colocados:
1 – Educação ruim faz mal à economia
Segundo o documento, as falhas educacionais de um país cobram seu preço não apenas em oportunidades perdidas a
milhões de adolescentes, mas também impactam a economia do país inteiro.
2 – Educação de qualidade e petróleo não se misturam
O exame PISA mostra uma relação negativa entre o dinheiro que os países ganham a partir de seus recursos naturais e as
habilidades de seus estudantes. Ou seja: países que têm poucos recursos naturais costumam investir mais no capital de
conhecimento, o que, num planeta de recursos finitos, tem a sua lógica.
3 – O que importa é a qualidade
O estudo ressalva que a educação universal e obrigatória é apenas um primeiro passo. Atingir o nível básico de matemática
e ciências é fundamental como base para uma aprendizagem mais profunda.
4 – A alta renda de um país não o protege da educação ruim
Prova disto é o desempenho dos Estados Unidos: cerca de 25% dos alunos de 15 anos do país não completaram com êxito
o nível básico do PISA em matemática e ciências. Assim, a maior potência do mundo ficou abaixo de países como o
Vietnã no ranking.
5 – Valores são fundamentais
Nos países que lideram o ranking, a valorização do ensino tem grande peso na cultura. Pais e avós chineses, por
exemplo, costumam investir suas poupanças na educação de filhos e netos. Aliado a isso está outra ideia difundida
nestes países de que todas as crianças podem alcançar um bom nível educacional, independentemente da origem familiar.
Os céticos podem dizer “isso é fácil quando a educação no país já está mais consolidada”. Pois bem, a estes fica o lembrete:
Cingapura, que hoje ocupa a primeira posição, já registrou altos níveis de analfabetismo nos anos 1960, um
exemplo de que o progresso educacional é possível mesmo em pouco tempo.
http://www.conexaolusofona.org/o-que-os-paises-asiaticos-tem-a-nos-ensinar-sobre-educacao/

Ranking da Educação Mundial (2015)

1. Cingapura
2. Hong Kong
3. Coreia do Sul
4. Japão
4. Taiwan
6. Finlândia
7. Estônia
8. Suíça
9. Holanda
10. Canadá
11. Polônia
12. Vietnã

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A vovó na janela
Cláudio de Moura Castro

Muitos pais brasileiros de classe média dedicam um esforço ínfimo para educar os filhos. Quantos
deixam de ver TV para assegurar-se de que seus pimpolhos estão estudando? Quantos conversam
frequentemente com os filhos? Sabemos que tais gestos têm impacto enorme sobre o desempenho dos
filhos.
Em uma pesquisa internacional sobre aprendizado de leitura, os resultados da Coreia pareciam
errados, pois eram excessivamente elevados. Despachou-se um emissário para visitar o país e checar a
aplicação. Era isso mesmo. Mas, visitando uma escola, ele viu várias mulheres do lado de fora das janelas,
espiando para dentro das salas de aula. Eram as avós dos alunos vigiando os netos, para ver se estavam
prestando atenção às aulas.
A obsessão nacional que leva as avós às janelas é a principal razão para os bons resultados da
educação em países com etnias chinesas. A qualidade do ensino é um fator de êxito, mas, antes de tudo,
é uma consequência da importância fatal atribuída pelos orientais à educação.
Foi feito um estudo sobre níveis de estresse de alunos, comparando americanos com japoneses.
Verificou-se que os americanos com notas muito altas eram mais tensos, pois não são bem-vistos pelos
colegas de escolas públicas. Já os estressados no Japão eram os estudantes com notas baixas, pela
condenação dos pais e da sociedade.
Pesquisadores americanos foram observar o funcionamento das casas de imigrantes orientais.
Verificou-se que os pais, ao voltar para casa, passam a comandar as operações escolares. A mesa da sala
transforma-se em área de estudo, à qual todos se sentam, sob seu controle estrito. Os que sabem inglês
tentam ajudar os filhos. Os outros – e os analfabetos – apenas vigiam.
Os pais não se permitem o luxo de outras atividades e abrem mão da TV. No Japão, é comum as
mães estudarem as matérias dos filhos, para que possam ajudá-los em suas tarefas de casa. Fala-se do
milagre educacional coreano. Mas fala-se pouco do esforço das famílias. Lá, como no Japão, os cursinhos
preparatórios começam quase tão cedo quanto a escola. Os alunos mal saem da aula e têm de mergulhar
no cursinho. O que gastam as famílias pagando professores particulares e cursinhos é o mesmo que gasta
o governo para operar todo o sistema escolar público.
Esses exemplos lançam algumas luzes sobre o sucesso dos países do Sudeste Asiático em matéria
de educação. Mostram que tudo começa com o desvelo da família e com sua crença inabalável de que a
educação é o segredo do sucesso. Países como Coreia, Cingapura e Taiwan não gastam muito mais do
que nós em educação. A diferença está no empenho da família, que turbina o esforço dos filhos e força o
governo a fazer sua parte.
É curioso notar que os nipo-brasileiros representam 0,5% da população de São Paulo. Mas ocupam
15% das vagas da USP. Não obstante, seus antepassados vieram para o Brasil praticamente analfabetos.
Muitos pais brasileiros de classe média achincalham nossa educação. Mas seu esforço e sacrifício pessoal
tendem a ser ínfimos. Quantos deixam de ver TV para assegurar-se de que seus pimpolhos estão
estudando? Quantos conversam frequentemente com os filhos? As pesquisas mostram que tais gestos
têm impacto enorme sobre o desempenho dos filhos. Se a família é a primeira linha de educação e apoio
à escola, que lições estamos dando às famílias mais pobres?
O Ministério da Saúde da União Soviética reclamava contra o Ministério da Educação, pois julgava
que o excesso de horas de estudo depois da escola e nos fins de semana estava comprometendo a saúde
da juventude. Exatamente a mesma queixa foi feita na Suíça.
No Brasil, uma pesquisa recente em escolas particulares de bom nível mostrou que os alunos do
último ano do ensino médio disseram dedicar apenas uma hora por dia aos estudos além das aulas.
Outra pesquisa indicou que os jovens assistem diariamente a quatro horas de TV. Esses são os alunos
que dizem estar se preparando para vestibulares impossíveis.
Cada sociedade tem a educação que quer. A nossa é péssima, antes de tudo, porque aceitamos
passivamente que assim o seja, além de não fazer nossa parte em casa. Não podemos culpar as famílias
pobres, mas e a indiferença da classe média? Está em boa hora para um exame de consciência. Estado,
escola e professores têm sua dose de culpa. Mas não são os únicos merecendo puxões de orelha.

In.: CASTRO, Cláudio de Moura. Os tortuosos caminhos da educação brasileira. São Paulo: Penso, 2014. p. 62-64.

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