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Alguns vão achar difícil acreditar no que elas descrevem: uma escola sem
tensão, sem competição entre os alunos, sem concorrência entre as
instituições, sem inspetores, sem repetência, até mesmo sem nota nos
primeiros anos, e que teria os melhores resultados do mundo.
O sucesso finlandês tem suas raízes na tradição política dos países nórdicos,
ligada às realizações concretas do Estado de bem-estar social, mais do que a
uma doutrina. Instado a revelar a elogiada receita pedagógica em uma mesa-
redonda da rede de televisão norte-americana PBS, em 10 de dezembro de
2010, o professor Pasi Sahlberg respondeu com um amplo sorriso: “Você sabe,
entre nós a escola é gratuita para todos, desde o curso preparatório até a
universidade!”. Com base nesses pressupostos, é difícil levar adiante
comparações com o modelo dos Estados Unidos...
Esse serviço público unificado não se mostra particularmente caro, muito pelo
contrário. Em paridade de poder aquisitivo, a Finlândia gasta menos dinheiro
por aluno no ensino primário e secundário do que a média dos países
ocidentais, e muito menos do que os Estados Unidos ou o Reino Unido.7 A
ênfase foi colocada na qualidade da supervisão, no número e na formação dos
professores: a profissão do magistério tornou-se altamente respeitada e muito
cobiçada, ainda que exija uma longa formação (pelo menos cinco anos de
universidade, em geral mais) e que os salários acompanhem mais ou menos a
média ocidental:8 significativamente mais altos do que os salários franceses no
início de carreira (36% mais no fundamental, 27% no médio), eles se
aproximam no fim da carreira. Apenas um candidato a professor em dez atinge
seu objetivo. Também se espera dos docentes um envolvimento tão forte que
não é incomum que alguns confiem seu número de telefone ou endereço de e-
mail aos pais. Uma boa parte da formação (no mínimo um ano) não é dedicada
ao conteúdo a ser transmitido, mas à pedagogia: a maneira de transmitir.
Ameaça no horizonte
Philippe Descamps
Jornalista
Ilustração: Orlando
01 de Março de 2013
Palavras chave: Finlândia, educação, ensino, escola, modelo, ranking,
igualdade, Escandinávia, professores, acesso, qualidade, escola pública,
estudantes, internacional