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Indulgência: o que é isso?

Dom, 10 de Maio de 2009 21:04 -

Em algumas ocasiões, Igreja oferece aos seus filhos a possibilidade de


receber indulgência por seus pecados. Trata-se de uma doutrina que causou
polêmica na história (deu início à revolta luterana) e é de difícil compreensão
teológica. Muitas pessoas têm perguntado sobre o sentido das indulgências e
algumas pediram-me que escrevesse sobre o tema. Por isso, decidi tratar do
tema.

Um pouco de história

As raízes da prática da indulgências estão na


Igreja primitiva, mas a prática mesma
somente surgiu na França no século X e a
doutrina
sobre esta prática (a reflexão sobre o sentido da
prática) deu-se somente a partir do século XII. É
como na vida: primeiro as coisas acontecem, depois é
que se reflete sobre o sentido do que aconteceu! Vou
apresentar de modo muito resumido a história das
indulgências e depois vou demorar-me mais explicando
o sentido bíblico e teológico delas.

No início a disciplina penitencial da Igreja era muito


rígida: uma pessoa que cometesse pecado grave
após o Batismo, depois de confessar seu pecado não
recebia logo a absolvição. Primeiro tinha que cumprir
a penitência pelo seu pecado – penitência esta que

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era muito severa. Hoje o padre diz: “reze um salmo”,


“faça um ato de caridade a uma pessoa”, “reze um
pai-nosso”... Antigamente não era assim. A penitência
poderia ser, por exemplo, um ano sem poder
negociar, um ou dois anos sem poder assumir cargos
públicos, para os casados, um ano sem ter relações
sexuais, um longo tempo afastado de atividades
comerciais, um ano de jejum, etc. Enquanto cumpria a
penitência, o penitente não podia participar da Missa
completa: saía após a Oração dos fiéis! Em geral era
na Quinta-feira santa pela manhã que o Bispo reunia
todos os penitentes que tinham terminado de cumprir a
penitência e dava-lhes, finalmente, a absolvição dos
pecados. Eles, então, poderiam participar da santa
Missa da Vigília pascal e voltar a comungar! (É dessa
reunião do Bispo com os penitentes na Quinta-feira pela
manhã que surgiu a nossa Missa do Crisma).

No século X, os bispos franceses, pela primeira


vez abreviaram ou suprimiram a penitência daqueles
penitentes que livremente ajudassem nas obras públicas
pelo bem da comunidade: construção ou manutenção
de hospitais e leprosários, de santuários, etc. Assim,
a Igreja, mediante estas obras que o penitente
realizava com espírito de piedade e com espírito de
reparação da ofensa a Deus, dispensava-o da

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penitência devida pelo seu pecado. Era um modo de


mostrar benevolência e misericórdia para com o
penitente que sofria com o demorado período
penitencial que lhe era imposto. Daqui nasceram as
indulgências: obras realizadas com espírito de
piedade e arrependimento mediante as quais a
Igreja suplicava a Deus o perdão para as penas que o
pecado trazia para o pecador.
Assim, a Igreja, corpo e esposa de Cristo, ministra da
reconciliação, derramava sobre seus filhos as riquezas
da graça e do perdão do Senhor Jesus morto e
ressuscitado!

Infelizmente, houve excessos na baixa Idade


Média: muitas vezes as indulgências foram usadas como
meio fácil de arrecadar dinheiro: ao invés de obras de
misericórdia, a obra pedida para obter-se as
indulgências eram fartas esmolas em dinheiro ou
terras. É clara a tentação de fazer das indulgências por
um lado, um meio fácil de arrecadar dinheiro por parte
das autoridades eclesiásticas e por outro lado, um
meio fácil para o penitente achar-se livre das
conseqüências do pecado sem um real esforço de
conversão. Os abusos levavam a pensar que o céu
poderia ser comprado. Um pouco como algumas seitas
fazem hoje com o dízimo! Então, uma prática que em

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si mesma tem sentido evangélico, foi usada de modo


abusivo... que provocou escândalos e ajudou a causar
divisões na Igreja de Cristo. Hoje, graças a Deus, o
sentido das indulgências foi retomado e aprofundado.
É este sentido que vou apresentar a seguir.

Um pouco de teologia

Antes de tudo é bom deixar claro que as


indulgências fazem parte da fé da Igreja. Um católico
não pode negar sua validade. O Concílio de Trento
ensinou que a doutrina das indulgências é útil e deve
ser mantida! A questão é como compreender tal
doutrina. Aqui entra o papel do teólogo!

Não encontramos diretamente uma palavra da


Sagrada Escritura sobre as indulgências. No entanto,
encontramos nela os elementos que fundamentam e
justificam a doutrina sobre as mesmas. Vejamos!
Para toda a Escritura é muito claro que o pecado
deixa marcas em nós: ele nos afasta de Deus, de modo
que voltar a ele é um processo mais ou menos longo,

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dependendo do caso. Mesmo quando a pessoa se


arrepende e o pecado é perdoado, ficam conseqüências,
seqüelas que não desaparecem de uma vez só. É aí
que aparece a necessidade de uma sincera
penitência, uma reeducação nos caminhos de Deus,
uma clara e humilde aceitação do seu juízo. Vejamos
alguns exemplos: “ Congregados em nome de
Nosso Senhor Jesus vós e meu espírito com autoridade
de Nosso Senhor Jesus, entrego esse tal a Satanás
para ruína da carne, a fim de que o espírito seja salvo
no dia do Senhor” (1Cor 5,4s); “Alguns, que a rejeitaram,
naufragaram na fé. É o caso de Himeneu e
Alexandre, que entreguei a Satanás para aprenderem
a não blasfemar” (1Tm 1,19s); “Por seus julgamentos o
Senhor nos corrige para não sermos condenado com
o mundo” (1Cor 11,32); “Eis que vou lançá-la na
cama e em grande tribulação aqueles que com ela
cometem adultério, a não ser que se arrependam de
suas obras. Seus filhos, eu os farei morrer, e todas as
igrejas conhecerão que sou eu quem sonda os rins e
os corações. Retribuirei a cada um de vós segundo as
obras” (Ap 2,22s). Portanto, o
pecado deixa conseqüências em nós e nos outros que
não são suprimidas pelo simples arrependimento: “
Para o homem ele disse: ‘Porque ouviste a voz da
mulher e comeste da árvore, cujo fruto te proibi
comer, amaldiçoada será a terra por tua causa’” (Gn

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1,17ss); “O Senhor disse a Moisés e Aarão: ‘Visto que


não acreditastes em mim, santificando-me aos olhos
dos israelitas, não introduzireis este povo na terra que
lhes vou dar’. O Senhor disse a Moisés: ‘Sobe ao monte
Abarim para ver a terra que darei aos israelitas.
Depois de vê-la, também irás reunir-te a teu povo,
como já aconteceu com teu irmão Aarão’”. (Nm 20,12;
27,13s); “Davi respondeu a Natã: ‘Pequei contra o
Senhor’. Natã lhe replicou: ‘O Senhor, de sua parte,
perdoou o teu pecado e não deverás morrer. Só que, por
teres ultrajado o Senhor com o teu proceder, o filho
que te nasceu morrerá’” (2Sm 12,13s).

O que a Escritura quer ensinar com estas


passagens bíblicas que citei? Que Deus é carrasco, que
gosta de castigar o pecador arrependido? Não! O
sentido é outro, bem mais profundo: toda má ação
nossa, todo pecado, nos prejudica, nos fecha para Deus
e para os outros, nos desfigura e nos deixa mais
fracos, dependentes: “ Todo aquele que comete
pecado é escravo do pecado” (Jo 8,34).
Pensemos numa pessoa que fuma: fica mais
dependente e prejudica os outros com suas
baforadas... e mesmo que queira deixar de fumar,
sente-se tanto mais fraca para deixar quanto mais
arraigado for o seu vício. E aquele que fala mal da

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vida alheia: quanto mais fala, mais viciado fica. Pois


bem, ao confessar sua falta, o pecador é perdoado,
mas o vício ficou mais forte, mais entranhado e o
prejuízo que causou aos outros, falando deles, não é
eliminado e continua fazendo mal! Portanto o pecado
que cometemos deixa cicatrizes em nós e nos outros!
Então, como corrigir isso? Como livrar-se do vício?
Como corrigir o prejuízo, as seqüelas que o vício
deixa? Pela oração, a penitência, as obras de
caridade e o combate espiritual! A Escritura muitas vezes
fala disto e nos exorta a este combate, a este esforço
disciplinado e constante para extirpar o mal em nós!
Tudo isso vai nos abrindo para Deus e os irmãos, vai
nos reeducando, vai nos redirecionando para o bem, vai
nos amadurecendo e dando força contra o mal! É
muito importante compreender isso: a conversão
nunca
é repentina;
sempre
é um processo: mesmo que eu creia no Cristo de
repente, tenho, depois, pouco a pouco, que ir corrigindo
meus vícios e más tendências! Quantas pessoas
realmente convertidas dizem: “Ah, padre, as coisas
que fiz no passado ainda hoje me tentam, vêm-me à
memória e querem levar-me a pecar novamente!”
Temos, portanto, que lutar contra os vícios (= as más
tendências) que ficaram em nós porque se a gente não

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aprender a superar estas imperfeições agora, nesta


vida, o Senhor nos purificará delas logo após a nossa
morte – é o que chamamos comumente de
purgatório
! O fato é que nada de impuro pode permanecer diante
do Cristo Ressuscitado, o Santo de Deus (cf. Ex
19,10; Is 6,5-7; Ap 21,27). Somos cristãos, queremos
seguir o Cristo, caminhamos com ele... mas a poeira do
caminho, a infidelidade que nos impediu de ser
totalmente abertos para o Cristo, tem que ser deixada
para trás... nesta vida ou na outra, quando, logo após
a morte, encontrarmo-nos com o Senhor que nos acolhe
com seu Espírito de amor. O próprio Lutero, mesmo
depois de separar-se da Igreja, continuou afirmando o
purgatório. Somente mais tarde é que o negou. Ele
distinguia entre ser justificado (quer dizer, ser salvo no
momento em que creio em Jesus) e ser santificado
(que é um processo pelo qual a minha vida vai de
verdade sendo transformada pela graça que vem da fé e
pelo combate interior)! Sobre o purgatório, procure ler
o que eu escrevi nos artigos sobre escatologia!

Agora, demos um passo mais adiante. A


Igreja pode ajudar seus filhos neste processo de
conversão constante, de purificação, que é toda a nossa
vida: ela, corpo e esposa de Cristo, reza de modo

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especial, pela expiação (pela purificação) de seus


membros, aplicando-lhes solenemente o mérito
infinito de Cristo, que é seu tesouro e
cabeça de todos os membros do corpo eclesial
.A oração da Igreja pedindo que seus membros
sejam libertados das conseqüências danosas que
o pecado deixa (= estas marcas, estes vícios, que
também são chamados pela tradição teológica de
“penas”), é o que chamamos de indulgências.
E a Igreja tem certeza de ser ouvida na sua oração,
primeiro porque ela ora conforme a vontade de Cristo
que nos quer dar o perdão e a salvação; segundo
porque ora não como na oração privada, mas como
oração de toda a Igreja, corpo de Cristo-Cabeça! Dito de
outro modo:
as indulgências são uma ajuda que a Igreja nos dá
no nosso processo de conversão: pela oração
eclesial a graça de Cristo atua para nos libertar dos
apegos e dependências que o pecado provoca em
nós impedindo-nos a uma total abertura para o
Cristo.
Esta oração, a Igreja faz não somente pelos vivos,
mas também pelos defuntos! Aqui é necessário notar
bem: não é a Igreja quem salva: é Cristo! A Igreja,
como ministra da reconciliação, como aquela que tem
por missão fazer presente no mundo a salvação que vem
do Senhor Jesus, como aquela que tem em Cristo

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seu único tesouro,


pede pelo mérito do Senhor Jesus e pela
intercessão de todos aqueles que já estão unidos
a Cristo, nosso único mediador
, que conceda aos seus filhos a força para romperem
com os vícios, isto é, com as marcas e dependências
deixadas pelos pecados. Isto vale também para os
mortos quando, logo após a morte, eles são
purificados das seqüelas de seus pecados: o que não
corrigimos na nossa peregrinação terrestre o Senhor
corrigirá no momento mesmo do nosso encontro com
ele – e aqui a oração da Igreja conforta imensamente
o irmão no momento do encontro com o Senhor que o
purificará. A salvação é pessoal, mas não é
individualista, isolada: somos salvos como membros
de um povo, o povo de Deus, corpo de Cristo. Para os
mortos, as indulgências são este apoio, este conforto,
esta oração que todo o corpo de Cristo faz pelo irmão
no momento do encontro com o Senhor: nem aí estamos
sozinhos, mas estamos no corpo de Cristo e com o
corpo de Cristo, que é a Igreja! Não esqueça: você
poderá compreender melhor a doutrina do purgatório
e da oração pelos mortos lendo meu artigo sobre o
assunto naqueles textos sobre Escatologia, que
escrevi neste mesmo jornal.

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Para deixar ainda mais claro este sentido das


indulgências, vamos explicar aquela definição que tantas
vezes está sendo apresentada neste Ano Santo:
“indulgência é a remissão da pena temporal, devida
pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel
recebe em certas condições determinadas, pela
intervenção da Igreja, que distribui e aplica a todos os
fiéis, pela autoridade que Cristo lhe conferiu, o
tesouro dos méritos do Redentor, da Virgem Maria e dos
Santos”. Vamos destrinchar, parte por parte, esta
definição:

(1) é a remissão da pena temporal: já expliquei


que tudo quanto fazemos deixa marcas em nós,
constrói para o bem ou para o mal a nossa
personalidade, tornam-se em nós um hábito bom (=
virtude) ou um hábito mau (= vício). Estas marcas terão
que ser purificadas, nesta vida ou na outra; esta
necessidade de purificação é o que se chama “
pena temporal
”. Note que é diferente da
pena eterna
(o inferno). As marcas que o pecado deixa em mim
somente poderão ser corrigidas pelo exercício das
boas obras, como a oração, a penitência a esmola...
ou seja, por um exercício de correção interior. Pagar a

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pena quer dizer esforçar-se, exercitar-se para corrigir


nossos vícios! A Igreja pode ajudar-nos a corrigir
estas marcas da nossa personalidade, pode ajudar-nos a
ser abertos a Cristo, pode dar-nos a remissão da
pena temporal, quer dizer, ajudar-nos na libertação
destes vícios que nos prendem!

(2) devida pelos pecados já perdoados quanto


à culpa : ao receber o perdão no sacramento da
penitência, meu pecado é perdoado, minha culpa foi
cancelada, mas suas conseqüências em mim
permanecem: fiquei mais fraco, mais viciado naquele
pecado... só posso corrigir-me pelo combate interior! A
indulgência é a ajuda da Igreja neste combate!

(3) que o fiel bem disposto recebe em certas


condições determinadas, pela intervenção da Igreja
pela autoridade que Cristo lhe conferiu
: a Igreja recebeu de Cristo o ministério da
reconciliação. Em nome de Cristo, de quem é corpo e
esposa, ela pode, sob certas condições, rezar pelos
seus filhos, pedindo ao Cristo que não quer a morte
do pecador, que liberte o irmão das penas, das
conseqüências oriundas de seus pecados. Se a oração

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do justo alcança o céu, imaginemos a oração de toda


a Igreja, unida ao seu Senhor Jesus, de quem é
corpo! Observe que para receber as indulgências é
preciso estar “bem disposto”! Voltaremos a isto mais
adiante.

(4) o tesouro dos méritos do Redentor, da


Virgem Maria e dos Santos : aqui é preciso
atenção! A Igreja tem poder junto de Deus porque
tem um grande tesouro: Cristo! Ele que por nós se
encarnou, morreu, ressuscitou e enriqueceu-nos com
seu Espírito... ele é
o único e absoluto tesouro da Igreja
: “Onde está o teu tesouro, aí estará teu coração!” O
coração da Igreja está em Cristo! E a Igreja,
confiando nele, intercede pelos seus filhos pecadores.
Como entender, então, os méritos da Virgem Maria e
dos Santos? Já escrevi sobre isso também aqui nO
SEMEADOR ao explicar o culto aos Santos. Seus
méritos não estão ao lado dos méritos de Cristo nem
acrescentam nada aos méritos de Cristo
. Seus méritos nada mais são que o fruto da graça e
da ação do Cristo na vida deles
. Eles foram grandes no serviço a Cristo? “Pela graça
de Deus sou o que sou!” Estes irmãos que já estão com
Cristo rezam por nós, rezam em Cristo, com quem

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estão na glória, rezam porque estão cheios da glória


de Cristo, da vida de Cristo, dos méritos de Cristo! “Tudo
é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus!”

Restam ainda dois pontos a serem explicados: (a)


as obras a serem realizadas para que se receba a
indulgência e (b) a distinção entre indulgência plenária e
parcial.

Quanto ao primeiro ponto, a Igreja determina


alguns gestos concretos que indiquem nossa
disposição sincera em mudar de vida
, em nos abrir para a graça de Deus. As “práticas”
requeridas para as indulgências não podem ser tomadas
como uma coisa automática, mecânica. Não! Têm
que significar um desejo sincero de conversão de
vida! Realizando essas práticas eu externo aos outros e
exprimo a mim mesmo que desejo de coração, com a
ajuda da oração da Igreja, deixar meus vícios e
abrir-me generosamente para o Senhor. Para a
indulgência deste Jubileu do Milênio a Igreja pede: (i)
a confissão sacramental (não comunitária!), (ii) a
comunhão eucarística, (iii) um momento de meditação e
oração mental (com minhas próprias palavras)

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concluída por um Pai-nosso, (iv) a recitação do Credo


e (v) uma invocação à Virgem. Atenção, atenção! Não
são gestos mágicos, práticas automáticas! São
apenas gestos, que
exprimem uma atitude interior de conversão
! Se não exprimirem isso, não valem nada! Não posso
jamais afirmar: fiz estas práticas, recebi
automaticamente a indulgência! É necessário estar
“bem disposto”!

Quanto à questão das indulgências plenárias ou


parciais. Primeiramente é bom esclarecer que não
faz parte da doutrina infalível da Igreja distinguir
entre indulgências plenárias ou parciais
! Faz parte da fé normativa da Igreja afirmar a
validade das indulgências; a distinção entre parcial e
plenária não e obrigatória! Mas, em que se baseia tal
distinção? Já deixei claro que nossa atitude interior é
o que mais conta para receber a indulgência. Pois bem:
se meu arrependimento é perfeito, se meu desejo de
mudança de vida é radical, se meu propósito de lutar
contra os vícios é decidido, a indulgência é dita
plenária. Quer dizer: o Senhor libertar-me-á de todas as
seqüelas de meus pecados. Mas, se minha abertura
não é completa, então a indulgência é dita parcial:
a graça age em mim à medida que eu me abro para

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ela. Se eu somente me abro parcialmente, ela


somente age em mim parcialmente; se me abro
totalmente, ela age em mim totalmente!
Um modo simples de exprimir isso é o seguinte:
quando me confesso para receber a indulgência, se
minha contrição, meu arrependimento foi perfeito
(quer dizer, um arrependimento total, profundo e
sincero, que muda totalmente a minha vida), a
indulgência será plenária; se, ao contrário, meu
arrependimento foi sincero, mas não perfeito (aí se
chama “atrição”), então a indulgência não será nunca
plenária! Então, não saberemos nunca nesta vida se a
indulgência em mim foi parcial ou plenária!
Recordemo-nos que a contrição perfeita é uma grande
graça de Deus, que toca e transfigura nossa coração!
No Ano Santo a Igreja nos oferece a indulgência
plenária; se eu for plenamente aberto, ela será
realmente plenária; se eu for só parcialmente aberto, ela
será parcial! O Papa Paulo VI afirmava de modo
muito sábio:
“As indulgências não são um modo fácil para evitar a
necessária penitência pelos pecados, mas oferecem
sobretudo um conforto, que os fiéis individualmente,
conscientes de suas debilidades, encontram no corpo
místico de Cristo, o qual coopera na conversão deles
com a caridade, com o exemplo e com a oração!”

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Como você pode perceber, a doutrina das


indulgências não é muito simples. Releia todo o artigo
com atenção para compreender bem! Uma coisa é
certa: as indulgências são uma bela oportunidade que
Cristo nos oferece através da Igreja! Não recebamos em
vão a graça de Deus!”

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