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MÓDULO

Metodologias Ativas:
a construção de uma nova
sala de aula

Karen Gimenez

Universidade de São Paulo


Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP
NACE Escola do Futuro - USP
Sumário
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acessar o conteúdo que deseja.

Sobre a autora 2

Introdução 3

O que são e quais as


metodologias ativas mais utilizadas 5

Sala de aula invertida 8

Aprendizagem por projetos 12

Ferramentas e linguagens 20

Aplicação prática e exemplos inspiradores 24

Considerações finais 29

Referências 31

32
Ficha técnica
Metodologias Ativas: a Construção de uma Nova Sala de Aula (Metodologias Ativas)

Sobre a Autora
Karen Gimenez é jornalista, geógrafa, pós-graduada em Estratégia
Empresarial, mestranda em Comunicação, professora de
pós-graduação da UNIP – Universidade Paulista e pesquisadora
associada do NACE Escola do Futuro - USP. Treinadora Corporativa
com ênfase em novas tecnologias e desenvolvimento humano.
Atuou como professora de ensino médio e fundamental na área
de Geografia. Como jornalista, trabalhou por mais de 15 anos
como repórter e editora em revistas e jornais de renome, como
Revista Superinteressante, Aventuras da História, Folha de São
Paulo e Diário de São Paulo, dentre outras publicações. Autora
de três livros e coautora de outros dois. Master em Programação
Neurolinguística.

02
Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Introdução

Independentemente de a escola como um todo ter ou não se adequado às


novas tecnologias educacionais, é possível a cada professor implementar
metodologias ativas em sala de aula individualmente. Quando a instituição
de ensino toda está engajada em novas tecnologias e os professores podem
trabalhar em conjunto, de maneira interdisciplinar, os resultados costumam
ser mais eficazes. Mas iniciativas individuais também podem trazer bons
resultados e inspirar outros colegas.

A boa notícia é que hoje há uma grande quantidade de ferramentas


acessíveis (algumas até gratuitas) e amigáveis que facilitam a vida do
professor na inclusão de metodologias ativas na sua rotina de aulas. Antes
de falarmos das ferramentas, é preciso esclarecer que metodologias ativas
não estão necessariamente associadas a recursos digitais, mas ficam bem
mais ágeis quando são utilizadas. As ferramentas digitais facilitam o
processo e costumam ser atrativas para os alunos; mas também é possível
aplicar as metodologias ativas de maneira analógica. Vamos mostrar neste
módulo as duas possibilidades.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Os objetivos deste módulo são:

Apresentar o conceito de metodologias


ativas e suas variações digitais e analógicas.

Apresentar as principais metodologias


ativas, indicando como elas podem ser
utilizadas em sala.

Indicar ferramentas que facilitem a aplicação


das metodologias ativas em sala.

Trabalhar com metodologias ativas pede também que as recompensas sejam


significativas e estimulantes, e que haja uma ponte entre as atividades, estratégias
constantemente utilizadas em jogos. Isso faz com que sempre se queira um
pouco mais e que haja alguma ligação entre uma fase e outra do jogo.

Vamos entender um pouco mais como funciona essa aplicação em aula e também
como trabalhar esse processo de transformação digital nos nossos vídeos.

Não esqueça de, ao concluir este módulo, responder o questionário


de absorção de conteúdo antes de passar para a próxima etapa.

BONS ESTUDOS!

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

O que são e quais as


metodologias ativas
mais utilizadas

As metodologias ativas costumam ser o ponto de partida, o caminho para


que o estudante consiga trabalhar com assuntos mais complexos, que
exijam um nível maior de reflexão e que levem a pontos de vista mais
amplos e inovadores (MORAN, 2015). Esse processo exigirá mais do
professor. Por isso, além de conhecer o processo das metodologias ativas e
suas ferramentas, é importante que o professor aumente cada vez mais seu
repertório pessoal de informações, principalmente sobre temas da
atualidade. Estar em dia com a leitura de jornais, as tendências culturais e as
mais novas pesquisas em sua área de atuação farão com que a aplicação
das metodologias ativas seja muito mais eficaz e o debate se torne muito
mais rico. As metodologias ativas tendem a deixar o estudante mais crítico
e curioso para buscar mais informações. Consequentemente, ele vai cobrar
do professor que ele esteja mais atualizado nos temas da sua área e atento
às tendências.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Para entender o que são metodologias ativas, precisamos voltar no tempo


até o século XIX, quando o filósofo e pedagogo norte-americano John
Dewey (1859 - 1952) alertava para a pouca eficácia do modelo educacional
no qual professor transmite conteúdo/aluno absorve. "Aprender é próprio do
aluno: só ele aprende, e por si; portanto, a iniciativa lhe cabe. O professor é
um guia, um diretor; pilota a embarcação, mas a energia propulsora deve
partir dos que aprendem" (DEWEY, 1979, p. 43). Ainda sem dar esse nome, e
muito antes da internet, Dewey já falava sobre metodologias ativas, assim
como o brasileiro Paulo Freire trazia os mesmos princípios em seu livro
Pedagogia da Autonomia, nos anos 1990. Com isso, reforçamos que
metodologias ativas são muito mais um modo de se relacionar com o
estudante do que um arsenal de ferramentas (sem reduzir o papel
fundamental dessas ferramentas no universo conectado).

Por meio das metodologias ativas, a


chamada aprendizagem por problemas
- ou por projetos - se torna mais efetiva,
combinando questões individuais e
coletivas. Um elemento importante no
processo é a utilização prioritária de
situações reais, ligadas à vida das
pessoas, mesmo que os estudantes
ainda não tenham passado por elas ou
que tais situações não façam parte de
seu cotidiano, mas que sejam temas
importantes a serem abordados.

Questões ligadas à ecologia, problemas


matemáticos, experiências químicas e
até literatura, línguas e história podem
ser beneficiadas por meio das
metodologias ativas, fazendo a ponte
com situações reais.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Fazer essa ponte traz sentido ao conteúdo. Como as reações químicas estão
ligadas ao delicioso bolo de chocolate servido no lanche; como a matemática
ajuda a construir o game preferido, ou mostrar como alguma situação vivida hoje
é consequência de algum acontecimento histórico são elementos importantes
no despertar do interesse e nos ajudam a trazer as metodologias ativas para a
sala de aula. Falando nelas, vamos conhecer algumas.

“Aprender é próprio do aluno: só ele aprende, e por


si; portanto, a iniciativa lhe cabe. O professor é um
guia, um diretor; pilota a embarcação, mas a energia
propulsora deve partir dos que aprendem.”
John Dewey

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Sala de aula invertida

Provavelmente a mais fácil de ser aplicada e


a que menos necessita de recursos digitais
em sala. Assim como o nome diz, a sala de
aula invertida implica trabalhar ao contrário
do que prega o modelo tradicional, que é o
professor apresentar um determinado
conteúdo e a partir daí o estudante realizar
atividades que verifiquem a assimilação
desse conteúdo (repare que não estamos
falando em aprendizagem, mas em
assimilação). Na sala de aula invertida o
processo acontece de maneira contrária,
trazendo um nível maior de desafio e de
reflexão para o estudante e proporcionando
maior aprendizado, que será verificado ao
longo das atividades em aula.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

A aprendizagem inicial será feita pelo aluno sozinho e longe da escola, a


partir de alguma proposta do professor. Ele trará essa experiência individual
para sala, para que no processo de troca corrija eventuais equívocos no
aprendizado individual, amplie seu raciocínio e absorva novos elementos
por meio dos compartilhamentos com os colegas e com o professor. Nesse
sistema é comum que o resultado final abranja mais conteúdo do que o
inicialmente programado. Indicar uma leitura prévia para debate em
pequenos grupos e posteriormente uma troca com toda a sala pode ser uma
maneira básica de se aplicar a sala de aula invertida. Mesmo sendo uma
opção muito simples, já terá um ganho em relação à sala de aula tradicional.
Isso porque, ao promover o debate em grupo com a mediação do professor,
há uma probabilidade maior de o estudante ter lido o texto do que se o
mesmo for solicitado após uma aula expositiva.

Dá para ir além, trazendo mais elementos ao processo e tornando-o mais


atrativo. Que tal incluir vídeos ou proporcionar alguma experiência ao
estudante nesse processo de busca individual? Se o tema estudado permitir
que o aluno viva algum tipo de experiência ou traga alguma produção para o
debate em sala, melhor ainda. O professor pode indicar o material de
referência, mas também solicitar que seja trazida à aula alguma fonte ou
material adicional que não constava na lista de leitura, enriquecendo o
debate. É possível também pedir a realização de uma atividade prévia para
ajudar na troca de ideias.

Em sala, o professor pode promover esse debate de diversas maneiras,


desde uma roda de conversa tradicional com todos, ou iniciar com debates
em pequenos grupos para depois promover uma conversa geral a partir da
conclusão dos grupos. Pode, ainda, promover um debate com papéis
definidos, por exemplo. O importante no processo é que haja troca de ideias
para o professor fazer o fechamento posteriormente com o esclarecimento
das dúvidas, reunindo e sintetizando as conclusões da turma. Nesse
sistema o professor deixa de ser o transmissor único de conteúdo e passa a
ter o papel de curador e mediador.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Sala de aula invertida


UM RESUMO

Os alunos aprendem primeiramente


por conta própria a partir de material
indicado antes da aula.

A inclusão de vídeos e de experiências


ou vivências ligadas ao tema antes da
aula aumenta o interesse e aprofunda
o contato com o assunto.

A aprendizagem individual é
potencializada em sala com
os debates.

O professor faz o fechamento com


a resolução de dúvidas e síntese
das conclusões.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Vamos praticar?
Escolha um tema relacionado à sua disciplina. Indique os
trechos do livro ou da apostila que os seus alunos devem
ler previamente. Oriente-os para que, além da leitura geral,
eles se aprofundem em um aspecto específico do tema -
peça para trazerem vídeos, notícias de jornal ou outras
referências e promova um debate em sala com todos os
alunos ou em pequenos grupos, auxiliando a construir
uma parte do tema. Monte uma linha do tempo ou um
mapa mental com o resultado do debate.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Aprendizagem por projetos

O uso de metodologias ativas é um convite para a interdisciplinaridade,


principalmente quando tratamos de aprendizagem por projetos. O ensino
tradicional é dado de maneira fracionada por disciplinas, mas no dia a dia,
principalmente profissional, o aprendizado é cobrado de maneira sistêmica,
integrada.

Que tal então convidar os alunos a começarem a exercer essa visão mais
abrangente ainda na escola? A aprendizagem por projetos é um caminho.
Caso não encontre outro professor que se interesse em atuar junto, é
possível trabalhar apenas com a sua disciplina. Mas certamente os
resultados vão atrair outros docentes para o trabalho conjunto.

Hernandez (1994), um dos maiores entusiastas desse tipo de


aprendizagem, chamada por ele de Pedagogia dos Projetos, ressalta que é
uma metodologia que proporciona aos estudantes o conhecimento integral
dos temas por meio da articulação de elementos que levaria ao rompimento
da tradicional forma rígida de se estruturar os conteúdos.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

A aprendizagem por projetos ajuda a trazer significado e concretude ao ato


de aprender, pois une o fazer ao pensar. Pode ser utilizada tanto em
questões cotidianas quanto em problemas mais amplos e complexos,
sendo que a complexidade pode ser introduzida de maneira gradativa de
acordo com o ano escolar, a idade e o desenvolvimento dos estudantes.
Também ajuda no despertar da empatia, da colaboração e da visão
sistêmica do aluno.

É uma metodologia que se baseia na resolução concreta de um problema


considerando todas as suas variáveis. Por isso, ela começa com uma boa
pergunta. Sim, a pergunta - o problema levantado - é fundamental para
definir o quão profunda será a aprendizagem. É possível entender os níveis
de complexidade que o professor pode agregar em um processo de
aprendizagem por projetos tomando como exemplo um problema
constantemente abordado que é a questão do lixo.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Pergunta simples: como reduzir o lixo gerado pela escola?


Aqui o projeto pode ser limitado à área de ciências ou disciplinas
afins com a implementação de um projeto de reciclagem.

Aumentando a complexidade da pergunta pode-se


incluir mais habilidades e disciplinas: como reduzir
o lixo na escola com envolvimento de professores, alunos e
direção exercendo papéis específicos? Aqui se acrescenta ao
projeto habilidades como comunicação, organização, definição
de papéis, proporcionalidade etc.

Tornando a pergunta abrangente e complexa:


como reduzir o lixo na escola com envolvimento de professores,
alunos e direção sem aumentar o orçamento da escola? Aqui,
além das habilidades descritas anteriormente, pode-se trabalhar
criatividade, inovação, além de matemática, com a revisão de
recursos para implementar o projeto sem aumentar os gastos.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

A partir destes exemplos, reflita como transformar um projeto em uma


oportunidade máxima de aprendizado trabalhando com a complexidade da
pergunta/problema. Sala de aula invertida e aprendizagem por projetos são
apenas dois exemplos de metodologias ativas. Com uma boa pesquisa você
pode encontrar muitas outras mais.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Aprendizagem por projetos


PASSO A PASSO

Encontre um problema Convide outros professores


que possa ser resolvido de maneira para participarem da atividade.
interdisciplinar. Prefira um tema que
faça parte do dia a dia do aluno, da
escola ou da comunidade.

Elabore uma pergunta/problema Debata o problema com os


envolvendo habilidades relacionadas alunos e monte com eles um
a todas as disciplinas participantes. processo de investigação.
Inclua habilidades comportamentais
nas possibilidades de
desenvolvimento e resolução.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Incentive-os a ir além da pesquisa Após o levantamento das


tradicional, a conversar com informações, ajude os alunos na
especialistas e a participar organização das alternativas,
de atividades de campo. incentivando-os a pensar de
maneira interdisciplinar.

Conduza-os a analisar a viabilidade Debata o problema com os


de cada alternativa: vantagens, alunos e monte com eles um
desvantagens, benefícios, prejuízos processo de investigação.
e também a viabilidade da
implementação de cada solução.

Peça para os alunos registrarem o passo a passo, os debates, as


ideias, os problemas encontrados e faça uma reflexão final com
eles a partir desse registro.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Vamos praticar?
Peça à sala para elencar problemas que os estudantes
encontram na escola ou no bairro. Solicite que tragam uma
lista desses problemas e avalie com eles os que a turma
pode ajudar a resolver. Veja como esses problemas podem
ser trabalhados a partir da sua disciplina e de outras. A
partir de uma triagem inicial relacionada aos conteúdos
das disciplinas envolvidas e aos interesses dos alunos,
promova uma votação sobre qual problema a turma vai
ajudar a resolver e aplique o passo a passo da
aprendizagem por projetos. Oriente que todas as etapas
sejam registradas, os debates, as atividades. Valorize o
resultado alcançado e colocado em prática, mesmo que de
maneira parcial. Reflita com eles os resultados a partir do
relato feito e das evidências alcançadas.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Quer saber mais?


Mudando a Educação com Metodologias Ativas é um
artigo do professor José Moran que resume de
maneira bastante simples esse novo cenário e o papel
do professor, além de dar dicas bem interessantes
sobre como aplicar as metodologias ativas em sala.
Clique no no botão ao lado Material
para acessar o material. Complementar

A Pedagogia de Projetos de Hernandez e a Pedagogia


Crítica de Freire como possibilidades para uma
Educação Humanizadora é uma compilação das
principais diretrizes da aprendizagem por projetos
juntamente com os elementos do pensamento crítico,
enriquecendo assim o processo de aprendizagem
quando os dois temas são trabalhados em conjunto.
Clique no no botão ao lado Material
para acessar o material. Complementar

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Ferramentas e linguagens

Agora que você já conhece algumas das metodologias ativas que podem ser
aplicadas em sala, vamos falar sobre as ferramentas e sobre um outro item
muito importante que é a linguagem. As metodologias ativas estão muito
ligadas ao cotidiano dos alunos, às ações práticas e à agilidade nos
processos de aplicação. Esse ambiente não combina com linguagem
rebuscada, difícil de compreender. Usar linguagem simples não significa
abandonar os termos técnicos, mas torná-los mais fáceis de serem
compreendidos. Sem comprometer as regras gramaticais e as bases do
nosso idioma, como você pode associar o conteúdo da sua disciplina à
linguagem da internet e ao cotidiano dos estudantes?

Aqui vão duas dicas: abuse dos elementos visuais - imagens, ícones, emojis,
histórias em quadrinhos, infográficos e vídeos - para auxiliar no aprendizado,
e inspire-se na chamada grande mídia na linguagem escrita ou oral (os
telejornais e os sites noticiosos feitos por jornalistas profissionais são
estruturados para levar informações complexas a pessoas leigas por meio
de textos curtos, vídeos e áudios).

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Sobre os elementos visuais, tome cuidado para não exagerar. Uma


sobreposição muito grande de recursos pode confundir mais do que
esclarecer - é o que se chama de imagem poluída, que tem tantos recursos
que não se consegue processar tudo que ela traz. Seja simples.

Há muitas ferramentas disponíveis que podem ajudá-lo a trabalhar com


metodologias ativas em sala. O próprio Google tem várias delas. Vamos
conhecer algumas ferramentas gratuitas ou que têm opções gratuitas:

Repositório de arquivos em nuvem que acompanha qualquer


endereço de Gmail. Uma pasta para reunir todos os arquivos e imagens
utilizados em cada tema ou em cada projeto ajuda a organizar em um
lugar só todas as informações e pode ser alimentada por todos os
participantes.

Google Drive Clique no ícone e veja como aproveitar ao máximo esse recurso.

Ferramenta gratuita para elaboração de formulários e quizzes.


Pode ser utilizado para pesquisas e também para verificar a retenção
de conteúdo. O Forms tem diversos recursos que pouca gente conhece.

Clique no ícone e veja o tutorial completo.


Google Forms

Uma das ferramentas mais completas para gerenciar projetos. Permite


diversos recursos ao mesmo tempo e em um mesmo espaço, formando
uma grande painel com planilhas, mapas mentais, diagramas, textos,
enfim, a grande maioria dos elementos necessários na elaboração de
um projeto. A conta gratuita permite até três projetos por pessoa.

Miro Clique no ícone e veja como como é abrangente.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Auxiliam na transformação de conteúdos em palavras-chave ou


na elaboração de estruturação de ações, roteiros, textos e ideias.
Há vários programas gratuitos para elaboração de mapas mentais, e
você pode fazer manualmente também, caso não tenha computador
ou celular disponível em sala.

Mapas Mentais Clique no ícone e veja a reportagem que mostra oito opções
on-line para montar mapas mentais.

Muito parecidas, essas ferramentas funcionam como cadernos


virtuais colaborativos. O OneNote faz parte do pacote Office. O
Evernote é do Google e tem pacotes gratuitos e pagos. Com aparência
de um caderno, inclusive com divisórias, ao utilizar esses cadernos
virtuais o grupo pode fazer anotações, anexar documentos, fazer
desenhos, gravar recados em áudio, incluir vídeos e montar tabelas,
tudo de maneira interativa. O tema pode ser subdividido em abas ou
OneNote/Evernote em páginas obedecendo à lógica dos cadernos físicos.

Clique no ícone e veja a playlist com três vídeos. Você vai conhecer
os principais recursos do OneNote (o Evernote é bem parecido).

Que tal um blog para registrar o aprendizado a partir dos debates da


sala de aula invertida? Pode ser uma experiência divertida para os
alunos escreverem suas percepções, resumir suas pesquisas, relatar os
debates podendo ilustrar com imagens e vídeos. Uma das ferramentas
mais amigáveis para a montagem de um blog é o Blogger, do Google.
É simples, faz parte do pacote de qualquer Gmail gratuito e pode ter
Blogger diversos administradores simultaneamente.

Clique no ícone e veja como montar um.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Se a proposta é uma versão mais resumida do debate feito na


sala de aula invertida com a indicação de vários links, o Padlet é uma
ferramenta indicada. Ele parece um grande quadro de avisos muito
colorido e com diversos recursos visuais.Ferramenta colaborativa e
gratuita.

Padlet Clique no ícone e veja o tutorial explicando como utilizar o Padlet


especificamente voltado para aulas.

Para projetos envolvendo mais pessoas e com muitas atividades, o


Trello é uma ferramenta bem divertida e com muitos recursos, além
de diversas opções de design e inserção de fotos e emojis. É possível
agendar tarefas e mandar recado para os participantes por meio do
Trello. O plano gratuito comporta até dez projetos.
Trello
Clique no ícone e veja como funciona.

Usar linguagem simples não significa


abandonar os termos técnicos, mas torná-los
mais fáceis de serem compreendidos.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Aplicação prática e
exemplos inspiradores

Para aplicação das metodologias ativas é bem provável que seja necessário
mexer no layout da sala. O formato convencional de carteiras enfileiradas
não funciona em processos coletivos baseados em interatividade entre os
participantes, em um processo centrado no aluno. As carteiras serão
reorganizadas em círculos ou em outros formatos conforme a atividade
escolhida. Uma boa rede wi-fi é importante, mas é possível trabalhar sem
ela, utilizando práticas analógicas ou os celulares individuais dos alunos
como medida temporária enquanto a escola revê sua infraestrutura, ou
mesmo para atividades longe da escola.

Se realmente não houver condições de trabalhar de maneira digital, você


pode criar versões analógicas das ferramentas sugeridas. Um Google Drive
pode ser substituído por um arquivo físico bem organizado. O Padlet pode
se transformar em quadros com post its colocados na parede; um blog pode
se transformar em um pequeno jornal e o OneNote pode ser organizado a
partir de um caderno convencional.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Observe a estrutura da escola além da sala de aula - é possível utilizar o


jardim ou outra estrutura para os debates ou outra atividade? Olhe também
para fora dos muros da escola na hora de aplicar as metodologias ativas - o
que há no bairro que pode ser um ambiente propício a sediar o debate ou a
execução de um projeto? Uma praça, um parque, um centro cultural?

Há experiências bem interessantes, baseadas no uso de técnicas que


dialogam com as metodologias ativas, que podem inspirá-lo na
implementação das atividades na sua escola. Conheça algumas:

Storytelling

Arte de transformar conteúdos em histórias.


Também pode ser construída ou aplicada de
maneira coletiva. Essa metodologia foi
utilizada pelo professor Leonardo Freitas nas
suas aulas de português no Distrito Federal.
Ao criar histórias e personagens, ele vai
apresentando passo a passo os conceitos
gramaticais e literários para seus alunos. Em
uma dessas experiências, o professor
Leonardo, por meio da história fictícia de um
frango que ele mesmo criou, conseguiu levar
conceitos de gramática, literatura e ainda
navegou pela história e pela geografia com
seus alunos do oitavo ano.

Clique no botão abaixo e


veja como foi a experiência:

Geekie

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Cultura maker

É uma maneira de desenvolver diversas


habilidades e incentivar a criatividade dos
alunos ao colocar a mão na massa, levando
o debate conceitual para a construção com
as próprias mãos de maneira colaborativa
e em grupo.

Montagem de maquetes, pequenos circuitos


elétricos, reciclagem de materiais podem
fazer parte desse processo. A experiência
pode ser tornar ainda mais enriquecedora
quando os objetos confeccionados,
reciclados ou reparados materializam os
conceitos dados em aula ou têm uso direto
no cotidiano dos alunos.

Clique nos botões (+) abaixo


para visualizar o conteúdo.

Construção de uma cidade

Mão biônica com


papelão e barbante

Pulmão artificial com


balões e garrafa PET

Minirrobô movido a vento

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Veja também uma entrevista da professora Debora Garofalo sobre a


importância da cultura maker. Débora é a primeira professora sulamericana
finalista do Global Teacher Prize, responsável pelo projeto Robótica com
Sucata, implementado em escolas públicas da periferia de São Paulo.
Clique no botão Material
ao lado e confira. Complementar

Design thinking

É uma metodologia utilizada para a resolução


de problemas que tem base em cinco
elementos:

empatia;
definição do problema;
ideação colaborativa;
prototipação (validação)
e teste (colocar para funcionar).

É cada vez mais utilizado no planejamento


escolar e também pode ser utilizado com os
alunos, inclusive para construir as próprias
aulas. Conheça a experiência da professora
Ana Carolina Vargas na aplicação com seus
alunos do ensino fundamental:
Material
Material
Complementar
Ana Carolina Vargas

Quer aplicar passo a passo? Conheça o Guia Didático do


Design Thinking, do professor gaúcho Fábio Diniz Rossi.

Material
Material
Fábio Diniz Rossi
Complementar

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Quer saber mais?


As metodologias ativas aplicadas ao ensino
médio - este estudo desenvolvido em duas escolas de
ensino médio no estado do Tocantins mostra um
comparativo entre os resultados alcançados pelas
disciplinas que aplicaram metodologias ativas e as que
trabalham com o modo convencional:

Clique no no botão ao lado Material


Material
para acessar o material. Complementar

Robótica com sucata: uma educação criativa para


todos - neste artigo a professora Débora Garofalo conta
como foi a estruturação e a implementação do projeto
Robótica com Sucata:
Clique no no botão ao lado Material
Complementar
para acessar o material.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Considerações finais

Como você viu neste módulo, é possível levar o aluno à reflexão e estimular
o pensamento complexo a partir das mais simples atividades. Boa parte do
sucesso das propostas vai depender da habilidade do professor em
conseguir problematizar o tema. Folhas caídas da árvore do jardim da
escola podem gerar da simples contextualização de que se está no inverno
até uma reflexão profunda sobre mudanças climáticas e o processo
urbanístico das grandes cidades. A merenda escolar pode servir de ponto de
partida de simples observações sobre nutrição até profundos debates sobre
a fome no mundo, o desperdício de alimentos e as desigualdades. Um
meme na internet pode se tornar a base de uma pesquisa literária ou de um
debate sobre questões linguísticas. Enfim, a amplitude de cada tema vai
depender do alcance do olhar do professor e do quão longe ele pode levar o
assunto dentro da faixa etária de sua sala.

A boa notícia é que ferramentas - gratuitas ou de baixo custo - não faltam.


Aqui mostramos apenas algumas, mas você pode encontrar muitas outras
com uma simples busca na internet. E em caso de impossibilidade de uso
das tecnologias, é possível levar as metodologias ativas ao processo
analógico.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Mais do que um desafio à criatividade do professor, a aplicação das


metodologias ativas é uma maneira de estimular esse professor a estar
sempre atualizado, pois o não acompanhamento das notícias do mundo e a
falta de atualização sobre as pesquisas mais recentes de cada disciplina
por parte do docente ficam bastante aparentes com o uso das metodologias
ativas.

Você pode ir aos poucos, implementando em uma ou outra aula, observando


as reações dos alunos, fazendo as correções necessárias e inserindo
gradativamente as ferramentas. Não tenha receio de inovar - comece com
assuntos simples e aos poucos vá aumentando a complexidade. Ajude
outros professores que se interessarem pelo tema.

Antes de aplicar em sala, teste as ferramentas. Faça experiências em casa.


Peça ajuda aos alunos na melhoria do uso das ferramentas e da aplicação
das metodologias. Eles se sentirão desafiados e inclinados a colaborar,
afinal, a aula vai ficar mais proveitosa, dinâmica e divertida. Não esqueça de
acessar os materiais adicionais aqui indicados, eles vão ajudar muito na sua
nova formação de aula.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

Referências
DIESEL, A.; BALDEZ, A. L. S.; MARTINS, S. N. Revista Thelma, v. 14, n. 1, 2017. Disponível em:
<https://bit.ly/3Ag2kIa>. Acesso em: 29 set.2021.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1998.

HERNANDEZ, F.; VENTURA, M. Os Projetos de Trabalho: uma forma de organizar os


conhecimentos escolares. O conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artes Medicas,
1994.

LOVATO, F.; MICHELOTTI, A.; LORETO, E. Metodologias Ativas de Aprendizagem: Uma Breve
Revisão. Disponível em <https://bit.ly/3Bg4KYS>. Acesso em: 29 set. 2021.

MORAN, J. Mudando a Educação com Metodologias Ativas. Disponível em:


<https://bit.ly/3EQRDj3>. Acesso em: 29 set. 2021

ROSSI, F. D.. Guia Didático do Design Thinking: uma Metodologia Ativa para estimular a
criatividade, a inovação e o empreendedorismo em sala de aula. Jaguari: Instituto Federal Farroupilha,
2020. Disponível em: <https://bit.ly/3mqQXsj> . Acesso em: 05 out. 2021.

SANTOS, D. M.; LEAL, N. M. A Pedagogia de Projetos e sua relevância como práxis pedagógica
e instrumentos de avaliação inovadora no processo de ensino e aprendizagem. Revista Rios
Eletrônica - Revista Eletrônica do Centro Universitário do Rio São Francisco - UniRios, n.19, 2018.
Disponível em: <https://bit.ly/3aeHka8>. Acesso em: 01 out. 2021.

SERPRO. Design Thinking: Como a confiança criativa pode mudar (e impulsionar) sua forma de
resolver problemas. Disponível em: <https://bit.ly/3iCvHyx>. Acesso em: 05 out. 2021.

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Metodologias Ativas: a construção de uma nova sala de aula (Metodologias Ativas)

FICHA TÉCNICA
Conteúdo produzido para SP Inovações Institucionais Eireli por:

Universidade de São Paulo


Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP
NACE Escola do Futuro - USP

Coordenação Conteudistas
Científica Brasilina Passarelli
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Coordenação
Executiva Revisão de Texto
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Tecnologia Design e Edição


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NACE Escola do Futuro - USP
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