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Psicologia Social

NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
2

Vamos
retomar o
conteúdo
anterior?

Fonte: https://bit.ly/2O5n6bq
Acesso em: fevereiro de 2021
3

Recapitulando
a aula anterior
4

Ficou
alguma
dúvida?

Fonte: https://bit.ly/3dAn3Po
Acesso em: fevereiro de 2021
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Processo dialético BLOCO 1


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Processo dialético
 O período histórico que compreende a passagem do
feudalismo para o capitalismo e, posteriormente, a
consolidação do capitalismo enquanto modo de produção
dominante, repleto de transformações econômicas, sociais e
políticas, e acompanhado pela criação e desenvolvimento da
modernidade, no bojo da qual surge uma nova concepção de
homem e a ciência moderna, uma ciência que se impõe
enquanto um novo tipo de conhecimento, diferente e
independente da teologia e da filosofia.

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 O desenvolvimento das novas forcas produtivas requer um
novo homem, um sujeito que transformara a natureza em
um grau nunca visto anteriormente na historia e que o fará
dentro de novas relações sociais.
 Assim, nesse momento em que o desenvolvimento de novas
forcas produtivas suscita novas demandas, a ciência que
surge responde a necessidade de um conhecimento que
permita lidar com a realidade de forma a garantir as
transformações requeridas e no ritmo imposto pelas novas
relações sociais.
Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 Afirma-se, então, o homem como sujeito, capaz de
conhecer e dominar a natureza. Um homem que tem a
razão como recurso fundamental. Através da razão
independente da Fe, o homem pode produzir um
conhecimento sobre a realidade e transforma-la. E, para
isso, desenvolvem-se novos métodos de conhecimento,
basicamente o empirismo e o racionalismo, nos quais
esta presente a ideia de uma razão soberana que permite
ao homem alcançar a liberdade.
Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 Nesse momento, toma forma a questão epistemológica
da relação sujeito-objeto. E ela surge contraditoriamente,
como expressão de uma contradição historicamente
colocada.
 O sujeito afirmado pelo capitalismo como individuo livre
é o mesmo sujeito que deve se submeter aos ditames do
mercado e a suas leis, revelando desde o inicio todas as
possibilidades e limites do novo modo de produção.

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 O mercado e suas leis impõem o desenvolvimento das
forcas produtivas, mas não garantem a realização da
liberdade apregoada pelo capitalismo e por sua ideologia
liberal.

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 E é essa contradição que terá como uma de suas
expressões a questão epistemológica da relação sujeito-
objeto.
 Contraditoriamente, ao mesmo tempo em que se afirma
o sujeito, afirma-se o objeto, apresentando-se o primeiro
como que submetido ao segundo, já que o que se quer
garantir e a objetividade do conhecimento.

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 Na busca da objetividade, então, empirismo e
racionalismo se desenvolvem e orientam
metodologicamente o grande desenvolvimento das
ciências naturais. Entretanto, o desenvolvimento de
ambas as correntes evidencia a dicotomia sujeito-objeto.

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 Tanto sujeito como objeto são importantes, mas são
exteriores um ao outro, tem independência um em
relação ao outro. Dai advém a dicotomia, uma dicotomia
que se manifesta na contraposição entre razão e
realidade.

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 Duas formulações básicas de Hegel sintetizam a dialética
hegeliana: “O ser e o nada são uma e a mesma coisa” ; “O
real e racional e o racional e real”. Essas duas formulações
encerram a noção de SER em transformação e sua implicação
para o entendimento da relação razão-realidade como
unidade de contrários. A primeira formulação traz o principio
básico da dialética, o principio da contradição.
Diferentemente da noção metafísica de SER, segundo a qual
“o ser e” (principio da identidade), na noção dialética “o ser é
e não e ao mesmo tempo" (principio da contradição).

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 Ou seja, para a dialética, o ser esta em transformação
constante e ser implica necessariamente deixar de ser.
Isso permite dizer que razão e realidade, enquanto
contrários, se opõem, mas formando uma unidade.
 Essas são as bases do pensamento dialético que
permitirão superar a dicotomia razão-realidade, sujeito-
objeto.

Gonçalves, 2001
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Processo dialético
 Nessa perspectiva, o materialismo histórico e dialético
mantém a importância do sujeito ativo, como em Hegel, mas
mantém também a existência objetiva do objeto. Ou seja, na
concepção materialista, sujeito e objeto tem existência
objetiva e real e, na visão dialética, formam uma unidade de
contrários, agindo um sobre o outro. Assim, o sujeito e ativo
porque e racional, mas não só. Antes de mais nada, o sujeito
e sujeito da ação sobre o objeto, uma ação de transformação
do objeto. A ação do sujeito transforma o objeto e o próprio
sujeito. E essa ação do sujeito e necessariamente situada e
datada, e social e histórica.
Gonçalves, 2001
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18

Identidade BLOCO 2
Identidade 19

Fonte: https://bit.ly/3nBgvCZ
Acesso em: abril de 2021
Identidade: no dicionário 20

Fonte: https://bit.ly/3gSyh3A
Acesso em: abril de 2021
Identidade 21

Esse conceito apresenta uma diversidade terminológica que


expressa a diversidade teórico-metodológica dos autores ao
abordarem o tema. Reflete ainda uma certa dificuldade de
exprimir conceitualmente sua complexidade.
Constata-se também o uso de predicativos diversos para
qualificar os diferentes sistemas identificatórios que constituem
a identidade (identidade pessoal, identidade social, identidade
de papel, identidade psicossocial...).
JACQUES, 2013
Identidade 22

É do contexto histórico e social em que o homem vive que


decorrem as possibilidades e impossibilidades, os modos e
alternativas de sua identidade.
No entanto, como determinada, a identidade se configura, ao
mesmo tempo, como determinante, pois o indivíduo tem um
papel ativo quer na construção deste contexto a partir de sua
inserção, que na sua apropriação.
Sob essa perspectiva é possível compreender a identidade
pessoal como e ao mesmo tempo identidade social.
JACQUES, 2013
Identidade: Erving Goffman 23

No textos clássicos de Erving Goffman (1985), emprega-se


expressões próprias à atividade cênica no estudo da identidade:
personagem, autor, ator, papel.
Nos seus estudos, o autor compara a vida social a um palco e o
indivíduo a um ator/autor/plateia, sendo que os variados papéis
sociais seriam as encenações que vão sendo articuladas e
formatadas a partir das interações entre os envolvidos.

JACQUES, 2013
Identidade: Erving Goffman 24

 Personagem: identidade empírica (forma que a identidade se


representa no mundo). Implica a presença de um ator enquanto
desempenhando um papel social (ao mesmo tempo se confunde e
se diferencia do papel).
 Papel social: abstrações construídas nas relações sociais e que se
concretizam em personagens. Caracterizam a identidade do outro
e o lugar no grupo social.
O personagem, enquanto representa um papel social, representa
uma identidade coletiva a ele associada, construída e mediada
através das relações sociais.
JACQUES, 2013
Identidade: Erving Goffman 25

O autor publicou um estudo sobre o tema estigma.


O estigma refere-se às marcas, aos atributos sociais que um
indivíduo, grupo ou povo carrega e cujo valor é negativo ou
pejorativo.
Esses determinam, para o indivíduo, um destino de exclusão ou
a perspectiva de reivindicação social pelo direito de ser bem
tratado e ter oportunidades iguais.
Um atributo negativo pode ser internalizado pelo indivíduo e
influenciar decisivamente sua autoimagem e autoestima.
BOCK et al., 2018
Identidade: Psicanálise e outras correntes 26

Várias correntes da Psicologia, inclusive a Psicanálise, nos


ensinam que o reconhecimento do eu se dá no momento em
que aprendemos a nos diferenciar do outro.
Eu passo a ser alguém quando descubro o outro e a falta de tal
reconhecimento não me permitiria saber quem sou, pois não
teria elementos de comparação que permitissem ao meu eu
destacar-se dos outros eus.
Dessa forma, podemos dizer que a identidade depende da sua
diferenciação em relação ao outro.
BOCK et al., 2018
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Para refletir!
Há a possibilidade de mudança de identidade? A
pessoa é sempre igual a si mesma? Como é possível
alguém mudar e continuar sendo igual a si mesmo?
Pense em quantas mudanças já ocorreram com você:
você deixou de ser filho único, agora está fazendo
curso superior, descobriu que pensa diferente dos seus
pais, se deu conta de que seu corpo mudou...

Fonte: https://bit.ly/2Rcloqf
Acesso em: abril de 2021
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Atividade

Fonte: https://bit.ly/3qYzMiG
Acesso em: fevereiro de 2021
Vamos analisar o vídeo. 29

Link: IDENTIDADE - porta dos fundos

 Ter um nome é suficiente para definir a identidade?


 O que é identidade? Como é constituída?
Vamos conversar? 30

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31

Identidade como BLOCO 3


metamorfose
Identidade como metamorfose 32

Antônio da Costa Ciampa desenvolveu uma


concepção de identidade, enfatizando sua
dimensão de processo. Para esse autor, a
identidade tem o caráter de metamorfose, ou
seja, está em constante mudança. Fonte: https://bit.ly/3ueBKgI
Acesso em: abril de 2021

Sua obra: A estória do Severino e a história da


Severina: um ensaio de psicologia social (1987).

Fonte: https://bit.ly/3nzpzZg
BOCK et al., 2018 Acesso em: abril de 2021
Identidade como metamorfose 33

Identidade é o reconhecimento de que um indivíduo é o próprio


de que se trata, como também é unir, confundir a outros iguais.
Nome e sobrenome: ao mesmo tempo que diferencia, iguala.
Pluralidade que implica também unicidade: ao mesmo tempo
em que o indivíduo se representa semelhante ao outro por
pertencer a grupos/ categorias, percebe sua unicidade a partir
de sua diferença. Essa diferença é essencial para a tomada de
consciência de si e é inerente à própria vida social, pois a
diferença só aparece tomando como referência o outro.
JACQUES, 2013
Identidade como metamorfose 34

Ao dar nome a alguém, torno esse alguém determinado,


substantivo. Mas, não é suficiente para definir sua identidade.
Ficamos sabendo exatamente quem esse alguém é, não na sua
definição (substantivação), mas na sua ação, que é verbo.
É a atividade que constrói a identidade.

Fonte: https://glo.bo/3eKRf9t
BOCK et al., 2018 Acesso em: abril de 2021
Identidade como metamorfose 35

A ideia de que a identidade é metamorfose nos permite pensá-


la como em permanente movimento e, também, como um
processo que engloba tudo o que não somos mais, o que ainda
não somos e o que somos sem estar sendo em determinado
momento.
Ciampa amplia de tal forma nossa noção de eu que nos
possibilita que se inclua um conjunto de aspectos à nossa
constituição sem estar, naquele momento da vida, sendo
expresso. BOCK et al., 2018
Identidade como metamorfose 36

Ciampa também desenvolve a ideia de papel e personagem:


 Papel é a realização de um conjunto de ações padronizadas,
previamente estabelecido por uma ordem coletiva,
institucionalizada. É previamente definido, previsível.
 Personagem são as formas diversas de desempenhar
os papéis
sociais. A identidade se expressa empiricamente pelas
personagens.

CIAMPA, 1987
Identidade como metamorfose 37

Ciampa (1987) refere-se à presença de múltiplas personagens


que ora se conservam, ora se sucedem, ora coexistem, ora se
alternam. A interpenetração entre os vários personagens que,
por sua vez, interpenetram-se com outros personagens no
contexto das relações sociais, garantem a processualidade da
identidade enquanto repetição diferenciada, emergindo um
outro que também é parte da identidade.
Isso é metamorfose!
JACQUES, 2013
Identidade como metamorfose 38

No entanto, a personagem pode “congelar” a atividade e nós


perdermos a dinâmica de nossa própria transformação.
Isto pode acontecer quando a personagem é tornada fetiche, ou
seja, admirada em exagero ou cultuada. A personagem subsiste
mesmo que já não exista mais a atividade.
Nós, professores, muitas vezes somos reconhecidos anos depois
por um ex-aluno que nos diz: “Oi, professor(a)!”, podendo isto
acontecer mesmo quando já deixamos de professorar.
BOCK et al., 2018
Identidade como metamorfose 39

De um jeito ou de outro, é pelo jogo


do reconhecimento com o outro que
a identidade se constitui e se
estrutura!

Fonte: https://bit.ly/3vBgW2S
Acesso em: abril de 2021
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Atividade

Fonte: https://bit.ly/3qYzMiG
Acesso em: fevereiro de 2021
Metamorfose ambulante 41
Prefiro ser É chato chegar
Essa metamorfose ambulante A um objetivo num instante
Eu quero viver
Do que ter aquela velha opinião Nessa metamorfose ambulante
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes Sobre o que é o amor
Eu prefiro ser Sobre o que eu nem sei quem sou
Essa metamorfose ambulante
Se hoje eu sou estrela
Do que ter aquela velha opinião Amanhã já se apagou
Formada sobre tudo Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Se hoje eu sou estrela Lhe faço amor
Amanhã já se apagou Eu sou um ator
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Lhe tenho amor Eu prefiro ser
Lhe tenho horror Essa metamorfose ambulante
Lhe faço amor
Eu sou um ator Do que ter aquela velha opinião
Fonte: https://bit.ly/3nzQyUz Formada sobre tudo
Acesso em: abril de 2021
(1) Raul Seixas - Metamorfose
Ambulante (letra) - YouTube
Vamos conversar? 42

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43
Vamos conversar
 O que conseguimos aprender na nosso encontro de hoje?

Fonte: https://imagensemoldes.com.br/emoji-pensativo-png/
Referências 44
 BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma
introdução ao estudo da psicologia. 15ª ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018.
 CIAMPA, A. C. A estória do Severino e a história da Severina: um
ensaio de psicologia social. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
 GONÇALVES, Maria da Graça M. Fundamentos metodológicos da
psicologia sócio-histórica. Psicologia sócio-histórica: uma
perspectiva crítica em psicologia. São Paulo, SP: Cortez, p. 113-
128, 2001.
 JACQUES, M. G. Identidade. Em: STREY, M. N. et al. Psicologia social
contemporânea: livro-texto. 21ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013, p.
158-166.

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