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Nome do exercício Hamlet

Objetivos Confiança, comunicação, imaginação, criatividade, representação


Origem Este exercício deriva de um outro que me foi ensinado por Maria do
Rosário Maló, numa oficina de expressão dramática em Odivelas no
início dos anos 80 do século XX.
O exercício original consistia em personalizar uma vassoura – cabelo,
rosto, roupas – dar-lhe um nome e de seguida fazer-lhe uma
declaração de amor.
Quando comecei com o Grupo de Teatro Alquimia do Sonho, no início
por falta de materiais e recursos e mais tarde pela necessidade de
abrir o exercício a outros discursos para além do romântico, ele sofreu
algumas alterações.
O grupo trabalhava com adolescentes, muitos deles de parcos
recursos económicos a viver dramas familiares, sem grandes
referências culturais. Era comum nas primeiras solicitações para
qualquer exercício de palco que alguém exclamasse “To be or not to
be” – na referência ao monólogo com a caveira do Príncipe da
Dinamarca. Foi assim que surgiu a ideia de pegar em qualquer objecto
da sala – uma vassoura, se houvesse ou uma cadeira, um sapato, uma
caneta, qualquer objecto servia na ausência da vassoura – e dar-lhe
um nome, uma personalidade e começar um diálogo/monólogo que
deve durar entre um e dois minutos.
Materiais Qualquer objecto – de preferência manipulável – que possa existir no
ambiente.
Procedimento O actor deve escolher um objecto do meio em que está, e levá-lo
consigo para cena. O mediador pode pedir ou não que justifique a
escolha do objecto, mas sem exigir demasiados pormenores, nem
insistir muito no caso de não ser confortável a justificação. Em seguida
o actor é convidado a dar um nome ao seu objecto e descrevê-lo
sumariamente como se fosse alguém real. Dá-se depois um tempo
curto para que o actor se prepare e comece um diálogo com o
objecto.
Variantes O actor pode optar por um monólogo, um discurso retórico à
personagem por exemplo.
O actor pode ou não imitar a voz da personagem criada a partir do
objecto. O actor pode optar por ser só ele a ouvir a personagem e o
espectador só ouve as respostas e infere daí o diálogo omisso.
Utilização Este exercício, pela sua simplicidade e elevado potencial criativo, é
usado como exercício iniciático em oficinas curtas assim como em
projectos de maior duração incluído no plano de ensaios. É também
um dos exercícios que utilizamos em espetáculos de improviso
podendo neste caso o objecto ser sugerido pela plateia, assim como o
ponto de partida da personagem.
Observações Pode fazer-se um registo áudio ou vídeo e mais tarde utilizar com
autoscopia que tem sempre enormes vantagens tanto na reflexão do
actor sobre a sua acção como na oportunidade de melhorar aspectos
que considere menos conseguidos tecnicamente.
Nome do exercício Apanha, Atira!

Objetivos Imaginação, criatividade, representação, corporalidade


Origem Este exercício é uma alteração de um que Gentil, o encenador dos
Farpas (Odivelas), utilizava com frequência para avaliar corporalidade.
O encenador sentava-se em roda connosco e um-a-um íamos ao
centro e era-nos pedido que levantássemos um objecto, ou um corpo,
invisível que estava no meio da roda. Quando chegávamos ao meio da
roda ele anunciava que objecto lá estava. Umas vezes era um objecto
simples como uma caneta, um livro ou um gato adormecido, mas
outras vezes era mais complicado: levantar uma pedra, um
automóvel, uma árvore que teria de ser arrancada do chão, ou
apanhar um ouriço cacheiro, uma enguia, uma cobra venenosa,
levantar elefante, ou alguém inanimado. Às vezes, se a dificuldade era
muita, o encenador pedia a outros elementos da roda que ajudassem.
Apesar de ainda recorrer ao exercício original, uso mais vezes uma
adaptação diferente. Um elemento da roda deve dizer que objecto
imaginado tem na mão e, em conformidade com as suas
características lança-lo a um colega, que o deve receber e transformar
noutro objecto diferente e por sua vez lança-lo a outro até que todos
tenham recebido e lançado os seus objectos imaginados. É importante
que tanto ao lançar como ao receber os movimentos e expressões
sejam adequadas à natureza e características do objecto.

Materiais Nada mais que a imaginação


Procedimento A pessoa recebe de um colega um objecto imaginado e anunciado e
deve proceder de modo a acolhê-lo da maneira mais adequada, de
seguida transforma o objecto recebido e envia-o a outra pessoa com o
cuidado necessário para o objecto imaginado.
Variantes Em vez de estar em roda os actores podem estar dispersos pelo
espaço ou até ser feito em plataformas de vídeo com as pessoas em
espaços diferentes. Sempre que o objecto é lançado o actor deve
anunciar de que objecto se trata e a quem o envia.
Utilização Utilizo este exercício em sala de aula, em ensaios e oficinas de teatro.
Por um lado permite uma primeira avaliação da corporalidade dos
actores e por outro serve de mote à apresentação do grupo uma vez
que os nomes devem ser ditos em voz alta.
Observações Um registo vídeo do exercício poder permitir uma autoscopia e
reflexão de grupo, permite ainda observar e escolher gestos ou
movimentos para serem trabalhados pelo grupo. Há assim hipótese
de criar gramáticas de movimento em que perante certo e
determinado estímulo de um objecto lançado a resposta mais
adequada seja definida. Pode trabalhar-se coralidade – mesmo na
versão à distância - em que a recepção do objecto deve ser feita por
todos da mesma forma, com o mesmo gesto.
Nome do exercício O tradutor

Objetivos Imaginação, criatividade, representação, argumentação, grupo


Origem É um exercício que se vê muito em espetáculos de improviso, bem
como em seminários de dinâmica de grupos. Comecei por o utilizar no
teatro, mas faço uso dele também em sala de aula o que se tem
mostrado útil no crescimento da consciência do outro e criação de
identidade de turma.
Materiais Nada mais que a imaginação
Procedimento Forma-se equipas de dois, um deles fala uma língua pouco conhecida
– suaíli, por exemplo – ou inventada, o companheiro dele será o
tradutor. O mediador fará perguntas à dupla, o tradutor traduz a
pergunta para a língua estrangeira e o colega responde em
estrangeiro – deve fazer gestos e usar modulações de voz que
ilustrem a resposta. Compete ao tradutor dar a resposta verbalmente,
devendo utilizar as modulações de voz e o gestos do colega enquanto
o faz. As perguntas podem ser simples e directas, mas resulta melhor
se for pedido para narrar uma situação.
Variantes Em vez das perguntas individuais, pode definir-se um cenário-
situação: por exemplo um filme em Checoslovaco com dois ou três
actores que são dobrados por outros colegas.
Pode ser feito por vídeo à distância.
Utilização Utilizo este exercício em sala de aula, em ensaios e oficinas de teatro.
Permite desenvolver a capacidade de comunicação não verbal com o
outro e trabalhar argumentação e lógica de grupo. A versão em
equipas é divertida e é um exercícios que os alunos reproduzem
espontaneamente ou solicitam em aulas de substituição.
Observações Um registo vídeo do exercício poder permitir uma autoscopia e
reflexão de grupo, permite ainda observar e escolher gestos ou
movimentos para serem trabalhados pelo grupo. Há assim hipótese
de criar gramáticas de movimento e de vocalizações podendo
desenvolver-se cumplicidades de grupo que ajudam muito à criação
de uma identidade de conjunto

Projectos de Teatro Comunitário:

Grupo de Teatro Alquimia do Sonho (Ramada, Odivelas) – de 1995 até hoje

Grupo de Teatro Expressões e Impressões (Odivelas, Odivelas) – 2015-2016

Grupo de Teatro da Casa da Mitra (Santo Antão do Tojal, Loures) – 2014 -2017

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