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Agentes Economicos-Dourados e Chapeco-WEB
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net/publication/311717777
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Cristina Otsuschi
Universidade Federal da Fronteira Sul
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DOURADOS E CHAPECÓ
REGIONAIS E A DINÂMICA GLOBALIZADA
(Orgs.)
CIDADES EM TRANSIÇÃO
AGENTES ECONÔMICOS
E REESTRUTURAÇÃO
URBANA E REGIONAL
AGENTES ECONÔMICOS
E REESTRUTURAÇÃO
URBANA E REGIONAL
DOURADOS E CHAPECÓ
A21
Agentes econômicos e reestruturação urbana e regional: Dourados e Chapecó /
organização Maria Encarnação Beltrão Sposito, Doralice Sátyro Maia. – 1.ed. – São
Paulo: Cultura Acadêmica, 2016.
ISBN 978-85-7983-809-5
1. Urbanismo. 2. Geografia urbana. I. Sposito, Maria Encarnação Beltrão. II. Maia,
Doralice Sátyro.
16-37392 CDD: 711.4
CDU: 711.4
Editora afiliada:
Introdução 175
3 O primeiro projeto de pesquisa foi coordenado por Denise Elias (Universidade Estadual do
Ceará – UECE) e Maria Encarnação Sposito (Unesp/PP), tendo sido elaborado em 2006,
aprovado em 2007 e tido vigência até fevereiro de 2009, por meio do Edital MCT/CNPq
07/2006 (Casadinho). Em segundo lugar, ainda para o desenvolvimento do mesmo projeto,
tivemos apoio do Edital MCT/CNPq/CT-Infra/CT – Petro/Ação Transversal IV No
16/2008 (Casadinho), coordenado por Doralice Sátyro Maia (UFPB) e Maria Encarnação
Sposito, entre março de 2009 e meados de 2011.
4 Este tema de trabalho foi apoiado pelo Edital MCTI/CNPq/MEC/Capes – Ação Transver-
sal no 06/2011 (Casadinho/Procad), sob coordenação de Maria José Martinelli Silva Calixto
(UFGD), William Ribeiro da Silva (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ) e
Maria Encarnação Sposito (Unesp/PP), e vigência de dezembro de 2011 a dezembro de
2016. Além dos financiamentos enunciados nesta nota e na anterior, a ReCiMe contou
com outros obtidos junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) (programa PROCAD e programa Pró-Integração), ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (Editais Universal e de Humanas)
e às fundações de apoio à pesquisa de estados da Federação em que a rede tem equipes,
como Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro (FAPERJ), Fundação Araucária etc. Agradecemos, a todas essas agências, a
confiança depositada no trabalho desta rede de pesquisa.
Essa iniciativa foi importante, entre outras razões, porque, ao lado da metro-
polização, principal característica da urbanização brasileira nas décadas de 1960
e 1970, o Brasil passou por inúmeras transformações urbanas, a partir dos anos
de 1980, quando cresceram e/ou se alteraram, também, os papéis das cidades
médias e locais. Tudo isso promoveu a quebra de paradigmas, necessitando revi-
sões que dessem conta da complexidade da realidade atual. Indubitavelmente,
uma das vias de reconhecimento das mudanças é a compreensão de como se
processa a produção dos espaços urbanos não metropolitanos, aqui incluídas as
cidades médias. Com a generalização do fenômeno da urbanização da sociedade
e do território, que o Brasil atingiu no final do século XX, os estudos sobre essas
cidades têm sua relevância reforçada. (Sposito; Elias; Soares, 2010, p.10)
6 Para conhecer as dinâmicas recentes deste processo na escala brasileira, ver pesquisa, tam-
bém realizada no âmbito da ReCiMe, defendida como tese de doutorado e depois publicada:
Reolon (2013).
O quarto tema, por sua vez, foi proposto com vistas a compreender
como as mudanças provocadas pela reestruturação econômica, expressas
pelos três primeiros temas, revelam-se e se apoiam em alterações nas for-
mas de produção, e também de apropriação, do espaço urbano. Assim, o
estudo das desigualdades socioespaciais foi selecionado na pesquisa com o
intuito de avaliar com que grau e de que modo elas vêm se aprofundando.
Essa noção foi desenvolvida em proximidade com os termos propostos
por Ribeiro (2005), mas também com a preocupação de oferecer alguma
contribuição à compreensão da diferenciação socioespacial.7 Nossa hipóte-
se de aprofundamento das desigualdades socioespaciais vem, pelos estudos
já concluídos, consubstanciando-se como tese. É importante frisar este
ponto, porque temos visto a mídia brasileira reforçar a associação entre ci-
dades médias e qualidade de vida, o que seria algo, do nosso ponto de vista,
muito polêmico, tanto pelo questionamento que se possa fazer ao conteúdo
da expressão “qualidade de vida”, quanto em decorrência de se constatar a
ampliação das disparidades entre os citadinos, o que leva à questão: “quali-
dade de vida” para quem?
À escolha dos temas sucedeu-se a etapa importante do desenvolvimento
da metodologia da pesquisa, organizando: os eixos que presidiriam o le-
vantamento de dados, informações, documentos e imagens; a realização
de atividades de campo, com destaque para observações e entrevistas; a
sistematização estatística; a realização de representações gráficas e carto-
gráficas; os registros fotográficos etc.
Para orientar o trabalho, foram definidos quatro eixos: 1) ramos de
atividades econômicas representativas da atuação dos novos agentes eco-
nômicos; 2) equipamentos e infraestruturas; 3) dinâmica populacional e
mercado de trabalho; 4) condições da moradia.
Embora também sejam quatro, os eixos não necessariamente coincidem
com os quatro temas. Por exemplo, as variáveis elencadas para o primeiro
eixo serviram de apoio para os três primeiros temas. Aquelas atinentes ao
eixo dois foram base para os quatro temas, tanto quanto as associadas ao
eixo três. Apenas o eixo quatro foi composto por variáveis quase todas re-
lativas apenas a um tema, o do aprofundamento das desigualdades socioes-
difere do empírico, pois este, ao contrário daquele, é condição sine qua non
da construção teórica.
Tão relevante nos parece essa preocupação, sendo a pesquisa realizada
por uma rede, que passamos a apresentá-la. Ela é composta por pesquisa-
dores que pertencem, hoje, a vinte diferentes universidades. O conjunto
vem se alterando no decorrer do tempo, de um lado, porque os próprios
investigadores mudam seus vínculos e, de outro, porque alguns se desligam
da rede enquanto outros a ela se associam. Atualmente, há pesquisadores
da ReCiMe que pertencem às seguintes instituições de ensino superior:
Mapa 1: América do Sul. Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe). Institui-
ções universitárias dos pesquisadores. 2016.
Mapa 2: América do Sul. Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe). Cidades
em estudo. 2016.
11 Agradecemos a esses debatedores pela forma franca e fraterna com que o diálogo transcorreu
e as críticas foram apresentadas. A contribuição oferecida por eles vem sendo, sem dúvida,
importante para o avanço dos trabalhos da ReCiMe. Professores doutores: Carmen Bellet
Sanfeliu (Universitat de Lleida), Christophe Demazière (Université de Tours), Ester Limo-
nad (Universidade Federal Fluminense), Gisela Aquino Pires (UFRJ), Jan Bitoun (UFPE –
este depois se integrou à ReCiMe), Josep Maria Llop (Universitat de Lleida), Marcelo
Lopes de Souza (UFRJ), María Laura Silveira (Universidad de Buenos Aires) e Roberto
Lobato Corrêa (UFRJ).
Presidente Prudente
João Pessoa
Julho de 2016
Referências bibliográficas
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______. Geografias pós-modernas. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
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SOUZA, M. L. de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro:
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SPOSITO, M. E. B. A produção do espaço urbano: escalas, diferenças e desigualda-
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SITO, M. E. B.; ELIAS, D.; SOARES, B. R. Agentes econômicos e reestruturação
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SPOSITO, M. E. B.; ELIAS, D.; SOARES, B. R.; MAIA, D. S.; GOMES, E. T. A. O
estudo das cidades médias brasileiras: uma proposta metodológica. In: SPOSITO,
M. E. B. (Org.). Cidades médias: espaços em transição. São Paulo: Expressão Popu-
lar, 2007, p.35-67.
VELTZ, P. Mundialización, ciudades y territorios: La economía de archipiélago. Bar-
celona: Arial, 1996.
1 Este texto apresenta os resultados do projeto de pesquisa, financiado pelo Conselho Nacio-
nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), intitulado “Análise dos agentes
econômicos e da reestruturação urbana e regional em Dourados, uma cidade média do
estado de Mato Grosso do Sul”, coordenado por Maria José Martinelli Silva Calixto, e do
projeto “Cidades médias brasileiras: agentes econômicos, reestruturação urbana e regional”,
também financiado pelo CNPq e coordenado por Doralice Sátyro Maia, da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB). Por ser resultado de um projeto coletivo, contou, especialmente
no levantamento e na análise de dados que subsidiaram o texto, com a valiosa contribuição
de vários parceiros, que participaram dos grupos de estudos e debates, trouxeram novas
perspectivas de análise, levantaram e sistematizaram informações etc. Nesse sentido, regis-
tramos os agradecimentos especiais a Alexandre Pitangui Calixto, Ana Cristina Yamashita,
Bruno Bomfim Moreno, Cássio Alexandre Sarti Figueiredo, Cláudio Cristhiano da Silva
Nogueira, Elaine Cristina Musculini, Fernanda Ferreira do Nascimento, Fernando Catalano
dos Santos, Francisco da Silva Queiroz, Hamilton Romero, Jessica Faria, João Paulo Muniz
Marin, Leandro Rodrigo Morais, Marcos Kazuo Matushima, Maria Amábili Alves de
Castro, Sara Livino de Jesus, Valéria Ferreira da Silva Florentino e Wiliam Moreno Vascon.
Também agradecemos aos colegas de diferentes universidades do Brasil, da Argentina e do
Chile, integrantes da Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias (ReCiMe).
2 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
3 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
Introdução 33
1 Dourados/MS: processo histórico, formação socioespacial e
demográfica 39
1.1. As interações regionais e seus desdobramentos socioespaciais 42
1.2. Dinâmica populacional, distribuição do emprego e mercado de
trabalho 54
2 As formas de produção e a fluidez material 65
2.1. As novas formas de produção e articulação: da escala local à
internacional 70
2.2. Distrito industrial, aeroporto e rodovias de acesso 78
3 Comércio e serviços 83
3.1. Redes e filiais de venda de eletrodomésticos, eletrônicos, magazines e
lojas de departamentos 86
3.2. Rede bancária e financeira 87
3.3. Supermercados – rede atacadista e varejista 89
3.4. Comércio especializado de veículos, máquinas e implementos
agrícolas 91
3.5. Serviços de saúde 92
3.6. Ensino superior 106
4 Consumo, áreas para realização de eventos e rede hoteleira 113
4.1. Shopping center 114
4.2. Rede hoteleira e áreas para a realização de eventos 118
Figura 2: Rede urbana do sul de Mato Grosso do Sul. Matriz das regiões de influência das cidades. 2007.
35
Fonte: Regiões de influência das cidades, 2008. Organização: Valéria Ferreira da Silva.
05/12/2016 13:12:10
36 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO • DORALICE SÁTYRO MAIA (ORGS.)
2 Com relação à questão hierárquica, vale ressaltar que, a partir do meio técnico-científico-
-informacional, seu significado é redefinido, haja vista as múltiplas possibilidades de rela-
ções/articulações estabelecidas entre cidades. Para Sposito (2009, p.20-21), em razão da cir-
culação das informações, o elemento descontinuidade torna-se essencial para compreender
essas interações, pois “eventualmente uma cidade, mesmo uma cidade média ou uma cidade
pequena, numa dada região, pode estabelecer vínculos e interações com espaços distantes
e que são descontínuos à área e à região à qual ela pertence. [...] Enfim, as cidades médias
e pequenas podem ser articuladas a espaços que não são contínuos às regiões às quais elas
pertencem”.
3 Aqui convém destacar que, recentemente, matéria da revista Veja (26 fev. 2014), acerca
das cidades brasileiras que concentram bons salários – “Sorria: bons empregos à frente” –,
aponta Dourados em segundo lugar no ranking das dez cidades brasileiras que mais oferecem
postos de trabalho com salários mensais superiores a R$ 5 mil.
1 Criada em 1943, ocupou uma parcela das áreas rurais dos atuais municípios de Douradina,
Dourados, Fátima do Sul, Jateí, Glória de Dourados, Deodápolis e Angélica (Silva, 1992,
p.55). A colônia agrícola era composta por 6.500 lotes rurais, com média de trinta hectares,
e de 6.400 lotes urbanos, com um total de 262 mil hectares destinados ao cultivo de cereais
(arroz, milho, feijão e mandioca), visando atender ao mercado interno.
2 A mola propulsora de tais mudanças foi a política de marcha para o Oeste, implementada
pelo Estado Novo, contribuindo decisivamente para modificar o papel desempenhado pelo
sul do então Mato Grosso na divisão territorial do trabalho. Ver também Figueiredo (1967).
[...] a extensão para a região de uma estrutura de crédito rural farto e subsidiado –
o Sistema Nacional de Crédito Rural – dirigido prioritariamente às atividades
agropecuárias modernas e com fortes vínculos com os CAIs;8 a montagem no
cone sul do Mato Grosso do Sul, de uma importante estrutura de pesquisa
agrícola e extensão rural com o sentido de viabilizar e incrementar as lavouras
integradas ao processo agroindustrializador; e por fim a implantação na mesma
região de um conjunto importante de sistemas de engenharia (estruturas de cir-
culação e comunicação, como estradas pavimentadas e vicinais; de energização
e de armazenamento), resultado das ações de um conjunto de programas de
desenvolvimento regional que incidiram no sul do Mato Grosso do Sul a partir
do final dos anos 60. (Silva, 2000, p.120)
6 Esses agentes “adquiriam a safra dos pequenos lavoureiros, promoviam o primeiro bene-
ficiamento de seus principais produtos e os forneciam posteriormente para as indústrias
localizadas no oeste paulista” (Silva, 2000, p.105).
7 Na década de 1970, dirigentes políticos, baseando-se no potencial econômico e natural
da região, iniciaram um movimento separatista, o que ocasionou, em 11 de outubro de
1977, a criação, de direito, do estado de Mato Grosso do Sul – desmembrado do estado de
Mato Grosso – e, de fato, em 1o de janeiro de 1979. O novo estado surgiu como produto do
financiamento estatal no setor agropecuário, visando à exportação. Para Souza (1997, p.49-
50), os “interesses que levaram à criação do Estado de Mato Grosso do Sul pelos militares,
durante o governo do General Ernesto Geisel em 1977, também continham uma posição
considerada estratégica e que se fundamentava na produção agropastoril como um contri-
buto indispensável do esforço nacional de produção de exportáveis para equilibrar a balança
de pagamentos. Diversos planos foram elaborados com a finalidade de promover o avanço
do capital rumo ao Centro-Oeste, uma das novas fronteiras do país. Assim, o novo estado
surge dentro de um projeto maior do Estado brasileiro, que reserva à agricultura e à pecuária
os papéis de atividades econômicas preferenciais”.
8 CAI: Complexo Agroindustrial.
10 “[...] apesar de seu desempenho parcial, o PRODEGRAN não deixou de cumprir seu papel
de viabilizar a estratégia estatal de promoção do processo agroindustrializador no espaço de
Dourados ao alargar e consolidar o conjunto de infraestrutura da região” (Silva, 1992, p.135).
11 Para desenvolvimento da reflexão que segue, baseamo-nos, fundamentalmente, em Calixto
(2000).
Center que, assim como todas as demais lojas citadas, está localizado na
principal avenida da cidade e atende a uma significativa demanda regional.
A cidade conta ainda com um hotel da rede Accor, haja vista que uma uni-
dade do Ibis foi construída ao lado do Shopping Avenida Center.
A estreita relação da cidade de Dourados com as atividades relacionadas
à agricultura e à agroindústria pode ser avaliada pelo significativo número
de estabelecimentos comerciais e de serviços direcionados a esse setor.
Além de atender a uma demanda regional, Dourados articula-se com es-
calas mais amplas ou com circuitos internacionais da produção, a partir
da presença de empresas com atuação global. Funciona como um polo de
apoio às atividades agroindustriais, contando não só com empresas de im-
plementos agrícolas, adubos e fertilizantes, mas também com iniciativas de
formação de mão de obra especializada, apoio técnico e geração de conheci-
mento, entre outras atividades. Destaca-se também a presença da Embrapa
Agropecuária Oeste.
No que concerne ao setor financeiro, a cidade dispõe de sete bancos –
Bradesco, Banco do Brasil, Banco Santander, Caixa Econômica Federal,
HSBC, Itaú e Unibanco – funcionando em dezessete agências bancárias,
além de 44 postos de atendimento e doze financeiras (FEBRABAN, ago.
2010). Esses números a consolidam como o principal centro de serviços
desse tipo em sua rede urbana.
Ainda que este texto não tenha o propósito de adentrar tal temática,
acreditamos que dois aspectos ou duas particularidades do município me-
recem ser destacados: a proximidade com a fronteira internacional (Brasil-
-Paraguai) e a presença da Reserva Indígena de Dourados.14
14 Destacamos que devido à complexidade que envolve essa reflexão, neste momento não
tomaremos tais temáticas como objeto de análise, haja vista que o aprofundamento/entendi-
mento exigirá novas leituras e novos levantamentos de dados. Sendo assim, a ideia é tomar a
temática para reflexão futura.
15 Refere-se à “conurbação” Pedro Juan Caballero/PY e Ponta Porã/BR, abrangendo um total
de 150 mil habitantes. Vale considerar ainda que, devido à sua posição geográfica, é difícil
falar de Dourados sem considerar essa realidade, marcada por relações informais e formais
com o país vizinho.
16 A perda de divisas para o comércio na fronteira faz que as lojas de Dourados abram em datas
extraordinárias. Segundo Romero (2010), informações da Associação Comercial de Doura-
dos apontam que cerca de um milhão de reais deixam de ser gastos no comércio local quando
não se abrem as portas em dias de feriado nacional e ou local. De acordo com a Lei no 2.741,
de 28 de abril de 2005, os horários do comércio da área central tornaram-se mais flexíveis.
17 Para maior aprofundamento sobre a temática, ver Oliveira (2015).
18 Estamos nos referindo ao programa de rádio Tereré Jeré.
A união entre a ciência e a técnica que, a partir dos anos [19]70, havia trans-
formado o território brasileiro revigora-se com os novos e portentosos recursos
20 No atual estado de Mato Grosso do Sul, nesse mesmo período, 66,30% e 33,70% da popula-
ção viviam, respectivamente, nas zonas rural e urbana.
21 Na porção sul de Mato Grosso do Sul, a expansão desse sistema “foi resultado da con-
vergência simultânea de três processos desencadeados a partir do final dos anos [19]60: o
esgotamento da fronteira agrícola no Rio Grande do Sul; a expansão vigorosa do mercado
internacional da soja; e as políticas do Estado Desenvolvimentista de incentivo à expansão
da agricultura capitalizada para exportação, com forte incidência na região em tela” (Silva,
2000, p.116).
22 Santos (1997) destaca que quanto mais acentuada a divisão do trabalho, maiores as possibi-
lidades de instalação de sistemas hegemônicos, alargando a dimensão dos contextos.
23 Santos (1993) chama de meio técnico-científico-informacional “o momento histórico no
qual a construção ou reconstrução do espaço se dará com um crescente conteúdo de ciência,
de técnicas e de informação”. E continua: “é marcado pela presença da ciência e da téc-
nica nos processos de remodelação do território essenciais às produções hegemônicas, que
necessitam desse novo meio geográfico para sua realização. A informação, em todas as suas
formas, é o motor fundamental do processo social e o território é, também, equipado para
facilitar a sua circulação” (Santos, 1993, p.35-36). O meio técnico-científico-informacional
possibilita a constituição de um espaço mais fluido, interferindo no aprofundamento do
processo de agroindustrialização, que se diversifica e se verticaliza.
Quadro 3: Dourados/MS. Evolução do emprego por setor de atividade econômica e meio am-
biente. 2000-2007.
Atividade econômica 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Extrativa mineral 1 – 5 2 3 3 3 6
Indústria de transformação 2.055 2.337 2.249 2.198 3.137 3.668 2.877 4.438
Serviços ind. de utilidade – 232 2 2 9 28 15 2
pública
Construção civil 500 695 896 812 1.174 911 753 801
Comércio 2.518 3.050 3.376 3.997 4.464 4.518 4.310 4.770
Serviços 2.779 2.418 2.729 3.236 4.341 4.090 4.635 4.992
Administração pública 4 4 1 1 – 35 – –
Agropecuária 432 437 525 604 715 833 496 693
Outros 4 3 – – – – – –
Total 8.293 9.176 10.825 10.825 13.843 14.086 13.089 15.702
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Orga-
nização: Cláudio C. S. Nogueira (2010).
acima de seis vezes da PEA Urbana, enquanto a PEA Rural caiu para menos
de um terço em relação ao dado inicial.
Com relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (Quadro
6), a classificação do Brasil, no ano de 1991, atingiu 0,423; em 2000, pas-
sou para 0,612; e, em 2010, subiu para 0,727.25 Para fins de comparação,
vemos que o município de Dourados, em 1991, encontrava-se acima tanto
da média nacional quanto da de Mato Grosso do Sul. Já em 2010, o IDH
Municipal (IDHM) de Dourados apresentava-se pouco acima da média
brasileira, enquanto o estado de Mato Grosso do Sul apresentava média
praticamente equivalente à nacional.
1 No que diz respeito à reflexão e ao levantamento de dados sobre as novas formas de produ-
ção, contamos com a contribuição de Ana Cristina Yamashita. Para maior aprofundamento
sobre a temática, ver Yamashita (2011).
p.10). Por outro lado, nesse mesmo período, atraídos pelo preço e pela fertili-
dade das terras, agricultores de Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e
São Paulo, com capital e bom nível de conhecimento técnico, estabeleceram-
-se na região, contribuindo para a modernização da agricultura e da pecuária.
Segundo Becker e Egler (2003), observa-se que o projeto geopolítico
do país nas décadas de 1970 e 1980 não foi determinado pelos aspectos
geográficos do território, mas, sim, com a intencionalidade do domínio do
vetor científico-tecnológico de controle do tempo e do espaço, para alcançar
crescimento econômico e projeção internacional.
No contexto do regime militar, a chamada “Região da Grande
Dourados”,3 conforme já pontuado, apresentou um vigoroso crescimento
econômico, estimulado pelos programas federais de apoio à modernização
no campo, destacando-se, entre eles, o Programa de Desenvolvimento dos
Cerrados (POLOCENTRO) e o Programa Especial de Desenvolvimento
da Região da Grande Dourados (PRODEGRAN), ambos voltados à mo-
dernização da agricultura na região. Dourados experimentou, assim, um
expressivo desenvolvimento, ancorado na exploração da grande lavoura –
soja, milho e trigo – e da pecuária, de forma que, num período de três déca-
das, a economia regional transformou-se em importante referência no país.
Por essa perspectiva, destacamos a importância de Dourados na reestru-
turação político-econômica, visto que propiciou, mesmo que com intensi-
dade e vetores diferentes, uma maior articulação entre as escalas nacional e
internacional e os circuitos econômicos mais capitalizados, resultando em
significativas alterações em seus conteúdos e, consequentemente, na recon-
figuração socioespacial. Dessa forma, nos anos 1990, Mato Grosso do Sul
assumiu novos papéis no âmbito da economia regional e nacional: o de inten-
sificar a verticalização da produção ligada principalmente à atividade agro-
pecuária; e o de criar condições favoráveis para a desconcentração industrial.
O setor industrial de Dourados baseia-se, sobretudo, em agroindústrias
ligadas à transformação de produtos primários como soja, milho, carnes
etc., com presença pouco expressiva de indústrias de outros setores. Das
quinze maiores empresas industriais em volume de capital, nove são ligadas
ao setor agroindustrial.
mais de 600 itens, provenientes do corte de frango, que são exportados para todo
continente, além de abastecer o mercado interno.9
Quadro 8: Dourados/MS. Arrecadação de ICMS por atividade econômica (em R$). 2005-2009.
Especificação 2005 2006 2007 2008 2009
Total 106.159.935,34 104.973.083,23 136.049.282,11 173.303.784,67 206.732.463,63
Comércio 60.018.741,95 64.894.644,73 79.948.643,44 89.417.835,44 100.680.973,23
Indústria 6.886.345,45 11.283.028,18 12.251.976,71 20.223.727,64 21.040.877,81
Pecuária 13.880.588,59 3.721.652,92 3.652.967,46 3.568.040,25 2.990.238,57
Agricultura 22.804.628,87 22.155.353,50 35.182.943,81 57.924.747,22 76.433.459,89
Serviços 1.328.024,59 1.775.757,05 3.477.080,59 3.153.338,45 4.670.444,21
Eventuais 1.151.605,89 1.142.646,85 1.535.670,10 1.016.095,67 916.469,92
Fonte: <http://www.semac.ms.gov.br/>. Acesso em: 9 out. 2010.
médias, deve ser compreendido como condição essencial para os papéis que
a cidade desempenha. Assim, o processo de fluidez material é fundamental
e, nesse sentido, têm papel importante o distrito industrial de Dourados, o
aeroporto e as vias de acesso, abordados a seguir.
12 Tem havido investimento na duplicação da malha viária que liga Dourados a Campo Grande
e a outros municípios, além de obras de adequação de capacidade.
Quadro 10: Mato Grosso do Sul e Dourados. Produto Interno Bruto (PIB). A preços correntes
em milhares de reais. 2004-2011.
Ano Mato Grosso do Sul Dourados
2004 21.105.170 1.846.767
2005 21.650.854 1.807.455
2006 24.341.238 1.930.184
2007 28.121.420 2.359.939
2008 33.142.746 2.871.802
2009 36.368.094 3.003.284
2010 43.514.207 3.543.860
2011 49.242.254 4.337.947
Fonte: IBGE. Organização: Mara L. F. H. Bernardelli.
1 No início de 2014, matéria do jornal eletrônico “Campo Grande News” aponta que, de
acordo com levantamento da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul, “Dourados fechou
2013 com 13.741 empresas ativas em 31 de dezembro. Em 14 de janeiro eram 12.248 empre-
sas. Isso significa que durante o ano passado o município ganhou 1.493 empresas, o que dá
uma média de 4,25 empresas por dia útil. O crescimento é de 12,18%”. Na mesma matéria,
a secretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Neire Colman, aponta que Doura-
dos é “um polo comercial muito forte; nenhum outro tem essa dimensão de Dourados. Nossa
logística para o comércio, serviços e distribuição é a melhor do Estado”. A referida secretária
também cita como exemplo a MM, “que vai implantar 20 lojas de móveis no Estado, quatro
delas em Dourados e ainda um centro de distribuição. Outro exemplo é a rede Havan, que
abriu a primeira loja do Estado em Dourados.” Declara ainda que “Das franquias tops de
mercado hoje no Brasil a gente só não tem o Mcdonalds ainda”. A matéria também reforça
que no estado de Mato Grosso do Sul apenas Campo Grande abre mais empresas que Dou-
rados. “Campo Grande, uma cidade de 850 mil habitantes, abriu em média 13 empresas por
dia. Três Lagoas abriu 2,78 por dia e Corumbá, a terceira maior cidade de MS, 1,4 por dia.”
Disponível em: <http://www.campograndenews.com.br/cidades/interior/dourados-esta-
-em-franco-crescimento-e-abre-quatro-empresas-por-dia>. Acesso em: 3 ago. 2014.
2 Vale referenciar que no decorrer dos anos 1960 houve o desmembramento de alguns muni-
cípios de Dourados, implicando a redução da população total de 84.955, no início da década
de 1960, para 79.186 no início da década de 1970.
7 Segundo matéria do jornal eletrônico Fatimanews, a loja do Atacadão em Dourados está entre
as que mais vendem no Brasil. Disponível em: <http://www.fatimanews.com.br/cidades/
dourados-vai-ganhar-novo-atacadao-e-hipermercado-assai/168249/>. Acesso em: 3 ago.
2014
8 Além da rede de supermercados, o Grupo ABEVÊ também é composto por outras empre-
sas: “Centro de Distribuição de Dourados – responsável por abastecer os supermercados do
Grupo; Viluvi Factoring – tem como atividade principal o fomento de cheques e duplicatas,
atendendo o comércio da grande Dourados; NGV CRED – administradora do Cartão ABV
Card e responsável pelas cobranças de recebíveis; Fazenda Dalaias – Fazenda de criação de
gado de corte. Ao longo dos anos, o Grupo ABV vem crescendo e se fortalecendo, é uma
das 70 maiores empresas do Ranking Nacional da Associação Brasileira de Supermercados
(ABRAS) e Ranking Revista Supermercado Moderno”. Disponível em: <http://www.
abeve.com.br/site/historia.asp>. Acesso em: 3 ago. 2014.
9 “Com 2.100 m de área de venda, 4.700 m de área construída, estacionamento para 98 carros
(com plano de expansão) e terreno de 7.500 m2, é a maior loja de bairros e a mais moderna.
São 100 funcionários contratados diretamente [...]”. Disponível em: <http://caarapoense-
news.com.br/2015/06/17/rede-de-supermercados-em-dourados-abre-mais-uma-filial-
-com-porte-de-loja-ancora/>. Acesso em: 17 jun. 2015.
10 Vale referenciar que, conforme matéria divulgada no jornal eletrônico Fatimanews, o Conse-
lho Municipal de Desenvolvimento Urbano de Dourados aprovou áreas para a construção
de dois hipermercados de atacado em Dourados, um do Grupo Carrefour e outro do Grupo
Pão de Açúcar. Disponível em: http://www.fatimanews.com.br/cidades/dourados-vai-
-ganhar-novo-atacadao-e-hipermercado-assai/168249/. Acesso em: 17 jun. 2015.
11 Há outra lanchonete da rede Subway – rede norte-americana de restaurantes, de tipo fran-
quia, que tem como especialidade a venda de sanduíches e saladas – na Avenida Weimar
Gonçalves Torres, na área central de Dourados.
12 Além de duas lojas na área central, a rede de franquia O Boticário também possui lojas no
Shopping Avenida Center e no Hipermercado Extra.
13 A rede Avenida conta com três lojas em Dourados. Além da loja na área do supermercado
São Francisco – inaugurada mais recentemente –, conta com uma unidade no Shopping Ave-
nida Center e outra no centro da cidade.
surgem novas relações que permitem, por exemplo, que uma máquina ou simi-
lar que esteja em uma propriedade em Dourados seja monitorada a partir de sua
sede em outro país, ora por controle de qualidade, ora por manutenção, como
ocorre na empresa COMID – representante da John Deere. (Yamashita, 2011,
p.188)
Quadro 13: Mato Grosso do Sul. Rede urbana de Dourados/MS. Estabelecimentos de saúde
(hospitais). 2014.
Municípios Número Nome Nível de
de complexidade
hospitais
Angélica 1 ABA – Associação Beneficente de Angélica Média
Caarapó 1 Hospital São Mateus Média
Deodápolis 1 Hospital Municipal Cristo Rei Média
Douradina – – -
Dourados 6 Hospital Universitário da UFGD Dourados Média
Hospital CASSEMS Unidade Dourados Alta
Hospital Evangélico Drª Srª Goldsby King Alta
Hospital Evangélico Drª Srª Goldsby King Alta
Unidade Hospital da Vida
Hospital Santa Rita Ltda. Alta
Missão Caiuá Média
Fátima do Sul 2 Hospital da SIAS – Sociedade Integrada de Média
Assistência Social
Hospital Nazareno Média
Glória de 1 Hospital e Maternidade Nossa Senhora da Média
Dourados Glória
Itaporã 1 Hospital Municipal Lourival Nascimento Média
da Silva
Ivinhema 1 Hospital Municipal de Ivinhema Média
Jateí 1 Hospital Santa Catarina Média
Continua
Figura 6: Mato Grosso do Sul. Rede urbana de Dourados/MS. Hospitais (por tipo de serviço
oferecido). 2014.
Quadro 14: Dourados/MS. Recursos humanos (vínculos) segundo categorias selecionadas. 2009.
Categoria Total Atende Não atende Prof./ Prof. SUS/
ao SUS* ao SUS 1.000 hab 1.000 hab
Médicos 1.322 1.062 260 7,0 5,6
Anestesista 111 79 32 0,6 0,4
Cirurgião geral 64 52 12 0,3 0,3
Clínico geral 418 390 28 2,2 2,1
Ginecologista e obstetra 106 78 28 0,6 0,4
Médico de família 44 44 - 0,2 0,2
Pediatra 88 72 16 0,5 0,4
Psiquiatra 14 12 2 0,1 0,1
Radiologista 42 26 16 0,2 0,1
Cirurgião dentista 132 108 24 0,7 0,6
Enfermeiro 146 133 13 0,8 0,7
Fisioterapeuta 70 44 26 0,4 0,2
Fonoaudiólogo 18 16 2 0,1 0,1
Nutricionista 12 11 1 0,1 0,1
Farmacêutico 54 37 17 0,3 0,2
Assistente social 14 14 – 0,1 0,1
Psicólogo 36 26 10 0,2 0,1
Auxiliar de enfermagem 355 315 40 1,9 1,7
Técnico de enfermagem 378 318 60 2,0 1,7
* Sistema Único de Saúde (SUS)
Fonte: CNES. Situação da base de dados nacional em 10/04/2010. Caderno de Informações de Saúde – Secre-
taria Executiva – Ministério da Saúde. Organização: Valéria Ferreira da Silva Florentino.
Quadro 15: Dourados/MS. Total de estabelecimentos por tipo cadastrados CNES. Dez. 2013.
Descrição Total
Centro de saúde/unidade básica 31
Policlínica 3
Hospital geral 7
Hospital especializado 1
Consultório isolado 198
Clínica especializada/ambulatório de especialidade 55
Unidade de apoio à diagnose e terapia (SADT isolado) 23
Unidade móvel terrestre 2
Unidade móvel de nível pré-hospitalar na área de urgência 4
Unidade de vigilância 1
Central da regulação médica das urgências 1
Central da regulação 1
Secretaria de saúde 2
Centro de atenção psicossocial 2
Unidade de atenção à saúde indígena 5
Total 336
Fonte:<http://cnes.datasus.gov.br/Mod_Ind_Unidade.asp?VEstado=50&VMun=500370>. Acesso em: 6
dez. 2013. Organização: Valéria Ferreira da Silva Florentino.
Ainda de acordo com o CNES, no que tange às vagas existentes nos es-
tabelecimentos de saúde (Quadro 17), Dourados apresenta um total de 587
leitos, dos quais 210 são particulares (não ligados ao SUS) e 377 prestam
atendimento pelo SUS.
22 No que diz respeito à graduação, a UFGD oferece os seguintes cursos presenciais: Admi-
nistração, Agronomia, Artes Cênicas, Biotecnologia, Ciências Biológicas, Ciências Con-
tábeis, Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Direito, Educação Física, Engenharia
Agrícola, Engenharia de Alimentos, Engenharia de Aquicultura, Engenharia Civil, Enge-
nharia de Computação, Engenharia de Energia, Engenharia Mecânica, Engenharia de
Produção, Física, Geografia, Gestão Ambiental, História, Letras, Matemática, Medi-
cina, Nutrição, Pedagogia, Psicologia, Química, Relações Internacionais, Sistemas de
Informação e Zootecnia. A UFGD também oferece os seguintes cursos de graduação a
distância: Bacharelado em Administração Pública, Licenciatura em Pedagogia, Licen-
ciatura em Computação, Licenciatura em Física, Licenciatura em Letras e Libras. Esses
cursos estão distribuídos nos seguintes polos do estado de Mato Grosso do Sul: Água
Clara, Bataguassu, Bela Vista, Camapuã, Costa Rica, Japorã, Miranda, Porto Murtinho,
Rio Brilhante e São Gabriel do Oeste. No que diz respeito à Pedagogia da Alternância, ofe-
rece: Licenciatura Intercultural Indígena “Teko Arandu” e Licenciatura em Educação do
Campo, com duas habilitações: Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
23 Também vale destacar os cursos de pós-graduação Latu Sensu, que se distribuem da seguinte
forma: UFGD – Direito, Docência na Educação Infantil, Educação Física Escolar, Educação
Intercultural, Estudos de Gênero e Interculturalidade, Ensino de Matemática, Formação
de Profissionais na Educação, Letras, Linguística, Projovem, Residência Agrária, Saúde
Pública, Segurança Pública e Cidadania e Teatro. Há também residências: Residência Médica,
Residência Multiprofissional em Saúde, Medicina de Família e Comunidade; a UFGD
também oferece, a distância, cursos de especialização em: Gestão Pública, Gestão Pública
Municipal, Gestão em Saúde e em Matemática. Na UEMS os cursos são: Educação Básica –
Educação Infantil, Planejamento e Gestão Ambiental, Estudos Linguísticos e Estudos Literá-
rios, Ensino de Ciências; na UNIGRAN, Gestão de Políticas Sociais com Ênfase em Trabalho
Social com Famílias, MBA em Gestão de Negócios (presenciais), além dos cursos a distân-
cia: Gestão em Saúde Pública, Gestão Ambiental, Estudos da Linguagem, Metodologia do
Ensino Superior, Psicopedagogia, MBA em Contabilidade Gerencial e Controladoria, MBA
Executivo em Administração com Ênfase em Recursos Humanos, Sistema de Informação
e Cooperativismo de Crédito; pela Anhanguera – UNIDERP, Gestão Ambiental, MBA
em Controladoria, MBA em Gestão de Pessoas e MBA em Gestão Estratégica de Negócios.
24 Esse programa oferece apenas curso de doutorado e integra a Rede Centro-Oeste de
Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (Pró-Centro-Oeste). Conforme o sítio eletrônico do
programa, a rede congrega instituições de ensino e pesquisa dos estados de Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal, suas respectivas secretarias de estado de
ciência e tecnologia e fundações de amparo à pesquisa. Disponível em <http://www.rede-
procentrooeste.org.br/>. Acesso em: 2 dez. 2013.
Quadro 18: Dourados/MS. Matrículas efetivadas nas instituições de ensino superior. 2013.
Instituição Número de cursos Número de vagas Número de discentes
Graduação Pós- Graduação Pós- Graduação Pós-
-Graduação -Graduação -Graduação
FAD 9 6 1.630 – – –
FTBAW 1 – 50 – 47 –
UEMS 14 7 670 148 2.127 144
UFGD 28 26 1.535 555 5.511 875
UNIGRAN 27 2 4.580 70 7.000 –
Total 79 41 8.465 773 14.685 1.019
Fonte: Pesquisa de Campo. Organização: Bruno Bomfim Moreno.
28 Essa instituição, conforme o Censo Educacional (2011), ocupa a 24ª posição, em âmbito
nacional, em relação à quantidade de alunos matriculados.
29 A UNIGRAN possui, ainda, polos com oferta de ensino a distância em países como Japão,
Portugal, Alemanha, Espanha, Inglaterra e Suíça.
30 Dentre essas instituições, quatro possuem unidade acadêmica com oferta de ensino na
modalidade presencial, sendo que três (UEMS, UFGD e UNIGRAN) têm Dourados como
sede da instituição.
31 No ano de 2014, foi implantada uma unidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS), o que complementou e diversificou a oferta do
ensino técnico em Dourados. A unidade conta com os seguintes cursos: Cursos Técnicos Inte-
grados de Nível Médio: Informática para a Internet. Qualificação Profissional (Formação Inicial
e Continuada): Auxiliar Administrativo; Condutor Cultural Local; Desenhista de Produtos
Gráficos Web; Espanhol Básico; Inglês Básico; Operador de Computador. Educação a Dis-
tância: Técnico Subsequente – Técnico em Administração; Técnico em Agente Comunitário
de Saúde; Técnico em Serviços Públicos. E-tec Idiomas sem Fronteiras: Inglês e Espanhol.
Figura 9: Dourados/MS. Origem dos fluxos diários de veículos estudantis de transporte interurbano. 2013.
4 Whitacker (2007) afirma que a centralidade não se define pela localização, mas pela arti-
culação entre as localizações. Por encontrar nos fluxos sua maior expressão e elemento
constitutivo, a centralidade assume uma natureza cambiante.
5 Romero (2010), em levantamento realizado em classificados dos jornais de maior circulação
da cidade, aponta que os anúncios de venda de imóveis já faziam alusão ao shopping, mesmo
antes de sua efetiva implantação: “No levantamento de classificados de jornal, observamos
que, mesmo antes da inauguração do Shopping Avenida Center, em junho de 2006, havia
diversos anúncios de venda de lotes não edificados para comércio e imóveis residenciais nas
imediações do empreendimento, utilizando da imagem do shopping como garantia de futura
‘valorização’ do imóvel” (Romero, 2010, p.77).
6 Dados obtidos por Romero (em maio de 2010), com a administração comercial do Shopping
Avenida Center, demonstravam que, dos 191 pontos para locação – lojas internas, externas e
quiosques –, havia 74 unidades em funcionamento.
7 Cf. <http://www.avenidacenter.com/loja>.
8 Lojas de departamentos são estabelecimentos comerciais especializados na venda de diver-
sos tipos de produtos no varejo, sem adotar uma linha específica, oferecendo à sua clientela
normalmente roupas, produtos eletrônicos, cosméticos etc.
9 As franquias Chocolates Brasil Cacau e Cacau Show também possuem lojas na área central.
10 Ligada ao grupo empresarial Calcenter Calçados Centro Oeste, com atuação em nove esta-
dos do país, controla as redes calçadistas Studio Z, Gabriela e o cartão de crédito Calcard.
O grupo empresarial Calcenter é um dos quatro maiores grupos varejistas do Brasil. Surgiu,
em 1975, em Várzea Grande/MT. Seu Centro Administrativo e seu Centro de Distribuição
localizam-se em Palhoça-SC. No estado de Mato Grosso do Sul, as lojas Gabriela estão pre-
sentes em Dourados e Campo Grande. Em Dourados têm quatro configurações, todas no
Shopping Avenida Center: Gabriela Mulher, Gabriela Homem, Gabriela Tênis e Gabrieli-
nha. Já a rede Studio Z, além de loja no Shopping Avenida Center, possui também uma loja
na área central – Avenida Marcelino Pires.
11 A Anita Calçados tem uma posição de destaque no mercado sul-mato-grossense. Possui
onze lojas em Campo Grande e três em Cuiabá/MT. Cf. <http://www.mundodastribos.
com/anita-calcados-enderecos-onde-encontrar.html>.
12 Na Praça de Alimentação havia também a franquia de fast food Giraffas, que fechou em
meados de 2014.
13 Notícias veiculadas pelos meios de comunicação reforçavam essa expectativa, como:
<http://www.douradosnews.com.br/arquivo/tetila-homologa-licitacao-do-terreno-do-
-shopping-7706267b3532ab9ae290acb2cc4c2e18>. Acesso em: 3 ago. 2014.
14 Estamos nos referindo, entre outras, às concessionárias: Endo Car (Honda), Endo Motors
(Mitsubishi), Perkal (Chevrolet), Condovel (GM), Big Star (Mercedez Benz e Chrysler),
Golden Motors (Hyunday) e Motor 3 France (Citröen).
15 Bradesco, Itaú, Sicoob e Sicred; uma agência do Banco do Brasil foi instalada recentemente
no interior do shopping, apesar de já haver uma em funcionamento nas proximidades.
16 “Nesse sentido, compreendemos que a implantação do Shopping Avenida Center vem
redefinindo usos do solo e reforçando o papel do centro tradicional para uma nova dinâmica.
Ou seja, a implantação do shopping impõe uma nova centralidade que, contudo, não significa
18 Muitas cidades têm como estratégia a criação de um Convention & Visitors Bureau, que se tra-
duz em uma entidade formada e mantida por representantes de diversos setores turísticos –
hotéis, restaurantes, locadoras de veículos etc. Esta entidade já se faz presente e organizada
em Dourados e trabalha no sentido de captar eventos que possam garantir divisas para o
negócio turístico local.
19 Romero (2010) aponta que “É importante salientar que a construção do Hotel Íbis, inaugu-
rado em abril de 2010, representa a entrada da primeira franquia de uma rede de hotelaria
internacional na cidade, a Accor Hotels, grupo francês que administra outras 14 franquias
de hotéis, que somam mais de 3.800. Somente a marca Íbis possui cerca de 800 unidades pelo
mundo. Até a chegada da marca em Dourados, Mato Grosso do Sul contava com somente
duas franquias da rede operando na capital Campo Grande, sendo elas: Novotel Campo
Grande, em funcionamento desde 1997 e Hotel Íbis, inaugurado em 2007” (Romero,
2010, p.43).
20 Romero (2010, p.44) também destaca que “No tocante ao Hotel Íbis, podemos afirmar que
a chegada deste empreendimento revela o novo momento pelo qual passa a cidade, uma vez
que grandes investidores analisam cautelosamente e estrategicamente, por meio de pesqui-
sas de mercado, quando e onde investir. Nesse sentido, podemos afirmar que Dourados tem
alcançado papel relevante no que tange ao desenvolvimento socioeconômico e da região,
atraindo investidores dos setores hoteleiro e comércio varejista”.
21 Idealizado por uma empresa de eventos e cerimonial que atua há mais de 20 anos no mer-
cado, realiza festas particulares, promovidas pela própria administração, e está disponível
para locação a terceiros, sendo bastante ocupado, nos meses de dezembro a março, para
bailes de formatura.
1 Para maior aprofundamento sobre a temática habitacional em Dourados, ver Calixto (2000).
2 Para maior aprofundamento sobre tal política em Dourados, ver Silva (2000).
3 Vale destacar que a Constituição Federal (1988) possibilitou o fortalecimento das escalas
locais de poder, via reforma fiscal e administrativa.
4 Dos seis conjuntos habitacionais efetivamente implantados, quatro localizam-se na porção
sul da cidade.
Além dos conjuntos Estrela Tovy6 I, II e III, com recursos do PAC, tam-
bém estava prevista a construção do Residencial Estrela Guassu. Contudo,
as obras encontram-se paralisadas, mesmo com investimentos previstos de
R$ 4,3 milhões para a edificação de 273 unidades residenciais.
No período de 2003 a 2007, foram implantadas as unidades habitacio-
nais do PSH destinadas à parcela da população que vivia em condições
consideradas subnormais – irregular, insalubre ou em assentamentos pre-
cários: Estrela Verá, com 235 unidades residenciais; Estrela Hory, com 96;
Estrela Poravi I, com 56; Estrela Poravi II, com 241; e mais as duzentas
unidades do Estrela Ara Poty I e as quatrocentas do Estrela Ara Poty II,
construídas na reserva indígena de Dourados.
A observação da localização dos loteamentos sociais (Figura 10) permite
compreender melhor as contradições que envolvem a reprodução do espaço
na cidade de Dourados. É visível a fragmentação socioespacial no processo
de sua implantação, que ocorre geralmente em áreas periféricas e despro-
vidas de infraestrutura, equipamentos e serviços e, em grande parte das
vezes, em descontinuidade ao tecido urbano.
6 Conforme informações veiculadas pela imprensa (“Casas do PAC vão acabar com favelas em
Dourados”), o Estrela Tovy receberia ocupantes de áreas de risco do Jardim Clímax (ao lado
do Parque Antenor Martins) e do Jardim Guaicurus (às margens da rodovia MS 156), além
das famílias que ocupavam uma área junto à Escola Municipal Frei Eucário, no Jardim dos
Estados. Disponível em: <http://www.dourados.ms.gov.br>. Acesso em: 3 ago. 2014.
Quadro 27: Dourados/MS. Programa Minha Casa Minha Vida – Unidades habitacionais entre-
gues. 2011-2013.
Residenciais Número de Localização Empresa
unidades
Altos do Alvorada I (Walter Brandão) 267 Jardim Novo Horizonte ENGEPAR
Altos do Alvorada II (Walter Brandão) 180 Jardim Novo Horizonte ENGEPAR
Estrela do Leste 161 Prolongamento da Av. VBC
Marcelino Pires
Eucalipto 240 Prolongamento da Av. VBC
Marcelino Pires
Dioclécio Artuzi I 238 Jardim Guaicurus LC BRAGA
Dioclécio Artuzi II 227 Jardim Guaicurus LC BRAGA
Total 1.313
Fonte: Secretaria de Habitação da Prefeitura Municipal de Dourados/MS. Organização: Sara Livino de Jesus
(2014).
Quadro 28: Dourados/MS. Programa Minha Casa Minha Vida – Unidades habitacionais em
construção. 2011-2013.
Residenciais Número de unidades Localização Empresa
Vila Roma 512 Jardim Novo Horizonte ENGEPAR
Diocléio Artuzi III 450 Jardim Guaicurus LC BRAGA
Hárrison de Figueiredo I 232 Jardim Guaicurus COPLAN
Hárrison de Figueiredo II 240 Jardim Guaicurus COPLAN
Hárrison de Figueiredo III 250 Jardim Guaicurus COPLAN
Total 1.684
Fonte: Secretaria de Habitação da Prefeitura Municipal de Dourados/MS. Organização Sara Livino de Jesus
(2014).
7 Para maior aprofundamento sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida, em Dourados, ver
Jesus (2014).
8 Das unidades habitacionais entregues entre 2011 e 2013, 161 foram do Programa de Arren-
damento Residencial (PAR) e 147, pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já
as unidades entregues pelo PMCMV totalizaram 1.313.
9 Das unidades habitacionais em construção, 73 são do Programa de Aceleração do Cresci-
mento (PAC), 186 estão sendo construídas com recursos do Fundo Nacional de Habitação
de Interesse Social (FNHIS) e 1.684 são do PMCMV.
Figura 11: Dourados/MS. Conjuntos habitacionais implantados pelo PMCMV. Famílias com renda mensal de até R$ 1.600. 2013.
Com base nos dados levantados por Jesus (2014), até maio de 2014, o
total de inscritos no cadastro realizado pela Secretaria de Habitação era de
10.547 famílias. Desse total, 3.715 famílias apresentavam renda de até um
salário mínimo;10 5.152, entre um e dois salários mínimos; 1.442, entre dois e
três salários mínimos; e 238, acima de três salários. A prestação é equivalente
a 10% da renda mensal, durante dez anos, com o mínimo mensal de R$ 50.
Jesus (2014) ressalta ainda que a Caixa Econômica Federal recebeu, e
estaria analisando, propostas de projetos de diferentes construtoras, num
total de 5.738 unidades a serem entregues no ano de 2016 (Quadro 29). A
autora também menciona que, de acordo com as diretrizes do Programa, há
limite máximo de quinhentas unidades por módulo. Contudo, as constru-
toras têm apresentado projetos com quantidade de unidades habitacionais
superiores a tal limite. Exemplo disso é o do Jardim Guaicurus, que, se
aprovado, deverá contar com 4.557 unidades habitacionais do PMCMV
até 2016.
Quadro 29: Dourados/MS. Programa Minha Casa Minha Vida – Projetos habitacionais em
análise. 2013.
Residenciais Número de unidades Localização Empresa
Jatey 116 Joquey Clube IAPPEC
Santa Felicidade 149 Joquey Clube IAPPEC
Campina Verde 353 Sitioca Campina Verde CRF
Fazenda Coqueiro 1.720 Jardim Guaicurus LCBRAGA
Estrela Guassu 200 Jardim Clímax ENGEPAR
(Honório Almirão)
Área Edmur 2.000 Próximo ao Canaã I ENGEPAR
Canoa 1.200 Jardim Guaicurus COPLAN
Total 5.738
Fonte: Secretaria de Habitação da Prefeitura Municipal de Dourados/MS. Organização: Sara Livino de Jesus
(2014).
Quadro 30: Dourados/MS. Programa Minha Casa Minha Vida – Unidades habitacionais entre-
gues. Famílias com renda mensal de três a dez salários mínimos. 2010-2014.
Residenciais Número Localização Empresa
de
unidades
Pé de Cedro I e II 32 Jardim Água Boa 2N Construtora e Incorporadora
Ltda. – ME
Itaverá Módulo II 112 Parque Alvorada R.G. Engenharia – Ltda.
Itajuba I e II 144 Chácara Trevo R.G. Engenharia – Ltda.
Itaoca 120 Parque Alvorada R.G. Engenharia – Ltda.
Vila Toscana 130 Jardim Novo Engepar Engenharia e
Horizonte Participações Ltda.
Arezzo – Fase I 48 Jardim Novo Engepar Engenharia e
Horizonte Participações Ltda.
Italocomi 80 Parque Alvorada R.G. Engenharia – Ltda.
Residencial Villágio 148 Jardim Novo Engepar Engenharia e
Florença Horizonte Participações Ltda.
Moradas Dourados – 602 Próximo ao clube Rodobens Negócios Imobiliários
Módulo I, II, III Indaiá S.A.
Vicenza I e II 40 Bairro Campo Construtora Moreira Costa
Grande Ltda. – Epp
Verona 20 Jardim Pelicano Markaz Construtora Ltda. – Epp
Total 1.476
Fonte: Caixa Econômica Federal. Organização: Sara Livino de Jesus (2014).
Quadro 31: Dourados/MS. Programa Minha Casa Minha Vida – Unidades habitacionais (pre-
visão para conclusão 2014-2015). Família com renda mensal de três a dez salários mínimos.
2014-2015.
Residenciais Número de Localização Empresa
unidades
Arezzo – Fase II e III 64 Jardim Novo Engepar Engenharia e
Horizonte Participações Ltda.
Villágio Florença 148 Jardim Novo Engepar Engenharia e
Horizonte Participações Ltda.
Itamaraty 144 Parque Alvorada R.G Engenharia Ltda.
Vila Toscana III (Condomínios 108 Jardim Novo Engepar Engenharia e
de casas de esquina) Horizonte Participações Ltda.
Itamaracá 144 Parque Alvorada R.G. Engenharia – Ltda.
Total 608
Fonte: Caixa Econômica Federal. Organização: Sara Livino de Jesus (2014).
Figura 12: Dourados/MS. Programa Minha Casa Minha Vida. Residenciais implantados. Famílias com renda entre três e dez salários mínimos. 2013.
05/12/2016 13:12:19
138 MARIA ENCARNAÇÃO BELTRÃO SPOSITO • DORALICE SÁTYRO MAIA (ORGS.)
Quadro 32: Dourados/MS. Programa Minha Casa Minha Vida – Projetos em análise. Família
com renda mensal de três a dez salários mínimos. 2014.
Residenciais Número de Empresa
unidades
D1 336 Alusa Engenharia Ltda.
Casa Nova Residencial 1 336 S/I
Residencial C1 336 Alusa Engenharia Ltda.
Residencial C2 336 Alusa Engenharia Ltda.
Arezzo – Bloco I – Fase 04 16 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Arezzo – Bloco J – Fase 05 16 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Arezzo – Bloco K – Fase 06 16 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Arezzo – Bloco C – Fase 07 16 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Arezzo – Bloco B – Fase 08 16 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Arezzo – Bloco A – Fase 09 16 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Moradas Dourados II 774 Terra Nova Rodobens Incorporadora
Imobiliária – Dourados II
Itaquera 120 R.G. Engenharia Ltda.
Casas de esquina F3 PNE – 3 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Módulo II
Casa Grande 46 Stenge Engenharia Ltda.
Vila Toscana Módulo IV 88 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Módulo II 120 Engepar Engenharia e Participações Ltda.
Total 2.591
Fonte: Caixa Econômica Federal. Organização: Sara Livino de Jesus (2014).
16 Matéria do jornal eletrônico Dourados News aponta que o Estrela Guassu é a quarta área
ocupada na cidade apenas em 2014. Disponível em: <http://www.douradosnews.com.br/
dourados/mais-uma-area-e-invadida-em-dourados>. Acesso em: 3 ago. 2014.
17 Cf. <http://www.douradosagora.com.br/dourados/ainda-em-area-invadida-familias-
-dizem-estar-de-olho-em-oportunistas>. Acesso em: 3 ago. 2014.
18 Em outubro de 2014, a referida área foi desocupada pelas últimas famílias, conforme matéria
do jornal eletrônico Dourados News. Disponível em: <http://www.douradosnews.com.br/
dourados/acampados-no-estrela-guassu-terao-que-deixar-o-local>. Acesso em: 15 out.
2014.
19 Disponível em: <http://www.94fmdourados.com.br/noticias/dourados/invasores-do-jar-
dim-climax-divulgam-video-e-garantem-que-prefeito-prometeu-doar-terrenos>. Acesso
em: 3 ago. 2014.
sem rede de água ou esgoto, com pouca ventilação, sem condições de salu-
bridade, com parcos equipamentos de higiene etc. – há um ritmo que revela
o modo de reprodução da vida daqueles que parecem estar à margem da ci-
dade. Cada nova área ocupada expressa uma concretude de situações e uma
configuração urbana marcada pela diferença, pois as formas alternativas
encontradas para garantir o acesso à moradia refletem-se no arranjo so-
cioespacial da cidade. Essa realidade evidencia a premência de se repensar
uma política de acesso à moradia para a parcela da população que, muitas
vezes, não pode auferir renda pelo emprego ou trabalho formal, mas que
também tem necessidades, desejos, aspirações, ou seja, o mesmo direito à
cidade, independentemente de sua condição.
Tendo em vista que as áreas mais distantes do centro da cidade têm
um preço menor no mercado imobiliário, torna-se comum a ocupação
desses locais. Assim, de forma geral, esse tipo de ocupação encontra-se
na periferia pobre, degradada e precária, do ponto de vista da higiene e do
saneamento básico – da qual, muitas vezes, os moradores têm dificuldade
de deslocamento até mesmo para trabalhar, devido à distância. A realidade
vivenciada pelos ocupantes de áreas urbanas revela o modo de reprodução
da vida e a multiplicidade de relações presentes no cotidiano daqueles que
parecem não ter direitos e que incomodam com sua presença, revelando,
sobretudo, o empobrecimento da vida na cidade. Esse universo não apenas
expressa, mas também denuncia, a ausência de uma política urbana que
considere a realidade de vida dos considerados excluídos socioespacialmen-
te, revelando uma tentativa ou estratégia de luta pela sobrevivência e pelo
direito à cidade.
20 Vale ressaltar que, quando consideramos o setor imobiliário, segundo o Conselho Regional
de Corretores de Imóveis-MS (CRECI), no ano de 2009 havia 26 imobiliárias cadastradas
na cidade de Dourados. Já em 2014, esse número passa para 48. Para identificar as principais
empresas do setor, foram definidos alguns critérios: as coligações de imobiliárias – grupos de
empresas que se unem para obter maior força no mercado –; destaque nos cadernos dos clas-
sificados (imobiliários), com anúncios de pelo menos meia página; imobiliárias com página
própria na web. O fato de haver um grupo de cinco imobiliárias – Colmeia, Confiança, Amé-
rica, Terra e Continental – que concentram a oferta de negociações de imóveis no município
reforça ainda mais o processo de monopolização na oferta de imóveis.
21 É necessário enfatizar que o habitat extrapola a dimensão espacial circunscrita somente
à moradia, pois implica o entendimento da produção da habitação e, portanto, envolve a
reprodução do espaço urbano em sua totalidade, com novos fluxos e apropriação diferen-
ciada da cidade pelos seus diferentes agentes.
22 Construtora e incorporadora, presente no mercado desde 1970, com sede em Londrina-PR.
No ano de 2009, formou-se a Plaenge Chile, com sua expansão internacional para esse país.
No segmento residencial, o Grupo está presente em oito cidades brasileiras: Londrina/PR,
Curitiba/PR e Maringá/PR, Dourados/MS, Três Lagoas/MS e Campo Grande/MS e
Cuiabá/MT. Cf. <http://www.plaenge.com.br>.
23 A Vectra Construtora Ltda., também com sede em Londrina, é especializada na construção
e incorporação de empreendimentos residenciais e comerciais. Fundada em 1996, a empresa
concentra sua atuação em dois segmentos do mercado imobiliário: edifícios e condomínios
verticais bem como loteamentos e condomínios horizontais.
24 A “valorização” prevista de 40% ao ano foi fortemente usada como estratégia de divulgação
do empreendimento.
25 Lançado pela São Bento Incorporadora Ltda, com 50 mil metros quadrados de área verde,
espaços gourmet, quiosques no centro esportivo, salão de festas etc.
26 No ano de 2015 foi lançado o Porto Seguro Residence & Resort, em frente ao Porto Madero,
com 252 lotes.
30 Essa lei resultou do trabalho da equipe do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, ou seja, das
propostas do Plano de Complementação Urbana (1978).
31 Partindo de um breve resgate, podemos dizer que a primeira experiência de planejamento
no município ocorreu no final dos anos 1970, com a contratação do urbanista Jaime Lerner
para elaborar um Plano Diretor que, no entanto, não foi respeitado pelos setores privados –
especialmente os ligados ao mercado imobiliário. Isso provocou uma extensão do períme-
tro urbano de tal maneira que “em 1996 mais de 46% do total da área loteada da cidade
encontrava-se vazia”, representando aproximadamente 24 mil lotes (Calixto, 2000, p.232).
Em 2003, foi elaborado o Plano Diretor de Dourados, estruturado de forma a atender as
exigências estabelecidas na Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade, havendo promoção de
audiências públicas e debates com participação da população e de associações representati-
vas dos vários segmentos da comunidade, realizadas entre maio e novembro de 2003. Ainda
nesse mesmo ano, o Plano foi aprovado sem emendas, como Lei Complementar n. 72, de 30
de dezembro de 2003, estimulando a revisão de outros instrumentos legais do município, tais
como a Lei do Uso do Solo, Código de Posturas, Código Tributário e o Código de Obras.
Destaca-se, nesse processo, que apesar de serem apontados avanços em relação às práticas
adotadas na reprodução da cidade ao longo de sua história, esse Plano ainda não foi regula-
mentado integralmente.
32 A Katu lançou cinco edifícios na cidade, mas apenas o Dourado I foi concluído por ela.
Apesar de seus apartamentos já se encontrarem vendidos, a empresa deixou a cidade no ano
de 1988, ocasião em que o término das obras iniciadas foi assumido pela BRASTEC – Enge-
nharia Construtora Ltda. de Londrina/PR.
33 Segundo os estudos de Cescon (2000), a Encol S/A entrou em decadência em 1996, atra-
sando a entrega de apartamentos, tendo que demitir funcionários, juntamente com uma
dívida de 600 milhões de reais. Com isso, “Em 18 de Dezembro de 1997 foi deferida concor-
data e no dia 16 de março de 1999 o juiz Avenir Passo de Oliveira, titular da vara de falências
e concordatas da comarca de Goiânia, decretou falência” (Cescon, 2000, p.56).
1 Essas Zonas Especiais de Interesse Social são definidas conforme os artigos do Título V,
Capítulo V na Seção III:
“Art. 41 – As ZEIS 1 são áreas com loteamentos existentes, de caráter social, públicos ou
privados, regulares, irregulares ou em processo de aprovação e Vilas Ofícios, estando todos
com população já estabelecida.
Art. 42 – As ZEIS 2 são áreas com disfunções urbanísticas, necessitando da atuação/inter-
venção urbana por parte do Poder Público Municipal para a regularização dos lotes ou para
a remoção da população instalada em locais impróprios para a moradia e impor ao empreen-
dedor privado o respectivo ônus pela ocupação irregular.
Art. 43 – As ZEIS 3 são áreas urbanas vazias, de interesse para a implantação de loteamentos
sociais para a população de baixa renda” (Plano Diretor de Dourados).
2 Ainda que não tenha apresentado estudos ou critérios para embasar sua proposta, em 2011
o Executivo Municipal de Dourados apresentou, inicialmente, o Projeto de Lei que previa
ampliação de 320% da então área contida no perímetro urbano, que passaria de 82 quilôme-
tros quadrados para 260 quilômetros quadrados. Após discussões e mobilização da sociedade
organizada, foi revisto o aumento previsto inicialmente e a proposta de ampliação passou a
ser de cerca de 250% – duas vezes e meia o então perímetro de 82 quilômetros quadrados. A
proposta de ampliação buscava se fundamentar, contraditoriamente, nos seguintes pontos:
a) ausência de áreas com preços acessíveis para a construção de novos conjuntos habitacio-
nais, para a população de baixa renda, sobretudo do Programa Minha Casa, Minha Vida; b)
necessidade de ordenação da ocupação de áreas limítrofes a eixos como as BRs 163 e 463, a
MS 156, a Avenida Guaicurus e a Perimetral Norte, coibindo loteamentos irregulares; c)
necessidade de legalização de irregularidades, como as sitiocas, que estavam fora do então
perímetro.
3 “Esse bairro também se mostra expressivo como local de residência de discentes, técnicos
administrativos e docentes da UFGD, assim como para os discentes da UEMS e até mesmo
da UNIGRAN. É o mais representativo em relação aos docentes e técnicos administrativos
da UFGD. Já em relação aos discentes das instituições públicas, ocupa a terceira posição
entre os bairros que mais possuem alunos – fica atrás apenas do Jardim Água Boa e do
Centro. Nesse sentido, apesar da distância com o centro principal (cerca de 5 km), o bairro
Parque Alvorada concentra parcela representativa do público universitário das instituições
públicas de Dourados” (Moreno, 2013, p.230).
4 “Nos loteamentos Santa Fé e Novo Parque Alvorada, com o início da construção das edi-
ficações, o que fica explícito é o caráter de investimento que a habitação tem tomado nessa
área. Essa constatação se dá por dois aspectos: o primeiro está relacionado à tipologia mul-
tifamiliar que tem se multiplicado nesses loteamentos. O outro aspecto está ligado ao con-
sórcio entre a construção e a comercialização dos imóveis, pois, mesmo quando se trata de
residência de tipologia unifamiliar, desde a construção das residências há placas de venda
dos imóveis, o que revela uma prática comum, e que tem proliferado na cidade, contrastando
com a justificativa de ampliação do perímetro urbano pela falta de área disponível e com
preço acessível para a construção de habitação” (Moreno, 2013, p.234).
5 Ver Bittencourt (2007).
[...] uma grande área a noroeste que se intitula Zona de Ocupação Especial.
A Rodovia BR 463 (Dourados-Ponta Porã) e a Avenida Guaicurus são eixos
de alongamento do perímetro urbano, que teve sua área ampliada longitu-
dinalmente, principalmente no sentido da Cidade Universitária que passa a
ser, junto ao Aeroporto e à área militar, um ponto de expansão do perímetro
urbano. (Moreno, 2013, p.235)
A intensificação dos fluxos e da expansão tem feito que áreas tidas como
rurais antes da ampliação do perímetro passem por parcelamento. Esse é o
caso do loteamento fechado Terras de Alphaville (em área de 587 mil me-
tros quadrados – 595 lotes), que surge com a divulgação de um potencial
de valorização de 40% ao ano. Também tem se tornado comum os proprie-
tários venderem partes de suas terras, em geral adquiridas por grupos ou
individualmente, para a construção de segunda residência.
Tais dinâmicas de acesso diferenciado à cidade impulsionam processos
de natureza contraditória: a intensificação de conflitos e de contradições
sociais; a criação de novas espacialidades e centralidades; a ampliação das
distâncias no interior da cidade. Também vale reforçar que, embora conte
com expressivo número de projetos e programas habitacionais e, por exem-
plo, mais de duas mil unidades tenham sido construídas apenas entre 2001
e 2008, a cidade de Dourados, conforme já mencionado, possui várias áreas
de ocupação consideradas irregulares.6 A dificuldade de acesso à terra tem
reproduzido e agravado essa situação. Foi exatamente no contexto da ex-
pansão de um modelo agrícola baseado em um conteúdo de técnica e ciência
que se ampliaram as diferenças e desigualdades socioespaciais.
Em síntese, com a transformação de seus conteúdos e papéis, os centros
urbanos que, pelo fato de possuir porte médio, apresentavam condições
de receber as novas atividades, ou atender às exigências por elas impostas,
são impactados em função da necessidade de responder às expectativas
geradas por essa demanda. Por outro lado, esse conjunto de transformações
reforçou a condição de Dourados como principal centro urbano regional,
na porção sul do estado de Mato Grosso do Sul, particularmente por atrair
fluxos comerciais e de serviços, especialmente os ligados à saúde e à educa-
6 Ainda que algumas dessas áreas já tenham sido removidas, conforme já mostrado, no ano de
2014 foram levantadas 24 áreas consideradas de ocupação “irregular”.
Sites consultados
http://www.94fmdourados.com.br/noticias/dourados/invasores-do-jardim-climax-
divulgam-video-e-garantem-que-prefeito-prometeu-doar-terrenos. Acesso em:
2 ago. 2014
http://caarapoensenews.com.br/2015/06/17/rede-de-supermercados-em-dourados-
abre-mais-uma-filial-com-porte-de-loja-ancora/. Acesso em: 17 jun. 2015
http://www.douradosnews.com.br/dourados/acampados-no-estrela-guassu-terao-
que-deixar-o-local. Acesso em: 15 out. 2014
http://www.fatimanews.com.br/cidades/dourados-vai-ganhar-novo-atacadao-e-
hipermercado-assai/168249/. Acesso em: 8 jul. 2015
Introdução 175
1 A cidade e seu papel na região hoje 181
1.1. Elementos estruturadores da cidade 185
2 Formação sócio-histórica e estruturação urbana e regional 193
2.1. Formação territorial de Chapecó 193
2.2. Dinâmica econômica e os processos produtivos do oeste
catarinense 195
3 A cidade e o agronegócio 199
3.1. A relação das agroindústrias com os espaços rural e urbano 199
3.2. A difusão do agronegócio 210
4 A diversidade do comércio e a expansão
dos serviços especializados 217
5 A produção da cidade e as desigualdades socioespaciais 249
5.1. As décadas de 1930 e 1940: gênese da formação da cidade 251
5.2. As décadas de 1950 e 1960: a estruturação da cidade
pela agroindústria 257
5.3. As décadas de 1970 e 1980: a expansão da cidade e
da desigualdade socioespacial 267
5.4. A década de 1990 e o início do século XXI: a cidade desigual 276
6 Chapecó: o novo e o tradicional na reestruturação
urbana e regional 303
Referências bibliográficas 313
2 Moura e Werneck (2001) realizaram um estudo comparativo para os estados da Região Sul,
a partir do qual foram analisadas questões acerca de Chapecó, aqui apresentadas. O estudo
da Região de Influência das Cidades (IBGE, 2008b) também menciona uma retrospectiva
acerca dos demais estudos anteriores a 2008.
3 A denominação faz alusão à Exposição Feira Agropecuária e Industrial (EFAPI), evento que
ocorre no Parque Tancredo Neves, localizado no bairro.
Figura 3: Chapecó. Rendimento médio mensal das pessoas responsáveis pelo domicílio por
bairro. 2010.
1 Caboclo era a denominação pejorativa dada pelos descendentes de origem europeia aos luso-
-brasileiros, os quais, por sua vez, autodenominavam-se “brasileiros” (Renk, 2000).
2 Em se tratando da ocupação étnica do território regional, Poli (1995, p.72) caracteriza três
grupos até o período da colonização, a saber: a) os indígenas, até meados do século XIX; b) os
caboclos, que os sucederam e se miscigenaram; c) os descendentes de origem alemã, italiana
e polonesa, advindos do Rio Grande do Sul.
3 Segundo pesquisa de Campos (1987, p.72), a Colonizadora Bertaso atraiu mais de 8 mil
famílias do Rio Grande do Sul para o Oeste de Santa Catarina, sendo que “as terras eram
vendidas aos colonos com uma entrada de 30% e o restante dividido em duas parcelas semes-
trais”.
do resto do estado, tais como a precariedade das redes viárias e das estradas
de acesso, bem como a escassez de estabelecimentos comerciais, submeten-
do os colonos de origem europeia “a um modo de produção de subsistência
sem conexão aos mercados” (Dmitruk, 2001, p.21). O isolamento de re-
giões produtivas, como será visto adiante, constitui também uma caracte-
rística do processo de desenvolvimento do estado de Santa Catarina como
um todo, ainda que tenha sido mais marcante no caso da região Oeste.
Mesmo assim, gradativamente, outro perfil socioeconômico começou a se
delinear, com a substituição de um processo produtivo vinculado à cultura
de subsistência por outro, pautado na cultura da produção de excedentes.
5 O contrabando, na sua grande maioria, era praticado por argentinos, servindo de explicação
satisfatória para as intrigas criadas entre brasileiros e argentinos no Oeste Catarinense. Ver
mais detalhes em Bavaresco (2005) e Ferrari (2010).
6 O caboclo adotava a prática de dividir as terras de plantar e as terras de criar sob sua posse.
As terras de plantar ficavam mais distantes da casa e eram preparadas com a derrubada da
mata e a queima, para depois ser feito o plantio de milho, feijão, mandioca, batata e arroz.
As terras de criar ficavam próximas da casa, onde se criavam animais como galinhas, porcos,
bovinos e cavalos, sempre destinados para consumo e utilização própria. Essa população
formava uma classe espoliada, trabalhando apenas para o seu sustento. Ver mais detalhes em
Renk (1997).
7 As balsas usadas para o transporte da madeira eram conduzidas por homens denominados
balseiros.
8 Aconteciam a derrubada da mata, a queima e o plantio, a chamada lavoura itinerante, que
muda em função do cultivo ou da periodicidade da lavoura.
3 A cadeia produtiva de suínos e aves do Oeste Catarinense tem sido fomentada pelo modelo
de integração no qual o produtor rural torna-se parte do processo produtivo. De um lado,
há a agroindústria que fornece assistência técnica e é responsável pela absorção da matéria-
-prima, cujas produção e manutenção, de outro lado, são garantidas pelo produtor rural, nos
padrões exigidos pela empresa. Segundo a Associação Catarinense de Criadores de Suínos
(ACCS, 2011), cerca de 82% da produção de carnes, matéria-prima com padrões fitossanitá-
rios internacionais, vêm do sistema integrado.
4 Para exemplificar, na década de 1970, o Frigorífico Marafon foi adquirido pelo Frigorífico
Aurora, e a empresa Extrafino – Extração e Refinação de Óleos Vegetais S.A. foi comprada
pela Ceval, que, por sua vez, foi incorporada pela Bunge. Em 2005, ocorreu a falência do
Frigorífico Chapecó, cuja unidade instalada na cidade foi arrendada pela Aurora.
5 Informações obtidas no sítio eletrônico: <https://www.auroraalimentos.com.br>. Acesso
em: 12 out. 2011.
6 Foram elas: Cooperativa Mista Agropastorial Chapecó, Cooperativa de Laticínios de
Chapecó, Cooperativa Mista Xaxiense, Cooperativa Mista de Lajeado Grande de Xaxim,
Cooperativa Mista Regional Xanxerê, Sociedade Cooperativa Mista de Palmitos, Coopera-
tiva de São Carlos e Cooperativa Mista Modelense (Alba, 2002).
13 Em 1980, a região contava com 67 mil suinocultores, número que foi reduzido a 20 mil em
1995 (Testa et al., 1996). Em 2010 (ACCS, 2011), eram 8 mil os suinocultores integrados
às agroindústrias da região, enquanto a produção de animais praticamente dobrou nesse
período. No início do século XXI, o estado catarinense tinha um plantel permanente em
torno de quatro milhões de cabeças de suínos que em 2010 passou de seis milhões, com a
maior concentração no Oeste Catarinense (ACCS, 2011).
14 Neste caso, o território abordado é a mesorregião do Oeste Catarinense, que tem uma popu-
lação de 1,6 milhão de habitantes, com aproximadamente 37% da população rural de Santa
Catarina, distribuídos em 118 municípios, ocupando 26% de área do total territorial catari-
nense, dividida em cinco microrregiões: Chapecó, Concórdia, Joaçaba, São Miguel do Oeste
e Xanxerê (IBGE, 2000; Testa et al., 2003).
15 A suinocultura e a avicultura são feitas em galpões (confinamento) e têm no arraçoamento
(soja e milho) a base da alimentação animal; já a bovinocultura leiteira alia ao galpão a oferta
à base de pasto (grãos, selagem).
Quadro 1: Território Oeste Catarinense. Produção de leite de vaca em milhões de litros. 1975 a
2009.
UF 1975 1980 1985 1990 1996 2006 2009
Brasil 8.513,78 11.596,28 12.846,43 * 17.931,25 20.157,68 29.112,02
Sul 1.871,90 2.682,39 2.804,40 * 4.110,54 5.666,18 *
SC 409,70 534,00 603,60 684,3 869,41 1.435,10 2.237,80
TOC 157,70 211,30 269,00 289,5 485,15 1.049,25 *
* Dados não disponíveis.
Fonte: Anschau (2011, p.34). Organizado por Cleusa Teresinha Anschau (2010).
Quadro 3: Continuação
Empresa de 1. Genética Indústria de Produtos Biológicos Ltda.*
Pequeno Porte – 2. Plásticos Condá Ltda.
Indústria 3. Osni Carlos Verona
4. Bolis Indústria e Comércio de Móveis Ltda.
5. Rissi Esquadrias e Vidraçaria Ltda.
6. Biccaplast Indústria de Plásticos Ltda.*
7. Fábrica e Comércio de Móveis Catarinense Ltda.
8. Verona Móveis Ltda.
9. Maclaw Industrial Ltda.
10. Prótons Baterias Indústria e Comércio Ltda.
11. Frimac Máquinas Industriais Ltda.*
12. Izaias Pires Vieira
13. Molteky Indústria e Comércio Ltda.
14. Esquadrias Catarinense Ltda.
15. Tormafril Tornearia e Máquinas Frigoríficas Ltda.*
Grande Empresa 1. Distribuidora de Bebidas ACB Ltda.
Comercial 2. Souza Cruz S/A
3. Tozzo& Cia Ltda.
4. Comercial Celeiro Ltda.
5. Cooperativa Regional Alfa*
6. Laboratório Bio-Vet S/A*
7. Pepsico do Brasil Ltda.
8. Melitta do Brasil Indústria e Comércio Ltda.
9. Brasão Supermercados S/A
10. Gerdau Comercial de Aços S.A.
11. L. F. Caminhões Ltda.*
12. Arthur Lundgren Tecidos S/A Casas Pernambucanas
13. Vetanco do Brasil Importação e Exportação Ltda.
14. Safra Diesel Ltda.
15. Tortuga Companhia Zootécnica Agrária*
Empresa de 1. Artesil Produtos Naturais Ltda.
Pequeno Porte – 2. Tcr Calçados
Comércio 3. Livraria e Bazar News Ltda.
4. Aparas Chapecó Ltda.
5. Distribuidora de Materiais Elétricos J Daluz Ltda.
6. Lojas Catarinense Artigos do Vestuário Ltda.
7. Supermercado Royal Ltda.
8. Acessocar Comércio e Renovadora de Veículos Ltda.
9. Confecções Nazari Ltda.
10. Bordin Máquinas Ltda.
11. São Cristóvão Materiais de Construção Ltda.
12. BSV Comércio de Confecções Ltda.
13. Piana Magazine Ltda.
14. Dorval Cansian & Irmãos Ltda.
15. Art & Top Ltda.
* Empresas agroindustriais ou a elas ligadas.
Fonte: <http://ponto-chapeco.blogspot.com/2009/08/entregue-o-trofeu-desbravador-empresas.html>.
Organizado por Rosa Salete Alba (2011).
Tabela 2: Continuação
Seção de Atividade Econômica, segundo classificação CNAE – versão 2.0
2008
Total Microempresa Pequena Média Grande Partic. Evol.
Empresa Empresa Empresa (%) 2006/2008
Seção I – 1.349 677 611 61 – 2,1% 17,7%
Alojamento e
alimentação
Informação e 677 179 498 – – 1,1% 14,4%
comunicação
Atividades 1.159 173 536 64 386 1,8% –16,3%
financeiras,
de seguros
e serviços
relacionados
Atividades 217 43 174 – – 0,3% 26,9%
imobiliárias
Atividades 911 451 460 – – 1,4% 31,6%
profissionais,
científicas e
técnicas
Atividades 1.702 454 420 141 687 2,7% 20,8%
administrativas
e serviços
complementares
Administração 4.148 3 – 111 4.034 6,6% 18,4%
pública, defesa e
seguridade social
Educação 1.970 179 500 108 1.183 3,1% 16,1%
Saúde humana e 1.781 523 142 – 1.116 2,8% 3,5%
serviços sociais
Artes, cultura, 189 118 71 – – 0,3% 17,4%
esporte e
recreação
Outras 2.575 583 375 290 1.327 4,1% 27,9%
atividades de
serviços
Serviços 11 11 – – – 0,0% 0,0%
domésticos
Organismos – – – – – 0,0% 0,0%
internacionais
e outras
instituições
extraterritoriais
Total 63.024 14.289 17.265 7.122 24.348 100,0% 26,4%
Fonte: Santa Catarina em Números (2010, p.36). Organizado por Rosa Salete Alba (2011).
1 O Centro Comercial Chapecó foi fundado em 1996, possui 1.600 metros quadrados de área
distribuídos em 26 salas comerciais, onde são desenvolvidas atividades culturais, como varal
literário, apresentações de CTG e outras atividades.
2 O Mercocentro, fundado em 2003, possui área de 4.034 metros quadrados e 34 salas. Foi
desativado após a instalação do shopping.
3 Entrevistas realizadas na pesquisa de Alba e Damaceno (2010).
Tabela 3: Chapecó. Indicadores de internação anual no Hospital Regional do Oeste. 2007 a 2012.
Tipo de atendimento 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Total de internações 18.309 19.900 18.879 20.319 20.588 20.316
Internações/local (Chapecó) 11.793 12.851 11.875 12.232 12.341 11.826
Internações/outras cidades 6.516 7.049 7.004 8.087 8.247 8.490
Total de leitos disponíveis 297 297 297 297 297 334
Fonte: Associação Hospitalar Leonir Vargas Ferreira, 2010-2012 e BRASIL-DATASUS (2014). Disponível
em: <http://www.relatecc.com.br/hro/> e <http://cnes.datasus.gov.br>. Organizado por Cristina Otsuschi
(2014).
Assim, com base no exposto, pode-se afirmar que Chapecó concentra al-
guns serviços especializados em saúde, cuja abrangência recai principalmen-
te sobre a escala microrregional. Nesse contexto, a proximidade com Passo
Fundo/RS, referência regional para os serviços especializados em saúde,9 ao
que parece, faz que os fluxos de usuários na região oeste de Santa Catarina e
noroeste do Rio Grande do Sul sejam distribuídos entre as duas cidades. Isso
não significa, todavia, que a demanda por serviços não seja considerável em
Chapecó e região, haja vista a grande expansão privada nesse setor.
A concentração dos serviços de saúde no centro da cidade (Campos, 2011)
tem modificado tanto os fluxos quanto sua dinâmica comercial, influenciando
a estruturação urbana de Chapecó em curso. Verifica-se que houve mudança
no uso do solo na área central da cidade nos últimos anos, com a diversifi-
cação e expansão de serviços de saúde, conferindo uma especialização nessa
porção do tecido da cidade. Diariamente, muitos veículos oficiais, principal-
mente das prefeituras dos municípios vizinhos, chegam trazendo pacientes
para serem atendidos em Chapecó. Como podem ficar horas, ou mesmo
Tabela 4: Continuação
Instituição Cursos Cursos pós- Categoria
-graduação
Graduação Tecnólogos Lato Stricto
sensu sensu
UNIFACS* – Universidade 7 3 – – PRIVADA
Salvador
ULBRA* – Universidade 7 7 – – PRIVADA
Luterana do Brasil
FAEL* – Faculdade Educacional 5 – – PRIVADA
da Lapa
FIE – Faculdade Exponencial 8 2 – – PRIVADA
(Descredenciada)
Unochapecó – Universidade 49 8 81 6 COMUNITÁRIA
Comunitária da Região de ***
Chapecó
IFSC – Instituto Federal de 1 – – – PÚBLICA
Educação, Ciência e Tecnologia de
Santa Catarina
UFFS – Universidade Federal da 13 – 8 3 PÚBLICA
Fronteira Sul ****
SENAC – Faculdade de 4 6 – PRIVADA
Tecnologia Senac Chapecó
UNIP* – Universidade Paulista 14 13 – – PRIVADA
UFSC* – Universidade Federal de 6 – – – PÚBLICA
Santa Catarina
UNOPAR* – Universidade Norte 16 13 – – PRIVADA
do Paraná
SENAI – Faculdade de Tecnologia 3 1 – PRIVADA
Senai Chapecó
FAEM** – Faculdade 8 3 19 – PRIVADA
Empresarial de Chapecó
FAACH – Faculdade Anglo- 4 3 16 – PRIVADA
-Americano de Chapecó
UNISUL* – Fundação 11 21 – – PRIVADA
Universidade do Sul de Santa
Catarina
UNINTER* – Centro 15 16 – – PRIVADA
Universitário Internacional
SOCIESC* – Centro 1 4 – – PRIVADA
Universitário Sociesc
Total 174 108 138 11 –
Fontes: site e-MEC, sites das instituições (stricto sensu).
* Instituições somente com polo EaD em Chapecó.
** Mantenedora da Unidade Central de Educação FAEM faculdades (UCEFF).
*** Lei Federal 12.881 de 12 novembro de 2013.
**** A UFFS é multicâmpus e oferece 44 cursos de graduação e oito cursos stricto sensu ao todo.
Organização: Villela, Alba e Ortmeier (2015).
Quadro 9: Continuação
Nome Aeroporto Municipal “Serafim Enoss Bertaso”
Voos diários – saídas GOL – Horário: 05h30min (de sábado a sexta); 15h05min (de domingo a
(outubro 2015) sexta); 17h25min (sábado). Destino: Florianópolis/São Paulo
AVIANCA* – Horário: 06h00min (todos os dias). Destino: Florianópo-
lis/Brasília; 14h15min (todos os dias). Destino: Florianópolis/São Paulo
AZUL – Horário: 12h25min (sábado); 11h41min (de segunda a sexta);
18h58min (de domingo a sexta). Destino: Campinas; 13h00min (de
domingo a sexta). Destino: Porto Alegre
* A empresa TAM atua em parceria com esta companhia, o que amplia a compra, em um único bilhete, para
vários destinos no Brasil e no mundo.
Fonte: Prefeitura Municipal de Chapecó (2015). Organização: Alexandre M. Matiello e Ana Laura V. Villela
(2015).
1 Peluso (1982) aponta que o Departamento Estadual de Estatística (DEE, 1939) classificou
tais atividades em: beneficiamento de cereais, ferraria, marcenaria, olaria, serraria, carpin-
taria, fabricação de cerveja, curtume, funilaria e mecânica, sendo que nas seis primeiras
atividades havia somente um estabelecimento de cada em Chapecó. Segundo o mesmo autor,
o Censo Industrial de 1940 reconheceu que estavam em atividade, no município, 57 estabe-
lecimentos que empregavam um total de 311 pessoas, cujo coeficiente médio de ocupação de
mão de obra, de 5,45 por unidade fabril, evidencia o caráter artesanal da indústria.
Foto 1: Chapecó. Vista da cidade no ano de 1935, cercada por mata composta principalmente
de pinheiros.
Fonte: Acervo CEOM/Unochapecó.
[...] o coeficiente de utilização de mão de obra por unidade fabril das indústrias
“diversas” era 22,14, mostrando que indústrias médias já se tinham instalado
na cidade. Tratava-se da indústria de produtos suínos. Em 1958, o Depar-
tamento Estadual de Estatística assinalava a presença, em Chapecó, de duas
fábricas, com total de 29 operários. Não era mais a fábrica de banha não refi-
nada, já existente em 1950, mas frigoríficos que beneficiavam o produto da
suinocultura, a grande riqueza da região. (Peluso, 1982, p.383)
Foto 4: Chapecó. Vista parcial da Avenida Getúlio Vargas, onde pode-se observar a Catedral
Santo Antônio na década de 1950.
Fonte: Acervo CEOM/Unochapecó.
6 O conteúdo informativo dos cartogramas foi elaborado a partir de Facco (2011, p.75): “O
material compilado refere-se às aerofotocartas de 1957, 1979, 1988 e 1996. Esse material,
originalmente existente apenas em formato físico e dividido em quadrantes, foi digitalizado
para posterior montagem e georreferenciamento das aerofotocartas, em software específico
chamado ArcView. Como a imagem de 2009 já estava digitalizada e georreferenciada sobre
os trinta e sete marcos colocados pela empresa Prosul no núcleo urbano de Chapecó, em
coordenadas Universal Tranversos Mercator (UTM), tomou-se a mesma como referência.
Nesse aspecto, destaca-se o início das obras da ponte sobre o rio Uru-
guai, em 1969 (Foto 7), que melhorou e incentivou as conexões externas,
integrando definitivamente a rede viária de Santa Catarina à do Rio Grande
do Sul. Assim, por meio de melhoramentos em sua modesta rede rodoviária
e da construção de novas rodovias (Peluso, 1982), Chapecó e a região oeste
de Santa Catarina começaram a vencer, lentamente, o isolamento. À medi-
da, portanto, que as distâncias foram sendo superadas, a cidade continuava
a se consolidar e suas empresas se tornavam cada vez mais competitivas no
cenário nacional. Já em relação à mobilidade urbana, houve a implantação
do sistema de transporte coletivo, em 2 de novembro de 1967 (Santos;
Fanin; Bellani, 1999), em parte da área urbana da cidade, possibilitando a
dispersão da malha no sentido sul.
Foto 7: Ponte sobre o rio Uruguai ligando o Rio Grande do Sul a Santa Catarina. Fevereiro
de 1975.
Fonte: Acervo CEOM/Unochapecó.
modo que a população nele instalada carrega um pesado estigma até os dias
atuais. Além da remoção, segundo Gomes (1998), a colonizadora estabe-
leceu o loteamento popular com base em terrenos pequenos, de dez por
quinze metros, determinando que, caso não fossem pagos, haveria novo
despejo para outra área ainda mais distante. A empresa também não forne-
cia escrituras aos moradores, para que não pudessem vender os imóveis e,
com isso, estabelecer-se irregularmente em outros locais.
Se, por um lado, o processo de discriminação social e exclusão espacial
se aprofundava, por outro, a pujança econômica do município se refletia em
outros indicadores, tal como a inserção gradativa de Chapecó no mercado
nacional, passando a ser, naquele momento, um dos principais municípios
arrecadadores do estado. Devido à sua base agroindustrial, a cidade foi
também estabelecendo uma política de fixação e reconhecimento de suas
atividades econômicas.
Como reflexo desse processo, em 1967, no cinquentenário do municí-
pio, ocorreu a primeira Exposição Feira Agropecuária Industrial de Cha-
pecó (EFAPI), a partir da qual, mais tarde, iria se formar uma das maiores
aglomerações de moradia da cidade, combinada a investimentos em indús-
trias e comércio, tal como já explicado em outros capítulos. Também não é
fortuito que, ao final da década de 1950, tenham surgido dois loteamentos
de padrão elevado na cidade, o Jardim Itália e o Santa Maria, hoje bairros
de classe média/alta.
Essas contradições socioespaciais, refletidas pelas diferentes condições
de acesso à cidade a depender de quais segmentos se tratam, evidenciam
conflitos que surgem na tensão entre os interesses de agentes associados à
reprodução do capital e as necessidades essenciais inerentes à reprodução
social de inúmeros grupos, reconhecidos ou não, ao longo da trajetória de
(re)estruturação urbana.
Foto 8: Chapecó. Vista aérea da área central da cidade em 1971 e seu eixo estruturador – Av.
Getúlio Vargas.
Fonte: Acervo CEOM/Unochapecó.
9 Usava recursos do Banco Nacional de Habitação (BNH) por meio da aplicação de fundos do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
10 As categorias gerais para aplicação dos recursos eram: sistema viário; drenagem; educação
e cultura; serviço social; recreação e lazer; iluminação pública; transportes urbanos; saúde;
abastecimento de água; coleta de esgotos; comércio e abastecimento; desapropriação; estu-
dos e projetos; gerenciamento (Villela, 2007).
Figura 18: Chapecó. Mapa de Localização dos Conjuntos Habitacionais 2010 x Zoneamento
Plano Diretor. 2010.
* AEUOP são Áreas Especiais de Urbanização e Ocupação Prioritária (vazios urbanos).
** MEUF é a Macroárea Especial de Urbanização Futura (áreas descontínuas do tecido urbano).
*** UAM são Unidades Ambientais de Moradia (áreas já previstas e destinadas ao parcelamento do solo).
12 Segundo trata Ancona (2011) nos Cadernos Técnicos da pesquisa realizada sobre os Planos
Diretores Municipais Pós-Estatuto da Cidade.
Esse fato pode ser explicado pela permissividade, por parte dos órgãos
fiscalizadores do município, em relação a esse tipo de urbanização. Outra
questão legal que alterou as características dos empreendimentos habita-
cionais de alto padrão é a ausência de limites de altura, regulamentada pela
revisão do Plano Diretor de 2007, possibilitando a construção de edifí-
cios verticalizados, tanto em substituição a imóveis já existentes nos lotes,
quanto na ocupação de novos terrenos, em qualquer área do município,
desde que cumpridas as demais restrições urbanísticas.
Concomitantemente a essa possibilidade, ressalta-se também que as
restrições para a proteção à navegação aérea, em 2011, exigidas para a
operação do aeroporto, limitam a verticalização nas cotas mais altas, o
1 Para maiores informações, ver outro livro desta série, em Sorbazo (2010).
novo flanco que, porém, não foi capaz de proporcionar um valor do solo
acessível. Os lotes em novos assentamentos, chegam a custar, no lançamen-
to, até R$ 50 mil, mesmo quando não ultrapassam 250 metros quadrados.
A título de comparação, lotes de 360 metros quadrados em bairros consoli-
dados, que não são dos mais elitizados, chegam a custar até R$ 300 mil, com
o agravante que, segundo os corretores, as casas em madeira – algo comum
nesses terrenos – chegam a desvalorizar o imóvel.
Também inéditos, os condomínios fechados começaram a ser lançados
há cerca de dez anos e, diferentemente de outras cidades pesquisadas no
âmbito da ReCiMe, como Marília e Uberlândia, não se destinam a moradia
perene, pois ficam relativamente distantes do centro urbano. São produtos
apropriados para lazer em finais de semana, mas demonstram igualmente
elementos presentes em seus congêneres de outras cidades: segurança, lazer
privativo e apropriação da natureza como fator a ser consumido. O prin-
cipal ponto de destaque é que dois desses condomínios encontram-se na
rota que conduz ao Porto Goio-Ên, antigo balneário no Rio Uruguai, que
após a construção da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó foi transformado
em lago, incrementando as potencialidades de exploração turística da área.
Já figuram no novo espaço uma marina, um camping e uma nova estrutura
urbana para os moradores que permaneceram, equipamentos estes implan-
tados como compensação ao impacto produzido pela usina. Mas há investi-
dores privados visando a área para a instalação de outras marinas e a criação
de condomínios com acesso ao lago. E o próprio município já reservou área
para prospectar um empreendedor que se disponha a construir um hotel do
tipo resort.
Por fim, o mercado imobiliário beneficiou-se também do financia-
mento do Programa Minha Casa, Minha Vida, direcionado a uma faixa
de renda um pouco maior, recurso esse que era repassado diretamente aos
empreendedores e que viabilizou empreendimentos bem característicos: os
edifícios de quatro pavimentos, unidos em conjuntos de mais de um prédio
ou mesmo isolados em um lote, sendo que esta última tipologia tem sido
um dos fatores de elevação do preço dos lotes, pois gera uma perspectiva de
rentabilidade maior com a venda do terreno. A implementação de numero-
sos conjuntos de edifícios multifamiliares tem contribuído para a alteração
da paisagem urbana, uma vez que os bairros tradicionalmente ocupados
por casas térreas isoladas no lote e arborizados têm se modificado pela im-
É preciso enfatizar, por fim, que Chapecó acaba por enfrentar também
o paradoxo da modernização, quando o comércio e os serviços da cidade
deparam com os saldos negativos do agronegócio, advindos das macropo-
líticas econômicas, das crises financeiras globais, ou até da estiagem, que
acaba por afetar toda a economia local, com significativo impacto sobre
o setor terciário. Portanto, se por alguns aspectos que aqui destacamos a
cidade consolida-se em seu papel regional, influenciando territorialmente
seu entorno em termos de produção, circulação e consumo, por outros,
alcança escalas nacional e internacional, o que implica também sofrer os
impactos que chegam a essas escalas. Entre a permanência e/ou mudança
de agentes econômicos que reestruturam o urbano e o regional, a cidade
também reflete esses movimentos, sobreposições e contradições.
EQUIPE DE REALIZAÇÃO
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