Você está na página 1de 7

TEXTO 2

“Sociedade”, “Modernidade” e “Industrialização”

In:
Conceitos essenciais da sociologia

Anthony Giddens e Philip W. Sutton


• Sociedade — “instituições e relações sociais estruturadas entre uma grande
comunidade de pessoas” (ou de indivíduos);
• Se opõem a uma ideia de mera “agregação de indivíduos” (cf. também em
Rousseau);
• Significado sociológico = uma realidade coletiva que exerce “uma profunda
influência sobre os indivíduos dentro de um território restrito” = ou seja, dentro
de Estados-nacionais;
• Esse significado se opõe, a partir de 1970, às teorias sobre “um nível de
realidade social global”;
• Parsons = sociedades se “autoperpetuam” = ou seja, se “reproduzem” em si
mesmas e através de suas próprias institucionalidades;
• Sociedade é um conceito polissêmico — na origem, as tipologias procuravam
ou diferenciar ou comparar as sociedades e seus trânsitos para o estatuto de
modernidade através dos padrões de modernização —; na verdade, esse tipo
de investimento da sociologia procurou identificar padrões de
desenvolvimento e das disparidades sociais entre “sociedades nacionais”;
• “relacionamentos mutantes” (cf. Elias) — "duplo envolvimento" entre
indivíduos e instituições sociais;
• “forças sociais supranacionais” = influenciam os Estados-nações (inclusive na
busca e manutenção de seu “interesse nacional”, cf. Morgenthau);
• P. ex.: as formas de terrorismo e da produção de armas de destruição em
massa força os países a cooperação internacional (al-Qaeda como um paradoxo
= criticam as instituições da sociedade moderna, mas se ‘valem’ de práticas
típicas do complexo industrial militar)

• Modernidade = processos sociais amplos que caracterizados por:


“secularização, racionalização, democratização, individualização e ascensão da
ciência [e da técnica]” + “industrialização, capitalismo e urbanização”;
• As modernidades são processos de longa duração que, até meados do século
XX (?), significaram “avanço, progresso e desenvolvimento” = ou seja, geram
padrões - nem sempre homogêneos e lineares - de modernização;
• Quais os padrões clássicos de modernização?
- aplicação do pensamento racional (ciência e técnica);
- busca de métodos científicos sempre aprimorados;
- garantias de liberdade e igualdade pelos Estados.
• Segundo Max Weber, a modernidade - em sentido Ocidental - gerou o processo
de “desencantamento do mundo”, processo amplo de estabelecimento do
“capitalismo racional legal”
• O “desencantamento do mundo” significou a desestruturação do mundo
tradicional (sociedades baseadas nas crenças sagradas e seus rituais) e a
progressiva estruturação de sociedades baseadas na individualidade e na
racionalidade;
• A tese clássica da modernização foi desenvolvida por Walt Rostow: de um
ambiente tradicional, as sociedades se modernizam através da busca por
prosperidade, ênfase na infraestrutura, em novos investimentos e
empreendimentos = o investimento em novas tecnologias levaria as sociedades
a padrões cada mais maiores de “consumo de massa” e busca pelo bem-estar;
• Compreender a modernidade, antes que apenas um fluxo de desenvolvimento
econômico, demandaria das ciências sociais, segundo Bauman, a interpretação de
sua “cultura e mentalidade”, característicos de sua busca por “satisfação de
necessidades”;
• Críticas ao conceito de modernidade e modernização:
- processos que não se aplicam a todas as sociedades, em especial as formações sociais
que não seguiram “a ocidentalização”;
- os padrões de modernização não explicam as causas das disparidades entre as
sociedades nacionais “atrasadas”, sugerindo apenas que elas sigam um padrão único;
- os países mais atrasados no processo de modernização acabam por “depender” dos
países mais ricos, o que leva a padrões extrativistas, em especial, na esfera do
intercâmbio econômico;
- ingresso das sociedades na “modernização reflexiva” = significou uma atenção
especial aos riscos ambientais, mas também uma “era de descontentamento” (tanto na
ciência quanto nas autoridades legítimas);
- a modernidade é um "projeto inacabado" = não foram alcançados, mesmo nas
sociedades industriais avançadas, os padrões de igualdade, de classe e de gênero, e
ainda persistem fortes padrões de desigualdades sociais.
• Autores como S. Eisenstadt e S. Huntington trabalham com as ideias de
"múltiplas modernidades" e de "civilizações", respectivamente;
• Ou seja, houve inúmeras "rotas" para a modernidade que diferem de um
padrão linear, que toma por base estrutural "o Ocidente“;
• As modernidades são específicos e singulares processos de relações entre os
padrões tradicionais e modernos (cf. Bendix), e que tomam por base as
especificidades de cada sociedade.
• Industrialização = processo marcado pela relação mais intensa entre indivíduo,
produção e trabalho;
• A industrialização é um "setor" da vida social ligado a trocas comerciais
baseadas na manufatura (ou ênfase no trabalho manual e dividido) = processo
de mediação do relacionamento "entre os seres humanos e o mundo natural“;
• Tornou-se um efeito dos processos de modernização das sociedades nacionais
= mais produção gerou processos sociais de deslocamento das pessoas "das
zonas rurais e agrícolas à procura de trabalho nas cidades“;
• Fora os problemas gerados pela industrialização, atualmente há intensas mudanças nos
padrões de trabalho e emprego (especialmente a mudança da ênfase na manufatura e a
expansão do setor de serviços);
• A industrialização alteou não somente as relações indivíduo/natureza; também tornou-
se um processo de desvinculação, cada vez mais complexo, entre os indivíduos e o
comportamento (p. ex., o impacto das redes sociais nas relações sociais, mas também na
transformação do trabalho);
• Críticas ao processo de industrialização:
- deslocamento dos centros de produção para regiões onde a mão de obra é mais "barata"
e onde as regulamentações são mais 'frouxas'/fracas;
- a "feminização" do trabalho foi um avanço inquestionável, mas também um processo que
intensificou as desigualdades e as formas de precarização do trabalho;
- a poluição e seus efeitos sobre o meio ambiente são preocupações do "debate político
global", gerando formas de soluções como a "modernização ecológica" ou o "capitalismo
natural" (cf. Hawkens, Lovins e Lovins);
- segundo vários estudos, é preciso pensar a industrialização a partir de três dimensões:
"consciência ambiental, relações Estado-mercado e desenvolvimento tecnológico".

Você também pode gostar