• Sociedade — “instituições e relações sociais estruturadas entre uma grande comunidade de pessoas” (ou de indivíduos); • Se opõem a uma ideia de mera “agregação de indivíduos” (cf. também em Rousseau); • Significado sociológico = uma realidade coletiva que exerce “uma profunda influência sobre os indivíduos dentro de um território restrito” = ou seja, dentro de Estados-nacionais; • Esse significado se opõe, a partir de 1970, às teorias sobre “um nível de realidade social global”; • Parsons = sociedades se “autoperpetuam” = ou seja, se “reproduzem” em si mesmas e através de suas próprias institucionalidades; • Sociedade é um conceito polissêmico — na origem, as tipologias procuravam ou diferenciar ou comparar as sociedades e seus trânsitos para o estatuto de modernidade através dos padrões de modernização —; na verdade, esse tipo de investimento da sociologia procurou identificar padrões de desenvolvimento e das disparidades sociais entre “sociedades nacionais”; • “relacionamentos mutantes” (cf. Elias) — "duplo envolvimento" entre indivíduos e instituições sociais; • “forças sociais supranacionais” = influenciam os Estados-nações (inclusive na busca e manutenção de seu “interesse nacional”, cf. Morgenthau); • P. ex.: as formas de terrorismo e da produção de armas de destruição em massa força os países a cooperação internacional (al-Qaeda como um paradoxo = criticam as instituições da sociedade moderna, mas se ‘valem’ de práticas típicas do complexo industrial militar)
• Modernidade = processos sociais amplos que caracterizados por:
“secularização, racionalização, democratização, individualização e ascensão da ciência [e da técnica]” + “industrialização, capitalismo e urbanização”; • As modernidades são processos de longa duração que, até meados do século XX (?), significaram “avanço, progresso e desenvolvimento” = ou seja, geram padrões - nem sempre homogêneos e lineares - de modernização; • Quais os padrões clássicos de modernização? - aplicação do pensamento racional (ciência e técnica); - busca de métodos científicos sempre aprimorados; - garantias de liberdade e igualdade pelos Estados. • Segundo Max Weber, a modernidade - em sentido Ocidental - gerou o processo de “desencantamento do mundo”, processo amplo de estabelecimento do “capitalismo racional legal” • O “desencantamento do mundo” significou a desestruturação do mundo tradicional (sociedades baseadas nas crenças sagradas e seus rituais) e a progressiva estruturação de sociedades baseadas na individualidade e na racionalidade; • A tese clássica da modernização foi desenvolvida por Walt Rostow: de um ambiente tradicional, as sociedades se modernizam através da busca por prosperidade, ênfase na infraestrutura, em novos investimentos e empreendimentos = o investimento em novas tecnologias levaria as sociedades a padrões cada mais maiores de “consumo de massa” e busca pelo bem-estar; • Compreender a modernidade, antes que apenas um fluxo de desenvolvimento econômico, demandaria das ciências sociais, segundo Bauman, a interpretação de sua “cultura e mentalidade”, característicos de sua busca por “satisfação de necessidades”; • Críticas ao conceito de modernidade e modernização: - processos que não se aplicam a todas as sociedades, em especial as formações sociais que não seguiram “a ocidentalização”; - os padrões de modernização não explicam as causas das disparidades entre as sociedades nacionais “atrasadas”, sugerindo apenas que elas sigam um padrão único; - os países mais atrasados no processo de modernização acabam por “depender” dos países mais ricos, o que leva a padrões extrativistas, em especial, na esfera do intercâmbio econômico; - ingresso das sociedades na “modernização reflexiva” = significou uma atenção especial aos riscos ambientais, mas também uma “era de descontentamento” (tanto na ciência quanto nas autoridades legítimas); - a modernidade é um "projeto inacabado" = não foram alcançados, mesmo nas sociedades industriais avançadas, os padrões de igualdade, de classe e de gênero, e ainda persistem fortes padrões de desigualdades sociais. • Autores como S. Eisenstadt e S. Huntington trabalham com as ideias de "múltiplas modernidades" e de "civilizações", respectivamente; • Ou seja, houve inúmeras "rotas" para a modernidade que diferem de um padrão linear, que toma por base estrutural "o Ocidente“; • As modernidades são específicos e singulares processos de relações entre os padrões tradicionais e modernos (cf. Bendix), e que tomam por base as especificidades de cada sociedade. • Industrialização = processo marcado pela relação mais intensa entre indivíduo, produção e trabalho; • A industrialização é um "setor" da vida social ligado a trocas comerciais baseadas na manufatura (ou ênfase no trabalho manual e dividido) = processo de mediação do relacionamento "entre os seres humanos e o mundo natural“; • Tornou-se um efeito dos processos de modernização das sociedades nacionais = mais produção gerou processos sociais de deslocamento das pessoas "das zonas rurais e agrícolas à procura de trabalho nas cidades“; • Fora os problemas gerados pela industrialização, atualmente há intensas mudanças nos padrões de trabalho e emprego (especialmente a mudança da ênfase na manufatura e a expansão do setor de serviços); • A industrialização alteou não somente as relações indivíduo/natureza; também tornou- se um processo de desvinculação, cada vez mais complexo, entre os indivíduos e o comportamento (p. ex., o impacto das redes sociais nas relações sociais, mas também na transformação do trabalho); • Críticas ao processo de industrialização: - deslocamento dos centros de produção para regiões onde a mão de obra é mais "barata" e onde as regulamentações são mais 'frouxas'/fracas; - a "feminização" do trabalho foi um avanço inquestionável, mas também um processo que intensificou as desigualdades e as formas de precarização do trabalho; - a poluição e seus efeitos sobre o meio ambiente são preocupações do "debate político global", gerando formas de soluções como a "modernização ecológica" ou o "capitalismo natural" (cf. Hawkens, Lovins e Lovins); - segundo vários estudos, é preciso pensar a industrialização a partir de três dimensões: "consciência ambiental, relações Estado-mercado e desenvolvimento tecnológico".