Relatório 8 Inorgânica - Estudo Dos Compostos de Coordenação de Ferro, Cobalto e Cobre

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Disciplina: Química Inorgânica Experimental I

Estudo dos compostos de coordenação de ferro, cobalto e cobre


Aula Prática 8

Data de realização: 23/06/2023


Data de entrega: 30/06/2023
Integrantes: Igor de Souza Pinto
João Victor Tomaz dos Santos
Júlia Larrúbia D’Angelo
Luana Medeiros Santos
Grupo 2

Professora: Juliana Fonseca de Lima

Rio de Janeiro
2023
1. INTRODUÇÃO

Compostos de coordenação são formados por um íon ou átomo metálico


e um ou mais ligantes, no qual o ligante “doa” elétrons ao átomo metálico central.
Portanto, o metal central funciona como um ácido de lewis e os ligantes como a
base de lewis. Isto inclui compostos com ligações metal-carbono, ou compostos
organometálicos. Nesse sentido, o composto de coordenação provém de uma
ligação covalente coordenada, que ao longo da história foi considerada pela
doação de par ou pares de elétrons de um átomo para outro. Normalmente os
compostos de coordenação são chamados de complexos ou, se carregados,
íons complexos[1].

Assim, definiu-se que em um complexo há uma valência denominada


primária e outra secundária. A primaria não é direcional e é formada pelo contra
íon, ou seja, um íon complexo é carregado e para a estabilidade do composto de
coordenação é necessário um número de carga proveniente de um íon (contra
íon) para que a carga de um composto de coordenação seja estabilizada. Por
exemplo, o complexo [Co(NH3)6]Cl3 é constituído pelos íons [Co(NH3)6]+3 e 3Cl-,
assim, o número de valência primária é 3. Já a secundária é direcional, de modo
que há forma e características estabelecidas. Também, nada mais é que o
número de coordenação do complexo, portanto, o íon complexo [Co(NH3)6]+3 tem
forma octaédrica e seu número de coordenação é 6[1].

Para a formação de um composto de coordenação os orbitais d


geralmente são os utilizados, por isso as suas divergentes orientações nos
espaços são importantes de serem estudadas. Os 5 orbitais d têm formas e
energias iguais, três entre esses cinco orbitais orientam-se entre os eixos x, y e
z e seu grupo pode ser denominado como orbitais t2g. Além disso, os outros dois
restantes podem ser chamados por orbitais eg e seus lóbulos se situam sobre os
eixos cartesianos. Para isso, três teorias foram desenvolvidas para explicar a
ligação entre o metal e os ligantes no complexo, são elas a teoria da ligação de
valência, teoria do campo cristalino e a teoria dos orbitais moleculares[1].

-Teoria da ligação de valência (TLV): Nos compostos de coordenação há


íons complexos, nos quais os ligantes fazem ligações covalentes coordenadas
com o metal central. Logo, o ligante deve ter pares de elétrons livres e o metal

1
no mínimo um orbital vazio de energia adequada para formar a ligação. Essa
teoria permite prever os orbitais utilizados para formar a ligação. Porém, ela não
explica os espectros de transições eletrônicas[1].

-Teoria do campo cristalino (TCC): Essa teoria é puramente eletrostática.


Tal teoria explica com êxito os espectros eletrônicos e das propriedades
magnéticas dos metais de transição.

-Teoria dos orbitais moleculares (TOM): Essa teoria considera as


contribuições iônicas e covalentes. Está é a melhor para tratar das ligações
químicas, mas não substitui as outras.

A partir disso, é importante ressaltar, que usando a TCC sabe-se que a


aproximação dos ligantes na formação do complexo remove o caráter
degenerado dos orbitais d, pois a repulsão entre um campo de cargas negativas
proveniente dos ligantes ao se aproximar do metal e, os elétrons no metal
causam um desdobramento do campo cristalino. Dessa forma, dependendo do
arranjo da molécula os orbitais eg podem ter sua energia aumentada ou
diminuída e, o mesmo fator ocorre para os orbitais t2g. Nessa conjuntura, à
exemplo, em uma estrutura octaédrica os ligantes serão ligados ao metal central
através das posições x, y, z,-x,-y e -z do plano cartesiano. Portanto, a repulsão
será muito mais intensa nos orbitais eg(dx2-y2 e dz2) do que no t2g(dxy, dxz, dyz) que
se situa entre os eixos, logo, os orbitais do grupo e g tem a energia aumentada e
os do grupo t2g diminuída[1].

Ademais, se o ligante for classificado como ligante de campo forte, o


complexo será de baixo spin, pois a alta diferença na magnitude de energia entre
os grupos de orbitais não favorece pôr os elétrons no nível mais energético, mas
compensa gastar menos energia no emparelhamento dos elétrons no grupo de
orbitais de menor energia. Porém, se o ligante for de campo fraco a magnitude
de diferença de energia entre os grupos de orbitais será pequena e o gasto de
energia para pôr os elétrons no grupo de orbitais com maior energia compensa
mais do que emparelhar eles no nível de menor energia e, isso faz com que
forme complexos de spin alto. Quanto a isso, quanto maior for a diferença de
energia entre os orbitais maior será a energia necessária a ser absorvida para
que a transição eletrônica ocorra, então menor o comprimento de onda absorvido

2
e, como complementar, provavelmente, um maior comprimento de onda
emitido[1].

Por fim, fatores como íons pequenos de carga elevada e com orbitais
vazios de energia adequada, a obtenção de uma configuração de gás nobre
baseada na regra do número atômico efetivo e formação de complexos
simétricos com elevada energia de estabilização do campo cristalino (EECC)
favorecem a formação dos complexos. Também, ligantes de grupos quelatos
formam uma estrutura cíclica em torno do átomo central, porque há mais de um
ponto de coordenação ligando o ligante ao metal. Isso confere mais estabilidade
ao complexo do que um ligante monodentado poderia conferir [1].

2. OBJETIVOS

A prática, dividida em três procedimentos, teve como objetivos principais


sintetizar e qualificar as propriedades e comportamentos de compostos de
coordenação contendo íons de ferro(II), ferro(III), cobalto(II) e cobre(II) com uma
variedade de ligantes.

3. RESULTADOS e DISCUSSÕES

1) Complexos de Ferro

3.1.1) Identificação de Fe(II) e Fe(III)

Após adicionar a 2mL de uma solução de Fe(II) (FeCl2) 1 gota de solução


de tiocianato de amônio (NH4SCN), observou a mudança de coloração da
solução de amarelo bem claro para vermelho amarronzado. Isso ocorre de
acordo com a reação:

FeCl2(aq) + 2NH4SCN(aq) → [Fe(SCN)2]+(aq) + 2NH4Cl(aq)

Logo, uma solução de Fe(II) (FeCl2) reage com tiocianato de amônio


(NH4SCN), formando um complexo, o íon ditiocianatoferro (III) ([Fe(SCN) 2]+) e
cloreto de amônio (NH4Cl). O íon complexo é o responsável pela coloração
vermelha da solução.

3
É importante ressaltar que o Fe(III) reage com o tiocianato para dar uma
série de compostos intensamente coloridos, enquanto o Fe(II) não reage. Uma
vez que Fe2+ não forma complexo colorido com tiocianato, ele foi oxidado nesse
tubo antes de, de fato reagir. dependendo da concentração do tiocianato pode
ser obtida uma série de complexos, estes são vermelhos e podem ser
formulados como [Fe(SCN)n]3-n, em que n= 1,2,3,4,5 ou 6. Em baixas
concentrações do íon tiocianato, a espécie colorida predominante é [Fe(SCN)] 2+,
já em uma concentração de tiocianato maior a espécie predominante é
[Fe(SCN)2]+ e em concentrações muito elevadas é a [Fe(SCN)6]3-. Todos esses
íons complexos são vermelhos, mas possuem intensidades diferentes de
vermelho, que dependem da concentração de tiocianato.

Por fim, foram adicionadas 3 gotas de solução de peróxido de hidrogênio


(H2O2) e observou-se que a solução vermelha voltou a coloração da solução de
Fe(II) original antes da adição de tiocianato de amônio (NH 4SCN), conforme
pode ser visto na figura 1 abaixo:

𝐴𝑝ó𝑠 𝑎𝑑𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜


Figuras 1: Mudança de coloração da solução com a adição de peróxido de hidrogênio.

Após adicionar H2O2 na reação de Fe(II) com NH4SCN, foi possível


observar a mudança da coloração vermelha intensa para incolor, isso ocorre
porque segundo a Teoria do Campo Cristalino o aparecimento de cores nos
complexos está diretamente relacionado ao desdobramento do campo cristalino
e este desdobramento pode ser diferente dependendo do metal, ligante ou
estado de oxidação do metal. Neste caso, o Fe2+, é facilmente oxidado a Fe3+,
pela adição do peroxido de hidrogênio. A reação é dada por:

6 NH4SCN(aq) + Fe2+(aq) + 3 H2O2(aq) → 2 Fe(SCN)3(aq) + 6 NH3(aq) + 6 H2O(l)

4
Na segunda parte desse experimento, gotejou-se solução de
hexacianoferrato (III) de potássio (K3[Fe(CN)6]) a soluções de Fe(II) e Fe(III). A
reação observada no tubo contendo Fe(II) foi:

4FeCl2(aq) + 3K3[Fe(CN)6](aq) → Fe4[Fe(CN)6]3(s) + 8KCl(aq) + K+(aq)

Logo, uma solução de Fe(II) (FeCl2) reage com hexacianoferrato (III) de


potássio (K3[Fe(CN)6]), formando um complexo conhecido como azul da Prússia
(Fe4[Fe(CN)6]3), cloreto de potássio (KCl) e liberando íons
potássio (K+) em solução. O azul da Prússia é o responsável pela
coloração azul da solução e, ainda é o precipitado observado no
tubo. O tubo após a reação pode ser visto na figura 2 ao lado.

Figura 2: Tubo contendo


Azul da Prússia.

O pigmento azul da Prússia, Fe4[Fe(CN)6]3, também conhecido como


ferro(III) hexacianoferrato(II) foi sintetizado pela primeira vez por volta de 1704
pela reação de sais de ferro no estado de oxidação +2 (sais ferrosos) com
ferrocianeto de potássio; o produto inicial, um composto branco e insolúvel
chamado branco de Berlim, foi então oxidado ao pigmento azul. A oxidação
produz íons Fe3+, e a cor azul é devida à absorção de luz de comprimento de
onda apropriado para efetuar a transferência de elétrons de Fe2+ para Fe3+[2][3].

É utilizado para colorir tintas, tintas, têxteis e outros produtos comerciais.


No entanto, durante a última década, o azul da Prússia encontrou um uso de alta
tecnologia: sua capacidade de transferir elétrons com eficiência o torna uma
substância ideal para uso em eletrodos de baterias de íons de sódio [2].

Já a reação observada no tubo contendo Fe(III) foi:

K3[Fe(CN)6](aq) + FeCl3(aq) → Fe[Fe(CN)6](aq) +


3KCl(aq)

Logo, uma solução de Fe(III) (FeCl3) reage com


hexacianoferrato (III) de potássio (K3[Fe(CN)6]), formando
o complexo hexacianoferrato (III) de ferro (III) e cloreto de
potássio (KCl). O complexo é o responsável pela
Figura 3: Tubo contendo solução
coloração verde da solução. O tubo após a reação pode de hexacianoferrato (III) de ferro
(III).
ser visto na figura 3 ao lado.
5
3.1.2) Complexos de Ferro

Após colocar em um tubo de ensaio 1,0 mL de água destilada, 2 gotas de


cloreto de ferro (III) (FeCl3) e 2 gotas de solução saturada de tiocianato de
potássio (KSCN), observou-se a formação de uma solução de
coloração vermelho intenso, conforme pode ser visto na figura
4 ao lado.

A reação que ocorreu nesse tubo foi: Figura 4: Tubo com


[Fe(H2O)5(SCN)]Cl2 e
KCl.

5H2O(l) + FeCl3(aq) + KSCN(aq) → [Fe(H2O)5(SCN)]Cl2(aq) + KCl(aq)

Logo, uma solução de Fe(III) (FeCl3) reage com tiocianato de potássio


(KSCN) e água (H2O), formando cloreto de pentaaquatiocianatoferro(III)
([Fe(H2O)5(SCN)]Cl2) e cloreto de potássio (KCl). O complexo formado é o
responsável pela coloração vermelha intensa da solução. Em linhas gerais, esse
experimento envolve o estudo do equilíbrio entre os íons SCN- e Fe3+, para
formar complexos de cor vermelha do tipo [Fe(SCN)n(H2O)6-n]3-n, em que n = 1,
2, 3, 4, 5 ou 6. Em baixos valores de [SCN-]/[Fe3+], a espécie predominante é a
[Fe(SCN)(H2O)5]2+, conforme foi visto nesse experimento. No entanto, em altas
relações a espécie predominante é a [Fe(SCN)6]3-.

Misturando essas soluções, forma-se tiocianato de ferro. A solução torna-


se vermelho sangue devido a uma dissociação fraca deste material:

Fe3+ (amarelo) + 3 SCN- ⇋ Fe(SCN)3 (vermelho)

Em seguida, após colocar em um tubo de ensaio 1,0 mL de água


destilada, 2 gotas de cloreto de ferro (III) (FeCl3) e 1,0 mL de fluoreto de potássio
(KF), observou-se a formação de uma solução incolor, conforme pode ser visto
na figura 5 ao lado.

A reação que ocorreu nesse tubo foi:

H2O(l) + FeCl3(aq) + 5KF(aq) → K2[Fe(H2O)F5](aq) + 3KCl(aq)

Figura 5: Tubo com


K2[Fe(H2O)F5] e KCl.

6
Logo, uma solução de Fe(III) (FeCl3) reage com fluoreto de potássio (KF)
e água (H2O), formando aquapentafluoroferrato (III) de potássio (K 2[Fe(H2O)F5])
e cloreto de potássio (KCl). O complexo formado é o responsável pela coloração
da solução.

A coloração é devida a uma absorção seletiva de luz. Os complexos de


metais de transição, como o Fe(III), possuem orbitais d, que estão parcialmente
preenchidos, que serão os responsáveis pela absorção e emissão de luz visível.
Quando o íon Fe(III) forma o complexo com os ligantes fluoreto e água, os
elétrons nos orbitais d sofrem transições eletrônicas, absorvendo seletivamente
certas cores de luz e emitindo no espectro inverso ao qual foi absorvido,
conforme pode ser observado na figura 6 abaixo. A coloração observada no
complexo aquapentafluoroferrato (III) de potássio estará relacionada à absorção
principalmente da luz nas regiões do espectro visível correspondentes ao verde
resultando então na emissão da coloração vermelha observada na prática.

Figura 6: Relação entre as cores absorvidas e emitidas.

3.1.3) Estabilidade de Complexos

Após adicionar cristais de oxalato de sódio (Na2C2O4) a uma solução de


Fe(III) (FeCl3), observou-se a formação de uma solução de coloração amarela.
Em seguida, após adicionar solução de tiocianato de amônio (NH4SCN),
observou-se a formação de uma solução de coloração vermelha intensa. A figura
7 abaixo mostra essa mudança:

Figura 7: Mudança de coloração após adição de tiocianato de amônio

7
As reações que ocorreram nesse tubo foram:
2FeCl3(aq) + 3Na2C2O4(s) → Fe2(C2O4)3(aq) + 6NaCl(aq)

[Fe2(oxa)3] + 6 NH4SCN → 2Fe(SCN)3 + 3(NH4)2(C2O4)

Os fatores que afetam a estabilidade de um complexo são:

• Carga do íon metálico central: Quanto maior a carga, menor o raio,


mais próximo o ligante está do metal, mais forte é a interação M-L, maior a
estabilidade do complexo. Neste caso, o estado de oxidação do ferro permanece
+3.

• Basicidade do ligante: Quanto maior o caráter básico do ligante, ou


seja, mais disponível o par de elétrons, mais estável o complexo formado, porque
maior é a probabilidade de compartilhamento.

• Presença de anéis quelantes: O efeito quelato aumenta a estabilidade


dos complexos. Geralmente, os ligantes polidentados podem formar compostos
de coordenação com estruturas anelares envolvendo o átomo central e os
ligantes. O oxalato coordenado ao Fe(III) pode ser visualizado na figura abaixo:

• Ligantes polidentados ou agentes quelantes formam complexos


mais estáveis que os análogos monodentados. Neste caso o íon oxalato é
polidentado configurando assim mais estabilidade ao complexo formado. Em
contrapartida, o íon tiocianato é monodentado configurando menos estabilidade
ao complexo.

Em seguida, após adicionar fluoreto de potássio (KF) a uma solução de


Fe(III) (FeCl3), observou-se a formação de uma solução incolor.

A reação que ocorreu nesse tubo foi:

FeCl3(aq) + 5KF(aq) → K2[Fe(H2O)F5](aq) + 3KCl(aq)


8
Essa solução foi dividida em três tubos.

No primeiro, após adicionar solução de tiocianato de amônio (NH4SCN),


observou-se a formação de uma solução de coloração vermelha intensa. A figura
8 abaixo mostra essa mudança:

Figura 8: Mudança de coloração após adição de tiocianato de amônio.

De acordo com a série espectroquímica, o tiocianato, quando ligado pelo


nitrogênio é mais forte que o fluoreto, logo, o ligante é trocado quando o
tiocianato de amônio (NH4SCN) é colocado na solução, alterando a cor dela. O
íon complexo formado, responsável por essa coloração é o
aquapentatiocianatoferro (II) ([Fe(H2O)(SCN)5]2+).

No segundo, após adicionar cristais de oxalato de sódio, observou-se a


formação de uma solução de coloração amarelada. A figura 9 abaixo mostra
essa mudança:

Figura 9: Mudança de coloração após adição de cristais de oxalato de sódio.

De acordo com a série espectroquímica, o oxalato é mais forte que o


fluoreto, logo, o ligante é trocado quando os cristais de oxalato de sódio são
colocados na solução, alterando a cor dela. O íon complexo formado,
responsável por essa coloração é o aquapentaoxalatotoferro (II)
([Fe(H2O)(ox)5]2+).

Por fim, no terceiro, após adicionar gotas de solução de NaOH, observou-


se a formação de uma solução vermelha com formação de precipitado. A figura
10 abaixo mostra essa mudança:
9

Figura 10: Mudança de coloração após adição de gotas de solução de NaOH.

De acordo com a série espectroquímica, o íon hidroxila (OH-) é mais forte


que o fluoreto, logo, o ligante é trocado quando as gotas de solução de NaOH
são colocadas na solução, alterando a cor dela e formando um precipitado.

2) Complexos de Cobalto

Primeiramente, é válido entender os conceitos de Espécies Complexas


Lábeis e Inertes. A estabilidade termodinâmica é avaliada pela constante de
estabilidade. Quanto maior Kf mais estável será a espécie formada. Já a
estabilidade cinética pode ser avaliada pela chamada labilidade ou inércia. Este
conceito está relacionado à velocidade de troca de H2O na esfera de
coordenação do metal central[4].

Para preparar novos complexos são usados complexos precursores


lábeis, que rapidamente têm seus ligantes substituídos.

• Co(II) - íon lábil;


• Co(III) - íon inerte.

Complexos lábeis são complexos de metais de transição que podem


sofrer reações de substituição rapidamente. Em outras palavras, complexos
lábeis prontamente sofrem reações de substituição quando existe um ligante
adequado para a substituição. Esses complexos sofrem rápida substituição
porque possuem uma barreira de energia de ativação muito baixa. Portanto,
esses complexos lábeis são compostos cineticamente instáveis. Os não-lábeis
são chamados de inertes[5].

Segundamente, foi realizado pelo técnico do laboratório a diluição (1:2)


de 3,0 mL de uma solução de cloreto de cobalto(II) 3% e esta solução foi utilizada
para os itens a seguir:

10
2.1) Adição de Ácido Clorídrico concentrado

Foi realizada a transferência de 0,5 mL da solução aquosa de CoCl2 para


um tubo de ensaio. Na capela, foi adicionado gota a gota, cuidadosamente, HCl
concentrado. A reação ocorre da seguinte forma:

Co(H2O)62+(aq) + 4Cl-(aq) ⇆ CoCl42-(aq) + 6H2O(l)

O íon hexaaquacobalto(II) possui coloração rosa e geometria octaédrica,


como demonstra a figura 11:

Figura 11: Tubo contendo o íon hexaaquacobalto(II), que possui coloração rosa e sua geometria octaédrica.

Quando adicionamos o ácido clorídrico concentrado, que é um ácido forte


que dissocia completamente em água formando H+ e Cl-, a solução rapidamente
se tornou azul, conforme pode ser visto na figura 12.

Figura 12: Tubo após adição de HCl concentrado.

Esta mudança ocorreu devido a substituição de ligantes do átomo de


cobalto presentes na solução. Na solução cor de rosa, havia um excesso de
moléculas de água e isto favorecia a formação do íon hexaaquacobalto(II), de
fórmula [Co(H2O)6]2+, em que o cobalto está ligado a 6 moléculas de água. Esta
é a espécie responsável pela cor da solução. Quando adicionamos o HCl
concentrado, adicionamos o íon cloreto em excesso à solução. Ele substitui as

11
moléculas de água, formando o íon tetraclorocobaltato(II),
de fórmula [CoCl4]2-. Dessa forma, o cobalto fica ligado a 4
íons cloreto, conforme pode ser visto na figura 13 ao lado.
Este íon é azul e, portanto, é o responsável pela cor da
solução.
Figura 13: Cobalto ligado a
4 íons Cl-.

Por fim, ao adicionar água deionizada, foi possível perceber que a solução
voltou a se tornar rosa, conforme pode ser visto na figura 14, pois havia
localmente um excesso de moléculas de água.

Figura 14: Após a adição de água deionizada, a solução retorna à coloração rosa.

2.2) Adição de Oxalato de Sódio

Foi realizada a transferência de 1,0 mL da solução aquosa de CoCl2 para


um tubo de ensaio. Em seguida, foi adicionado 2,5 mL de uma solução aquosa
de oxalato de sódio 0,125 mol L-1. A reação ocorre da seguinte forma e a
mudança de cor é mostrada na figura 15 abaixo:

[Co(H2O)6]Cl2(aq) + Na2C2O4(aq) → [Co(C2O4)](aq) + 2NaCl(aq) + 6 H2O(l)

Figura 15: Mudança de coloração da solução após a adição do oxalato de sódio, obtenção do oxalato de cobalto(II).

12
Os ligantes específicos coordenados ao centro metálico
influenciam a cor dos complexos de coordenação. Como a
energia de um fóton de luz é inversamente proporcional ao seu
comprimento de onda, a cor de um complexo depende da
magnitude de Δo, que depende da estrutura do complexo. O
complexo [Co(C2O4)], oxalato de cobalto(II), possui ligante
oxalato que é de campo relativamente forte (figura 16) e um Δo
relativamente grande. Consequentemente, absorve fótons de
energia relativamente alta, correspondendo à luz verde-
amarelo, o que lhe confere uma cor rosa.
Figura 16: Força dos ligantes.

2.3) Adição de Tiocianato de Potássio Figura 13: Relação entre as


forças dos ligantes.
Foi realizada a transferência de 1,0 mL da solução aquosa de CoCl2 para
um tubo de ensaio. Em seguida, foi adicionado 2,5 mL de uma solução aquosa
de tiocianato de potássio 0,1 mol L -1. A reação ocorre da seguinte forma:

[Co(H2O)6]Cl2(aq) + 4KSCN(aq) → K2[Co(SCN)4](aq) + 2KCl(aq) + 6H2O(l)

Co2+(aq) + 4SCN-(aq) → [Co(SCN)4]2-(aq)

Ao adicionar tiocianato de potássio ocorre a formação de um composto


azul (figura 17), em decorrência da formação de íons tetratiocianatocobaltato(II).
As moléculas de água são substituídas pelos ligantes de campo forte tiocianatos,
o tiocianato é um íon bidentado, o que significa que ele pode se ligar ao íon de
cobalto em dois pontos diferentes.

Figura 17: Solução contendo íons tetratiocianatocobaltato(II).

● Por que a coloração azul?

13
Analisando o aspecto qualitativo com a teoria do campo cristalino (TCC).
Cobalto é um metal de transição com configuração d7. A TCC diz que,
dependendo da geometria do complexo metálico, as energias do orbital d se
dividirão em diferentes níveis de energia. Se os ligantes (neste caso, os quatro
SCN− ligantes) se alinharem com certos orbitais, então os elétrons nesses
orbitais sentirão uma repulsão aumentada devido à proximidade dos ligantes e
aumentarão a energia. Os orbitais entre os eixos alinhados não sentirão essa
repulsão e não aumentarão em energia. O diagrama de divisão é dado como na
figura 18 abaixo:

Figura 18: Diagrama de divisão das energias.

Existe uma equação que relaciona a energia ao comprimento de onda:

ΔE=hc/λ

A partir dessa equação, vemos que, se a energia aumentar, o


comprimento de onda terá que diminuir, ou seja, será mais curto do que antes.
Como SCN- é um ligante fraco, significa que ΔE será bastante baixo e
consequente mente o λ será maior. Dessa forma, podemos dizer que Co(SCN)42-
é azul devido a pequena distância de energia entre os orbitais d. Por outras
palavras, O íon [Co(SCN)4]2- aparece azul pois o complexo de spin alto absorve
fótons de baixa energia nos comprimentos de onda vermelhos.

Em geral, compostos de coordenação de metais de transição com ligantes


de campo fraco são frequentemente azul-esverdeados, azuis ou índigo, porque
absorvem luz amarela, laranja ou vermelha de baixa energia.

2.4) Mistura de Tiocianato e Oxalato

Foi realizada a transferência de 1,0 mL da solução aquosa de CoCl(II)


para um tubo de ensaio. Em seguida, foi adicionado 2,5 mL de uma solução
aquosa de oxalato de sódio 0,125 mol L-1. Neste mesmo tubo foi adicionado 2,5

14
mL de uma solução aquosa de tiocianato de potássio 0,1 mol L-1. As reações
ocorrem da seguinte forma e a diferença de coloração pode ser vista na figura
19 abaixo:

[Co(H2O)6]Cl2(aq) + Na2C2O4(aq) → [Co(C2O4)](aq) + 2NaCl(aq) + 6 H2O(l)

[Co(C2O4)](aq) + KSCN(aq) → [Co(NSC-)](aq)

Figura 19: Oxalato de cobalto(II) após a adição de tiocianato de potássio.

Como mencionado anteriormente, o íon tiocianato é ambidentado, o que


significa que ele pode se ligar ao íon de cobalto em dois pontos diferentes. Desta
vez, diferentemente do experimento 2.3, é o nitrogênio do tiocianato que se liga
ao metal. Teremos então um ligante de campo forte e baixo spin. Como NSC - é
um ligante forte, significa que ΔE será alto e consequente mente o λ será menor.
Dessa forma, podemos dizer que [Co(NSC-)] é avermelhado devido à grande
distância de energia entre os orbitais d. Em suma, como os ligantes de campo
forte resultam em grandes separações, os complexos que eles formam devem
absorver a radiação de alta energia e comprimento de onda menor,
correspondendo, nesse caso, a extremidade azul-verde do espectro visível.
Portanto, as cores destes complexos são próximas ao vermelho-laranja.

O mesmo experimento foi refeito, no entanto, desta vez trocando a ordem


de adição dos ligantes tiocianato e oxalato e as reações foram as seguintes:

[Co(H2O)6]Cl2(aq) + 4 KSCN(aq) → K2[Co(SCN)4](aq) + 2 KCl + 6 H2O(l)

Co2+(aq) + 4 SCN-(aq) → [Co(SCN)4]2-(aq)

[Co(SCN)4](aq) + Na2C2O4 (aq) → [Co(C2O4)](aq)

Seguindo a mesma linha de raciocínio do experimento 2.2, o oxalato de


cobalto (II), apresenta o ligante oxalato, que é considerado um ligante de campo
relativamente forte e um Δo relativamente grande. Como resultado, ele absorve
fótons de energia relativamente alta, que correspondem à faixa de luz verde-

15

Figure SEQ Figure \* ARABIC 15:


amarela, resultando em uma cor rosa para o composto. Foi feita a comparação
entre os dois tubos de ensaio, conforme pode ser visto na figura 20 abaixo:

Figura 20: Comparação entre os tubos de


ensaio.
Figure 16: Comparação entre os tubos dos
experimentos 2.4.1 e 2.4.2, respectivamente.
3) Complexos de cobre

3.1.1) Complexação do cobre com amônia

Após colocar em um tubo de ensaio uma ponta de espátula de bicarbonato


de amônio (NH4HCO3), dissolver em água destilada e adicionar cerca de 1,25 ml
de uma solução de sulfeto de cobre (II) (CuSO4), foi observado uma coloração
azul fraca e um precipitado branco, conforme pode ser observada na figura 21.
Nesse mesmo tubo, ao adicionar ácido clorídrico (HCl), observou-se uma
completa mudança de coloração, indo de azul-esverdeado para uma solução
com a coloração azul fraca, semelhante ao que foi observado no início do
experimento, precipitado e desprendimento gasoso, conforme pode ser visto na
figura 22.

Figura 21. Figura 22.

As reações que ocorreram nesse tubo foram:

2NH4HCO3(aq) + CuSO4(aq) → Cu(OH)2(s) + (NH4)2SO4(aq) + 2 CO2(g

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NH4HCO3(aq) + 3 HCl(aq) + (NH4)2SO4(aq) + Cu(OH)2(aq) → CuSO4(aq) +
CO2(g) + 3 NH4Cl(aq) + 3 H2O(aq)

Inicialmente, o sulfato de cobre (CuSO4) é um composto azul, e o


bicarbonato de amônio (NH4HCO3) é um sólido branco, o qual foi diluído
previamente em água antes da reação. Quando esses reagentes são misturados
em solução aquosa, ocorre uma reação química que forma o precipitado de
hidróxido de cobre de cobre (Cu(OH)2), que é um sólido de cor verde-azulada, e
o sulfato de amônio ((NH4)2SO4). A mudança na coloração ocorre devido à
formação do hidróxido de cobre, que possui uma cor diferente do sulfato de cobre
inicial, sendo essa cor do composto formado determinada pela interação dos
elétrons presentes nos átomos e íons que constituem a substância, que ocorre
de maneira diferente entre o produto e o reagente.

Conforme pode ser observado na segunda reação, após a adição do ácido


clorídrico (HCl) é observado uma decomposição da reação ocorrendo, assim, as
mudanças observadas na reação, como mudança para um azul leve da solução
e sumiço do precipitado formado. Em condições normais era esperado que, após
a adição do ácido clorídrico (HCl), houvesse uma reação de formação do
complexo de cobre com amônia ([Cu(NH3)4]2+), formando uma solução de
coloração azulada intensa ou, em alguns casos, formação de um complexo com
cloro, formando uma solução de coloração verde, e, dessa forma, sumiria o
precipitado, já que o hidróxido de cobre de cobre (Cu(OH)2) formaria o complexo
com a amônia. Contudo, isso não foi observado na prática. Uma hipótese para
explicar o ocorrido está de acordo com a segunda reação, a solução preparada
no frasco se encontrava alcalina o que inicialmente impediu a formação a
formação do complexo e favoreceu a ocorrência de outra reação, com isso, o
ácido clorídrico (HCl) ao invés de reagir a favor da formação de amônia para
formar o complexo acabaria reagindo com o sulfato de amônio ((NH4) 2SO4) e
com o bicarbonato de amônio (NH4HCO3) que, como produto, formaria dióxido
de carbono (CO2), explicando o desprendimiento gasoso observado, H2O,
formado a partir da reação entre os íons H+ (liberados pela dissociação do ácido
clorídrico) e a hidroxila presente no hidróxido de cobre (liberando, assim, íons de
cobre na solução) e NH4Cl, o que permitiria que os íons sulfato se encontrassem
livres na reação e reagissem com os íons cobre, também livres na reação.

17
Após isso, foi feita outra parte do experimento. Após adicionar, em um
tubo de ensaio, 1 ml de sulfato de cobre (CuSO4) juntamente a uma pequena
quantidade de solução de amônia concentrada (NH4OH), observando-se assim
a mudança de coloração da solução do tubo.

Isso ocorre de acordo com a seguinte reação:

CuSO4(aq) + 2 NH4OH(aq) → Cu(OH)2(s) + (NH4)2SO4(aq)

De acordo com a reação, ao adicionar hidróxido de amônio (NH4OH) para


a reação com sulfato de cobre (CuSO4) ocorre uma reação de dupla-troca entre
os íons de sulfato e hidróxido formando assim o hidróxido de cobre o qual é um
precipitado gelatinoso de coloração azul, porém, não é ele completamente que
dá a coloração observada ao final da adição de hidróxido de amônio (NH4OH).

Ao continuar adicionando hidróxido de amônio (NH4OH), o precipitado


formado se solubiliza, formando uma solução, límpida, de cor azul intensa,
devido à formação do íon complexo [Cu(NH3)4]2+, conforme pode ser observada
na reação a seguir:

Cu(OH)2(s) + (NH4)2SO4(aq) + 2 NH4OH(aq) → [Cu(NH3)4]SO4(aq) + 4H2O(aq)

Como já mencionado anteriormente, é a formação desse complexo que


estará relacionado à coloração azul intensa observada na figura 23, dessa forma,
essa cor é obtida devido à absorção seletiva da luz amarela e vermelha,
resultando na transmissão predominante da luz azul pelo íon cobre.

Por fim, conforme pode ser observada na figura 23, foi adicionado água
destilada ao tubo, não ocorrendo nenhuma mudança aparentemente na
coloração.

Figura 23: formação da coloração azul e o mesmo tubo logo após a adição de água.

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Isso está relacionado à força do ligante do complexo. O íon de cobre tem
uma alta afinidade por ligantes que podem formar ligações coordenadas fortes e
estáveis, com isso, observando-se a figura 24 abaixo, é possível observar que o
campo do ligante de amônia (NH3) apresenta uma força de ligante mais forte do
que a água destilada e, dessa forma, não será observada nenhuma mudança
específica, pois o complexo de cobre formado, o tetraamincobre (II), tenderá a
manter a coordenação com amônia ao invés de se coordenar com a água.

Figura 24: Série espectroquímica, mostrando a força dos ligantes.

3.2) Complexo de cobre com cloro

Logo após adicionar cerca de 2,5 mL de uma solução de sulfato cobre (II)
(CuSO4) em uma certa quantidade de água destilada, foi adicionado ácido
clorídrico até ser observada uma mudança na coloração, alterando de uma
coloração azul para um tom esverdeado, conforme pode ser visto na figura 25.

A reação que ocorreu nesse tubo foi:

CuSO4(aq) + 2 HCl(aq) → CuCl2(aq) + H2SO4 (aq)

Nessa reação é observado que, quando o ácido


clorídrico é adicionado ao tubo e ocorre uma reação com a
água que o ioniza, formando cátions hidrônio ânions cloreto
(Cl-). Esses ânions cloreto interagem com o átomo de cobre,
formando o complexo de cobre e cloro.
Figura 25.

Dessa forma, a alteração de cor observada é resultante da alteração do


íon sulfato (SO42-) pelo íon de cloro (Cl-). Essa preferência observada em relação
ao sulfato (SO42-) como ligante está atribuída à estabilidade relativa dos
complexos formados, além da força dos ligantes aos quais o complexo se liga.
O íon cobre (Cu2+) tem uma alta afinidade por ligantes que podem formar
ligações coordenadas fortes e estáveis. Com isso, de acordo com a série
espectroquímica, que pode foi apresentada na Figura 24, é possível observar
que o íon cloro é um ligante mais forte que o íon de enxofre pelo qual ele se liga
19
e, dessa forma, espera-se uma ligação coordenada mais forte do cobre com
cloro do que o sulfato, visto que, energeticamente será mais favorável a ligação
com cloro do que com o enxofre. Além disso, o cloro é um ligante mais compacto
em comparação com o sulfato, o que resulta em uma organização espacial mais
eficiente do complexo. A alteração na coloração vai estar relacionada justamente
a essa diferença na força de campo dos ligantes, pois, visto que o cloro é um
ligante de campo mais forte que o sulfato, ocorrerá uma maior influência nos
orbitais d-d do metal que impactará diretamente no espectro de absorção do
complexo formado devido à interação dos elétrons d no campo cristalino
tetraédrico, que pode levar a uma absorção seletiva de certas frequências de luz
e, consequentemente, a uma mudança de cor observada[6].

Na segunda parte desse experimento, após adicionar 1 ml de sulfato de


cobre (SO42-) em um tubo de ensaio e, em pequenas quantidades, cloreto de
sódio (NaCl) até a ser observado formação de precipitado no fundo do tubo de
ensaio e mudança na coloração, indo de azul para um tom esverdeado, foi
adicionada água destilada, observando-se então o retorno da coloração original,
um leve tom de azul, e um precipitado no fundo.

A reação que ocorreu nesse tubo foi:

CuSO4(aq) + 2 NaCl(s) → CuCl2(aq) + Na2SO4(s)

Logo, uma solução de Cu(II) (CuSO4) reage com cloreto de sódio sólido
(NaCl), formando cloreto de cloreto de cobre (CuCl2) e sulfato de sódio (Na2SO4)
e é devido à mistura do complexo com o sal de sulfato de sódio que a solução
apresenta uma coloração esverdeada, além de que a presença de precipitado
no fundo tubo está relacionado com a formação de sulfato de sódio anidro que é
um composto solúvel, mas que tem sua solubilidade diminuída conforme o
aumento da temperatura, sendo a alta temperatura presente no laboratório na
hora da prática um possível motivo para a não solubilidade completa. Quando a
água é adicionada ao tubo de ensaio contendo o complexo CuCl2, ocorre a
hidratação do íon cobre (Cu2+), formando-se íons de cobre hidratados
(Cu(H2O)n)2+. A adição de água rompe as ligações entre o cobre e os íons
cloreto, resultando na formação dos íons cobre hidratados. É possível observar

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isso na figura 21, na qual mostra que a água é um ligante mais forte que o cloro,
ou seja, é mais favorável a formação desse complexo

3.3) Complexo de cobre e ureia

Inicialmente, após adicionar uma ponta de espátula, foi adicionado certa


quantidade de água em um tubo de ensaio. Após a mistura da
solução foi adicionado algumas gotas da solução de cobre
(CuSO4) e, então, não foi observado uma mudança na coloração
azul clara, conforme pode ser observado na Figura 26. Vale
ressaltar que a uréia por se tratar de uma molécula orgânica não
se vê a necessidade de falar da reação diretamente:

Figura 26.

Nessa reação o esperado era que o íon cobre (Cu2+) presente no sulfato
de cobre deveria interagir com as moléculas de uréia, formando o complexo de
cobre e ureia [Cu(CO(NH2)2)], o qual seria responsável por uma coloração rosa,
a qual é atribuída à absorção seletiva de comprimentos de onda específicos de
luz devido às transições eletrônicas do cobre presente no complexo geradas
impactadas pelo campo ligante gerado pelas moléculas de ureia que afetam o
desdobramento dos orbitais d. Contudo, isso não foi observado na prática, sendo
uma hipótese para isso a cinética em que a reação ocorre

Na Figura 27 abaixo é possível observar a estrutura do complexo formado,


podendo ser observado que a uréia é um ligante bidentado, ou seja, se liga por
dois pontos na estrutura do complexo.

Figura 27: Estrutura do complexo de cobre e ureia.

3.4) Complexo do cobre com etilenodiamina

Após adicionar, aproximadamente, 2 mL de solução de cobre (II), em um


tubo de ensaio e 3 gotas de etilenodiamina foi observada a mudança de cor da
solução, indo de azul claro para uma coloração azul escura, que pode ser
observada na figura 28 abaixo:

21
Figura 28.

Isso ocorre de acordo com a seguinte reação:

CuSO4(aq) + 6C2H4(NH2)2(aq) → [Cu(C2H4N2H4)6]2+(aq) + SO42-(aq)

Ao adicionar etilenodiamina a uma solução de cobre(II) ocorre a formação


de um complexo com cobre formado, visto que, a etilenodiamina quando forma
um composto complexo com o cobre atua como um ligante bidentado que
acarreta nas transições eletrônicas dos orbitais d do cobre, influenciando assim
no desdobramento desses orbitais em diferentes níveis de energia causado pela
interação com a etilenodiamina que resulta na coloração vista.

Por fim, é importante ressaltar que a observação da coloração resultante,


(azul escuro) serve como indicador da reação e da formação do composto.

4. CONCLUSÕES

Portanto, em acordo com o que foi visto na teoria, existe uma afinidade
do metal central em se ligar a moléculas de campo forte. Nesse sentido, haverá
maior desdobramento do campo cristalino. Além disso, o aumento do número de
oxidação do metal faz com que a sobreposição dos orbitais seja cada vez mais
intensa, uma vez que a TCC trata sobre puramente interações iônicas, então,
quando maior o nox do átomo central maior é o desdobramento do campo
cristalino. Isso explica, por exemplo, a mudança observada nos complexos de
ferro, ou seja, a mudança e o retorno da cor anterior após adição de peróxido de
hidrogênio. Pois, quando mudar a energia de desdobramento do campo
cristalino o comprimento de onda absorvido diverge. Outrossim, um complexo
estável tende a permanecer na forma em que está e isso ocorre, pois
dependendo do ligante a quem o átomo central esteja ligado, a estabilidade
conferida ao complexo é maior, a exemplo, um ligante quelato confere maior

22
estabilidade e isso faz com que exista uma tendência em não substituir tal
ligante. Por fim, a configuração eletrônica mais simétrica possível e com maior
liberação de energia confere ao complexo, também, estabilidade.

5. REFERÊNCIAS

[1] Lee, J. D. Química inorgânica não tão concisa. Tradução da 5ª ed. inglesa.
Editora Edgard Blücher Ltda.

[2] ACS (American Chemical Society). Prussian blue, 2017. Disponível em:
<https://www.acs.org/molecule-of-the-week/archive/p/prussian-blue.html>.
Acesso em: 24 de jun. de 2023.

[3] Britannica. Prussian blue, 2022. Disponível em:


<https://www.britannica.com/technology/Prussian-blue>. Acesso em: 24 de jun.
de 2023.

[4] Ana Maria da Costa Ferreira. QFL 2129 - Química Inorgânica. Instituto de
Química – USP, 2017.

[5] Difference Between.com. Difference Between Inert and Labile Complexes,


2020. Disponível em: < https://www.differencebetween.com/difference-between-
inert-and-labile-complexes/>. Acesso em: 25 de jun. de 2023.

[6] Souza, A. Estabilidade e Principais Reações nos Compostos de


Coordenação. Disponível em:
<https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/14270807062016Quimica_de
_Coordenacao_Aula_12.pdf>. Acesso em: 25 de jun. de 2023.

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