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Semana 6: Recursos financeiros na escola

Texto-base: As dimensões do planejamento educacional: o que os educadores


precisam saber. Capítulo 6: Planejamento educacional e financiamento da
educação nas escolas pública e privada

Cabe, a princípio, indicar como são definidas as instituições educacionais (nas


quais estão incluídas as escolas, como exemplos modelares). Essa definição
encontra suporte nos artigos 19 e 20 da LDB. No que diz respeito às escolas públicas,
o artigo 19, inciso I, indica que são definidas como: as criadas ou incorporadas,
mantidas e administradas pelo Poder Público. Igualmente, as escolas privadas são
entendidas como: as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de
direito privado (LDB, artigo 19, inciso II). Para detalhar mais profundamente essas
instituições, a LDB, em seu artigo 20, indica ainda que elas são classificadas em:

I – particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são


instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de
direito privado que não apresentem as características dos incisos
abaixo; II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas,
inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na
sua entidade mantenedora representantes da comunidade (Redação
dada pela Lei no 12.020, de 2009); III – confessionais, assim entendidas
as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais
pessoas jurídicas que atendem à orientação confessional e ideologia
específicas e ao disposto no inciso anterior; IV – filantrópicas, na forma
da lei (BRASIL, 1996).

A propósito, nesta obra, financiamento educacional corresponde à provisão


dos recursos financeiros destinados ao desenvolvimento dos processos de
planejamento, organização e gerenciamento de instituições educacio-nais, sistemas
e redes de ensino, por meio do fluxo financeiro, concernentes de modo adstrito às
especificidades relativas às atividades fim (educacionais) e ativida-des -meio
(administrativas) dessas instituições, redes e sistema.
No plano da legislação, o artigo 77 da LDB define como se dá o financiamento
da educação quanto aos recursos públicos:

Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas,


podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou
filantrópicas que: I – comprovem finalidade não lucrativa e não
distribuam resultados, dividendos, bonificações, participações ou
parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; II – apliquem
seus excedentes financeiros em educação; III – assegurem a destinação
de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou
confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas
atividades; IV – prestem contas ao Poder Público dos recursos
recebidos. § 1o Os recursos de que trata este artigo poderão ser
destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma da lei,
para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver
falta de vagas e cursos regulares da rede pública de domicílio do
educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente
na expansão da sua rede local. § 2o As atividades universitárias de
pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público,
inclusive mediante bolsas de estudo (Ibidem).

Não há como ignorar que, sem um efetivo con-trole dos fluxos financeiros, não
há a menor condição de a escola se sustentar ao longo do tempo, seja em relação a
uma dimensão administrativa ou pedagógica. Não podemos esquecer que todo
orçamento diz respeito a uma programação financeira, e essas programações nada
mais são do que projetos nos quais se planejam as despesas em função dos valores
disponíveis na instituição.

Assim, no projeto orçamentário de instituições privadas em sentido estrito, esse


equilíbrio financeiro, em boa parte dos casos (salvo quando oferecer bolsas de estudo
cuja contrapartida financeira esteja sob a égide do Estado), deverá contar
prioritariamente (quando não exclusivamente) com recursos financeiros oriundos de
mensalidades e outras taxas e emolumentos (taxas de matrícula, expedição de
documentos etc.), sempre havendo a necessidade de programar essas despesas de
modo que ao final de um ano possa haver lucro, ou seja, a relação entre receita e
despesa deve resultar em uma soma na qual as receitas superem as despesas.

Do ponto de vista jurídico (e, sem dúvida, administrativo), não cabe ao gestor
(e, sem dúvida, ao planejador) da escola pública agir como se esta fosse um bem
privado, mas sim um bem que é administrado em função da coletividade. Isto
representa uma diferença crucial em relação às escolas privadas, pois as decisões
não podem estar de forma alguma orientadas em função do lucro ou em função de
conveniências pessoais do seu gestor, o que com certeza significa um tipo de
planejamento educacional muito distinto do desenvolvido nessas escolas. Como isto
impacta o financiamento das escolas públicas? A primeira das consequências diz
respeito ao fato de que o gestor (tanto o secretário de Educação como o diretor
escolar) não pode dispor das finanças que chegam a essa escola de acordo com suas
conveniências pessoais. Isto significa que a aplicação dessas finanças depende
prioritariamente (e quase exclusivamente) do fluxo de recursos que advêm de seu
sistema de ensino. Existem recursos que são repassados à escola para que sejam
livremente ordenados os gastos a partir deles, tais como os recursos do Programa
Dinheiro Direto na Escola (PDDE).

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