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1.2 S IT UAÇÃ O ÓTIM A - EQUI LÍBRI O GERA L


· · · 1 ' 61 ·tco na g e ração de bens e serviço s
·
O 1>rch·css n..: o gr;i u d e 111t c rícre n c 1.1 e o setor pu
s na econo-
poderi am .ser residua is caso ex isüsse uma perfeita alocaçã o dos recurso
mi ,1. l) . .- 11 orn i11 :ne 11 temia d() eq11ilíhrio geral" a situação na qual os bens e
os recur-
o ótima do
sos são alocado s perfeita m ente, obtend o-se como conseq üência a situaçã
mercado, onde os indivíduos têm todas as suas necessidades e desejos satisfeitos e
conci li ados a U-<\Vé s da ofe n a e <lerna 11da .
Léon Walras formulou, no século XIX, a teoria do equilíbrio geral baseado no
< on c ci10 ""ug in ,di s L,1 e no ü >11 ce iLo d e ulilidad e. Mais tarde, Vilfred o Pareto desen-
concor rência
volveu o modelo do equilíb rio geral, consid erando os pressup ostos da
' foil,1 , c11ius pri11 c ipa is ponl o s.são :
p e~
de
a. muitos compradores e muitos vended ores na indústr ia, seja po mercad o
foton~s uu de prnd11t os;
ven-
b. perfeito co nhecim ento do mercad o por parte dos compra dores e dos
dedores, no que se refere ao mercado de produtos e de fatores;
e. perfe ita mobili dad e dos recurso s produti vos; e
d. busca da maximização do lucro por parte das firmas e da maximização da
ulilidad e por pan e dos consum i<lores .

o equilí-
Embora esses quatro pressupostos sejam suficientes para demonstrar não
is e queexis-
blio geral, deve-se conside rar, ainda, que lodos os bens são divisíve
. tem externalidades. Assim, dados esses parâmetros, pode-se explicar graficamente as
ou o ótimo de Pai:eto.
cou di çõc:s 1a:ct::s:;á 1-ia:; à o bLençã o do t::<-tuilí bdo geral
O objetivo da análise de Pareto é mostrar as condições para que o bem-es tar
ohtido . Com alguma s pressup osições lógicas, Pareto mos-
ólimo da socie&: ide fosse
isso, deve-se
tra como se obtém o bem-es tar econôm ico ou a situaçã o ótima. Para
ass11rn1r q11r:
- A e B são os consumidores;
- X r Y s~o ns bens;
- L e K são os fatores <.k produç ão (trabal ho e capital );
'
1 - W = W (uA, uª) é a utilidade máxima que é função da utilidade individual de
u.
Ae

1
Q11antidrute constante dos fatores:
K= f...""' + K>'
1 L=P+ U
f 'Jecrwlogia comcartte:

f x-~+ xn ::; X = X l Kt, U)


r Y' + yu = Y = Y (J<l', U)

~ r;.,,,., ,..,,.,,,.,.,., tr = tr (X', Y')

..
(lll = UB (Xll, y&)

Deve-se ainda considerar que:


- L, K :sã o utilizad os lld prodw,:áo ue x e ue Y;

,,_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _-_A_, B consom em ambos os bens (X


~ e Y);
p
.,

l111e1v1·111;àn do Coverno ,1,1 l-:c:011ornia e ~:./ 7

- produção de X e Y é in<lcpendentt;
• i - im~dida ordinal da utilidade, o que possibilita dizer que um indivíduo está melhor
ou pior do que o outro, embora não se possa quanlifirnr tais diferc11 ciaçc1es.
· Com base nas condições estabelecidas, pode-se, então, desenvolver o modelo
de equilíbrio gera L tsso St'rri feifo íl sf'g11i r com o oi ,jf'I i vo de 111 ost r;i r em q, !r JHllllns
, .esse modelo não atende às reais necessidades da economia e da sociedade, justifi-
cando, então, a alocação de recursos, via setor público, " fim de que o b e m -est ;:i r d il
sociedade seja maximizado.

1.2.1 Eficiência no consumo


Utilizando os conceitos e os instruinentos da teoria microeconômica, pode-se mostrar
como-o equilíbrio geral seria alc,ançado. Entretanto, para se chegar a esse ponto, deve-
se inicialmente obter a eficiência no consumo. A an;íl'ise d esse ponto se rá íe il.él m m
base na Figura 1.1, que mostra a situação onde o indivíduo obtém a utilidade máxima.
y

l.t' "
o M' X

Figura 1.1

-Como foi mencionad·o anteriormente, X e Y represent.:lm os b e ns no m e r-


cado. Na Figurn 1.1, r representa a curva de indiferem,:a Jo i11Jivíduo A e MM' sua
\ linha de orçamento. Esse indivíduo irá maximizar sua utilidade no ponto E, onde i '.
4 a taxa m,1rgin,1l de suhstituiçilo (TMS") iguill,1 -se "º preço 1e l,1tívo 1\/1',.,,; O equi - !
líbrio, portanto, é determinado pelo ponto de tangência da linha de orçamento i
' com a curva de indifcre11<;a, onde a m,hi111a tllilidad e é a lcil11<;ad a. Qtralqun out r.1 I ·'
1
1 situação diferente de E mostra que o ponto máximo não será obtido, já que a TMS_y 1
i1
será diferente de Py/Px.
l _O mesmo raciocínio é válido para o indivíduo 13. Assim, sua utilidade máxima
. será também determinada pelo ponto de ta ngên cia d e. sua curva de indiferença com
sua linha de orçame11to, ou seja, o nd e TMSº= 1'1,/l'c,
. Uma vez determinados os mapas de preferências dos indivíduos A e B, pode-se,
através do diagrama de Edge wo, lh, f'Slal> e le n ' r a e {id ê t~ C iil 110 COIISllll10 ou O ólilllO

de .Pareto entre os dois indivíduos. Tal análise é feita com base na Figura 1.2, sendo
1 ', , •, "·'
OA e OB as origens dos consumidores A e B, re~pectivam e nte, ·

TMS~l' r e presenu1 a ·t.a.Xa margi nal de sub.stitul_c;ão de X p ~ r Y , i'°' t n é, n !uo_11t;,11t e- eh : X q,w n co 11.•u 1r ni cln, IP1:\ d e !t•1h,11lu.1ir pllra ,que unu., unlc.111,tir
P,
,ai 5 de y seja consumida, tal que ele permaneça na m~sma curva de md,íerença . l'or outro lddlJ, P / rqJresenlct a proporç.ão entie o preço ~os
1
,tos X e Y.
'.li
'I
lntervençào do C
,ovemo
. na Econo1n·1~

. ; , l • •
YA : ' .. !' 1

XB -,t------------------,.... 0B

OA XA
YB
Figura 1.2

Os mapas de preferência ou as curvas de indiferença dos indivíduos A e B são,


respectivamente, representados por IA 1, JA2, IA3, IA4, IA5 e IB1, IB 2, IB3, JB 4 e IB 5,
enquanto SS' representa a curva de contrato. Embora o ponto M mostre uma situação
passível de ocorrer, ela não corresponderia a uma alocação perfeita, haja vista que
o indivíduo B poderia mover-se para uma curva de indiferença que lhe desse uma
utilidade maior, tipo /B 5, por exemplo, onde essa curva tangencia a curva de indife-
rença IA \, do indivíduo A. Assim, somente nos pontos A, B, C, D e E, onde as curvas
de indiferença dos dois indivíduos se tangenciam, é que a situação de equilíbrio ou
de eficiência no consumo seria alcançada. Nesses pontos tem-se que:
dLJA./ (XA YA) dU 8 / (X 8 Y 8 )
TMSA = TMS 8 = dx ' = dx ,
XY XY dU"'/dy(X"',YA) dU 8 /11y(Xª,Yª)
..
ou seja, a taxa marginal de substituição de X por Y para o consumidor A iguala-se
à do consumidor B. Essa situação determina o ótimo de Pareto, que mostra uma
alocação de recursos de forma que nenhum membro da comunidade poderá ter sua
situação melhorada se não houver uma piora na situação de outro membro. Com as
variáveis aqui utilizadas, isso equivale a dizer que o indivíduo A só poderia ter sua
utilidade aumentada se houvesse uma redução na utilidade de B, e vice-versa.

1.2.2 Eficiência na produção


Uma análise similar à anterior pode ser desenvolvida para mostrar como a pro-
dução máxima seria alcançada. Isso será feito com base na Figura 2.3, onde L e K
representam os fatore~ d~ produção, JP mostra a isoquanta ou o mapa de produção
de X, e NN' a isocusto.
Na Figura 1. 3, a si Luação de equilíbrio é determinada pelo ponto P, ondeTMS-
TLK iguala-se a PK/PL. 11 Nesse ponto, a isoquanta tangencia a isocusto, e o máximo
d e produção d e X é obtido . Qualquer outro ponto diferente mostrará um nível de
produção inferior a P ou uma situação onde não se poderia alcançar a produção .·...
desejada ( no ca~o de Uf!I~ j~qquanta sup~rior aJP, por ex,emplo ). O m~~ni9 1r,~i_9~b,,_.\.

11 TMSfLKrepresenta a taxa marginal de transfo'rrnaçao. No caso em questão, ela mostra a quantidade do fator L que será subatitu(do por uma unidade ·
a di c io n a l d e K , la l , ,ue o nlvd ,fa pmclu.;ã9 p e , m d ncça c on, 1a nt.:. N o p o nto P. por exe mplo, a taxa marginal d• uanaformaçlo an1"'.1(~..l. ◄ Nlpruen~.
tad'a pela inclinação da ta ngente NN': mais precisamente, essa inclinação é determinada por DL/DK. PK/PL, por outro lado, mostra ap,;_opo~o ou. a . 1
produtividade marginal relativa entre os fatores K e L. · .. ·, , . · . . ·. .
l11Lerve11ção do Cove rno na Lconomía c:::::::J <)

,P

1 o N' K

Figura 1.3
nio tem que ser dese nvo lvid o para
o pro duto Y, sen do que a efic iê~c
dução ocorrer ia da sua pro-
á quando a TMSl'LK = PK / PL.
Um a vez estabelecidas as situações de
eficiênc ia dos dois pro duto s, pod e-se ,
então, determinar a ótima alocação pare
tiana. Isso é feito com base na Figura 1.4,
onde Q1X, Q~ , QJ( , e Q y, Q y, e Q y repr
1 2 esentam as quantidades produzidas dos
ben s X e Y, resp ecti vam ente , e IT' 3
mos tra os pon tos de efic iênc ia.
A Figura 1.4 mostra que, embora N seja uma
possível combinação da produção
de X,e·Y, ela não seri a uma situ ação ótim a na vers ão
de Pare to. Isso porq ue, a part ir
desse ponto a quantidade do produto X pod
eria ser aumentada sem diminuir a de
Y. Na Figura 1.4, isso significaria, por exem
plo, que
.pod eria hav er uma mud anç a
(aume~to) na produção de X, de N para
B, sem que o nível de Y fosse alterado,
que .não há alteração na sua isoquanta. Assi já
m, somente nos pontos A, B e C as íso-
qua ntas de X e Y se tangenciam, e pela
inclinação tem-se que:
TMST X lK = TMSfY LJ(

dX/ ddkx, If) = sY /dt (kv, I!-)


dX/ ,1k( k"', lf) dY/,1k (kY,LY)
ou seja, as taxas marginais de substituição técn
amb as se igua lam à prod utiv idad
ica de L e
por K para X Y são iguais e
e mar gina l relativa. Tal situ ação esta
bele ce a alo-
cação ótima de Pareto, já que a quantidade
produzida de um bem só poderá ser
aum enta da se hou ver uma dim inui ção
na prod uçã o do outr o (no caso X e
Y) .
KX
OY
LY _.J --- --- --- --- --: -'" :'" '." '.~ -" 71
"" -

LX
ox
Figura 1.4
1mervençào do Govemo na Eco nomi a

.
1.2.3 Eficiência na prod .~
uçao e no cons umo - equi líbri o geral
fi ·
· te será encontrada quan do se anali.sar con1• untamente as pre eren-
A. soluç ão efIClen
ições básicas devem ser
Ctas no consumo e na produção . Entretanto, algumas cond ições
uilíb rio geral seja enco ntrad a . As cond
cons idera das para que a so lu ção de eq
de Pareco são:
principais e necessárias para se alcançar o ótim o
máxi mo de prod ução dos béns X e Y;
a. efici ência rt:qu er que se obte nha o
b. TMS ~ = TMS ~;
e. TMSTit = TMST[,_;
d. TMST,\y = TMSxr
inal
entre X e Y tem de ser igual à taxa marg
ou seja, a . taxa marg inal de subs tituiç ão
pela qual os indivíduos estariam
de transformação técnica entre X e Y. Assim, a taxa
na qual Y pode ser, trans form ado
dispostos a substituir X por Y deve ser igual à taxa
o ótim o de Pareto não seria obtid o,
em X. Se essas condições não fossem satisfeitas,
sos entre a prod ução de X e Y, um
uma vez que, através de uma realocação de recur
que houvesse piora na de outro .
indiv íduo poderia ter sua situação melhorada sem
ente, a alocação ótim a
Urna vez satisfeitas as condições mencionadas anterionn rá
o e do mod elo de equil íbrio geral , pode
dos recur sos, dent ro da eficiê ncÍa de Paret
rências no cons umo e na prod u-
ser obtid a analisando-se conj unta men te as prefe
do equilíbrio geral, é opor tuno
ção. Antes, porém, de se chegar ao diagrama final
tais na análise final do mod elo.
intro duzi r duas outras figuras que serão fundamen
de possibilidade de prod u-
As Figuras 1.5 e 1.6 mostram, respectivamente, a curva
ção e a curva de contrato.
YA

y 08
p XB

OA YB XA
o P' ~

Figura 1.5 Figura 1.6

por PP', na Figu ra 1.5, most ra as


A curva de poss ibilid ade de prod ução , dada
dos bens X e Y. Cada pont o nessa
diferentes com binações possíveis de prod ução
comb inaçõ es da prod ução de X e y
curva, tais como o, M e N, representa possíveis I
o.
e estabelece uma curva de cont rato para cada opçã
1

!
ão de determinado
Na Figura l .61a cmva de contrato SS' mostra a distribuiçpossibilidade de pro-
os da curva de
mon tante de X e Y (estabelecido por um dos pont
o com suas preferências. .
dução) a ser consumido pelos indivíduos A e B, de acord
FinaJ rnenu :, com o -1rn,xílio da;fi gura 1.7,
pode -se entã o estabelec~r.a-m elho r ,
alocação ótim a dos recursos e do
soluç ão dent ro dos press upos tos pare tiano s da
. . . . .. .. • . ..:.. .. .
equi líbri o geral.
A fronteira de· poss ibilid ade de prod ução é dada
por FG. Com a ptod ução do
bem X medida pelo eixo vertical e a prod ução de Ymed
ida pelo eixo horizontal, FG
lntcrvt: n çiio d o Gove rn o n a Eco n o mi a c:::::::::J 11 '

,·· • . i,.- .q • •. • ·,.,n , ., ,,i ; ·,1;~•r ,:/·,. lim.ostrào, máximo que pode ser produzido desses bens com a disponibilidade de

•- · : '' · :_ ·· .- recursos existentes: O máximo possível de produção de X é dado por OF, enquanto
·· · :- · · ···,,, ··· OG
. mostra o máximo• possível d e Y que po d e ser pro dttz1· do se todos os recursos
. _
forem aplicados somente na produção de X ou de Y. Supondo que a combma_çao
· ótima-é, dada por OH ( onde a curva de indiferença dq. comunidade tange~c1,a ª
curva de possibilidade de produção), tem-se que as quantidades das produçoes de
X e Y são dadas por OI e OJ, respectivamente. Pelo diagrama de Edgeworth, dado
por 0/HJ, pode-se, então, ver as possibilidades da distribuição da produção de X e
Y entre os indivíduos A e B. As preferências desses indivíduos por X e Y são dadas
por 1A1, IA 2, IA3 e IA4 e 18 1, JB 2, JB 3 e IB4, respectivamente. Nos pontos da curva de
contrato OH, onde essas curvas de indiferenças se tangenciam, são mostradas as
possíveis soluções ótimas. Assim, qualquer alteração entre esses pontos mostrará
diminuição na satisfação de um indivíduo e aumento na satisfação do outro. P,elo
que já foi analisado anteriormente, na curva de contrato OH, nos 'p ontos onde as
curvas -de indiferenças se tangenciam, tem-se que as taJCas marginais ·de substituição
(TMS) são as mesmas para A e B. Pode-se observar, também, que, considerando que
a TMS dos consumidores é indicada pela inclinação das curvas de indiferença, tem -
se, por dedução, que ela é igual à taxa marginal de substituição (TMST) dada pela
inclinação de MM'. Assim, dentrn dos pressupostos da análise desenvolvida, tem-se
que o equilíbrio geral é obtido na Figura 1.7, uma vez que os recursos são alocados
e
eficientemente, o máximo de produção de X Y e satisfazendo às preferências da
-sociedade, o que maximiza sua utilidade. Uma figura final pode mostrar o nível de
1 utilidade obtido pelos indivíduos A e B; a determinação do máxi~o welfare é dada
por W = W (U"; LJB) .
1
X
1
1
1
~
tl
r
t
u
--1

l.l 1
M'

o J G
y

Figura 1.7

.\ , :.; 1.,,, , 1 d, -.f)Ó';'.:i\.ttt")..,1,i r: Ab-.. f,!-i)ffiomo foi visto anteriormente, cada ponto na curva de possibilidade.de prod-u-:•. ·
· ~·f // :. ;, ·. ção estabelece uma curva de contrato ou a ctn-va de utilidade. Foi também demons-
. · trado que cada ponto da curva de contrato determina o ótimo de Pareto e satisfaz a
1
--:. to,das .as condições marginais. Na Figura 1.8, W,, W 1 e W3 referem-se aos diferentes
j,,
níveis de bem-estar, LJA e U8 fornecem as utilidades dos indivíduos A e B, OH repre-

1
1r11.:1·v1::11~·à o do Cov ,. ..
<:: i 11 º na Lco n u 1ni a

' ' i'


sen_ta a curva 'de utilidade e N!·móstra uni pen to em OH.·Porressas variáveis: pod~-se .!; ... ·: · · · ·1
verificar que há alternâncias de perdas e ganhos para os indivíduos A e B ª medida :.,.
que movimentos são feitos ao longo de OH. A escolha do ponto ideal depe~de_d~
função do bem-estar social revelada pelos valores dos níveis de bem-estar dos ~n <livi-
duos A e B, mostrados na Figura 1.8 por W W2 e W3• Uma vez que se determmou a
11
curva de utÚidade e a função do hem -estar social, a máxima curva de indiferença da
sociedade possível é dada por N', onde essas duas curvas se tangenciám e a melhor
de todas as soluções é encont~ada, determinando, então, o máximo de bem-estar
dentro dos critérios de eficiência do modelo de Pareto.


Figura 1.8

Como foi mencionado no começo desta análise, o modelo do ótimo de Pareto


e o do equilíbrio geral são desenvolvidos através de alguns pressupostos lógicos
embutidos dentro do modelo de mercado perfeito. Assim, o que se tem por trás do 1

estabelecimento do equilíbrio geral é uma situação onde se obtém o máximo de ~I

produção, satisfazendo às demandas e às necessidades dos consumidores, a fim de


que eles maximizem seu bem-estar. Acontece, porém, que muitas críticas podem ser
'I
feitas em alguns dos seus pressupostos. Pode-se criticar as condições marginalistas e
a determinação do equilíbrio em que o preço iguala-se ao custo marginal, a indivi-
dualidade do modelo, a suposição de que o bem-estar da comunidade é a soma do
l
1 bem-estar de cada um, a medida ordinal da utilidade e as comparações interpesso-
ais, etc. O fato é que existe uma série de pontos que tornam frágil esse modelo de 1\
1 j1
forma a não se poder admitir que haveria a maximização e a eficiência da alocação ,!
1 de recursos que ele procura determinar. Embora esses pontos já fossem o bastante
r para demonstrar as dificuldades encontradas no sistema de mercado para que se
obtenha a eficiência na alocação dos recursos, existem, ainda, quatro características
r do mundo real que justificam a intervenção do governo na alocação dos recursos
r com o objetivo de maximizar o bem-estar da sociedade. Essas características serão
analisadas no item 1.3.
r
r 1.3 FALHAS DO SISTEMA DE MERCADO E NECESSIDADE
t DA INTERVENÇÃb Db GOVERNO~-, ' '. i_ ., .,-!'l!Jl'.'W,:, r-r.::i l ,_,: ·i, :·-., ·
1 No mundo real existem quatro características principais que dificultariam, ou· até. ~
1 mesmo impossibilitariam, a obtenção da produção óúma através do setor privado. _
Assim, o governo emerge como um elemento capaz de intervir na alocação de recur.

1
.,
111 1,· 1vc 11 1,, n
ilci C nvt· 1·11 0 11,1 ('co1111111i ,1

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.
-,sos;-qu e atua parnlelntnentc ao setor privado, proc~trilndn
· 1·,l(íllll ;,:.. 5 1\ e,c...~s1LI
ouma os bens e servi~·o s que s,\t1s
'
csrn bekce r a produ,;iío
·· ·e (·\LIº As C.lll rllro
,. 'ules l 1c1 soCI . e.. ... ·
0

1 • .. ~ • ' 1
,características qu e podem ser conside radas co mo faIh as (lO m eca nismo ·
de m e rca<1o
em atender às necess idadt·s da so(i ed ,td l' s,,o:
• indivis ibilidad e do produto ;
• extema lidades ;
• custo de produç ão decrescente e mercad os imperfe itos;
• riscos e incertez as na oft•rta dos bc-n s.

1.3.1 Indivi sibilid ade do produ to

Os bens indivisíveis são aqueles cujos benefíc ios não podem ser individ ualizad
os,
tornan do ineficaz o estabel ecimen to dos preços via sistema de mercad o. Esses
bens
têm como características princip ais a não-exc lusivida de e a não-riv alidade
.
A não-exc lusivida de deve-se ao fato de que, como esses bens não seriam
ven-
didos através do sistema de mercado, via preços, a eles não se aplica o direito
de
proprie dade. A imposs ibilidad e de serem estabel ecidos pm.;os para os
bens indivis í-
veis está ligada à inviabi lidade econôm ica da oferta desses bens pelo setor
privado .
Tome-s e, por exempl o, o caso da defesa naciona l. Nos dias de
hoje, é indiscu tível
. a necessi dade de o país ter um aparato bélico que dê seguran ça a sua popula
ção e
manten ha soberan ia. Para esse serviço, porém, não haveria a possibi lidade
de serem
• 1 . • , . . ... estabel ecidos preços no mercado, porque, com a universalização do benefíc
·
io, parte
., , : 1 ;,,,_.· da 'popula ção poderia não estar dispost a a pagar por ele,
embora usufruí sse do seu
benefício. Assim sendo, um bem com essas características dificilm ente seria
ofere-
cido à socieda de pelo setor privado, em função dos riscos e incertezas quanto à sua
venda. Bens e serviço s com essas caracter ísticas só seriam ofereci dos
à socieda de por
meio da interfer ência do governo. Isso porque ele dispõe da tributaç ão como
fonte
d,e financi amento das ofertas de seus bens e serviços, não se utilizan do do
meca-
nismo de preço de venda.
A não-riv alidade significa que o acesso de mais pessoas ao consum o
dos bens e
serviços não implica ria um acréscimo de seus custos. Voltand o ao exempl o
anterio r,
se houver um crescim ento da popula ção de um país, is~o não significa que
necessa-
riamen te teria de haver um aumen to nos gastos com a defesa naciona
l.
Quand o se trata dos bens econôm icos, os indivíd uos estarão excluíd os
do
seu consum o se não dispuse rem de renda para adquiri -los no mercad o via
preço .
Por outro lado, no caso dos bens indivisíveis, todos os indivíd uos são igualm
ente
benefic iados com a sua oferta, indepe ndente mente da sua dispon ibilidad e
de renda
e capacid ade de compra , não se excluin do, portam o, aqueles indivíd uos
que não
pudere m pagar para tê-los.
' . Os bens indivisí veis são classific ados como bens público s puros.
Esses bens,
, . , .· , ... ,. . .pelas suas características, só seriam ofereci dos pelo govern
o, que pode, compu lso-
. riamen te, obter recursos para fiuan chí -los. Assim, a condiç~ o de que todos
os bens
,.,1. _1 :._:, ,lt_. 1,! \_H.:.::~- ,.:.•~( ;.i. devem .ser comple tament e divisíve
is, requeri da na alocação ótima paretiana, não
,. . . .... 7-,:,"'· será satisfeita quando se tratar de bens público s puros.
,, .. :·, -/ \ . :-:· .: . ~·, ! ., : .... ·, , Dada a característica da indivisi bilidad
e dos bens público s puros, pode-se obser-
: . .,, . ,.;,:;; ,; :, ._ -.1 t· :·.: 1. • _._ e.,v:ai; QU!;! eles só seriam ofereci dos por interm
1 édio do govern o, já que para esses bens
, . , 1. .• ·: : ~-. -. , ; ... •· •" ' ·, ., i • nã:o há possibi lidade de se estabel ecer preços
através do sistema de merc.a do. Asslm,
Intervençã o J 0 G
overnu ll d Econum irl

l •
,, ..
se alguns bens neci::s~ários e 'úleis à s0 c iedade tiverem as,-caract erísticas dos-bens
1-: 1• •

públicos puros, sua produção ' através da intervenção do governo torna-se social e
economicamente desejacla :, Nesses ·casos, fica evidente a impossibilidade de esses
bens serem oferecidos pelo sistema de mercado tradicional, através do setor privado,
sem a interferência do governo. Isto caracteriza, também, a falha do modelo ótimo
de Pareto e do bem-estar desenvolvido anteriormente. Assim, a existência dos bens
públicos puros mostra a impossibilidade de o sistema de mercado atender a todas
da inter-
as necessid ades da sociedad e e se apresenl a corno uma das justificat ivas
venção do governo na economía.

1.3.2 Externalidades
A condição necessária de que os custos privados e os benefícios de qualquer aç~o
para o indivíduo, medida pelo preço de mercado, se refletiriam nos custos e nos
benefícios para a sociedade é básica no modelo de equilíbrio geral e do bem-estar.
Acontece, porém, que, na realidade, as ações de determinada unidade poderão acu-
sar perdas ou ganhos nas ações de outras unidades . Esses são os efeitos externos
que
podem existir tarito nas unidades de consumo quanto de produção e podem ser
negativos ou positivos. Os efeitos no consumo são medidos em termos dos bene[í-
cios, enquanto na produção ~les são avaliados em termos da quantidade produzida
~ ~i~s custos. Os ef~itos re-tidos dentro da unidade que iniciou a ativictãâe .fcónô-
'
micâ-são-d~nominados efeitos internos, enquanto denominam-se efeitos externos :
' ós'cas~·s é~ que nã~·,h;i'retençãb dos\ifeho s dénfro da 'unidade q
· ue iniciol.i á'a .
tivi~·:· .. -.
os casos ·
dade, ocorrend o, po.r tanto, um~ int_erferê ncia ~as outras unidades . Ambos
são constituídos por perdas ou gânhcis: em teimos coletivos, porém, há repercussão
maior quanqo ocorrem os efeitos ~xternos. '
Quando os efeitos externos surgem, há uma desigualdade entre o custo mar-
ginal e a receita marginal ou o preço, tendo como conseqüência a não-obtenção do
ótimo de Pareto. Isso significa que não estaria ocorrendo uma eficiência em termos
de alocação. e de distribuição do consumo, porque na avaliação feita na versão do
l
is, não
ótimo de Pareto são cons_iderados apenas os custos e os benefício s individua
se computando, portanto, os efeitos externos.
As externalidades podem ser conseqüência da ação da produção sobre o con-
sumo, da produção sobre a produção ou o consumo, e do consumo sobre o con-
sumo. Vejamos, pois, cada um desses casos.

1.3.2.1 Efeitos da produção sobre o consumo


O exemplo Ínais comum desse caso é apoluição. Embora â externalidade possa ·
surgir em termos de perdas ou ganhos, no caso da poluição seu efeito sobre o con-
sumo é freqüentemente negativo . Tal situação pode ser mostrada com a ajuda da
Figura 1.9, onde .A representa o valor da recreação para o indivíduo e B representa
a quantidade de celulose produzida. Pode-se observar pela Figura 1.9, através da
• I < curva e, .que a·polti'ição· reduz o~vatb-r da :recreação ,à medida que :aumenta-.a ipFó- ~'< :· (.') , ·,

duç.ão de celulose. ' · " · " "· '•' ' ... . ., . ·


Embora a produção -de t~h.116s'~1c~use·- uril efeito externo negativo ·no:Consumó· ' ..
da recreação , ela causará, 'ta mb'ém, ,úm ~fei'fd pbsitivo no consumo .de celulose;
.:As.ru- .. : ··. ·
mindo que D representa oconsúnfo dé celülóse e que C representa o efeito negativo ·· · .
r
lntervençã_o do Governo na Economia

e
--+----------
o --B
Figura 1 .9

I
causado no consumo de recreação, tem-se que o efeito "líquido" da produção de
celulose é dado por D - C, como mostra a Figura 1.10.

Preço

P D
a-----....--.---0-c

o Q Produção

Figura 1.10

..• , , .;l, Uma vez assumido que os custos para a firma e para a sociedade são dados
pela.curva de oferta, observa-se, então, que a alocação ótima dos recursos na versão
paretiana não é obtida quando há externalidades. lsso porque, no exemplo anali-
:sado, na quantidade de produção que maximiza o lucro (q), o custo marginal será
maior que o benefício líquido marginal de produção.

1.3.2.2 Efeitos da produção sobre a produção

A produção pode também causar efeitos sobre a produção. Considerando o exemplo


anterior, pode-se analisar esse caso considerando a poluição causada no rio onde se
despejam os detritos da fábrica de celulose. Na Figura 1.10, E representa o valor da pe~da
da produção de peixe correspondente à variação marginal da produção de celulose.
. Considerando que o efeito da produção de celulose sobre a produção de peixe
-~· t"é: negí!tivo, o valor total da variação marginal da produção de.c_ elulose é represen-
tado pela soma vertical de E e D, como mostra a Figur~ 1. 11. ·

,, .
o Produçlo

Figura 1.1 ·1 ,
"
j

l
!

·
Intervenção do Governo na Economia !
o nível social ótim o de P rod ução ~ado 1
. :. J j : 1 ·.

Na Figura 1.12, tem~se que Fde term ina


1
· ,: .. ' •• ·; • ,; . ·
sto margm~l. :l
de celulose igua1la-se ao cu
por qn, ond e o valor líquido da prod ução
a da firma dad~ por q1. U~ a ~ez ~aiS,
P_o r outr o lado, G ·mostra a prod ução ótim
idade, o ótim o de Pareto nao e obti do.
observa-se que, com a existência da external
Preço

D
p

.......
q. Produção
o
Figura 1.12

1.3. 2.3 Efeitos externos do consumo


rio con sum o .
em ser caus adas tam bém pelo próp i
As exte rnal idad es no con sum o pod pelo con sum o f
indivíduos seria afetado
Nesse caso, o nível de utilidade de alguns f
de outros indivíduos.
· Considerando dois indivíduos A e B e dois
'exterhalidades, as utilidades desses indivídu
prod utos X e Y, tem-se que, sem as
os seriam representadas por l.JA = l.JA (X",
l
utili da-
. Intr odu zind o as exte mal idad es, as
Y') e Uº = U (Xª, Y8), n:sp ecti vam ente
8

pelo con sum o dos outr os indi vídu os.


. des ·de cada.indivíduo seriam, então, afetadas
am afet adas não som ente por suas
açõe s, mas ·~
Nes se caso , as utili dade s de A e B seri o, com a ocorrên-
Assim, no exemplo dad 1

tam bém pelas ações de outros indivíduos. u~ (X·\


cia das externalidades, as utilidade s de A e B seriam representadas por lJA =
, Y8, ::!:: X'\ ::!:: Y' ou ::!:: x11.
::!:: Y'), respectiva-
Y', ::!:: X 8 , ::!:: Yª ou ::!:: Xª ::!:: Y8 e U = U (X
8 8 8

em ser negativos ou positivos.


mente. Em amb os os casos, esses efeitos pod

1.3. 2.4 Considerações finais ..


'
malidades deixam claro que o envolvi-
Os exemplos apresentados a respeito das exte
io, devido prin cipa lme nte aos aspectos
men to do governo nessa área faz~se necessár
pod e atua r na que stão das extern~lida-
sociais envolvidos. Dessa forma, o governo
des das formas mais diversas. s exte rnal i-
Do pon to de vista da corr eção
dos efei tos nega tivo s caus ado s pela
terá um caráter pun itivo ou de orie nta-
da<les, percebe-se que a atua çªo do governo
es desses efeitos sejam atingidos. Dessa·
ção básica parn que os elementos causador
o ar, os automóveis, ao dificultarem a
forma, uma empresa, ao polu ir um rio ou
ição son ora e amb ient al caus ada pelo s
locomoção de transportes coletivos, a polu e
de outr as externalidades negativas dess
veículos, o tráfico de drogas, e uma série gov erno ,
ente, através da participação do
tipo só serão eliminadas, total ou parcialm
1, ' '
'' por inte rrné dio de legi slaç ão espe cífic
a, de mul tas e de um gran,de trabalho .de
con s- .

s tipo s de situ~ções se con stitu irão em


cientização. Com raríssimas exceções, esse
preocupação para o setor privado.
O governo pod erá tam bém , através dos
mecanismós de inc~tivos e de gas~
malidades negativas e criar um·grupo de
tos, con trib uir para a dim inui ção das exte
. do Governo na Economia
lntervençao
[:::::J 17

• • , • , d external ídades positiva s. Investi-



• • •, , , • , • • •

··.atmda des que propte1e a sooedad e uma_sene e _ . . d d um todo


4 . · ~ 1
. ,, , .• ::: ,,J,.1>., : i,. ·, · t ',
-o trarao a soCJe a e como
. , d d
1
'' , ,.:- .. . , ,
. ,
_. , ,,. •;: , m .e ntosfe1t os, porexem plo,naa rea ee u_caça
'd des ositivasàmedidaque
e :. màiores benefícios, que, .por sua vez, .causarao externaJ, ª P _ d
e emprego .
, - . 'd lhores opçoes
· a soCiedad e se torna mais educada , instrui a e com me ·s renda que
Da mesma forma, atividades produtiv as que criem mais emprego s, ma, .' .
. ajudem no combate aos desequil fürios regionais , que, enfim,bém tragam m~lhdonas sig-
.. . . _ incenuv a as e1ou
· · :. n1ficat1vas à qualidad e de vida da populaç ao devem ser tam
até mesmo desenvol vidas pelo setor público. Quando se pensa que, em ger~l, toda
· 'd ade produtiv a ou não causa e1e1tos
e · · ou m
d'iretos ' etos sobre a socieda de,
· d ir
• at1v1
percebe- se que a externai idade está muito mais presente no nosso cotidiano do que
se imagina . Assim, a participa ção do governo nessa área faz-se necessár ia para q~e
possa haver um ente maior, com poder de atuação efetiva no combate às extemah-
. dades negativas e incentive as atividade s que geram benefíci os diretos e indireto,s à
· sociedad e. Isso como base, percebe-se que também nessa área a atuação do governo
não terá limite, a não ser o imposto pela própria sociedad e.
Assim, as avaliações anteriore s evidenci am que a extemal idade pode ser cau-
sada por uma mesma unidade ou por unidades diferentes. A existênci a dos efeitos
externos normalm ente afeta o interesse público e as unidade s econômi cas envolvi-
das; A dificulda de de se mensura r extemali dades é um dos motivos pelos quais ela
não pode ser eliminad a 0u compens ada através do sistema de preços do mercado .
Comdfo i visto, a presença da extemali dade afeta as condiçõe s para que se obtenha
·• - .a ótima alocação de recursos, que, por sua vez, impossib ilita a obtenção do ótimo
poder-se -ia esta-
- ~- ··· · ·.. · --·: ·· -- ~·· - : de ·Pareto. Nos casos em que as externalidades fossem mensuráveis,
• ;· ;, i ,belecer-um mecanism o pelo qual os indivídu os afetados contribu
íssem financeir a-
·- , .··. - .- '.< ,_.·"·•-' ._!mente ,pelos efeitos causados. Como na maioria dos casos
as extemali dades, além
·. , ·.de-serem negativas, são ainda imensuráveis, uma vez mais a presença do governo é
'requerid a para'utilizar mecanism os que direcione m a sociedad e para o melhor nível
· · · de bem-estar possível. Assim, o governo, através de legislações ou mesmo de esque--
.. : más .tributári os específicos, pode tentar atuar sobre o problem a da external idade
· • negativa. Por exemplo, o governo, ao impor um tributo sobre o petróleo e sobre os
veículos, pode estar, indiretamente, tentando tirar uma contribu ição desses setores
para combate r as externalidades que eles estão causando , como, por exemplo , a
poluição, o congestio namento , o próprio desgaste das rodovias, etc. Por outro Jado,
.· . . o governo pode também incentivar atividades que venham a causar extemali dades
. socialme nte desejáveis à populaçã o. Assim, a oferta pública de saúde e educação,
·. por exemplo, pode ser justificada com base na importân cia dos benefícios externos
de se ter uma sociedade mais saudável e educada.

1.3.3 Custos de produçã o decresce ntes e mercado s imperfe itos

i, ; , . . :. •; \ '.:·, :;. A participação do governo no s.e ntido de prover a sociedad e daqueles bens <lese-
' jáv:eis que as empresas privadas não seriam capazes de oferecer lucraúva mente já
' .

~ i_ . " ; .
1
. ' .... ...iera:defendida há tempos pelos economistas. Esses tipos de bens são, por natureza,
11 •

essencial mente de custos decrescentes. ,. . . .

: ,. ·:, .~:_:}<· ·1:•.;: · i ·. ,.. : • ·· '·:· Como foi visto anteriormente, o equilíbrio geral reflete o mundo da competi- 1
associad o à especiaÍiza- .
,, .,:<.·, :., ,-~ ...·,:·,·, ,, . ;_' 1 ·.·,-;.cção,perfeita. É sabido, porém, que o alto nível tecnológico, 1·

, ·.:. , ,. · \ .k : · · •L· : . ;:ção ,e' à;divisibilidade, produz economi as de grande escala


de produção em muitas i
-1-t, ..': · • firmas. Esse desenvolvimento tecnológico traz consigQ a ~oncentração de mercado,
1
l nLe 1-v.: n çào d C
u 0 v t: 1n u n ..1 Ec 0n0 111 i<t

com algumas firrnas,do minando .alguns mercados regionais e nacionais .'. Assim, tem-,
se que O alto nível tecnológi co causa· economia s de escala que, por sua vez, trazem
0 decrescim o do custo de prod.ução, tendo como cónseqüê ncia a concentra ção do

mercado . lsso causa uma situação de imperfeiç ão no mercado, que será composto
de poucos vendedores, quebrand o assim uma das condições básicas do mercado de
concorrên cia pe1-feita e, por conseguin te, o equilíbrio geral.
·· · No mercado imperfeito (oligopóli o, monopóli o e competiçã o mo'nopolí stica),
ª firma também maximiza rá seu lucro no nível de produç~o onde o custo margi-
nal se iguala à receita marginal. No mercado imperfeito, porém, diferentem ente do
mercado perfeito, a firma atua num nível de produção em que o preço seja superior
ao custo médio, já que é ela quem detém o controle sobre o preço. Assim, como
mostra a Figura 1.13, a alocação eficiente por parte da firma será diferente da alo-
cação ótima p ara a sociedade.
Na Figura 1.13, o ponto N determina o nível de produção dé equilíbrio para a
firma. Observa-se que, nele, a receita marginal iguala-se ao custo marginal. Assim,
no nível de produção OX, o preço de venda do produto é igual a p, dado pelo ponto
N' na curva de demanda, e a firma estará maximiza ndo o seu lucro. A melhor aloca-
ção, porém, por parte da sociedade é dada pelo ponto P, onde o preço se iguala ao
custo marginal no nível de produção OX'. De acordo com essas posições, observa-se
que há um hiato, representa do por OX' - OX, entre o que seria a melhor alocação
dos recursos (produção ) por parte da sociedade e por parte da firma. Nesse caso,
uma vez mais a eficiência paretiana estaria violada, e a partiàpaç ão do governo se
tomaria desej'âvél parà írifltiénêfar elevar a produção ao-nível ótimü (no êáso OX'):
Isso poderia ser feito atravé~ da àlocà.çãb direta de recursos, por pàrte do governo, na
atividade produtiva ou por intermédi o da utilização de mecanism os de incentivos .
e/ou subsídios . Isso seria justificável desde o momento em que o objetivo é obter o
máximo de satisfação para a sociedade.

Preço

P'

o X X' Produção

Figura 1.13

A situação pode tornar-se mais complicad a a partir do momento em que o 1


['
custo médio de produção for superior ao custo marginal e ao preço que determina
•, .-, ·"·,t::. 4 ::-; ,a ,alocação·ótimá parii:a 'sociedade, como mostra a Figura 1.14. Sob
essas--eoncw;ães, .., J , 1
o ponto de alocação ótima teria como resultado um prejuízo.
Na Figura 1.14, o custo marginal iguala-se·à receita marginal no ponto E, com ó
nível de produção OX, com o preço dado por E" e o custo médio por E. Nesse nível
de produção , a firma estaria maximiza ndo seu lucro, no montante de X (p - p'), Por
1 t

Interve nção ci o Cavern o na Eco nomi a c:::J l~


Preço

P'
P"'
P"

1 o Produção
X X'

Figura 1.14

~~,ro la~o, a alo~ação ótima para a so~iedade é dada por P no nível de prqduçã'o
· Assim, havena, portanto, uma desigualdade na produção ótima da firma e da
sociedade dada por OX' - OX. Como pode ser visto, para a firma não seria econo-
micamente viável a produção de OX', pois nesse caso eli obteria prejuízo. Como, a
l~ngo pr~o, ~ssa perda não poderia ser sustentada, o provável é que, do ponto de
VIsta econom1co, essa produção não se realizaria. Porém, se esse bem fosse neces-
sário e desejável, o setor público poderia assegurar (através de subsidias ou da pró-
..;: · ~ria ·produção) ~ue_~ _alocação óti~a para a sociedade fosse obtida. Esta situação
em que a alocaçao otima para a sonedade e para a firm·a são diferentes, vio la, tam-
bém, a alocação ótima de equilíbrio geral. Assim, se um bem não é público puro,
mas é necessário e desejado pela sociedade, o governo deve influenciar a alocação
de recursos tal que a produção desse bem se realize. .

· 1.3.4 Riscos e incertezas na oferta dos bens


· A falta de conhecimento perfeito por parte dos vendedores e dos compradores rela-
cionado com os riscos do mercado, a falta da perfeita mobilidade dos recursos, a
incerteza quanto à maximização dos lucros por p arte das firmas e a escassez de
determinados recursos produtivos, particularmente os recursos naturais, são carac-
terísticas do mundo real que mostram a inviabilidade do atendimento de alguns
dos pressupostos requeridos para se atingir a produção ótima de todos os bens eco-
nômicos necessários e desejados pela sociedade.
A falta de conhecimento perfeito do mercado poderia fazer com que um bem
1.3
econômico (necessário e desejado) não fosse produzido pelo mercado; o risco e a
· . 'incerteza poderiam resultar na in exi s tência d e d e termin ada.s atividades, embo ra elas
fossem necessárias e desejáveis. A incerteza sobre a lucratividade de determinadas
. atividades é uma forma de revelar o não-perfeito conhecimento do mercado e. por
. conseguinte, a dificuldade de se obter alocação ótima de acordo com as preferências
! \ t , -.i;.,i.A -.u,is. _1,::_,, !f:\\. :: ,_
;;.!;,~:1v.da;sociedade e os interesses dos produtores. Em outros casos, osinvestimento_s neces-
, .. , · · ": . . · sários envolvem volumoso montante financeiro não-disponível ao setor pnvado, e
·..,_ ,,; ..,:.: ..-• há situações nas quais são longos os períodos de maturação do projeto. ,
-·Existem determinadas ativida des que são indispensáveis ao desenvolvimento
do país ou ao bem-estar da sociedade, mas que, pelas razões apresentadas anterior-
2 0 C:-::::::-,
~ lnkrvl:!nçào do Cov . ,
l:!I nu na L:co no mi J

mente, não seriam oferecidas no mercado se não houvesse a intervenção do governo.


lsso não significa que somente o governo deve produzir esses recursos diretamente,
já que através de outros mecanismos tais como incentivos, subsídioS, etc., ele pode
fazer com que recursos privados seja:U alocados nessas atividadesª fim d~ que haja
uma melhora no bem-estar da sociedade. Assim, os riscos e as incertezas sao caracte-
ns, t JCas
' · 1 · • penei
que v10 amos pressupostos da concorrênoa __r • • 'fiICan do' portanto '
ta, JUStl
a panicipação do governo na alocação dos recursos na economia ou na soáedade.

1.4 OBJEflVOS DA POLÍTICA ORÇAMENTÁRIA


As análises anteriores tiveram como objetivo mostrar as razões pelas quais o governo,
através dos diversos instrumentos de políticas à sua disposição, surge como alterna-
tiva para a intervenção na alocação de recursos da economia a fim de contribuir para
que a sociedade alcance o maior nível de bem-estar possível. Foi visto que as carac-
terísticas da indivisibilidade dos produtos, das externalidades, dos custos decrescen-
tes e a formação do mercado imperfeito, os riscos e as incertezas colocam-se como
principais obstáculos à obtenção da alocação ótima dos recursos por intermédio
do sistema de mercado, justificando, portanto, a intervenção do governo. As aná-
lises seguintes destacam as funções que poderão ser desenvolvidas pelo governo,
visando·corrigir ou rnin.imizar.as falhas ocorridas no sistema de mercado, buscando
atender, de forma mais universalizada, as demandas que compõem o conjunto de !
l
I'
bens e serviços da sociedade.
.Musgrave 12 estabeleceu três funções básic~s a s~r~~· ~~rdd~s pelo governo· ~
l'j
cujos objetivos seriam:
- assegurar o ajustamento na alocação dos recursos;
- assegurar o ajustamento na distribuição da renda e da riqueza;
- assegurar a estabilização econômica.

1.4.1 Ajustamento na alocação de recursos


Essa função visa assegurar o necessário ajustamento na alocação dos recursos no
mercado.
O mecanismo d e preços do .mercado atua razoavelmente e assegura a oferta
de uma série de produtos no mercado. Porém, como foi analisado anteriormente,
o mecanismo de merc~do não é capaz de alocar eficientemente os recursos da eco-
l nomia, havendo, portanto, a necessidade da intervenção governamental a fim de
·1 que se obtenha a mais eficiente alocação dos recursos. ! ·.
A alocação dos recursos por parte do governo tem como objeúvo principal a
1 oferta de bens e serviços necessários e desejados pela sociedade e que não são provi-
1 dos pelo sislema privado . Assim, o governo, utilizando os recursos e os instrumentos
de políticas das quais dispõe, alocará recursos visando à complementação dos bens I!1
1 não-disponibilizados pelo setor privado ou de acesso excludente . ,[.
1- .· . ' ; · •, . •w : ,,. · ·· • · · ; Ess~ c~nj~lil19 íde bens:,refore7se cJ.O&.t bens,p.úbl_
i~o.s i,R,~-1=~:;1.-~-~~fü..,~o,.claj~ :Rµ•i;·:-.-
1
quase-publtcos e/ou também bens econômicos. · · -·
1
1 .
-. ~-
'
-

"MUSGHAVE, R. A. The cheory of public finance. New York: McGraw-Hill, 1959 .


1

l
.· do Governo na Econorn ia
\nterve nçao

.. . · ! t ·:·, :· .;., · :,. . .•. ~-·. ·, : _, .A :ilocação dos recursos na oferta "b 'bli cos pur os" só oco rre rá através
,, ,, ., . . d dos ens P~ d' .. . •d de des
·- · -- : · , .- a interferência governa menta1• A cara terística da m iv1s 1 6 •11 a ses ben s invia-
c · _ · ·
biliza sua oferta pelo setor privado ven dê- los no
, que seguramente nao consegu_ir
rr·{ercado Dessa forma sendo eles ~a d ofe rta
necessá rios e desejados pela soo
pod erá s~r viabilizada.com a oferta e ª e, s~a d
direta do governo ou através de
incentivos à alocação dos recursos me can ism os e
na sua
Ou tra tarefa da função de alocaç oferta pelo set or pri vad o.
ão de recursos por par te do gov
se à ofe na dos bens sociais ou qua ern o refere-
se-públicos. Esses ben s dif ere nci
públicos puros e, devido a seu car am -se dos ben s
áter social, requerem alocação adi
sos na sua oferta através do govern cio nal de recur-
o. Em geral, nesses casos, o gov ern
das vezes com ple me nta a oferta o na ma ior ia
desses ben s feita pelo set or pri vad
me nta ção ocorre em função da ofe o. Tal com ple -
rta insuficiente pelo set or pri vad
são d<;i grande parte da população o e pel a exclu-
que não dispõe de íecursos par a
-mercado. Corno são bens socialm adq uir i-lo s }10
ente importantes, cabe, por tan to,
tarefa de min imi zar os problema ao gov ern o a
s relacionados a sua oferta. Enq uad
situações os serviços como saúde, ram -se nes sas
educação, habitação, etc. 13
Ou tro conjunto de atividades da
função de alocação de recursos r~l
com os ben s econômicos. Em seç aciona-se
ões anteriores, f9i mo stra do que,
ção dos mercados imperfeitos e dos dev ido à for ma -
riscos das incertezas, mu itas ativida
· imp ort ant es par a a sociedade e des básicas
para o desenvolvimento do país
oferecidas pelo setor privado. · Mu pod em não ser
itas das atividades relacionadas à
· ·. ~": ,, -~ - ·_.:.. ... -· .enq uad ram -se infra-e stru tur a
nesse caso. Por isso, atividades liga
' ·a o transporte, etc. têm participaç das à ene rgia elétrica, à siderurgia,
ão reÍevante do governo na sua ofe
__ . : ·. que , nesses casos, a ação rta. A diferença é
do governo é semelhante à do seto
..· •,_::. . . ... . ., .. · ;__,ele pró duz r privado, um a vez que
e vende esses ben s e serviços no me
.. ; •. ·pe lo vol um e de recursos fina rcado. Muita~ dessas atividades, seja
nceiros necessários para desenvolv
da sua:lucratividade, pelos seus ê-las, pela incerteza
riscos financeiros, pel o per íod o de
pro jeto , etc., acabam não sendo ma tur açã o do
oferecidas pelo setor privado. Co
. . sua imp ort ânc ia social e econôm ntu do, devido a
l. ica, a alocação de recursos po~ par
nessas atividades toma-se altame te do governo
nte desejável e justificável.
Um pon to imp orta nte a ser menci
onado refere-se à maneira pela qua
de alocação de recursos é feita por l a função
parte do governo. Para assegurar
mais eficiente dos recursos, o gov um a alocação
erno não precisa produzir ou ger
o bem ou os serviços. Ele poderá ar dir eta me nte
fazê-lo ou induzir a oferta pelo seto
realídade, existem qua tro possib r privado . Na
ilidades de atuação do governo nes
ses casos:
. · ..,. -0 governo pod erá alo
car diretamente recursos na produç
exemplo, os serviços de defesa nac ão e oferta d.os bens. Por
ional e segurança pública;
.. . ; .• ., . : , .:. . •..• : _.·- -0
1 governo pod erá adquirir os pro dut
os de empresas privadas .e oferecê-lo
dade. Exemplo: medicamentos, s à socie-
merenda escolar, etc.;
t· .i. i , . -- · através de
subsídios e incentivos diversos,
o governo pod erá induzir o setor
. _, _1 ,.; ~,::. ,-. -, ..' , j 1í. •: f ;
:v.ado.a investir recursos na produç pri-
. _ :. : :.:, ..1. 1-. 1 • rJ.
ão, o que não aconteceria sem sua interferênc
, '. Nçsses casos, os ben s e serviço ia .
s seriam pro duz ido s e vendidos
. set or privado; e no me rca do pelo
~( . ..-, ,. ,·-,···· r •~~·s ~., l"'l'~\:~\,..:0-.;' 1-·.-1'
"!"- .-ô'go'verno pod erá investir recurs
os na instalação de empresas púb
__•. _: ••• _ .: _ ,; .:i ,_. -,.i, 1 : , : 1
·, i ,_·. : .. ,_ tiv,o de ger
licas tom o obje- "' · ·
1 ar e/o u pro duz ir ben s e serviços nec
essários que não são oferecidos pel
o
u.Alguns desses bens são•oferedd~s.pe
lo-govemo e podem não refletir as prefe
óoa, Veja MUSGRAVE, R. A. Op. rências dos consumidores. Musgrave
oL p. l 1. qualificou esses bens de meritó- .
.
: . .
22(~ 1nt ~rve 11 ç.io J o l ov
, ~rn o n,1 Lt:un o rni,1

setor' privado. Esses ·. , . . . .. . .


pane do gove . cas?s enquadra m-se na produção de bens econom1cos por,
rn~, ou se1a, esses bens seriam vendidos no mercado . · : .
A diferença fut,d · •. 1- _ · _ · _ , ' ' ''
na suai a~nenta nas opçoes de execução da funçao de alocaçao esta
orma de finannam ento . Atividades relacionadas à oferta de bens públicos
puros e bens sociais ··
deve nam , · enquan t o as
· das com recursos tn·butanos,
ser fimanoa
. • e
. .
at1v1dades prod u t'ivas em gt:'._rdl deveriam ter seus custos financiad os com os recur-
sos de suas vendas.

1.4.2 Ajustam ento na distribuição da renda e da riqueza


Fatores tais como oportuni dade educacion al, mobilida de social, habilidad e indivi-
dual, mercado de trabalho, proprieda des dos fatores de produção , etc. levam, den-
tro de uma economi a de livre mercado, a desiguald ades na apropdaç ão da renda e
da riqueza gerada pelo sistema econômic o. Assim, uma vez mais, o governo poderá
utilizar seus diversos instrume ntos para interferir nesse processo, melhoran do adis-
tribuição da renda e da riqueza e criando oportunid ade de ascensão social.
De uma maneira geral, os instrume ntos de política fiscal são mais apropriad os
para tratarem dessa questão de forma mais eficaz.
Contribu em para a melhoria na apropriaç ão da renda um sistema de tributaçã o
com cargas mais elevadas para as camadas mais ricas da sociedade, um mecanism o
adequad o de transferências de renda pessoal e regional, subsídios e incentivo s que
diminue m o custo de acesso a certos bens e serviços, leis regulatórias de proteção
a um salário mín_ i mo de subsistência, pmteção tarifária, além dos gastos .públicos
em atividade s que permitam a utilízação dos bens e serviços por uma camada da
soáedad e carente de recursos para obter esses bens no mercado privado. · ·
O mercado funciona ndo · livremen te sem a interferên cia do governo não se
preocupa rá com a concenua ção da renda e da riqueza uma vez que as atividade s
econômic as alcancem seus objetivos, atingindo frações segmenta das da sociedade
detentora s de recursos para suas compras. Assim, a possibilid ade espontân ea da des-
concentra ção da renda toma-se ilusória. Dessa forma, um melhor ajustame nto na
di stribuição da renda e da riqueza na sociedade só poderia ser feito por interméd io
da participaç ão do governo, já que somente ele pode, compulso riamente, estabelecer
mecanism os que efetivame nte contribua m para o combate às desiguald ades.

1.4.3 Ajustamento visando à estabilização econômica


A função de estabiliza ção do governo utiliza instrume ntos macroeco nômicos para
mantt::r certo nível de utilização de recursos e estabilizar o valor da moeda . Assim, ess~ .
funç.ão surge para assegurar um desejável nível de pleno emprego e estabilida de dos
preços que não são automaticamente controlados pelo sistema de mercado. Assim,
quando a economi a está num período de desemprego e/ou inflação, a função de
estabilização do governo atua no sentido de minimizar esses problemas, procurando
mantec um tolerável nível de emprego e de estabilidade nos níveis de preç~. · . .
' • - .. 1 ' . ... 1 · ·· ,.Quando o·desemp rego ·-prevalece,,o governo, aumenta,o.nfvel··detds.anda,no.,:,: ,,..,
~ ., • ••• -·, ~M-

mercado, elevando seus gastos ou diminuindo seus tributos, recolo(;ando_a.proclµ-, :.11_i


ção no pleno emprego . Por outro lado, se há inflaçãc;>, o governo pode reduzir a
demanda no merca~o, ajustan~o seus gastos .e/ou a carga tributária,.o qu~.c~ntribui . ·;1 t)
' • :· . , . • ·' , ' ;"1' ,- •, ' ,_, ; ·•. ,- .· • •

para a dinlinuiç ão e controle dos preços. . , · · • · .. · . . ; .-· ,· ·.


.. .
lnt crwnç.,tJ do Cave rno n,1 lconornia

. .. - · tervém no sistema eco nó- ·


.A::is1m , l\tr,iv1:s Jl, fu11~..\o de cst'-tbd1 zaçao; o governo tn .d d
mko dnpl\fs, 1'-\h·11tilllvl\dt•;,l11 s1tll'l'ISr1.ordt•f)ro d ut os À5 d e m.tndas e .necess
.
t a es
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\k sua pnpul,,~·fo . Paralcl,rn1e1He aos meGrnismos fiscais, o governo uu~iza ta~ _em
. , . d
('llllros mstn1mcnt os, ck po lítica mo11e1 ,ína, po 1fu cas e co m e' reio
·
extenor, pol1ttcas
. .
. • para a es t abitidade econom1ca
l •rnd,,s, pohtlrns sctorli.lls, etc., vlsr111do co11tn1Ju1r
l l'

m,rnifrstí1d c, prlns indi n,dores de pleno e mprego e nível de preços.

1.5 COMENTÁRIOS FINAIS


Este r,,pítulo teve como objetivo destacar uma série de situações que mostram a
inc~,pacid,1d c do sistema de mercado para atender os desejos e anseios de consumo
dos indivíduos na sociedade. Essa "incapacidade" relaciona-se ao fato de haver inte-
resses específicos das atividades cuja motivação visa exclusivam ente à.obtenção . de
m.tiorcs lucros. Dessa forma, o setor privado só criará benefícios à sociedade se estes
forem traduzidos em maiores lucros para sua atividade. Assim, é de se esperar que
o setor privado dificilme nte atuará de outra maneira a não ser aquela que amplie
sua rentabilidade.
O governo surge, então, como alternativa para criar mecanismo s que redistri-
buam o fruto gerado pela atividade produtiva do país.
Assim, a atuação do governo só é justificada a partir do momento em que suas
atividades melhorarem a qualidade de vida da população. Isso é obtido através das
· ofertas decentes de serviços públicos básicos, tais como saúde, educação, transporte,
· ·segurança, habitação, etc., e mesmo através da atuação do governo em atividades
. , produtivas que propiciem melhores salários e oportunidades de acesso à população
ao consumo de produtos essenciais em quantidade e qualidade compatívei s com o
nfvel mínimo de sobrevivência da sociedade.
A definição dos papéis e atividades a serem desenvolvid as e/ou incentivada s pelo
governo dependerá essencialme nte da forma pela qual a sociedade se organiza social
e politicamen te. Em um regime social em que a população se organiza de forma desi-
gual, <J. atuação do governo acaba por privilegiar as camadas mais bem organizadas que
se fazem representar em todas as decisões do governo em assuntos de seu interesse.
· Finalmente , o que se percebe é que, dadas as impérfdçõc s existentes no sistc-ma
de produção, de distribuição da riqueza e no acesso aos bens essenciais, há uma série
de justificativa s para a intervenção e atuação do governo. Se houvesse ·uma justiça
malar na distribuição das riquezas geradas pelas atividades produtivas, haveria uma
necessidade cada vez menor da participa<,:ão <lo governo. Como esse não é o caso,
1
• o governo acaba ampli,mdo cada vez mais o seu leque de atividades. O lirnite, a
forma e os mecanismos dessa participação, os instrumentos de políticas utilizados,
os benefícios gerados e sua apropriação pelas diversas camadas da sociedade serão
frutos do processo de participação da população nas decisões e nos controles das
ações governamentais.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BAER, W. et ai. As modificações no papel do Estado na economia brasileira. Pesquisa e Planejamento
Econômico, Rio de Janeiro, 1973.

BAUMOL, W. J. Welfare economics and the theory of the state. Cambridge: Massachusetts, Harvard
Universit, 1952. . · -·• · · ..- · .

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