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GESTÃO, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO

EM SAÚDE MENTAL
Ana Rosa Vieira Oliveira
Gestão, Planejamento e Avaliação em Saúde Mental

1 - Gestão e Planejamento em Saúde

1.1 – Gestão em Saúde

De maneira geral, podemos considerar que o ato de gerenciar significa agir em cinco
amplas direções:

- Organizar  implica no estabelecimento das rotinas e das estruturas necessárias;

- Gerir  implica na utilização dos recursos (técnicos, financeiros, humanos etc.) e


em sua criteriosa alocação;

- Controlar  implica na verificação da aplicação de uma decisão qualquer e,


consequentemente, na avaliação de seus efeitos. Assim, torna-se possível corrigir
possíveis problemas;

- Mobilizar  implica na garantia da melhor dinâmica interna, especialmente no que


se refere ao estímulo das equipes;

- Conduzir  implica na determinação de uma direção a ser seguida e,


necessariamente, no acompanhamento cuidadoso de toda a movimentação no
sentido dessa direção.

Quando analisamos essas cinco direções, que se configuram como os componentes


do gerenciamento, podemos entender que cada indivíduo, em maior ou menor grau,
realiza uma ação gerencial, de acordo com sua função no interior da organização.

Isso significa que cada pessoa pode ser considerada gerente, em seu nível de
atividade.
1.2 – Acompanhamento Estratégico

Podemos considerar que uma estratégia é, fundamentalmente, a fixação de


objetivos. A elaboração e a determinação de estratégias são elementos essenciais
para o funcionamento de qualquer organização.

No entanto, esses processos precisam ser feitos com a colaboração ativa de todos
aqueles que estarão envolvidos com as estratégias.

Isso significa que o gerenciamento precisa ser participativo e se baseia na adequada


e justa mobilização dos atores.

Quando as pessoas estão motivadas e de pleno acordo com as estratégias


estabelecidas, certamente buscarão as melhores maneiras de atingir todos os
objetivos.

Por outro lado, quando as estratégias são somente impostas, pode ser que não se
consiga, por diversos motivos, a adesão necessária e, portanto, o alcance de tudo
aquilo de que a organização precisa.

Certamente, quando as pessoas são estimuladas a participar do processo de


definição de estratégias, de maneira geral se sentem partes importantes do
processo; percebem-se muito mais motivadas e terão muito mais empenho em
alcançar todos os objetivos.

Isso significa, portanto, o ato de confiar a definição de um conteúdo àqueles que


serão os grandes responsáveis por desenvolvê-lo adequadamente.

Mas é preciso deixar bastante claro que isso não significa que o gestor possa se
desligar de suas responsabilidades.

Ao contrário! Os gestores têm a obrigação de motivar a todos, de estimular e


comandar todo conjunto de ideias e de ações necessárias e de garantir todos os
recursos requeridos para o processo. Essas responsabilidades são exclusivas do
gestor e não podem ser transferidas.

As organizações da área da saúde, independentemente do nível, possuem uma


ampla complexidade. Além disso, são voltadas para a prestação de ações e serviços
que envolvem valores muito preciosos aos indivíduos.

Nesse sentido, não possuem muita margem para inadequações e ineficiências. Seu
pleno funcionamento não pode ser discutível: tem que ser efetivo. Assim, o
gerenciamento estratégico pode se configurar como uma das melhores ferramentas
para garanti-lo.

1.3 – Planejamento em Saúde

Para que seja possível alcançar resultados realmente efetivos, é absolutamente


essencial que haja um planejamento criterioso e integrado de todo o processo de
tomada de decisões.

De maneira geral, o bom planejamento, capaz de garantir as orientações adequadas,


demanda três passos fundamentais e complementares: identificação, análise e,
somente a partir daí, tomada de decisões.

O planejamento estratégico se fundamenta em um plano direcionado para o futuro,


com determinação de ações consistentes para o alcance dos objetivos estabelecidos,
área de ação (ou intervenção) muito bem determinada e também com clara
definição das possíveis parcerias necessárias ao desenvolvimento das ações.

Na área da saúde, os níveis de planejamento podem ser divididos em três


instrumentos hierarquizados e relacionados entre si.

Assim, no nível mais alto da hierarquia está o plano ou política (nível estratégico).
Em seguida, no nível intermediário, está o programa (nível tático). No nível
seguinte está o projeto (nível operacional).
Nessa lógica, o plano é o instrumento que contem a estratégia de orientação para o
alcance dos objetivos definidos e é usado para a elaboração e implementação de
uma determinada política de saúde.

Por sua vez, o programa é o instrumento voltado para detalhar as ações que
deverão ser desenvolvidas para que os objetivos – determinados pelo plano – sejam
atingidos.

Assim, na área da saúde os planos se desdobram em programas, que especificam as


atividades que precisam ser desenvolvidas para executar a estratégia necessária.
Para isso, necessitam da utilização de recursos (humano, financeiros, materiais etc.).

Finalmente, o projeto é o instrumento através do qual se busca alcançar um


resultado específico. Desta forma, constitui-se em uma ferramenta utilizada para
favorecer a execução de um plano ou de um programa.

Na verdade, o projeto é desenvolvido como uma ferramenta complementar e


auxiliar, tanto de um plano como de um programa, com tempo limitado, no sentido
de favorecer o desenvolvimento de partes que necessitem de impulso.

Assim, podemos entender que os reais orientadores das ações programáticas são os
planos estratégicos.

2 - Serviços de Saúde Mental

No Brasil, o sistema de saúde (SUS) tem como fundamentos os princípios do acesso


universal às ações e serviços de saúde; da integralidade das ações, da equidade
(atendimento igualitário, com respeito às diferenças), da descentralização dos
recursos e serviços e do controle social.

A Política Nacional de Saúde Mental, com base na Lei 10.216/02 e em concordância


com os princípios do SUS, tem como objetivo central a consolidação de um modelo
de atenção à saúde mental com caráter aberto e de base comunitária.
Com isso, volta-se para um modelo de intervenção que privilegia o convívio do
portador de transtornos mentais com sua família e com a comunidade. Isto
representa uma mudança em relação ao modelo anterior, que era voltado para o
isolamento.

Para que possa ser plenamente desenvolvido dentro dessa lógica de intervenção, o
modelo atual conta com uma rede diversa de serviços e equipamentos.

Os principais são: os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços


Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de
atenção integral (em Hospitais Gerais).

Além disso, a política também inclui o Programa De Volta para Casa (prevê auxílio
para egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos).

Dessa rede, os CAPS representam a estratégia de maior relevância de todo o


processo da reforma psiquiátrica.

Tais instituições estão voltadas para o acolhimento dos portadores de transtornos


mentais, para o incentivo a sua integração à família e à comunidade, para o pleno
apoio na busca e conquista da autonomia e para a oferta de atendimento clínico e
psicológico.

Assim, os CAPS têm de fato se comportado como o principal componente


estratégico dessa política, sendo bastante efetivos na substituição do modelo
anterior, que se pautava no isolamento.

No entanto, a realidade atual da saúde mental no Brasil mostra que ainda é


necessário o desenvolvimento de muitas ações e estratégias para que de fato todos
os objetivos sejam alcançados.
Entre os principais desafios está o de qualificar, consolidar e ampliar toda a rede
extra-hospitalar, de base comunitária e territorial, formada pelos CAPS, SRTs e
Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais, para que possam realmente se
configurar como promotoras da reintegração sociofamiliar e da cidadania.

3 - Investigação: Tipos de Pesquisa

A correta avaliação das ações e serviços de saúde mental depende diretamente de


uma investigação adequada.

Para isso, torna-se fundamental que os profissionais envolvidos conheçam os


diversos tipos de pesquisa disponíveis e, assim, tenham elementos que lhes
permitam optar por aqueles tipos mais apropriados para as necessidades de sua
investigação.

Entre os principais tipos de pesquisa, podemos destacar os seguintes:

a) Pesquisa Experimental: tipo de pesquisa voltada para descobrir quais são


os fatores responsáveis por desencadear determinados fenômenos, através da
realização de uma reprodução controlada da realidade.

Seu método objetiva manipular diretamente as variáveis relacionadas com o


objeto de estudo, conferindo uma relação de causa e efeito e mostrando como
se dá a produção do fenômeno.

Para que se seja possível a verificação das relações existentes entre as


variáveis envolvidas, faz uso de testagem, questionários e medidas.

b) Pesquisa Descritiva: tipo de pesquisa também de caráter bibliográfico,


através da qual se busca descrever um fenômeno, teoria ou fato.

Seu método se caracteriza por observar, registrar, analisar, descrever e


correlacionar os fatos ou fenômenos, mas sem manipulá-los, procurando
descobrir com precisão a frequência em que um fenômeno ocorre e sua relação
com outros fatores.
Pode assumir algumas formas relacionadas com o enfoque que o pesquisador
deseja dar para seu estudo, como por exemplo: estudo exploratório, estudos
descritivos (descrevem as características, propriedades ou relações existentes
no grupo ou da realidade em que foi realizada a pesquisa) ou estudo de caso.

c) Pesquisa Exploratória: tipo de pesquisa através da qual se busca estudar


um fenômeno ou situação através de levantamento bibliográfico relacionado ou
de entrevistas com profissionais da área.

O estudo exploratório objetiva promover uma familiarização com o fenômeno e


novas percepções a seu respeito. Assim, novas ideias podem surgir em relação
ao objeto de estudo.

d) Estudo de Caso: estudo de um objeto de pesquisa restrito, que busca


aprofundar as suas características e trazer algumas explicações sobre o caso
estudado. Esse tipo de pesquisa requer uma boa fundamentação teórica na
área abordada.

Seu objetivo é estudar um determinado indivíduo, família ou grupo para


investigar aspectos diversos ou um evento específico da amostra. Um único
caso é profundamente estudado para que se possa atingir maior entendimento
sobre casos similares.

e) Pesquisa Ação: tipo de pesquisa realizada quando mais de uma pessoa


tem interesse em resolver uma determinada questão.

f) Pesquisa Direta: é caracterizada pela busca de dados diretamente da


fonte de origem. O fenômeno é investigado através de metodologia
cientificamente comprovada para coleta de dados dos fatos verificados (por
exemplo: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório).

g) Pesquisa Indireta: é caracterizada pela utilização de informações,


conhecimentos e dados que já foram coletados por outras pessoas, em
pesquisas anteriores, e demonstrados de diversas formas, como documentos,
projetos, livros, artigos, revistas etc. Pode ser dividida em documental ou
bibliográfica.
h) Pesquisa Documental: tipo de pesquisa que busca investigar fontes
primárias, que são os dados ainda não codificados e organizados para estudos
científicos, tais como documentos, arquivos, fotografias, estatísticas e leis, no
intuito de descrever e analisar situações, fatos e acontecimentos anteriores e
de realizar comparações com dados da realidade atual.

i) Pesquisa Bibliográfica: tipo de pesquisa considerada a primeira etapa de


qualquer outra pesquisa científica. Permite buscar e selecionar conhecimentos
prévios e informações variadas sobre um problema ou hipótese já organizados
e trabalhados por outro autor.

Seu método é voltado para explicar um problema através de referências


teóricas e revisão de literatura de obras e documentos relacionados ao tema
de interesse.

j) Pesquisa Qualitativa: tipo de pesquisa com cunho exploratório. É voltada


para mostrar aspectos subjetivos e atinge espontaneamente motivações,
implícitas ou não.

É realizada para a busca de percepções e entendimentos sobre a


característica de uma questão, permitindo a interpretação.

T e m c a r á t e r indutivo, d a d o q u e , ao contrário de coletar dados para


a comprovação de hipóteses e modelos pré-concebidos, o próprio
pesquisador desenvolve conceitos e entendimentos a partir dos padrões
que encontra nos dados.

k) Pesquisa Quantitativa: tipo de pesquisa v o l t a d a p a r a i n v e s t i g a r


opiniões e atitudes explícitas e conscientes daqueles que são
entrevistados, através de instrumentos estruturados (questionários).

Na medida em que seus resultados são concretos e pouco sujeitos a


interpretações errôneas, busca mensurar e permitir que as hipóteses
sejam testadas.

É o tipo de pesquisa adequado para os casos de medidas d e variáveis


que possam ser quantificadas a partir de amostras numéricas.
4 - Pesquisa em Saúde Mental: Projeto de Pesquisa

O Projeto de Pesquisa é o instrumento que todo pesquisador ou investigador precisa


elaborar e utilizar para desenvolver sua investigação. Contém os passos (elementos)
que definem os caminhos a serem tomados pelo pesquisador.

A seguir, vamos conhecer esses principais elementos, que funcionam como


direcionadores da investigação.

4.1 – Projeto de Pesquisa:

a) Objeto de Pesquisa: o objeto de estudo é o eixo central de qualquer


investigação. Precisa ser delimitado a partir de um assunto ou tema mais
amplo, caracterizando-se naquilo que interessa dentro do assunto ou tema.

b) Formulação do Problema: é a pergunta que o pesquisador faz à


realidade, que deverá ser respondida através da pesquisa.

c) Formulação de Hipóteses: é a determinação de possíveis respostas ao


problema, que vão orientar a busca de outras informações.

d) Justificativa: é a apresentação da relevância da pesquisa. Deve mostrar


que a ela contribuirá para o conhecimento científico, para a sociedade etc.
Também deve mostrar a viabilidade financeira, material e de tempo da
pesquisa.

e) Objetivos: este é o elemento do projeto que apresenta as pretensões que


o pesquisador tem com sua pesquisa.

Sua apresentação deve ser dividida em objetivo geral (foco de interesse


definido de maneira ampla) e objetivos específicos (determinação dos diversos
pontos que serão tratados).

f) Referencial Teórico-Conceitual: é a apresentação textual da análise e


reflexão feita pelo pesquisador acerca das obras, preferencialmente recentes,
que abordam o assunto ou que forneçam a fundamentação teórica e
metodológica para o projeto.

g) Metodologia: esse é o elemento de descrição do conjunto de métodos e


técnicas que serão usados para a realização da pesquisa.

Na realidade, o método se configura como o conjunto de etapas e processos a


serem cumpridos durante a investigação e depende do objeto e do tipo de
pesquisa (de campo, descritiva, experimental etc.).

De modo geral, os instrumentos mais usados nas pesquisas são questionários,


entrevistas, levantamento documental, estatísticas etc.

Ainda na etapa da Metodologia de um Projeto de Pesquisa, também devem


ser indicadas as amostragens (população a ser pesquisada), o local, os
elementos relevantes, o planejamento do experimento, os materiais a serem
utilizados etc.

Cabe lembrar que, em sua parte textual, um projeto de pesquisa pode conter,
ainda, o cronograma, o orçamento e os resultados esperados. Além
disso, deve conter as referências bibliográficas.

4.2 – Entrevistas

A entrevista é uma técnica de coleta de dados bastante adequada para obter


informações acerca do que as pessoas conhecem, creem e desejam e é uma
ferramenta muito utilizada na investigação social para a coleta de dados ou
para ajudar no tratamento de um problema social.

Os três grandes modelos gerais de entrevista são: estruturada, não


estruturada e semiestruturada (mista).

a) Entrevista Estruturada: é a entrevista já preparada, com perguntas


estabelecidas previamente pelo entrevistador e segue o raciocínio definido por
ele. Nesse caso, o entrevistado é conduzido no intuito de responder somente
aquilo que interessa ao entrevistador.
b) Entrevista Não Estruturada: é a entrevista que não segue uma direção
definida; é bem informal, dando total liberdade ao entrevistado. Neste caso, o
entrevistador faz perguntas gerais e o entrevistado é estimulado a responder
abertamente sobre determinado assunto.

c) Entrevista Mista (Semiestruturada): é a entrevista que une os elementos


dos outros dois tipos. Nesse caso, parte da entrevista será estruturada e outra
parte será livre.

4.3 – Questionários

Os questionários são instrumentos determinados de acordo com o caráter de


suas perguntas. Assim, é aberto quando formulado somente com perguntas
subjetivas (abertas), para as quais as respostas são apresentadas textual e
livremente.

Por outro lado, é fechado quando elaborado com perguntas cujas respostas
são dadas a partir da escolha de alternativas estabelecidas previamente
(questões objetivas).

Quando é elaborado com uma junção de questões abertas e fechadas, é


classificado como semiaberto.

5 - Indicadores como Etapa de Avaliação

De maneira geral, todo processo avaliativo necessita do uso de indicadores,


ainda que, de fato, existam dificuldades importantes em sua aplicação.

As dificuldades mais relevantes se relacionam principalmente com a


construção dos parâmetros avaliativos, em especial quando se precisa
priorizar a qualidade da atenção, não se relacionando necessariamente com o
esforço real de elaboração dos indicadores.

Um indicador é uma unidade de quantificação da realidade, que pode


favorecer o planejamento de ações voltadas para interferir nessa realidade e
também pode permitir analisar em que medida um determinado objetivo foi
atingido. Assim, são extremamente úteis para auxiliar na tomada de decisões.
No entanto, por mais numerosos que sejam os indicadores utilizados, não são
capazes de refletir totalmente as dimensões de um conceito ou de uma
realidade.

Existem determinados programas e serviços que, para serem avaliados,


demandam situações bastante complexas, que não podem ser assimiladas
sem mediações.

Nesse sentido, o indicador pode funcionar como uma forma de aproximação


do conceito de algo que não é passível de percepção direta. Muitas vezes são
necessárias medidas indiretas de um fenômeno social por não ser possível
observá-los diretamente.

Para que seja possível efetuar qualquer tipo de avaliação, é necessário que os
indicadores disponíveis tenham a capacidade de quantificar ou qualificar fatos,
processos e situações com o máximo de aproximação da realidade.

Isso implica na necessidade de que a determinação da metodologia de um


processo de avaliação inclua a seleção, ou até mesmo a elaboração, dos
indicadores que serão utilizados no processo, assim como inclui a coleta de
dados, a seleção da amostra etc.

De qualquer forma, é essencial que os indicadores selecionados para uma


determinada avaliação atendam, ao menos, a três necessidades:

 Devem possibilitar comparações sincrônicas no espaço;

 Devem possibilitar comparações diacrônicas, no tempo;

 Devem representar valores que permitam algum grau de consenso


entre os envolvidos na avaliação.

Além disso, os indicadores precisam ter a capacidade de abranger quatro


requisitos fundamentais, quando utilizados para avaliar o alcance de metas
preestabelecidas:

- Independência (um indicador para cada meta);


- Verificabilidade (ser capaz de acompanhar as mudanças e de estabelecer o
mesmo significado);

- Validade (ser capaz de mensurar cada um dos resultados do programa ou


projeto);

- Acessibilidade (ser o mais simples e o de menor custo).

A principal característica de um indicador é a quantificação. Mas é preciso ter


sempre em conta que, quando estão sendo considerados os pontos mais
profundos e complexos das relações sociais, nem todas as suas dimensões
podem ser medidas através de números e variáveis.

Nesse caso, o indicador apontará apenas um retrato indireto do fenômeno,


que não é passível de quantificação.

Cabe a observação de que, quando o processo de construção e seleção de


indicadores é voltado para uma prática bem delicada, como a saúde mental,
as generalizações, embora muitas vezes necessárias, representam um grande
risco e devem ser tratadas com muito cuidado.

6 - Avaliação e Gestão da Qualidade

6.1 – Princípios Básicos da Qualidade

Qualidade é um termo que não possui um conceito universal, porque tem um


importante caráter de subjetividade. Algo que eu considero como tendo
qualidade pode ser considerado por você de forma bem diferente.

Assim, a qualidade precisa ser um conceito específico de cada organização,


estando diretamente articulada com a sua missão.

Nesse sentido, pode-se entender que qualquer organização, não importando


seu tamanho, tipo, recursos e demais características é capaz de ter e oferecer
serviços e produtos de qualidade.
No entanto, para que uma organização tenha condições de buscar, alcançar,
manter e melhorar sua qualidade, algumas condições são essenciais, tais como:

 Ter uma missão muito bem definida e, certamente, pautada na ética;


 Conhecer profundamente os clientes que ela se propõe a atender;
 Conhecer as necessidades e expectativas reais dessa clientela;
 Ter definição clara das atividades que são prioritárias;
 Preparar e garantir uma estrutura apropriada, que permita a efetiva execução
das atividades previstas;
 Planejar e construir processos que sejam apropriados para os resultados
esperados;
 Buscar arduamente o alcance dos resultados e criar meios de avaliá-los de
forma continuada;
 Entender que a qualidade, em todas as instâncias da organização, tem que
ser um processo permanente de busca de melhoria;
 Compreender, efetivamente, que a busca e melhoria da qualidade deve,
necessariamente, envolver todos os atores do universo da organização
(gestores, fornecedores, clientes internos e externos etc.).

Assim, é fundamental o entendimento de que a qualidade, para existir de fato,


deve estar totalmente encaixada na própria concepção da organização, na sua
missão, no seu planejamento estratégico e na sua operacionalidade.

6.2 – Componentes da Qualidade nos Serviços de Saúde

A missão de uma organização, seus serviços ou produtos e a satisfação de seus


clientes são três dimensões que precisam ser cuidadosamente consideradas
para a busca da qualidade.

Assim, a organização precisa ter a real capacidade de cumprir sua missão no


sentido de que seus serviços (ou produtos) tenham excelência, para que
satisfaçam plenamente sua clientela.
As organizações da área da saúde são diferentes entre si, no que se refere às
estruturas, serviços, clientela, objetivos etc. Assim, cada uma tem sua missão e
a busca pela qualidade dependerá das especificidades particulares.

No entanto, de modo geral, é possível determinar alguns componentes da


qualidade que, relacionados principalmente à aplicação da ciência e tecnologia,
são comuns a todas as organizações da área da saúde. São eles:

 Eficácia: significa a capacidade de melhorar a saúde através da ciência e


tecnologia aplicada nas melhores condições;

 Efetividade: consiste no nível de melhora da saúde que foi de fato


alcançado (relação entre a melhoria que é possível alcançar e a que foi
realmente atingida).

 Eficiência: significa a capacidade de diminuir os custos das ações de saúde


sem, contudo, reduzir sua efetividade.

 Otimização: significa o alcance do melhor equilíbrio possível entre a


melhoria e seu custo.

 Aceitabilidade: consiste na capacidade de conciliar os serviços com os


desejos e expectativas dos clientes. Para que possa realmente existir, o
componente aceitabilidade depende de alguns fatores:

- Acessibilidade: acesso garantido aos serviços;


- Oportunidade: acesso no momento necessário (sem demora no atendimento,
por exemplo);
- Relação profissional-cliente: respeito recíproco, ética e solidariedade;
- Comodidade: condições apropriadas e confortáveis do ambiente;
- Resultados: em consonância com a expectativa do cliente, mas naturalmente
tendo em conta a característica de sua situação de saúde;
 Legitimidade: significa a harmonização dos serviços com os princípios
sociais (valores, normas, leis, costumes etc.).

 Equidade: significa a oferta igualitária, justa e honesta dos serviços, sem


nenhuma forma de privilégio, mas com respeito às diferenças.

7 - Panorama em Saúde Mental: Pesquisa Online e Atualidades

Para o desenvolvimento de uma investigação, após a correta formulação do


problema, o que implica na elaboração de uma pergunta específica, com o
maior foco possível, o investigador pode utilizar a pesquisa na internet para ter
acesso mais rápido ao maior número possível de resultados.

No que se refere à busca na literatura do campo da saúde, na atualidade o


pesquisador tem à disposição cerca de 20 milhões de artigos, cerca de 7 mil
periódicos e muitas dezenas de bases de dados bibliográficas, o que significa
um bom volume de material disponível.

Entre as mais importantes e conhecidas bases de dados, chamadas de fontes


primárias de busca, estão o Lilacs, Medline, Cochrane e Embase, entre outras.

As formas de procura nessas bases variam de acordo com o interesse,


disposição e necessidade. Por exemplo: pode ser feita através do uso de
qualquer palavra, ou dos termos médicos/ descritores (MeSH/DeCS), ou através
da metodologia (tipo de estudo) etc.

Apesar de todos os avanços ocorridos nas últimas décadas, que não são triviais,
as estratégias avaliativas em saúde mental no Brasil ainda caminham a passos
muito lentos.

Um dos motivos é o fato de que o Brasil ainda não apresenta, em larga escala,
condições fundamentais para a adequada avaliação. Por exemplo: a quantidade
de profissionais altamente capacitados ainda não é suficiente.
Além disso, as práticas institucionais e o desenvolvimento de novas tecnologias
ainda precisam melhorar muito para alcançar os padrões de grandes centros
internacionais.

Cabe também considerar que a avaliação de políticas e de serviços públicos no


Brasil ainda não integra totalmente as estratégias da gestão pública.

Isso acaba dificultando o processo, porque as atividades analíticas precisam


estar ligadas diretamente às atividades de gestão para que os modelos sejam
de fato orientados para a ação.

8 - Planejamento e Orçamento: Gestão de Custos

De maneira geral, o termo custo pode ser entendido como um bem ou um


serviço que é utilizado como um dos instrumentos para a produção de outro
bem ou outro serviço. Assim, abrange tudo aquilo que se relaciona com a
produção.

Por sua vez, o termo despesa se refere a tudo o que é utilizado (gasto) no
sentido de gerar uma receita.

Aquilo que é definido como custo em uma determinada empresa pode ser
determinado como despesa em outra empresa, dependendo do perfil de cada
uma. O cálculo do preço final de um produto ou serviço qualquer deve levar em
consideração o custo, as despesas e a margem de lucro.

Exemplificando: o combustível utilizado por vendedores em seus carros, para


permitir sua mobilidade durante o trabalho, é uma despesa.

Por outro lado, o combustível utilizado nos veículos de uma empresa


transportadora é um custo, porque ele é utilizado como um meio para a
produção do serviço de transportes.
8.1 - Custo Contábil

O custo contábil se refere ao conjunto de registros especiais que são usados


com o objetivo de identificar, mensurar e informar os custos dos produtos ou
serviços.

Configura-se como a área da função financeira que tem a responsabilidade pela


organização, análise e interpretação dos custos com o objetivo de determinar o
lucro, controlar operações e, assim, auxiliar no processo de tomada de decisões
gerenciais.

8.2 - Custo Gerencial

É o processo de identificação, mensuração, análise e comunicação das


informações (financeiras e operacionais) que deve ser usado para favorecer as
estratégias de avaliação, planejamento e controle organizacionais, permitir o
uso dos recursos e garantir a responsabilidade sobre eles.

8.3 – Principais Métodos de Gestão de Custos

Em geral, são métodos que se baseiam na análise dos processos operacionais,


na melhoria continuada e na otimização dos custos:

 ABC (Activity-Based Costing ou custeio baseado em atividades): é


um método de análise de custos voltado para a investigação dos gastos de uma
organização.

A proposta é analisar e monitorar todo o processo de consumo dos recursos,


identificando-os com suas mais importantes atividades, até chegar aos produtos
e serviços.

Isso favorece uma melhor identificação dos custos, a partir da análise das
atividades executadas e de suas relações com os objetos de custos.
Esse método propicia a tomada de decisões gerenciais, dado que a capacidade
de visualização dos custos permite sua redução e ajuste e, assim, melhoria dos
processos, melhoria dos serviços e produtos, mais lucratividade etc.;

 Custo-alvo ou custo-meta: é um processo de gerenciamento estratégico


de custos voltado para a redução dos custos totais, direcionado para as fases
de planejamento e elaboração do produto.

 Custo kaizen: é um processo que busca reduções constantes de custo em


todas as etapas da produção.

Referências Bibliográficas

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