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EXÉRCITO BRASILEIRO

16º BATALHÃO DE INFANTARIA MOTORIZADO


NÚCLEO DE PREPARAÇÃO DE OFICIAIS DA
RESERVA

JOÃO VÍTOR SERAFIM DE ALMEIDA


JOÃO PEDRO BUZZETTI FERREIRA
MATEUS PINHEIRO DA CUNHA
YAN XAVIER LINDOLFO BARBOSA
JOÃO PEDRO FERNANDES PINHEIRO BELMONT
DE MORAIS
HEITOR CALEB COSTA RODRIGUES

ANÁLISE DO EMPREGO DA INFANTARIA NO CONFLITO RÚSSIA E UCRÂNIA

Natal/RN
2023
JOÃO VÍTOR SERAFIM DE ALMEIDA
JOÃO PEDRO BUZZETTI FERREIRA
MATEUS PINHEIRO DA CUNHA
YAN XAVIER LINDOLFO BARBOSA
JOÃO PEDRO FERNANDES PINHEIRO BELMONT
DE MORAIS
HEITOR CALEB COSTA RODRIGUES

ANÁLISE DO EMPREGO DA INFANTARIA NO CONFLITO RÚSSIA E UCRÂNIA

Projeto interdisciplinar apresentado como


requisito parcial para a conclusão do Curso
de Formação de Oficiais da Reserva – da
arma de Infantaria – do Núcleo de
Preparação de Oficiais da Reserva do Natal

Orientador: Ten Inf - Tallys Fonseca Gomes

Natal/RN
2023
JOÃO VÍTOR SERAFIM DE ALMEIDA
JOÃO PEDRO BUZZETTI FERREIRA
MATEUS PINHEIRO DA CUNHA
YAN XAVIER LINDOLFO BARBOSA
JOÃO PEDRO FERNANDES PINHEIRO BELMONT
DE MORAIS
HEITOR CALEB COSTA RODRIGUES

ANÁLISE DO EMPREGO DA INFANTARIA NO CONFLITO RÚSSIA E UCRÂNIA

BANCA EXANIMADORA

LUCAS DO NASCIMENTO SOAVE – Cap Inf


Instrutor-Chefe do NPOR/16º BI Mtz

TALLYS FONSECA GOMES – 1º Ten OCT


Orientador – Instrutor do NPOR/16º BI Mtz
RESUMO

É de suma importância que o exército possua bons equipamentos, fardamentos e


armamentos para garantir que suas operações sejam bem sucedidas. Para isso, desde 2013,
entra em vigor o Programa Estratégico do Exército Obtenção da Capacidade Operacional
Plena (Prg EE OCOP). Este programa visa a obtenção e substituição de materiais militares
defasados ou que estejam muito desgastados e ultrapassados. É subdividido em três projetos e
um subprograma, tendo como principal vertente o Projeto Combatente Brasileiro (COBRA)
que tem como missão segundo a portaria 263-EME:

[...] desenvolver um Material de Emprego Militar (MEM), dotado de


adaptabilidade, flexibilidade e modularidade. Esse sistema deverá potencializar a
consciência situacional, permitindo ao combatente atuar em rede, aumentar
efetivamente a proteção individual, logrando à F Ter aumentar as capacidades
militares terrestres e as capacidades operativas, sendo um efetivo instrumento do
processo de transformação da Força.

Palavras Chaves: Projeto. Exército. Militar. Melhoria. Segurança.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................6
2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................7
2.1. O que é o Projeto Cobra?..............................................................................................7
2.1.1. Comando de Operações Terrestres (COTER)...........................................................7
2.1.2.Indústria de Material Bélico.......................................................................................8
2.2. Armamento.....................................................................................................................8
2.2.1. Fuzil de Assalto IMBEL 7,62 IA2............................................................................8
2.2.2. Sig Sauer P 320.........................................................................................................9
2.2.3. Metralhadora Mini Mitrailleuse (MINIMI).............................................................10
2.2.4. Rifle M110...............................................................................................................11
2.2.5. Facas de Combate....................................................................................................11
2.3. Fardamento e Equipamento........................................................................................13
2.3.1. Gandoleta de combate e calça.................................................................................13
2.3.2. Coturnos...................................................................................................................13
2.3.3. Coletes e Capacetes.................................................................................................14
2.4. Comunicações...............................................................................................................15
2.4.1. Comunicação via rádio............................................................................................15
2.4.2. Processamento.........................................................................................................16
2.4.3. Transmissão e reprodução de vídeo.........................................................................16
2.4.4. Baterias....................................................................................................................17
2.5. Funcionalidade.............................................................................................................18
2.5.1. Combate urbano.......................................................................................................18
3. CONCLUSÃO.....................................................................................................................20
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................21
1. INTRODUÇÃO

Ao final de 2021 a Rússia reforçou sua presença militar ao redor da Ucrânia, deslocando
milhares de tropas equipamentos militares. Não obstante , realizou diversos exercícios militares
ao longo da faixa de fronteira e dentro do território de Belarus – um dos únicos países aliados ao
governo de Putin durante suas pretenções expansionistas. Tendo o presidente russo, apresentado
naquele período uma lista de exigências à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) .
Com sua principal cobrança sendo a promessa de que a Ucrânia nunca ingressaria para a aliança
militar ocidental. Uma vez que a Rússia justificava que a expansão territorial do grupo era uma
ameaça à sua integridade territorial.

Dessa forma , dias antes de começar a invasão (ou operação militar especial como é
chamada pela Rússia), Vladimir Putin reconheceu a independência de duas áreas com tendências
separatistas na Ucrânia, as regiões autodenominadas da República Popular de Donetsk e da
República Popular de Luhansk. Tendo posteriomente iniciado os ataques os quais o chefe de
Estado russo justificou em transmissão televisiva, afirmando que estaria buscando a destruição dos
“neonazistas“ que estariam comentendo um “genocídio” contra os russos instalados no país.

“Era preciso pôr fim imediatamente a esse pesadelo: um genocídio


voltado contra milhões de pessoas que lá vivem e cuja única esperança
está na Rússia, pessoas que só têm esperança em nós, ou seja, em mim e
em vocês”
Vladimir Putin em discurso em 24 de fevereiro, dia da invasão da
Ucrânia.

Nas semanas iniciais do conflito, houveram diversas tentativas de costurar um


acordo de paz, nas quais a Rússia exigia o reconhecimento da independência de
Donetsk e Luhansk, assim como a aceitação de que a Crimeia faz parte da federação
russa, desde que foi anexada por tropas de Putin em 2014.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, contrariando as expectativas,


permaneceu no país após os primeiros ataques russos. Dessa forma, puxando para
si o papel de líder, e assim sustentando a moral das tropas e população ucraniana.
Assim como, negou veemente a presença de neonazistas em seu país e
6
praticamente implorou as outras nações do globo – sobretudo da OTAN – por
sanções contra a Rússia e o envio de equipamentos e suplementos para as tropas
ucranianas.
Pedidos esses que foram, após alguma hesitação, atendidos

In

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Análise do emprego da infantaria no conflito Rússia Ucrânia

2.1.1. Infantaria: das espadas aos drones

A infantaria como a conhecemos hoje é o resultado de séculos de história e


desenvolvimento, com sua origem datando da antiguidade, onde os primeiros exércitos frmais
se enfrentavam com o uso dos mais diversos tipos de armas corpo à corpo. Eventualmente, os
povos Gregos e Romanos foram os pioneiros a buscar organizar um dispositivo de infantaria
caracterizado pelo emprego da disciplina e da coesão na formação de uma massa ordenada de
tropa.
Assim sendo, os Gregos, posteriormente, desenvolveram a formação em falange,
caracterizada pela formação retangular e compacta, com o uso de escudos para a defesa e
lanças para o ataque. Esse dispositivo facilitava o comando e organização dos homens no
campo de batalha e rapidamente se difundiu na época.
Por outro prisma, as legiões romanas trouxeram pela primeira vez a divisão da tropa
em subgrupos. Desta forma, desenvolveram um sistema de controle e organização
extremamente eficiente, que revolucionou a forma de guerrear na época, exercendo sua
influência sob diversos povos e exércitos, de forma que muito do que se utiliza nos exércitos
de todo o mundo hoje tem seu alicerce na doutrina romana.

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Posteriormente, com o advento das armas de fogo no final da idade média, a infantaria
passou a desenvolver formações táticas e estratégicas diferentes, inicialmente com linhas
contínuas de atiradores justapostos que se contrapunham as linhas inimigas. Como as armas
de fogo na época precisavam ser recarregadas a cada disparo, com uma cadência lenta de tiro,
haviam soldados armados com armas brancas para auxiliar os mosqueteiros, com destaque
para as grandes lanças conhecidas como piques, que muito foram utilizadas durante o início
dessa modernização da infantaria. Com o desenvolvimento das armas de fogo, a cadência foi
melhorando e os piqueiros foram gradualmente deixando os campos de batalha, de forma que
a baioneta surgiu como alternativa aos piques, uma lâmina acoplada ao cano dos fuzis que
supriria às necessidades do combate corpo à corpo no campo de batalha.
Em seguida, destaca-se a Primeira Guerra Mundial como ponto de inflexão na história
dos exércitos como um todo e, sobretudo, da infantaria. Com o advento da Grande Guerra,
uma explosão de desenvolvimento na área militar eclodiu em todo o mundo, com o
surgimento de novas tecnologias e táticas de batalha. Dentre as novas tecnologias destaca-se a
ampla utilização das granadas de mão e das metralhadoras pela primeira vez em conflitos de
larga escala, que junto ao emprego da artilharia levaram ao surgimento da mais destacada
característica do combate nesse período: o advento das trincheiras, extensos caminhos
cavados no chão utilizados para a proteção contras os fogos inimigos.

As trincheiras eram desenvolvidas para servirem de abrigo durante longos períodos de


tempo, e assim foi feita na guerra na maior parte do fronte, baseada no avanço lento, na
construção de trincheiras e na defesa da posição. Na Segunda Guerra houve a ampla utilização
e melhoria dos blindados, junto a criação de unidades de infantaria mecanizada e blindada,
contando com o transporte motorizado das tropas, também nessa época foi criada a infantaria
paraquedista.

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Nos dias atuais, observa-se o emprego maciço de tecnologia de ponta nos campos de
batalha, especificamente no atual conflito entre Rússia e Ucrânia. Nesse contexto, os
combatentes de infantaria são amparados por uma gama muito maior de equipamentos, tanto
para a defesa como para o ataque, a exemplo do BTR-4, blindado sobre rodas utilizado pela
infantaria ucraniana, com blindagem capaz de desviar disparos de calibre .30, equipado com
um canhão automático .30, apoiado por metralhadoras calibre 762 , laça granadas e tubos para
o lançamento de mísseis antitanque, podendo alcançar a velocidade máxima de 110Km/h em
estrada. Além disso, destaca-se principalmente a utilização em larga escala de drones por
ambos os lados, Rússia e Ucrânia. Desde pequenos drones kamikazes carregados na mochila
dos soldados de infantaria até grandes VANT’s, com capacidade para destruir blindados,
operados pela artilharia.

2.2. Análise do emprego da infantaria no conflito Rússia Ucrânia

A infantaria desempenha um papel vital em conflitos e operações militares por


diversas razões: A infantaria é essencial para ocupar e controlar territórios. Soldados a pé
podem ocupar posições estratégicas, defender áreas-chave e estabelecer uma presença
duradoura em áreas disputadas. Além disso, é altamente versátil, capaz de operar em uma
variedade de terrenos e ambientes. Eles podem se adaptar rapidamente a situações em
constante mudança e executar diversas missões, desde combate direto até patrulhas e
operações de contrainsurgência.

A infantaria é especialmente eficaz no combate de curta distância, onde a precisão e a


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mobilidade são cruciais. Eles podem se mover rapidamente, tomar posições vantajosas e
combater o inimigo de maneira eficaz. Em conflitos assimétricos e operações de paz, a
infantaria é a face visível das forças armadas. Eles interagem diretamente com a população
civil, estabelecendo relações de confiança e realizando ações humanitárias. Dessa forma,
também é essencial para executar manobras táticas e operacionais. Eles podem avançar,
recuar, flanquear e cercar o inimigo, influenciando diretamente o desfecho das batalhas.

Em resumo, a infantaria é crucial por sua capacidade de ocupar territórios, adaptar-se


a diversas situações, combater de perto, interagir com a população civil, manobrar taticamente
e defender posições estratégicas. Ela desempenha um papel fundamental em uma ampla gama
de operações militares, desde conflitos convencionais até operações de paz e segurança.

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2.2.1. Os Impactos das novas tecnologias na guerra

O conflito entre Rússia e Ucrânia embora grande parte da batalha tenha


ocorrido nos campos de batalha, também ocorreu uma guerra de tecnologias, desde
ataques cibernéticos e desinformação, ao impacto econômico no cenário tecnológico
global. ‘’A Ucrânia está se tornando um trágico laboratório de guerra e as lições
aprendidas servem como informação para o futuro’’, afirma o Ministro da Defesa do
Reino Unido, Bem Wallace. O impacto no cenário mundial está se tornando tão
grande, que muitos acreditam que esta seja a primeira guerra cibernética do século
XXI.

O uso de drones marca o poder que se pode ter em algo pilotado


remotamente, o primeiro-ministro ucraniano Shmyhal disse que o governo ucraniano
alocou cerca de US$ 1 bilhão este ano para investir em fabricantes ucranianos de
UAV. Os drones de vigilância e ataque têm desempenhado um papel fundamental
para ambos os lados no conflito Ucrânia-Rússia, ajudando a apontar armas inimigas,
rastrear movimentos de tropas e remover armaduras.
Por outro lado, a infantaria redobra suas atenções para tentar se defender

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dos drones, a exemplo do armamento ucraniano KVS G-6, com a capacidade de
interferir em drones há até 3 quilômetros, e o EDM4S podendo interferir em drones a
até 5 quilômetros de distância. O uso desses armamentos se faz especialmente
eficiente por conseguir interceptar drones que muitas vezes as armas convencionais
não conseguem e sobretudo por permitir muitas vezes a captura de drones
funcionais ou até mesmo contendo informações valiosas.
Os ciberataques estão desempenhando enorme papel nos ataques à internet
inimiga, com o primeiro ataque vindo do lado da Rússia horas antes do início do
conflito físico por meio de ataques de serviço (DDoS) e uma arma cibernética
composta por um malware, que interrompe a conectividade de internet e congela
centros de comando e controle da Ucrânia.
A enorme facilidade em acessar a internet fez com que o conflito se
espalhasse pelas redes sociais, facilitando a localização de grupos. Esse
desenfreado acesso fez com que a Rússia colocasse em prática seu sistema de
vigilância russo conhecido como SORM, que monitora os dados dos usuários. A
constante guerra eletrônica está presente no conflito, e é usada para interromper
sistemas de radar, comunicações e componentes eletrônicos.
Diante disso, a corrida tecnológica presente no conflito torna a batalha
extremamente complexa para a tropa de infantaria, que constantemente está
precisado evoluir e se moldar de acordo com cada nova tecnologia que surge no
campo de batalha.

2.3. Armamento

2.3.1. De volta as trincheiras

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Com o aproximar das ofensivas russas, um soldado da 79 brigada de
assalto aéreo da Ucrânia, Boghdan, avistou os inimigos cavando tocas de defesa
“Cavar é o que há para fazer nessa faixa desolada de terra ressequida no leste
ucraniano para evitar a morte”, porém Boghdan deseja a morte dos russos, então o
soldado resolveu subir os sacos de areia que protegiam sua trincheira e decidiu
atirar contra a ofensiva russa, Dando início a um tiroteio que atrasou o avanço das
escavações russas. Assim é a vida onde os militares chamam de posição-zero ( o
ponto mais a frente no campo de batalha, com apenas 300 metros de distância do
inimigo), cercados por lama e estrume nas covas congeladas que servem de leito
para um barro pastoso podendo ser morto a qualquer momento pela artilharia russa
utilizando das novas tecnologias como drones vigilantes, veículos aéreos não
tripulados e quadricopteros adaptados que soltam explosivos nas trincheiras

ucranianas.
O contra-ataque por parte da Ucrânia neste bolsão no front próximo a cidade
de Marinka vem repelindo todas as ofensivas russas nesta guerra a um ano o The
New York Times conseguiu contato com os soldados da 79 Brigada tento acesso às
informações russas “a mais de um ano tentamos romper as linhas ucranianas,
estamos revisando as táticas e realizando pequenos grupos de assalto para
perfurar as defesas ucranianas em novos pontos de exploração”, de acordo com o
manual russo capturado. O manual detalha como funciona estes assaltos
compostos por 12 a 15 russos, sendo apelidados de “carne” pelos ucranianos
devido a alta taxa de mortalidade desses grupos.
Tratando de uma tática de guerra bem conhecida pelos milhões de soldados
que se entrincheiraram a mais de um século durante a 1 guerra mundial “unidades
de infantaria desaparecem no caldeirão de fogo como punhados de palha”, as
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trincheiras sao construídas com curvas para conter explosões caso um morteiro ou
uma granada exploda dentro. Redes cobertas com galhos sao construídas na parte
de cima para ocultar seus contornos com postos de vigilância instalados no
percurso ocupado por elas. Nas trincheiras, os soldados sabem que os russos vão
continuar avançando e dizem estar prontos para o “Dia D”
Com isso, observa-se que a atual dinâmica que a guerra da Ucrânia vai
levando lembra cada vez mais os acontecimentos da primeira guerra mundial,
analistas se referem ao que, no jargão militar, é conhecido como guerra da
exaustão e que também tem os nomes de guerra de oposições e guerra do
desgate, pois ao contrário da guerra de movimento a guerra das trincheiras ocorrem
num local fixo no qual o front permanece o mesmo durante longos períodos levando
os soldados a exaustão e consequentemente ao colapso mental

Legião Internacional Ucraniana

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia as nações de todo o mundo, de


forma generalizada, repudiaram o acontecido e as decisões do presidente russo,
grande parte delas declarando apoio à causa ucraniana. Logo a OTAN decidiu
apoiar de forma ativa a Ucrânia, com o objetivo de intermediar a paz entre os
países, enviando bilhões de dólares em equipamentos militares, armamentos e
apoio médico diretamente ao território ucraniano. Porém os países da organização
ainda relutavam quanto ao envio de efetivo humano para os campos de batalha,
pelo risco de iniciar uma guerra convencional com a Rússia. Com o desenrolar do
conflito ficou evidente a disparidade de efetivo entre Rússia e Ucrânia, o então
presidente ucraniano Volodymyr Zelensky enxergando a necessidade de reforço
externo, resolveu criar a Legião Internacional Ucraniana com o objetivo de recrutar
voluntários estrangeiros com prévia experiência militar para defender o território ao
lado do exército ucraniano.

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Apenas duas semanas depois do presidente ucraniano ter anunciado a
criação da Legião Internacional a Ucrânia anunciou que mais de 20.000 voluntários
estrangeiros de mais de 52 países diferentes haviam se apresentado para servir a
causa ucraniana. Muitos brasileiros, também se voluntariaram para lutar nessa
guerra e estão atuando principalmente na linha de frente, destacados nos escalões
de infantaria. Os estrangeiros em geral são comumente enviados para a linha de
frente para compor o efetivo da infantaria, assim como, também atuam em mais
missões, ou seja, frequentemente usados como “bucha de canhão”. Um dos
brasileiros que participou ativamente nos conflitos é o ex fuzileiro naval e instrutor
de tiro João Bercle, de 34 anos. Ele relata em podcast a sua experiência no campo
de batalha e a dura realidade da guerra, explicando a dinâmica das batalhas no
fronte. “Bombardeio, contato com tropa, quando parava o bombardeio contato com
tropa, eles mandavam drone em cima da gente, soltavam granada, ou morteiro”,
fala o combatente se referindo ao combate contra os russos. João Bercle ainda
comenta sobre a diferença entre as trincheiras russas e ucranianas, relatando que
as trincheiras ucranianas eram em sua maioria muito simples, oferecendo apenas a
proteção mínima necessária para curtos períodos de tempo, enquanto os russos
desenvolveram trincheiras muito mais bem elaboradas, algumas dela com até três
andares e capacidade de abrigar o pessoal por meses.

Grupo Wagner

Com a dificuldade de realizar ataques diretos à Ucrânia, a Rússia utilizou de

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uma frente irregular para atingir o país adversário, o grupo Wagner, que registrou-
se como uma “empresa militar privada” em 2022. Essa equipe era liderada pelo
Yevgeny Prigozhin, empresário famoso que possuía uma empresa de catering
(serviço de alimentação em eventos), a Concord, empresa essa que foi contratada
para fornecer comida ao Kremlin, o que lhe valeu o apelido de "chef de Putin". As
empresas ligadas a Prigozhin também ganharam contratos estatais para fornecer
comida a escolas militares e estatais. O primeiro comandante de campo do grupo
Wagner acredita-se que foi Dmitry Utkin, um ex-oficial das forças especiais russas,
ele disse que o grupo recebeu o nome de seu indicativo de rádio, porém não é
certeza, já que outras fontes informam que o nome foi derivado do nome de guerra
do comandante. A maioria dos mercenários do grupo veio inicialmente dos
regimentos de elite e das forças especiais da Rússia, e estimava-se que o grupo

chegasse a cerca de 5.000. No entanto, em 2022, Prigozhin recrutou prisioneiros de


prisões russas para lutar por Wagner na Ucrânia, em troca de indultos. Em junho,
ele disse que havia 25 mil combatentes do Wagner. O grupo também opera na
Síria, no Mali, na República Centro-Africana, no Sudão e na Líbia.
De acordo com pesquisadores, o uso de mercenários permite que
Moscou negue a participação e se distancie de operações controversas ao redor do
mundo. É a chamada "negação plausível", que sempre representou um trunfo no
arsenal de relações internacionais da Rússia. Acredita-se que os mercenários do
Grupo Wagner tenham estado envolvidos numa série de ataques de "bandeira
falsa" (ações políticas ou militares destinadas a atribuir o que aconteceu a um
oponente) no leste da Ucrânia. A missão principal é dar à Rússia uma desculpa
para atacar.
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extrema importância tanto para o combate, quanto para o moral do militar, e na coordenação e
controle com os novos meios eletrônicos empregados, os quais são primordiais para o
cumprimento da missão, já que uma tropa que consegue se comunicar e localizar o inimigo
com maior facilidade tende a atingir seu objetivo de forma mais segura e propícia.

Figura 13 – Militares em combate urbano

Fonte: armyupress.army.mil

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3. CONCLUSÃO

Após quase dois anos de intenso conflito armado entre Rússia e Ucrânia é possível
analisar diversos aspetos interessantes da guerra contemporânea, além de aprender
com as diversas ramificações da situação. Por um lado, os combates travados ao longo
dos últimos anos trouxeram as vistas do grande público um serie de novidades para o
campo de batalha, novas tecnologias foram apresentadas, como a ampla utilização de
drones de todo o tipo, a guerra eletrônica se mostrou excepcionalmente relevante e o
desenvolvimento de novas táticas de guerra substituiu algumas antigas já não mais
apropriadas no presente . Por outro lado, mais uma vez foi mostrado a eficiência de
tradicionais técnicas e estratégias militares, inclusive uma das grandes surpresas do
conflito foi a volta do combate em trincheiras e o clássico embate de infantaria presente
na Primeira Guerra mundial .
Dessa forma, observa-se então que o conflito não acabará em breve, apesar te todas as
tentativas e propostas de acordos de paz intermediadas pela ONU, ainda há existem
discordâncias fundamentais de interesse entre Rússia e Ucrânia que impedem o fim da
guerra. Inclusive, as tensões se mostram cada vez mais alarmantes, de forma que existe
o risco iminente da escalada do conflito, seja pelo uso de armas nucleares, seja pela
entrada de novos países na guerra, o quê provavelmente escalaria à uma terceira guerra
mundial.
Portanto , resta aos países que não estão envolvidos com o conflito, observar e
aprender, implementando em seu exército as novas tecnologias que se mostraram
eficientes e adaptando o que já não é mais tão efetivo. Sobretudo, as mudanças
observadas na infantaria, arma foco desse trabalho de pesquisa, que tem sido
extremamente presente em todos os momentos da guerra, assim como sempre foi e por
um longo período de tempo continuará sendo.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BBC BRASIL. Rússia invade Ucrânia:10 questões para entender a crise.


2022. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-
60462510. Acesso em: 29 ago. 2023.

ANDREW E. KRAMER. Mambembes, baratos e letais: drones kamikazes


são indispensáveis para a Ucrânia: na luta contra a mais pesada artilharia

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russa, as forças ucranianas recorrem a drones comerciais adaptados para
carregarem explosivos. 2023. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2023/05/mambembes-
baratos-e-letais-drones-kamikazes-sao-indispensaveis-para-a-
ucrania.ghtml. Acesso em: 27 ago. 2023.

AORE RECIFE. Infantaria: a infantaria com seus combatentes. A


infantaria com seus combatentes. 2009. Disponível em:
http://www.exalunoscporrecife.org.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=46&Itemid=53. Acesso em: 27 ago.
2023.

HARVARD UNIVERSITY. The Latest in a Long Line: Ukraine's


International Legion and a History of Foreign Fighters. Disponível em:
https://hir.harvard.edu/the-latest-in-a-long-line-ukraines-international-
legion-and-a-history-of-foreign-fighters/amp/. Acesso em: 26 ago. 2023.

AMÉRICO MARTINS. CNN. Soldados brasileiros na guerra da Ucrânia


dizem à CNN que lutam pela liberdade. 2023. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/soldados-brasileiros-na-guerra-
da-ucrania-dizem-a-cnn-que-lutam-pela-liberdade/. Acesso em: 27 ago.
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ADAMS, Paul. Ucrânia virou 'trágico laboratório' para tecnologia de


guerra, diz ministro britânico. 2023. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cl5evd89nqwo.amp. Acesso em:
28 ago. 2023.

MICK KREVER. Como tecnologia está ajudando a Ucrânia a resistir ao


avanço russo. 2023. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/como-tecnologia-esta-
ajudando-a-ucrania-a-resistir-ao-avanco-russo/. Acesso em: 29 ago. 2023.

SVITLANA VLASOVA. Ucrânia está investindo US$ 1 bilhão em tecnologia


de drones para guerra, diz primeiro-ministro. Disponível em:
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/ucrania-esta-investindo-us-1-
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JASON MCGEE-ABE. Tech Informed. One year on: 10 technologies used in


the war in Ukraine. 2023. Disponível em: https://techinformed.com/one-
year-on-10-technologies-used-in-the-war-in-ukraine/. Acesso em: 27 ago.
2023.

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