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O Fidalgo

As personagens encontram-se no Cais e o Fidalgo pergunta ao Diabo para


onde vai a barca, afirmando este que é para a “ilha perdida”, ou seja, o
Inferno.

O Fidalgo é recebido de forma ironicamente servil, mostrando-lhe o Diabo


que o seu estatuto social de nada lhe serve, estando ele “em feição” para ir
para o Inferno pelos pecados cometidos. O Fidalgo considera não ser aquela a
sua barca porque deixou em terra quem rezasse por si. O Diabo argumenta que
o seu lugar é ali, devido à vida de “prazer” que levou.

Através do Fidalgo, criticam-se os nobres que, vaidosos, mostram sinais de


ostentação e luxo, e que julgam que o dinheiro os absolve de todos os
pecados.

Gil Vicente revela, no Auto da Barca do Inferno, um tom crítico perante a sociedade do
seu tempo. De modo a fazer passar a sua mensagem, este autor usa, de forma
magistral, o humor.
O humor existe desde que existe humanidade e, desde sempre, o ser humano
utilizou o humor para se poder pronunciar, de forma mais graciosa, sobre as situações
ou pessoas com que se depara no quotidiano. De modo a poder comunicar a sua
opinião mais eficazmente, o autor introduz um lado cómico no seu discurso,
despertando o riso. O humor ajuda a transmitir uma ideia, não só pela razão mas
também pela emoção.
Atualmente, há muitos cartoonistas, comediantes e comentadores que dão a sua
opinião associando-a a um lado cómico, o que faz com que a ideia fique mais marcada
na mente dos leitores, ouvintes ou espectadores. Claro que, para isso, é importante
que o humor seja inteligente e criativo.
Assim, o humor é utilizado, frequentemente, para transmitir uma ideia ou corrigir
alguém de uma forma mais hábil. Neste sentido, para além do sarcasmo, mais direto e
agressivo, pode ser utilizada a ironia, que resulta numa crítica mais subtil.
Associa-se a Gil Vicente a máxima latina “Ridendo castigat mores.”. De facto, o
dramaturgo critica os vícios e comportamentos dos seus contemporâneos em textos
que seriam representados no Paço, algo que só foi bem aceite e aplaudido, porque a
crítica mordaz, feita através da utilização inteligente do humor, acaba por suavizar o
tom crítico presente nas suas obras.

Exemplo de resposta:

A estância apresentada integra a primeira parte d’Os Lusíadas, a Proposição.


Nesta parte, o narrador propõe-se cantar o heroísmo e a “fama das vitórias”
alcançadas pelos Portugueses, imortalizando, assim, “o peito ilustre Lusitano”.
Desta forma, o herói exaltado não será um português em particular, mas sim
todo o povo, ou seja, um herói coletivo, que se notabiliza pelas suas ações ao
longo da História, ao contrário das epopeias clássicas que enalteciam heróis
individuais como Ulisses ou Eneias. Os últimos quatro versos contribuem para
a glorificação e mitificação do herói, uma vez que o narrador sublinha a
valentia dos Portugueses, a quem até os deuses obedeceram. Assim, o “valor
mais alto” dos Lusitanos ofuscará aquele alcançado pelos heróis clássicos.

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