Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abordagem Socio-Económica
das Organizaqóes
cia dos actores a partir de estratégias relati- entreprises et les organisations, Paris, Dunod, 1975
(com prefácio de Jacques Delors) teve uma 2: edição
vamente divergentes, convergência essa de com um título significativamentediferente: Enrichir /e
travail humain: I’évaluation économique, Paris, Dunot,
(*) Professor Auxiliar no ISCTE. 1978.
459
Lyon-2, criou em 1976 e dirige-o desde então Após esta apresentação do sentido geral e
o ISEOR-dnstitut de Socio-Economie des evolução da abordagem socio-económica,
Entreprises et des Organisations)).O ISEOR tratar-se-á sucessivamente da sua fundamen-
é um centro de investigação experimental em tação teórica ou hipótese de base, dos seus
gestão, associado a Universidade de Lyon-2 conceitos fundamentais e da ligação entre os
e a &cole Supérieure de Commerce de aspectos conceptuais e metodológicos.
Lyon)),sendo também uma ((UnidadeAsso-
ciada)) ao CNRS ( d e n t r e National de
Recherche Scientifique))). 2. A HIPÓTESE TEÓRICA DE BASE E OS CON-
A abordagem socio-económica tem vindo CEITOS FUNDAMENTAIS
a ser validada através da investigação experi-
mental ligada a transformações concretas de 2.1. A hipótese teórica que a abordagem
organização em dezenas de empresas e outros socio-económica procura validar através de
organismos em diferentes regiões da França experimentações nas empresas e organizações
e nos mais variados ramos de actividade pode sintetizar-se nos termos seguintes:
como, por exemplo, fabricação de electrodo- 1) A organização produtiva é um conjunto
mésticos, metalurgia, electrónica, indústria de estruturas (físicas, tecnológicas, organiza-
química, vidreira, construção civil, calçado, cionais, demográficas, mentais ou culturais)
textil, confecções, bancos, estabelecimentos e de comportamentos (individuais e colecti-
hospitalares e outros serviços públicos. vos) em inter-acção permanente:
A abordagem socio-económicadas organi-
zações\ não se confina a análise socio-
-económica, é também uma abordagem de
intervenção nas organizações e de implanta- 2) Desta inter-acção resulta quer um fun-
ção da gestão e estratégia socio-económicas. cionamento conforme ao esperado e desejado
A sua evolução corresponde, de certo modo, quer disfuncionamentos, isto é, desvios entre
a estes três níveis: aos primeiros trabalhos do o funcionamento observado e o funciona-
ISEOR de análise ou avaliação socio-econó- mento desejado:
mica das condições e organização do traba-
[E 5, C] -t Disf.
lho, sucede uma metodologia de diagnóstico
socio-económico que se integra num processo 3) Os disfuncionamentosprovocam custos
de intervenção socio-económica, aperfei-
ditos «ocultos» (C.O.)porque não são apura-
çoando progressivamentenão só instrumen-
dos ou referenciados adequada ou explicita-
tos de gestão socio-económica como a mente (portanto não controlados) pelos
própria metodologia da sua implantação (”. instrumentos de informação económica uti-
( 2 ) É interessante verificar que esta evolução se
lizados normalmente nas organizações (con-
exprime também nos livros publicados por H. Savall: tabilidade geral e analítica, orçamentos,
ao referido atrás, sucede-se Reconstruire I’entreprise - balanços e contas de resultados, ((quadros de
nafyse socio-économique des conditions de travail, bordo))):
Paris, Dunod, 1979 (com prefácio de François Perroux),
publicando a seguir em co-autoria com Véronique Zar- [E 5, C] -t Disf. -t C.0.
det, Maitriser les coUts cachés - le contrat d’activité
périodiquement négociable, Paris, Ed.Economia, 1987. 4) Estes custos ocultos afectam negativa-
Como conjunto de sínteses de aspectos actuais da
mente a eficácia e eficiência, ou aperfor-
abordagem socio-económica, sugere-se o interessante
«Dossier - L‘approche socio-économique de l’entre- mance)), económica da organização, o que
prise)), Revue Française de Gestion, no 52, 1985, pp. por sua vez se repercute sobre o binómio
45-83. estruturas tf comportamentos induzindo
460
novos disfuncionamentos. Deve desde j á QUADRO 1
dizer-se que as reduções de custos dos disfun- Custos do Absentismo (antes de melhorias nas
cionamentos, tendo uma influência positiva condições/organização do trabalho)
sobre o referido binómio de inter-acção, são Pmd. de Cabos Cadeia Montagem
fonte de ((performances))- aos custos ocul- Custos Anuais Trefilaria «Atelier de (Apar. Ele
Cablerim Imdomésücosl
tos correspondem, em certa medida, reservas
económicas e humanas não utilizadas, Custo Global 6 182 W F 480 W F 910 o00 F
podendo-se assim falar de ((custos-aperfor-
Efectivo 96 32 70
mantem-ocultos)).
O esquema seguinte sintetiza esta formu- Custo por Pessoa 64 o00 F I5 WF 10WF
lação:
&tio»
[Estruturas 2 Comportamentos]-+Disfuncionamentos Custo do Absentismo 19% 14,5% 11,1%
1 Orç. Secção
((Performancm +Custos/«performances»
Económica «Ratio»
Custo do A bsenlismo 40% 37% 30%
Massa Salhios Secção
Segundo H.Saval1, «a avaliação da perfor- ~
461
QUADRO 2. como veremos mais a frente ao tratarmos dos
Componentes dos custos ocultos aspectos metodológicos da abordagem socio-
(exemplo do absentismo) -económica.
As inter-acções entre as estruturas e os
Componentes dos
custos Ocultos comportamentos são complexas e não se
comuns aos indi Descrição Detalhada dos Custos Ocultos
cadores de
caracterizam nem pela predominância de
disfuncionamento umas nem de outras. Esta complexidade
relaciona-se com o carácter múltiplo das
c(Sobre Salários)) Pagamento do ausente (em certos casos)
* Custo Salarial de Sobre-efectivoquase permanente estruturas e dos comportamentosassim como
* Saláriodo substituto(um ((efectivo))ou um «eventual») as inter-relações dentro de cada uma destas
0 Salário para horas suplementares de compensação componentes e entre elas.
Tempos * Sobrecarga de Chefia (procura do modo de regulaçâo Na abordagem socio-económica, o con-
de adequado, transmissão de ordens), desvio do papel da ceito de estrutura é um conceito alargado.
Regulação chefia (outras tarefas não assumidas + baixa da qua- Devemos considerar nas estruturas as suas
lidade e/ou produtividade)
* Controlos Suplementares propriedades de estabilidade e de pregnância
Mais efectivos para certos postos sem titular sobre os comportamentos e ainda o facto de
0 Sobrecarga dos polivalentes as estruturas se diferenciarem em vários tipos.
* Excesso de apelos ao serviço de conservação As estruturas são os elementos da organi-
0 Paragem de equipamento por falta de substituto
462
turas: por exemplo, a maneira como as tare- dológica na abordagem socio-económica: a
fas são distribuídas (divisão do trabalho) é melhoria da eficácia e eficiência ({(perfor-
influenciada por modelos estereotipados de mance») das organizações só é eficaz se se
organização (factores culturais). Do mesmo basear sobre acções dirigidas simultânea-
modo, as fronteiras entre as estruturas e os mente sobre as estruturas e sobre os compor-
comportamentostambém não são rígidas. Os tamentos: as acções que priviiigiarem um dos
comportamentos são manifestações observá- termos da inter-acção não terão um efeito
veis do homem, que tem incidência sobre o duradouro.
seu meio envolvente físico e social. Ora, tam- A importância desta conclusão metodoló-
bém existem diferenciações entre os compor- gica torna-se ainda mais saliente se olharmos
tamentos: comportamentos pessoais ou para o lugar central que os disfuncionamen-
comportamentos de grupo, comportamentos tos têm na abordagem socio-económica e o
profissionais e relacionados com os níveis de papel que nesta é desempenhado pela análise
qualificação ou de hierarquia, comportamen- dos disfuncionamentos, que põe a claro «OS
tos colectivos de organização como um todo. custos ‘performances’ocultos». O conceito
O que torna maleáveis ou esbatidas as fron- de disfuncionamento - definido como des-
teiras entre as estruturas e os comporta- vio entre o funcionamentoobservado e o fun-
mentos é o facto de estes últimos poderem cionamento desejado - contém implicita-
revestir-se de uma dupla característica: a sua mente uma referência de finalização múltipla:
conjunturalidade ou a sua estabilidadee per- o funcionamento é desejado de maneiras e em
sistência. graus muito diversos segundo a muitiplici-
Efectivamente, os comportamentos ligados dade dos actores implicados. Não se pode
a acontecimentos de carácter incerto ou alea- definir uma norma única para toda a organi-
tório na vida organizacional são, por isso zação. Mas na medida em que a ((análisedis-
mesmo, instáveis ou conjunturais. Mas há funcional» põe a claro os domínios de
outros cuja estabilidade e persistência os disfuncionamentos, os seus custos e a sua
torna verdadeiras estruturas mentais ou cul- relação com os níveis de desempenho que
turais com um forte poder de influência sobre poderiam ter-se atingido, ela torna saliente o
outros comportamentos: tornaram-se já em que está em jogo económica e socialmenteno
((estruturas)).Há uma dinâmica diacrónica na funcionamento da organização. A análise dis-
transformação de certos comportamentosem funcional abre assim caminho a umapartici-
estruturas: é por, em certa medida, as perpe- pação activa e objectiva, porque centrada
tuarem que alguns comportamentos indivi- sobre campos de discussão concretos e perti-
duais ou colectivos adquirirem progressiva- nentes. Pela transparência das informações
mente as propriedades fundamentais das que ela fornece a todos os implicados, a aná-
estruturas-estabilidadee pregnância: exemplo lise disfuncional pode desencadear um pro-
disto, são certas práticas informais que se tor- cesso de dinamização dos comportamentos e
nam regras. Mas não é só por se ((perpetua- das suas inter-acções com as estruturas.
rem» que os comportamentos transformam Com efeito, na metodologia de intervenção
o outro polo do binómio - as estruturas. socio-económica, as informações sobre as
Há-os cuja influência sobre as estruturas é causas e as consequências dos disfunciona-
mais directa: são as decisões, nomeadamente mentos servem de base a elaboração das solu-
as decisões operacionais, administrativas ou ções de melhoria de funcionamento. Estas
de gestão estratégica. soluções, elaboradas de forma coerente,
É desta complexidade das inter-acções constituem projectos de acção que visam
entre as estruturas e os comportamentos que melhorar progressivamente a eficácia socio-
decorre uma importante consequência meto- -económica ou global da organização, e esses
463
projectos tendem a incluir ((contratosde acti- sumida e consolidada pelos actores numa
vidade periodicamente negociáveis». Os pro- maturação que tende a exigir um tempo longo
jectos de acção conduzem a um novo de aprendizagem, sem com isso criar frusta-
funcionamento da organização na medida em ções por falta de marcos temporais (prazos e
que as soluções se consolidam num processo objectivos) ou por sentimentos/percepções de
sistematizado de gestão socio-económica. E exclusão, embora provisória. Assim,
nesta sistematização, as informações articu- enquanto de 1978 a 1983, o ISEOR seguia
ladas com as decisões desempenham um uma estratégia de ((alastramentoem mancha
papel central de dinamização de comporta- de óleo», a partir de 1983 começou a utilizar
mentos activos e orientados por finalidades uma estratégia ao mesmo tempo vertical e
(ou «finalizados»). horizontal. Isto é, até 1983 o processo de inter-
Apresentam-se seguidamente, em síntese, venção é um processo ascendente-descenden-
os principais aspectos da metodologia da te e iteractivo: após a negociação com a direc-
abordagem socio-económica. ção relativa a clarificação dos objectivos e
Na evolução e aprofundamento desta abor- metodologia do processo, exigências de impli-
dagem a sua característica (que inicialmente cação activa e decisão sobre o ou os sectores
aparecia dominante) de análise foi sendo pro- onde iniciá-lo, segue-se o processo de recolha
gressivamente integrada no que hoje se con- de problemas, disfuncionamentos e ideias de
sidera um método de inovação organizacional solução, apresentadas pelo pessoal executante
visando criar «um processo de dinamização e pelas chefias intermédias, para posterior-
e),
global da empresa» processo esse que tam- mente serem tratadas com o enquadramento
bém se caracteriza por uma implicação dos superior; este processo de tipo ascendente uti-
vários actores não excluindo nenhum nível da lizado no diagnóstico socio-económico (que
organização (desde o pessoal executante ao implica também entrevistas com quadros diri-
pessoal dirigente). A abordagem socio- gentes e com orgãos representativos dos tra-
-económica implica, assim, um processo de balhadores) é articulado em termos
intervenção com fases de diagnóstico, elabo- descendentescom a Direcção ou Administra-
ração do projecto, implantação, avaliação, ção e com os quadros superiores, implicando-
que se verificam nos três estádios do processo -os nas entrevistas, na apresentação dos
de transformação: experimentação, extensão resultados do diagnóstico, no controle ou
e generalização. «balisamento>> da eleboração do projecto, na
Como processo de intervenção, a aborda- decisão referente a sua aceitação e atribuição
gem socio-económica tem evoluido na estra- de meios necessários, e ainda na pilotagem da
tégia adoptada, de modo a evitar por um lado implantação do projecto reorganizador.
aquilo a que, na abordagem socio-técnica de Todavia, o campo de incidência da impli-
mudança organizacional se designa frequen- cação dos actores deste nível directivo é cons-
temente por ((enquistamento))(uma transfor- tituido pelos disfuncionarnentos e busca de
mação num sector restrito sem repercussões soluções referenciados as unidades de base.
significativas noutras áreas da organização) A percepção de que essa implicação também
e, por outro, aquilo que tem sido sempre um tem a ver com a problemática específica desse
problema central dos processos de mudança nível tende a aparecer só mais tarde, no pro-
organizacional inspirados na ((investigação- cesso de alastramento. Uma orientação do
-acção»: como conseguir que a mudança processo em termos de estratégia de gestão
resolutiva dos problemas seja realizada, as- logo desde o estádio de experimentaçãopode
vir a estar assim ausente, prejudicando a con-
( 6 ) H. Savail e V. Zardet, Maftriser les co& cachés, solidação e o aprofundamento das melhorias
obra referida, p.187. de funcionamento socio-económico.
464
Por esta razão, a partir de 1983, a metodo- acções de formação dos quadros e facultan-
logia de intervenção passou a ser simultanea- do-lhes instrumentos de análise (por exemplo,
mente de acção horizontal e acção vertical preparando-os para realizarem o diagnóstico
(processo ((Horivert)),designação usada pelo socio-económico) capacita-se a empresa para
ISEOR): a acção horizontal implica a Direc- uma maior autonomia em relação aos ((inter-
ção e os quadros da organização no seu con- ventares)) externos assumir o processo de
junto e a acção vertical desenvolver-se-a em transformação. Deste modo também, conse-
uma ou duas unidades (ou «micro-espaços))) gue-se uma ((difusão mais rápida da cultura
implicando o pessoal executante, de chefia e socio-económica))(*I.
directivo dessas unidades. Enquanto antes, No diagnóstico socio-económico, o que
esta horizontalidade só se verificava na fase principalmente se pretende é explicitar a liga-
de generalização, ela está agora presente logo ção entre os disfuncionamentos e os ((custos
desde a fase de. experimentação. ocultos))através da análise das regulações e
Com esta simultaneidade, articula-se o tra- da quantificação e a avaliação financeira por
tamento dos disfuncionamentosdas unidades indicadores de disfuncionamento. Entre os já
de base com os disfuncionamentosmais liga- referidos cinco indicadores de disfunciona-
dos a problemática e orientação estratégica da mentos, a abordagem socio-económica está
organização, como se pode ver esquematica- a dar um relevo cada vez maior ao indicador
mente na figura I (‘1. qualidade (custos da não-qualidade).
Outra consequência importante desta De facto, a diversificação dos produtos e as
actuação horizontal/vertical é que ela favo- exigências cada vez maiores de resposta as
rece uma desmultiplicação da intervenção especificações pedidas pelos clientes fazem
interna a empresa. Com efeito, através de com que se produza cada vez mais em séries
Dliscçáo
O
-
r”rCcr0
Horizontal
Equipa de dirocçiro
O O
Quedros
SUpOriOfOS
I Chefes lntwmédlos
I e Técnicos
I
------
I
/
.,
1 wwlço ou
1 Oflclna ou
1 Ag&ncla
465
curtas e diferentes. A flexibilidade do pro- socio-económica de que apresentamos um
cesso produtivo em termos técnicos e organi- exemplo no quadro 3.
zativos e a rapidez de resposta ao mercado A fase de projecto tem como ponto de par-
exigem, assim, a qualidade em critério pri- tida o diagnóstico socio-económicocujo con-
mordial de eficácia. teúdo permite reflectir sobre os disfunciona-
As técnicas utilizadas na detecção dos dis- mentos postos em evidência, os seus custos,
funcionamentos são fundamentalmente e as pistas de solução colhidas quer nas entre-
entrevistas (abrangendo todos os grupos pro- vistas quer na observação. Essa reflexão dá
fissionais), a análise documental, servindo-se origem a uma proposta/projecto de transfor-
do sistema de informação da empresa (pes- mação do funcionamento da unidade, trans-
soal, dados contabilísticos, de produção), a formação essa que - em coerência com a
observação directa, para conhecimento dos hipótese de base da abordagem socio-
disfuncionamentos não expressos e formas de -económica - se efectuará através de acções
regulação. que incidam simultaneamentesobre as estru-
A análise socio-económica utiliza três turas e os comportamentos.
módulos: módulo social, módulo organiza- A elaboração do projecto não inclui o pes-
cional e módulo financeiro (Método S.0.R). soal executante (embora se tenham em conta
No módulo social, faz-se uma análise as sugestões recolhidas na fase de diagnós-
baseada em dados de tipo qualitativo, obti- tico). É tarefa atribuida a um grupo de traba-
dos nas entrevistas, e em dados quantitativos, lho da hierarquia - grupo deprojecto -em
(por exemplo estatísticas de absentismo). que o chefe do projecto é o responsável da
Deste modo, obtêm-se pistas para a clarifica- unidade-objecto da «acção vertical)) atrás
ção das causas dos disfuncionamentos detec- referida.
tados; no módulo organizacional, a atenção O grupo de projecto é constituido por dois
incide na análise do funcionamento e das sub-grupos: o grupo restrito cuja missão é o
regulações exigidas pelos disfuncionamentos controle, a pilotagem e o apoio ao grupo
através de fichas de regulação de ausências; amplo ou pleno que tem por missão a procura
no módulo financeiro, procura-se avaliar os de soluções de melhoria de funcionamentoou
custos dos disfuncionamentos segundo as transformação da unidade e estuda as impli-
componentes dos custos ocultos. A metodo- cações dessas soluções noutras unidades da
logia foi sumariamente indicada a título de empresa.
exemplo no quadro 2. Os «investigadores-interventoresn (do
Neste tipo de análise, é indispensável con- ISEOR) tomam parte nas reuniões dos dois
seguir estimar o grau em que os custos ocul- grupos, prestando assistência metodológica
tos são compressíveis ou redutíveis. Por e pedagógica no sentido de se manter a liga-
exemplo, se num absentismo global de 22%, ção com a anterior fase de diagnóstico, pro-
o absentismo parcialmente redutível ou com- curando que os disfuncionamentos não
pressível através de acções de melhoria das deixem de ser o campo de referência de forma
condições e organização do trabalho for de a que o projecto vise reduzi-los efectivamente,
15,470 (correspondentes a doença, acidentes, em coerência com a melhoria da «perfor-
atrasos, dispensas, ausências sem motivo, mance)) social, segundo as suas componen-
greve) ir-se-a num período significativo de tes adiante referidas (fig. 2).
tempo e para o sector considerado analisar e Os quadros e as chefias desempenham
avaliar financeiramente as várias componen- nesta fase um papel central. Mas mantêm a
tes de custo, especialmente das regulações. ligação ao pessoal da unidade, informando-
Fazendo a análise segundo os vários indica- -o ou consultando-o, podendo até para ter-
dores, chega-se a uma síntese de avaliação tos aspectos constituir grupos de trabalho,
466
QUADRO 3
Síntese da avaliação socio-económica dos disfuncionamentos (9)
Rotação do pessoal Não avaliado * 10% de saídas no efectivo do serviço Não calculado
«canhão» em 1981
Os custos ligados aos indicadores de disfuncionamento da análise socio-económica, que puderam ser calculados financeira-
mente, representam 6 261 000 F, no período de um ano, ou seja mais de 100 O00 F, por operária e por ano.
mas no âmbito do projecto. Henri Savali põe muito circunscritos. ('O). Do grupo restrito
em relevo, a propósito e de forma crítica, a fazem parte os responsáveis hierárquicos do
diferença da abordagem socio-económicaem chefe do projecto e na maioria dos casos o
relação aos (circuitos de qualidade))introdu- Director de Pessoal. O grupo amplo inclui o
zidos em França em 1980, e que na maior chefe de projecto que é o responsável da uni-
parte dos casos se limitariam a problemas dade ou micro-espaço, os quadros dos vários
níveis da unidade e responsáveis de outros
467
sectores - funcionais ou operacionais - designados como componentes da ((perfor-
com os quais a unidade tenha uma maior mance» social.
inter-acção. O trabalho do grupo amplo
desenvolve-se em três etapas: na primeira, FIGURA 2 - AS COMPONENTES
SOCIAL
DA wPERFORMANCE.
completa-se e actualiza-se o diagnóstico; na
segunda, a tarefa é a procura de soluções para Organizaçáó
os disfuncionamentos, nomeadamente nos do trabalho
domínios relativos as componentes de aper-
formame» social que adiante se indicarão; na
terceira e última etapa, procura-se que as solu-
ções sejam coordenadas e constituam um
Implementaçáo-
estratégica
t
t \ >dicba
468
A avaliação dos resultados consiste, muito -por outras palavras, não é apenas uma des-
resumidamente, em comparar o funciona- crição quantificada do que se passou. Parte
mento a data do diagnóstico e o funciona- dos objectivos cuja formulação, por um lado,
mento actual. É constituida por uma análise deve ser deduzida de objectivos estratégicos
da adequaçãoformação-emprego,designada- integradores da área de responsabilidade em
mente: em que medida se preencheram as causa, e por outro deve operacionalizá-los
lacunas em competências e em especial as exi- através de indicadores que permitam ao qua-
gidas pela restruturação do trabalho; inclui dro ou gestor medir até que ponto está a sua
também uma síntese de entrevistas com o pes- unidade ou área de responsabilidade a cami-
soal dos vários níveis (executantese quadros) nhar no sentido desses objectivos. Os indica-
no sentido de conhecer a sua percepção e opi- dores do ((quadrode bordo)) são articulados
nião sobre efeitos positivos, limitações, ideias com objectivos correspondentes quer aos
de prosseguimento; por Último, a avaliação da cinco indicadores sócio-económicosquer as
redução dos custos ocultos: este é um ponto componentes da ((performancen social atrás
de referência essencial de todo o processo, de referidas e sintetizadas na figura 2. Num qua-
tal modo que tem repercussões sobre o «con- dro de bordo socio-económico utilizam-se,
trato de actividade periodicamente negociá- além de indicadores qualitativos e quantita-
vel)).Efectivamente, a análise e a redução dos tivos, indicadores financeiros, por exemplo,
disfuncionamentos abre um campo para a redução em X contos dos defeitos a, b, e c.
negociação e para a participação activa e sis- Sem esta operacionalização, este tipo de
tematizada (ou seja integrada num processo informação de gestão não terá o carácter
de gestão socio-económica) no funciona- «estimulante»de incentivo a tomadas de deci-
mento da organização. são oportunas nem será um contributo para
Os instrumentos de acção para uma efec- o estabelecimentodo «campo de negociação))
tiva implantação de uma gestão socio- em que os ((contratosde actividade periodi-
-económica são o ((contrato de actividade camente negociáveis)) ganhem sentido.
periodicamente negociável)) (CAPN) e o
«quadro de bordo socio-económico)).Não é
possível desenvolver os aspectos essenciais ABSTRACT
destes dois instrumentos. Apenas se indica
que o (contrato de actividade periodicamente THE SOCIALECONOMIC APPROACH OF THE
negociável))(CAPN) corresponde ao compro- ORGANISATIONS
misso formalizado entre os trabalhadores e os
seus superiores hierárquicos, sobre os objec- The ((social-economicalapproach)) of the
tivos a esperar respeitantes aos resultados ime- organisationsassumes that the social and eco-
diatos da acção e a criação de potencial e dos nomical goals of the entreprises and other
meios necessários a sua realização. Serve de non-profit organisations are compatible. In
incentivo ao empenhamento na transforma- fact, the «unfit» between the structures and
ção, podendo os resultados serem traduzidos the behaviours is the source of ((dysfunctio-
em contrapartidas salariais e outras. nings)) whose costs are not controlled (they
O ((quadro de bordo socio-económico))é are ahidden costs))) by the formal manage-
um instrumento para ajudar os quadros a ment information systems and are usually so
«pilotar» as respectivas áreas de responsabi- high that the economical performance of the
lidade. enterprise is weakened.
Como instrumento de pilotagem que é não The improving of the working life condi-
se limita a ser um simples quadro ou conjunto tions (working conditions, working organisa-
de quadros com indicadores quantitativos tion and work content) is the improving of the
469
social and economical performance of the BRIEFS, U. (1979) - The effects of computerizution
organisation, developing jointly the human on human work: new directionsfor computer use in
resources potential, the quality of products, the work-píuce, Paper, Second Conference of
Human Choice and Computers. Baden (Exemplar
and services, the productivity. datilografado da O.I.T.).
This approach was worked out and deve- BROWN, M. H., HOSKING, D. M . (1986) -
loped since 1976 by Henri Savall (Professor Distributed Leaderships and Skilled Performance
of Management Sciences at Lyon I1 Univer- as Successful Organization in Social Movements,
sity-France) throught action-research work of Human Relations, (39) 1: 65-79.
I.S.E.O.R., in many enterprises like metalurgy, CABRAL, M. V. (1983) - A economia subterrânea
vem ao de cima: estratégias rurais perante a indus-
electronics, glass industry, textile, hospitals trialização e a urbanização, Análise Social, (XIX),
and other public services. The I.S.E.O.R. is the 76: 199-234.
dnstitut of Socio-Economicsof Enterprises CABRAL, M. V. (1985) - Viagem a utopia operária,
and Organisations)) whose Director is Prof. Risco, 2: 15-32.
Henri Savall. CIBORRA, C. & MAGGIOLINI, i? (1978) - Infor-
matica e organizzazione: introduzione all’approcio
The methodology of implementing the sociologico. In Informatica e Organizzazione
((sacio-economical innovation)) in the orga- Milano, Angeli.
nisations consists of a process run in phases CIBORRA, C. (1982) - Lavoro e automazione d’uffi-
of diagnostic (including the evaluation of the cio: una prospettiva fenomenológica. In Uomini e
((hidden costsn), projecct, implementing of Computer Come, Maggio.
COELHO, E.P. (1982) - Os universos da crítica. Lis-
the project in terms of socio-economical
boa, Edições 70.
management, evaluation of the process. CROZIER, M. & FRIEDBERG, E., (1977) - L’acteur
In this article, an outline of social-econom- et te systeme. Paris, Ed. Seuil.
ical approach is presented regarding its theo- DANZIGER, J. (1985) - Social Science and the Social
reticai basic concepts and its methodology. Impacts of Computer Technology, Social Science
Quarferly, (66), 1:3-21.
DAVIS, L. & TAYLOR, J. (1976) - Technology, Orga-
nisation and job Structure. In Dubin, R. (ed.), Hand-
book of work, Organization and Society. Chicago,
AIT EL HADJ, S. (1985) - De ia société de ia matière Rand Mc Nally.
a l a société de l’information, Les Cahiers Français, DAVOUS, P. & MELESE, J., (1986) - Rapport sur les
223, La Documentation Française. Sciences de L’Organisation Paris, Les Éditions
BAREL, Y. (1984) - iu sociétédu vide. Paris, editions d’organization.
du Seuil. DE BLASIS, J.P. (1981) - Les conditions du change-
BARNARD, C.I. (1938) - Thefunctíons of the execu- ment bureautique: concilier Ia productivité du
tive. Harvard Univ. Press. bureau, les tecnologies nouvelles, et leurs implica-
BAUDRILLARD, J. (1976) - L‘Ekhange symbolique tions humains. Paris, C.E.S.A.
et Ia mort. Paris, Gallimard. DONNELON, A. (1986) - Language and Communi-
BAUDRILLARD, J. (1980) - The implosion of Mea- cation in Organizations: Bridging Cognition San
ning in the Media and the Implosion of the Social Francisco, Jossey-Bass Publishers.
in the Masses. In Woodward, K. (Ed.), The myths of DORE, R.P. (1973) - British Factory - Japanese Fac-
information. Technology and postindustrial culture tory: The Origins of National Diversity in Industrial
London and Henley, Routledge & Kegan Paul. Relations. Los Angeles, University of California
BELL,D. (1961) - The end of ideology. New York, Press.
Collier-Macmillan . DRUCKER, P.F. (1969) - The Age of Discontinuity.
BENSAID-SINGERY, J. SINGERY, J. (1979) - Les New York, Heinemann.
incidences de l’informatique sur I’évolution du tra- DUPUY, J.P. (1980) - Myths of Informational
vai1 administratif, te tmvail humain, vo]. 42, fasc 2. Society. In Woodward, K. (Ed.), The myfhsof infor-
BLACKLER, E & BROWN, C. (1985) - Evaluation matiorc Technologyand postindustrial culture. Lon-
and the impact of information technologies on peo- don, Routledge & Kegan Paul.
ple in organizations, Human Relations, ( 3 9 , 3: DURAND, C. (1978) - L’idéologie technocratique
213-231. dans I’organisation du travail, Esprit. Trad. Port.
4 70
(1985): A ideologia Tecnocrática na Organização do labourprocess in capitalist societies.A Compamtive
Trabalho. In Sociologia do trabalho, Antologia, A Study of the Transformationof Work Organization
Regra do jogo. in Britain, Japan and the USA. London, Gower.
ECO, U. (1986) - Viagem na Irrealidade Quotidiana. LORENZ, K. (1986) - Construtivismo Dialógico,
Lisboa, Difel. Análise, 5: 5-24.
EKSE, R. &SOLE, A. (1979) - Stratégies d’automa- MAURICE, M. (1980) - Jx déterminismetechnologi-
tisation, organisation du travail et relations sociales que dans la sociologie du travail (1955-1980). Un
dans les grandes entreprises du tertiaire, Le travail changement de paradigme? «Sociologiedu %vail».
humain, 42: 2-22. Paris, Ed. Seuil. Trad. Port. (1985): O determinismo
ENRIQUEZ, E. (1983) - De Ia honle à I’état: Essai de Tecnológico na Sociologia do Trabalho (1955-1956),
psychanalyse du íien social. Paris, Éditions Gal- uma Alteração de Paradigma? In Sociologia do Zkz-
limard. balho, Antologia, Lisboa, A Regra do Jogo.
FRIEDMAN, G. (1968) - Problèmes Humains du MCLUHAN, M. (1962) - The Making of Dpograf-
Machinisme industriel. Paris, Ed. Gallimard. hic Man. London and Toronto, Univ. of Toronto
GODET, M. (1985) - Virage ou Mirage Technologi- Press.
que?, Les Cahiers Français, Octobre-Décembre,223, MCLUHAN, M. (164) - Understanding Media.
La Documentation Française. Mcgraw-Hill.
GOMES, A. D. (1983) - Novas formas de organização MELESE, J. (1979) - Approches systémiques des
do trabalho e seus contextos de emergência, Psico- organisations. Paris, Hommes et Thecniques.
logia, IV73 e 4: 195-204. MENDRAS, H. & FORSE, M., (1983) - Le change-
GRANDI, M. (1981) - Problematiche dell’orgcrnizza- ment social. Paris, A. Colin.
zione e della professionalità nell’automazione MENDRAS, H. (1976) - Sociétés paysannes. Paris,
dell’ufficio. Milano, CEDOS. Armand Colin.
GUÉDON, J.C. (1985) - Ce que nous apprend l’his- MEUNIER, A. (1984) - Cercle de qualité et détaylo-
toire des techniques, Les CahiersFrançais, 223, La risation de l’enterprise, Psychologie du travail et
Documentation Française. société post-industrielle, Actes du Troisiéme Congres
HABERMAS, J. (1978) - L‘espace public - de Psychologie du Travail de Langue Française;
A rchéologie de Ia Publicité comme dimension cons- 302-303.
titutive de Ia société bourgeoise Paris, Payot. MICHAEL, S. (1981) - Techniquesof organizational
HANCOCK, W MACY B; PETERSON, S. (1983) - change. New York, McGraw-Hill.
Assessment of technologies and their utilization. In MILLER, E. J. (1978) - Socio-Technical Systems in
Seasshore et al. (Eds.), Assessing organizational Weaving, 1953-1970 A Follow-Up Study. In Pas-
change. New York, John Wiley & Sons. more, W. A. & Sherwood, J. J., (Eds), Sociotechni-
HARRÉ, R. (1982) - Theory and method. In Cranach cal Systems: A Sourcebook. San Diego, University
& Harré (Eds.), The Analysis of Action Cambridge, Associates, Inc.
Cambridge University Press. MIRAN’DA, L. B. (1985) - Modernidade, espaço
JONHSON, B. M. (1977) - Communication: thepro- público e conflito das nomeações, Revista de Cornu-
cess of organizing. Boston, American Press. nicaçüo e Linguagens, 2: 15-40.
LAETHEM, A. (1984) - Nouvelles technologies et MITCHELL, T.R., REDIKER, K., BEACH, L.R.
astreintes du travail dans le secteur tertiaire. Univer- (1986) - Image Theory and Decision Making. In
sité Catholique de Louvain (Exemplar dactilo- Sims, Jr. H. P., Gioia, D. A. and Associates, The
grafado). Thinking Organization. San Francisco, Jossey-Bass
LASFARGUE, Y. (1984) - Vivre I’informatique - Publishers.
Micro-informatique, bureautique, robotique, téíé- NOVARA, F., ROZZI, R.A., SARCHIELLI, G.
matique Paris, Ed. d’organisation. (1983) - Psicologia de1 lavoro. Bologna, I1 Mulino.
LEED, E. (1980) - «Voice» and «Print»: Master OBORNE, D. (s/d) - computers at Work. New York,
Symbois in the History of Communication. In WILEY & Sons.
Woodward, k. (Ed.), The myths of information: ORTSMAN, O. (1984) - Mudar o trabalho. Lisboa,
Thechnology and postindustrial culture. London, Fundação Calouste Gulbenkian.
Routledge & Kegan Paul. OUCHY, W. (1981) - Theory Z: How American Busi-
LINCOLN, J.R., HANADA, M., OLSON, J. (1981) - ness can Meet the Japenese Challenge. New York,
Culture Orientations and Individual Reactions to Addison-Wesley. Trad. Fr. (1982): La théorie Z. hris,
Organizations: A Study of Employees of Japanese- Inter Editions.
-0wned Firms, Administrative Science Quaterb, 26. PASCALE, R.T. & ATHOS, A.G. (1981) - The art of
LITTLER, C. R. (1982) - The development of the Japonese management. New York, Simon & Shus-
471
ter. Trad. Fr. (1984): Le management est-i1 un art d’organisation dans I’entreprise. Paris, Les Editions
japonais? Les éditions d ’organisations. d’organisation.
PASMORE, W.A., SRIVASTVA, S., SHERWOOD, J.J. TAYLOR, A., COPPIN, P., WEALTHY, PH.
(1978) - Social Relationships and Organizational (1986) - The impact of new technology on local
Performance: A Sociotask Approach. In Pasmore, employment. London, Gower.
W.A. & Sherwood, J.J., (Eds), Sociotechnical THEVENET, M. (1986) - Audit de lu culture d’entre-
Systems: A Sourcebook. San Diego, University prise. Paris, Les éditions d’organisation.
Associates, Inc. THIONVILLE, R., (1984) - L‘ailleurs du taylorisme:
PERLMUTTRER, H . & TRIST, E. (1986) - l’initiative au niveau du group-ouvriers, Psychology
Paradigms for Societal Transition, Human Rela- du travail et sociétépost-industrielle, Actes du Troi-
tions, (39) 1: 1-27. seme Congres de Psychology de Travail de Langue
PERROT, M. (1979) - Les problémes de la main- Française: 315-320.
-d’oeuvre industrielle. In Daumas, M. (ed.) Histoire THOMPSON, K. (1980) - Organizations as construc-
des Téchniques dans Ia Civilisation Industrielle, tors of social reality. In Salam & Thompson (eds.),
Paris, PUF. Trad. Port. (1985): Os problemas da Controland Ideology in OrganizationsCambridge,
Mão-de-obra Industrial. In Sociologia do Trabalho, MI T Press.
Antologia, Lisboa, A Regra do Jogo. TOFFLER, A. (1980) - A terceira vaga. Lisboa, Edi-
PUTMAM, L. (1982) - Paradigms for organizational ção «Livros do Brasil)).
communication research.: An Overview and Synthe- TOURAINE, A. (1973) - Production de Ia société.
sis, Western Jounal of Speech Communication,46: Paris, Seuil.
192-206. TOURAINE, A. (1984) - Le retour de I’acteur: Essai
QUERE, L. (1982) - Des miroirs équivoques. Paris, de sociofogie.Paris, Fayard.
Aubier Montaingne. WAGNER, J. (1979) - Defining Technology: Political
REMY, J.; VOYE, L. & SERVAIS, E. (1978) - Implications of Hardware, Software, Power, and
Produire ou reproduire? Une sociologie de la vie Information, Human Relations,.(32) 8: 719-736.
quotidiene (Tome 1). BruxeUes, Les editions Vie WATZLAWICK, P.; WEAKLAND, J. & FISCH, R.
Ouvriere. (1975) - Changements:paradoxes etpsychothéru-
RANDOLPH, A. & FINCH, F. (1977) - The rela- pie. Paris, Seuil.
tionship between organization technology and the WATZLAWICK, P. (1984) - Faites vous-même votre
malheur. Paris, Seuil.
direction and frequency dimensions of task commu-
nications, Human Relations, (30), 12: 1131-1145. WEICK, K . (1979) - The socialpsychology of orga-
REIMANN, B. (1977) - Dimensions of organizatio- nizing (2 nd ed.). New York, Random House.
na1 tecnology and structure, an exploratory study, WILDEN, A. (1980) - System and Structure: Essays
Human relations, (30), 6: 545-566. in Communicationand Exchange. New York, Tavis-
RODRIGUES, A.D. (1985) - O público e o privado, tock Publications.
Revista de Comunicação e Linguagens, 2: 7-14. WINDISCH, U. (1982) - Pensée sociale, Lungage en
RODRIGUES, A.D. (1986a) - A informação e o Usage et LogiquesAutres. Lausanne, Éditions CAge
poder político, Revista Crítica de Ciências Sociais, d ’Homme.
18/19/20 203-212. WOODWARD, K. (Ed.) (1980) - The myths of infor-
RODRIGUES, A.D. (1986b) - Inovação Técnica e matiorr Technology andpostindustrialculture. Lon-
Sociedade, Revista de Comunicaçãoe Linguagens, don, Routledge & Kegan Paul.
4: 11-24. WYNN, E. H. (1976) - Office conversation as an
ROUSSEAU, D. (1978) - Measures of Technology as information Medium. Paio Alto Research Center,
predictors of employeer atitude. Journal of Applied December.
PSyChOlOgy, (63), 2: 213-218.
ROUSSEAU, D. (1983) - Technology in organizations:
a construtive review and analytic framework. In RESUMO
Seashore et al. (eds.), Assessing Organizational
Change. New York, Wiley J. & Sons. O presente artigo relaciona contrastivamente(cultura
SAHLINS, M. (1972) - Stone Age Ekonomics. Chi- tecnológican e cultura organizacionab argumentando,
cago, Aldine Atherton. a propósito das Novas Tecnologias (N. T.), que as ques-
SANTOS, B.S. (1981) - A questão do socialismo, tões e soluções «relevantes» são vantajosamente formu-
Revista Crítica de Ciências Sociais, 6. láveis em termos organizacionais e não em termos
SFEZ, L. (1978) - L’enfer et Ie paradis. Paris, P.U.F. tecnológicos. As questões da sociedade pós-industrial,
SIMONET, J . (1984) - La maitrise des méthodes informacional ou «comunitária», na medida em que
4 72
com o taylorismo se interligam e, por vezes, com ele se Technologicalchange without organizational change
confundem, são objecto de discussão. is misleading. Organizational excellency - as for ins-
A representação dominante e a prática corrente vêem tance in Japan - can, we think, be explained in terms
na introdução das N.T. um meio eficaz para substituir of organizational culture rather than in terms os tech-
o trabalho tradicional por «maquinas» capazes de pou- nological culture, when this seen in a exclusive and res-
par tempo, obter maior eficiência e reduzir custos. Neste trictive way.
sentido, a automatização apresenta-se como a tecnolo-
gia disponível mais avançada que permite realizar, ao
nível do terceário, o velho sonho de Taylor. RÉSUMÉ
A mudança técnica não articulada com a mudança
organizacional é um logro. A excelência organizacional L‘article établit un rapport et un contraste entre «cul-
- de que o caso japonês é ilustrativo - é explicável - ture technologique))et «culture organisationnelle», en
argumentamos - em termos de cultura organizacio- argumentant, a propos des ((NouvellesTechnologies»
nal, que não tecnológica, entendida esta de forma exclu- (N.T.), que les questions et les solutions «relevantes»
siva e restritiva. devront être formulées en termes organisationnels plu-
tôt que technologiques. Les questions concernant la
société post-industrielle, informationnelle ou «commu-
SUMMARY nautaire», parce que liées et souvent confondues avec
le taylorisme, y sont discutées.
This paper is concerned with etechnological culture)) La représentation dominante des N.T. et la pratique
and «organizationa1 culture» and argues that the rele- courante voient dans son introdution, un moyen effi-
vants questions and answers concerning «New Techno- cace de remplacer le travail traditionnel par des ((machi-
logies» (NT) are better described in terms of nem capables de épargner du temps, d’obtenir une plus
organization than in terms of technology. We discuss grande efficience et de baisser les couts. Dans ce sense,
the problems of the «communal» informational or l’automation se présente comme la plus avancée des
post-industrial society, as far as they are concerned or techonologies disponibles qui permet, au niveau du ter-
confounded with Taylorism. tiaire, la realisation du vieux rêve de Taylor.
The introdution of N.T. is seen by the dominating ie changement technique non articulé au change-
representation and comrnon practices as an effective ment organisationnel est un leurre. L‘excellence des
means of saving time an costs. Therefore automation organisations - dont le Japon est une illustration -
is presented as the most advanced os available techno- plutôt que d’être expliquée en termes technologique
logies and able to achieve (at the tertiary level) the old (stricto sensu) gagne A l’être en termes de culture orga-
dream of Taylor. nisationnele.
4 73
@ INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA
Torne-se leitor
da Biblioteca d o ISPA
(Rua Jardim do Tabaco, n? 44, 1100 Lisboa, Telef. 86 31 84/5/6)