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Alicerce do Paraiso - vol. 1 - Meishu-Sama Revisado

Teologia (Universidade Norte do Paraná)

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ENSINAMENTOS DE

MEISHU-SAMA
COLETÂNEA

ALICERCE DO PARAÍSO
1
ORGANIZAÇÃO E TRADUÇÃO:
SECRETARIA DE TRADUÇÃO DA IMMB

SÃO PAULO
6ª EDIÇÃO REVISADA - 2018

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Copyright by Sekai Kyussei Kyo - Atami

M 456e
Meishu-Sama, / 1882-1955.
Ensinamentos de Meishu-Sama/Organização e tradução
IMMB, 6.ed. - São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2017. –
(Coletânea - Alicerce do Paraíso, v. 1)
Título original: Tengoku no Ishizue
ISBN 978-85-8355-081-5
1. Cura pelo espírito 2. Johrei 3. Meishu-Sama 4. Ensinamentos
I. Título II. Série
CDD-299.5631

Catalogação na publicação: Zilda Soledade – CRB 8/9909.


Índices para catálogo sistemático:
1. Igreja Messiânica Mundial: Filosofia espiritualista de origem japonesa

Edição:
FUNDAÇÃO MOKITI OKADA
Edição de Arte
Setor de Comunicação e Marketing
Projeto gráfico e diagramação: Rogério Luiz da Camara
IMMB:
Divisão de Comunicação - Secretaria de Tradução da IMMB
Revisão: Ivna Maia Fuchigami
6ª edição – março de 2017
Endereço para correspondência:
Rua Morgado de Mateus, 77 – 3º andar – Setor Comunicação
Vila Mariana – São Paulo – SP – CEP 04015-050
Tel.: 11 5087-5000

Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra.

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APRESENTAÇÃO DA REEDIÇÃO E NOTA DO TRADUTOR

O motivo que nos levou a realizar uma conferência e revisão mais aprofundada dos Ensinamentos de Meishu-Sama
atualmente publicados no Brasil e, em especial, a coletânea Alicerce do Paraíso, é o fato de que os primeiros
Ensinamentos traduzidos para o português contam, atualmente, com mais de quarenta anos. Neste período, a língua
portuguesa escrita e falada sofreu alterações. Ademais, o advento da Faculdade Messiânica fez surgir a necessidade de
um maior aprofundamento da compreensão do texto original em japonês, para melhor postulação dos conceitos da
doutrina messiânica.
Tal realidade exige-nos ainda maior atenção com respeito às questões tradutórias e de teor doutrinário. Assim,
neste contexto, a revisão dos Ensinamentos se fez premente para que seu conteúdo e força espiritual possam atender
a uma demanda cada vez mais exigente.
Salientamos que esta revisão não invalida o trabalho que até hoje veio sendo feito pelos tradutores e revisores
anteriores que, aliás, com muito sentimento e empenho, se dedicaram para trazer à luz o espírito e o ideal de
Meishu-Sama aos falantes de língua portuguesa. Vale dizer que toda a etapa inicial da tradução desses Ensinamentos
foi realizada quando ainda não se tinha nem mesmo o computador e, muito menos, a Internet, ferramentas que,
hoje, agilizam e dão suporte a uma ampla consulta em termos linguísticos, históricos e culturais.
Quanto à alteração em relação às edições anteriores dos volumes da coletânea Alicerce do Paraíso, destaca-se a
retirada de textos que constam, também, no livro Os Novos Tempos, compostos por trechos compilados dos
Ensinamentos de Meishu-Sama. Em seu lugar, procedemos à inclusão da íntegra dos Ensinamentos originais,
quando estes puderam ser identificados.
As alterações nos títulos estão indicadas no índice de cada volume. Alguns Ensinamentos estão com textos maiores
porque assim se apresentam no original e, atualmente, são publicados pela Igreja no Japão, na coletânea Tengoku no
Ishizue (Alicerce do Paraíso). A data do Ensinamento é, via de regra, aquela que consta nesta mesma coletânea,
podendo ser diferente da data assinalada em edições anteriores.

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INTRODUÇÃO

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O QUE É A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

A Igreja Messiânica Mundial cria e difunde uma cultura espiritual em interação com o desenvolvimento da cultura
material, tendo por finalidade o advento do Paraíso Terrestre.
Não há dúvida de que Paraíso Terrestre é uma expressão que se refere ao mundo ideal, onde não existem doença,
pobreza e conflito. O Mundo de Miroku(1), anunciado por Buda Sakyamuni(2), a chegada do Reino dos Céus,
profetizada por Jesus Cristo, o Mundo de Serenidade e Paz, proclamado por Nichiren(3), e o Pedestal do Néctar,
idealizado pela Igreja Tenrikyo(4), têm o mesmo significado do Paraíso Terrestre que nós proclamamos. Entretanto,
a diferença é a questão do tempo, que não foi anunciada por nenhum dos fundadores. Por meio da Iluminação
espiritual, intuí que esse tempo está muito próximo. E o que isso significa? Que é iminente o momento da
Destruição da Lei Búdica(5), prevista por Buda, e do Fim do Mundo ou Juízo Final, profetizados por Jesus Cristo.
Seria uma felicidade se o Paraíso Terrestre pudesse ser estabelecido sem que nada precisasse ser mudado. Contudo,
como se trata da construção de um mundo novo, ideal, é indispensável que se faça uma prestação de contas do velho
mundo. É como na construção de uma nova casa, quando se fazem necessárias a demolição da casa velha e a limpeza
do terreno. Naturalmente, existirão muitas coisas úteis da casa velha que serão poupadas. Evidentemente, esta
seleção será feita por Deus. Portanto, para que o ser humano seja preservado, é necessário que ele se torne útil para o
novo mundo. Dessa forma, poderá ultrapassar facilmente a grande fase de mudança, e isso significa ser aprovado no
exame divino. A seguir, explicarei a respeito da fé como o único caminho para tal.
As qualificações para ultrapassar essa fase de grande transição do mundo são: 1) ser saudável, livre de doenças; 2)
estar liberto dos sofrimentos da pobreza; 3) amar a paz e ter aversão ao conflito. Ou seja, ser uma pessoa capaz de
viver em um mundo isento de doença, pobreza e conflito.
Deus não só resguardará aqueles que tiverem essas três grandes qualificações, como também se utilizará deles como
pessoas capacitadas para o mundo que irá surgir. Certamente, creio que não há discordância entre os desígnios de
Deus e os ideais do ser humano. Existiria, então, uma maneira para obtermos essas três qualificações? Nossa religião
se empenha para ensinar e conduzir as pessoas a adquirir tais qualificações bem como transmitir-lhes as bênçãos de
Deus.
5 de setembro de 1948

(1) Mundo de Miroku: Refere-se à vinda do Buda do futuro (Miroku ou Maitreya), que ocorrerá quando os ensinamentos de Buda Sakyamuni tiverem sido
esquecidos, para dar início a uma nova era e transformar este mundo em paraíso.
(2) Buda Sakyamuni: Título referente a Sidarta Gautama (563 a.C. - 483 a.C.), cujos ensinamentos deram origem ao Budismo na Índia.
(3) Nichiren: Nichiren ou Nichiren Shonin (1222-1282) é o nome pelo qual ficou conhecido o monge budista japonês Zesho-bo Rentyo.
(4) Igreja Tenrikyo: Religião japonesa fundada em 1838 por Miki Nakayama (1798-1887).
(5) Destruição da Lei Búdica: Refere-se à época em que, segundo a tradição do Budismo Theravada, a humanidade esquecerá as leis de conduta moral de
Buda Sakyamuni.

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DOUTRINA DA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

N ós, messiânicos, cremos em Deus, Criador do Universo. Cremos que, desde o início da Criação, Deus
objetivou estabelecer o Paraíso na Terra e tem atuado continuamente para a concretização desse objetivo. Com
tal propósito, fez do ser humano Seu representante, submetendo a ele todas as demais criaturas e coisas. Cremos,
portanto, que a história da humanidade constituiu estágios preparatórios, degraus para se concretizar o Paraíso na
Terra. Para cada época, Deus faz surgir as pessoas e as religiões necessárias, cada qual com sua missão.
Cremos que, no presente, quando o mundo vagueia em tão caótica situação, Deus enviou Meishu-Sama, fundador
da Igreja Messiânica Mundial, com a suprema missão de realizar a sagrada obra de salvação da humanidade. Por
conseguinte, empenhamo-nos de corpo e alma na erradicação da doença, da pobreza e do conflito, os três grandes
infortúnios que afligem a humanidade, visando à concretização do mundo ideal, de eterna paz e de perfeita Verdade,
Bem e Belo.
11 de março de 1950

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NASCIMENTO DO NOVO MUNDO(6)

E u sempre afirmo que a Igreja Messiânica não é apenas uma religião. A religião é uma parte da Igreja
Messiânica. Então, qual seria a denominação apropriada? Na verdade, a mais adequada seria “Construtora do
Novo Mundo”. Entretanto, como isso pareceria o nome de uma empresa construtora, escolhi chamá-la, por
enquanto, Igreja Messiânica.
Seu projeto consiste em promover o progresso e o desenvolvimento da cultura, conciliando as ciências materialista
e espiritualista. Sabemos que a cultura alicerçada na ciência avançou e, ainda hoje, continua avançando velozmente,
ao passo que a cultura espiritualista, que é a religião, caminha lentamente. A religião pouco progrediu desde seu
surgimento há alguns milhares de anos, quando a cultura estava em seu estágio inicial. Isso explica a grande distância
que surgiu entre ela e a ciência. Como resultado, esta última veio a destacar-se, e a parte espiritual distanciou-se, a
ponto de desaparecer da nossa vista. Por fim, o ser humano ignorou o espírito e, chegando a convencer-se de que
somente a ciência representa a cultura como um todo, ajoelha-se diante dela e se satisfaz com sua condição de
escravo. Esta é a situação do mundo atual. Por acaso, o ser humano não dá provas disso entregando, sem nenhuma
preocupação, nas mãos da ciência, o que ele tem de mais precioso, que é a vida? Embora a ciência de fato não lhe
garanta a vida, o homem contemporâneo não percebe isso e continua depositando-lhe cega confiança.
Deus compadeceu-se dessa cegueira e, através de mim, atualmente está procurando ensinar a humanidade, por
meio dos fatos, que a vida não pertence à matéria, que ela é invisível aos olhos humanos, embora possua existência
inegável e está sob Seu domínio. A melhor prova consiste no fato de que cada vez mais pessoas desenganadas pela
medicina materialista estão sendo curadas pelo Poder Divino.
Surge, então, naturalmente, a seguinte dúvida: “Por que uma questão tão importante, que diz respeito à própria
vida, permaneceu na obscuridade?” Imagino que isso ocorreu pela necessidade de impulsionar, até certo ponto, a
cultura alicerçada na ciência. Tal acontecimento faz parte do Plano de Deus; é um fenômeno passageiro, próprio de
um período de transição. Em relação a isso, Deus vai corrigir esse desequilíbrio e esclarecer o campo de atuação das
ciências materialista e espiritualista. Assim, ambas acertarão os passos, progredindo e desenvolvendo-se para
propiciar o nascimento de um mundo verdadeiramente civilizado. Em resumo, o velho mundo, que existiu até os dias
de hoje, acaba aqui para que um novo mundo seja construído. Portanto, pode-se dizer que desempenho a função de
parteiro desse nascimento.
30 de julho de 1952

(6) Título anterior: “Formação do mundo novo”.

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MUNDO PRIMORDIAL(7)

A o analisarmos a civilização atual, percebemos que sua estrutura é baseada na ciência materialista.
Escreverei, minuciosamente, sobre este assunto. Antes, contudo, é preciso conhecer a constituição do
Universo. Serão dispensados os detalhes que não se relacionam diretamente com o ser humano, abordando-se apenas
os pontos mais importantes. Na verdade, o universo é constituído a partir de três elementos originários do Sol, da
Lua e da Terra. Esses elementos são as essências do fogo, da água e da terra, e se apresentam, respectivamente, nas
formas de Mundo Espiritual, Mundo Atmosférico e Mundo Material, onde ocorrem os fenômenos. A perfeita fusão
e harmonia destes mundos é a própria realidade.
Até agora, só dois dos três mundos existentes eram conhecidos, isto é, o Mundo Atmosférico e o Mundo Material.
Ignorava-se a existência de outro mundo: o Mundo Espiritual. Isso se dava porque ele não podia ser detectado pela
ciência materialista. E, uma vez que a atual cultura materialista é o resultado do progresso alcançado a partir do
conhecimento dos Mundos Atmosférico e Material, ela é uma cultura que abrange apenas dois terços da totalidade.
Surpreendentemente, o Mundo Espiritual, justamente aquele que até hoje veio sendo considerado inexistente, na
verdade, é o centro da força fundamental, sendo mais importante que os outros dois mundos juntos. Portanto, se
desprezarmos sua existência, não haverá como surgir uma civilização perfeita. A melhor comprovação disso é que,
não obstante o avanço da cultura dos mundos material e atmosférico, a felicidade – maior anseio do ser humano –,
não acompanha esse avanço.
Examinando o motivo dessa contradição, descobrimos que há uma profunda razão para tal. Se, desde o começo, a
humanidade conhecesse a existência do mundo primordial, ou seja, do Mundo Espiritual, certamente, a civilização
materialista não teria alcançado o maravilhoso progresso que vemos hoje. Foi exatamente porque ela ignorou o
Mundo Espiritual que nasceu o pensamento ateísta, que deu origem ao mal e, consequentemente, teve início a luta
entre o bem e o mal. Atormentada pelo sofrimento decorrente dessa luta, a humanidade, forçosamente, precisou
fomentar o progresso da cultura materialista. Pensando bem, o que isso seria senão o profundo Plano de Deus? No
entanto, caso seu desenvolvimento ultrapasse determinado limite, corre-se o risco de ver o colapso da cultura.
A invenção da bomba atômica, em especial, é um exemplo disso. Por conseguinte, chegar a esse ponto significa
que já atingimos o momento determinado pelos Céus, de haver uma grande mudança no desenvolvimento da
cultura. O primeiro passo é revelar a toda a humanidade a existência do Mundo Espiritual, até então tido como o
Nada. Tratando-se, porém, de uma existência equivalente ao Nada, logicamente isso não poderá ser feito pela ciência
e seus métodos. Daí a razão da manifestação de uma grandiosa força jamais experimentada pela humanidade, isto é,
o Poder de Deus. Visto que, há longo tempo, o homem contemporâneo está preso à visão materialista, é muito difícil
convencê-lo. Para tal existem os milagres manifestados por um método único que temos em nossa religião. E esse
método é o Johrei. Isto porque, mesmo que seja ateísta, a pessoa não poderá deixar de aceitar a realidade. Assim,
quando a existência desse mundo se tornar conhecida pela humanidade, ela se verá obrigada a promover uma
mudança de cento e oitenta graus na cultura contemporânea, com vistas ao nascimento de uma verdadeira civilização
comum ao mundo todo.
Resta, no entanto, um incômodo problema: como a cultura atual foi erigida ao longo de milhares de anos, não se
sabe quanto mal foi praticado até agora. Obviamente, as más ações dão origem às impurezas do corpo espiritual, cujo
grande acúmulo constituirá um obstáculo para a construção do novo mundo. É como se, na construção de uma casa,
houvesse sujeira por todo o lado, como pedaços de madeira, metais e outros, tornando-se indispensável uma limpeza.
E isto deve ser o que Jesus Cristo chamou de Juízo Final.
Os maravilhosos e incontáveis milagres manifestados pela nossa religião não podem ser outra coisa senão o Plano
de Deus para fazer o ser humano conscientizar-se da existência do mundo primordial, ou seja, o Mundo Espiritual.
E Deus encarregou-me desta grandiosa missão.
4 de julho de 1951

(7) Título anterior: “O primeiro mundo”.

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CARACTERÍSTICAS DA IGREJAMESSIÂNICA MUNDIAL

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O QUE É A VERDADEIRA SALVAÇÃO

H oje em dia, a crítica mais frequente em relação à nossa religião é que, por tratar-se de uma instituição religiosa,
ela está errada em empenhar-se na cura de doenças. Entretanto, se pensarmos bem, concluiremos que não há
nada tão sem sentido como essa observação. Ela provém do pensamento inflexível dos críticos, para quem a religião
deve ocupar-se apenas da salvação no âmbito espiritual, não cabendo a ela a parte material. Ainda, segundo esses
críticos, a cura de doenças é uma questão material e, por esse motivo, ela não compete à religião. Categoricamente,
excluem das atribuições religiosas a salvação material, limitando suas ações ao campo espiritual. Obviamente, o que
eles imaginam como salvação espiritual, consiste, em síntese, na resignação. Até hoje, a concepção da maioria das
pessoas sobre religião é que, por ela não possuir força para salvar as pessoas do sofrimento no plano material, por
falta de outro recurso, tenta, ao menos, diminuir esse sofrimento através da resignação.
Se a religião excluir a matéria e preocupar-se unicamente com a solução das questões espirituais, na prática ela não
promoverá a salvação. Isso pelo motivo de que é a crença na possibilidade da solução dos problemas materiais que
nos permite obter, também espiritualmente, a verdadeira tranquilidade. Quando sentimos fome, por exemplo, só
podemos ficar tranquilos se tivermos a certeza de que alguém nos trará comida; se soubermos que ninguém o fará, é
natural que fiquemos desesperados, temendo morrer de inanição. O mesmo se dá em relação a doenças, reveses da
vida e outros problemas. O reconhecimento de que tudo isso pode ser solucionado através da fé é que nos dá a
verdadeira tranquilidade. Dessa forma, é por meio da solução de ambas as questões, as materiais e as espirituais, que
conseguiremos a salvação e alcançaremos o verdadeiro estado de paz interior(8).
Sendo assim, a base da salvação material e espiritual é eliminar as doenças tornando as pessoas sadias. Isso porque,
por maior que seja a nossa fortuna ou a fartura de alimentos saborosos provenientes do mar e da terra em nossas
refeições, por mais honrarias e status que tenhamos, nada disso terá sentido se estivermos sofrendo com doenças. Por
conseguinte, a primeira condição para a salvação da humanidade é, antes de mais nada, alcançar a saúde. Por essa ser
a base da salvação, nossa religião tem como meta, indivíduos e sociedade livres de doenças.
24 de dezembro de 1949

(8) Paz interior: Em japonês anshin ryumei. É uma expressão utilizada no confucionismo e no budismo que indica um estado psicológico de completa
serenidade. Pode indicar também um estado de Iluminação, completamente livre de preocupações.

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A CARACTERÍSTICA PECULIAR DA SALVAÇÃO DA IGREJA MESSIÂNICA(9)

A missão da nossa Igreja é salvar as pessoas que estão sofrendo no Inferno, conduzindo-as ao Paraíso e, por meio
disso, fazer surgir uma sociedade paradisíaca. Para salvar o próximo, o ser humano precisa primeiramente elevar-se
ao Paraíso e tornar-se seu habitante. Assim, ele poderá conduzir o próximo ao Paraíso e salvá-lo. Ou seja, colocar
uma escada do Paraíso até o Inferno, estender as mãos para ajudá-lo a subir, degrau por degrau. É nesse ponto que
nossa religião difere de todas as religiões até hoje, sendo, inclusive, o seu oposto.
Como todos sabem, desde a antiguidade, os religiosos vêm-se contentando com o mínimo necessário à sua
subsistência e entregando-se a práticas ascéticas. Uma vez que se colocam numa posição infernal para salvar o
próximo, usam a escada em sentido contrário, isto é, empurram os necessitados de baixo para cima, ao invés de puxá-
los do alto; é fácil calcular o duplo esforço exigido. Entretanto, não havia alternativa, visto que o Paraíso ainda não
estava pronto. Isto ocorria devido à prematuridade do tempo, ou seja, o Mundo Espiritual ainda se encontrava na
Era da Noite.
Contudo, a partir de 1931, o Mundo Espiritual vem-se transformando, gradualmente, em dia, tornando a
construção do Paraíso mais fácil. Todavia, não é o ser humano que o constrói: é Deus. Por conseguinte, a obra
progride à mercê do tempo, bastando ao ser humano agir de acordo com a Vontade Divina. Em outras palavras,
Deus traça o plano, coordena e utiliza livremente um grande número de pessoas. A ideia exata que se pode ter da
minha função, é a de mestre-de-obras. Nossos fiéis sabem perfeitamente que estou construindo o modelo do Paraíso,
como uma das atribuições dessa função.
Dessa forma, em momentos e locais inesperados, aparecem-me pessoas querendo vender suas terras. Assim que
percebo a Vontade Divina de adquirir determinado terreno, surge a quantia necessária, sem que eu empregue o
mínimo esforço. Logo a seguir, exatamente do modo como imaginei, consigo os melhores projetistas, engenheiros e
construtores, bem como o material de que necessito, na quantidade certa. Oportunamente, alguém traz uma árvore, e
já existe um lugar apropriado para ela. Às vezes, ao receber dezenas de árvores, de uma só vez, fico sem saber como
agir. Interpretando que isso foi feito por Deus, planto-as e constato que elas se encaixam maravilhosamente no
jardim, sem sobrar nem faltar. Sempre que isso ocorre, não posso deixar de sentir, claramente, que tudo é realizado
por Deus. Se desejo colocar uma pedra ou uma planta em determinado lugar, elas me são entregues dentro de um ou
dois dias, no máximo. O que vêm a ser todas essas ocorrências senão milagres? Caso eu começasse a enumerá-las,
não acabaria mais. E o que expus agora, não passa de uma pequena parte. Com o tempo, pretendo escrever mais a
respeito.
Este artigo tem como objetivo ajudar os leitores a compreender que não é o ser humano que realiza, que ele é
levado a fazer tudo de acordo com o Plano de Deus. Pelos fatos relatados, fica bem claro que a Vontade de Deus é
construir um modelo como passo inicial da construção do Paraíso Terrestre. Contudo, isso não é o bastante. É
preciso que cada indivíduo se torne um habitante do Paraíso, e agora é chegado o momento em que isso é possível.
Naturalmente, o lar também se tornará Paraíso, e todos virão a ter uma vida paradisíaca. Somente assim poderemos
puxar as pessoas do Inferno e trazê-las à salvação.
Eis a razão por que aconselho os fiéis a criar, o máximo possível, um ambiente ao seu redor sem sofrimentos, pois
isto está de acordo com a Vontade de Deus. Enquanto não se conseguir eliminar os três infortúnios – doença,
pobreza e conflito –, não se poderá salvar outras pessoas verdadeiramente. É preciso saber que isso não era possível
durante a Era da Noite, mas hoje já o é. Terminou a época dos sofrimentos à que Buda Sakyamuni se referiu. Se as
pessoas compreenderem esta verdade, sentir-se-ão tomadas por uma alegria infinita, jamais vivenciada pela
humanidade.
5 de outubro de 1949

(9) Título anterior: “Características da salvação pela Igreja Messiânica Mundial”.

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RELIGIÃO “LOJA DE DEPARTAMENTOS”(10)

P ara entender mais facilmente o que é a nossa religião, vou compará-la a uma loja de departamentos. Esta
comparação não é a mais apropriada para uma religião, mas considero-a a que melhor se adequa à natureza de
nosso trabalho. Eis os motivos:
Sempre afirmo que o cristianismo, o xintoísmo(11), o budismo, o confucionismo(12), a filosofia, a ciência, a arte,
enfim, todos os campos do conhecimento, estão presentes em nossa religião. Dedicamos especial atenção à doença e
à saúde, que são do campo da ciência, e também à agricultura, às artes e a outras áreas com enfoque diferenciado.
Como seu nome(13) bem expressa, nossa religião tem por objetivo empreender a grandiosa obra de salvação e, por
isso, deve salvar a tudo e a todos. Para tal, é preciso apontar as falhas existentes nos setores relacionados à vida do ser
humano indicando-lhe o mais elevado direcionamento.
Realmente, o progresso da cultura contemporânea é incrível. Entretanto, é igualmente inacreditável o número de
falhas apresentadas por ela. Uma vez que as superficiais são visíveis, a própria sociedade consegue constatá-las;
contudo, as profundas são mais difíceis de perceber e, por essa razão, só podem ser corrigidas se desveladas pela Luz
de Deus. Por esse motivo, estamos dissecando e mostrando a realidade de todos os setores da cultura atual e
planejando o estabelecimento de um mundo melhor. Somente dessa forma poderemos alimentar esperanças quanto
ao advento de uma era de cultura paradisíaca.
Eis, em breves palavras, o sentido de religião “Loja de Departamentos”.
28 de março de 1951

(10) Título anterior: “Igreja abrangente”.


(11) Xintoísmo: Religião japonesa baseada em ritos e mitos que explicam a origem do mundo, do Japão e da família imperial. Sua origem se confunde com
a do povo japonês.
(12) Confucionismo: Ideologia religiosa e sociopolítica criada por Confúcio (551 a.C. - 479 a.C.) na China.
(13) O nome de nossa religião em japonês é Sekai Kyussei Kyo, que significa literalmente “Igreja Salvadora do Mundo”.

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ULTRARRELIGIÃO

A maioria das pessoas toma por um sonho descabido o objetivo da nossa Igreja – construir um mundo sem doença,
pobreza e conflito, ou seja, o Paraíso Terrestre.
Jesus Cristo anunciou que a chegada do Reino dos Céus estava próxima, mas não disse que iria construí-lo. Buda
Sakyamuni afirmou: “Após a destruição da Lei Búdica, surgirá o Mundo de Miroku.” Não declarou que esse mundo
estivesse iminente; ao contrário, ele estaria infinitamente longe: 5.670.000.000 (cinco bilhões seiscentos e setenta
milhões) de anos. Os seguidores do judaísmo oram pela vinda do Messias, mas não sabem quando isso ocorrerá.
Lendas da Índia transmitidas desde a antiguidade sobre o surgimento de Tenrin Bossatsu(14), a era do Pedestal do
Néctar, da Igreja Tenrikyo, o Mundo de Serenidade e Paz, anunciado por Nichiren, e o Mundo do Pinheiro,
proclamado pela fundadora da Oomoto(15), são referências ao surgimento de uma era ideal, mas não foi indicado
quando isso sobreviria. Devemos pensar profundamente no porquê de ninguém ter mencionado a época em que esse
mundo seria concretizado.
Todas essas profecias foram de grande utilidade; mas, uma vez que não houve anúncio nem da realização nem do
plano de execução, devemos interpretar que o momento ainda não chegara. Por outro lado, sabemos que os
ensinamentos pregados e praticados pelos fundadores formaram a base de cada uma das religiões. Naturalmente,
cada fundador criou e divulgou suas doutrinas, formas e métodos adequados aos diferentes povos e países.
Evidentemente, as religiões foram criadas sob o desígnio de Deus, necessárias e próprias a cada época, localidade,
povo, tradição, costume etc. Graças a isso, cultivou-se a harmonia, e a cultura alcançou o deslumbrante progresso que
hoje apresenta. Não fossem as religiões, o mundo estaria à mercê do mal ou, talvez, destruído.
Se pensarmos assim, não é exagero dizer que os grandes feitos dos fundadores de religiões e seus seguidores
merecem nossa mais alta consideração. Embora as religiões até hoje existentes tenham conseguido fazer com que se
evitasse a destruição do mundo, permanece a dúvida: será que continuarão úteis para os mundos atual e vindouro?
Uma vez que as religiões tradicionais não têm sequer força para salvar o mundo de hoje, fica claro que será impossível
conter os sofrimentos infernais e muito menos elevá-lo ao estado paradisíaco. De fato, apenas alguns grupos sociais
usufruem dos benefícios da magnífica cultura moderna. Podemos apontar como a causa disso a demasiada falta de
espírito de harmonia e o incontrolável desejo de conflito.
Uma observação sobre o mundo contemporâneo faz com que as pessoas sensatas sintam a necessidade do
aparecimento de uma grande luz que dissipe as trevas, isto é, da força salvadora de uma ultrarreligião. Nesse sentido,
conscientes de que fomos incumbidos da responsabilidade de atuarmos como uma ultrarreligião, estamos
apresentando resultados surpreendentes.
30 de janeiro de 1950

(14) Tenrin Bossatsu: Conhecido também como Tenrin Jo-o em japonês ou em sânscrito como Cakravartin, é um termo usado nas religiões indianas para
um governante universal ideal, que governa o mundo de forma ética e benevolente.
(15) Oomoto: Religião japonesa fundada, em 1892, por Nao Deguchi (1836-1918).

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RELIGIÃO VIVA(16)

O s leitores poderão estranhar quando eu digo que há religiões vivas e mortas. É justamente o que pretendo
explicar agora.
Religião viva é aquela que está associada ao cotidiano, e a morta é exatamente o oposto. Infelizmente, é raro
encontrar uma religião dentre as muitas existentes que esteja perfeitamente entrosada no cotidiano.
Em sua maioria, as doutrinas são elaboradas com perfeição, mas lamentavelmente não podemos esperar muito de
sua força de edificação do caráter humano. Na época em que os fundadores de cada religião atuavam, há centenas ou
milhares de anos, certamente essa força era grande e estava de acordo com a situação social da época. No entanto,
sabemos que a capacidade de propagação dessas religiões foi enfraquecendo com o passar do tempo, até atingir a
condição em que hoje elas se encontram. Não há o que se fazer, porque este é o curso natural das coisas, e isto não
diz respeito apenas à religião, mas a tudo. Só que, no caso da religião, esta situação demorou, mas finalmente
ocorreu.
Mesmo assim, nesse espaço de tempo, surgiram várias novas religiões adequadas à sua época, fato este observado
em qualquer país. Todavia, é comum que elas acabem desaparecendo porque dificilmente têm capacidade para
superar as anteriores. Entre as religiões japonesas surgidas na Idade Moderna que ainda mantêm considerável
influência, podemos citar Nichiren Shu(17) e Tenrikyo.
Até aqui me referi à trajetória das religiões de forma geral. Agora, desejo mostrar como são as religiões na
atualidade.
É do conhecimento geral que, a partir do século XVIII, o desenvolvimento da cultura científica vem constituindo
uma verdadeira ameaça às religiões e é fato inegável que isso contribuiu para sua decadência. A ciência dominou a tal
ponto a mente humana, que, hoje, o ser humano só aceita o que vem da ciência. Não bastasse isso, esse
comportamento deu origem ao pensamento ateísta, que leva à degeneração moral desenfreada, criando desordem
social e transformando este mundo em um verdadeiro inferno. Ainda há religiões antigas que se esforçam para
edificar o ser humano por meio de ensinamentos os quais foram sendo aperfeiçoados após sua elaboração, centenas
ou milhares de anos atrás. Entretanto, por terem se distanciado demais da atualidade, falta a elas força de edificação
e, falando francamente, a perda de adequação à realidade as torna meras antiguidades. Elas se assemelham às obras
de arte, que, na época da sua criação, eram apreciadas em todo o seu esplendor, mas hoje perderam sua utilidade e
estão limitadas a ser contempladas como meros patrimônios culturais. Dentre as novas religiões japonesas, há
algumas que dão uma nova roupagem a esses patrimônios culturais para atrair as pessoas; mas, com certeza, terão
existência limitada. Infelizmente, a religião foi superada pelo formidável progresso da cultura e ficou para trás.
Exemplificando, é como se quiséssemos usar carros de boi e liteiras, algo de pouca utilidade numa época em que nos
servimos de aviões, automóveis e da tecnologia sem fio.
Pode parecer um autoelogio, mas preciso falar da nossa religião. Ela respeita a História, mas não se prende a isso:
avança no tempo seguindo diretrizes próprias, de acordo com os desígnios de Deus. Além disso, por ser uma religião
nova com sangue jovem correndo em suas veias, ela desenvolve atualmente projetos que abrangem a reforma da
agricultura e da medicina e ainda aponta todas as falhas da cultura, adotando, como princípio norteador, o ideal de
uma nova cultura. Uma das manifestações mais concretas desse ideal vem a ser a construção do modelo do Paraíso
Terrestre e do Museu de Arte, obras de vanguarda, que, como locais sagrados, visam reconfortar as almas maculadas
e exaustas de seus visitantes e, elevando o caráter humano, servem como antídoto contra os divertimentos vulgares,
tão comuns nos dias de hoje.
De acordo com o exposto acima, no âmbito do indivíduo, nossa obra consiste em contribuir para a saúde física,
para a superação da pobreza e para a melhoria do pensamento humano. No âmbito coletivo, sua finalidade é criar
uma sociedade alegre e sem preocupações. Sentimo-nos imensamente felizes ao saber que, ultimamente, nosso
trabalho está sendo reconhecido pelos mais esclarecidos e tornando-se alvo de sua atenção. Embora, no momento,
seja um trabalho de pequena escala, quando ele for ampliado em âmbito mundial, surgirá, a partir do Japão, o plano
de um mundo ideal, repleto de paz e felicidade. Afianço que isso não é, simplesmente, um sonho.
Portanto, o que vem a ser uma verdadeira religião viva, senão a nossa, com todos esses exemplos? O que me deixa
desapontado é a sociedade atual, que olha as novas religiões com indiferença e desprezo. Isso ocorre principalmente
na classe intelectual que, mesmo quando tem contato com a nossa religião, geralmente, evita expor o fato ao público.
Entretanto, eu compreendo perfeitamente a razão desse comportamento. As religiões antigas geralmente contam

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com espantoso número de adeptos, mas estes, na maioria, são indivíduos de pouca cultura. Entre as religiões novas,
há algumas que não despertam nenhum interesse devido às suas teorias e práticas excêntricas; outras possuem, em
seus princípios, componentes supersticiosos em grande proporção que o bom senso nos leva a rejeitar. Creio que essa
situação não durará muito tempo, mas desejo que todas as pessoas envolvidas reflitam sobre o assunto.
Há, também, os estudiosos de religiões que, para adaptar os antigos ensinamentos de santos, sábios e fundadores
de religiões à época atual, os remodelam e dão a eles uma nova roupagem. Isso lhes confere uma aparência
progressista e os torna de fácil aceitação pela classe intelectual, mas restam dúvidas quanto à sua utilidade para a vida
prática.
O assunto me faz lembrar o pragmatismo de William James (1842–1910), renomado filósofo americano.
Pragmatismo significa filosofia em ação; porém, eu proponho alterar para religião em ação.
4 de novembro de 1953

(16) Título anterior: “Religião ativa”.


(17) Nichiren Shu: Religião da linhagem budista criada por volta de 1872, fundamentada nos ensinamentos do monge budista Nichiren ou Nichiren
Shonin (1222-1282).

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RELIGIÃO CRIADORA DE PESSOAS FELIZES

E m princípio, o que vem a ser a religião? Ela teve origem no amor de Deus, para conduzir as pessoas infelizes à
felicidade. Ninguém ignora que muitos se esforçam, em vão, para serem afortunados. Raros são os que
conseguem ser felizes, mesmo depois de uma vida inteira de lutas. Longe de ser feliz, a maioria das pessoas vive uma
sucessão de infelicidades. Mesmo que a teoria aprendida através da instrução escolar ou da leitura de biografias e
livros sobre grandes personalidades seja fielmente posta em prática, são raros os casos bem-sucedidos. A teoria bem
embasada merece admiração, mas todos, por experiência própria, sabem que, na prática, as coisas não ocorrem de
acordo com ela.
Por exemplo, quem segue fielmente o caminho da honestidade, é visto como ingênuo ou tolo; entretanto, se muda
a forma de agir e faz coisas suspeitas, cai no descrédito ou até mesmo nas malhas da lei. Por fim, o indivíduo não
sabe como proceder. Por esse motivo é que os espertos definem que o melhor é viver desonestamente simulando
atitudes honestas. Essa filosofia de vida se disseminou e, dentre seus adeptos, os melhores se tornam os bem-
sucedidos, razão por que as pessoas tendem a seguir tais exemplos, e os males sociais não diminuem.
Pelo mundo ser assim é que se diz que os honestos saem perdendo. Portanto, quanto mais correto for o indivíduo,
mais ele se arrisca a cair no conceito de ultrapassado e ser tachado de inflexível. Com frequência, observa-se que
aqueles que pregam a justiça e a retidão, são rejeitados e fracassam na sociedade.
É enorme o meu esforço para empunhar a bandeira do senso de justiça e de retidão diante de semelhante mundo.
As pessoas em geral veem essa atitude como tolice e devem me achar um indivíduo excêntrico, covarde e sem
ambições, como qualquer outro religioso.
Por tudo isso, no passado, fui alvo de ações judiciais e, também, jornais e revistas escreveram sobre mim de forma
sensacionalista. Este tratamento cruel que recebi, se deve ao fato de eu ter escrito destemidamente contra o mal, bem
como à inveja suscitada por conta do nosso rápido crescimento. Ultimamente, apesar de todas as pressões, em vista
da constância e da força com que estamos expandindo, a sociedade nos tem visto com outros olhos. Acima de tudo,
alegra-nos que a situação tenha se abrandado, facilitando nosso trabalho. Isso se deve ao fato de termos Deus em
nossa retaguarda, o que nos permite ultrapassar as adversidades com segurança. Ou seja, nossa religião possui uma
grande proteção não encontrada nas demais.
Podemos compreender a respeito disso, observando a forma de atuação das religiões de até agora. Em linhas
gerais, existem dois tipos. O primeiro é aquele que, reivindicando justiça, segue destemidamente. A religião
Hokekyo(18) de Nichiren, é o melhor exemplo disso e, por essa razão, sofreu perseguições atrozes. Em consequência
dessas adversidades, enquanto o fundador esteve à frente, não houve uma expansão expressiva. Só após algumas
centenas de anos é que ela conseguiu alcançar seu atual prestígio. O segundo, em contrapartida, temendo
perseguições, busca caminhos seguros. Então, mesmo que consiga crescer, necessitará de um longo tempo; caso
contrário, será extinta. É nesse ponto que se encontra a dificuldade.
Felizmente, com o advento da democracia, a liberdade religiosa foi estabelecida. Por esse motivo, diferentemente
da situação anterior ao término da Segunda Guerra Mundial, agora, vivemos uma época abençoada e conseguimos -
livrar-nos de uma fatal perseguição religiosa. Assim sendo, tendo a retidão e a justiça como princípios norteadores,
estou, passo a passo, eliminando o mal e avançando em direção ao bem.
A seguir, tratarei da questão da felicidade do ser humano.
Obviamente, é o bem que possibilita a criação da felicidade, sendo desnecessário dizer que, para fazer o bem
prevalecer, deve-se ter força suficiente para vencer o mal. Entretanto, até agora, as religiões careciam dessa força; por
conseguinte, não proporcionavam a felicidade verdadeira. Foi a teoria da Iluminação do budismo que correspondeu
aos anseios do povo, que já tinha desistido da matéria e desejava, ao menos, alcançar a paz espiritual. No
cristianismo, por outro lado, pregou-se a resignação por meio da expiação, a exemplo de Jesus Cristo. E a conhecida
frase: “(...) a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra”(19), também se refere ao princípio de não
resistência, isto é, ao espírito de derrotismo diante do mal. Como as religiões tradicionais não conseguem vencer o
mal em termos materiais, criou-se a teoria da negação das graças recebidas nesta vida. Não é de estranhar o
surgimento da classificação de superior para a religião que visa à salvação do espírito, e de inferior, para aquela que
consegue proporcionar, também, as graças recebidas nesta vida. Contudo, essa teoria não passou de um recurso até
determinada época. Darei alguns exemplos.
Mesmo torturadas por uma doença prolongada, há pessoas que se dizem satisfeitas, alegando que estão salvas

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quando, na realidade, estão apenas resignadas, sufocando seus verdadeiros sentimentos. Isso significa enganar a si
mesmas. Na realidade, é o restabelecimento da saúde que faz nascer a autêntica satisfação.
Desde tempos antigos, sempre houve famílias que, não obstante o ardor de sua fé, não foram agraciadas
materialmente, permanecendo infelizes. Dessa forma, acabaram por se iludir, julgando que a essência da religião só
objetiva a salvação espiritual.
Entretanto, a Igreja Messiânica salva tanto o espírito como a matéria. Podemos afirmar que ela vai além disso. Em
poucos anos de atuação, nossa religião já está construindo Solos Sagrados, museu de arte e outras obras em diversas
localidades, e tudo isso depende inteiramente dos donativos dos fiéis. E como abominamos a exploração, temos,
como diretriz, contar apenas com o recebimento do donativo espontâneo. Apesar disso, o fato de se conseguir a
quantia necessária para empreendimentos de tamanha envergadura é realmente milagroso. Isso prova a prosperidade
dos fiéis. Longe de ser temporário, o donativo tende a aumentar, razão por que nunca me preocupei com dinheiro.
Tudo é uma questão de época porque, quando as religiões antigas surgiram, elas podiam ser de caráter shojo(20) e,
por esse motivo, o fato de seus fundadores levarem uma vida de privações não constituía nenhum problema. Todavia,
hoje isso não é viável. Tudo adquiriu caráter universal, de modo que é preciso que nossas atividades sejam de grande
porte, para salvar a humanidade. Quanto maior essa escala, maior o número de pessoas que serão salvas. Por essa
razão, ao tomarem conhecimento dos nossos grandes projetos, com certeza, as pessoas mudarão sua visão em relação
à nossa religião.
10 de junho de 1953

(18) Religião Hokekyo: O mesmo que religião Nichiren Shu.


(19) Mateus 5:39 (Bíblia de Estudo Almeida).
(20) Shojo: O termo refere-se à religião de caráter fundamentalista, de preceitos rigorosos, que preza pelo bem-estar do indivíduo e não pelo bem-estar da
sociedade.

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RELIGIÃO QUE REVELA DEUS

N a sociedade, quando se fala sobre fé às pessoas que não têm religião, é comum elas reagirem negando a
existência das divindades e pedindo que provemos tal existência com toda a clareza. Assumem uma atitude
pretensamente culta, dizendo não poder perder tempo com superstições.
Essa tendência é notadamente acentuada entre as pessoas da classe intelectual. Todavia, não podemos criticá-las,
porque elas têm suas razões. Sua postura explica-se pelo fato de que muitas das religiões são anticientíficas, sendo
raras as que não cheiram a superstição. Muitas não conseguem dar provas claras da existência de Deus, deixando o
assunto na obscuridade.
Portanto, não é de se estranhar que haja tantas pessoas que não mostrem interesse pela questão da fé.
No entanto, nossa religião mostra, claramente, a quem quer que seja, que Deus existe. Todos os que entram em
contato com ela, sentem-se maravilhados ante a constatação da existência de Deus. A melhor prova está nos
inúmeros relatos de milagres e graças alcançados pelos nossos fiéis. Infelizmente, são pouquíssimas as pessoas que
creem por meio da simples leitura ou explanação oral desses relatos. A maioria acha-se impedida de aceitar os fatos
como realmente são porque nos analisam sob uma ótica embasada em crenças de nível inferior. Em parte, isso se
entende, mas para religiões como a nossa, não deixa de ser lamentável. Costumo afirmar que nós não somos uma
simples religião, e sim, uma ultrarreligião, uma grandiosa obra de salvação.
Muitos de nossos fiéis dizem que, quando leram nossas publicações pela primeira vez, não conseguiram crer
integralmente nelas, achando muito diferentes não só dos ensinamentos de outras igrejas como também das teorias
científicas. Considerando que nenhuma experiência é perdida, eles começaram a receber Johrei cheios de
desconfiança. Perplexos com o fato de ele consistir apenas no levantar das mãos, pensaram em desistir, julgando
impossível obter, por meio de um ato de tamanha simplicidade, curas que não se conseguem nem mesmo pela tão
avançada medicina atual. Entretanto, para sua surpresa, sentindo-se mais dispostos no dia seguinte, optaram por
persistir um pouco mais e melhoraram rapidamente. Assim, eles ficam mais impressionados do que felizes. Este é o
testemunho unânime dos que relatam suas experiências.
É justamente porque nossa religião evidencia extraordinárias graças recebidas nesta vida que os intelectuais
cometem um engano, chamando a isso de superstição. Essa atitude não deixa de ser um grande obstáculo; contudo,
existem aqueles que pensam corretamente e se tornam felizes por ingressarem na nossa fé, aceitando plenamente a
realidade evidenciada. Tanto os mais intransigentes como os mais devotados à ciência acabam se dando por vencidos
diante das provas da existência de Deus apresentadas pela nossa religião através de inúmeros milagres nunca antes
manifestados.
9 de janeiro de 1952

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ELIMINAÇÃO DA TRAGÉDIA

E ntre tudo o que há no mundo, o que o ser humano mais abomina é a tragédia. Eliminá-la totalmente é
impossível, mas não será tão difícil diminuí-la. Passemos a estudar sua natureza.
O fato de a maioria das tragédias ser causada pela doença constitui uma implacável realidade. Entretanto, elas
também são geradas pelas questões amorosas e pela desonestidade motivada por interesses materiais. Analisando sua
causa, no entanto, percebe-se que todas as tragédias têm sua raiz na enfermidade espiritual. Dizem que uma mente
sã habita um corpo são, e isso é verdade. Após longos anos de pesquisa, verifiquei que a paixão desregrada, a
imoralidade, a desonestidade, a impaciência, o alcoolismo, a preguiça, a delinquência juvenil e outros desvios de
comportamento estão quase sempre presentes em físicos doentes. Infelizmente, nem mesmo apelando para a
medicina ou para outros meios, ainda não se descobriram métodos eficientes para curar as doenças e restabelecer a
saúde física e espiritual. Ainda que se tivesse detectado a causa, não existia ainda uma forma para resolver, de fato, o
problema. Houve quem se orgulhasse, dizendo ter descoberto a origem delas e seus tratamentos. Contudo,
frequentemente, estes tratamentos caem em desuso, pois seus efeitos não são senão temporários. Casos assim
ocorreram com frequência. É realmente desolador. Todavia, em nossas publicações, encontramos muitos relatos de
cura de doenças consideradas gravíssimas, e a alegria e a gratidão expressas nesses relatos nos comovem até às
lágrimas.
Conforme pudemos observar, a verdadeira solução das doenças e de outras desgraças depende do surgimento de
uma força invisível, e só aos que a experimentarem é dado reconhecer quão incomensurável é a Força de Deus. Os
homens modernos não se deixam convencer senão através da realidade ou de provas. Portanto, sem apresentar
resultados concretos, é inútil tentar guiá-los à fé por meio de princípios bem elaborados. Para eles, a salvação da
humanidade e o incremento do bem-estar da sociedade não passam de um sonho.
A essência da verdadeira fé consiste em mover o que é visível pela ação de um poder invisível. Esta força está sendo
manifestada pela nossa Igreja e, por essa razão, creio eu, poderíamos dizer que ela é a religião do poder.
As religiões tradicionais, em sua maioria, se fundamentam nos ensinamentos, o que faz com que busquem
despertar a alma de seus fiéis de fora para dentro. Todavia, o ato purificador empregado pela nossa Igreja – o Johrei –
projeta a Luz espiritual diretamente na alma, despertando-a instantaneamente, isto é, ele transforma a pessoa sem a
intervenção humana, deixando as pregações para segundo plano. Buda Sakyamuni afirmou que todos têm a essência
de buda(21) em seu interior, e aqueles que atingirem essa compreensão tornam-se bossatsu(22). Isso é realmente
verdade.
Nessa linha de raciocínio, aqueles que ingressam em nossa religião, em curto espaço de tempo, vão galgando níveis
de Iluminação mais elevados até atingirem a Suprema Iluminação(23). Além de não precisar preocupar-se com as
próprias tragédias, tornam-se qualificados para eliminar as tragédias alheias.
11 de junho de 1949

(21) Buda: Em sânscrito, buddha significa “desperto” ou “iluminado”. É um título dado no budismo àqueles que despertaram plenamente para a verdadeira
natureza dos fenômenos e se puseram a divulgar tal descoberta aos demais seres.
(22) Bossatsu: Em sânscrito, bodhisattva. Termo budista utilizado para designar uma pessoa que já tem um considerável grau de Iluminação e que procura
usar sua sabedoria para ajudar outros seres humanos a se livrar do sofrimento.
(23) Suprema Iluminação: Em japonês shokaku, em sânscrito samyak-sambodhi: o nível mais alto de Iluminação segundo o budismo.

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VERDADE

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ESCLARECIMENTO DA VERDADE(24)

A ntes de mais nada, qual é o verdadeiro objetivo da religião? Sem dúvida, é o esclarecimento da Verdade.
E o que é a Verdade?
A Verdade é a natureza tal qual ela se apresenta. O Sol desponta no leste e desaparece no oeste; o ser humano
nasce e, inevitavelmente, caminha para a morte. O budismo se refere a isso com as expressões “tudo o que nasce está
sujeito a desaparecer” e “todo encontro está condenado à separação”. O fato de o ser humano manter-se vivo por
meio da respiração e da alimentação, evidentemente, também é verdade. Preciso insistir sobre assuntos tão óbvios
porque a atual situação da sociedade é absurda.
Observando os revoltantes acontecimentos deste mundo, o caos reinante na sociedade, os conflitos, a desordem, as
más ações etc., é impossível negar que há mais fatores que contribuem para a infelicidade do que para a felicidade da
humanidade. Precisamos, pois, refletir sobre a origem disso. Segundo o meu ponto de vista, é evidente que a causa
reside no demasiado afastamento da Verdade, embora não se perceba isso.
Vejo que o homem moderno perdeu a noção da Verdade. Parece que a vida se mostra tão difícil para ele, que não
consegue refletir sobre o assunto. Além disso, até hoje, a Verdade não era clara nem mesmo para as religiões. Por
esse motivo, não era raro pregar a pseudoverdade acreditando estar transmitindo a Verdade. Se esta tivesse sido
revelada tal qual ela é, a sociedade humana deveria estar muito melhor do que é visto hoje, e o Paraíso estaria
concretizado até certo ponto.
Contudo, com a chegada do tempo, Deus revelou Sua Vontade e, por meu intermédio, está explicando e
demonstrando a Verdade. Neste sentido, meus diversos escritos esclarecem a Verdade de maneira que qualquer
pessoa possa compreender com facilidade. Portanto, certamente, a correta visão sobre a Verdade aflorará naqueles
que lerem atentamente minhas palavras com a mente livre de preconceitos.
Vou explicar por meio de situações que são familiares a todos. O ser humano adoece porque se distancia da
Verdade, e a medicina não consegue curá-lo porque também está fora da Verdade. Política errônea, má ideologia,
sofrimentos decorrentes do aumento de crimes, crise financeira, inflação e deflação, tudo isso também decorre desse
afastamento.
Se não houver nenhum desvio da Verdade, tudo o que for correto caminhará de acordo com o desejo do ser
humano, pois Deus criou a sociedade humana dessa maneira. Assim, não seria difícil surgir uma sociedade ideal,
virtuosa e bela, em que as pessoas vivem com alegria e felicidade. Nisto reside a possibilidade do advento do Paraíso
Terrestre que venho propondo.
Diante disso, talvez alguns achem que há muitos pontos controversos em minha teoria, mas na realidade não é
nada disso. Tudo o que eu digo é muito óbvio. Se esses pontos parecerem estranhos é porque a análise parte da
perspectiva da pseudoverdade. Quanto mais controversa minha teoria parecer, mais evidente é o contrassenso vigente
na sociedade. Portanto, podemos dizer que aquele que aceita minha teoria sem objeções, é alguém que assimilou a
Verdade.
Deus concedeu ao ser humano a liberdade infinita. Eis a Verdade. Às demais criaturas, como os animais e os
vegetais, Ele permitiu a liberdade limitada. Dessa forma, a nobreza do ser humano reside nesta diferença. Falar da
sua liberdade é dizer que, quando ele se eleva, torna-se divino; quando se degrada, equipara-se ao animal. Em outras
palavras, ele existe entre os dois extremos. Se desenvolvermos esse princípio, veremos que, dependendo das ações do
ser humano, o mundo se torna um paraíso jubiloso, ou ao contrário, um inferno desolador. Esta é a Verdade. Não há
dúvidas quanto à escolha: a não ser aqueles de espírito maligno de nascença, todos desejarão o paraíso.
De acordo com o que acabamos de expor, a concretização do mundo paradisíaco é, em última instância, o objetivo
da humanidade. E somente por meio do esclarecimento da Verdade é possível atingi-lo. Uma vez que esta é a missão
da religião, estou sempre ensinando a Verdade por meio da fala e da escrita. Assim sendo, dedico-me intensamente
dia e noite como aquele que esclarece a Verdade.
30 de janeiro de 1950

(24) Título anterior: “Concretização da Verdade”.

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VERDADE, BEM E BELO

C onforme sempre digo, o Paraíso Terrestre que temos por ideal, é o mundo de perfeita Verdade, Bem e Belo.
Gostaria de escrever a respeito com maiores detalhes.
Seguindo a ordem, começarei por explicar o que entendemos por Verdade. Evidentemente, referimo-nos ao
esclarecimento da Verdade, isto é, à própria realidade, à maneira correta de ser, sem o mínimo de erro, pura e
transparente. A cultura desenvolvida até o presente equivocou-se e considerou aquilo que não era Verdade como a
própria Verdade. É por essa razão que existiam muitas verdades aparentes. Nem é preciso dizer que foi devido à
inferioridade do conhecimento humano que as pessoas não percebiam isso.
Basta observar a sociedade atual para percebermos que quase todas as pessoas se veem forçadas a trabalhar
arduamente para sobreviver e vivem dia após dia, sem qualquer parcela de esperança. Embora estejam se afogando
num mar de preocupações causadas pela doença, pelas dificuldades financeiras e pelo medo da guerra, elas insistem
em dizer que este mundo em que vivemos é desenvolvido e civilizado. Não obstante, observando com rigorosa
imparcialidade, percebemos que quase todas as pessoas lutam entre si, odeiam-se e entram em choque, tal como os
animais, agonizando num turbilhão de insegurança e ansiedade. É como se estivéssemos olhando o próprio Inferno.
Essa situação toda que descrevi, é justamente o resultado da cultura da pseudoverdade. Mesmo as pessoas mais
esclarecidas não percebem isso e, acreditando tratar-se de um mundo civilizado, continuam a enaltecê-lo. São,
realmente, dignas de nossa compaixão...
O mesmo se verifica quando tratamos, por exemplo, da questão da doença. Pelo fato de a medicina estar em
desacordo com a Verdade, todos os lugares estão repletos de doentes. É tuberculose, disenteria, meningite, derrame
cerebral, paralisia infantil: enfim, são incontáveis tipos de doenças. E vejam a justificativa que dão a isso:
“Antigamente, também existiam muitas enfermidades, só que a medicina não estava desenvolvida a ponto de
descobri-las; hoje, porém, ela adquiriu essa capacidade.” De qualquer maneira, nosso desejo é que o número de
doentes diminua e que o de pessoas realmente saudáveis aumente. Apenas isso.
O homem contemporâneo teme exageradamente as doenças. Por essa razão, as autoridades e os especialistas
advertem em relação à higiene e empenham-se na prevenção de doenças. Um exemplo é a vacina, que é preventiva,
não objetiva a cura, sendo apenas paliativa. Dessa forma, a medicina nem ao menos sabe distinguir a cura temporária
da cura definitiva. E, mesmo que soubesse, de nada adiantaria, pois desconhece o método para curar as doenças. E
uma vez que ignora completamente que as doenças são uma providência de Deus para aumentar a saúde, empenha-
se tão simplesmente para deter sua evolução, pensando que isso é progresso. Além disso, por total desconhecimento
de que o método para detê-las é justamente o que as provoca, quanto mais a ciência progride, mais se multiplicam as
enfermidades. Vejam: o número de doentes só aumenta, e a resistência física diminui cada vez mais. Por essa razão,
as pessoas temem a fadiga e a insônia, não conseguem perseverar nem fazer maiores esforços e, caso pratiquem
exercícios um pouco mais pesados, ficam exaustas. É descabida a busca da saúde apenas pelo incentivo à prática de
exercícios, visto que a realidade nos mostra mortes prematuras de esportistas profissionais. Isso não é
incompreensível? Por outro lado, ao seguirem o princípio sobre a saúde ensinado pela nossa religião e ao receberem
Johrei, o fantasma das doenças se dissipa, e as pessoas se tornam verdadeiramente saudáveis. Esta é a realidade.
A seguir, escreverei a respeito do Bem, que, evidentemente, é o oposto do mal. Todavia, o que é o mal? Ele é
causado pelo ateísmo, que nasceu do pensamento materialista, e o bem é o seu oposto: nasceu do teísmo. Esta é a
Verdade. Entretanto, como a premissa da ciência é a negação desse teísmo, que é a Verdade, quanto mais ela
progride, mais aumenta o mal. E mesmo que a cultura progrida, isso será apenas superficial. Dessa forma,
reconhecemos os méritos da ciência, mas não podemos deixar de levar em conta o mal que ela gera. Aqueles que não
percebem isso, enaltecem apenas seus pontos positivos e, quanto aos negativos, elaboram habilidosas teorias,
subjugando as classes dirigentes, levando-as a concluir que nada terá solução sem a ciência. Assim, a felicidade
acabou ficando cada vez mais distante.
Em seguida, analisemos o Belo, que também constitui um problema.
Acompanhando o desenvolvimento da cultura, multiplicaram-se os elementos do belo. Individualmente falando,
estão em nível satisfatório; mas coletivamente, não se consegue usufruir deles. Somente uma parte da sociedade – a
classe privilegiada –, desfruta de roupas bonitas, boa alimentação e belas moradias, enquanto o povo em geral mal
consegue alimentar-se, não tendo condições para pensar no belo. Tais pessoas dispõem de alimento apenas para
matar a fome; de casa, somente para dormir; das ruas, apenas para transitar, e de um transporte coletivo, em que mal
dá para entrar, pois têm de enfrentar os empurra-empurras (talvez isso ocorra somente no Japão). Dessa forma, trata-

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se de uma sociedade que não consegue usufruir das belezas naturais, que são dádivas de Deus, tais como as
montanhas, os rios, as plantas e as flores, nem das artes e do belo criados pelo ser humano. Assim, não obstante o
grande desenvolvimento da cultura, uma vez que não é toda a humanidade que pode usufruir de suas benesses, o
mundo contemporâneo é realmente o paraíso dos ricos e o inferno dos pobres. A causa é a existência de uma grande
falha em algum ponto da civilização. Somente quando esse equívoco for corrigido e a felicidade puder ser desfrutada
equitativamente, o mundo será, de fato, civilizado. Esta é a missão da Igreja Messiânica Mundial.
Por tudo o que foi exposto, creio que puderam entender o verdadeiro significado da Verdade, do Bem e do Belo.
Contudo, o mais importante é o poder de concretizá-los. De nada adiantarão as palavras se elas constituírem apenas
um lema escrito num cartaz. Todavia, devemos alegrar-nos, pois, finalmente, este sonho tão almejado está para
tornar-se uma realidade em nosso mundo.
25 de setembro de 1953

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VERDADE E PSEUDOVERDADE

D esde tempos remotos, fala-se a respeito da Verdade, mas parece que ninguém fala sobre a pseudoverdade, ou
melhor, sobre a verdade aparente. Entretanto, para analisarmos qualquer problema, será necessário saber
diferenciá-las, pois essa distinção exerce enorme influência no resultado. Quando procedemos à análise por essa
ótica, observamos que são numerosas as vezes em que a verdade aparente é tida erroneamente como Verdade, e a
maioria das pessoas não o percebe.
A Verdade e a verdade aparente também estão presentes na religião, na filosofia, na ciência, na arte e até na
educação. A verdade aparente desmorona com o passar dos anos; porém, a Verdade é eterna e imutável. Quando se
descobre algo novo, no início, as pessoas acreditam tratar-se da maior de todas as verdades; todavia, com o
aparecimento de novas teses e descobertas, é comum que ela venha a desmoronar. Da mesma forma, por mais
notável que seja uma religião, quem pode garantir que ela não se extinguirá após centenas ou milhares de anos? Não
seria uma extinção total, mas somente da parte que constituía a verdade aparente e é óbvio que se manteria a parte
verdadeira. Mesmo que não possuísse nada que pudesse ser mantido, essa religião não seria alvo de críticas, pois
cumpriu sua missão de contribuir para o progresso da cultura. É inegável que, quanto mais próxima da Verdade a
verdade aparente estiver, mais longa será sua vida; quanto mais distante, mais curta.
Apesar de o ato de distinguir a Verdade da verdade aparente ser da responsabilidade dos intelectuais e dos líderes
da época, raros são aqueles que têm essa capacidade fora do comum. Às vezes, a verdade aparente pode conservar-se
por longo tempo. O absolutismo e o feudalismo são verdades aparentes que foram tidas como Verdade. O mesmo se
pode dizer em relação ao fascismo de Mussolini (1883–1945), ao nazismo de Hitler (1889–1945) e à política
expansionista de Tojo(25), que tiveram pouca duração. É interessante que, na época, o fato passou despercebido e,
momentaneamente, os povos das nações governadas por aqueles líderes acreditaram tratar-se da Verdade, embora
fosse uma verdade aparente. Devido a essa crença, até a vida foi encarada levianamente, e não podemos esquecer
quantas pessoas foram vítimas de tais enganos. Diante disso, percebemos como é terrível a verdade aparente.
Não podemos deixar de observar que a Verdade e a verdade aparente estão presentes em grande medida também
na religião. Quantas religiões surgiram e desapareceram! Apesar de terem sido gloriosas no início, tiveram uma vida
breve, não deixando qualquer vestígio. Isso ocorreu porque elas se fundamentavam na verdade aparente. Entretanto,
se for uma religião com valores em consonância com a Verdade, mesmo que por algum tempo sofra uma forte
perseguição, um dia, sem dúvida alguma, conseguirá reerguer-se e tornar-se uma importante religião. Podemos fazer
essa afirmativa observando as grandes religiões da atualidade.
30 de janeiro de 1950

(25) Hideki Tojo (1884–1948), primeiro-ministro do Japão no período de 1941 a 1945.

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EU ESCREVO A VERDADE

C omecei a escrever artigos há mais de dez anos; naturalmente, apenas sobre assuntos relacionados à fé.
Diferentemente de outros fundadores de religiões, procurei não empregar um tom formal, mas ao mesmo
tempo utilizei uma linguagem que todos pudessem compreender facilmente, sem cair na impolidez. Todavia, aqui
temos um problema. Por exemplo, as oitenta e quatro mil sutras budistas, a Bíblia cristã, os ensinamentos exotéricos
da religião Shingon(26), os ensinamentos de Shinran(27) e de Nichiren, os salmos da fundadora da Tenrikyo, o
Ofudesaki(28) da fundadora da Oomoto, todos eles têm um lado negativo, isto é, cheiram exageradamente a religião.
Entretanto, também têm seu aspecto positivo, pois possuem um mistério que ora julgamos entender, ora nos parece
incompreensível, e talvez seja por isso mesmo que eles exerçam certa atração. Uma vez que é difícil interpretá-los,
dependendo da pessoa, esses ensinamentos podem ser compreendidos de diferentes maneiras, o que facilita a
formação de ramificações. Além disso, a História nos mostra que, quanto maior for o número de adeptos de uma
religião, mais ocorrerão subdivisões que lutam entre si. Assim sendo, não conseguindo captar a essência da fé, os fiéis
frequentemente se sentem confusos e dificilmente conseguem alcançar o verdadeiro estado de paz interior.
Diante dessa realidade, seria praticamente impossível unificar harmoniosamente até mesmo uma única religião por
meio desses ensinamentos. Consequentemente, a união de todas elas torna-se impensável. Este deve ser, também, o
motivo do aparecimento de novas religiões a cada ano que passa. Observando somente o Japão, notamos que a
tendência atual é aumentar o número de religiões proporcionalmente ao crescimento da população.
Jeová, Deus, Logos, Tentei, Mukyoku, Amaterassu Okami, Kunitokotati-no-Mikoto, Jesus Cristo, Buda
Sakyamuni, Amida e Kannon constituem o alvo de devoção de diversas religiões. Além destes, que são os principais,
poderíamos citar Mikoto, Nyorai, Daishi e inúmeros outros. Sem dúvida alguma, não levando em conta Inari,
Tengu, Ryujin e mais alguns, que pertencem a crenças populares, eles são divindades de alto nível. É indiscutível que
todos se originam do único e verdadeiro Deus, isto é, do Supremo Deus.
Até hoje, contudo, cada religião se considera mais elevada que as demais, havendo certa discriminação entre elas.
Dessa forma, é impossível promover a união de todas. Apesar disso, o objetivo das religiões é o mesmo. Ou seja, não
há uma sequer que não deseje a concretização do Paraíso na Terra, do mundo paradisíaco, do mundo ideal, em que
toda a humanidade é feliz.
Entretanto, o que é preciso para que este mundo se concretize?
É necessário que surja uma religião que promova a união do mundo inteiro. Para tanto, deverá ser grandiosa e
ultrarreligiosa a ponto de toda a humanidade crer nela. Não quero dizer que essa religião seja a Igreja Messiânica,
mas a missão desta é ensinar o meio que possibilitará a realização do mundo ideal, ou seja, mostrar como elaborar o
plano, o projeto para a construção deste mundo. À medida que o número de pessoas conscientes disso aumentar em
cada país, avançaremos gradativamente rumo ao nosso objetivo.
Em síntese, será o esclarecimento da Verdade. Através dela, todas as falácias se tornarão evidentes e serão
corrigidas, concretizando um mundo de luz, claro e límpido. Naturalmente, o mal será excluído do ser humano; o
bem, que estava subjugado, prosperará, e a humanidade desfrutará da felicidade. Portanto, em primeiro lugar, é
fundamental que a Verdade seja divulgada às pessoas, sem exceção.
Falando assim, talvez as pessoas retruquem que, desde os tempos antigos, inúmeros grandes mestres já vieram
ensinando tudo sobre a Verdade e que, por conseguinte, a essas alturas, isso não seria mais necessário. Contudo, este
é o problema. Isso porque, se a Verdade tivesse sido desvelada até o presente, ela já teria sido esclarecida, e o mundo
paradisíaco estaria concretizado ou se encontraria próximo. Todavia, sequer visualizamos indícios de tal afirmativa.
Em termos materiais, talvez possamos dizer que estamos nos aproximando do Paraíso; por outro lado, ou seja, em
termos espirituais, não se observa nenhum avanço, sendo que há, até mesmo, um retrocesso. Assim, sequer podemos
prever quando o mundo paradisíaco será verdadeiramente concretizado. Desse modo, as pessoas perceberão que o
motivo reside no fato de, até hoje, ter-se acreditado numa verdade que, na realidade, não era a Verdade.
O melhor meio para constatar o que estou dizendo é observar a real situação do mundo. Tudo se encontra por
demais distante da condição paradisíaca. A doença, o maior sofrimento do ser humano, não está diminuindo, e o
dissabor da vida denominado pobreza continua. O conflito entre os indivíduos, entre os países, isto é, a guerra,
encontra-se na situação que podemos observar. Portanto, isso é a prova de que a Verdade não está sendo posta em
prática. Consequentemente, aquilo que até agora era considerado Verdade, na realidade, consistia numa
pseudoverdade. Esta, além de não ter sido benéfica, veio até mesmo sendo um obstáculo à construção do Paraíso. No

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entanto, finalmente, o tempo chegou. Deus esclarecerá a Verdade à humanidade através de minha pessoa. Sendo essa
a razão da instituição da nossa Igreja Messiânica, os textos que eu escrevo são orientados por Deus de tal forma que
todas as pessoas possam compreender. Assim sendo, o que escrevi até agora é Verdade. Vou desvelar a
pseudoverdade e ensinar como sanar suas falhas, refletindo-as no espelho da Verdade. Assim, não só ficará clara a
diferença entre a Verdade e a pseudoverdade, como também vou mostrá-la com base na realidade. É isso que vem a
ser o método do Johrei, o cultivo agrícola natural(29), o aperfeiçoamento da arte e a construção do modelo do Paraíso
Terrestre.
Em suma, o empreendimento que agora estou realizando – o grande esforço para que todos compreendam a
Verdade por meio da palavra escrita – constitui um importante processo de esclarecimento da Verdade.
25 de setembro de 1951

(26) Shingon: Religião de linhagem budista fundada no Japão há mais de 1.200 anos pelo monge Kobo Daishi (774-835).
(27) Shinran: Shinran Shonin (1173-1263) foi um monge budista japonês que fundou a religião de linhagem budista Jodo Shinshu.
(28) Ofudesaki: Livro sagrado de revelações divinas da religião Oomoto.
(29) Cultivo agrícola natural: Outro nome utilizado por Meishu-Sama para Agricultura Natural Messiânica.

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TEORIA DA HARMONIA(30)

A harmonia é uma palavra utilizada desde a antiguidade que soa, em um primeiro momento, como algo positivo.
Em geral, é tida como um caminho natural, mas na verdade existem pontos que não podem ser aceitos cegamente.
Isso porque essa forma de pensar é superficial, apesar de não estar totalmente errada. Sendo assim, precisamos
aprofundá-la.
Tudo o que há no Universo acha-se em perfeita harmonia. Não existe um mínimo sequer de desarmonia. Aquilo
que se apresenta aos olhos humanos como desarmonia, é apenas a parte visível. Isso porque a desarmonia é criada
pelos seres humanos, e sua origem provém da ação antinatural. Ou seja, do ponto de vista da Grande Natureza, o
surgimento da desarmonia em decorrência da ação antinatural é a verdadeira harmonia. Esta é a correta e imparcial
Verdade. Neste sentido, basta que o ser humano obedeça às leis do Universo para que todas as coisas se harmonizem
e caminhem normalmente.
Assim, quando se promove desarmonia, nasce desarmonia. E quando se promove harmonia, nasce harmonia. Uma
vez que essa é a Grandiosa Harmonia da Natureza, quando o ser humano aprofunda sua compreensão sobre este
assunto, torna-se feliz. A maior prova disso é que o que hoje é desarmonia, com o tempo, se transforma em
harmonia. Por outro lado, muitas vezes, quando estamos despreocupados achando que está tudo em harmonia,
quando menos se espera, ela é quebrada e se transforma em desarmonia. Esta é a realidade do mundo que exige
nossa profunda reflexão.
É bom que tenhamos sempre em mente que aqueles que têm visão shojo(31), enxergam desarmonia nas coisas e, ao
contrário, os de visão daijo(32) enxergam a harmonia.
1º de outubro de 1952

(30) Título anterior: “A dialética da harmonia”.


(31) Visão shojo: Visão micro; prende-se ao particular em detrimento do todo; é uma visão estreita, limitada, restrita, individual, exclusiva e de curto prazo.
(32) Visão daijo: Visão macro; analisa o todo sem se prender ao particular; é uma visão larga, ampla, extensa, coletiva, integral e de longo prazo.

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CRIAÇÃO DA CULTURA

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O QUE É A VERDADEIRA CIVILIZAÇÃO? (PALESTRA)(33)

A credito que minha palestra é bastante original. Pretendo tratar de assuntos que nunca foram abordados. Até
porque não haveria necessidade de eu vir de Atami até aqui para apresentar o que outras pessoas já disseram.
Desejo expor aquilo que ainda não foi divulgado.
Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que as pessoas afirmam que a cultura da atualidade é avançada ou que
estamos na Era da Cultura, confundindo, desse modo, os conceitos de cultura e civilização. Na verdade, cultura e
civilização são coisas diferentes. Civilização é um mundo ideal, sem nenhuma selvageria. Já a cultura é o estágio
intermediário da selvageria para atingirmos a civilização. Tanto que o ideograma ka (化) da palavra bunka (文化
“cultura”) é o mesmo utilizado para expressar algo provisório. Observando a humanidade de hoje, notamos que ela
está fascinada por essa cultura, achando que ela é o que há de melhor e que, fazendo-a progredir, o mundo se tornará
um lugar prazeroso de se viver. Contudo, o mundo civilizado a que eu me refiro, é diferente daquele que as pessoas
têm em mente.
O que é a verdadeira civilização? Em poucas palavras, refere-se necessariamente a uma época em que a
humanidade tenha toda a garantia de uma vida segura. Todavia, conforme o Sr. Suzuki(34) disse há pouco, hoje
existem coisas realmente perigosas e temíveis, como a bomba atômica, as armas biológicas, o Juízo Final etc. Isso é
terrível porque é uma época em que a segurança à vida está ameaçada. Isso não é um mundo civilizado. Hoje,
estamos na era da cultura, isto é, na fase de transição da selvageria para a civilização.
O que vou falar agora não é sobre cultura, e sim, sobre civilização, ou seja, o que vem a ser isso. As doenças e as
guerras são as que mais põem nossa vida em risco. Se vivêssemos uma época sem guerras e sem doenças, teríamos
garantia de segurança à vida, e este seria o verdadeiro mundo civilizado. Já estamos na época em que devemos
caminhar em direção a esse mundo. Daí a razão de ser do lema da Igreja Messiânica Mundial: a construção do
mundo isento de doença, pobreza e conflito, lembrando que a guerra é o conflito em maior escala. A doença é a
origem desses três infortúnios. Costuma-se entender como doença aquilo que provoca dores, coceira ou outras
reações, interpretando-a sempre no sentido físico. Todavia, não é bem assim. Há dois tipos de doenças: doenças
físicas e doenças espirituais. Dizem que, este ano, a disenteria, a tuberculose e outras doenças contagiosas
aumentaram bastante e, por esse motivo, as pessoas estão amedrontadas. Entretanto, se hoje não se consegue sequer
resolver as doenças físicas, não será possível formar um mundo civilizado nem mesmo daqui a centenas ou milhares
de anos.
Quanto à pobreza, sua causa é a doença física. Experimente investigar o motivo da pobreza de uma pessoa.
Invariavelmente, é a doença. São casos como a perda de emprego devido à enfermidade ou a impossibilidade de
trabalhar pela mesma razão. A doença em si e mais a falta de recebimento do salário constituem uma dose dupla de
sofrimento, que se reflete negativamente não só no próprio doente, mas também em parentes e amigos.
A causa das guerras também é a doença. Trata-se da doença espiritual. É comum utilizar a expressão “fabricantes
de guerras”, para denominar aqueles que as causam e, observando a História, encontramos inúmeros exemplos. Esses
indivíduos, que recebem o título de heróis, têm força e inteligência; mas, no fundo, sofrem de uma espécie de doença
espiritual. Por essa razão, torna-se necessário erradicar não só a doença física como também a espiritual. Quanto à
doença física, as pessoas acreditam que é possível curá-la através da medicina e se esforçam nesse sentido, mas não há
nada que resolva a espiritual. Para isso, só existe um meio: a religião.
Poderão dizer que, na teoria, isso pode ocorrer, mas surge a dúvida: conseguir-se-á, na prática, erradicar ambos os
tipos de doenças? Sim, através do Johrei, ao qual o Sr. Suzuki se referiu há pouco. O Johrei extinguirá as doenças
físicas e espirituais. Dessa forma, surgirá o mundo civilizado.
Observando o estado em que se encontra a humanidade e a cultura, concluo que isto não é civilização. Pelo
contrário, a selvageria aumentou enormemente. As guerras de hoje são muito mais terríveis do que as da época
selvagem. Sendo assim, podemos afirmar que aquilo que atualmente se chama de cultura ou civilização – que é alvo
da ilusão e gratidão da humanidade – na verdade, não passa da parte externa. Analisando seu conteúdo, veremos que
é selvagem, ou melhor, semicivilizado e semisselvagem.
A impressão que eu tenho é que a cultura contemporânea assemelha-se a uma bela mulher, vestida com um bonito
traje, mas que, quando tira a roupa, se revela corroída pela sífilis.
Por conseguinte, afirmo que a Igreja Messiânica não é apenas uma religião. Se fosse possível resolver os problemas
do ser humano com a religião, eles já teriam sido sanados, pois, até o presente, apareceram importantes líderes e

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fundadores de religiões, filósofos, grandes homens etc. É verdade que o ser humano progrediu e que restam poucos
grupos que permanecem em um estágio primitivo. Ele conseguiu que tudo se tornasse mais belo e expressasse mais
cultura. Todavia, ainda não foi possível garantir a segurança à vida porque as religiões que surgiram até hoje, não
possuíam força suficiente. Elas tiraram a humanidade do estado primitivo e a conduziram à cultura, mas não
conseguiram levá-la à civilização.
Falemos das maravilhosas descobertas. Entre elas, há aquelas que são utilizadas para o mal ao invés de serem
empregadas para o bem. Por exemplo, a bomba atômica pode matar vinte milhões de pessoas de uma só vez. Já a
energia correspondente à porção do tamanho da ponta de um dedo, se fosse utilizada para o bem, faria funcionar
trens ou automóveis por muitos dias. Mesmo o avião, se for utilizado como meio de transporte, não existe nada mais
rápido e útil; porém, se usado para lançar bombas, não há máquina mais temível.
Esta é a cultura científica que progrediu até hoje. Contudo, falta algo muito importante e, devido a isso, tende-se a
fazer mau uso das coisas. Este é o sofrimento da humanidade. O ponto fundamental para que as coisas sejam
utilizadas para o bem, é a alma. Transformando o mal em bem, tudo será utilizado em prol deste e, assim, um
mundo maravilhoso se estabelecerá. Jesus Cristo referiu-se a esse mundo com a expressão: “É chegado o Reino dos
Céus.” Buda Sakyamuni, por sua vez, afirmou: “Após a Destruição da Lei Búdica, aparecerá Miroku Bossatsu, e
surgirá o Mundo de Miroku.” Só que ele afirmou que isso ocorreria após 5,67 bilhões de anos. Acredito, entretanto,
que ele quis apenas referir-se aos números 5,6 e 7. Se realmente estivesse profetizando algo para daqui a 5,67 bilhões
de anos, ele não estaria em seu juízo perfeito, pois não faz nenhum sentido prever algo para um futuro tão distante.
Nessa época, a humanidade já teria passado por uma mudança tão grande que nem seria possível imaginar. Os
messiânicos conhecem bem o significado dos números 5-6-7(35). Caso eu fosse explicá-lo, isso me tomaria bastante
tempo e eu não poderia falar sobre o assunto principal.
Com relação à profecia de Jesus Cristo, eu penso que, ao invés de dizer: “É chegado o Reino dos Céus”, ele poderia
ter dito: “Vou construir o Reino dos Céus.” Naquela época, contudo, o mundo ainda não havia alcançado o estágio
necessário para isso, ou seja, o progresso da cultura ainda era insuficiente para a construção do verdadeiro mundo
civilizado. Portanto, não havia como ser diferente.
No entanto, a cultura material progrediu, chegando ao nível em que se encontra atualmente; o progresso foi tal,
que se estendeu ao mundo todo. O que eu estou dizendo pode ser ouvido através dos modernos meios de
comunicação, nos quatro cantos do mundo. Os transportes se desenvolveram tanto, que é possível ir de avião até os
Estados Unidos em apenas um dia. Dessa forma, o progresso da cultura material já atingiu o ponto em que estão
preenchidas quase todas as condições necessárias ao mundo civilizado. Entretanto, para que algo seja utilizado para o
bem, a alma é fundamental, apesar de ela ainda não ter atingido esse ponto. Então, é necessário que a humanidade
cultive esse tipo de alma e, para tanto, é preciso que ela seja alertada. Com tal intuito, escrevo o tempo todo a esse
respeito, e os fiéis frequentemente têm lido.
A propósito, há cerca de seis meses, comecei a escrever um livro intitulado “A Criação da Civilização”. Meu
objetivo com essa publicação é esclarecer que a civilização atual não é a verdadeira civilização e, abordando vários
temas como medicina, política, educação, arte e outros, vou mostrar o que é o verdadeiro mundo civilizado. A parte
que se refere à medicina já está quase pronta, mas tenciono escrever, ainda este ano, sobre as outras áreas. Quando o
livro estiver concluído, pretendo traduzi-lo para o inglês e tomar providências para que ele seja lido por professores
universitários, cientistas, enfim, por intelectuais do mundo inteiro. Vou enviá-lo também ao comitê do Prêmio
Nobel, o qual, acredito, no início, não o receberá bem, pois o comitê é constituído por grandes especialistas formados
pela cultura materialista. Todavia, como se trata de um livro que aborda justamente aquilo que importantes
estudiosos estão buscando, acredito que os integrantes da comissão não deixarão de entendê-lo e exclamar: “É isso
mesmo!” Assim, poderiam conceder-me dez ou vinte Prêmios Nobel. Portanto, quando o livro for publicado, eu
gostaria que todos os japoneses também o lessem.
Dessa forma, paralelamente a esse trabalho, temos o Johrei, por meio do qual as doenças se curam a contento.
Entretanto, ele não cura apenas as doenças: ele cura o mal da alma. Em termos mais claros, ele retira o mal, que é a
natureza animalesca, ou seja, a maneira de pensar se transforma. Isto é, dissolve-se a parte má e aumenta-se a parte
boa. Dessa forma, todas as pessoas passam a praticar o bem, sentem a necessidade de fazer o bem.
Costumo dizer aos nossos fiéis que as pessoas da atualidade estão sempre pensando em praticar o mal. Mesmo que
não estejam pensando em fazê-lo, acham que é bobagem fazer o bem, que tal prática só traz desvantagens e que se
devem fazer as coisas para tirar vantagens, mantendo as aparências. Contudo, devemos pensar ao contrário. Faço esta
afirmativa porque já houve época em que eu também não pensava em praticar o bem. Achava melhor viver da forma
mais proveitosa possível. Gradativamente, porém, comecei a ter melhor compreensão sobre Deus através da fé e vi

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que estava totalmente equivocado. Então, passei a querer praticar o bem e sempre buscava um meio para tal. Estava
sempre procurando fazer algo em benefício das outras pessoas, algo que as deixasse felizes e satisfeitas. Com essa
atitude, minha sorte melhorou. Antes de me dedicar exclusivamente à fé, nas ocasiões em que me preocupei em fazer
o bem, só me ocorreram coisas que me deixavam feliz. Sendo assim, comecei a imaginar o quanto seria benéfico se eu
pudesse levar isto a todas as pessoas.
À medida que eu ia acumulando tal tipo de experiência, comecei a ter plena compreensão de que realmente Deus e
o demônio existiam. A partir daí, fui submetido a uma fase de aprimoramento espiritual. Com a ocorrência de vários
milagres, pude compreender a grande missão que me era destinada. Foi assim que instituí a Igreja Messiânica
Mundial e estou desenvolvendo minhas atividades.
Outro ponto que eu gostaria de abordar é o Juízo Final, do cristianismo, e a Destruição da Lei Búdica, profetizada
por Buda Sakyamuni. Apesar de muitos líderes e fundadores de religiões terem feito profecias semelhantes, tratarei
apenas dessas duas.
O que vem a ser o Juízo Final? Olhando apenas a expressão “Juízo Final”, tem-se a impressão de que Enma, juiz
do Mundo Espiritual, se manifestará neste mundo para fazer o julgamento, mas não é isso. É um ponto de difícil
entendimento para os não fiéis, mas existe aquilo que chamamos de Mundo Espiritual. O mundo onde vemos e
sentimos a matéria, é o Mundo Material. No interior deste, há o Mundo Espiritual e, entre eles, o Mundo
Atmosférico, que já é conhecido. Todavia, o Mundo Espiritual é desconhecido. Conforme citei há pouco,
referentemente à passagem da era da selvageria para a era da cultura, e desta para a era da civilização, o Universo
obedece a uma constituição tripla: Mundo Material, Mundo Atmosférico e Mundo Espiritual.
Há, ainda, os ciclos do mundo: assim como existe alternância entre o claro e o escuro, entre o dia e a noite no
espaço de vinte e quatro horas, há essa mesma alternância no espaço de um ano. O claro e o escuro em um ano
podem ser comparados ao verão e ao inverno, respectivamente. Aliás, os raios solares são mais fortes no verão e mais
fracos no inverno, ocasionando o contraste entre o claro e o escuro. E existem períodos idênticos no espaço de dez e
de cem anos. A História registra épocas de paz e de guerra, que correspondem ao claro e ao escuro. Refiro-me,
portanto, a esse ritmo. Igual período existe no espaço de mil e de dez mil anos.
Até agora, estávamos na escuridão, no período das trevas; vamos passar para o período da luz, da claridade. Então,
a palavra 文明 (bun-mei, “civilização”) contém o ideograma 明 (mei), que quer dizer “claridade”. Por outro lado, a
palavra 文化 (bunka, “cultura”) contém o ideograma 化 (ka), que expressa algo provisório e, por isso, não é adequado.
Quando alcançarmos este período, tudo o que existia na era das trevas passará por uma organização e limpeza. Eu
costumo utilizar as expressões “Mundo da Noite”, “Mundo do Dia”, “Cultura da Noite”, “Cultura do Dia”... Muitas
coisas da Cultura da Noite não serão mais necessárias. Por exemplo, durante o dia, não precisamos de lâmpadas. Da
mesma forma, aquilo que pertencia à Era da Noite se tornará desnecessário e será destruído.
Julgamento é a separação do que é do dia e do que é da noite. O que for desnecessário, ficará guardado ou será
destruído. A partir de agora, o que for do Mundo do Dia, será gradativamente criado.
O que se sucederá quando o Mundo Espiritual se tornar claro? Vejamos o ser humano. Nele, entre a matéria e o
espírito, há uma parte líquida, que corresponde ao ar, algo como vapor d’água. Ela está presente em grande
quantidade no corpo humano. Assim, o ser humano apresenta uma constituição tripla; dela, faz parte o espírito, que
também poderia ser chamado de alma. A alma pertence ao Mundo Espiritual. Tornando-se claro este mundo,
aqueles cuja alma não corresponder à claridade, terão suas nuvens espirituais removidas a fim de poder alcançar essa
claridade. Entretanto, essa remoção não se dará de maneira deliberada. A purificação vai ocorrer naturalmente: o que
está sujo, precisa ser limpo. À medida que o Mundo Espiritual vai clareando, as pessoas com a alma suja passarão por
uma limpeza. O sofrimento é isso. O princípio da doença também está inserido nessa explicação, através da qual é
possível compreendê-lo muito bem.
Até agora não se conhecia o espírito, ou ainda, sua existência era menosprezada. É uma questão de alma que o Sr.
Tokugawa(36) mencionou há pouco. A atuação da alma é algo muito forte, muito grande.
Ontem, fui visitado por uma pessoa que eu não via há cerca de um ano. Apesar disso, anteontem, sua imagem veio
à minha cabeça, e pensei: “Como ela estará passando?” No dia seguinte, como ela veio me visitar, eu disse para mim
mesmo: “Ah, o espírito dela veio antes!”
Digamos, por exemplo, que o Sr. Tokugawa pense: “O Sr. Matsunami tem escrito muito.” Então, este sonen(37) vai
até o Sr. Matsunami, entra em seu corpo e se aloja em sua cabeça. Aí, a imagem do senhor Tokugawa vem à mente.
É como se você pensasse em alguém e ele aparecesse. Em suma, isso é o elo espiritual, que, neste caso, é o fio
condutor do sonen. É muito interessante interpretar as questões amorosas por meio da atuação dos elos espirituais.
Todavia, no momento, meu objetivo não são as questões amorosas. O assunto se tornará mais claro para os senhores

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se ingressarem na nossa fé. O amor é muito bom, mas as paixões desregradas quase sempre acabam em tragédia. A
melhor maneira de compreender tudo isso é conhecer o lado espiritual e a existência dos elos espirituais. Isso merece
toda a nossa atenção, pois tem relação com vários problemas e situações da sociedade. É dito que, por trás dos
problemas, sempre há mulheres. Ou ainda, que por trás de um incidente, sempre existe uma mulher. Na verdade,
isso se refere às paixões desenfreadas. Se compreendermos isso, será possível eliminar grande parte das tragédias e
dos males sociais, mas vamos deixar este assunto por aqui.
Conforme eu estava dizendo há pouco, a questão é o espírito. No momento em que as nuvens espirituais
começarem a ser purificadas para corresponderem à claridade, se isso se restringir a doenças, ainda estará bom. Caso
contrário, se esse processo se intensificar, dentre outras coisas, as pessoas não resistirão e acabarão morrendo. O fato
de a doença vir aos poucos é bom. Se viesse de uma só vez, seria fatal. O Juízo Final é isso. Por essa razão, pouco a
pouco, o Mundo Espiritual vem clareando. Se ocorresse de uma só vez, as criaturas perderiam suas vidas. Haveria
mortes em massa. Deus quer evitá-las e, por conseguinte, manda avisos. É vontade d’Ele que a humanidade seja
avisada e salva. E Ele me ordenou que fizesse isso. E é o que estou realizando.
Buda Sakyamuni e Jesus Cristo fizeram profecias como “a chegada do Reino dos Céus”, a vinda de um mundo
melhor. Eles foram os profetas, e eu sou o realizador. Deus me ordenou que eu realizasse essa profecia, ou seja, que
eu construísse o Paraíso Terrestre, isento de doença, pobreza e conflito. Entretanto, eu não preciso empreender
qualquer esforço, pois não sou eu que faço, é Deus que providencia tudo. Cabe a mim realizar as coisas que se
mostram à minha frente. Isso é muito fácil, mas exige uma enorme responsabilidade. Provavelmente, em toda a
história da humanidade, não houve ninguém incumbido de uma missão maior que a minha. Dessa maneira, as
profecias de Jesus Cristo e Buda Sakyamuni começam a fazer sentido; se elas não tivessem possibilidade de ser
concretizadas, seriam falsas. E falsas profecias significam mentiras. Contudo, seria impossível pessoas tão magníficas
terem mentido. Por conseguinte, mais cedo ou mais tarde, era preciso que alguém tornasse tais profecias realidade, e
o incumbido foi eu. De fato, é complicado falar sobre um empreendimento de tamanha grandeza. Não me referi, até
hoje, ao assunto justamente por ser extremamente delicado falar sobre algo tão ousado. Todavia, a época em que a
Era da Noite se transforma em Era do Dia, se aproxima cada vez mais. Por essa razão, para salvar as pessoas, é
preciso que o maior número delas tome conhecimento disso, o quanto antes. Assim sendo, hoje é a primeira vez que
falo diante de um público tão numeroso.
Isso se assemelha ao episódio do Dilúvio citado há pouco pelo Sr. Suzuki. Havia um homem chamado Noé, que
recebeu o seguinte aviso de Deus: “Virá um grande dilúvio em breve que atingirá uma grande parte da humanidade.
Salve o máximo de pessoas que puder.” Assim, Noé fez um grande alarde, mas quase ninguém acreditou em suas
palavras. Somente sete pessoas as aceitaram como verdadeiras. Somadas a ele, totalizaram oito pessoas que
acreditaram. Quando pensou no que fazer, Deus ordenou: “Construa uma arca!” A arca de Noé tinha o formato de
uma noz(38). Ela tinha esse formato, pois na hora do dilúvio, animais ferozes e grandes cobras iriam subir no barco.
E, para se proteger desse perigo, a arca foi feita assim.
Depois de algum tempo, começou a chover. Há duas versões a respeito: uma diz que choveu durante quarenta dias
seguidos; outra, que foram cem dias. Fossem quarenta ou cem, o que interessa é que choveu durante vários dias
consecutivos. A água foi subindo cada vez mais até transformar-se em dilúvio. Salvaram-se apenas os que estavam na
arca. Aqueles que se encontravam em barcos comuns ou que escalaram as montanhas, acabaram perecendo; estes
últimos, devorados pelos animais ferozes. Somente oito pessoas se salvaram, e dizem que os representantes da raça
branca são seus descendentes. Em linhas gerais, acredito que essa história não é errada.
No Japão, temos a lenda do deus Izanagui-no-Mikoto e da deusa Izanami-no-Mikoto. Conta-se que, em pé sobre
a ponte Ame no Ukibashi(39), os dois deuses abaixaram suas espadas, agitando-as em círculos na superfície da água e,
assim, surgiram as terras. Trata-se, certamente, da ocorrência de uma grande enchente.
Já de acordo com o xintoísmo, houve a ação da maré alta e da maré baixa. A maré baixa é o recuo das águas, e
Izanami-no-Mikoto encarregou-se disso. O aparecimento das terras deveu-se à maré baixa, fazendo emergir o que
estava submerso. Penso que essa ocorrência corresponde à época do Dilúvio.
Segundo o livro do Apocalipse e outros textos, João Batista faria o batismo pela água e Jesus Cristo, o batismo pelo
fogo. O batismo pela água já se deu através do Dilúvio. Agora, está para vir o batismo pelo fogo, um extraordinário
acontecimento que tem muitos outros sentidos. Entretanto, como o meu tempo já está se esgotando, vou parar por
aqui.
Palestra de Meishu-Sama no Hibiya Public Hall, Tóquio
22 de maio de 1951

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(33) Título anterior: “Palestra ao público em Tóquio”.


(34) Shogo Suzuki, discípulo de Meishu-Sama e um dos pioneiros da expansão da Igreja no Japão.
(35) Segundo Meishu-Sama, os algarismos 5, 6 e 7 simbolizam, respectivamente, os elementos fogo, água e terra, e sua combinação representa a atuação de
Miroku Bossatsu.
(36) Musei Tokugawa (1894–1971), escritor e radialista japonês.
(37) Sonen: Palavra japonesa comumente traduzida como “pensamento”, a qual não se limita ao ato de pensar racionalmente. Seu significado abrange o
sentimento, a vontade e a razão.
(38) Noz: fruto da espécie Ginkgo biloba.
(39) Ame no Ukibashi: Ponte mitológica que une o Céu e a Terra segundo o Kojiki (coletânea de histórias mitológicas do Japão).

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CRIAÇÃO DA CULTURA

O nome de nossa religião é Igreja Messiânica. Naturalmente, tendo ela surgido para promover a derradeira salvação
do mundo, não há disparidade entre seu nome (40) e sua missão. Contudo, poderíamos igualmente chamá-la de
Religião Criadora. Explicarei por quê.
Durante muitos séculos, a humanidade veio empregando todas as suas forças em prol do progresso e do
desenvolvimento da cultura e, conforme podemos constatar, atingimos uma cultura notável, que nos deixa
maravilhados. Não haveria palavras suficientes para enaltecer esse mérito. Nem é necessário dizer que tudo isso vem
sendo feito, tendo como ideal a felicidade da humanidade. Entretanto, a descoberta da desintegração nuclear é uma
realidade que contraria demasiadamente essa expectativa. Pavoroso seria um adjetivo ainda insuficiente para
qualificar tal descoberta capaz de ceifar milhares de vidas em um instante.
Talvez o sonho de felicidade fora traído mais do que se possa imaginar. Quem poderia prever o surgimento de tão
grande desgraça? Terá existido maior discrepância que essa em toda a História? A humanidade – ou pelo menos as
pessoas cultas –, precisa descobrir a verdadeira causa disso, pois, enquanto ela não for conhecida e solucionada, o
progresso da cultura que será obtido de agora em diante, não terá nenhum sentido. No entanto, a própria bomba
atômica, por ser utilizada como arma de guerra, torna-se demoníaca; se não o for, logicamente transforma-se em um
maravilhoso anjo da paz. Nesse sentido, não há motivo para fazermos alarde contra a bomba atômica, pois o
problema é a guerra em si. Consequentemente, não existe uma questão mais importante que extinguir a guerra. Há
milhares de anos, a humanidade vem empregando todos os seus esforços para fugir da ameaça da guerra; é um fato
que todos conhecem muito bem. Entretanto, ao invés de a ameaça diminuir, a realidade mostra o seu aumento
sempre que uma guerra é travada. É claro que isso também é motivado pelo crescimento demográfico, mas o
aperfeiçoamento das armas torna essa ameaça ainda maior, o que culminou com a invenção da bomba atômica. O
que mais poderia estar indicando esse acontecimento senão a aproximação da hora de colocar-se um ponto final na
guerra? Acredito que este é o “Fim dos Tempos” profetizado por Jesus Cristo.
Pensando dessa forma, pode-se até dizer que a cultura atual teve sucesso, mas não podemos deixar de admitir o
grande fracasso que chega a anular esse êxito. Analisando desse ângulo, o certo seria despertar das falhas da cultura,
as quais descrevi acima, e partir para a criação de uma nova e revolucionária cultura. Em outras palavras, seria como
se ela estivesse dando uma nova partida. Então, o que vem a ser a criação da nova cultura? Esta é, atualmente, a
grande tarefa da humanidade.
Acredito que nossa religião surgiu para cumprir essa tarefa. Portanto, com tão importante missão, a Igreja
Messiânica visa desenvolver, de acordo com os desígnios de Deus, a grandiosa obra de construção do Paraíso
Terrestre. Como condição básica para atingir esse objetivo, propomo-nos, antes de tudo, a eliminar a doença da
humanidade. Julgo desnecessário falar muito a esse respeito, dados os maravilhosos resultados que viemos obtendo.
Obviamente, a verdadeira causa da guerra é a doença; não somente a doença física, mas também a espiritual.
Eliminar a doença espiritual e tornar as pessoas verdadeiramente saudáveis deverá ser a base para solucionar,
radicalmente, o problema da guerra. Qualquer outra solução proposta, visando à sua eliminação, não passará de mero
devaneio.
13 de setembro de 1950

(40) Vide nota de rodapé nº 9.

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SUBSTITUIÇÃO DA VELHA CULTURA PELA NOVA CULTURA(41)

C omparada à cultura primitiva de milhares de anos atrás, a atual alcançou e continua atingindo um progresso
assombroso. Todavia, a humanidade sofreu e lutou muito para chegar até aqui. A História mostra-nos as
árduas batalhas que vêm sendo travadas contra as catástrofes naturais, guerras, doenças e outros males.
É desnecessário dizer que, por trás do objetivo de atingir o progresso, havia o desejo da humanidade de alcançar
um mundo de eterna paz em que todos possam viver felizes. No entanto, para a concretização desse ideal, o ser
humano acreditou que bastava simplesmente promover o progresso da cultura material e considerou a ciência
materialista como o único meio para isso, não dando atenção a mais nada. Sempre que havia novas descobertas ou
invenções, a humanidade as aplaudia, julgando-as maravilhosas, crente de que, por meio delas, seu bem-estar
aumentaria e, passo a passo, aquele ideal estaria mais próximo. Todos nós sabemos que foi assim que ela veio
perseguindo o sonho de alcançar a felicidade.
Dessa forma, com o progresso da ciência, chegou-se à descoberta da desintegração nuclear. Isso deveria ser digno
de comemoração; mas, ao contrário do que se esperava, foi uma descoberta aterradora.
Aspectos positivos e negativos da energia atômica

O caminho que percorríamos, acreditando que nos conduziria ao Paraíso, na verdade, para surpresa de todos, era o
caminho para o Inferno. Criou-se um artefato que, num instante, pode ceifar a vida de centenas de milhares de
pessoas. Talvez a História ainda não tenha registrado nenhum acontecimento tão contrário à expectativa dos seres
humanos.
Uma vez que a humanidade ou, mais especificamente, os povos civilizados criaram a terrível bomba atômica,
surgiu, então, o grande problema de precisarmos fugir, a todo custo, da ameaça que paira sobre nós. É realmente
paradoxal. Contudo, pensando bem, trata-se de uma criação que, em si mesma, nada tem de temível; pelo contrário,
é uma maravilha que vem contribuir para a felicidade do ser humano. Ela é apavorante porque pode ser empregada
como instrumento de guerra, mas, se for utilizada para a paz, será realmente uma grande descoberta para a
humanidade. Seu emprego na guerra está baseado no mal, ao passo que sua utilização para a paz está fundamentada
no bem. Logo, tal invenção pode tornar-se tanto um instrumento benéfico como maléfico. Nesse sentido, se a pessoa
que o manipula estiver do lado do bem, não haverá nenhum problema.
Evidentemente, o caso não é tão simples assim. Em termos concretos, é preciso transformar o mal em bem.
Torna-se desnecessário dizer que esta é a nobre missão da religião.
O Fim do Mundo e o Reino dos Céus

Até agora, de certa forma, a religião, a moral, a educação e a lei vieram conseguindo alguns bons resultados no
cumprimento de suas funções. No entanto, ainda hoje, ao contrário do que era esperado, o bem está sendo oprimido
pelo mal. A preocupação existente de que o material atômico venha a ser utilizado de forma maléfica é uma prova do
que estamos dizendo. Ao mesmo tempo, precisamos aprofundar outro aspecto da questão. Se o ato diabólico e
destruidor representado pela utilização da bomba atômica for permitido, obviamente advirá o fim da humanidade.
Sendo assim, será que o Senhor da Criação, após criar tudo o que existe e fazer progredir a cultura até o nível atual,
permitiria passivamente que tal catástrofe ocorresse?
Interpretando desse modo, que mais poderia ser isso senão o Fim do Mundo profetizado por Jesus Cristo? Caso
fosse somente essa profecia, a humanidade nada mais teria a fazer do que aguardar seu fim. Entretanto, Jesus Cristo
também disse que está próximo o Reino dos Céus. Torna-se evidente, portanto, que essas duas grandes profecias
estão indicando o futuro do mundo, ou seja, que virá o fim do mundo e também o advento do Reino dos Céus.
Foram previstos, ainda, a segunda vinda de Cristo e o advento do Messias. A propósito, também devemos pensar
que, para ficarmos absolutamente livres da destruição atômica, é necessário transformar o mal em bem, conforme já
explanei. E quem poderia ter poder para isso a não ser o próprio Messias? Não obstante, mesmo ocorrendo essa
grande transformação, haverá muitos que não se converterão ao bem. A estes, dos quais não é possível esperar mais
nada, só restará uma prestação de contas. Jesus Cristo referiu-se a esse acontecimento com a expressão “Juízo Final”.
Com base no que acabo de expor, é preciso saber que a mudança do mal para o bem, da destruição para a
construção, e a passagem da velha para a nova cultura estão na iminência de ocorrer.
Plano para a nova cultura

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O plano para a nova cultura já está devidamente preparado, mas não foi elaborado nem pela inteligência nem pela
força humana. Deus o veio preparando continuamente há dezenas de milhares de anos. E não se trata apenas da
parte espiritual: consigo ver isso claramente também a partir dos fenômenos materiais. Por esse motivo, posso
afirmar, sem vacilar, que não há, em absoluto, nenhuma parcela de erro no que estou dizendo.
6 de setembro de 1950

(41) Título anterior: “A transição da velha cultura para a nova cultura”.

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A CONSTRUÇÃO DO PARAÍSO E A EXCLUSÃO DO MAL(42)

Arespeito da transformação deste mundo em Paraíso – que é o objetivo de Deus –, existe um ponto fundamental. E
o que seria isso? É o mal que a maioria das pessoas traz no recôndito de seus corações. Pelo senso comum, as
criaturas desaprovam o mal e temem muito o contato com ele. Desde tempos remotos, elas condenam o mal por
meio da moral e da ética, e esse também é o objetivo principal da educação. Além disso, os ensinamentos da religião
têm como premissas recomendar o bem e combater o mal. Observando a sociedade, vemos que os pais advertem os
filhos; os maridos, as esposas; as esposas, os maridos; os patrões, os empregados. A tudo isso, acrescentam-se as leis,
que, por meio de penalidades, tentam impedir a prática do mal. Entretanto, é incompreensível que, apesar de todo
esse esforço, o número de pessoas más é incalculavelmente maior que o de pessoas boas; a rigor, entre dez pessoas,
nove são más, e pode ser que nem a décima seja boa.
Contudo, mesmo em se tratando de pessoas más, existem diferentes tipos de mal: os grandes, os médios, os
pequenos e outros. Citemos alguns exemplos: 1) o mal praticado proposital e conscientemente; 2) o mal cometido
sem se ter ciência disso; 3) o mal praticado por não haver alternativa; 4) o mal perpetrado, acreditando-se ser um
bem. O primeiro não necessita de maiores esclarecimentos; o segundo é o mais comum e numeroso; o terceiro, por
ser cometido por pessoas desprovidas de razão e inteligência, é algo fora de questão; já o quarto, isto é, o mal que se
faz pensando ser um bem, é o mais danoso, por ser praticado abertamente e com determinação. Detalharei isso
posteriormente.
Agora, descreverei a visão de mundo do mal a partir da perspectiva do bem.
Observando a atualidade, constatamos que o predomínio do mal é tão grande, que podemos perfeitamente dizer
que este mundo é o mundo do mal. Temos conhecimento de inúmeros exemplos de homens de bem que foram
atormentados pelos perversos; da situação inversa, eu nunca ouvi falar. Como o mal possui mais adeptos que o bem,
enquanto os malvados burlam as leis e agem como bem entendem, os bons ficam subjugados, vivendo
constantemente atemorizados. Esta é a situação do mundo atual. Por serem mais fracos, os bons são sempre
perseguidos e maltratados pelos maus.
A democracia surgiu naturalmente em contraposição a esse absurdo estado de coisas. O Japão, que viveu longo
tempo sob o domínio do pensamento feudal, insistiu em manter uma sociedade em que os fracos são vítimas dos
fortes; felizmente, com a ajuda do exterior, conseguiu implantar o regime democrático. Por esse motivo, mais do que
dizer que a democracia no Japão foi um evento espontâneo, devemos afirmar que ela foi uma consequência natural.
Eis um raro exemplo da vitória do bem sobre o mal. Contudo, a democracia japonesa ainda não está consolidada; em
vários setores, existem resquícios de feudalismo. E talvez eu não seja a única pessoa a perceber isso.
Vejamos a relação entre o mal e a cultura. O princípio do surgimento da cultura pode ser explicado da seguinte
maneira:
Na era primitiva e selvagem, os fortes oprimiam os fracos, tolhendo-lhes a liberdade, impondo-lhes a força,
usurpando-lhes os bens, praticando matanças e agindo como bem entendiam. Como resultado, os fracos criaram
vários meios de defesa: fabricaram armas, construíram muralhas, aperfeiçoaram os meios de transportes etc. Em
grupos ou mesmo individualmente, eles se esforçavam de todas as maneiras possíveis. Naturalmente, isso serviu para
desenvolver a inteligência do ser humano. Com o correr do tempo, para garantir a segurança, fizeram-se acordos
coletivos, os quais, possivelmente, deram origem aos tratados internacionais de hoje. Socialmente, foram criadas as
leis, com o objetivo de refrear o mal; transcritas em forma de códigos, ocasionaram as atuais legislações.
Não obstante, com métodos tão superficiais, não foi possível eliminar de fato o mal que existe no ser humano.
Conforme podemos ver, da era primitiva até hoje, os homens vêm lutando contra o mal, em defesa do bem. Como o
mundo tem sido infeliz por isso! Quantas pessoas de bem foram sacrificadas! Para aliviar tão grande sofrimento,
apareceram grandes figuras religiosas. Como os fracos eram sempre atormentados pelos fortes e não tinham força
suficiente para se defender, os religiosos, pelo menos, tentaram amenizar espiritualmente suas aflições e dar-lhes
esperança. Ao mesmo tempo, para enfrentar o mal, ensinaram enfaticamente a Lei da Causa e Efeito na tentativa de
fazer com que as pessoas se arrependessem. É inegável que obtiveram alguns resultados, mas não conseguiram mudar
a situação geral.
Por outro lado, no aspecto material, criaram-se as ciências, desenvolveu-se a cultura como uma tentativa de conter,
através do seu progresso, a infelicidade acarretada pelo mal. Esse progresso da cultura foi muito além do que se
esperava; apesar disso, a cultura material não só foi inútil no sentido de conter o mal – seu objetivo inicial –, como
também acabou sendo usada para fins maléficos, gerando atos de crueldade cada vez maiores. Isso deu origem às

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guerras em grande escala e, por fim, acabou nascendo o pavoroso monstro da bomba atômica. Atingindo esse
estágio, podemos dizer que chegamos a uma época em que se tornou impossível fazer a guerra. Falando sem reservas,
é realmente uma ironia a cultura material ter progredido por meio da atuação do mal e ter-se chegado a um tempo
em que a guerra é impraticável. Naturalmente, é possível perceber que, por trás de tudo isso, está o profundo e
misterioso Plano de Deus.
É evidente que tanto os que estão do lado da cultura espiritual como os que estão do lado da cultura material,
desejam um mundo perfeito – de paz e felicidade –, mas isso ficou limitado ao “ideal”. Uma vez que a realidade não
corresponde ao desejado, os intelectuais vivem cercados por um mar de dúvidas e de obstáculos. Entre eles, estão
aqueles que procuram a religião, a filosofia e outros meios para decifrar esse enigma; a maioria, no entanto, acredita
que só o progresso científico resolverá tudo. O fato é que a humanidade continua sofrendo e sem perspectivas de
quando vai encontrar a solução dos problemas. A partir de agora, escreverei em detalhes o que penso a respeito de
como vai ficar o mundo no futuro.
Se o mal é a causa fundamental da infelicidade humana, conforme dissemos, surge a seguinte dúvida: por que Deus
o criou? Esta é a pergunta que mais tem atormentado o ser humano até os dias de hoje. Eis, porém, que finalmente
Deus esclareceu a Verdade, que eu passo a apresentar.
Em primeiro lugar, por que o mal foi necessário até hoje? Porque através do conflito entre ele e o bem, a cultura
material pôde progredir e se desenvolver até o estágio atual. Não é surpreendente? Não poderíamos sequer imaginar
que, na realidade, esta era a Verdade. Um exemplo disso é a guerra. A guerra ceifa milhares de vidas e, por ser tão
trágica, constitui o maior temor do ser humano. Para este livrar-se dessa catástrofe, usaram-se todos os recursos da
inteligência e nem precisamos dizer o quanto isso acelerou o progresso da cultura. Podemos fazer tal afirmativa
porque a História nos mostra claramente que, após as guerras, a cultura fez enormes avanços tanto nos países
vencedores como nos vencidos. Todavia, se as batalhas chegassem ao extremo ou se prolongassem demasiadamente,
os países envolvidos seriam aniquilados, o que representaria a destruição da própria cultura. Sendo assim, Deus as
detém num certo ponto, fazendo com que a paz retorne. A alternância de períodos de guerra e períodos de paz é a
própria imagem da história do mundo.
Na sociedade, a situação é idêntica. Os criminosos e as autoridades vivem numa constante competição de
inteligência. Os desajustes de relacionamento entre as pessoas também são decorrentes da luta entre o bem e o mal.
No entanto, podemos entender que a solução dessas divergências contribui para o desenvolvimento da inteligência
humana.
Ora, se a cultura progrediu graças ao atrito entre o bem e o mal, vê-se que o mal, até hoje, foi realmente
imprescindível. Contudo, precisamos saber que o mal não é eternamente necessário e que há um limite para ele.
Vou explicar a esse respeito. Primeiramente, o mais importante é o objetivo de Deus, o governador do mundo. Em
termos filosóficos, esta designação significaria “ ser absoluto” ou “vontade do universo”. Jesus Cristo e outros líderes
religiosos fizeram profecias sobre o fim do mundo que, na verdade, significa o fim do mundo do mal. E que, depois
disso, viria um mundo ideal, o Paraíso Terrestre isento de doença, pobreza e conflito, o mundo de Verdade, Bem e
Belo, o Mundo de Miroku etc. Os nomes diferem, mas o significado é o mesmo.
Para a construção de um mundo tão maravilhoso, é necessária uma preparação à altura que preencha todas as
condições, tanto do ponto de vista espiritual quanto material. De acordo com o Plano de Deus, a primeira condição
era que o progresso material fosse alcançado, pois o progresso espiritual não está preso ao tempo, podendo ocorrer de
uma só vez, ao contrário daquele, que necessita de muitos e muitos anos. Para preencher essa primeira condição, Ele
fez com que, inicialmente, o ser humano ignorasse Sua existência e se concentrasse apenas nos assuntos materiais.
Foi assim que surgiu o ateísmo, que é a condição fundamental para a criação do mal. Este, então, ganhou força,
infligiu maiores sofrimentos ao bem e, prosseguindo nessa luta, fez o ser humano cair no abismo do sofrimento.
Todavia, o ser humano sempre se debateu na ânsia de sair desse abismo, o que desencadeou a força que impulsionou
grandemente o progresso da cultura. Foi trágico, porém inevitável.
Creio que puderam ter uma noção básica sobre o bem e o mal com o que foi escrito acima. Tendo finalmente
chegado o tempo em que o mal não será mais necessário, ou seja, o tempo presente, a questão é seriíssima. Não se
trata de imaginação ou desejo; é a pura realidade. Acreditando ou não, o fato já está saltando aos nossos olhos, por
intermédio do extraordinário progresso da ciência atômica. Por conseguinte, se uma nova guerra eclodisse, não seria
uma simples guerra, e sim, a destruição total, a extinção da humanidade. Contudo, a realidade à que chegamos, é até
motivo de alegria, pois constitui o limite final para a atuação do mal. Como resultado, a cultura, da qual o mal
sempre se utilizou até hoje, sofrerá uma reviravolta, ficando à inteira disposição do bem. Daí, chegará a época do
nascimento do tão almejado Paraíso Terrestre.

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13 de agosto de 1952

(42) Título anterior: “A construção do Paraíso e a eliminação do mal”.

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O BEM E O MAL

O mundo apresenta diversos aspectos, em que o bem e o mal estão mesclados. Tragédia e comédia, infelicidade e
felicidade, guerra e paz, tudo é motivado por um ou por outro. Por que existem pessoas boas e pessoas más? Creio
que, via de regra, as pessoas já chegaram a pensar que deve haver uma causa determinante do bem e do mal.
O que passo a explicar é a causa do bem e do mal, e é imprescindível que todos a conheçam.
O ser humano em geral, obviamente, deseja ser do bem e tem aversão a ser do mal. Com raras exceções, tanto o
governo como a sociedade ou a família amam o bem, porque sabem que do mal não nascem a paz nem a felicidade.
Para facilitar a compreensão de todos, dividirei a definição do bem e do mal em duas partes: 1) “Homem bom é
aquele que crê no invisível” e 2) “Homem mau é aquele que não crê no invisível.” Aquele que crê no invisível, crê na
existência de Deus e é espiritualista. Aquele que não crê no invisível, é materialista e ateu.
Exemplifiquemos. Quando alguém pratica o bem, essa intenção parte do amor, da compaixão ou do senso de
justiça social, isto é, em termos mais amplos, do amor à humanidade. Há pessoas que praticam o bem por saberem
que a boa ação produz bom fruto, e a má ação, mau fruto. Outras socorrem o próximo levadas pela piedade. As
práticas de se evitar o desperdício e viver modestamente, além do espírito de retribuição às bênçãos ensinado no
budismo e conhecido como “quatro dívidas de gratidão”(43), também são manifestações do bem. Ademais, o desejo
de causar uma boa impressão, de almejar o benefício e a felicidade do próximo, de ser gentil, de seguir a própria
vocação e, no caso das pessoas de fé, agradecer e retribuir a Deus, bem como se empenhar para agir de acordo com a
Vontade Divina, também são práticas do bem. Ainda existem outras, mas basicamente são essas.
Os praticantes do mal negam absolutamente a existência de Deus e não se importam em realizar más ações em seu
proveito, desde que não sejam descobertos. Sua psicologia se assemelha ao pensamento niilista(44). Assim sendo,
praticam fraudes como ações perfeitamente normais, fazendo o próximo sofrer, não importando se isso causa
infortúnios à sociedade humana. E chegam ao cúmulo da prática do homicídio.
A guerra é um homicídio em massa. Desde a antiguidade, aqueles considerados heróis provocaram guerras para
conseguir poder e satisfazer desatinadas ambições, seguindo a ideia de que “o vitorioso sempre está certo”. Segundo,
porém, o provérbio “quem domina o mundo, um dia será por ele dominado”, a História nos mostra o fim, quase
sempre trágico, desses “heróis”, que brilharam apenas temporariamente. Obviamente, esses atos são motivados pelo
mal.
Se fosse certo o conceito popular de que “não importa enganar, contanto que não se seja descoberto”, seria até mais
vantajoso e inteligente praticar toda espécie de maldade e viver suntuosamente.
O mal surge, ainda, do pensamento de que, após a morte, o ser humano retorna ao Nada e que não existe vida no
Mundo Espiritual.
Embora a sorte favoreça o homem mau e este tenha êxito durante algum tempo, a realidade nos mostra, sem
exceção, que, a longo prazo, ele está fadado à ruína. Isso porque, aquele que comete delitos vive inquieto e
atormentado pelo receio de ser preso. Sob a tortura da sua consciência acusadora, é induzido ao arrependimento,
sendo frequente o caso de criminosos que, quando se entregam ou quando são presos, se alegram com o
cumprimento da pena, porque assim recobram a paz de espírito. Isso significa que sua alma atribuída por Deus está
sendo censurada por Ele uma vez que aquela se comunica com Deus por meio do elo espiritual. Ao praticar o mal,
mesmo que consiga enganar os outros, a pessoa não pode enganar a si mesma. Já que o ser humano está ligado a
Deus por meio do elo espiritual, todos os atos humanos são do conhecimento Divino. Além disso, tudo fica
registrado em detalhes no livro do Enma(45) e, por essa razão, o mal jamais compensa.
Existem também pessoas que não praticam más ações, entre outros motivos, para se resguardarem, pois, apesar de
pretenderem o mal, temem o descrédito da sociedade; muitas vezes, falta-lhes coragem, apesar de desejarem seus
proveitos. Por outro lado, muitos praticam o bem por conveniência, sabendo que as boas ações conquistam a
confiança e são compensadoras; ou melhor, praticam o bem na esperança de retribuição. Isso não passa de uma
negociação, pois eles vendem favores para comprar gratidão. Esse tipo de bem não oprime o próximo nem afeta a
sociedade. Os praticantes desse tipo de bem são muito melhores do que as pessoas más; porém, não se pode dizer
que sejam verdadeiras pessoas de bem. Deveriam ser chamadas de pessoas de bem passivas. Perante os olhos de
Deus, elas não são verdadeiras pessoas de bem, pois Seu olhar penetra no mais profundo íntimo do ser humano.
Existem casos em que somos tomados de dúvida e nos perguntamos: “Por que alguém tão bom sofre tanto?” Essa
dúvida é decorrente da superficialidade do ponto de vista humano, que não consegue atingir o âmago das pessoas. Na

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verdade, tal “indivíduo bom”, quando analisado a fundo, é daqueles que não crê no invisível e pode ser considerado
perigoso, pois é capaz de cometer o mal quando, por algum motivo, achar que isso passará despercebido de todos.
Ao contrário, quem crê em Deus, que é invisível, não se deixa ludibriar por perspectivas “brilhantes”, pois possui a
crença de que, mesmo que consiga enganar o próximo, é impossível enganar a Deus. Ainda que, do ponto de vista
humano, seja considerada uma pessoa de bem, se não crê em Deus, situa-se na esfera do mal, pois corre o risco de
transformar-se num mau elemento a qualquer momento. Por essa razão, ter fé, isto é, crer no invisível, é o atributo
essencial do autêntico homem de bem. Estou convencido de que nada, além da fé, é capaz de salvar a situação atual
de excessiva degradação dos preceitos morais.
Embora se continue criando leis, polícia, tribunais e prisões para impedir a ocorrência de crimes, tudo isso é como
construir jaulas e cercas de ferro, a fim de nos proteger do perigo dos animais ferozes. Dessa forma, os criminosos
não estão sendo tratados como seres humanos, mas como animais. E haverá maior infelicidade para alguém do que
terminar a vida rebaixado à condição de animal, uma vez que foi criado como um ser elevado?
O ser humano se transforma em animal, quando se degenera, e em ser divino, quando se eleva. Esta é uma verdade
imutável. O ser humano é realmente um ser intermediário entre Deus e o animal. Nesse sentido, o autêntico
civilizado é aquele que se libertou da característica animal. Creio que o progresso da cultura significa a evolução do
ser animal para o ser divino. E qual é o lugar onde seres divinos se reúnem, senão o Paraíso Terrestre?
5 de setembro de 1948

(43) Quatro dívidas de gratidão: 1. A todos os seres vivos. 2. Aos pais. 3. Aos governantes. 4. Aos três tesouros: o fundador, os ensinamentos e os
sacerdotes.
(44) Pensamento niilista: pensamento que considera que as crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há qualquer sentido ou utilidade na
existência.
(45) Enma Daio: Nome dado pelo budismo japonês ao juiz do Mundo Espiritual que faz o julgamento dos espíritos após a morte.

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MUNDO SEMICIVILIZADO E SEMISSELVAGEM(46)

T alvez todos pensem que o atual mundo civilizado seja o mais avançado. Entretanto, quando o analisamos
melhor, observamos que ele apresenta muitas falhas, conforme podemos constatar todos os dias através dos
jornais, que estão repletos de artigos sobre criminosos e pessoas desafortunadas. Analisando com imparcialidade,
verificamos que as coisas ruins são mais numerosas do que as boas. Pouco tempo atrás, por exemplo, um caso de
corrupção se tornou um problema muito sério. Quando as autoridades começaram a investigar, houve tantos
desdobramentos, que nem podemos imaginar até onde se estenderão. Este caso é apenas a ponta de um iceberg. Se
formos ver o mundo da política e da economia, de verdade, quantas pessoas íntegras encontraremos? Poderíamos
arriscar-nos a dizer que nenhuma.
Pensando melhor, o que nos surpreende é que as pessoas envolvidas são cultas, com ensino superior. Acredita-se
que, quando as pessoas possuem curso superior, elas se tornam cultas e sua inteligência se desenvolve de modo que os
crimes tenderiam a diminuir.
Entretanto, presenciando fatos como o que ora se nos apresenta, ficamos desapontados, só podendo dizer que tudo
isso é realmente incompreensível. Portanto, creio que ninguém contestará o fato de chamar a era atual de
semicivilizada e semisselvagem conforme o título deste artigo.
Então, o que fazer diante de tal situação? A solução do problema não é tão difícil; pelo contrário, é muito fácil.
Conforme sempre tenho explicado, é preciso fomentar a educação espiritualista, fazendo as pessoas despertar da
educação fundamentada no materialismo. Em termos mais claros, significa destruir o pensamento errôneo de que se
deve acreditar somente nas coisas que apresentam uma forma e não acreditar naquelas que não a possuem. A única
maneira de se conseguir isso é fazer com que seja reconhecida a existência de Deus através da força da religião.
Quando isso for do conhecimento da classe dirigente e estender-se até o povo, corrigir-se-á a inclinação errônea de
que se podem cometer crimes, contanto que eles não cheguem ao conhecimento de ninguém. Assim, as pessoas não
mais conseguirão cometer crimes e, consequentemente, formar-se-á um mundo em que imperam o bem e a alegria.
No entanto, parece que ninguém entende uma lógica tão simples e clara como esta, visto que só se procura controlar
o mal, criando leis rigorosas semelhantes a jaulas e redes. Isso, porém, é o mesmo que tratar os homens como se
fossem animais, e é óbvio que esse método não surte resultados positivos.
Ora, se não se consegue manter a ordem social nem mesmo com as malhas da lei, onde estaria a causa do
problema? Esta parece ser facilmente notada; porém, ninguém a percebe. A sociedade continua sendo uma
coletividade constituída de seres meio-humanos e meio-animais. Assim, está demasiadamente claro que já não é
possível eliminar a característica animal do ser humano por meio da educação materialista. A educação ministrada
até hoje, como se pode ver pelos seus resultados, não é senão a evolução do método para encobrir essa característica.
Dessa maneira, não podemos sequer imaginar quando se edificará uma sociedade verdadeiramente civilizada.
Portanto, não há outro método eficiente para solucionar isso que não seja a eliminação da característica animal da
alma do ser humano. Este é o papel da religião.
é estranho, porém, que, à medida que a pessoa vai recebendo formação de nível superior, mais despreza a religião.
Por quê? Talvez esta seja a grande falha da civilização. A causa reside na característica animal existente no interior
das pessoas, a qual se esquiva da religião. Ou seja, é porque o mal não gosta do bem. Daí podermos dizer que a
educação da atualidade cria o mal intelectualizado. Todavia, chegou a hora em que tal coisa não mais será permitida.
Isso porque surgiu a nossa religião, que mostra, de forma clara e palpável, a existência de Deus. Talvez digam que
seja impossível ocorrer algo tão maravilhoso, mas, na realidade, não o é. Pelo simples contato com a nossa religião, a
pessoa compreende a existência de Deus. Isto é o milagre. A melhor prova do que dizemos são os ilimitados e
surpreendentes milagres por nós manifestados. Isso mostra que Deus, finalmente, deu início ao Seu Grande Plano de
corrigir o desequilíbrio dessa civilização, semicivilizada e semisselvagem, fazendo com que a cultura espiritual e a
cultura material caminhem, juntas, para a construção do verdadeiro mundo civilizado.
14 de abril de 1954

(46) Título anterior: “A época semicivilizada e semisselvagem”.

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ERA SEMICIVILIZADA

Q uem quer que seja, acredita que estamos vivendo um momento em que a civilização atingiu um nível nunca
antes alcançado. De fato, se compararmos a época atual com a era primitiva e selvagem, veremos que houve um
grande avanço. Entretanto, foi um progresso apenas no aspecto material, pois, espiritualmente, ninguém poderá
negar que sequer saímos do estado de semisselvageria.
Desde tempos remotos, a humanidade vem, continuamente, desperdiçando grande parte de suas energias com a
guerra, a maior de todas as violências. Em nada difere das feras, que lutam, mostrando as presas e as garras, rugindo
e devorando-se mutuamente. É verdade, também, que existem os povos pacíficos, os quais não medem esforços para
evitar a guerra. Podemos dizer que os primeiros são seres com característica animal e os pacíficos, com característica
humana. Cada um desses dois tipos contrastantes de seres vem atuando para satisfazer seus interesses. Este é o curso
da história do mundo, que perdura até nossos dias. Logicamente, existe essa dualidade de pensamento também em
âmbito individual, só que a violência é contida pela lei, e a ordem é mantida, ainda que precariamente. Os bons, no
entanto, são sempre pressionados pelos maus, dos quais se tornam vítimas constantes.
Vejamos outro aspecto da questão.
Atualmente, graças ao progresso da ciência, desenvolvem-se grandiosas invenções e descobertas, as quais,
dependendo da vontade das pessoas que as manipulam, podem ter resultados desastrosos ou, ao contrário, contribuir
para o aumento do bem-estar da humanidade. O atrito entre esses dois pensamentos opostos – o selvagem e o
civilizado – pode tornar-se a causa da guerra, na qual essas mesmas invenções e descobertas também podem ser
empregadas para o mal.
Analisando o assunto sob outro prisma, constatamos que os povos belicosos não são religiosos, ao contrário dos
povos pacíficos; daí surge a necessidade da religião. Portanto, não seria demais dizer que, apesar de apregoarem que
estamos numa era de elevado nível cultural, na verdade, estamos vivendo um período de semisselvageria e
semicivilização.
Nesse sentido, a semicivilização precisa ser elevada ao estágio de civilização em que o espírito e a matéria estejam
perfeitamente unidos e integrados. Por conseguinte, a missão dos religiosos, daqui por diante, é realmente
importantíssima.
25 de junho de 1949

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A LUTA ENTRE O MATERIALISMO E O ESPIRITUALISMO(47)

Amaioria dos jornalistas tacha nossa religião de falsa e supersticiosa(48). Qual a razão dessa afirmativa? Falando em
poucas palavras, é que o ponto de vista deles difere do nosso. Eles analisam as questões espirituais tomando por base
a visão materialista. A matéria, como a própria palavra indica, é uma existência claramente visível e, por essa razão,
qualquer pessoa consegue compreender. O espírito, todavia, por ser invisível, fatalmente acaba sendo negado. Assim,
se fizermos uma simples comparação, teremos de concordar que o espiritualismo encontra-se em situação
desvantajosa em relação ao materialismo.
A visão materialista está restrita aos cinco sentidos; portanto, é uma existência limitada, ao passo que a visão
espiritualista não conhece restrições. É como se fosse o tamanho da Terra comparado com o tamanho do Universo,
que é um espaço sem-fim. Considerando o que é visível, daqui onde estou, só posso enxergar até o monte Fuji, e olhe
lá... A distância não passa de algumas dezenas de quilômetros. No entanto, o sonen, que é invisível, consegue, num
instante, não só atingir qualquer ponto da Terra como também se estender até o infinito. É como se a visão
espiritualista fosse o oceano, e a visão materialista, o navio que nele flutua. Nessa mesma lógica, há uma lenda do
macaco Songoku(49), que, tentando fugir do domínio espiritual de Buda Sakyamuni, percorreu milhares de
quilômetros, mas acabou se rendendo ao perceber que ainda estava na palma da mão de Buda. Podemos comparar o
espiritualismo à mão de Buda, e o materialismo, ao macaco Songoku.
Se tomarmos outros exemplos do budismo, temos a “Teoria do Vazio”, que é a visão materialista analisada a partir
da perspectiva espiritualista: “Tudo o que nasce está sujeito a desaparecer” e “Todo encontro está condenado à
separação.” Há ainda o estado de Iluminação do zen-budismo: “Aquilo que possui forma, infalivelmente
desaparecerá.”
Pela exposição acima, acredito que entenderam o quanto é errado analisar os assuntos espirituais do ponto de vista
da matéria, pois esta é finita, enquanto o espírito tem vida eterna e é infinito. É o mesmo que querer colocar um
elefante dentro de um pote ou tentar ver todo o céu através de um orifício no telhado.
Materialistas! O que farão após lerem essas palavras?
20 de dezembro de 1949

(47) Título anterior: “Materialismo e espiritualismo”.


(48) Supersticiosa: Sem fundamento racional, que induz à confiança em coisas absurdas.
(49) Songoku: Personagem do romance chinês Hsi Yu Chi (traduzido para o inglês por Arthur Waley com o título Monkey).

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O MATERIALISMO CRIA O HOMEM MAU

E ste título pode soar um pouco forte demais, mas não tenho como evitar, pois corresponde à pura verdade.
Segundo nosso ponto de vista, o materialismo, ou seja, o ateísmo, pode ser considerado o pensamento mais
perigoso que existe. Vejamos. Falando abertamente, se Deus não existisse, eu agiria às escondidas, ganharia dinheiro
enganando o próximo habilmente; faria o que bem entendesse e, além de viver uma vida de luxo, estaria numa
posição de maior destaque na sociedade. Entretanto, uma vez que me conscientizei da existência de Deus, de
maneira alguma sou capaz de proceder assim. Tenho de percorrer o caminho da retidão e tornar-me alguém que
deseja a felicidade das outras pessoas. De outra forma, jamais poderia ser feliz e ter uma vida que valha a pena viver.
O que eu estou dizendo não é mera suposição. Segundo podemos ver através de inúmeros exemplos que a História
nos mostra desde os tempos antigos, por mais que a pessoa prospere por meio da prática do mal, essa prosperidade
não dura muito, acabando por desmoronar. É um fato que deveria ser percebido facilmente, mas parece que isso não
ocorre. A sociedade continua sendo assolada por crimes graves como assaltos, fraudes e assassinatos; casos de
corrupção de pessoas que ocupam posições sociais elevadas; notícias alarmistas que geram inquietação; incontável
número de crimes de pequeno e médio porte etc. Tudo isso nasce do pensamento ateísta; por conseguinte, podemos
dizer que ele é a verdadeira fonte dos crimes. Está, pois, mais do que claro que só há um meio de eliminar os crimes
deste mundo: erradicar o ateísmo. Atualmente, porém, os intelectuais, as autoridades e os educadores agem na
contramão e, confundindo pensamento teísta com superstição, esperam obter resultados apenas com apoio na lei, na
educação, nos sermões etc. Dessa forma, por mais que se esforcem com afinco, é natural que nada consigam. As
notícias publicadas nos jornais mostram isso claramente.
À vista disso, para purificar a sociedade de tais males, é preciso estimular intensamente o pensamento teísta.
Infelizmente, o Japão encontra-se em tal situação que, quanto mais instruída é a classe intelectual, maior o número
de ateístas. Igualmente, é comum acreditar que ser ateísta é uma qualificação dos intelectuais e dos jornalistas de
modo que, quanto mais a pessoa enfatiza o ateísmo, mais progressista ela é considerada. Por esse motivo, se não
houver uma reviravolta, no sentido de que os ateístas passem a ser vistos como ultrapassados, e os teístas, como a
vanguarda intelectual, a sociedade jamais se tornará alegre e feliz.
7 de maio de 1952

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A CIÊNCIA CRIA AS SUPERSTIÇÕES

C omo de costume, os jornalistas têm tachado as novas religiões japonesas de falsas e supersticiosas. Eles insistem
em afirmar que, aproveitando-se da situação caótica que o povo japonês passou a viver após a Segunda Guerra
Mundial, essas religiões começaram a aparecer, confundindo ainda mais as pessoas, e que isso é inaceitável. Eles
ficam presos a isso e nem tentam descobrir as causas desse fenômeno. Definem que as novas religiões são todas falsas
e supersticiosas, baseados apenas em boatos e em seu entendimento pessoal. Não podemos deixar de nos sentir
decepcionados com a superficialidade da visão desses jornalistas. Por esse motivo, como um de nossos deveres,
sentimos a necessidade de prestar-lhes um grande esclarecimento.
Não queremos condenar totalmente essa atitude, pois, como a base de seu raciocínio é materialista, é natural que
eles definam como superstição tudo aquilo que não veem. Se estivéssemos em seu lugar, obviamente agiríamos da
mesma forma. Negando-se, porém, a existência do invisível, como ficaria o mundo? Talvez o materialismo o levasse
a uma situação calamitosa. As relações de amizade e de amor, inclusive o relacionamento entre pais e filhos ou entre
irmãos, seriam definidas com base em cálculos de vantagens e desvantagens. A sociedade se tornaria fria como um
cárcere de pedra e nem mesmo eles haveriam de desejar tal situação. Vemos, pois, que o modo de pensar dos
jornalistas a que nos referimos é limitado e sem profundidade.
Analisemos a situação real do mundo em que vivemos.
Talvez não se saiba, mas é considerável o número de pessoas supersticiosas entre a classe dos intelectuais que
possuem formação de nível superior. Há tempos, li uma estatística sobre os diferentes tipos de superstições que
existem em cada país, e a Alemanha, considerada uma das nações mais avançadas no ensino das ciências, acusava o
maior número. Desse modo, notamos que a ocorrência de superstições é diretamente proporcional ao avanço da
ciência. Sendo assim, qual seria a causa disso? Eis como interpretamos o fato:
Durante longo tempo, recebemos, nas escolas, um ensino materialista cujas bases são teóricas. Entretanto, quando
terminamos os estudos e nos integramos à sociedade, encontramos uma realidade que não corresponde ao que
aprendemos. Em consequência, a maioria das pessoas começa a ter dúvidas porque, quanto mais elas agem em
conformidade com as teorias, piores são os resultados. Os mais inteligentes pensam, então, em buscar um novo
“saber sobre o mundo”. Como não existe um local para estudar isso, começam a aprender sozinhos. Alguns se
“formam” em pouco tempo; outros, todavia, levam muitos anos. Trata-se, na verdade, de um segundo aprendizado,
praticamente o oposto do primeiro, que custou tanto sacrifício. Contudo, é um aprendizado prático e confiável, que
traz resultados positivos, se aplicado no dia a dia. Os mais bem capacitados tornam-se “doutores” nesse novo “saber
sobre o mundo”. Tendo enfrentado tanto as amarguras quanto as alegrias da vida, tornam-se experts. Nesse
momento, normalmente já adentraram a velhice e, por isso, muitos chegam ao final da vida sem alcançar o sucesso.
No entanto, existem aqueles que se sobressaem, como o Sr. Yoshida(50), atual primeiro-ministro do Japão, pessoa
vivida cuja atitude irreverente e notória habilidade política são manifestações desse “saber sobre o mundo”.
Com essa explicação, penso que entenderam a causa das superstições. Em resumo, ao se colocar em prática os
conhecimentos adquiridos na escola tidos como absolutos, e ao ocorrer o fracasso, sobrevêm dúvidas. Nesse
momento, torna-se muito fácil as pessoas ingressar em religiões falsas e supersticiosas. Podemos dizer, entretanto,
que nenhuma dessas religiões realmente esclarece as dúvidas. Desse modo, a culpa está no conhecimento, que se
encontra distante da realidade. Por este princípio, não há como negar que um dos aspectos da educação científica
contemporânea, na realidade, é a criação de superstições.
Para finalizar, quero dizer que reconhecemos que, atualmente, as religiões falsas e supersticiosas são numerosas,
como dizem os jornalistas, mas achamos errado generalizar porque, sem dúvida, existem algumas às quais não cabem
tais designações. Ora, definir como superstição aquilo que não o é, também constitui uma espécie de superstição.
Nesse sentido, gostaria de pedir aos jornalistas que continuem denunciando as religiões falsas e supersticiosas, mas
que tomem cuidado para não tacharem com esses termos as que não o são, pois esse procedimento representa um
obstáculo para o progresso da cultura.
30 de janeiro de 1950

(50) Shigueru Yoshida (1878–1967), primeiro-ministro do Japão de 1946 a 1947 e de 1948 a 1954.

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A DEFASAGEM DO ESTUDO(51)

E m se tratando de estudo, existe o estudo vivo e o estudo morto. Isso soa estranho, mas vou esclarecer o que isso
significa. Estudar por estudar é estudo morto, enquanto que estudar para aplicar na vida real é estudo vivo. O
estudo pela busca da Verdade, porém, é algo à parte e muito valioso. Vejamos, em primeiro lugar, o que é estudo.
Atualmente, em todos os níveis da educação escolar, os professores utilizam os livros didáticos como dimensão
vertical, e a prática, como dimensão horizontal(52). Esse método de ensino assumiu a configuração atual a partir do
resultado de grandes esforços e contínuos melhoramentos realizados por muitos eruditos. Logicamente, novas
descobertas e teorias surgiram e desapareceram, foram apresentadas e depois descartadas, preservando-se apenas o
que havia de valor nelas. Aquilo que, em outra época, era considerado Verdade e respeitado como regra de ouro, foi
desaparecendo sem deixar nenhum vestígio, à medida que apareciam novas teorias e descobertas que o superavam.
Existem, contudo, aquelas que se mantêm vivas e continuam sendo úteis à sociedade. Tudo é definido pelo tempo.
Por esse motivo, embora tenhamos plena certeza de que hoje uma teoria seja absolutamente verdadeira, inalterável
e eterna, não podemos saber quando aparecerá outra que a suplante nem quem o fará. No entanto, quando aparecem
novas descobertas, é natural que elas não se encaixem nos moldes das teorias tradicionais; quanto menos se
ajustarem, maior será seu valor. Resumindo, é uma quebra de paradigmas, e quanto maior for esse impacto, maior
será o seu valor. Desse modo, se aquilo que pensávamos ser Verdade cair no esquecimento, é porque surgiu outra
Verdade superior àquela. É dessa forma que se processa o contínuo desenvolvimento da cultura.
Analisemos mais profundamente. Através dos anos, o ensino tradicional se estruturou até atingir o que, em tese,
seria uma forma organizada. Contudo, o rápido avanço da cultura se distancia dessa forma estática com uma
velocidade surpreendente. Um dia desses, ouvi do presidente de uma grande empresa o seguinte comentário:
“Mesmo que seja muito inteligente, alguém que concluiu a universidade há mais de dez anos, hoje, muitas vezes, não
consegue lidar com questões práticas. Isso ocorre devido à grande disparidade entre o conhecimento adquirido
naquela época e o momento atual, ou seja, há uma defasagem entre o estudo e o tempo. Isso se dá principalmente
entre os técnicos.” Essas palavras vêm ao encontro daquilo que eu explanava, porque, como as teorias têm como base
a época em que foram criadas, ao longo do tempo, se não acompanharem o progresso da cultura, desaparecerão.
Exemplifiquemos.
Dizem que os políticos atuais se tornaram medíocres, o que significa dizer que é difícil encontrar líderes de grande
envergadura. Todo mundo sabe que os atuais ministros de Estado têm capacidade limitada e se mostram
ocupadíssimos em resolver os problemas do momento; mas suas verdadeiras intenções são evidentes. Isso ocorre
porque, na atualidade, os políticos de nível ministerial são formados pelas universidades federais e deixam-se levar
facilmente pelas velhas teorias. Racionais em tudo, eles não sabem que existe algo além da razão. É o mesmo que
utilizar carroça numa época em que existem carros, pois só aprenderam a conduzir aquela e não sabem dirigir carros.
No geral, o estudo desenvolve a inteligência humana, formando, até certo ponto, uma base, que corresponde ao
alicerce de uma construção. É sobre esse alicerce que se ergue uma nova construção, isto é, coloca-se em prática o
estudo, este é aprimorado e promove inovações. Assim, dá-se uma sintonia do estudo com o contínuo progresso da
cultura. E mais: ele vai além e cumpre o papel de liderança. Isso, sim, é o estudo vivo. Recentemente, soube que o
presidente Truman(53), dos Estados Unidos, por volta de 1921, era um comerciante de miudezas. Creio que foi essa
experiência de vida que o levou até onde ele chegou hoje.
Há mais de dez anos, proclamei uma nova teoria sobre a medicina; porém, tão logo eu a publiquei em livro(54), sua
venda foi proibida pelas autoridades. Isso se deu por três vezes, e como eu não pude fazer nada contra, desisti. O
motivo é que minha tese é contrária aos conhecimentos da medicina atual. Comparando a proporção dos resultados
obtidos pelo meu método com a da medicina atual, vemos que o meu é dezenas de vezes mais eficaz. Além disso, não
se trata de cura temporária, mas definitiva. O que estou dizendo constitui a pura verdade, sem o mínimo exagero. No
prefácio do livro, eu até escrevi: “Estou pronto para comprová-lo a qualquer hora.” Todavia, uma vez que as
autoridades e os especialistas não deram a mínima atenção, nada mais pude fazer.
O objetivo da medicina é curar todas as doenças e promover a saúde do ser humano, prolongando-lhe a vida. Que
objetivo poderia ter além deste? Por mais que se preguem teorias, por mais que se aperfeiçoem as instalações e que
haja aparelhagens supersofisticadas, tudo isso será inútil se não corresponder ao referido objetivo. Baseados apenas na
divergência entre a minha teoria e a da medicina convencional, as autoridades e os especialistas ignoraram a minha,
sem ao menos tentar examiná-la, revelando-se, portanto, verdadeiros traidores do progresso da cultura. Como os

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governantes depositam absoluta confiança nessa medicina, só posso dizer que o homem contemporâneo não passa de
uma pobre ovelha indefesa.
Por que eu teria apresentado uma teoria tão ousada? Ora, se eu não tivesse absoluta convicção, jamais a teria
divulgado. Descobri uma grave falha na medicina, que tanto se orgulha do seu progresso. Entre as grandes
descobertas efetuadas até o presente, nenhuma se compara à que eu fiz, porque não existe nada tão importante
quanto a solução dos problemas relacionados à vida humana. Enquanto a medicina atual não despertar para essa
grave falha, afirmo que ela não será uma existência útil de fato.
Qualquer um percebe que, ao nosso redor, está aumentando o número de criaturas sofredoras, acometidas de
doenças graves causadas pelos tratamentos errôneos. Diante disso, não conseguimos ficar indiferentes. No momento,
porém, não me resta outra coisa senão orar a Deus para que as pessoas despertem o quanto antes.
30 de janeiro de 1950

(51) Título anterior: “Inadequação do estudo”.


(52) Vertical e horizontal: são dois conceitos de Meishu-Sama muito semelhantes ao Yin e Yang. Vertical é estreito, profundo, mental, espiritual, oriental
etc. Horizontal é largo, superficial, físico, material, ocidental etc.
(53) Harry S. Truman (1884-1972), trigésimo terceiro presidente dos Estados Unidos, cujo mandato foi de 1945 a 1953.
(54) Refere-se ao livro A medicina do futuro publicado três vezes: em 28/9/1942, 5/2/1943 e 5/10/1943.

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A RESPEITO DO ATEÍSMO

Q
ateu.
uando se escreve sobre o ateísmo, parece ser regra geral desenvolver a argumentação partindo do ponto de vista
religioso. Contudo, eu pretendo discorrer sobre esse tema sem tocar em religião, colocando-me na posição de

Logo que um bebê nasce, surge do corpo da mãe o leite, uma substância completa e necessária à sua formação. Por
meio disso, a criança cresce normalmente, e quando nascem os primeiros dentes, os pais oferecem-lhe alimentação
adequada à mastigação. Assim, ela vai vencendo várias fases de seu desenvolvimento, até atingir a idade adulta. Em
relação aos alimentos, que representam um papel muito importante nesse processo, cada um tem seu sabor, e o ser
humano, que possui o sentido do paladar, se alimenta deles com prazer, absorvendo as calorias necessárias. Creio ser
este o maior de todos os prazeres humanos.
À medida que o corpo físico cresce, a inteligência é desenvolvida por meio da educação escolar entre outros e,
assim, o ser humano se torna capaz de exercer as funções normais de um adulto. Surgem-lhe, então, diversos desejos,
despertando nele a sede de conhecimento, orgulho, competitividade e inventividade. Também vêm à tona os desejos
físicos, como os prazeres mundanos, o namoro e outros.
Dessa maneira, por meio da alternância dos sofrimentos e alegrias, e da interação da razão e do sentimento, o ser
humano reúne as condições de um ser superior e torna-se apto para participar da vida social.
Escrevi, em linhas gerais, sobre o curso da vida humana, desde o nascimento até a vida adulta. Consideremos,
agora, a Grande Natureza.
Tudo o que existe no Universo é criado e desenvolvido pela força da Grande Natureza: os fenômenos naturais,
visíveis ou não, a atividade dos astros, a alternância das estações do ano e as variações climáticas, bem como os
animais, os vegetais e os minerais, que possuem relação direta com a vida do ser humano. Esta é a própria imagem
do mundo. Observando a Natureza de forma serena e objetiva, e sem ideias preconcebidas, qualquer pessoa – a
menos que seja desprovida de sensibilidade –, fica sem palavras, embevecida com seu encanto.
A Natureza é dotada de mistério profundo e insondável. Ninguém pode deixar de pensar nas questões como:
Quem criou este mundo tão magnífico e com que propósito? Infinito é o Céu que contemplamos e desconhecida é
sua extensão. Como se apresenta o centro da Terra? Qual a temperatura do Sol e da Lua? Qual o número certo de
estrelas, o peso exato do globo terrestre, o volume da água dos oceanos? Questões dessa ordem são inumeráveis.
Quanto mais pensamos, mais ficamos abismados com o movimento ordenado dos astros, a formação da noite e do
dia, o fenômeno das estações do ano, a divisão do ano em 365 dias, a evolução de todas as coisas, o progresso
ilimitado da civilização etc. Quando surgiu este mundo? Até quando ele existirá? Ele é eterno ou não? Qual o limite
da população mundial? E o futuro da Terra? Tudo permanece envolto em mistério.
Todas as coisas e seres estão em eterno movimento, sem a mínima falha ou atraso, obedecendo a uma ordem
estabelecida.
Ainda nos deparamos com questões como: Por que viemos a este mundo e que papel devemos desempenhar? Até
quando poderemos viver? Voltaremos ao Nada, após a morte, ou existe o desconhecido Mundo Espiritual, onde
iremos habitar em paz? As reflexões sobre o assunto nos deixam ainda mais confusos, permanecendo na obscuridade.
Dizem os budistas: “A realidade é um vazio, e o vazio é uma realidade.” Não há outro qualificativo senão dizer que o
mundo é uma existência vasta, ilimitada e infinita.
Com a pretensão de desvendar este mundo misterioso, há milhares de anos, o ser humano vem empregando todos
os meios, principalmente os estudos. Entretanto, só uma pequena parcela é conhecida, permanecendo o restante em
mistério. Isso demonstra a insignificância da inteligência humana em relação à Grande Natureza. A expressão “vazio
e silêncio”, também citada pelos budistas, mostra isso.
A vaidade humana, em sua tola presunção, excede-se a ponto de querer subjugar essa mesma Natureza. Sábio é
aquele que, antes de mais nada, procura conhecer a si mesmo, submete-se a ela e participa de suas bênçãos.
A propósito, analisando este mundo cheio de mistérios, existe uma questão que mais nos chama a atenção: “Quem
construiu este mundo maravilhoso e o governa à sua vontade?” Procuremos imaginar quem é esse ser.
Um lar é governado pelo chefe da família; um país, pelo rei ou presidente. Logicamente, neste mundo também
deve haver um protagonista. E quem poderia ser senão aquele que é chamado pelo nome de Deus? Não encontro
outra conclusão. Por conseguinte, negar a Deus significa negar o próprio mundo e a própria existência dos ateus. Tal
lógica não permite dúvidas. Se alguém não a compreende, coloca-se em um plano semelhante ao dos animais, que

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são destituídos de sonen e inteligência. Tal pessoa poderia, então, ser considerada um animal com forma humana. A
maior prova disso é que o ateísmo gera criminosos cujos pensamentos e atos, em sua maioria, são animalescos.
Minha missão é extirpar das pessoas essa característica, fazendo-as evoluir ao nível de verdadeiros seres humanos.
Em outras palavras, tudo isso significa empreender a reforma do ser humano. E a condição básica para tal é a derrota
do ateísmo.
6 de janeiro de 1954

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A CULTURA DE SU

P ara falar sobre esse tema, começarei por explicar o significado do símbolo su (☉). Como se pode ver, é uma
circunferência (○) com um ponto (・) bem no centro. Se fosse apenas isso, não teria nenhuma importância;
mas, nada encerra significado tão grande e misterioso.
Tudo no Universo possui forma circular, como a Terra, o Sol e a Lua. E até mesmo os espíritos desencarnados,
para se moverem de um lugar para outro, apresentam esse formato. Isso está bem comprovado pelo conhecido
fenômeno hitodama(55). Quando as divindades se locomovem, também adquirem esse aspecto; no caso delas, são
“bolas de luz”. As dos espíritos humanos desencarnados não possuem luz, sendo apenas algo enevoado, de cor
amarela ou branca. Tratando-se de espírito masculino, é amarela, e de espírito feminino, branca, correspondendo,
respectivamente, ao Sol e à Lua.
Agora, vamos ao mais importante. Naturalmente, nosso mundo também tem o formato circular; mas não passará
de um círculo, se o seu interior estiver vazio. No caso do ser humano, significa que ele não teria alma; assim, colocar
um ponto quer dizer colocar-lhe alma, isto é, que ele ganhou vida, sendo capaz de desempenhar atividades. Por
conseguinte, o círculo com um ponto no centro simboliza uma forma vazia na qual se pôs alma. Isso equivale à
expressão “colocar espírito”, usada pelos pintores desde antigamente. Com base no que acabamos de dizer, podemos
afirmar que, até agora, o mundo era vazio, não possuía o ponto no centro, ou seja, a alma. Esta é a razão por que
escrevi, em outra oportunidade, sobre a “cultura sem conteúdo”.
Isso pode ser constatado em todos os setores da cultura. Como sempre digo, o tratamento sintomático das
doenças, também é uma manifestação disso. As dores e as coceiras são amenizadas por meio de injeções ou de
medicamentos aplicados ao local; a febre, baixa-se com gelo; corta-se também a purificação tomando-se
medicamentos. Dessa forma, o doente livra-se dos sofrimentos durante algum tempo; mas, uma vez que não se
atingiu o cerne da doença, a cura completa é evidentemente impossível e, com o tempo, infalivelmente, a doença
retorna. Na verdade, o que ocorreu foi apenas um adiamento. Sendo assim, a causa das enfermidades também está no
“ponto no centro”. Todavia, até agora, não se alcançou a compreensão disso.
Outro exemplo é a criminalidade. Atualmente, a única maneira para tentar impedi-la é fazer com que o criminoso
aprenda a lição com o sofrimento decorrente da pena que lhe foi imposta. Trata-se, pois, de um processo semelhante
ao tratamento baseado nos sintomas empregado pela medicina. Por isso é que, quando alguém comete um crime,
geralmente vem a perpetrar outros. Existe quem pratique dezenas deles e até mesmo quem os cometa a vida inteira,
passando mais tempo de sua vida preso do que em liberdade. A causa também está na falta do ponto, ou seja, da
alma.
Pode-se dizer a mesma coisa sobre a guerra. Aumentando-se o poderio militar, o inimigo sentirá que não tem
condições de vencer e desistirá da luta por algum tempo. Todavia, isso não passa de um meio de protelar a guerra; a
História tem demonstrado que, um dia, inevitavelmente, ela recomeçará. Assim sendo, podemos entender que a
cultura existente até agora era apenas um círculo sem o ponto no centro.
Eu sempre me refiro aos noventa e nove porcento e um porcento. Se for inserido o “ponto” num círculo, isso
significa que, por meio de um porcento, modificam-se noventa e nove porcento. Em outras palavras, representa
destruir noventa e nove porcento do mal com a força de um porcento do bem. Seria o mesmo que, com a força desse
um porcento, tornar branca uma circunferência prestes a ser pintada totalmente de preto. Relacionando isso ao
mundo, significa preencher essa civilização vazia com conteúdo, ou melhor, colocar-lhe uma alma. Dessa maneira,
daremos vida à civilização, que, até agora, só apresentava forma, como se fosse uma existência morta. Será o
nascimento de um novo mundo.
10 de setembro de 1952

(55) Hitodama: Fenômeno do surgimento de bolas de fogo, conhecido como fogo-fátuo interpretado popularmente como espírito de pessoas
desencarnadas.

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TEMPO

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O JUÍZO FINAL

T anto os cristãos quanto as pessoas em geral devem estar muito interessados em saber quando e como ocorrerá o
Juízo Final, profetizado por Jesus Cristo. Visto que o momento é iminente, vou esclarecer uma parte da
questão. Não se trata de interpretação minha, e sim, de um conhecimento adquirido por intuição espiritual. Por esse
motivo, tomem o que vou esclarecer agora como referência e considerem minhas palavras como uma teoria.
Em primeiro lugar, é necessário deixar claro se realmente haverá um Juízo Final. Ora, um ser sagrado como Jesus
Cristo, que hoje é alvo da fé de milhões de seguidores, entre os quais se contam povos de nações desenvolvidas que
lideram o mundo, não profetizaria algo que não ocorrerá. Caso sua profecia não se concretize, ele não passará de um
mentiroso. Dessa forma, até nós, que não somos cristãos, acreditamos nela piamente.
Nos ensinamentos do Ofudesaki, da fundadora da Oomoto, consta: “O que Deus diz não tem erro algum, nem
mesmo da largura de um fio de cabelo.” Portanto, não incorreremos em erro, se aplicarmos essa afirmação à profecia
sobre o Juízo Final. Também existem os seguintes ensinamentos no Ofudesaki sobre o bem e o mal: “Exterminando
o mal, construirei o mundo do bem”; “O mundo do mal já acabou”; “O mundo do mal atingirá seu ápice aos noventa
e nove porcento e, com a força de um porcento, passará a ser o mundo do bem”; “Finalmente, está chegando a hora
da mudança do mundo.” Todos eles, creio eu, não dizem respeito a outra coisa, senão ao Juízo Final. É aquilo a que
estamos nos referindo constantemente como sendo a Transição da Noite para o Dia. Há outro ensinamento,
também da Oomoto, relacionado a essa transição: “Vai chegar o momento crítico pelo qual o mundo passará; por
isso, façam o polimento do corpo e da alma.” Tais palavras significam que é impossível ao ser humano transpor esse
período estando com o corpo e a alma impuros.
Tomando a Bíblia como base e analisando o sentido dos ensinamentos do Ofudesaki, podemos concluir que nos
encontramos na iminência de um momento realmente crítico e que, para ultrapassá-lo, é preciso ter o coração
imaculado. O homem mau decairá e perecerá por toda a eternidade. Consequentemente, torna-se imprescindível
purificar a alma através de uma fé correta, a fim de que possamos transpor essa fase com segurança.
Entretanto, na sociedade, é comum ouvir que isso é um absurdo, que as divindades são apenas frutos da
imaginação humana e que, na realidade, não existem. Os materialistas podem não acreditar, mas quando chegar o
momento decisivo, mesmo que, aflitos, quiserem voltar-se para Deus, obviamente, será tarde e não haverá mais o que
fazer. E isso está bem evidente. Naturalmente, Deus, com Seu grande amor, salvará o maior número possível de
pessoas. Nós, que encarnamos Sua Vontade, estamos repetidamente advertindo por meio da palavra oral e escrita.
O seguinte ensinamento da Oomoto tem exatamente o mesmo sentido daquilo que eu acabei de explicar: “Deus
quer salvar os homens; contudo, se eles não atentarem para as advertências dos ensinamentos, encarando-as
simplesmente como o crocitar do corvo(56) a que estão acostumados a ouvir, chegará a hora em que, mesmo que se
apressem a suplicar a Deus Seu perdão, Ele não poderá ocupar-se dessas pessoas. Assim, terão de resignar-se ante a
situação que elas mesmas criaram.”
A propósito, falarei resumidamente sobre o Dilúvio.
O fato deve ter ocorrido há milhares ou dezenas de milhares de anos, num país da antiga Europa, onde vivia um
homem chamado Noé. Numa situação que hoje conhecemos como “transe”, ele foi avisado sobre a iminência de um
dilúvio e, por isso, deveria alertar seu povo. Seguindo à risca o que fora dito, anunciou aos homens a ocorrência do
referido fato, mas ninguém acreditou em suas palavras. Alguns anos se passaram, mas, finalmente, ele conseguiu
convencer sete pessoas. Então, Deus lhe ordenou que construísse uma arca. Essa arca tinha o formato de uma noz e
possuía uma tampa.
Pouco tempo depois, começou a chover ininterruptamente. Uns dizem que choveu durante quarenta dias; outros,
cem. O certo é que foi um longo período de fortes chuvas. As águas subiam cada vez mais, inundando as casas;
apenas o cume das montanhas ficava de fora. Os homens construíram barcos ou se refugiaram nas montanhas.
Todavia, os animais ferozes e as cobras venenosas, querendo salvar-se, entravam nas embarcações ou subiam as
montanhas. Famintos, eles devoraram todos os homens. Apenas as oito pessoas que estavam na arca foram
poupadas, pois os animais não conseguiram entrar nela, devido à tampa que a fechava. Elas são consideradas
antepassados da atual raça branca.
No Novo Testamento, consta que João Batista realizava o batismo pela água e que Jesus Cristo fará o batismo pelo
fogo. O Dilúvio possui o mesmo significado que a purificação do espírito pela água, realizada por João. Assim, a
purificação do espírito pelo fogo atribuída a Jesus Cristo só pode ter o mesmo significado do Juízo Final, que está

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prestes a chegar. A água é matéria, e o fogo é espírito. Consequentemente, aquilo que estamos realizando atualmente
– o método de purificar o espírito por meio do espírito –, nada mais é que o batismo pelo fogo. Uma vez que o
espírito se reflete na matéria, creio que a influência que esse batismo exercerá sobre ela será uma mudança sem
precedentes. Contudo, precisamos saber que o momento crítico atingirá apenas o mal e não o bem.
Este artigo, eu o ofereço às pessoas sem religião.
20 de janeiro de 1950

(56) No Japão, corvo é, na gíria, a alcunha do chefe “chato”, que fica implicando com tudo. Nas tardes de tempo bom, os corvos costumam voar em bando e
crocitam, fazendo alarde, mas ninguém presta atenção a eles. “Crocitar do corvo” é uma referência para indicar uma implicância por algo banal e corriqueiro.

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CONCRETIZAÇÃO DA PROFECIA DO REINO DOS CÉUS – O PARAÍSO


TERRESTRE

P ara o momento atual, creio que os pontos mais importantes da Bíblia são: “Juízo Final”, “Chegada do Reino dos
Céus” e “Segunda Vinda de Cristo”. Um estudo sobre tais fatos leva-nos a crer que o Juízo Final é obra de Deus,
que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá no seu devido tempo, o que dispensa qualquer explicação, e que somente o
Paraíso Terrestre será construído pela força humana. Nesse caso, é indispensável que, em certo momento, alguém se
torne o arquiteto e execute a construção. Segundo nossa interpretação, o tempo é o presente; quanto ao construtor, a
nossa religião. E a concretização da profecia do Reino dos Céus já começou! Vejam! Estamos construindo esse
modelo conforme veiculado diversas vezes em nossas publicações.
É por meio da construção do Paraíso Terrestre efetuada pela nossa religião que a profecia de Jesus Cristo se
concretizará. Não desejo que advenha orgulho desse fato, pois tanto a profecia bíblica quanto sua concretização por
nós são frutos do amor de Deus pela humanidade, que utiliza, livremente, Seus escolhidos para a construção do
mundo ideal conforme a época. Visto que a obra que estamos desenvolvendo foi profetizada por Jesus Cristo há dois
mil anos, considero que cada um de nós foi incumbido da missão de concretizar tal profecia.
20 de março de 1950

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JOHREI

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TRANSIÇÃO DA NOITE PARA O DIA

C onforme já falei a respeito da relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material, tudo o que se passa neste
é a projeção do Mundo Espiritual, onde está ocorrendo uma grande mudança. Conhecendo-se esse fato, tudo
se torna claro aos nossos olhos.
Todas as coisas existentes entre o céu e a terra nascem e se desenvolvem, bem como são criadas e destruídas pela
ação daqueles dois mundos, numa evolução infinita. Numa visão ampla, o universo é macroinfinito e, ao mesmo
tempo, um conjunto de microinfinitos, que é o mundo da matéria. Por meio de sua contínua transformação, a
cultura se desenvolve ininterruptamente. Meditando sobre isso calmamente, não podemos deixar de sentir a vontade
do Universo, isto é, o objetivo e a intenção de Deus. Em tudo há a distinção entre yin e yang, claro e escuro, dia e
noite. Quando observamos a mudança das quatro estações do ano, a ascensão e o declínio de todas as coisas, notamos
que isso também se encaixa perfeitamente em nossa vida. Existem, ainda, as classificações pequeno, médio e grande
para tudo. Aplicando tal raciocínio ao tempo, podemos dizer que, assim como ocorre a alternância do dia e da noite
no espaço de um dia, ela se dá igualmente em intervalos de um, dez, cem, mil, milhares ou dezenas de milhares de
anos. É um fenômeno que ocorre no Mundo Espiritual; no Mundo Material, só notamos a diferença no espaço de
vinte e quatro horas.
Obedecendo a esta lógica, no Mundo Espiritual, é chegada a hora da mudança da noite para o dia, que,
efetivamente, se processa em intervalos de alguns milhares ou dezenas de milhares de anos. Trata-se de um fato
extremamente importante, cujo conhecimento é imprescindível à compreensão do princípio do Johrei. Além disso, o
conhecimento dessa mudança possibilita vislumbrar o futuro do Johrei e do mundo, o que conduz o ser humano à
paz interior. Explicarei como está se projetando no Mundo Material a mudança que ocorre no Mundo Espiritual,
em milhares e milhares de anos.
Nesse sentido, até agora, era noite no Mundo Espiritual. Nele, da mesma forma que no Mundo Material, a noite é
escura, e só periodicamente há luar. Obviamente, há bastante elemento água e, quando a Lua se esconde, resta
somente a luz das estrelas. Se estas forem encobertas pelas nuvens, a escuridão será completa. Observando-se os fatos
do Mundo Material, que são a projeção do que ocorre no Mundo Espiritual, isso fica evidente. A alternância dos
períodos de paz e guerra e a ascensão e queda das nações podem ser comparadas às fases da lua cheia e da lua nova.
Agora, um ciclo se encerrou. É justamente o momento da mudança para o dia, que corresponde ao alvorecer.
A transição da noite para o dia no Mundo Espiritual acarretará uma experiência inédita para a humanidade. Uma
grande, espantosa, temível e ao mesmo tempo feliz mudança está para ocorrer, e seus sinais já estão surgindo.
Vejamos.
O Mundo do Dia é como no Mundo Material: primeiro, aparecem pinceladas da luz do Sol no horizonte, a leste.
Atentem, por exemplo, para a grande transformação ocorrida no Japão, que fica no extremo leste do planeta, ou seja,
o país do sol nascente. Nele já se iniciou o fim da cultura da noite, ou seja, da cultura existente. Observem, entre
outros fatos, o colapso de cidades de grande importância cultural, a situação calamitosa da economia e da indústria, a
queda dos líderes e o declínio das classes privilegiadas. Tudo isso é consequência da mudança a que nos referimos.
E o que virá em seguida é a construção da cultura do dia, que também já está despontando, representada, no Japão,
pelo desarmamento, seguido da ascensão da democracia. Esses dois acontecimentos, absolutamente inimagináveis
desde o estabelecimento do Japão como nação, há dois mil e seiscentos anos, constituirão o primeiro passo para a
consolidação da eterna paz mundial.
O Mundo da Noite significa uma era de trevas, caracterizada por lutas, fome e doenças. Em contraposição, o
Mundo do Dia significa uma era de luz, plena de paz, fartura e saúde. O Japão atual expressa bem a fase de transição
entre esses dois mundos.
O Sol, que começa a despontar no leste, logo deverá atingir o zênite. E o que significa isso? Significa o colapso
total da cultura da noite em escala mundial; ao mesmo tempo, ouvir-se-á o brado do nascimento da cultura do dia.
Pode-se mais ou menos ter uma ideia disso pelos fatos ocorridos no Japão os quais, em pequena escala, já mostram
um modelo dessa cultura. Assim, aproxima-se o momento decisivo para o destino da humanidade, e dele talvez
ninguém conseguirá escapar. Restará apenas o caminho de minimizar os sofrimentos. E aqui vou apresentar-lhes um
meio para isso: conhecer o princípio do Johrei e participar dos projetos de construção da cultura do dia.
Há um trecho da Bíblia que diz: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a
todas as nações. Então, virá o fim.”(57) Isso, acredito eu, indica que meus textos cumprirão a referida missão.

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Para esclarecer o princípio do Johrei, precisei explicar até o destino do mundo. Todavia, era sumamente
importante que o fizesse, pois tanto a descoberta do princípio do Johrei quanto dos equívocos da medicina
fundamenta-se na transição da noite para o dia.
De acordo com o que já expliquei, a causa das doenças são as nuvens espirituais e eliminá-las é a condição única
para a cura das doenças. Por que, então, no mundo anterior ao surgimento do Johrei, ninguém havia conseguido
descobrir isso? O motivo é o seguinte. Existem dois métodos de cura das doenças. O primeiro é fazer com que as
toxinas retornem ao estágio anterior ao início da purificação. Ou seja, o método de solidificação. O segundo é o
oposto: é o método de dissolver as toxinas e eliminá-las. Assim sendo, acredito que os leitores puderam compreender
que a medicina convencional utiliza o método de solidificação e o Johrei, o método de dissolução.
Sendo o princípio do Johrei a irradiação da misteriosa luz invisível emanada do corpo humano, qual seria, então, a
natureza dessa luz? Ela é uma espécie de energia espiritual, peculiar ao corpo humano, e seu componente principal é
o elemento fogo. Portanto, na ministração do Johrei, necessita-se de grande quantidade desse elemento. À medida,
porém, que se aproxima o Mundo do Dia, o elemento fogo vai aumentando no Mundo Espiritual, pois a fonte de
irradiação desse elemento é o Sol. Assim sendo, além de ser eficiente na eliminação das doenças, o elemento fogo
possui mais um fator de importância decisiva: seu incremento no Mundo Espiritual acelera o processo de purificação
do corpo material, porque a transformação ocorrida naquele mundo causa influência direta no corpo espiritual. O
aumento do elemento fogo tem a função de auxiliar a intensificação da energia purificadora das nuvens espirituais.
Assim sendo, ao mesmo tempo em que as doenças aparecerão mais facilmente, o tratamento solidificador empregado
pela medicina atual terá um efeito cada vez menor e, por fim, se tornará ineficaz. No Mundo da Noite, era preciso
que transcorressem vários anos para haver uma nova dissolução das toxinas anteriormente solidificadas, mas esse
período diminuirá para um ano, meio ano, três meses, um mês e, no final, a solidificação se tornará impossível. Um
excelente exemplo do que estamos dizendo é a vacinação. O fato que se segue é verídico e ocorreu no Japão.
Há algumas décadas, diziam que uma aplicação de vacina imunizava a pessoa para o resto da vida, mas aos poucos
o período de imunização foi reduzido para dez anos, depois para cinco e, nos últimos tempos, seu efeito tornou-se
pouco eficaz.
A cada ano que passa, outros tipos de doenças tendem a aumentar: esta é uma realidade que não podemos deixar
passar despercebida.
Pelo exposto, os leitores poderão entender que, pouco a pouco, está-se processando a transição da noite para o dia.
Na era da noite, para o tratamento das doenças, era mais vantajoso solidificar as toxinas que dissolvê-las, pois não
havia elemento fogo suficiente para promover sua dissolução. Assim, era inevitável adotar-se provisoriamente o
método de solidificação. Eis a pavorosa falácia que se tornou a causa dos sofrimentos da humanidade, como as
guerras, a fome, as doenças e a diminuição da duração da vida.
5 de fevereiro de 1947

(57) Mateus 24:14 (Bíblia de Estudo Almeida).

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SOU UM CIENTISTA EM RELIGIÃO

S e eu, um religioso, disser que sou também um cientista, todos estranharão, mas estou certo de que, ao final da
leitura deste texto, haverão de concordar comigo.
Sempre digo que a ciência atual ainda se encontra num nível inferior, nem podendo ser considerada como tal. Vou
falar minuciosamente a seu respeito. Atualmente, ela dá ênfase à descoberta e ao estudo das partículas. É claro que
isso se deve ao aperfeiçoamento do microscópio, cujo avanço é impressionante. Conseguem-se distinguir corpos
extremamente minúsculos, frações da ordem de um milésimo, milionésimo ou bilionésimo. Trata-se de um avanço
contínuo e, atualmente, esse instrumento está prestes a entrar no mundo infinitesimal. A palavra sei(58), que
ultimamente começaram a usar com mais frequência, deve estar indicando este mundo.
É claro que o conhecimento do mundo infinitesimal não se deve a procedimentos científicos; trata-se de hipóteses
deduzidas a partir de pesquisas teóricas e científicas. Se não fosse assim, não seria possível avançar. Esse é
exatamente o Mundo Espiritual a que me refiro. A ciência finalmente alcançou este estágio. Dessa maneira, para ser
franco, ela, que por tanto tempo insistiu em negar a existência do espírito, acabou derrotada. Isto posto, imaginemos
que a ciência compreenda de fato que a palavra sei é o que chamamos de espírito ou ki(59). Neste caso, ela se elevaria
a um nível mais alto e avançaria rumo ao ideal do conhecimento, que é a busca pela Verdade. Desse modo, a ciência
que, até então, se baseou na matéria, seria considerada da primeira fase. E a ciência que considera o espírito, seria
conhecida pelo mundo como a ciência da segunda fase. Desse modo, haveria uma mudança de cento e oitenta graus
no rumo da ciência, que necessitaria integrar-se à religião. Em termos mais claros, seria traçada uma linha
demarcatória no mundo científico: a ciência da matéria ficaria situada abaixo dessa linha, e a ciência do espírito,
acima. Esta é uma visão no sentido vertical; no sentido horizontal, a ciência da matéria é o invólucro, e a do espírito,
o conteúdo. Em outras palavras, isso significaria uma evolução da ciência do visível para a ciência do invisível, o que
seria motivo de alegria.
Todavia, aqui se apresenta um sério problema: não adianta apenas captar a existência do mundo do espírito; é
necessário apreender sua verdadeira natureza e fazer com que a noção da existência do Mundo Espiritual seja útil à
humanidade. Infelizmente, a ciência da matéria não tem métodos para isso, pois, para lidar com a parte espiritual, os
meios devem ser espirituais; porém, afirmo que é possível superar esta dificuldade. Aliás, ela já está sendo suplantada:
tenho obtido resultados admiráveis na resolução de problemas do espírito por meio do espírito. Refiro-me
justamente ao tratamento de doenças. Explicando de forma sucinta, a causa de todas as doenças são as impurezas
acumuladas no espírito do doente, tornando-se evidente que, se as eliminarmos, as doenças serão erradicadas, de
acordo com a Lei Espírito Precede a Matéria. Meu método consiste na irradiação de uma energia espiritual peculiar
que pode ser considerada uma “bomba atômica espiritual” para queimar as impurezas. Esse método, denominado
Johrei, constitui um procedimento científico de alto nível. Não se limitando ao campo da medicina, ele consegue
resolver problemas que nenhuma religião ou ciência conseguiu. Se isso não é uma superciência, o que será?
Vou explicar a respeito disso, de outro ângulo.
Como todos sabem, a teoria vigente na medicina afirma que a origem de todas as doenças reside nos micróbios e,
graças à sua histórica descoberta, a medicina alcançou um progresso memorável. No entanto, como se trata do
avanço da ciência da matéria, é uma evolução pela metade. Ou seja, apenas exterminar os micróbios não atinge a raiz
da questão. Do meu ponto de vista, é o mesmo que tapar o sol com a peneira, já que os micróbios são apenas o efeito
e não a causa. Mesmo os micróbios se criam a partir de formas embrionárias que são, na verdade, aquilo que estão
chamando de vírus. Parece que, ultimamente, os cientistas estão discutindo se os vírus são orgânicos ou inorgânicos.
Realmente, isso é muito engraçado, pois os vírus são partículas intermediárias que estão passando do estado
inorgânico para o orgânico. Assim, não é possível definir sua natureza. Portanto, o que importa é o local onde surge
o inorgânico, e este local é o Mundo Espiritual. Se compreenderem isso, o microscópio torna-se dispensável.
A atual ciência da matéria é de baixo nível. E, por esse motivo, obviamente, é impossível resolver, por meio dela,
questões de alto nível como a vida do ser humano. Isso se torna claro ao observarmos que doenças graves
consideradas incuráveis pela medicina estão sendo facilmente curadas por meio do Johrei. Pode-se dizer que a ciência
do espírito é a essência da ciência da matéria.
Farei uma análise profunda do Mundo Espiritual. Sua verdadeira natureza é constituída pela essência do Sol, da
Lua e da Terra, que, na ciência, correspondem, respectivamente, ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio. Para
nós, isso significa a junção dos elementos fogo, água e terra. A terra é a essência da matéria; o Sol, a essência do

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espírito, e a Lua, a essência do ar. O Sol e a Lua controlam a atmosfera, que preenche o espaço terrestre. Embora o
elemento fogo seja o mais forte, não foi possível detectá-lo por meio da ciência da matéria por ele ser extremamente
rarefeito. Até agora, conheciam-se apenas suas propriedades de luz e de calor; porém, sua verdadeira essência como
energia espiritual permanecera desconhecida. Assim, a ciência tomou como objeto de estudo apenas os elementos
água e terra e, por esse motivo, a cultura atual está baseada nesses dois, o que consiste na maior falha da civilização
atual.
Agora, vou-me referir a uma grande mudança que ocorrerá no mundo. Conforme já explicamos, ele é constituído
pelos elementos do Sol, da Lua e da Terra. A distinção entre o dia e a noite é decorrente da alternância do Sol e da
Lua; mas, isso é um fenômeno visto pelo aspecto material. Acontece que, pelo aspecto espiritual, também existem
dia e noite. Evidentemente, através da ciência da matéria, não se consegue compreender isso, mas por meio da
ciência do espírito, é perfeitamente possível. A mudança a que me refiro é a grande e surpreendente transição do
mundo, que se iniciará a partir de agora. Será uma transformação histórica que, para ser entendida, necessitará da
ampliação de nossa noção sobre o dia e a noite. Ou seja, devemos saber que, no Mundo Espiritual, a alternância
entre o dia e a noite se sucede em períodos de dezenas, centenas, milhares, dezenas de milhares de anos e assim por
diante.
Da mesma forma que o globo terrestre é formado pelos três elementos – fogo, água e terra –, tudo no Universo se
fundamenta no número três. E isso constitui uma lei imutável. Mesmo a alternância entre a Era do Dia e a da Noite
se dá nos períodos de três, trinta, trezentos e três mil anos. É evidente que, dependendo da natureza e da dimensão
das coisas, a projeção do espírito para a matéria dá-se com maior ou menor rapidez, mas fundamentalmente o
movimento se dá com precisão. Surpreendentemente, o tempo de mudança de três mil anos é o momento atual, e
estamos agora diante desse alvorecer. Já me referi a isso anteriormente, e até a data estava definida. Foi a partir de 15
de junho de 1931 que o mundo se tornou dia. Contudo, essa mudança do Mundo Espiritual gradualmente será
projetada no Mundo Material até certa época. No devido tempo, ela se tornará evidente. Gostaria de dar uma
explicação mais profunda, mas vou abreviá-la, porque teria de entrar no campo da religião. Entretanto, gostaria que
confiassem no que estou dizendo, pois se trata de uma verdade absoluta.
O fato de o Mundo Espiritual se tornar dia significa que há uma intensificação do elemento fogo. Apesar de ser
uma mudança gradativa, já está se projetando no Mundo Material. Assim, o mundo em que o elemento água
predominava sobre o elemento fogo, tornar-se-á o mundo em que o elemento fogo predomina sobre o elemento
água. Por intermédio da ciência da matéria, não se pode perceber tal fenômeno, mas aqueles que conseguiram
alcançar a Iluminação espiritual, conseguem percebê-lo plenamente. Com essa mudança, todos os problemas para os
quais não se encontrava solução, serão resolvidos de forma clara e precisa. Com base no que acabo de expor, vou
elevar o nível da ciência atual e criar a verdadeira civilização.
7 de abril de 1954

(58) Sei: Palavra utilizada na cultura japonesa para designar substâncias extremamente etéreas e sutis.
(59) Ki: Também grafado como qi ou ch’i, na tradição oriental refere-se a uma energia ou força cósmica que permeia o universo.

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O ESPÍRITO PRECEDE A MATÉRIA

C onforme me referi anteriormente, tecerei considerações sobre a relação entre a doença do ser humano e o
mundo inorgânico, que chamamos de Mundo Espiritual.
O ser humano é constituído pela união e integração entre o corpo e o espírito. O corpo é uma matéria visível e, por
essa razão, todos podem distingui-lo. O espírito é invisível, mas existe, sendo uma espécie de elemento etéreo. Assim
como o corpo é uma existência do Mundo Atmosférico, o espírito é uma existência do Mundo Espiritual. Este
mundo, conforme expliquei, é transparente, mais rarefeito que o ar e semelhante ao Nada. Muito pelo contrário,
longe de ser o Nada, ele é a fonte geradora da força infinita e absoluta, que, por ora, chamaremos de força cósmica. É
um mundo misterioso e inimaginável, cuja essência é formada pela fusão das essências do Sol, da Lua e da Terra.
Tudo o que existe no Universo é criado e desenvolvido pela força cósmica e, ao mesmo tempo, juntam-se impurezas
que são submetidas à purificação. É como o acúmulo de sujeira no corpo humano, que necessita de banho. Portanto,
quando se aglomeram impurezas no Mundo Espiritual da Terra, elas se concentram num determinado ponto e aí
surge a ação purificadora da tempestade, que efetua a limpeza. Os incêndios causados por raios e pelo homem têm a
mesma função. O mesmo se verifica com o ser humano: se há acúmulo de impurezas, surge a ação purificadora, que é
desencadeada a partir do espírito.
As impurezas, ou seja, as nuvens espirituais, são opacidades que surgem no espírito, que é um corpo transparente.
Existem dois tipos de nuvens espirituais: 1) aquelas que surgem no próprio espírito e 2) aquelas projetadas a partir do
corpo físico. Vejamos a primeira.
O cerne do espírito humano é constituído de três camadas concêntricas. Explicando a partir do centro, seu núcleo
é a alma, que se assenta no ventre da mulher através do homem no momento da concepção. Por sua vez, a alma está
envolta pela consciência e esta, pelo espírito. O estado da alma se reflete no espírito por meio da consciência, e o
estado do espírito se reflete igualmente na alma por intermédio da consciência. Desse modo, a alma, a consciência e
o espírito estão inter-relacionados, constituindo uma trindade. Evidentemente, todas as pessoas fazem tanto o bem
como o mal durante a vida. Se a prática do mal for maior que a do bem, o saldo entre elas constituirá o pecado, que
se reflete na alma e se transforma em nuvem espiritual. Por esse motivo, na sequência, formam-se nuvens na
consciência e, depois, no espírito. Então, com o surgimento da ação purificadora, ocorre a eliminação dessas nuvens.
Durante o processo, o volume delas se comprime; com isso, elas se tornam mais densas, concentrando-se em alguma
parte do corpo. O interessante é que, dependendo do pecado, o local da concentração é diferente. Por exemplo: os
pecados associados aos olhos, nos olhos; os pecados referentes à cabeça, na cabeça; os pecados relacionados ao tórax,
no tórax, e assim por diante, tudo de forma correspondente.
Passemos, agora, ao segundo tipo de nuvens, isto é, as que se projetam do corpo para o espírito. Neste caso,
primeiramente o sangue se turva e, como consequência, surgem nuvens no espírito. Originariamente, o sangue do
corpo humano é a materialização do espírito; ao contrário, o espírito é a espiritualização do sangue. Em outras
palavras, espírito e matéria estão integrados. Assim, quando as nuvens se condensam e se refletem no corpo,
transformam-se em sangue turvo e, ao ficarem ainda mais densas, transformam-se em nódulos. Estes, depois de
dissolvidos e liquefeitos, são eliminados por diversos pontos do corpo. A dor e o sofrimento decorrentes desse
processo constituem aquilo a que se dá o nome de doença. Assim, o que se projeta a partir do corpo físico é o sangue
turvo.
Então, por que surge o sangue turvo? A causa é bastante surpreendente: são os medicamentos(60), que,
paradoxalmente, ocupam a posição de maior destaque nos tratamentos médicos. Como todo medicamento é veneno,
quanto mais utilizá-lo, mais o sangue se turva, e a realidade é a maior prova do que estamos dizendo. Portanto,
estando a pessoa sob tratamento médico, não é de se estranhar que a doença se prolongue ou piore, ou que até surjam
outras doenças.
Se o sangue turvo existente no corpo se reflete no espírito em forma de nuvens espirituais e estas se tornam a causa
das doenças, o próprio método de curar as doenças acaba se tornando o meio de criá-las. Não se conseguirá a
erradicação completa das doenças se, primeiramente, não forem removidas as nuvens do espírito, uma vez que a lei
universal estabelece que o Espírito Precede a Matéria. Já o nosso método, que é a aplicação dessa lei, cura
completamente as doenças por meio da purificação do espírito. Por essa razão, ele é chamado de Johrei, que significa
“purificação do espírito”. Desconhecendo tal princípio, a medicina convencional despreza o espírito e tenta curar
apenas o corpo. Logo, por mais que ela progrida, as curas serão sempre temporárias.
Podemos ver pela realidade que os tratamentos médicos não trazem a cura definitiva. Mesmo que se diga que

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houve a cura, na maioria das vezes, a doença volta a se manifestar. No caso de apendicite, por exemplo, por extrair-se
o apêndice, não há como ela surgir novamente. No entanto, torna-se mais fácil a ocorrência de doenças nas
proximidades de onde estava o apêndice, tais como a peritonite e as doenças renais. Isso ocorre porque as nuvens
espirituais permanecem, produzindo novamente sangue turvo, que se concentra em outro local.
Vejamos, agora, as mudanças que se verificam no sangue turvo. Quando este sangue se adensa, devido ao contínuo
processo de purificação, as partículas do sangue vão embranquecendo gradativamente. Isso é o pus. Pus misturado
com sangue indica que as mudanças ainda estão em processo. Num estágio mais avançado, tudo se transformará em
pus. Desta forma, podemos compreender o motivo de o catarro expectorado pelos tuberculosos vir, ou não,
acompanhado de sangue. Creio que os termos fagocitose e glóbulos brancos bem como glóbulos vermelhos,
empregados pela medicina, são pertinentes a assuntos que remetem a casos semelhantes ao que citei.
Pelo exposto acima, acredito que compreenderam a relação entre espírito e matéria.
15 de agosto de 1951

(60) Segundo órgão brasileiro competente, ligado ao Ministério da Saúde, medicamentos são fármacos (substâncias químicas que modificam uma função
fisiológica) com propriedades comprovadas cientificamente. Os fármacos estão presentes não apenas nos medicamentos, mas também nos cosméticos,
produtos de higiene, agrotóxicos, aditivos alimentares, medicamentos veterinários.

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MEDICINA ESPIRITUAL

J á mostrei, por diversos ângulos, que o Mundo do Dia é o mundo em que o espírito precede a matéria. Aplicando
esse princípio ao corpo humano, podemos dizer que as toxinas – causa das doenças –, são substâncias acumuladas
no corpo material. Nesse caso, como se encontra o corpo espiritual da pessoa? Este apresenta nuvens no mesmo local
em que existem toxinas no corpo material.
Quando se procura eliminar as toxinas promovendo apenas sua remoção do corpo físico, o efeito é temporário, pois
com o passar do tempo, elas surgirão novamente, de acordo com a Lei Espírito precede a Matéria. Assim, para
remover completamente as toxinas, é imprescindível que se eliminem as nuvens do corpo espiritual. Este é o método
correto para se atingir plenamente o objetivo de curar as doenças.
Visto que todos os métodos utilizados até agora tinham o corpo como objeto do tratamento, este era baseado
exclusivamente na eliminação das toxinas ou, então, na sua solidificação. É óbvio que eles propiciavam uma cura
passageira, mas jamais a cura total, o que está bem caracterizado pelo uso da palavra “recaída”.
Conforme já citei, os métodos empregados pela medicina são dois: solidificação das toxinas ou sua remoção
cirúrgica. Nas terapias populares, as toxinas são solidificadas por meio de banhos de luz, estímulos elétricos, entre
outros, ou são eliminadas por métodos como a moxabustão, que consiste em queimar determinados pontos do corpo
para concentrar neles o pus e expeli-lo.
Nossa medicina espiritual, o Johrei, todavia, fundamenta-se na eliminação das nuvens do corpo espiritual. O
método consiste em irradiar, pela ponta dos dedos do terapeuta(61), ondas espirituais que têm como agente principal
o elemento fogo. Por ora, vou chamar essas ondas de luz misteriosa. Todas as pessoas a possuem em determinada
quantidade, ou melhor, ela preenche de forma ilimitada não só o espaço em torno do planeta Terra, como também o
Mundo Espiritual.
Por que ninguém havia descoberto o método de cura que consiste na eliminação das nuvens por meio das ondas
espirituais? Foi porque, conforme já dissemos, era noite no mundo, ou seja, o mundo estava às escuras. Em termos
de luz, existia apenas uma claridade semelhante à da Lua e, por esse motivo, era impossível obter suficientemente a
luz misteriosa para eliminar as nuvens espirituais, ou seja, a força para curar as doenças. Não é que essa luz não
existia. Como é do conhecimento de todos, alguns religiosos e ascetas procediam ao tratamento das doenças e
obtinham certo êxito, fazendo com que o fundador e sua religião alcançassem considerável fama. Esse fato ocorre
porque o componente predominante da luz da Lua é o elemento água e, assim, a força para curar limitava-se a alguns
tipos de doenças, e seus efeitos eram temporários. Como ela tem por base o elemento água, que é de natureza fria,
sua aplicação constitui um tratamento de solidificação.
Uma vez que no Johrei o elemento fogo é o principal, qualquer nódulo de toxina é dissolvido; por conseguinte, ele
apresenta efeitos extraordinários. Dois principais fatores me levaram a descobrir o Johrei: um deles foi ter obtido o
conhecimento sobre a transição da Era da Noite para a Era do Dia, e o outro é que, no Mundo do Dia, haverá
aumento de partículas do elemento fogo, o qual, concentrado e transpassado pelo corpo humano, faz surgir uma
poderosa luz de cura que, irradiada em direção ao local afetado, manifesta extraordinários efeitos.
Gostaria de salientar que o conteúdo descrito acima é facilmente tido como de teor religioso por sua semelhança
com as antigas práticas de Jesus Cristo e de líderes religiosos. Contudo, desejo evitar ao máximo que o Johrei seja
tratado simplesmente como religião. Isto porque, nesse caso, infalivelmente seríamos vistos como supersticiosos e,
até hoje, religiões falsas e supersticiosas causaram infortúnios a muitas pessoas, e as autoridades vêm adotando
medidas drásticas para evitar problemas dessa ordem. Além disso, pessoas de outros credos, embora estejam sofrendo
com doenças, hesitarão em receber o Johrei se neste houver o menor resquício de religião.
E ainda, se a nossa medicina espiritual – o Johrei – for considerada apenas como religião, a cura obtida poderá ser
vista como tendo ocorrido devido ao auxílio da fé, isto é, da força do pensamento da própria pessoa. Na verdade, isso
seria o mesmo que admitir a ineficácia do seu poder de cura. É inegável que, até certo ponto, isso também ocorre na
medicina. Por exemplo, um paciente em vias de receber um tratamento, quando está diante de um médico
renomado, de um grande especialista, de um professor universitário, de um diretor de hospital, ou ainda, de um
médico que cuide de pessoas da alta sociedade, naturalmente sente admiração por esse profissional e confia nele. É
claro que esse sentimento influencia positivamente o resultado do tratamento. Neste caso, podemos dizer que existe
um ponto em comum entre a fé em relação à religião e esse sentimento em relação aos médicos.
Todavia, o Johrei dispensa o auxílio da fé descrito acima. Dessa forma, não só inexiste a necessidade de apresentá-

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lo como religião, mas também, se assim eu o fizesse, reuniria muitos inconvenientes como os que citei. Assim,
reconheço-o como ciência e, como tal, o lançarei ao mundo. Minha expectativa é que essa medicina espiritual criada
por um japonês se torne universal, como uma ciência de vanguarda, isto é, uma ciência do futuro.
23 de outubro de 1943

(61) Terapeuta: nome dado por Meishu-Sama às pessoas qualificadas para aplicarem o método de purificação do espírito (Johrei) entre 1935 e 1947,
período em que as religiões no Japão tinham a liberdade cerceada.

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PRINCÍPIO DO JOHREI

Primeira Parte

C reio que o princípio do Johrei é um assunto difícil para as pessoas da atualidade entenderem, dada a limitação
da educação que receberam. Isso é inevitável, uma vez que a educação atual está totalmente fundamentada no
materialismo.
Pensando bem, ao observarmos os feitos dos fundadores de diversas religiões, por meio de documentos escritos e
da tradição oral, constatamos, invariavelmente, que eles realizaram milagres. Este fato é mais evidente nas grandes
religiões. Por outro lado, pelo estágio cultural daquela época, o povo simplesmente se satisfazia com a religião
quando esta concedia benefícios e milagres, sem mesmo procurar entender o conteúdo ou a teoria que a embasavam.
Lamentavelmente, ainda hoje podemos imaginar que, se não tivesse sido crucificado, Jesus Cristo – aquele que
mais milagres realizou –, teria salvado uma grande parte da humanidade, e sua doutrina estaria ainda mais difundida.
Não obstante, seu tempo de atuação foi bastante curto, sem dúvida em decorrência de a força de Satanás ter sido
inegavelmente superior, dada a prematuridade do tempo no Mundo Espiritual. Esse tempo, finalmente, amadureceu
e adveio a grande transição naquele mundo. Através da nossa intuição espiritual, podemos ver claramente que o
poder de Satanás está enfraquecendo dia após dia.
Através da Revelação Divina, foram-me esclarecidos todos os acontecimentos até hoje considerados mistérios do
mundo. Assim, é-me possível distinguir o certo e o errado, explicar o fundamento do bem e do mal, corrigir o erro
de todas as coisas. Em face da realidade atual, que pende apenas para o progresso da cultura material,
definitivamente vou incrementar o avanço da cultura espiritual e, com o desenvolvimento integrado de ambas, fazer
surgir o mundo ideal: o Paraíso Terrestre. Nesse sentido, elucidarei alguns fundamentos dos excelentes resultados
alcançados pelos membros de nossa Igreja por meio de milagres surpreendentes.
Diferentemente dos primórdios da civilização, ou ainda, da época da cultura pouco desenvolvida, atualmente o ser
humano não confia plenamente apenas na manifestação de milagres. Sem uma explicação teórica dos fatos, ele não se
convence de jeito nenhum. Uma das causas da decadência das religiões tradicionais é que elas simplesmente negam a
cultura material e não conseguem proporcionar aos seus seguidores as graças recebidas nesta vida.
Vou explicar o princípio do Johrei, método pelo qual os fiéis da nossa Igreja manifestam milagres. Estende-se a
mão em direção à pessoa enferma, a certa distância. Tal ato faz com que doentes em estado grave melhorem
rapidamente. Mesmo as dores mais fortes diminuem ou desaparecem em curto espaço de tempo. Portanto, só
podemos dizer que se trata de milagre. Há inúmeros exemplos de fiéis recém-ingressos que conseguiram reverter o
quadro de pacientes desenganados. Trata-se, pois, de uma questão completamente fora da lógica da visão
materialista da atualidade.
A medicina atual é o resultado de milhares de anos de estudos e de aperfeiçoamento constante de renomados
estudiosos de vários países, e seus métodos terapêuticos são respeitados pela minúcia e sofisticação. Entretanto, não é
exagero considerar como maravilha do século, o fato de um indivíduo comum obter resultados notáveis ministrando
Johrei a doentes que não conseguiram restabelecer-se com o tratamento de especialistas formados à custa de elevadas
despesas com estudos e pesquisas durante dezenas de anos. É realmente um fato que está além da razão. Todavia, é
difícil para as pessoas aceitarem esses resultados só de ouvir falar. Ao contrário, acabam considerando-os como
superstição ou insanidade, o que talvez seja uma reação natural. Afinal, trata-se de um grande acontecimento, inédito
na História.
A declaração audaciosa de um mundo livre de doença, pobreza e conflito feita pela nossa religião não seria possível,
caso não tivéssemos absoluta certeza disso. Se não possuísse competência para tal, ela estaria enganando o mundo e
cometendo um delito imperdoável. No entanto, os milagres que citei, na verdade para nós, não são milagres, pois
possuem fundamentos sólidos e surgem porque devem surgir. Já que tudo isso está embasado em explicações
científicas, vou escrever a respeito, o mais detalhadamente possível.
Segunda Parte

Para explicar o princípio do Johrei, torna-se indispensável o conhecimento de um fato que passo a expor. Todas as
coisas existentes no Universo são constituídas não só de matéria, mas também de espírito, invisível aos nossos olhos.
O ser humano, logicamente, é igualmente formado de espírito e corpo físico. Numa classificação sumária, o espírito
é a essência do Sol; o corpo físico, as essências da Lua e da Terra. Em termos mais compreensíveis, o espírito é fogo,

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yang, masculino, frente, vertical e dia; o corpo, por sua vez, é água, yin, feminino, verso, horizontal e noite. A ciência,
porém, não admite a existência do espírito, objetivando somente a matéria. E isto é que constitui o erro fundamental.
Ora, se o ser humano fosse desprovido de espírito, não passaria de um simples objeto. Seria apenas uma matéria
inanimada como o pau e a pedra, sem vida e sem atividade mental. A razão do erro da ciência, até hoje, consiste em
não compreender essa teoria tão simples. Para os cientistas, no espaço só existe o ar, nada mais. Todavia, a verdade é
que, além do ar, existe um número incalculável de elementos invisíveis; lamentavelmente, a ciência ainda não
progrediu a ponto de detectá-los. Por felicidade, eu descobri a existência desses elementos, tendo dado ao
conhecimento obtido o nome de ciência espiritual. Com essa descoberta, evidentemente, iniciou-se a época em que
as doenças, o maior sofrimento da humanidade, serão extintas. Tudo o que diz respeito a elas e permanecera obscuro
até hoje, foi elucidado. Portanto, podemos dizer que as pesquisas no campo da medicina, na forma como existem
hoje, não serão mais necessárias.
A seguir, vou mostrar a origem do aparecimento das doenças. Conforme eu já disse, o ser humano é constituído de
espírito e matéria, que segue o princípio da dualidade. O fato de ele estar vivo e movimentar-se é porque há a união e
integração entre o espírito e a matéria, e o espírito movimenta a matéria. O espírito possui a mesma forma do corpo
físico e, dentro dele, localiza-se a consciência, no centro da qual, por sua vez, está a alma. A ação dessa trilogia
manifesta-se como vontade-sonen(62). O espírito, que é invisível, ou seja, a vontade-sonen, governa o corpo; portanto,
é como se o espírito fosse o chefe, e a matéria, o subordinado, isto é, o espírito rege a matéria. Dando um exemplo
simples, quando uma pessoa movimenta os braços e as pernas, estes não se movem livremente, por si próprios, mas
sim obedecendo à vontade-sonen da pessoa. Todas as partes do corpo, sem exceção, inclusive a boca, o nariz, os
olhos etc. mexem-se dessa forma. Até a doença obedece ao mesmo princípio. Para que possam entender bem, vou
exemplificar com o furúnculo, do qual todo mundo tem experiência.
O furúnculo surge como uma pequena protuberância e vai inchando gradualmente e tomando uma cor
avermelhada. Normalmente, vem acompanhado de febre, e a pessoa começa a sentir dores e coceiras no local. Esse
fenômeno constitui uma atividade de eliminação das toxinas do corpo físico, por ação fisiológica natural. As toxinas
acumulam-se em determinada parte do corpo e são dissolvidas e liquefeitas pela febre, o que torna sua eliminação
mais fácil. Este é o processo de recuperação natural. Para formar um orifício de saída, a pele fica muito fina e flácida.
Portanto, a coloração avermelhada é o sangue tóxico, visível por entre a pele, que se tornou fina e transparente.
Depois, um pequeno orifício se abre, e o sangue tóxico com pus começa a sair imediatamente; com sua eliminação,
termina a purificação.
A explicação acima diz respeito ao corpo físico. Contudo, em que condições se encontra o espírito nessa ocasião?
Ele apresenta uma espécie de nebulosidade no mesmo formato do furúnculo; em outras palavras, nuvens espirituais.
Quanto mais grave a doença, mais densas são as nuvens. E por que motivo elas ficam concentradas numa parte do
espírito? Através do processo contínuo de purificação, as nuvens espalhadas por todo o espírito se reúnem em
determinado local, e surge a ação eliminatória. Isso constitui a doença. Existe, pois, uma relação inseparável entre o
espírito e o corpo. Assim sendo, no caso do furúnculo, o tratamento médico promove a eliminação do sangue tóxico
com pus através de perfuração ou incisão, mas isso é um grande erro, pois, na maioria das vezes, a intervenção é
realizada antes que o sangue atinja suficiente concentração. Por essa razão, mesmo depois da incisão, o sangue
purulento continua se acumulando nesse local por um longo tempo e, às vezes, a cicatrização torna-se demorada. Por
esse mesmo motivo, a cicatrização da cirurgia de apêndice, por exemplo, pode levar anos. Um médico experiente
aguarda o furúnculo “amadurecer” suficientemente para realizar a incisão. Este procedimento torna a cura completa
mais rápida. Se, desde o início, a pessoa não se submeter a nenhum tipo de tratamento e esperar até que o furúnculo
amadureça suficientemente e deixar que o sangue tóxico com pus seja eliminado através do orifício que se abriu
naturalmente, verá que o resultado da cura é bem mais simples e rápido em comparação com a cirurgia. Por exemplo,
um furúnculo perfurado prematuramente leva um mês para ser eliminado; o furúnculo maduro que sofre uma
intervenção, dez dias, e o que segue o processo natural sem qualquer tratamento, cinco. Todavia, o que incomoda é a
dor e o sofrimento que a pessoa terá que suportar durante o período de amadurecimento até sua perfuração natural.
E, uma vez que, através da intervenção, pode livrar-se prontamente da dor, a pessoa acaba concluindo que aquela é
inevitável.
Por mais que a dor e o sofrimento sejam intensos, estes cessam com o tratamento do Johrei, e a pessoa continua
sem sentir dor até que o furúnculo se torne volumoso com uma coloração avermelhada e ocorra a eliminação do
sangue tóxico com pus. Diante de tal fato, todos ficam abismados. Vou falar, a seguir, sobre esse princípio
misterioso.
Há pouco referi-me ao princípio do Espírito Precede a Matéria. Contudo, ele não se aplica apenas ao corpo

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humano: todas as coisas do Universo, sem exceção, obedecem a essa lei. Por conseguinte, o objetivo do Johrei é
eliminar as nuvens espirituais. Através dele, as nuvens entram em colapso. Em outras palavras, o espírito delas morre.
Mortas, obviamente, elas perdem toda a sua força e deixam de estimular os nervos. Esta é a razão do
desaparecimento das dores. A seguir, explicarei o princípio pelo qual o Johrei promove a eliminação das nuvens.
Terceira Parte

De acordo com o que disse anteriormente, se alguém indagar o que vem a ser a verdadeira natureza das nuvens
espirituais, posso dizer que se trata de microrganismos tóxicos que surgem em meio ao elemento água, presente no
corpo humano. Esses microrganismos são partículas tão infinitesimais que, certamente, só poderão ser vistos em
microscópios capazes de ampliar as imagens milhões de vezes. Explicarei em detalhes a razão do surgimento desses
microrganismos em outra ocasião. Aqui, vou limitar-me a falar sobre o princípio que leva à extinção dos
microrganismos tóxicos. O método de extinção, sem dúvida, é a força espiritual.
Então, de que forma o Johrei extingue as nuvens do espírito, ou seja, as toxinas, através do poder da radiação do
corpo humano? O elemento básico dessa radiação são as ondas de luz emanadas pelo elemento fogo, que é a
verdadeira natureza da luz. O elemento constituinte dessas ondas é exatamente o oposto ao dos microrganismos
tóxicos surgidos no elemento água, que, em outras palavras, podem ser comparados ao bem e ao mal. As ondas de luz
são constituídas por partículas infinitesimais de luz, e sua energia possui uma extraordinária força de eliminação de
microrganismos tóxicos. Explicarei a verdadeira natureza dessas ondas. As partículas que as constituem são irradiadas
por Deus e são a fonte das graças recebidas nesta vida, manifestadas através dos milagres realizados pelo Johrei da
nossa religião. Eu sabia que tanto os membros como as pessoas em geral estavam maravilhados e desejosos de
conhecer o princípio do Johrei. Da minha parte também tinha grande vontade de elucidá-lo; mas, devido à
prematuridade do tempo, não podia torná-lo público. Finalmente, chegou o momento em que se tornou
imprescindível levá-lo ao conhecimento de todos.
O método do Johrei que tenho empregado atualmente, consiste em outorgar às pessoas um papel onde está escrita
a letra hikari, que significa “luz”. Os efeitos se manifestam quando esse papel é colocado junto ao peito, como um
objeto de proteção(63). Isso ocorre porque da letra hikari se irradiam poderosas ondas de luz, que são transmitidas do
corpo, através do braço pela palma da mão de quem ministra o Johrei. O mais adequado é ministrá-lo a uma
distância de aproximadamente trinta centímetros até alguns metros.
E por que motivo se irradiam ondas de luz da letra hikari? Elas são emitidas do meu corpo e, pelo elo espiritual,
transmitem-se instantaneamente à letra em questão. É muito semelhante às ondas de rádio. Se as ondas de luz são
emitidas do meu corpo espiritual e propagadas através do elo espiritual, surge, então, a seguinte pergunta: que
segredo existe em meu espírito? Quando compreenderem isto, a dúvida desaparecerá. No meu ventre, há uma bola
de luz, que já foi vista por algumas pessoas e que normalmente mede uns seis centímetros de diâmetro. A partir dela,
ondas de luz irradiam-se infinitamente. E onde se encontra a fonte dessa bola de luz? Sua fonte é a “Nyoi-no-
Tama”(64) de Kanzeon Bossatsu(65), que se encontra no Mundo Espiritual e da qual provém a Luz infinita dirigida a
mim. É o Poder Kannon, também conhecido como Poder Incognoscível ou Poder da Inteligência Sagrada.
Corresponde, ainda, à bola de luz que Nyoirin Kannon(66) traz consigo.
Quarta Parte

Convém falar a respeito de Kanzeon Bossatsu. Dentre todos os budas, sua imagem era raramente exposta ao
público. Há nisso um profundo mistério Divino, mas não posso divulgá-lo totalmente, pois ainda não chegou o
momento. Pretendo fazê-lo tão logo Deus me permita. Assim, escreverei apenas sobre os mistérios cuja explicação é
necessária para elucidar o Johrei.
Naturalmente, a atuação de Kanzeon existe desde a época da introdução do budismo no Japão; mas, até há pouco
tempo, essa atuação se limitava à salvação do espírito. Evidentemente, por meio de orações, as pessoas conseguiam
graças, que, aliás, eram muito pouco significativas. A razão disso está no fato de que a luz era formada pela união dos
elementos fogo e água, mas faltava o elemento terra. Como havia apenas dois elementos constituintes, a força era
insuficiente para a concessão de graças. Contudo, chegou a hora de uma grande mudança no Mundo Espiritual: é o
momento do Fim do Mundo, o Juízo Final citado na Bíblia. Tornou-se necessária, portanto, uma poderosa e
absoluta força de salvação. Esta é a força da atuação conjunta dos três elementos: fogo, água e terra. A energia da
terra é o elemento básico da matéria e corresponde ao corpo humano. Ao passar pelo corpo, a luz é acrescida do
elemento terra e daí nasce a força da atuação conjunta dos três elementos, ou seja, o Poder Kannon. Explicando de
maneira mais clara, quando a luz emitida pela bola de Kanzeon Bossatsu passa pelo meu corpo, manifesta-se como

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Poder Kannon, o qual, ao ser canalizado pelo corpo dos fiéis, torna-se força purificadora.
Exemplificarei o que acabo de dizer.
Desde a antiguidade, é sabido que orar diante da imagem de Kanzeon Bossatsu traz como benefício a eliminação
das doenças e dos infortúnios. Contudo, o Johrei ministrado pelos fiéis de nossa religião tem apresentado benefícios
várias vezes maiores. Isso ocorre porque as ondas de luz emitidas pelas imagens ou estátuas de Kanzeon Bossatsu são
constituídas apenas pela força dos elementos fogo e água; nelas não está contida a força do corpo físico, que é
essencial. Outra razão é a grande mudança do Mundo Espiritual à qual eu sempre me refiro. Até meados de junho
de 1931, no Mundo Espiritual, a quantidade do elemento água era maior e a do elemento fogo, menor. A partir de
então, este último começou a aumentar gradativamente. É verdade que a mudança já se havia iniciado dezenas de
anos antes dessa data, mas o elemento fogo era demasiado rarefeito. Aqui, vou explicar a respeito da intensidade da
luz. Se a luz é forte, significa que há maior quantidade de elemento fogo. Isso assemelha-se às lâmpadas
incandescentes: quanto maior é a potência, maior é a quantidade de calor emitido.
Outro exemplo é que, como existe uma massa de elemento fogo em meu ventre, as pessoas dizem que minha
temperatura é bem mais alta que a das pessoas em geral. Praticamente, todas as noites recebo massagem nos ombros
e quem o faz, diz que emana muito calor de mim. No inverno, sempre acabo tirando um ou dois agasalhos. Se
permaneço em um cômodo durante algum tempo, as pessoas acham que ele ficou aquecido e, muitas vezes, dou
gargalhadas e digo que sirvo como substituto do aquecedor. Mesmo em dias de frio, costumo ficar uma ou duas
horas só de pijama, após o banho. Além disso, gosto especialmente de banhos mornos. É semelhante ao princípio do
aumento de calor quando se joga água sobre o fogo e da maior intensidade do frio nos dias límpidos de inverno.
30 de maio de 1949

(62) Vontade-sonen: Em japonês, ishi sonen. Termo utilizado por Meishu-Sama para expressar a intencionalidade do sonen.
(63) Neste caso, o objeto de proteção se refere ao que hoje chamamos de “Ohikari”.
(64) Nyoi-no-tama: Conhecida como Cintamani em sânscrito. Designa a misteriosa joia em formato de esfera carregada por Kanzeon Bossatsu e que tem o
poder de atender todos os desejos do ser humano.
(65) Kanzeon Bossatsu: Em sânscrito, Avalokiteshvara (“Aquele que enxerga os clamores do mundo”) é o bossatsu que representa a suprema compaixão.
Conhecido no Japão também apenas como Kannon.
(66) Nyoirin Kannon: nome de uma das manifestações de Kanzeon Bossatsu, que segura em uma das mãos a bola de luz nyoi-no-tama.

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FORÇA ABSOLUTA(67)

S eria desnecessário dizer que a fonte da ação de tudo que existe no Universo é a Força de Deus. A criação e a
transformação de todas as coisas são a manifestação da Força, e a ela se deve o movimento ou a inércia de tudo.
A começar pelo ser humano, todos os animais e até mesmo os micróbios nascem e morrem graças à Força. Em suma,
ela é absoluta, infinita e soberana. Vou parar aqui, pois o assunto é inesgotável. Resumindo, o Universo em si é a
própria Força. Assim, tecerei considerações a respeito sob diversos ângulos.
Analisemos o espírito da palavra tikara (força): ti é “sangue”, “espírito”; kara é “vazio”, “corpo”, “matéria”. Sendo
assim, a força nasce da união do espírito e da matéria. Analisando a palavra hito (pessoa), hi é “espírito” e to é “parar”;
por conseguinte, hito é “espírito parado no corpo”. Como já expus, a força é a própria integração entre o espírito e a
matéria.
Para se escrever o ideograma tikara, faz-se um traço vertical ( | ) e, em seguida, um traço horizontal (—),
formando uma cruz (十). A partir do fim do traço horizontal, puxa-se um traço um pouco inclinado, com a ponta
virada para cima e para dentro (力). Isso quer dizer que tão logo se verifica o cruzamento do vertical e do horizontal,
surge a ação da força, que começa a girar em sentido horário. Assim, pode-se perceber que tanto o espírito das
palavras quanto as letras foram criados por Deus.
Vamos, agora, explicar isso com base na realidade. Em sentido amplo, essa dualidade está representada pelas duas
grandes correntes de pensamento do mundo: a espiritualista e a materialista, isto é, o espiritualismo ou a cultura do
espírito, e o materialismo ou a cultura da matéria.
Vejamos isso pelo aspecto religioso, pois assim fica mais fácil compreender. O budismo e o cristianismo, as duas
grandes religiões do mundo, são a manifestação dessa dualidade. Como tenho dito sempre, o budismo é oriental e
constitui o aspecto vertical, espiritual, enquanto o cristianismo é ocidental e representa o aspecto horizontal,
material. Até agora, o vertical e o horizontal estavam separados e, por essa razão, a verdadeira força não conseguia
manifestar-se. A maior prova disso é que a harmonia, em âmbito mundial, não se consolidou, e a humanidade ainda
não foi salva.
A este respeito, primeiramente, analisemos a História.
Após a era primitiva, surge uma forma de vida humana mais organizada e, então, inicia-se a fase de adorações,
como o culto ao Sol, à natureza e aos objetos criados pelo homem. Enfim, passa-se a adorar até o ser humano e, a
partir dessa época, as religiões primitivas começam a surgir em diversas regiões.
Por fim, com o florescimento da cultura, nasceram religiões como o budismo e o islamismo que, por serem de
caráter exclusivamente vertical, e o cristianismo, puramente horizontal, não puderam manifestar a verdadeira força.
Como resultado disso, embora não tenham chegado a fracassar, as religiões que penderam para o aspecto vertical não
se desenvolveram a contento. No Japão, o budismo existe apenas na forma, e o islamismo tem sua tradição
preservada em uma parte da Ásia. Já o cristianismo, devido à sua característica horizontal, está difundido em grande
parte do mundo. Uma vez que seu objetivo, o Reino dos Céus, não se concretizou, e a situação infernal da atualidade
permanece, pode-se dizer que também não foi bem-sucedido.
O objetivo das principais religiões era, sem dúvida, a concretização de um mundo ideal. Todavia, como todos
podem ver, o mundo se apresenta caótico, cheio de conflitos e problemas sem-fim, havendo uma grande distância
entre o sonho e a realidade. Assim, temos que admitir que aquele objetivo está demasiadamente longe de ser
alcançado. É inegável que a causa dessa situação seja a falta de força, que, por sua vez, se deve à ausência de
cruzamento do vertical e do horizontal. Isso também era uma questão de tempo e, do ponto de vista do Plano
Divino, não havia alternativa.
Explicando minha missão, creio que entenderão melhor o que acabei de expor. A atividade que agora estou
realizando, centraliza-se no Johrei. Os fiéis sabem muito bem que basta colocar no peito o Ohikari(68), que contém
um papel com uma caligrafia feita por mim, para ser-lhes concedida uma força capaz de curar até mesmo doentes
desenganados. Já outorguei centenas de milhares de Ohikari, e mesmo que esse número aumente infinitamente, não
haverá nenhuma alteração com respeito à sua força. Essa força não se limita à cura de doenças, ela também se
manifesta através de incontáveis milagres do dia a dia: a reforma do espírito, a elevação do caráter, a salvação de
perigos iminentes etc. Por meio deles, é espantoso ver o aumento do número de pessoas que passam a viver uma vida
cheia de alegria. A força desses milagres se origina justamente do Ohikari.
Não tenho a pretensão de vangloriar-me de tais milagres. Contudo, uma vez que se trata da pura verdade, creio

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que não há problema em divulgá-los. É evidente que, até agora, a História não registrou o aparecimento de uma
pessoa que se utilizasse de força tão incomensurável quanto esta. Os inúmeros milagres a que nos referimos são
registrados como experiências de fé; logo, não há do que duvidar. Esta é a força gerada pelo cruzamento do
horizontal com o vertical que, em termos budistas, é o Poder Kannon ou o Poder da Inteligência Sagrada e, em
termos cristãos, é o Poder do Messias.
Atualmente, a Força está se manifestando, principalmente, na parte espiritual; porém, no devido tempo, ela
passará a atuar na parte material. Nessa ocasião, evidentemente, será alcançado o objetivo de Deus, nascendo a
verdadeira cultura, resultante do cruzamento da cultura espiritual do Oriente com a cultura material do Ocidente. E
esta é a Vontade Divina. Será, portanto, efetuada a maior obra de salvação da humanidade desde a criação do
mundo.
16 de janeiro de 1952

(67) Título anterior: “A força absoluta”.


(68) Ohikari: Medalha da Luz Divina outorgada aos fiéis para ministrar Johrei.

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SERMÃO(69)

C omo é do conhecimento de todos, desde os tempos antigos, sem nenhuma exceção, as religiões sempre se
basearam em mandamentos, transmitindo-os através de sermões. Na Igreja Messiânica, quase não se utiliza
esse recurso, e os nossos membros sabem disso. Vou explicar isso, levando em conta que algumas pessoas têm
dúvidas a esse respeito, e também, no caso de alguém perguntar aos membros, estes poderem dar os devidos
esclarecimentos.
O objetivo da religião é fazer com que o ser humano se arrependa de seus erros, se modifique e passe a praticar o
bem e, para tal, é necessário eliminar as nuvens espirituais da alma. Quando esta se torna pura, a pessoa deixa de
praticar más ações, torna-se íntegra e passa a fazer o bem em prol do próximo e do mundo.
Os sermões são meios de purificar a alma através da audição, uma vez que os ensinamentos são ouvidos. Já a
Bíblia, os sutras budistas e os ensinamentos da Oomoto e de várias religiões evidentemente são meios de purificação
através da visão e do espírito da palavra. Nossa religião também se utiliza desses meios, mas os considera secundários,
tendo o Johrei como seu principal meio de purificação.
Isto porque os métodos de purificação realizados por meio dos cinco sentidos são indiretos e, naturalmente, seus
efeitos são limitados já que se visa atingir algo invisível, como a alma, através de meios materiais. O Johrei da nossa
religião projeta a Luz espiritual diretamente na alma, purificando-a, e seu efeito, portanto, nem se compara ao dos
métodos materiais. Isso também pode ser visto no que se refere às doenças. Mesmo aquelas que não são curadas após
diversos tratamentos, são debeladas com facilidade e em curto espaço de tempo com o nosso método.
Assim sendo, como venho sempre dizendo, não somos uma religião, mas sim, uma ultrarreligião.
Religião, em japonês, significa “ensinamento do fundador” e tem por princípio salvar as pessoas através do
ensinamento. Todavia, em nossa religião, conforme já afirmei, os ensinamentos são considerados segundo ou terceiro
recursos, pois transformamos as pessoas em indivíduos do bem por meio do Johrei. Com ele, obtemos cem porcento
de eficácia, poupando tempo e trabalho. Portanto, não seria exagero dizer que somos mais do que uma religião. Visto
que não encontrei uma denominação apropriada, chamei-a Igreja Messiânica provisoriamente. Pelo fato de até hoje
não ter existido uma salvação tão maravilhosa como essa, é inevitável que não exista um nome para ela. Creio que
não há alternativa, senão chamá-la de “Luz da Salvação”.
25 de agosto de 1952

(69) Título anterior: “Sermão, Johrei e felicidade” e desmembramento do texto.

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JOHREI E FELICIDADE(70)

E mbora possa parecer que o Johrei da nossa religião tem por objetivo a cura das doenças, na verdade, não é só
isso. Ele tem um significado muito maior, sobre o qual vou escrever. Em poucas palavras, poderíamos dizer que
ele é um método de criar felicidade. Isso porque, simplesmente falando, a doença, na verdade, é purificação. Nem
preciso dizer que a purificação é o processo de eliminação das nuvens do espírito. E não é só isso: trata-se de um
processo que leva à erradicação de todos os sofrimentos do ser humano.
Costumo ensinar que a doença, a pobreza e o conflito são formas de purificações. No entanto, dentre os processos
purificadores, a doença é a mais importante, porque ela tem relação com a nossa vida. E quando conseguirmos
resolver o problema da doença, a pobreza e o conflito serão naturalmente solucionados. Posto que isso é fundamental
para se alcançar a felicidade, está muito claro que a causa da infelicidade são as nuvens do espírito. O meio mais
simples e infalível de solucionar os problemas é justamente o Johrei, método de eliminar as nuvens do espírito. Por
esse motivo, conforme disse no início, o Johrei não visa somente à cura da doença. Vou tecer explicações mais
detalhadas a respeito.
Em concordância com o que já escrevi em outras oportunidades, o corpo material do ser humano respira no
Mundo Material, e o espírito vive no Mundo Espiritual. Sendo assim, a situação do Mundo Espiritual influi
diretamente no espírito e se reflete no corpo físico, de modo que o destino do ser humano se origina no Mundo
Espiritual.
De forma idêntica ao Mundo Material, o Mundo Espiritual está constituído de numerosas camadas: superiores,
intermediárias e inferiores. A grosso modo, o Mundo Espiritual é formado por três planos. Cada plano possui
sessenta camadas, que se subdividem em três, cada qual com vinte camadas. Ao todo, são cento e oitenta camadas,
mais uma – acima de todas –, ocupada por Deus. Temos, pois, cento e oitenta e uma camadas. Qualquer divindade,
por mais elevada que seja, acha-se numa das cento e oitenta camadas.
Acima, expliquei como essas camadas são dispostas verticalmente. Agora, falarei como elas se configuram
horizontalmente: desde o Céu até o Inferno, a amplitude de cada uma delas é diferente.
Suponhamos que um espírito se encontre em uma das vinte camadas da parte mais baixa das sessenta inferiores.
Como isso corresponde ao fundo do Inferno, é um mundo repleto de sofrimento inimaginável. Uma vez que esse
estado se projeta no plano físico, a pessoa vive uma situação de profundo sofrimento. Já nas vinte camadas logo
acima, o sofrimento é menor e, subindo mais vinte, torna-se ainda mais suave, mais tolerável. E assim por diante.
Fica claro, então, que o padecimento varia de acordo com a posição do espírito nas várias camadas do Mundo
Espiritual.
Ultrapassando-se essas sessenta camadas inferiores, atingem-se as camadas intermediárias, que correspondem ao
Tyu’ ukai (71) do budismo e ao Yatimata(72) do xintoísmo, ou ainda, à vida no Mundo Material. Acima das camadas
intermediárias, está o Paraíso, e aqueles que aí chegam, alcançam a posição de entes celestiais e desfrutam de uma
vida de alegria e felicidade.
Como se vê, a camada em que se encontra o espírito de uma pessoa se reproduz fielmente em seu destino. Por esse
motivo, ela deve estar atenta para elevá-lo cada vez mais.
À medida que o espírito se eleva, proporcionalmente os sofrimentos diminuem, e a felicidade aumenta. Isto porque
os sofrimentos decorrentes da purificação se tornarão desnecessários. Por esse motivo, enquanto o corpo espiritual
estiver nas camadas inferiores, é inútil apelar para a inteligência e envidar esforços porque esta é a inexorável Lei
Divina, assim como é a Lei Espírito Precede a Matéria.
Por conseguinte, para que o ser humano alcance a felicidade é imprescindível que ele purifique seu espírito a fim de
torná-lo mais leve e busque constantemente atingir as camadas superiores. Fora este, não existe absolutamente outro
método para alcançarmos a felicidade. E nisso reside o profundo significado do Johrei.
25 de março de 1952

(70) Título anterior: “Sermão, Johrei e felicidade” e desmembramento do texto.


(71) Tyu’ukai: mundo do tyu’u. Tyu’u é um termo de origem budista que se refere ao período entre a morte e o retorno ao Mundo Espiritual.
(72) Yatimata ou Ama no yatimata, um lugar descrito no livro de mitologia do Japão (Kojiki) localizado logo abaixo do paraíso e dividido em oito (ya)
caminhos (timata).

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O JOHREI É TRATAMENTO CIENTÍFICO (1)

H á algum tempo, os membros vêm-me solicitando uma explicação simples e de fácil compreensão sobre o
princípio do Johrei, pois toda vez que começam a cuidar de um enfermo, são questionados a respeito. Isso
porque, doenças que não se curam pela medicina, apesar dos mais variados tratamentos, são solucionadas fácil e
rapidamente com o recebimento do Johrei e, assim, as pessoas ficam surpresas e desejam saber o motivo, o que não é
de se estranhar. As pessoas que ministram Johrei, também já devem ter passado por tais experiências. Até agora,
contudo, devido à prematuridade do tempo, eu não o havia explicado em minúcias. Por essa razão, irei fazê-lo a
seguir.
Desde os tempos antigos, é costume a doença ser curada pelos médicos e pelo uso de medicamentos. Em razão de
o homem da atualidade confiar somente na ciência e defender sua supremacia, ele tem dificuldade para entender o
princípio do Johrei. Portanto, é natural querer questioná-lo. Antes de tudo, porém, é de suma importância conhecer
a relação entre a medicina e a ciência.
Realmente, tudo pode ser solucionado através da ciência. Todavia, essa afirmação não se aplica à medicina, visto
que o ser humano é fundamentalmente diferente dos demais seres. Vou escrever com mais detalhes.
Antes de mais nada, o ser humano é o mais elevado de todos os seres vivos, contendo em seu âmago um mistério
incompreensível por meio da inteligência humana. Visto que a ciência desconhece totalmente a profundidade desse
ponto, trata o ser humano como um simples animal. Ela veio focando apenas o corpo físico, que é matéria; portanto,
enxerga a doença como uma “avaria” do corpo humano. Sua maneira de pensar é extremamente simplista, pois tenta
“consertar” utilizando a matéria, como medicamentos e equipamentos. Entretanto, a realidade não é tão simples
assim. Além do corpo físico, existe no ser humano um componente espiritual muito mais importante, denominado
força vital. Esta se relaciona intrinsecamente com o corpo físico, por isso ele consegue viver e exercer suas funções.
Como o espírito se assemelha ao Nada, a ciência materialista não conseguiu detectá-lo. Dessa forma, ao observar,
por exemplo, a dissecação de cadáveres, podemos compreender muito bem que a ciência veio se dedicando somente à
pesquisa do corpo físico. Embora se diga que ela progrediu, todos os esforços serão em vão, visto que se trata de
avanços de apenas uma das duas partes.
Conforme eu disse, o ser humano é constituído de espírito e matéria. O espírito é primordial, e a matéria,
secundária. Esta é a lei universal. Quanto à doença, as toxinas existentes no corpo físico refletem-se no espírito e
transformam-se em nuvens espirituais. Surge, então, o processo de purificação natural, e as nuvens são eliminadas.
Ao mesmo tempo, esse processo se reflete no corpo físico e, consequentemente, as toxinas são dissolvidas e
eliminadas. A dor e o sofrimento decorrentes desse processo é o que conhecemos como doença. A primeira parte do
processo é uma atuação de caráter horizontal, baseada na identidade espírito e matéria; já a segunda parte é uma
atuação de caráter vertical, baseada na precedência do espírito sobre a matéria. É importante compreender bem esse
princípio.
Qual é a verdadeira natureza das nuvens espirituais? Trata-se do surgimento de uma mancha no espírito, o qual é
incolor e transparente. Essas nuvens são a verdadeira causa da doença; por isso, se forem dissipadas, evidentemente, a
doença será curada. Um método para isso é o Johrei. Os ideogramas que compõem a palavra Johrei, significam
“purificar as nuvens do espírito”. Portanto, todos devem saber que, fora o Johrei, não há nenhum outro tratamento
terapêutico verdadeiro.
O que acabamos de expor é o fundamento da origem da doença e seu tratamento. Em suma, a doença é o sintoma
manifestado na parte externa e perceptível, e sua causa reside nas nuvens espirituais localizadas na parte interna.
Consequentemente, a eliminação das nuvens espirituais vem a ser o verdadeiro método de tratamento da doença. No
entanto, por desconhecer esse princípio, a medicina acredita que basta eliminar os sintomas. Mesmo que se obtenha
um resultado, este será temporário, ocorrendo, infalivelmente, uma recaída, e os médicos certamente têm tido
experiências disso.
Aprofundando-me no assunto, vou explicar cientificamente o princípio fundamental do Johrei. Para tanto, para
facilitar, vou adotar uma metodologia científica e analisar tal princípio em termos teóricos e experimentais, pois, no
momento, este é o procedimento considerado mais adequado.
O que vêm a ser as nuvens espirituais? Sem dúvida, elas são componentes tóxicos formados a partir dos
medicamentos, cuja verdadeira natureza é o elemento água impuro. O elemento água impuro é aquele que contém
“partículas tóxicas”. Quando estas são desintegradas, o elemento água impuro se transforma em elemento água puro
e a causa da doença desaparece. Tal processo requer uma alta temperatura para tornar viável a queima das “partículas

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tóxicas”. Esta alta temperatura era algo inexistente no globo terrestre até então.
Felizmente, ocorreu uma descoberta que serve de ótimo exemplo para ilustrar minha afirmação: trata-se da bomba
atômica. Como todos sabem, a alta temperatura liberada por ela inexistia até o momento, vindo a ser descoberta
somente no atual século XX. Nesse ponto, há algo em comum que não é mera coincidência, mas sim, manifestação
da Vontade Divina. A diferença é que a energia da bomba atômica é material, enquanto que a do Johrei é espiritual
e, dessa maneira, sua força não tem comparação. Ou seja, a energia material é limitada enquanto que a espiritual é de
tão alto nível que é ilimitada e, evidentemente, não se conseguiu descobri-la através da ciência. Mesmo que tivesse
conseguido, não seria possível produzi-la artificialmente. Pelo mesmo motivo, não dá para comparar suas
propriedades com as da bomba atômica. Quando a ciência atingir um progresso ainda maior, talvez descobrirá tal
energia; mas ela ainda é uma incógnita. Então, qual é a natureza dessa energia espiritual? Trata-se da essência do
Sol, que é o espírito da luz e do calor. Denominei-a “elemento fogo”, o qual, ao ser irradiado em direção ao elemento
água impuro, instantaneamente queima apenas suas “partículas tóxicas”. Em outras palavras, queima a causa da
doença. Diferentemente da impureza material, a espiritual só pode ser queimada com a energia espiritual. Para tanto,
adotei um método: escrevo o ideograma hikari (luz) em uma folha de papel que concedo às pessoas interessadas. Ao
colocá-la junto ao peito e usá-la como um objeto de proteção, o elemento fogo, irradiado incessantemente pelo Sol,
transmite-se por meu intermédio a esse objeto e é irradiado pela palma da mão. É como se o Sol fosse uma emissora;
eu, o retransmissor, e os ministrantes, o próprio aparelho receptor. Através desse processo, as partículas tóxicas são
extintas completamente, e o elemento água torna-se puro. Este é absorvido pelos fluidos corporais, e a cura completa
das doenças se processa.
Falando de uma forma mais compreensível, se estendemos a palma da mão em direção ao local da dor, esta cessa
imediatamente. Isto se dá porque as nuvens espirituais do local afetado são eliminadas instantaneamente, refletindo-
se no corpo físico. Além do mais, as “partículas tóxicas” são a origem de todos os germes, tais como: bactérias da
tuberculose e de outras doenças contagiosas. A medicina que for capaz de destruir por completo essas partículas é,
pois, a medicina ideal que cura todas as doenças. Com essa explicação, acredito que é possível ter uma noção geral
sobre o assunto. Em linhas gerais, o tratamento médico é um método de solidificar as toxinas em processo inicial de
dissolução, enquanto o Johrei é o método de acelerar a dissolução das toxinas e a eliminação das mesmas. Portanto,
enquanto aquele é um método que faz as doenças perdurar, o Johrei é um método que as erradica. Observando de
forma imparcial, o método que cura é ciência, e o que não cura, é pseudociência. Basta observar as explicações
médicas para compreender o que estou dizendo. Apesar de serem minuciosas, acabam não condizendo com a
realidade por não atingirem o âmago da questão e se basearem em pontos secundários. Isso é algo que os próprios
médicos reconhecem. É tal qual examinar galhos e folhas de uma árvore que está secando, desconhecendo que a
causa está nas raízes.
Acredito que puderam entender, em linhas gerais, o que falei sobre doença e medicina. Em suma, uma vez que a
medicina atual desconhece o princípio que expus, ela é desprovida de lógica. Em contrapartida, o Johrei é uma
ciência lógica de alto nível, é uma ciência do futuro. A prova disso é que as pessoas com mentalidade formada pela
ciência atual, quando veem os resultados maravilhosos do Johrei ficam espantadas e os chamam de milagres. Na
verdade, não se trata de milagre. A cura ocorre porque há uma razão para tal, e isto é muito natural. Imagino que
todos queiram saber por que a maravilhosa força da essência do Sol cura a doença das pessoas por intermédio de
minha pessoa, um ser humano. É, realmente, o enigma do século, mas para explicar a razão disso, eu precisaria
revelar um mistério muito profundo e, por esse motivo, deixarei o assunto para outra ocasião.
13 de janeiro de 1954

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O JOHREI É TRATAMENTO CIENTÍFICO (2)

N em é preciso dizer que a essência do Sol, à qual já me referi, é o próprio espírito do Sol. Entretanto, por que até
agora ele não se manifestara na Terra? Existe um motivo profundamente misterioso que desejo explicar
minuciosamente.
Como eu já disse, o ser humano é constituído de espírito e matéria. Do mesmo modo, a Terra é formada pelos
Mundos Espiritual e Material. O Mundo Espiritual, por sua vez, é composto pelo Mundo da Energia Espiritual e
pelo Mundo Atmosférico. O que caracteriza o primeiro é a regência do fogo sobre a água, e o segundo, a regência da
água sobre o fogo, ou seja, são o yin e o yang.
De acordo com esse princípio, a combinação da essência do Sol com a da Lua, presente em todas as coisas do
Universo, nutre o globo terrestre. É como o pai e a mãe, que, em colaboração, criam os filhos. Dessa maneira, é por
meio da atuação conjunta do Sol, da Lua e da Terra que surge a força da natureza e, através dela, todas as coisas
nascem e se desenvolvem: esta é a realidade do Universo.
O ser humano é o senhor, o centro de tudo; depois de Deus, ele é a existência máxima. Por esse motivo, as demais
coisas existem em função de sua existência e de seu desenvolvimento.
Tudo o que eu disse até aqui, representa a relação entre o ser humano e o Universo, mas preciso esclarecer que se
aproxima uma grande e surpreendente mudança. Trata-se de um fato sem precedentes na História. Até o presente, o
mundo era noite e está prestes a se transformar em dia. Se eu disser que a aurora desta mudança é a época atual,
possivelmente, as pessoas não compreenderão e até zombarão de mim: “O dia e a noite só existem no espaço de vinte
e quatro horas. Relacionar isso a um intervalo maior de tempo é um absurdo.” E isso é compreensível. Eu também
pensaria assim, se não tivesse conhecimento da realidade. Todavia, desde que a conheci através da revelação divina,
não posso deixar de acreditar. Se lerem este artigo atentamente, com certeza, hão de me entender, posto que se trata
da Verdade.
A Terra está envolta pela atmosfera, que é a fusão harmoniosa do Mundo da Energia Espiritual, em que o fogo
rege a água, com o Mundo Atmosférico, em que a água rege o fogo. O dia e a noite, perceptíveis pelos nossos cinco
sentidos, correspondem ao dia e à noite materiais, mas é preciso saber que existem o dia e a noite espirituais, que
transcendem o tempo. Isso tem um significado de suma importância e constitui um grande mistério do Universo. É
como se o dia e a noite do Mundo Material se ampliassem infinitamente como o céu, e por isso o ser humano não
percebe tal fenômeno. O fato é que essa alternância se sucede ordenadamente em períodos curtos, médios e longos,
no espaço de dezenas, milhares e dezenas de milhares de anos. Cada um desses períodos se estrutura com base nos
números 3, 6 e 9, cuja soma é 18(73), que é a realidade do Universo. O ensinamento de Buda Sakyamuni diz que o
Mundo de Miroku viria dali a cinco bilhões seiscentos e setenta milhões de anos; se o interpretarmos literalmente,
esse tempo é distante demais, o que não faz sentido. Trata-se apenas de uma alusão aos números citados.
Voltando ao que disse no início, o mundo noturno é regido pela Lua e como esta é água e matéria, houve o
progresso da cultura material. Ao contrário, o mundo diurno é regido pelo Sol. O Sol vem a ser o fogo, que, por sua
vez, é espírito. Se empregarmos a classificação bem e mal, o espírito é o bem, e a matéria, o mal. Esta é a Verdade.
Até agora, era o mundo em que o mal predominava sobre o bem. Daqui para a frente, será o mundo civilizado, em
que o bem prevalece sobre o mal. Devido ao predomínio do mal sobre o bem, surgiu o mundo infernal que vemos
atualmente. Se esta realidade perdurar muito tempo, a humanidade se extinguirá, e a descoberta da bomba atômica é
um indício dessa afirmativa. Dessa maneira, o misterioso Plano de Deus não pode, em absoluto, ser entendido pela
simples inteligência humana.
Com o que acabamos de dizer, creio que puderam entender, de modo geral, a mudança que ocorrerá no mundo
daqui para frente. O “Fim do Mundo” e a “Chegada do Reino dos Céus”, profetizados por Jesus Cristo, referem-se a
essa mudança, e a extinção da doença, da pobreza e do conflito proclamada por mim é condição fundamental dessa
mudança. A eliminação da doença, por sua vez, é a base de tudo. Visto que Deus me concedeu a chave para tal,
atualmente, tenho a solução da questão da doença por foco principal.
Segundo pudemos observar, este grandioso Plano Divino é uma obra sem precedentes. Em consequência, a
civilização sofrerá uma revolução e, evidentemente, será um marco histórico da humanidade.
Por se tratar de uma teoria por demais surpreendente, creio que uma simples leitura deste artigo deixará as pessoas
confusas, com dificuldade para compreendê-la. No entanto, como esta é a realidade e este momento é iminente,
desejo que despertem o quanto antes.

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Aqui, quero expor algo muito importante sobre o qual já tive oportunidade de falar. Trata-se do acúmulo dos
pecados cometidos no longo período de predomínio do mal sobre o bem, durante o desenvolvimento da cultura
material. Relacionando isso ao ser humano, materialmente, são as toxinas medicamentosas; espiritualmente, são as
nuvens espirituais geradas pelo mal. Com o aumento do elemento fogo no Mundo Espiritual, o processo de
purificação se intensificará e, no final, haverá uma prestação de contas definitiva. Se isso for o “Juízo Final” também
profetizado por Jesus Cristo, o ser humano precisará ultrapassar essa barreira. Se fracassar, seja quem for, sofrerá a
extinção eterna. Não sou eu que anuncio isso agora, mas é algo que já foi previsto por diversos santos e sábios ao
longo de milhares de anos. Crer ou não crer fica a critério de cada um. Atualmente, como prova para as pessoas
acreditarem, estou manifestando milagres que não dão margem a qualquer dúvida.
10 de fevereiro de 1954

(73) Segundo Meishu-Sama, o número dezoito (18) simboliza a atuação de Miroku e pode ser representado também pelas combinações 3-6-9 ou 5-6-7.

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O FUNDADOR MEISHU-SAMA

SUA PERSONALIDADE

EXISTEM DIVINDADES?(74)

P ude descobrir este magnífico método do Johrei, graças ao conhecimento que tive sobre a existência do espírito.
Em outros termos, trata-se do princípio segundo o qual as doenças do corpo físico se curam por meio do
tratamento do espírito.
Esse princípio deve ser considerado uma grande indicação da cultura do futuro. Realmente, ele representa uma
grande revolução para a ciência e, se além do tratamento das doenças, nós o aplicarmos a todos os setores da vida, o
bem-estar da humanidade aumentará incalculavelmente. E não é só isso. Posso prever que o aprofundamento da
pesquisa desse princípio atingirá até a essência da própria religião.
Durante milênios, a controvérsia sobre a existência de Deus é uma velha questão que continua sem ser solucionada.
E isso se justifica porque, partindo apenas da visão materialista, obviamente as pessoas nada podem compreender a
respeito de Deus, que é espírito e assemelha-se ao Nada. Contudo, pela ciência espiritual que estou propondo, é
possível saber que Deus existe e, ao mesmo tempo, responder a questões como a vida após a morte, a reencarnação, a
realidade do Mundo Espiritual, os fenômenos de encosto e incorporação e outras indagações relativas ao mundo
desconhecido (que chamo também de segundo mundo(75)).
Primeiramente, devo explicar como se processou a evolução de meu pensamento. Quando jovem, eu era
extremamente materialista. Vou citar alguns exemplos. Até mais ou menos os quarenta anos, eu nunca tinha orado a
divindade alguma. Achava tolice e não via sentido venerar uma pedra, um espelho ou um papel escrito colocados no
interior de oratórios xintoístas feitos por marceneiros com tábuas de cânfora e denominados omiya. Nos templos
budistas, também se adoram Kannon, Amida ou Buda Sakyamuni, desenhados em papel ou estátuas de madeira,
pedra ou metal. Eu achava tudo isso sem sentido, pois costumava afirmar que Kannon e Amida só existiam na
imaginação humana, não passando de idolatria.
Naquele tempo, havia lido a tese do famoso filósofo alemão Rudolf Eucken (1846–1926), segundo a qual o ser
humano possui o instinto natural de adorar alguma coisa e, assim, criou e adora seus ídolos, caindo na
autossatisfação. Como prova disso, acrescenta ele, todas as oferendas depositadas nos altares estão voltadas para o
lado do ser humano e não para Deus. Sentia-me perfeitamente identificado com essa tese.
Essa forma de pensar influenciou até minha visão sobre os países. Cheguei a considerar que a existência de templos
era prejudicial ao progresso, porque nações como a Itália, que possui muitas igrejas, estavam em declínio, e aqueles
que as tinham em pouco número, achavam-se em franco desenvolvimento, a exemplo dos Estados Unidos.
Nessa época, todos os meses, eu contribuía com uma determinada quantia para o Exército da Salvação e, por esse
motivo, era visitado por um pastor que me sugeria o cristianismo. Ele me dizia: “As pessoas que contribuem para o
Exército da Salvação geralmente são cristãs. Por que o senhor contribui, se não é cristão?” Então, expliquei: “O
Exército da Salvação trabalha para a recuperação de ex-presidiários, transformando-os em pessoas de bem. Se ele não
existisse, talvez um desses ex-detentos já tivesse entrado em minha casa para me roubar. Portanto, se o Exército da
Salvação está impedindo que isso ocorra, é natural que eu seja agradecido e colabore com suas obras.” Vivi muitas
situações semelhantes a esta; porém, na época, apesar de querer fazer o bem, eu não acreditava em divindades. Sendo
assim, poderão compreender quão forte era minha convicção de que jamais se devia acreditar naquilo que não se
pode ver.
Nesse período, minhas atividades comerciais eram bem-sucedidas, e eu estava no auge da prosperidade.
Entretanto, sofri uma grande perda devido a um mau funcionário. Além disso, o destino adverso marcado pelo
falecimento de minha primeira esposa, pelos embargos judiciais sofridos em decorrência da falência e por outros
infortúnios, arrastou-me para o fundo do abismo. Como resultado, acabei recorrendo ao que todos procuram nessas
ocasiões: à religião. Não tive outra saída a não ser ir em busca da salvação no xintoísmo e no budismo, como era de
praxe; assim, tive conhecimento da dimensão espiritual como, por exemplo, a existência de Deus, do Mundo
Espiritual, da vida após a morte etc. Refletindo sobre minha maneira de ser no passado, arrependi-me da própria
tolice.
Após esse despertar, meu conceito sobre a vida deu uma guinada de cento e oitenta graus. Intuí que o ser humano

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é protegido por Deus e que se ele não reconhecer a existência do espírito, não passará de um ser vazio. Também
entendi que, ao pregar a Moral, se não fizermos com que as pessoas reconheçam a existência do espírito, isso não terá
nenhum valor. Em razão disso, caros leitores, faço votos de que abram suas mentes para os esclarecimentos que darei
sobre os fenômenos espirituais.
5 de fevereiro de 1947

(74) Título anterior: “Deus existe?”.


(75) Segundo mundo: no Ensinamento “Mundo Desconhecido”, Meishu-Sama denomina o Mundo Material de “Primeiro Mundo” e o Mundo Espiritual
de “Segundo Mundo”.

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O VALOR DO SER HUMANO ESTÁ NO SENSO DE JUSTIÇA E DE RETIDÃO(76)

O meio mais seguro para avaliar o valor de uma pessoa é saber se ela possui, ou não, senso de justiça e de retidão. Eu
tenho dois critérios que são infalíveis: se a pessoa não faz coisas erradas e se é confiável, ou seja, se podemos delegar-
lhe qualquer coisa, sem receio. Posso afirmar que não existe método melhor. Realmente, creio que o senso de justiça
e de retidão constitui a espinha dorsal do ser humano. Quem não o possui, não inspira segurança, pois se assemelha à
água-viva, a qual é destituída de ossos.
Portanto, em relação a todas as coisas, em primeiro lugar, devemos distinguir o certo e o errado. Se a outra parte
for do mal, é preciso oferecer resistência, valendo-se da justiça sem se intimidar. Essa atitude poderá render
momentos amargos, mas não há motivos para preocupação pois, no final, tudo correrá a contento.
Atualmente, o mundo está repleto de pessoas maldosas. Basta o menor descuido para sermos enganados, usados ou
prejudicados. De fato, viver neste mundo requer muita cautela. Em razão disso, o motivo de as pessoas medrosas
viverem atemorizadas é porque lhes falta um firme senso de justiça e de retidão. Minha longa experiência é a melhor
prova do que estou dizendo e, por esse motivo, vou tomá-la como exemplo.
Na época em que eu era empresário, ou seja, antes de me tornar religioso, fui enganado por muitas pessoas más e
vivi amargas experiências. Por felicidade, nasci com um senso de justiça e de retidão mais forte que a maioria e, por
isso, enfrentava tudo, sem levar em conta as vantagens e as desvantagens. O esforço empreendido na defesa da justiça
acarretou-me muitos transtornos que, felizmente, foram passageiros. Com o tempo, a situação melhorava e, por fim,
a outra parte acabava desistindo. O resultado é que eu revertia a situação inicial e até obtinha vantagens ainda
maiores. Por eu ser assim, sempre me via envolvido em processos judiciais, e um deles vem-se prolongando até os
dias de hoje.
Numa época em que eu passava por severas dificuldades financeiras, fui perseguido por pessoas que se
aproveitaram de seu dinheiro e posição. Todavia, com o decorrer do tempo, fui favorecido pelas circunstâncias, e elas
tiveram de desistir.
Darei um exemplo. Quando eu era comerciante de miudezas, criei um novo produto cuja patente foi registrada em
dez países com extraordinária aceitação, o que me propiciou um contrato especial com a renomada Loja Mitsukoshi.
Como o produto estava na moda, recebi uma proposta descabida da associação de varejistas de miudezas de Tóquio,
pedindo que lhe vendesse uma das duas exclusividades destinadas à Mitsukoshi. Visto que rejeitei a oferta
considerando-a uma afronta à Mitsukoshi, a associação tentou boicotar-me, reunindo todas as lojas do gênero da
cidade, para obrigar-me a ceder. Dois anos de resistência me acarretaram considerável prejuízo, mas a associação
deu-se por vencida e entramos em acordo.
Outro caso interessante ocorreu quando eu ainda negociava com a Mitsukoshi. Em protesto contra as condições
injustas do acordo imposto por ela, neguei-me a fechar o negócio. O encarregado da operação, surpreso, disse-me ter
sido eu a primeira pessoa que fizera oposição, quando, como regra geral, os fornecedores sempre se sujeitavam
àquelas condições. Reconhecendo que eu estava com a razão, a Mitsukoshi desculpou-se, e o caso foi resolvido.
Após tornar-me religioso, diversas vezes, passei por momentos turbulentos, de sério perigo, conforme descrevi em
minhas publicações. Nessa época, bastava a religião ser nova para sofrer pressão e perseguição. Como estávamos sob
regime militar, não havia meios para reagir, e eu padeci bastante. Finalmente, o militarismo chegou ao fim, o que
prova a vitória da justiça.
Por essas experiências, vemos que, embora o bem perca temporariamente em uma sociedade em que o mal
predomina, a perseverança assegurará sua vitória definitiva. Enfim, não há nada melhor do que pautar-se
destemidamente pela justiça e retidão, e marchar de cabeça erguida. E isto é o certo. Esse tipo de pessoa torna-se o
sustentáculo da comunidade, a fortaleza contra o mal social, e possibilita o surgimento de uma sociedade sadia. Isto
porque Deus sempre estará do lado dos justos e corretos.
10 de outubro de 1951

(76) Título anterior: O valor do homem reside no seu espírito de justiça”.

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ESTÁ ERRADO DIZER QUE OS HONESTOS SAEM PERDENDO

H á muito tempo, ouve-se dizer que as pessoas honestas saem perdendo. Refletindo profundamente, acredito que
essas palavras influenciam negativamente as pessoas. Não haveria o que fazer se isso fosse mesmo verdade;
porém, pela minha experiência, garanto que essas palavras não correspondem absolutamente à realidade. Senão,
vejamos.
Quando observamos atentamente a sociedade, notamos que existem duas maneiras de ver as coisas: a curto e a
longo prazo. Em geral, as pessoas tendem a julgar o bem ou o mal baseados em resultados de curto prazo. Por
exemplo, ao verem o sucesso momentâneo obtido por pessoas desonestas, que enganam o próximo ou vendem gato
por lebre, ficam iludidas e definem que os honestos saem perdendo. Todavia, é preciso que tais coisas sejam vistas a
um prazo mais longo, pois, inevitavelmente, a farsa virá à tona, e aquelas pessoas passarão por humilhações,
podendo-se até afirmar que acabarão arruinadas. Em contrapartida, ainda que por um momento os honestos sejam
mal interpretados, prejudicados ou colocados em posição desvantajosa, com o passar do tempo, infalivelmente a
verdade será esclarecida, e isso será determinante. Vou contar minha experiência a esse respeito.
É constrangedor falar de mim mesmo, mas desde jovem, sou muito honesto. Não consigo mentir de maneira
alguma. Por esse motivo, sempre me diziam: “Um rapaz honesto como você nunca vai alcançar o sucesso. Se você
não mudar seu pensamento e não for hábil em mentir, dificilmente será bem-sucedido na vida.” Achando que eram
palavras sensatas, empenhei-me para mentir durante algum tempo, mas não me sentia bem. Era tomado por uma
angústia insuportável, minha vida se tornava sombria e meus dias eram infelizes. Não havia, pois, condição para eu
obter bons resultados em meus empreendimentos. Naquela época, eu era comerciante, de modo que as táticas de
negociação e as mentiras deveriam trazer-me muitas vantagens. Todavia, eu não conseguia me sair bem e acabei
decidindo voltar à honestidade, traço natural de meu caráter. O interessante é que, depois disso, os resultados
começaram a ser melhores do que eu esperava. Em primeiro lugar, alcancei maior credibilidade no mundo dos
negócios, tudo passou a se processar num ritmo excelente e, por algum tempo, consegui um patrimônio considerável.
Assim, deixei-me levar pela empolgação e dei um passo maior que a perna. Nessa situação, quando me deparei com a
crise do setor financeiro, sofri uma derrocada a ponto de não conseguir mais recuperar-me. Foi isso que me fez
abraçar a vida religiosa.
Desde que decidi voltar aos princípios da honestidade, até hoje, continuo seguindo esse caminho. Obviamente, os
resultados são ótimos. Durante um período relativamente longo, houve ocasiões em que fui mal interpretado,
criticado, perseguido. Enfrentei caminhos tortuosos e espinhosos, mas nunca deixei de ter a confiança das pessoas, o
que ainda atribuo, com toda convicção, à minha honestidade.
Parece que os homens contemporâneos possuem uma visão a curto prazo e uma tendência a se deixar encantar
pelos resultados momentâneos. É, pois, necessário que, diante de qualquer situação, se observem os fatos com uma
visão a longo prazo. Isso é válido para todas as circunstâncias. Exemplifiquemos. Há políticos que, almejando
conseguir o poder a curto prazo, forçam a situação. É o mesmo que colher um caqui ainda verde, não esperando que
ele amadureça e caia, e ficar frustrado com a sua cica. Existe um ditado que diz: “Os políticos de grande envergadura
pensam em termos de cem anos, os de média, em termos de dez anos, e os de pequena envergadura, em termos de
um ano.” É exatamente assim. Infelizmente, hoje em dia, parece que o número de políticos de pequena envergadura
é bem maior.
A mesma lógica se aplica ao cultivo agrícola livre de adubos(77), que eu preconizo. Vemos que a agricultura
praticada até hoje apresenta, temporariamente, bons resultados com o uso de adubos sintéticos e esterco, mas estes
matam a terra e, por isso, ela está se tornando cada vez mais improdutiva. Sem perceber isso, as pessoas mostram-se
fascinadas diante do êxito ocasional obtido com o adubo. Por fim, tanto a terra como o ser humano ficam
intoxicados.
Tal raciocínio também é válido para a medicina atual. Durante um período, o tratamento realizado com
medicamentos e equipamentos apresenta-se eficaz. No entanto, com o passar do tempo, ocorrem efeitos contrários, e
o estado de saúde piora. Por terem ficado deslumbradas com o resultado momentâneo do início do tratamento, as
pessoas voltam a utilizar os mesmos métodos e, em vista disso, a situação se agrava cada vez mais.
Através desses exemplos, meu objetivo foi chamar atenção para as consequências da visão a curto e a longo prazo, à
qual me referi inicialmente.
20 de abril de 1949

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(77) Cultivo agrícola livre de adubos: Outro nome utilizado por Meishu-Sama para Agricultura Natural Messiânica.

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MINHA NATUREZA

T empos atrás, escrevi um artigo intitulado “Eu, visto por mim mesmo”. Diferentemente dele, que foi escrito de
um ponto de vista objetivo, desta vez, pretendo descrever, subjetivamente, meu estado de espírito tal como ele é.
Atualmente, creio que não existe uma pessoa tão feliz quanto eu, e minha gratidão a Deus é constante e profunda.
Qual será a causa da minha felicidade? De fato, eu não sou uma pessoa comum, sobretudo porque Deus me atribuiu
uma grandiosa missão, e esforço-me dia e noite para cumpri-la. Todos os membros da Igreja sabem que, através
dela, um incontável número de pessoas está sendo salvo. Todavia, existe um segredo da felicidade que é fácil de ser
praticado por qualquer pessoa, ou melhor, por quem não tem uma missão especial como eu. Primeiramente, desejo
abrir meu coração, mostrando aquilo que é uma tônica em meu íntimo.
Desde jovem gosto de dar alegria ao próximo, a ponto de isso se tornar quase um hobby para mim. Sempre estou
pensando no que devo fazer para tornar as pessoas felizes. Por exemplo, quando acordo pela manhã, minha primeira
preocupação é saber o estado de ânimo dos meus familiares. Se houver uma só pessoa mal-humorada, já não me
sinto bem. Na sociedade, ocorre justamente o contrário: os familiares é que se preocupam com o estado de ânimo do
chefe da casa. Como procedo de forma oposta, acho isso estranho e até fico um pouco triste. Portanto, para mim, é
muito penoso escutar xingamentos, gritos de raiva, reclamações e lamentações. Também me é difícil ouvir repetidas
vezes um mesmo assunto. Sou sempre pacífico, feliz e abomino o apego. Esta é a minha natureza.
O resultado do que acabo de expor é um dos fatores determinantes da minha felicidade. Por esse motivo, eu
sempre afirmo: “Se não fizermos a felicidade do próximo, não poderemos ser felizes.” Acredito que meu maior
objetivo – o Paraíso Terrestre –, estará concretizado quando meu estado de espírito encontrar ressonância e expansão
no coração de todos os homens.
Sinto-me constrangido por este artigo parecer um autoelogio, mas, se depois de sua leitura, ele puder levar algum
benefício às pessoas, ficarei satisfeito.
30 de janeiro de 1950

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IDOLATRADO COMO DEUS(78)

Q uem se encontra comigo pela primeira vez, sempre diz a mesma coisa: “Antes de conhecê-lo, eu pensava que o
senhor fosse uma pessoa pouco acessível, sempre rodeado de servidores. Imaginava que, para dirigir-me ao
senhor, deveria fazê-lo com a maior formalidade. Resolvi visitá-lo com certa apreensão; mas, ao contrário do que
esperava, tudo foi tão simples e fácil que fiquei surpreso.”
Realmente, quando se trata de um fundador ou de uma autoridade religiosa, a tendência das pessoas em geral é
pensar que eles vivem em um ambiente em que cuidados e atenções são dispensados de forma exagerada. Em tempos
passados, também tive servidores que quiseram que eu procedesse dessa forma. Entretanto, eu não sentia vontade
alguma de agir assim e continuei a ser a pessoa simples que sempre fui.
Muitas pessoas devem estar curiosas por que eu não ajo como um deus encarnado. Vou explicar a razão.
Talvez pelo fato de ser edoko(79), desde jovem, jamais gostei de assumir ares de superioridade. Como detesto a
falsidade, acho que aparentar aquilo que não sou e criar diversos aparatos é uma forma de enganar, uma
dissimulação. Além do mais, à vista dos outros, é uma atitude desagradável. Afinal de contas, o melhor é a pessoa
mostrar-se como realmente é.
Pela minha atual condição, talvez fosse até natural eu ficar no lugar de maior destaque como um deus e, quando
concedesse alguma entrevista, me daria ares de importância porque assim eu me valorizaria muito mais. Todavia, não
gosto disso. Tenho sempre como princípio dizer aos que censuram meu procedimento, que não precisam permanecer
comigo, e já àqueles que o aprovam, que podem ficar. Conforme mostra a realidade do rápido desenvolvimento da
nossa religião, constato que o número de pessoas que aceitam minha maneira de agir é cada vez maior, e isso me
deixa muito satisfeito.
Devo acrescentar que considero minha natureza muito diferente da de outras pessoas. Detesto imitar o que os
outros fazem. Este é um dos motivos pelos quais não me comporto como um deus encarnado. Quero ter sempre a
aparência de uma pessoa comum, o que é uma quebra de paradigma. Tudo isso contribuiu muito para que eu pudesse
descobrir o Johrei, um tratamento terapêutico revolucionário. Além disso, se eu quisesse, poderia enumerar muitas
outras ações minhas que se opõem aos modelos estabelecidos. Como os fiéis sabem, manifesto o poder de curar
doenças através do Ohikari, que confecciono escrevendo uma letra numa folha de papel; trato as diferentes
divindades com igual respeito; estou construindo o modelo do Paraíso Terrestre; empenho-me na promoção da arte;
evito a ostentação religiosa etc. A propósito, dias atrás, fui visitado por uma jornalista da revista Fujin Koron, que me
disse ter ficado surpreendida ao chegar à entrada da nossa Sede Provisória. Ao perguntar-lhe o motivo, ela disse que
achou estranho não ver nenhum aparato que lembrasse uma religião. Daqui por diante, planejo realizar
empreendimentos religiosos em todos os campos da sociedade e pretendo que eles rompam muitos padrões. Por
conseguinte, gostaria que os aguardassem ansiosamente.
13 de maio de 1950

(78) Título anterior: “Ostentação religiosa”.


(79) Edoko: Pessoa natural de Edo, antigo nome de Tóquio até a Restauração Meiji, em 1867. A característica do edoko é ser despretensioso, franco e
irrequieto.

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MINHA MANEIRA DE PENSAR

T enho o costume de pensar profundamente sobre todas as coisas. Suponhamos que se elabore um projeto
qualquer. As pessoas, na sua maioria, ficam ansiosas, querendo logo colocá-lo em prática; além disso, confiando
na sorte, acham que, uma vez iniciando sua realização, de alguma forma tudo dará certo. Contudo, ao executá-lo,
percebem que as coisas não ocorrem como o esperado e, geralmente, acabam fracassando. Tais pessoas só pensam no
sucesso, não levando em conta a possibilidade de fracasso, o que é muito arriscado. Eu, no entanto, faço o contrário.
Desde o começo, considero a possibilidade do insucesso. Elaboro um plano à parte, para o caso de fracasso. Assim,
se o projeto falhar, o fato não me atinge muito. Opto por aguardar um pouco mais. Agindo dessa maneira, mesmo
que advenha um revés, longe deste ser um golpe fatal, será possível recuperar-me facilmente.
Em relação às finanças, procedo do mesmo modo. Divido o dinheiro em três partes: se a primeira não for
suficiente, começo a usar a segunda; caso esta ainda não baste, recorro à terceira. Seguindo esse método, a
probabilidade de falhar é mínima.
À primeira vista, parecerá perda de tempo fazer um planejamento muito detalhado, tomando todas as precauções
para as eventualidades que possam surgir. Contudo, se procedermos dessa forma, tudo correrá mais rapidamente,
pois não haverá falhas. Assim, não há desperdício de dinheiro, nem de tempo, nem de trabalho, o que representa um
inesperado e considerável ganho.
Todos sabem que tenho elaborado e executado projetos audaciosos, um após o outro, e tudo sempre corre muito
bem, sem insegurança ou preocupações. Ainda que eu haja elaborado um plano e todos os preparativos estejam em
ordem, não o ponho logo em prática; aguardo o tempo oportuno calmamente. Uma vez que, infalivelmente, surge a
oportunidade, aí sim, começo a executá-lo, sem pressa nem afobação. O ser humano nunca deve precipitar-se. Se o
fizer, forçará a situação, e nada dará certo. Pensando nas pessoas que fracassaram, vemos que todas elas, sem exceção,
se apressaram e foram além dos limites do que é razoável.
A propósito, lembro-me sempre da Segunda Guerra Mundial. No início, as coisas corriam bem e, por esse motivo,
os japoneses ficaram excessivamente confiantes, surgindo assim a presunção e, com isso, as circunstâncias se
tornaram desfavoráveis. Mesmo assim, eles insistiram na luta. Como se mantiveram nessa atitude, o resultado foi
aquele triste fim. Naquela época, quando percebi aquela afobação, pensei: “Agora não tem mais jeito.” Uma vez que
não podia comentar isso com ninguém, permaneci calado. Foi uma situação lamentável, pois, se desde o começo,
tivessem considerado a possibilidade da derrota, o resultado poderia ter sido diferente. Obviamente, o fato ocorreu
devido à visão superficial das autoridades envolvidas.
Quando as pessoas me observam, às vezes me julgam impetuoso; outras vezes, calmo e sossegado, o que deve
deixá-las sem saber o que pensar. Todos se espantam com o fato de que tudo o que faço se conduz com muita
rapidez; logicamente, isso se deve à grande proteção de Deus. Um exemplo é a incrível velocidade com que se
processa o desenvolvimento da nossa religião.
Desejo chamar a atenção para a importância de espairecer a mente. Existem pessoas que se agarram
excessivamente a um único trabalho e não conseguem aumentar sua produtividade. Isso se verifica porque, mesmo se
sentindo saturadas ou desinteressadas, insistem na tarefa, o que é errado. Nessas ocasiões, o melhor é distrair-se,
fazer outra coisa, até mesmo procurar uma recreação. Muitos artistas dizem que, quando não sentem vontade de
trabalhar, não o fazem. Na minha opinião, é uma atitude sensata. Esse comportamento, aparentemente egocêntrico,
pode levar a resultados mais eficazes. Nesse sentido, não gosto de ficar preso a uma só tarefa; vou mudando
constantemente de uma para outra. Agindo dessa forma, sinto-me mais disposto, trabalho com satisfação e minha
cabeça funciona melhor. No entanto, pode ocorrer que, de acordo com a situação de cada um, essa recomendação
não seja praticável. Por essa razão, o que estou tentando ensinar é que, se a pessoa conhecer bem o princípio que
acabo de expor e proceder de acordo com suas possibilidades e circunstâncias, será grandemente beneficiada.
25 de junho de 1952

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SUA FORÇA DE SALVAÇÃO

EU E A IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL

N ossa religião é completamente diferente das outras que existiram até hoje, e quem nela ingressar entenderá por
quê. Contudo, em que aspecto ela difere das demais? No momento, ainda não posso dar todos os detalhes
dessa questão, mas falarei em linhas gerais.
Em primeiro lugar, observando atentamente as religiões que existiram até hoje, parece-nos que elas se classificam
em dois tipos. No primeiro, nem caberia o nome “religião”, de tão simples que ela é. Em suma, é uma fé passiva.
Esse tipo consiste em ir de vez em quando ao templo, receber amuletos, queimar incenso, ver a sorte e, se a pessoa
tiver posses, mandar executar músicas sacras, fazer doações e oferendas e voltar para casa agradecida, sentindo-se leve
e em paz. É uma fé popular, constatada habitualmente na devoção às divindades. Esse tipo de fé não deixa de ser
uma religião, pois, no fundo, possui normalmente uma estrutura religiosa.
O outro tipo poderia ser chamado de fé legítima. Nela se faz o registro de todos os fiéis, havendo administradores,
sacerdotes e divulgadores que se dedicam profissionalmente às atividades religiosas. Constitui, portanto,
genuinamente, uma religião. Diferentemente do que ocorre na fé passiva, aqui os fiéis agem com seriedade e, quando
se aprofundam, dedicam-se, de corpo e alma, às suas atividades. Entre essas religiões, evidentemente, existem as
novas e as antigas. As antigas, geralmente, são pouco atuantes e tendem à estagnação devido, talvez, à mudança dos
tempos; segundo dizem, algumas, só a muito custo, conseguem manter sua atual situação. As novas foram fundadas
entre a fase final do xogunato Tokugawa e o início do Período Meiji (1867–1912) e são as que apresentam maior
atividade e progresso. Grande parte delas são ramificações do xintoísmo. No budismo, apenas uma parte da Nichiren
está em plena atividade, e as demais apresentam pouco vigor.
Numa rápida observação, notamos que as religiões tradicionais apresentam formas variadas; mas, no geral, elas
divulgam e pregam o espírito que norteou sua constituição e os ensinamentos de seu fundador, que são seus alicerces.
Quanto aos fiéis, é natural que eles ofereçam sua dedicação sincera em agradecimento pelas proteções constantes que
recebem de Deus. Apesar disso, não se pode generalizar, pois existem diferentes níveis de fervor na fé.
Concordamos plenamente que todas as religiões têm como objetivo a concretização de um mundo melhor na
tentativa de satisfazer o ser humano em seu desejo de alcançar a felicidade. A maioria, contudo, toma como principal
fator o lado espiritual, demonstrando pouco interesse pelas graças recebidas nesta vida.
A verdadeira salvação

Na nossa religião, de maneira alguma negligenciamos a salvação espiritual. Na realidade, para salvar
verdadeiramente o ser humano, não basta que ele se sinta espiritualmente salvo. Se assim for, a salvação não será
completa. É preciso também salvar-lhe a parte material, e neste ponto é que reside a grande diferença entre nossa
religião e as demais. Ainda que o ser humano se ache salvo apenas no campo mental, isso não é suficiente para se
alcançar a verdadeira felicidade. Numa sociedade complexa como esta em que vivemos e que está se deteriorando
cada vez mais, não se sabe quando essa felicidade será destruída, e a realidade nos tem mostrado isso claramente.
Exemplificando, há pessoas que adoecem, são roubadas, têm prejuízos ao serem enganadas por indivíduos
inescrupulosos, sofrem devido aos elevados impostos etc. No caso destes últimos, se buscarmos a causa, veremos que
a existência de malfeitores nos obriga a manter polícia e tribunais; por existirem muitas doenças, despendem-se altos
gastos com a prevenção; por ocorrerem guerras causadas por pessoas com pensamento equivocado, surgem despesas
imensas para reparar os danos sofridos, e todos esses custos tornam-se impostos. Ainda existem outros exemplos. Em
virtude dessa realidade, é impensável atingir um estado de paz interior. Logo, em um mundo como este, se não
houver salvação física e espiritual, não se poderá obter a verdadeira felicidade. Assim, nossa religião, conforme seu
nome indica, está promovendo a salvação em ambos os aspectos. Essa salvação significa, individualmente, o
recebimento de graças ainda nesta vida e, socialmente, o melhoramento da cultura. Segundo a Revelação Divina, há
surpreendentes equívocos no seio da cultura moderna e não há uma só pessoa, em todo o mundo, que as tenha
percebido. Além disso, a humanidade veio agindo e acreditando que essas falácias fossem corretas. Na verdade, era
justamente o contrário. Por esse motivo, a humanidade tem sofrido sérios prejuízos. Em poucas palavras, o que se
julgava contribuir para o aumento do bem-estar das pessoas acabava por resultar no aumento da infelicidade. Os
fatos, melhor do que qualquer outra coisa, comprovam o que estamos dizendo.

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Apesar de a cultura ter alcançado tamanho progresso, a felicidade do ser humano não acompanhou esse ritmo,
muito pelo contrário: o sofrimento tende a tornar-se cada vez maior. Se levarmos em conta que a cultura moderna foi
edificada há milênios graças à inteligência e ao esforço conjunto de eminentes personalidades como os sábios, os
grandes homens, os santos etc., poder-se-á dizer que se trata de uma cultura do mais elevado nível. É difícil,
portanto, imaginar que, no seu âmago, possa existir tamanho engano. Como eu já disse, conhecendo as sérias falácias
da cultura moderna, desejo, o mais rápido possível, não só fazer com que o maior número de pessoas as compreenda,
mas também compartilhar com elas essa felicidade e, ao mesmo tempo, mostrar-lhes as diretrizes para a formação do
novo mundo, caracterizado por uma nova cultura ideal. Esta é a Vontade de Deus.
Vou falar um pouco a meu respeito. Pela minha história de vida, sou uma pessoa comum, igual a tantas outras.
Tenho, porém, um destino misterioso que não encontra paralelo na história de toda a humanidade. Digo isso
porque, completamente diferente dos grandes líderes religiosos conhecidos mundialmente como Buda Sakyamuni,
Jesus Cristo e Maomé, Deus me fez nascer com a grande missão de salvar o mundo. Em outras palavras, foi-me
atribuída a força para executar aquilo que não foi possível a esses grandes homens. Evidentemente, esta é a realidade
da qual todos os fiéis estão cientes.
Por exemplo, tudo aquilo que eu quero saber, me é esclarecido. Também tenho ciência de todos os fatos
importantes, não só os relacionados aos três mundos – Divino, Espiritual e Material –, mas também àqueles ligados
ao passado, ao presente e ao futuro. É claro que isso está limitado ao que se refere à salvação da humanidade e à
construção do Paraíso. É interessante, pois antevejo como será o mundo daqui a um ou a vários anos, e também o
meu destino. E, pela minha experiência, geralmente tudo isso se concretiza. Ou seja, o sonho torna-se realidade.
Tenho elaborado e executado vários planos, e as coisas têm corrido conforme meu desejo.
Com relação aos textos, se penso em escrever um artigo, as palavras me fluem naturalmente, o quanto eu desejar.
Como todos sabem, dedico-me também à composição de poemas e, não encontrando nenhuma dificuldade, consigo
compor cerca de cinquenta em uma hora. Até gostaria de escrever haiku, senryu, kanku (80), romances e outros textos,
mas não o tenho feito por falta de tempo. Além desses gêneros, produzo uma literatura satírica e cômica; dado que
elas têm sido publicadas com frequência, os leitores devem conhecê-las. As orações entoadas pelos fiéis também são
de minha autoria, e parece-me que, apesar de eu não ter tido qualquer experiência nesse sentido, elas ficaram muito
boas.
Por outro lado, já é do conhecimento de todos que estou construindo um modelo do Paraíso Terrestre de grande
porte. Nele, as pedras, as árvores, as flores, enfim, tudo sou eu quem escolhe e planeja. Naturalmente, o projeto do
jardim e dos prédios e até a decoração também são trabalhos meus. O Templo Messiânico, que se erguerá no Solo
Sagrado de Atami, mas que ainda está em fase de projeto, seguirá um estilo mais inovador que o de Le Corbusier, da
França, estilo que, nos últimos anos, se tornou uma tendência na arquitetura mundial. Por conseguinte, quando o
templo for concluído, deverá ser alvo da atenção mundial.
Só de estar no local das construções e olhar o terreno, os prédios e os jardins se projetam aos meus olhos, não
havendo necessidade de pensar. Na verdade, nunca estudei esses assuntos nem ninguém me ensinou nada a respeito;
mas, só de pensar em fazer algo, imediatamente brotam, dentro de mim, excelentes ideias. Além disso, faço
vivificações florais, caligrafias e pinturas. Dessas atividades, a única que estudei um pouco foi a pintura; sou
totalmente leigo nas demais. Com relação à política, à educação, à economia, à filosofia e à medicina, tenho
conhecimento sobre o que se sucederá a elas até daqui a um século. Sei, principalmente, o quanto os fundamentos da
cultura atual estão equivocados e não consigo me conter quando penso que, se eles fossem logo corrigidos, o quanto a
humanidade seria salva e o mundo, feliz. No entanto, nada poderá ser feito enquanto o tempo certo não chegar.
Atualmente, seguindo a Revelação Divina, estou apenas apontando os problemas relacionados à saúde e os erros da
agricultura, questões fundamentais para a construção do Paraíso.
Utilização do espírito

O que eu acho mais misterioso é que, utilizando o espírito, estou fazendo com que os fiéis curem as doenças. Os
resultados são realmente excelentes. Uma doença que a medicina demora um mês para curar, muitas vezes, é
debelada em um ou dois dias. E não é só isso. Cada fiel pode curar a própria doença. Os ideogramas que eu escrevo,
passam a atuar de acordo com o significado que os mesmos possuem. Também consigo compreender inteiramente as
causas das doenças. A partir desse ponto de vista, considero a interpretação da medicina atual sobre o princípio das
doenças tão superficial, que é digna de pena. Não consigo considerá-la como medicina de fato, pois ela não passa de
um simples método de aliviar as dores e os sofrimentos. Se continuar da forma como se encontra hoje, jamais se
tornará uma medicina que cura doenças.

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Jesus Cristo e inúmeros homens virtuosos, considerados santos, produziram igualmente milagres em relação às
enfermidades. Entretanto, na maioria das vezes, eram curas realizadas apenas por eles, de uma pessoa para outra.
Ora, dessa forma, não seria possível salvar milhões. Portanto, para atingir a humanidade é preciso que seja concedida
ilimitadamente a cada indivíduo a força de curar doenças. É o que estou fazendo atualmente, com resultados
admiráveis. O desenvolvimento da nossa religião é a melhor prova do que estou dizendo. De acordo com o que já
afirmei, é uma Obra Divina que nem Jesus Cristo nem Buda Sakyamuni puderam realizar.
Não pretendo dizer que minha força seja superior à dos grandes santos, mas apenas expresso a realidade tal como
ela se apresenta. Com a chegada do tempo, Deus faz isso ocorrer. Quando procurarem pensar no porquê de uma
força tão grandiosa ter-me sido concedida por Deus, começarão a compreender a importância da minha missão.
Naturalmente, Deus não cria nada além do que é preciso. Tudo é criado e eliminado de acordo com a necessidade.
Sendo essa a Verdade, fica bem clara a missão que recebi dos Céus. A mim são revelados todos os mistérios, sendo-
me atribuídos os profundos poderes da Inteligência Superior ilimitadamente. Sob a orientação Divina, estou
trabalhando para levar isso ao conhecimento da humanidade e edificar uma nova cultura ideal. Em conformidade
com a Vontade Divina, atualmente a inteligência humana está muito desenvolvida e, por isso, as pessoas não se
convencem através de explicações simplistas, como ocorria no passado. Por conseguinte, é necessário mostrar-lhes
milagres comprobatórios e, ao mesmo tempo, transmitir-lhes as teorias de uma forma que elas possam ser aceitas. É
por essa razão que Deus faz ocorrer inúmeros milagres. Nesse sentido, por um lado, apontam-se os erros; por outro,
dão-se provas através de milagres. Sinto-me, portanto, extremamente grato e sensibilizado pela grandiosidade da
Vontade de Deus.
Observando-se a Obra Divina que no momento estou desenvolvendo, creio que não haverá qualquer margem para
dúvidas sobre a veracidade de minhas palavras. Provavelmente, a humanidade jamais sonhou com uma obra de
salvação absoluta de tão grande porte. Logo, se uma pessoa não conseguir despertar, mesmo tomando conhecimento
dela, certamente, não poderá ser salva por toda a eternidade. Além disso, no futuro próximo, quando chegar o grande
momento crítico do Fim do Mundo, aqueles que não estiverem preparados, ficarão desnorteados. Por mais que se
arrependam, já será tarde demais.
25 de novembro de 1950

(80) Estilos de poesia japonesa.

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UNIDADE DEUS-HOMEM(81)

D esde os tempos antigos, há a expressão “unidade Deus-Homem”. Todavia, eu creio que até hoje não houve
nenhum ser humano nessa condição. De fato, os três grandes homens santos – Buda Sakyamuni, Jesus Cristo e
Maomé –, eram vistos como em unidade com Deus. Na verdade, eles eram portadores da Vontade Divina. Em
termos mais claros, eram representantes de Deus. No fundo, as pessoas não sabiam distinguir a atuação da unidade
Deus-Homem da atuação dos representantes de Deus.
Os representantes de Deus agem através de possessão divina ou seguindo as determinações Divinas. Por esse
motivo, sempre rezam a Deus ou a Buda e pedem Sua proteção. Eu, porém, não faço nada disso. Como os fiéis
sabem, nem fico orando a Deus nem Lhe peço orientação. Basta-me agir de acordo com minha vontade, o que torna
tudo muito fácil. Visto que poderão estranhar o que estou dizendo, por ser algo inédito, explanarei apenas os pontos
mais importantes.
Como sempre digo, há uma bola de luz em meu ventre: trata-se da alma do Supremo Deus. Por conseguinte, Ele
próprio maneja livremente meus atos, minhas palavras, tudo. Ou seja: em mim não há distinção entre Deus e o ser
humano. Esta é a verdadeira união do ser humano com Deus. Como o Deus que habita o meu ser é o mais elevado,
não existindo nenhum deus superior a este, não faz sentido reverenciar outras divindades. A melhor prova são os
milagres manifestados diariamente pelos fiéis. Ora, se esses constantes milagres são superiores aos de Jesus Cristo,
então os meus discípulos não são inferiores a ele. Através desse único fato, é possível imaginar o status da minha
divindade.
Acrescente-se que todos os homens santos existentes até agora previram a concretização de um mundo paradisíaco,
mas não disseram que eles próprios seriam os construtores desse mundo. Isto porque seu status divino não era tão
elevado nem sua força, suficiente. Pelo que já foi exposto, eu afirmo que construirei o Paraíso Terrestre, um mundo
sem doença, pobreza e conflito. Daqui para a frente, realizarei inúmeras obras surpreendentes, nunca vistas até agora,
e gostaria que as observassem com muita atenção, pois serão inconcebíveis pela força humana.
7 de maio de 1952

(81) Título anterior: “Estado de união com Deus”.

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MINHA LUZ

E screvi muitas coisas sobre o budismo que, até hoje, ninguém havia explicado. Os leitores talvez se surpreendam,
mas eu tomei conhecimento delas através da Revelação Divina. Por que, então, Deus não as havia esclarecido
até hoje? Foi inteiramente devido ao fator tempo. Quanto a este, refiro-me ao grande marco histórico, que chamo de
Transição da Noite para o Dia. Trata-se do desaparecimento do prolongado Mundo da Noite, ou seja, o mundo de
trevas e escuridão para dar lugar ao Mundo do Dia, que se aproxima: um mundo de esplendorosa luz do Sol. Embora
fosse uma noite escura, por meio da luz da Lua, era possível enxergar alguma coisa, e o ser humano se contentava
minimamente com isso. Esta era a verdade conhecida à luz dos ensinamentos daquela época, que correspondem ao
budismo.
A luz da Lua é fraca e não se podia enxergar as coisas nitidamente porque sua intensidade é cerca de 1/60 da luz
do Sol. Portanto, durante o Mundo da Noite, é óbvio que nada, nem mesmo as religiões, podia ser visto com total
nitidez. Por essa razão, os seres humanos viviam desorientados e não alcançavam a verdadeira paz interior. Com a
chegada do dia, sob a luz do Sol, tudo ficará límpido e claro e não existirá mais nada sobre o qual não se saiba. Como
minha missão é criar a civilização do dia, é evidente que eu tenha conhecimento de tudo.
Vou aprofundar a explicação sobre a relação entre minha pessoa e o Mundo do Dia.
Meu corpo abriga a bola de luz conhecida desde a antiguidade pela palavra Nyoi-hoju (82). Já me referi a essa luz
anteriormente, mas vou explicar mais detalhadamente.
Ao falarmos em luz, os leitores poderão pensar no próprio Sol, mas não é bem assim. Na verdade, trata-se da
combinação do Sol e da Lua. A essência desta luz é constituída por esses elementos opostos. Como meu corpo físico
é elemento terra, quando essa luz se assenta nele, ocorre a atuação conjunta dos três elementos: fogo-água-terra. Será
que as pessoas comuns são formadas apenas pelo elemento terra? De forma alguma. Elas também possuem luz,
embora esta seja pequena e fraca. A força de minha luz, no entanto, é extraordinariamente forte: é milhões de vezes
ou infinitamente mais intensa que a de uma pessoa comum, ultrapassando os limites da imaginação.
Em suma, diariamente, escrevo três tipos de caligrafias para o Ohikari: Hikari, Komyo ou Daikomyo(83). Colocado
junto ao peito, manifesta-se imediatamente a força capaz de curar as doenças. Isso se deve à força da Luz irradiada
da palavra escrita por mim no Ohikari. Nunca precisei rezar ou fazer qualquer coisa especial para escrevê-la.
Simplesmente escrevo-a rapidamente, folha por folha. Levo em média sete segundos em cada uma e escrevo
facilmente cerca de quinhentas por hora. Com apenas uma folha de papel, a doença de milhares de pessoas poderá
ser curada; doravante, mesmo que eu conceda dezenas ou centenas de milhares de Ohikari, o efeito de cada um será
o mesmo. Creio que poderão compreender o quanto é poderosa a força da minha Luz.
Possuindo tamanha força, não há nada que eu desconheça. Como os fiéis sabem, nunca tenho dificuldade em
responder a qualquer pergunta que me é dirigida. Às vezes, recebo telegramas solicitando graça e proteção para
pessoas que estão distantes, sofrendo com doença, e muitas as obtêm apenas com esse pedido. Isso ocorre porque, no
momento em que tomo conhecimento do problema, minha luz se subdivide e liga-se a essas pessoas. Assim, através
do elo espiritual, elas recebem a graça. Dessa forma, é uma luz bastante versátil e preciosa, pois pode aumentar
milhões de vezes e alcançar qualquer local, por mais distante que ele seja. Para melhor compreensão, a Luz irradiada
de mim é como se fossem “balas de luz”. A diferença entre elas e um projétil comum, por exemplo, é que, enquanto
este é limitado e mortífero, as “balas de luz” são ilimitadas e dão vida às pessoas.
A explicação acima corresponde a apenas uma parcela da minha força. Não é fácil explicá-la totalmente. O ideal
seria que os leitores acompanhassem atentamente o trabalho que vou realizar daqui para frente. Se possuírem uma
inteligência aguçada, poderão entender até certo limite. Do ponto de vista da fé, as pessoas interpretam de acordo
com seu nível espiritual; por isso, o melhor a fazer é polir a alma e deixá-la sem nuvens espirituais. Assim, alcançarão
a suprema Iluminação e conhecerão a minha força.
25 de maio de 1952

(82) Nyoi-hoju: Em sânscrito, Cintamani. Designa a misteriosa joia em formato de esfera carregada por Kanzeon Bossatsu e que tem o poder de atender
todos os desejos do ser humano; o mesmo que nyoi-no-tama.
(83) Hikari, Komyo, Daikomyo: Significam, respectivamente, luz, luz intensa e luz muito intensa.

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QUEM É O SALVADOR?

A cho o presente título um tanto inusitado e creio que os leitores pensarão da mesma forma. A propósito,
pretendo traçar um perfil da minha pessoa. Gostaria, porém, de deixar claro que farei uma descrição objetiva do
meu interior e que não há nada inventado. Portanto, espero que leiam com esse espírito.
A palavra Salvador, ou seja, Messias, é muito usada no mundo inteiro, sem distinção de tempo e de lugar, tanto no
Ocidente como no Oriente. Creio que não seria errado pensar que, com exceção de uma parcela de pessoas religiosas,
a maioria considera que o nascimento de um salvador tão aguardado, detentor de poderes sobre-humanos, não passa
de um grande sonho ou de uma utopia. É certo que já apareceram pessoas que se proclamavam salvadoras do mundo
e, com o passar do tempo, acabaram desaparecendo, donde se conclui, evidentemente, que ainda não surgiu o
verdadeiro salvador.
Não gosto de me proclamar salvador. Por outro lado, devo confessar que também não posso afirmar que não o seja.
Sendo algo de tamanha importância, inédito em toda a história da humanidade, o surgimento do salvador é um
assunto que não pode ser tratado levianamente. Pensando bem, não se pode definir que seja apenas um sonho. Isso
porque, a Segunda Vinda do Cristo, a Vinda do Messias e o Nascimento de Miroku são eventos que foram
profetizados por antigos homens santos. Por tal motivo, não se pode deixar de acreditar que um dia ele surgirá.
Agora, traçarei meu perfil. Antes, devo dizer que há muito tempo venho pensando na condição número um que
deve ser preenchida pelo salvador. Antes de tudo, ele deve ter força para solucionar o problema das doenças do ser
humano. Por conseguinte, além de conceder-lhe o método absoluto para obter plena saúde e completar o tempo de
vida que lhe foi atribuído pelo Céu, ele deve possuir força para a concretização desse objetivo. Esta condição é o fator
mais importante para a qualificação como salvador.
É óbvio que a saúde do corpo deve acompanhar a do espírito. A famosa frase de Jesus Cristo: “Pois que aproveita
ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?”(84) evidencia isso. Assim, podemos dizer que religiões e
líderes religiosos que não possuem força para erradicar as doenças da humanidade, têm valor apenas limitado. Eu
sempre abracei essa tese e, dessa forma, certo dia, mais de dez anos após iniciar minha vida religiosa, obtive
conhecimento do princípio fundamental sobre as doenças e seu método de solução. Ah, ninguém poderá imaginar o
espanto e a alegria que senti naquela hora, pois nunca ninguém, no mundo inteiro, fizera uma descoberta tão
importante! Se a compararmos com as grandes descobertas ou as grandes invenções, nenhuma delas chegará a seus
pés.
Eu sou uma pessoa que nasceu com um destino realmente misterioso.
20 de outubro de 1948

(84) Marcos 8:36 (Bíblia de estudo Almeida).

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HERÓI DA PAZ(85)

Q uando a maioria das pessoas ouve a palavra “herói”, surge nelas um sentimento de veneração. No entanto,
existem algumas que, como eu, não sentem o mesmo, pois esse termo nos causa um pouco de tristeza.
Conforme podemos ver através da História, por trás das magníficas realizações dos heróis, estão ocultos os crimes
que eles cometeram, fazendo do povo de sua época vítima de seus propósitos egoístas e causando-lhe,
consequentemente, danos terríveis. São crimes que não podemos ignorar e tampouco apagar da nossa memória. Por
outro lado, podemos agradecer-lhes os temas que renderam à literatura, ao teatro, ao cinema etc. e que tanto têm
contribuído para o nosso deleite.
Parece-me que as pessoas confundem heróis com grandes personalidades. Os três grandes líderes religiosos da
história – Jesus Cristo, Buda Sakyamuni e Maomé –, por exemplo, foram, sem dúvida, grandes personalidades, mas
não heróis. Se pensarmos um pouco, poderemos entender que a diferença está em suas realizações. Como grandes
líderes, seria desnecessário dizer que eles tentaram, a todo custo, salvar a humanidade espiritualmente. Quando
confrontamos seus feitos com os da ciência, percebemos que o mérito do estabelecimento da deslumbrante cultura
atual pertence à ciência. Esse mérito, porém, corresponde apenas ao aspecto visível da questão. Não podemos,
portanto, desconsiderar a atuação dos religiosos em outros aspectos. O que ocorre é que, por não ser visível, essa
atuação não despertou a devida atenção. Pelo contrário: o que veio sendo interpretado erroneamente é que ambas,
ciência e religião, eram completamente opostas. O que não se pode imaginar é o quanto esse pensamento causou
infelicidade à humanidade. Na realidade, a civilização alcançou o desenvolvimento atual graças à interação entre
ambas, assim como matéria e espírito, frente e verso, yin e yang. Naturalmente, isso foi devido ao Plano de Deus.
Em termos de atuação humana, o progresso da parte material pode ser considerado como contribuição dos heróis e
cientistas, e o avanço da parte espiritual, fruto da realização dos grandes religiosos.
Embora a civilização tenha alcançado seu desenvolvimento dessa forma, não podemos esperar que esse progresso
vá muito além. Significa que ela chegou a um beco sem saída. Como podemos constatar, a infelicidade e a
intranquilidade dos homens aumentam a cada dia; se essa situação continuar, nem poderemos ter ideia de quando se
concretizará o mundo de paz e felicidade, que é o ideal de todos os seres humanos. Nem é preciso afirmar que, por
isso, faz-se necessária a construção de uma civilização ainda mais elevada, por intermédio de um grande avanço da
civilização atual. Por enorme felicidade, este momento chegou. Deus mostrou-me claramente os fundamentos para
essa construção e atribuiu-me uma grande força, de modo que já comecei a executá-la. Talvez as pessoas se espantem
com minhas palavras e cheguem a pensar que se trata de autoelogio, mas não tenho outra alternativa, porque o que
estou dizendo é a pura verdade. Observando as transformações que se processarão no mundo daqui para frente e os
trabalhos que desenvolvo em consonância com essas mudanças, poderão entender que não há falsidades em minhas
palavras.
Retornando ao que dizia, falarei mais um pouco sobre ciência e religião.
Até hoje, os fundamentos das religiões eram de caráter shojo(86), e os ensinamentos dos seus fundadores também
não eram tão profundos. Poderão certificar-se disso pela grande quantidade de dúvidas e pelo fato de a verdadeira
paz interior não ter sido alcançada. Isso foi inevitável devido ao tempo. O Deus Supremo revelou-me até os
fundamentos absolutos e infinitos, mas como não me é permitido expô-los agora, escreverei apenas até determinado
ponto.
Conforme podemos ver, as religiões tradicionais geralmente se utilizam de dois meios de salvação: os
ensinamentos sagrados, através das escrituras, e os sermões, através das palavras. Além disso, por meio
principalmente do desbravamento de terras, elas nos deixaram como legado as construções, a arte sacra, entre outras
coisas. Assim, quando faço uma análise mais profunda, vejo que daqui para frente, elas não terão força suficiente para
liderar o mundo.
Agora, torna-se necessário que eu fale a meu respeito. Como todos sabem, escolhi três locais no Japão como Solos
Sagrados – Hakone, Atami e Kyoto –, lugares extremamente aprazíveis, onde, apesar de ser em pequena escala, estou
construindo protótipos do Paraíso Terrestre. Meu objetivo é criar um ambiente paradisíaco em que as melhores
características do Japão e do exterior estejam harmonizadas: grandes jardins, que reúnem a beleza das montanhas e
das águas; grandes museus de belas-artes; obras arquitetônicas inéditas entre as religiões e assim por diante.
Dedico-me, ainda, a esclarecer, de forma revolucionária aspectos da medicina e da agricultura. Além disso, através
de inúmeros e surpreendentes milagres, empenho-me para fazer com que todos os seres humanos se conscientizem
da existência de Deus. É assim que estou expandindo a nossa religião por métodos ainda não utilizados por ninguém.

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Eles constituem atividades que não existiam em nenhuma religião e são os importantíssimos alicerces do plano de
construção do mundo de perfeita Verdade, Bem e Belo.
Gostaria de acrescentar que todos esses projetos de construção que serão realizados de agora em diante pela nossa
religião, já estão elaborados na minha mente, só restando esperar pelo momento oportuno de execução. Com o
passar do tempo, tudo irá se concretizando. Trata-se de um plano por demais grandioso e inimaginável. Pode-se
dizer que é a criação da civilização de um novo mundo.
Por tudo isso, não somos propriamente uma religião e não estamos conseguindo sequer dar-lhe um nome
adequado. Além do mais, tudo veio se concretizando conforme a Revelação Divina, e a exatidão com que isso se
processa chega a me assustar. Como mostra a nossa história, nossa religião foi instituída oficialmente em agosto de
1947 e, em apenas seis anos, alcançamos a magnífica expansão que vemos atualmente. Se observarmos que ela obteve
tamanho progresso enfrentando a pressão das autoridades governamentais, a incompreensão dos jornalistas e os mais
variados obstáculos durante esse período, teremos de admitir que isso tudo não é obra humana. Naturalmente, daqui
por diante, continuaremos caminhando de acordo com a programação definida por Deus e, dessa forma, um dia se
descortinará o Divino Drama, que tem o mundo como palco. Só de pensar nisso, imagino que o interesse será
grande. Além disso, milagres surpreendentes se sucederão, e cenas de transbordante alegria se desenrolarão no palco.
Portanto, desejo que os aguardem ansiosamente.
Em suma, eu me considero o Herói da Paz.
11 de março de 1953

(85) Título anterior: “O herói da paz”.


(86) Vide Ensinamento “Religião que revela Deus”.

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