Você está na página 1de 4

Curso Bacharel em Teologia – 3º semestre

Disciplina: História das Religiões no Brasil


Professor: Alessandro Malta
Acadêmica: Francisca de Assis Silva

Para iniciar um breve diálogo sobre tolerância religiosa e diálogo inter-religioso,


o Izunome foi um termo que senti de tecer algumas considerações, na tentativa de
pensa à condição humana com base nos pressupostos da Teologia Messiânica.

Um dos grandes desafios na atualidade e, ao mesmo de fundamental


importância é a busca do “Princípio Izunome” que possui profundo significado, porque
o ser humano depende do seu pensamento1. É de dentro para fora que o equilíbrio inicia
e amplia para todas as coisas, expandindo no tempo certo para todas as outras
relações do ser humano com tudo ao seu redor.

O termo izunome é de origem budista, que numa visão ampliada significa


“caminho do meio”. E, é um dos principais pressupostos da Religião Messiânica
defendida pelo seu fundador Mokiti Okada (1882-1955 - nome de nascimento),
conhecido como Meishu-Sama (Senhor da LUZ). A Igreja Messiânica Mundial,
denominada como uma das Novas Religiões Japonesas (NRJ), instituídas na
passagem do século XIX para o XX. Uma época que identifica um contexto sócio-
político e histórico com a passagem do Japão feudal à nação moderna (NRJ)
(TOMITA, 2005a).

Na cultura japonesa, izunome é uma palavra muito utilizada pelo sentido, que
traduzido literalmente significa: mundo, salvação, igreja, izunome, organização.
Izunome integra inclusive o nome de “uma das afiliadas da Igreja Messiânica Mundial:
Sekai Kyusei Kyo Izunome Kyodan” (TOMITA, 2005b).

O termo “izunome”, requer a compreensão de dois outros conceitos


extremamente importantes, objetivando compreender a importância desse termo na

1
Afirmação de Meishu-Sama (1949). Alicerce do Paraíso. 6ª edição, 2019, v. 4, p. 53.
cultura japonesa: shojo e daijo. Shojo refere-se àquilo que é micro, preso ao particular
em detrimento do todo; é estreito, limitado, restrito, individual, exclusivista e de curto
prazo. Por outro lado, daijo refere-se ao que é macro; visa ao todo sem se prender
ao particular; é largo, amplo, extenso, coletivo, integral e de longo prazo (MEISHU-
SAMA, 1950)2.

O Ser humano, em busca de viver com mais harmonia necessita de


conhecimento que gera aprendizado para novas ações na própria vida. Ser mais
flexível, é um dos principais aspectos para atingir esse tão sonhado estado de
plenitude humana.

A afirmação que “Empreguemos a abordagem daijo (flexível) ou shojo (rígida),


não podemos ser dogmáticos3”, fundamental que cada ser humano desempenhe a
sua parte, não sendo acomodado, mas com clareza e ordem na ação, sem deixar
“tudo nas mãos de Deus4”.

É nessa perspectiva que a tolerância religiosa precisa ser ampliada e analisada


como um fenômeno que requer tessituras de diálogos inter-religiosos, mas resgatando
percursos da história da civilização. Os padrões para aceitar ou não as crenças,
Deuses, rituais entre outros aspectos e artefatos religiosos forma ensinados, mesmo
que tenha uma carga genética e herdado espiritualmente, discriminação religiosa é
ensinada e aprendida no arcabouço cultural.

MEISHU-SAMA (1949) afirmou que o mundo está “repleto de males sociais”.


Segundo o Fundador da Igreja Messiânica Mundial5, existem muitos “fatos
desagradáveis”, gerando a intranquilidade. Há muitas limitações para enxergar o
mundo, o que em sua opinião pode ser mudado por meio da informação e do diálogo.

[...] Portanto, precisamos fazer uma reflexão profunda para sabermos onde se encontra
a causa que levou a sociedade a estar nestas condições. É evidente que a
responsabilidade disso deveria ser assumida pela Religião, pela Educação e pela
Política, e a questão é saber em que ponto se encontra latente o gravíssimo equívoco
nessas três instituições.6

2
Amor benévolo e amor malévolo. In: Relacionamento. Alicerce do Paraíso, v.4, FMO, 2019, p. 120.
3
Izunome simboliza a cruz equilibrada, indicando a perfeita harmonia entre os princípios horizontal e vertical.
(ibd. id, 43).
4 Não Seja Acomodado. Os Novos Tempos: Fragmentos de Ensinamentos de Meishu-Sama, 2018, p. 40.
5
Fundada em 1 de janeiro de 1935 no Japão por Mokiti Okada, conhecido pelo o nome religioso de Meishu-
Sama (Senhor da Luz).
6
Religião, Educação, Política. Alicerce, 2019, p. 228, v. 5.
A afirmação de que tanto a Religião como a Educação e a Política possuem
equívocos que não consegue mudar a realidade, principalmente na Era da Noite. O
mal é causado pelas nuvens espirituais que impedem o ser humano de elevar-se
espiritualmente até para se reconhecer como causador dos males sociais.

Com base na Teologia Messiânica há várias possibilidades para alinhar o ser


humano na missão de construir um mundo melhor. O retorno à Natureza que significa
o estado natural de paz interior, aceitando as condições como permissão Divina.
Como afirma que a milhares de ano o Plano de Deus está sendo executado, mas
quem agirá é o ser humano.

A ação humana com base na Verdade transformaria a relação do ser humano


como ele mesmo, aceitando-se como Obra-prima do Criador que precisa ser
restaurado. Por isso a importância do aprofundamento da palavra escrita que Meishu-
Sama esforçou-se para deixar, porque mesmo com a Revelação Divina que recebeu
Ele experienciou, analisou e escreveu. Os detalhes os Seus estudos e experimentos,
especialmente com relação aos fenômenos espirituais, o ensinaram como ocorrem as
questões do mundo espiritual que impactam na vida terrena.

A questão central é ensinar, praticando ações na vida cotidiana sendo contrário


aos religiosos tradicionais, “deixemos de ser intolerantes, isolados ou idealistas.
Abandonemos a visão de distanciamento do mundo e sejamos iguais às pessoas
comuns” 7.

O equilíbrio para trilhar o Caminho perfeito requer muito aprendizado da


Verdade que liga ao Supremo Deus, lendo e estudando textos sagrados. As práticas
de amor à humanidade com todas as possibilidades de preservação da vida
reintegrada à Grande Natureza8 é um grande desafio, mas faz parte do Plano de Deus
para um mundo melhor para todos.

Referências Bibliográficas

7
O Pragmatismo religioso. Alicerce do Paraíso v. 4, p. 13.
8
A força da Grande Natureza. Alicerce do Paraíso, v. 2, p.
Meishu-Sama (1949). O ser humano depende do seu pensamento. 6ª edição. In:
Pensamento e Sentimento. Coletânea Alicerce do Paraíso. FMO. Organização e
tradução: Secretaria de Tradução da IMMB. 6ª. São Paulo: Fundação Mokiti Okada,
2019, vol. 4. p. 53.
___________. Daijo, Shojo, Izunome. In: Fragmentos de Ensinamentos de Meishu-
Sama Os Novos Tempos. Organização e tradução: Secretaria de Tradução da IMMB.
São Paulo 4ª edição revisada, 2019.

___________(1950). Amor Benévolo e Amor Malévolo. In: Alicerce do Paraíso.


FMO. Organização e tradução: Secretaria de Tradução da IMMB. 6ª. São Paulo:
Fundação Mokiti Okada, edição revisada 2019, v.4, p. 120.

___________(1949). Religião, Educação, Política. In: Coletânea Alicerce do


Paraíso. FMO. Organização e tradução: Secretaria de Tradução da IMMB. 6ª. São
Paulo: Fundação Mokiti Okada, edição revisada Alicerce, 2019, v. 5, p. 228.

___________(1951). O Pragmatismo Religioso. In: A Fé no Cotidiano. Coletânea


Alicerce do Paraíso. FMO. Organização e tradução: Secretaria de Tradução da IMMB.
6ª. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, edição revisada Alicerce, 2019, v. 4, p. 13
___________. Não Seja Acomodado. Os Novos Tempos: Fragmentos de
ensinamentos de Meishu-Sama, 2018, p. 40.

___________(1947). A força da Grande Natureza. In: Mundo Espiritual. Coletânea


Alicerce do Paraíso. FMO. Organização e tradução: Secretaria de Tradução da IMMB.
6ª. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, edição revisada, 2019 v. 2, p. 68.

TOMITA, A.G.S. Considerações sobre as Novas religiões japonesas (In: Último


Andar: cadernos de pesquisa em ciências da religião / Programa de Estudos Pós-
graduados em Ciências da religião, PUC-SP. SP: Editora PUC-SP-EDUC, n.12. p.33-
54, jun., 2005a.

_____________. O contato com o “caminho” através das novas


religiões japonesas. Estudos Japoneses. Revista USP. n. 25, pp. 7-22, 2005b.

Você também pode gostar