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Quadros, F. (2015); “Direito da União Europeia” (3.ª Edição); Coimbra: Edições Almedina, S. A.. 2017-2018
Quadros, F. (2015); “Direito da União Europeia” (3.ª Edição); Coimbra: Edições Almedina, S. A.. 2017-2018
O arrolamento dos direitos pela Carta encontra-se valorizado pelo facto de os direitos fundamentais serem apresentados
como emanação de valores-chave, que se encontram vertidos, cada um deles, numa única palavra, e de forma muito
expressiva, que ultrapassa largamente a já gasta e ultrapassada trilogia da Revolução Francesa, da Liberdade-Igualdade-
Fraternidade.
Os valores da dignidade, das liberdades, da igualdade, da solidariedade, da cidadania e da justiça. Têm de passar a ser
considerados como valores básicos de todo o ordenamento jurídico da União.
A Carta afirma a sua função codificadora e enuncia até as fontes onde foi buscar os direitos por ela reconhecidos.
Os direitos que decorrem das tradições constitucionais e das obrigações internacionais comuns aos Estados-membros, do
Tratado da União Europeia e dos Tratados comunitários, da Convenção Europeia para a proteção dos direitos do Homem e
das liberdades fundamentais, das Cartas Sociais aprovadas pela Comunidade e pelo Conselho da Europa, bem como da
jurisprudência do TJ das Comunidades Europeias e do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
A Carta veio integrar no Direito da União todas as fontes de Direito em matéria dos direitos fundamentais.
Nessa função codificadora, a Carta fornece resposta às exigências atuais da proteção dos Direitos das Pessoas, ao
acolher, ao lado dos direitos clássicos, os direitos “novos” e “novíssimos”, isto é, direitos que, no seu rótulo e conteúdo,
são direitos da 2.ª e 3.ª geração.
A Carta não reconhece direitos apenas aos nacionais dos Estados-membros, mas a todas as pessoas sujeitas à sua
jurisdição.
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• Artigo 38.º - reconhecimento de um elevado nível de defesa dos consumidores;
• Artigo 41.º - previsão do direito a uma boa administração;
• Artigo 42.º - reconhecimento a todo o cidadão da União e a toda a pessoa, singular ou coletiva, residente na
União, do direito de acesso a documentos de todos os órgãos e instituições ou quaisquer organismos da União;
• Artigo 47.º - reconhecimento de um amplo direito de acesso a qualquer tribunal, para se fazer valer de quaisquer
direitos subjetivos reconhecidos pelo Direito da União;
• Artigo 49.º - permissão de aplicação retroativa da lei que preveja uma pena mais leve e a imposição da
proporcionalidade das penas em relação aos crimes,
• Artigo 50.º - extensão da proibição do princípio ne bis in idem, em Direito Penal, a todo o espaço da União.
OS DESTINATÁRIOS DA CARTA
Obriga todos os órgãos, as instituições e os organismos da União, no respeito pelo princípio da subsidiariedade.
A Carta só é aplicável à União se for ela a conceder, no caso concreto, o mais alto nível de proteção ao direito em causa.
Decorre no n.º 1 do artigo 51.º e do n.º 2 que a aplicação da Carta aos órgãos, às instituições e aos organismos da União
não deve desrespeitar a delimitação vigente das atribuições entre a União e os Estados-membros, nem deve levar à
criação de novas atribuições para a União.
A Carta também se aplica aos Estados-membros: só quando eles apliquem o Direito da União.
A Carta significou um muito sensível progresso na proteção e na salvaguarda dos direitos fundamentais na União
Europeia.
São destinatários da Carta todas as pessoas que estiverem sob a jurisdição dos Estados-membros.
Quadros, F. (2015); “Direito da União Europeia” (3.ª Edição); Coimbra: Edições Almedina, S. A.. 2017-2018
própria, os particulares não tinham pelos Tratados, acesso direito pleno aos Tribunais Comunitários para questionarem,
em sede de recurso de anulação, os atos dos órgãos que ofendessem esses direitos.
O Tratado de Maastricht inclui nos Tratados, pela primeira vez, a vinculação da União e das Comunidades à CEDH, mas o
artigo 6.º, n.º 1, UE, limitava-se a codificar a jurisprudência comunitária.
O obstáculo que se via à adesão era o de que os Tratados não reconheciam às Comunidades e à União atribuições em
matéria dos direitos fundamentais.
Ficou escrito no TFUE, no seu artigo 6.º, n.º 1, após a revisão de Amesterdão, que a União assentava, entre outros
princípios, no da proteção de direitos fundamentais.
IV – O procedimento da adesão
Vai requerer o acordo de todos os Estados-membros da União e de todos os membros do Conselho da Europa.
O Acordo de Adesão terá de ser aprovado pelo Conselho por unanimidade, após a aprovação do Parlamento Europeu, e
depois terá de ser ratificado por todos os Estados-membros segundo as respetivas normas constitucionais.
O Tratado de adesão da União à CEDH deverá respeitar o Protocolo n.º 8 e a Declaração n.º 2 anexos ao Tratado de
Lisboa.
Lisa Monteiro | 1500721 4
Quadros, F. (2015); “Direito da União Europeia” (3.ª Edição); Coimbra: Edições Almedina, S. A.. 2017-2018
CONCLUSÃO: A CARTA COMO NÚCLEO CENTRAL DE UM SISTEMA GLOBAL E COERENTE DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
DO HOMEM EM TODO O CONTINENTE EUROPEU
A Carta está destinada a ser o catálogo dos direitos fundamentais da União Europeia.
Os direitos que ela reconhece devem ser interpretados como fazendo parte do acervo global de direitos consagrados nas
fontes.
A Carta, nas suas chamadas cláusulas horizontais, pretende ser o núcleo central de um sistema jurídico global de
proteção dos direitos fundamentais em toda a Europa.
O Direito da União Europeia sobre Direitos do Homem, permitirá, simultaneamente, aprofundar ainda mais a União de
Direito e robustecer o espaço de liberdade, segurança e justiça.