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CFESS Manifesta

Dia do/a Assistente Social


Brasília (DF), 15 de maio de 2014
Gestão Tempo de Luta e Resistência www.cfess.org.br

Na cop a,
Com emorar
o quê?
nosso grito é por
transporte público!
saúde pública!
moradia digna!

A
s/os assistentes sociais reunidas/os no 42º Encontro Nacional CFESS-CRESS, realizado em
Recife (PE), em setembro de 2013, embaladas/os pelas manifestações que tomaram conta do
Brasil a partir de junho do ano passado, elegeram o tema Serviço social na defesa do direito
à cidade no contexto dos megaeventos como referência para as comemorações do Dia do/a
Assistente Social 2014. A temática do direito à cidade já faz parte da agenda política do Conjunto
CFESS-CRESS há alguns anos. As participações do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais nas
Conferências Estaduais e Nacionais das Cidades (2010 e 2013) revelam o compromisso da categoria
com as questões relacionadas às lutas sociais travadas nos centros urbanos do país. Outrossim, a
realização, em 2011, do Seminário sobre Serviço Social e Questão Urbana demonstram que as/os
profissionais vêm acumulando conhecimento na área. Da mesma forma, a articulação e participação
do CFESS no Fórum Nacional de Reforma Urbana atestam que o serviço social brasileiro pode e
deve contribuir com as lutas políticas que envolvem o direito à cidade.
CFESS Manifesta Dia do/a Assistente Social Brasília (DF), 15 de maio de 2014

As/os assistentes sociais do Brasil têm de-


monstrado que as escolhas feitas ao longo da
reconhecemos as cidades como lócus das diferentes formas
história profissional, e que, nas últimas três da desigualdade (social, econômica e política) expressas no
décadas, se condensaram no compromisso
com as reivindicações da classe trabalhadora,
desemprego, nos baixos salários, no aumento da pobreza,
foram acertadas, pois colocou o serviço social no analfabetismo, nas crianças e famílias vivendo nas
do país ao lado das entidades, organizações,
sindicatos e partidos que lutam pela constru-
ruas, nas pessoas doentes sem tratamento, nas moradias
ção de uma sociedade na qual a produção da precárias, na falta de terra para os/as trabalhadores/
riqueza esteja a serviço do atendimento às ne-
cessidades humanas. Neste sentido, o CFESS e
as, na violência e insegurança urbana.
os CRESS de todo o país conclamam homens todo um conjunto de direitos que vêm sendo Em tempos de luta e resistência, o CFESS
e mulheres para se somarem às lutas em defesa negados à população. As contradições sociais não poderia deixar de denunciar e manifestar
do direito à cidade, pois acreditamos que esta vividas nas cidades passaram a ser expostas nos sua indignação, em nome desta categoria pro-
luta articula-se a um conjunto de direitos que cartazes, nos muros, nas palavras de ordem que fissional que é reconhecida pelo compromisso
deve ser garantido ao povo brasileiro. tomaram conta do país nos grandes centros ur- com as lutas dos/as trabalhadores/as do Bra-
Afinal, debater as cidades não se resume à banos e também em pequenas cidades. sil, da série de violações de direitos humanos
infraestrutura ou à moradia: significa trazer à O discurso oficial de que os megaeventos que a população mais pobre vem sofrendo:
tona questões que estão interligadas, como saú- deixarão um legado, benefícios para a popu- são despejos e desapropriações truculentas de
de, educação, segurança, transportes, cultura, lação, já não mais conseguia conter a insa- pessoas que se encontram em ocupações/as-
lazer, dentre outros. Inclusive as relações huma- tisfação, pois o que se viu, até o momento, sentamentos urbanos, justificadas pelas obras
nas que as cidades deveriam propiciar. Não nos foram altos investimentos em estádios, re- da Copa e dos demais megaeventos.
esqueçamos de que, em junho de 2013, o Brasil formas milionárias de aeroportos, viadutos, Se as cidades são arenas da luta de clas-
foi palco de inúmeras manifestações, exigindo avenidas para garantir acesso rápido e fácil a ses, as/os trabalhadoras/es lá estarão para ma-
direitos dos mais variados, principalmente na turistas que virão, se é que virão mesmo, as- nifestar e apresentar suas reivindicações. E a
área da educação e da saúde. Nas ruas e nas sistir aos jogos da Copa e às Olimpíadas. En- nós, assistentes sociais, cabe a difícil tarefa de
praças, a população entoava “da Copa eu abro quanto isso, os bairros periféricos das cidades manter o compromisso ético e político pela
mão, quero dinheiro pra saúde e educação” e, sofrem com a precarização dos serviços de defesa dos/as trabalhadores/as, dos direitos e
nos cartazes, escrevia “fome, miséria e opressão, transporte públicos, ausência de segurança, não sucumbir à lógica destrutiva do capital.
o Brasil é pentacampeão”, “Queremos escolas postos de saúde fechados e sucateados e es- Reafirmamos nosso projeto ético-político
e hospitais no padrão FIFA”. As manifestações colas públicas destruídas e largadas à própria comprometido com a garantia inalienável dos di-
iniciadas contra o aumento das passagens e a sorte. Não podemos nos esquecer de que as reitos humanos, da democracia e da superação da
luta pelo Passe Livre indicavam a insatisfação obras da Copa adquiriram o caráter de emer- ordem social capitalista desigual e excludente, na
popular pela opulência dos gastos com os me- genciais, o que resultou em diversas denún- perspectiva de cidades justas. Na direção de for-
gaeventos e, nos muros e cartazes, escreviam cias de superfaturamento. Mais uma vez nas talecer as lutas pelo direito à cidade, repudiamos:
“não são só centavos, são bilhões em desigual- manifestações, surgiam palavras de ordem e • a forma como estão ocorrendo as remo-
dade” e, com a força da juventude, afirmavam cartazes protestando pelo fim da corrupção. ções nos centros urbanos;
“se a tarifa não baixar, a cidade vai parar”. As/os assistentes sociais reconhecem as • a criminalização dos movimentos sociais;
A imprensa nacional, ou como afirmou cidades como lócus das diferentes formas da • a militarização das ações do Estado;
Marx, o partido da pena, tratou de imediato de desigualdade (social, econômica e política) • a política de ‘higienização’ das cidades, por
desqualificar as manifestações; os/as governa- expressas no desemprego, nos baixos salá- meio da retirada compulsória dos/as usuá-
dores/as subestimaram a insatisfação popular e rios, no aumento da pobreza, no analfabetis- rios/as e dependentes de drogas dos centros
reprimiram os/as manifestantes. Na sequência mo, nas crianças e famílias vivendo nas ruas, urbanos, bem como do extermínio e desa-
dos acontecimentos, outros/as manifestantes nas pessoas doentes sem tratamento, nas mo- parecimento da população de rua e da ju-
foram às ruas em solidariedade àqueles/as que radias precárias, na falta de terra para os/as ventude negra;
sofreram com os abusos policiais, tão corriquei- trabalhadores/as, na violência e insegurança • a expulsão dos povos originários e das comu-
ros em manifestações desse tipo, e o número urbana. A luta pela cidade é a luta pelos di- nidades tradicionais de seus territórios, em
de descontentes aumentou de forma surpreen- reitos para todos/as ao trabalho, à educação, função dos interesses do capital, por meio das
dente. Os cartazes começaram a se multiplicar ao lazer, à saúde, à habitação, à participação grandes obras, como barragens, construção de
e as reivindicações ampliaram-se, englobando política e tantos outros direitos. rodovias e do próprio crescimento urbano.

Gestão Tempo de Luta e Resistência (2011-2014)


Presidente Sâmya Rodrigues Ramos (RN) Suplentes CFESS Manifesta
Vice-Presidente Marinete Cordeiro Moreira (RJ) Heleni Duarte Dantas de Ávila (BA) Dia do/a Assistente Social
1ª Sec. Raimunda Nonata Carlos Ferreira (DF) Maurílio Castro de Matos (RJ) Conteúdo (aprovado pela diretoria):
2ª Secretária Esther Luíza de Souza Lemos (PR) Marlene Merisse (SP) Marcelo Sitcovsky e Kátia Madeira
SCS Quadra 2, Bloco C, Assessoria de comunicação:
Edf. Serra Dourada, 1ª Tesoureira Juliana Iglesias Melim (ES) Alessandra Ribeiro de Souza (MG)
Salas 312-318 2ª Tesoureira Maria Elisa Dos Santos Braga (SP) Alcinélia Moreira De Sousa (AC) Diogo Adjuto - JP/DF 7823
CEP: 70300-902 Rafael Werkema - JP/MG 11732
Brasília - DF Conselho Fiscal Erivã Garcia Velasco - Tuca (MT)
Revisão: Diogo Adjuto
Fone: (61) 3223.1652 Kátia Regina Madeira (SC) Marcelo Sitcovsky Santos Pereira (PB)
Fax: (61) 3223.2420 Arte/diagramação: Rafael Werkema
Marylucia Mesquita (CE)
cfess@cfess.org.br Fotos: Bruno Costa e Silva
Rosa Lúcia Prédes Trindade (AL)

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