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Uma
questão
de estilo:
a gênese
de piauí
Marcello Rollemberg
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fica seja estimulante para o leitor, nunca uma to ser encontrado nas reportagens da revista
coisa fria, mas o texto é o elemento princi- quanto nos textos de ficção que ela publicava.
pal. Quando a matéria era séria, a decorá- Lançava-se também mão de ironia, metáfo-
vamos o menos possível, para não estimular ras e até de um certo ar zombeteiro em seus
uma ideia que não correspondesse ao con- textos. Essa proposta, num primeiro momen-
teúdo principal” (Scliar apud Basso, 2008). to, corresponde àquilo que Morin (1999) cha-
ma de “cultura ilustrada”, e vai encontrar eco
Se em seu projeto gráfico Senhor se em uma das revistas mais paradigmáticas
destacava, era, no entanto, em sua moder- desse estilo: a New Yorker americana, fonte
nidade textual que residia o condão maior cultural e jornalística onde também beberam
para atrair seus leitores sofisticados ou em os editores e criadores de piauí, reforçando e
busca de uma determinada sofisticação. Se- chancelando o mapeamento de seu DNA. “A
nhor se mostrou desde o início como uma New Yorker era muito bem escrita e aquele
revista de caráter formador de opinião, sem era o tom que a gente queria” (Lobo apud
a preocupação com a notícia da atualidade, Basso, 2008).
procurando apresentar densidade editorial Para chegar a esse tom e à excelência em
centrada no jornalismo formativo, baseada seus textos, Sirotsky se valeu de uma equipe
nas premissas do jornalismo cultural – um de jornalistas e colaboradores que podería-
projeto editorial com o qual o de piauí guar- mos conceituar como estelar. Paulo Francis
da enormes semelhanças. e Luiz Lobo foram seus primeiros editores.
Publicaram na revista nomes como Clari-
“Editorialmente, a revista se traduziu no ce Lispector, Fernando Sabino, Guimarães
quadrinômio cultura, política, economia Rosa, Rubem Braga, Vinícius de Moraes,
e entretenimento. Embora apresente uma Marques Rebelo, Jorge Amado, Otto Maria
multiplicidade temática, o que pode levar à Carpeaux, Ferreira Gullar e Antonio Calla-
definição de que se trata de uma revista de do, entre tantos outros que ajudaram e ainda
variedades ou de interesse geral, sua maior ajudariam a formar a argamassa em que se
contribuição está no campo do jornalismo sedimentou a cultura brasileira. Segundo
cultural com a predominância do material Francis (1978), a intenção era “criar uma
publicado” (Basso, 2005). revista de cultura viva, no Brasil, de contra-
cultura, quer dizer, contra a cultura oficial,
Ainda segundo Basso (2008), algumas acadêmica, autocongratulatória”.
marcas textuais caracterizam o estilo de Nas páginas de Senhor se procurou apre-
Senhor: texto autoral e analítico com ampla sentar um vasto material dialético na forma-
pesquisa de dados e utilização de citações, ção de um quadro de referência para o leitor.
indicações e comparações que deixam claro Foram debatidos na revista temas como o so-
estarem narrando para leitores cultos, conhe- cialismo soviético, a situação da África após
cedores de autores e obras consagradas. Po- a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria
de-se dizer, portanto, que a revista era voltada e a Revolução Cubana. Foram apresentados
para um público leitor formado por iniciados, perfis de personalidades como Fidel Castro
e não por iniciantes – assim como piauí. (escrito por Rubem Braga) e Martin Luther
Nesse sentido, Senhor inaugura no Bra- King. Na edição de setembro de 1959, por
sil um viés do new journalism que já vinha exemplo, Fernando Sabino assina a reporta-
sendo praticado nos Estados Unidos, fazen- gem intitulada “Tudo de Novo no Front”, no
do a interface dos recursos literários para qual relata numa narrativa ao mesmo tempo
proporcionar formas criativas de descrição, informativa e personalíssima sua viagem à
transformando o jornalista, o escritor, o inte- Alemanha Ocidental. Mas a revista não se
lectual e o poeta em contadores de histórias, prestava apenas ao texto high-brow – um
ampliando o tom narrativo – que poderia tan- exemplo disso é que poderia ser encontrada
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cultivo de rosas, assinada por um talvez im- Realidade – para tentar (e muitas vezes con-
provável Carlos Lacerda, posto que o jorna- seguir) explicar ao leitor comum as transfor-
lista e político sempre se notabilizou por seus mações de uma década inquieta.
textos e discursos eivados de virulência. Nes- Lançada em abril de 1966, Realidade
sa mesma edição de 1959, pode-se encontrar foi, no entender de Lima (1995), “a mais sig-
matérias sobre como preparar um perfeito nificativa experiência estilística vivida pelo
gim-tônica e qual era a última moda em sa- jornalismo impresso brasileiro”. A revista era
patos. Além de uma ousada, para os padrões o resultado da intensa atividade cultural ex-
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da época – crônica de Luiz Lobo chamada perenciada pelo país no período pós-64, um
“Quem Não Arrisca Não Petisca – Roteiro melting pot que propiciava experimentações
para um Estudo da ‘Virgindade Carioca’”. e renovações. Sua editora, a Abril, já estava
A experiência e ousadia de Senhor teve no mercado de revistas desde a década de
três fases – a principal delas, os três primei- 50, mas seus títulos mais vistosos ou eram
ros anos, sob a direção de Nahun Sirotsky – por demais segmentados – casos de Cláudia
e terminou em janeiro de 1964, depois de (feminina) e Quatro Rodas (masculina) – ou
uma sucessiva troca de donos e uma crise voltados para o público infantil, com seu car-
A Realidade
financeira pré-golpe militar causada pela sua ro-chefe sendo o Pato Donald. A Abril ain-
dos anos 60:
vocação de ir na contramão do mercado e da não possuía uma publicação que pudesse formando
não visar ao lucro. A coleção completa de Se- competir com as mais antigas Cruzeiro (dos e informando a
nhor, ou mesmo alguns poucos exemplares, Diários Associados de Assis Chateaubriand) partir das grandes
tornou-se objeto de cobiça de colecionado- e Manchete (de Adolpho Bloch). reportagens
res, proporcionando um valor de gozo a seus Mas o cenário era propício para tal em-
possuidores. Mas a publicação pavimentou preitada. Os Diários Associados viviam crise
um caminho seguido por diversas outras ao financeira, e sua revista sentia as consequên-
longo das décadas seguintes. cias. Já a publicação da Bloch dava mais ên-
fase aos recursos ilustrativos do que ao texto
REALIDADE de profundidade. Ambas eram revistas de
E OS ANOS 60 interesse geral, e não de informação geral,
como Realidade se pretendia, “deixando
Em 1966, o Brasil e o mundo estavam insatisfeito o novo público que passa a des-
em um turbilhão social, cultural e político pontar no cenário brasileiro: a classe média
que ainda iria alvoroçar e cativar corações e urbana em formação, constituída principal-
mentes até o final da década. O país vivia o mente de jovens de nível escolar superior ou
segundo ano de uma ditadura militar que du- pelo menos equivalente ao segundo grau de
raria mais quase vinte anos e iria recrudescer hoje” (Lima, 1995, p. 168).
muito. Costumes e tradições caminhavam Havia, dessa forma, espaço mercadológi-
em lenta e firme mutação – uma velocidade co para uma nova publicação. E havia tam-
que iria se acelerar à medida que a própria bém, segundo Faro (1999), “espaço para uma
década começasse a perder os freios. Se no concepção intelectualmente mais refinada de
Brasil o redemoinho ainda se formava, pelo uma revista mensal que pretendia ampliar o
mundo ele tomava contornos de tornado. Re- nível do trabalho que os grandes nomes da
volução sexual – acarretada pelo advento da reportagem produziam nas publicações então
pílula anticoncepcional –, rebeldia jovem (à existentes”. E foi justamente com essa pers-
espera de maio de 68 e de Paris), hippies e pectiva que Realidade chegou às bancas, já
contracultura, Guerra do Vietnã, Guerra Fria, denunciando ao que vinha em seu editorial
beatlemania, rock, corrida espacial. O Brasil de lançamento, assinado pelo publisher Vic-
e o mundo estavam mudando com extrema tor Civita: “Será uma revista dos homens e
rapidez, e muitos não entendiam o que estava das mulheres inteligentes que querem saber
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mar, divertir, estimular e servir nossos lei-
tores. Com seriedade, honestidade, entusias-
mo”. Pelo menos em seus três primeiros anos
de circulação, nada disso faltou à revista.
E já nesse primeiro número – que trazia
na capa um sorridente Pelé usando um busby
dos guardas da rainha da Inglaterra, numa
alusão à Copa do Mundo de Futebol, que se
realizaria naquele ano em terras inglesas –
parecia que o amálgama entre publicação e
público leitor seria de fácil concepção. De-
monstrando que, de fato, o mercado carecia
de uma revista como Realidade e que a ti-
midez da mídia da época não agradava mais
a um leitorado cada vez mais exigente, seu
número inaugural esgotou 250 mil exempla-
res em apenas três dias, surpreendendo até
mesmo seus editores. Um ano mais tarde, a
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tiragem da revista havia dobrado. Para que
isso pudesse ter acontecido, houve o somató-
rio de alguns fatores, além da já mencionada
carência de mercado: uma ousadia editorial
em tocar em temas considerados tabu ou ain-
da não suficientemente compreendidos, uma
equipe de jornalistas de primeira linha e a
aposta na grande reportagem, na narrativa –
um estilo que piauí viria a utilizar quatro
décadas mais tarde, quando já parecia impro-
vável diante das perspectivas editoriais hoje
em voga. Segundo Woile Guimarães (apud
Sato, 2002), integrante da primeira equipe de
Realidade, “contavam-se os acontecimentos
através de histórias. Era um ‘romance real’”.
Ou seja: praticava-se o jornalismo literário,
ou new journalism, da primeira à última pá-
Piauí: semiótica nas capas
gina. E no auxílio a essa nova forma de fazer
e o anônimo nas páginas
jornalístico no Brasil, um personagem essen-
cial: o editor de texto, figura até então inexis-
tente nas redações do país, responsável pelo pelo new journalism” (Faro, 1999). A apu-
padrão de qualidade que Realidade exigia. ração demorada e a narrativa densa propor-
Para oferecer uma dimensão essencial cionavam aos jornalistas de Realidade uma
das indagações de seus leitores, Realidade possibilidade mais ampla de elaboração tex-
lançou mão de um código discursivo inova- tual – com experimentação estética e estilo
dor, calcado na experiência vivida por seus pessoal – ao mesmo tempo em que ofereciam
repórteres ao realizarem suas grandes re- a seus leitores uma gama maior de aquisi-
portagens e na elaboração da produção de ção de informação a partir de uma visada de
sentido a partir de um texto personalíssimo mundo diferente daquela ofertada por outras
“tenha ou não esse código sido influenciado publicações. Jornalistas passavam mais de
Realidade entre os anos de 1966 e 1968. Foi menos de cinquenta páginas beiravam o risí-
nesse período que a publicação realizou suas vel. De “mais sofisticada”, a The New Yorker
mais instigantes reportagens e cumpriu seu já estava sendo considerada “o maior fiasco”
papel tanto de formador quanto de informa- editorial da América. Mas a publicação não
dor de uma sociedade em mutação. Ao abrir fechou as portas como muitos pensavam que
suas páginas para debater temas que nenhu- iria acontecer. Ross conseguiu financiamen-
ma outra publicação brasileira se dispunha tos para salvar sua revista, contratou uma
a encarar – e fazê-lo numa estilística até en- equipe de colaboradores de extrema quali-
tão inédita para uma revista de seu porte –, dade e conseguiu reverter o quadro inicial-
Realidade demarcou seu território de ação mente sombrio. “The New Yorker aprumou e
social. Essa ação, no entanto, teve seu ritmo começou a crescer. No fim da década [de 20],
desacelerado a partir de 1968. E não cabe aí já era um sucesso editorial e comercial, e não
o simplismo de apontar o AI-5 – e a censura seria abalada nem pela Depressão pós-estou-
prévia à imprensa e a hipertrofia do Estado ro da Bolsa, em 1929” (Castro, 2009, p. 292).
que advieram dele – como único responsável. O sucesso editorial no qual The New
O ato do general-presidente que ocupava o Yorker se transformou dura até hoje – a re-
Planalto naquele momento foi determinante, vista continua circulando semanalmente, 85
mas de várias formas Realidade foi vítima anos depois de seu lançamento, com uma
da própria sociedade mutante que permitiu tiragem de cerca de 500 mil exemplares se-
sua concepção: o público leitor desejava mais manais. E mesmo tendo perdido muito de seu
agilidade na propagação da informação, e charme das primeiras décadas devido a mu-
para tal o surgimento da semanal Veja, da danças administrativas e editoriais, continua
mesma Abril e no mesmo 1968, ajudou a sendo referência de classe, humor e excelen-
preencher uma lacuna e passou a dificultar te jornalismo. E muito copiada, mas nunca
a recepção de Realidade. A revista passou igualada. Para chegar a esse patamar, pri-
a se dedicar a edições especiais, temáticas, meiro Ross e, depois, seu sucessor, William
procurando um novo nicho no mercado edi- Shawn – este último o editor paradigmático
torial. Mas a decadência já havia começado da revista, responsável durante quatro dé-
e iria se acentuar, a partir de 1972, com a cadas por ler todos os textos da publicação
saída dos últimos jornalistas da primeira e garantir sua qualidade editorial, além de
fase da publicação. A Abril parou de in- inocular um tom mais incisivo de seriedade
vestir nela, e em 1976 Realidade saiu das jornalística –, contaram com nomes que vi-
bancas para entrar definitivamente no ima- riam a contribuir para a cultura e o jornalis-
ginário e na história da imprensa brasileira. mo americanos.
Muitos deles foram arregimentados num
THE NEW YORKER, primeiro momento na round table do hotel
UMA QUESTÃO nova-iorquino Algonquin, onde o criador
DE ESTILO da New Yorker e seus futuros colaborado-
res passavam horas conversando e bebendo.
Quando foi lançada, em fevereiro de Entre eles estavam Herman J. Manckiewicz
1925, The New Yorker já chegou às bancas (que em 1940 se celebrizaria como coautor
com uma fama – publicitária – que a prece- de Cidadão Kane, ao lado de Orson Welles),
dia: a de ser a “mais sofisticada revista que George S. Kaufman, Dorothy Parker e Ro-
os Estados Unidos veriam”. Seu idealizador bert Benchley. Seu principal crítico de litera-
e fundador, o jornalista Harold Ross, sonha- tura era Edmund Wilson – que também fazia
va alto. Mas em poucos meses após o lan- as vezes de repórter e publicaria na revista,
çamento quase caiu das nuvens: sua revista nos anos 50, uma grande reportagem sobre a
não vendia, não tinha anunciantes, seus tex- descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.
tos estavam longe de ser interessantes e suas Entre seus articulistas estavam E. B. White
e A. J. Liebling, “que são considerados até rizados ao máximo. Tudo para ele era pauta,
hoje dois dos maiores jornalistas da história tudo poderia render boas matérias, mas eram
americana” (Piza, 2003, p. 23). principalmente os personagens anônimos,
O que talhou The New Yorker como prosaicos, que o atraíam. Bares decadentes,
exemplo de excelência editorial não foi ape- artistas de circo bizarros, mendigos, gen-
nas o fato de Harold Ross e Shawn sabe- te comum e pequena. Enfim, personagens
rem se cercar de profissionais de qualidade, de uma Nova York que vivia nas sombras.
mas principalmente uma visão muito clara Como aquele boêmio alucinado que desejava
para Ross do que deveria ser uma revista e escrever a “história oral da humanidade em
de como ela deveria ser editada para agra- 10 mil páginas” e que dizia falar a língua das
dar a um receptor cada vez mais exigente. gaivotas, sobre quem Mitchell escreveu dois
Apesar de lançar mão do humor e ironia em perfis seminais na New Yorker entre os anos
seus textos e ter nos cartuns uma de suas 40 e 50: “Professor Gaivota” e “O Segredo
marcas registradas, não se pode dizer que de Joe Gould”, que saíram reunidos em livro
a New Yorker seja uma revista “humorísti- no Brasil pela Companhia das Letras.
ca”. A revista sabia dosar o humor de suas Já John Hersey produziu para a New
páginas com reportagens de fôlego e sérias, Yorker, em 1946, aquela que foi considerada
além de abrir espaço para a ficção de nomes por estudiosos de vários países “a reportagem
como Hemingway, H. L. Mencken e Rebec- do século”: “Hiroshima”. Hersey havia sido
ca West. Isso fez sua justa fama e são os enviado por Ross para cobrir a porção da Se-
pontos de tangência que encontramos entre gunda Guerra Mundial que se desenrolava no
The New Yorker e piauí – a valorização do Pacífico. Quando os Estados Unidos lançaram
texto refinado, trafegando ao mesmo tem- a bomba atômica sobre Hiroshima, Ross pe-
po entre a objetividade da informação e a diu um relato ao seu repórter, não importando
subjetividade autoral, a ironia bem dosada e o espaço que precisasse para sua reportagem.
recursos de persuasão editorial para seduzir O editor queria um texto pormenorizando so-
determinado tipo de receptor, como textos bre o que era uma cidade ser devastada por
de ficção e cartuns. Não é coincidência que, uma bomba atômica. E Hersey a fez. “A ma-
todo mês, piauí publique pelo menos um tex- téria, intitulada ‘Hiroshima’, tomou a edição
to original da New Yorker. inteira do dia 31 de agosto de 1946 e mar-
Essa renovação e inquietação constan- cou a virada decisiva da New Yorker como
tes – assim como o comprometimento da uma revista ‘séria’” (Castro, 2009, p. 296).
revista com a grande reportagem – são per- Outra característica marcante da publi-
cebidas no trabalho desenvolvido por pelo cação, além de suas reportagens e seus arti-
menos dois jornalistas que marcaram época gos, era e continua sendo a qualidade de suas
na New Yorker: Joseph Mitchell e John Her- capas. Parafraseando o editor Caio Graco
sey, que sabiam como poucos trabalhar com Prado, que dirigiu a Editora Brasiliense nos
recursos do que viria a ser conhecido como anos 80, uma capa de revista deve funcionar
jornalismo literário. Ambos trabalharam na como um outdoor, atraindo a atenção do pú-
revista entre os anos 40 e 50 – dessa forma, blico mesmo em meio a um sem número de
antes do new journalism ser fundamentado outras publicações expostas numa banca de
por Truman Capote, Tom Wolfe e outros –, jornal. Foi exatamente essa ideia que levou
mas já tinham a percepção do que seria ne- à concepção das particularíssimas capas da
cessário para transformar uma reportagem New Yorker, elaboradas por artistas plásticos
em a reportagem. e designers como Peter Arno, Saul Steinberg
Tanto Mitchell quanto Hersey desponta- e Charles Addams – este último o criador da
ram na New Yorker graças a suas reportagens “Família Addams”. As capas da New Yorker
aprofundadas, nas quais a humanização e o sempre procuraram manter um tom – e com
olhar atento a todos os detalhes eram valo- isso conquistar a aceitação visual por par-
B I B LI O G R AFIA
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