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textos

Uma
questão
de estilo:
a gênese
de piauí
Marcello Rollemberg

Divulgação

124 REVISTA USP • São Paulo • n. 96 • p. 124-135 • DEZEMBRO/FEVEREIRO 2012-2013


E
m outubro de 2006 ção de fatos passíveis de verificação e o uso
(dia 9 em São Paulo, de aspas e observância dos rígidos princí-
e pouco depois no Rio pios organizacionais à moda antiga. O novo
de Janeiro e restante do jornalismo permite, na verdade exige, uma
país), o mercado edito- abordagem mais imaginativa da reportagem
rial brasileiro assistiu […]” (Talese, 2004, p. 9).
à chegada às bancas de
jornais de uma nova revista mensal que em É essa busca pela “verdade mais ampla”
muito se diferenciava de todos os produtos co- e a “abordagem mais imaginativa” que pode-
locados à disposição do leitor: a revista piauí, ríamos caracterizar como eixos norteadores
idealizada pelo cineasta João Moreira Salles e das reportagens de fundo empreendidas por
publicada pela minúscula Editora Alvinegra, publicações que têm a narrativa e a grande
do Rio de Janeiro. A curiosidade em torno da reportagem como pedras de toque de seu
nova publicação residia em vários fatores, a fazer jornalístico. É nesse contexto que se
começar pelo seu próprio título. Foram feitas insere a piauí e duas de suas – no nosso en-
ilações a esse respeito, acreditando-se inclusi- tender – principais predecessoras dentro do
ve que o título era uma forma de homenagem jornalismo brasileiro: a revista Senhor, de fi-
ao estado brasileiro que, entre outras caracte- nais dos anos 1950 e início dos anos 1960, e
rísticas, apresenta a menor faixa litorânea do a revista Realidade, publicada entre as déca-
país – apenas 66 km de costa. Mas se o seu das de 60 e 70. Acreditamos que nessas duas
nome pode ser uma curiosidade chamativa, publicações esteja a gênese de piauí, posto
é o seu dispositivo e, principalmente, o seu que ambas lançaram mão da narrativa e da
conteúdo editorial que efetivamente chamam “abordagem imaginativa” para elaborar seus
a atenção e que se tornam o ponto de partida textos jornalísticos de maior fôlego, dando a
para este artigo, que pretende analisar a gêne- eles uma proximidade com o texto literário
se dessa revista e suas imbricações com ou- – no que concerne à criatividade, ao possível
tras publicações – notadamente revistas como prazer que a leitura evocaria e na construção
as históricas Senhor e Realidade, no caso da linguagem empregada para a produção de
brasileiro, e a americana The New Yorker. sentido. A essas duas revistas nacionais – que
No prefácio a seu livro Fama & Ano- podem ser consideradas emblemáticas para
nimato, o jornalista americano Gay Talese, o jornalismo brasileiro –, devemos acrescen-
um dos membros-fundadores do new jour- tar uma terceira, esta americana: The New
nalism, afirma que, Yorker, que em muitos aspectos inspirou a
criação de nosso objeto de estudo.
MARCELLO
“Embora muitas vezes lido como ficção, o Pretende-se, aqui, procurar traçar para- ROLLEMBERG
novo jornalismo não é ficção. Ele é, ou deve- lelos entre essas publicações e piauí a título é jornalista, professor
universitário
ria ser, tão fidedigno quanto a mais fidedig- de apresentar os pontos onde elas se tangen- do Unifieo e autor
na reportagem, embora busque uma verdade ciam e se assemelham – e também onde, de de, entre outros,
Encontros
mais ampla que a obtida pela mera compila- alguma forma, se distanciam. Ao apresentar Necessários (Ateliê).

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as características editoriais das publicações a (i)lógica do mundo sensível e tornar com-


citadas e analisá-las – além de traçar um bre- preensíveis, através da linguagem, as infor-
ve histórico de cada uma dessas revistas –, mações e seus desdobramentos, uma publi-
acreditamos poder estabelecer uma espécie cação – no nosso caso, a revista – não está
de linha “cronológico-editorial” que vai ter somente produzindo sentido e reorganizando
seu ponto mais recente em piauí. um mundo aparentemente anárquico de con-
Poderíamos dizer, grosso modo – mas textos e relações, mas também configurando
sem medo de estar equivocados –, que tanto um novo agente social. Revistas são retratos
Senhor quanto Realidade (a segunda mais do e janelas de uma época e se, como afirma
que a primeira, acreditamos) tiveram um pa- Scalzo (2003), “têm foco no leitor”, sabem
pel de formadores para seu público leitor, pos- com quem estão falando. E mais: devem sa-
to as mudanças pelas quais o Brasil e o mun- ber o que e como falar. Por isso compreen-
do passavam no período. Já piauí talvez tenha demos que na gênese de piauí estão revistas
um papel mais de “informador”, de “jornalis- como Senhor e Realidade e The New Yorker.
mo com entretenimento” – se é que é possível
usar essa expressão. Acreditamos que sim, SENHOR, UMA REVISTA
posto que vemos que a revista se destina a um PARA POUCOS
nicho já constituído, com suas predileções e,
portanto, identificações já estabelecidas. Até Quando chegou às bancas do Rio de Ja-
porque, como explica Scalzo (2003, p. 12), neiro, em março de 1959, Senhor – ou sim-
plesmente SR., como se apresentava aos seus
“Uma revista é um veículo de comunicação, leitores – logo ganhou contornos de ave rara
um produto, um negócio, uma marca, um ob- no cenário editorial de jornais e revistas do
jeto, um conjunto de serviços, uma mistura de Brasil na época. Não era para menos. As duas
jornalismo e entretenimento. Nenhuma das grandes revistas – em termos físicos e de cir-
definições acima está errada, mas também culação – que dominavam o mercado, Cru-
nenhuma delas abrange completamente o uni- zeiro e Manchete, eram, como afirma Wer-
verso que envolve uma revista e seus leitores”. neck (2000, p. 208), “revistas de interesse
geral”, e não as de informação como conhe-
Esse “universo”, para muitos inextrincá- cemos hoje, tratando no mesmo espaço tanto
vel e até incompreensível, foi definido pelo a notícia imprescindível quanto o fait-divers.
editor espanhol Juan Caño (apud Scalzo, A segmentação ora encontrada navegava
2003, p. 12) da seguinte forma: “revista é entre publicações voltadas para um público
uma história de amor com o leitor”. A partir feminino eminentemente caseiro, com foto-
dessa conceituação, poderemos explicitar o novelas e assuntos do lar – como Sétimo Céu
papel que cada uma das publicações analisa- e Grande Hotel – ou para o humor. Assim,
das neste artigo teve ou ainda tem – sem nos o lançamento de uma revista cujo interesse
esquecermos, contudo, de também apontar principal era “o homem da cidade, cosmo-
o papel social e cultural de The New Yorker, polita, moderno, refinado, isto é, preocupado
talvez a principal referência para piauí, como com modas, comportamentos sociais, de olho
alguns analistas acreditam. nas novidades para o corpo e a mente” (Basso,
No caso dessas publicações, não se trata 2008), poderia parecer a olhos menos atentos
apenas de formar ou conduzir a opinião pú- uma ousadia improvável. De certa forma, foi.
blica, mas sim de dar instrumental para que Mas rendeu grandes frutos – e no nosso en-
determinados grupos sociais compreendam tender uma de suas principais heranças foi
de forma mais acurada as peculiaridades de justamente piauí, cujos interesses se irma-
fatos e eventos sociais, culturais, econômi- nam àqueles aludidos aos leitores de Senhor.
cos e políticos, por exemplo, matizando-os e Durante quase cinco anos, de março de
explicando-os. Ao trazer para suas páginas 1959 até janeiro de 1964, publicando um to-

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tal de 57 números, Senhor fomentou uma pe-
quena revolução gráfico-editorial no mercado
brasileiro. Nesse período, a revista demons-
trou seu papel principal no campo do jornalis-
mo cultural e esteve na vanguarda das publi-
cações consideradas cultas no país, servindo
como importante espaço público para a veicu-
lação da produção intelectual. Ela se propunha
a, ao mesmo tempo, apresentar a produção
cultural e as temáticas do universo masculi-
no para um público com alto poder aquisiti-
vo, morador de centros urbanos, intelectua-
lizado, sofisticado ou com desejo de sê-lo.
Essa proposta editorial vinha ao encontro
de dois pontos fulcrais: o primeiro, o exi-
gente programa da Editora Delta, de proprie-
dade de Abrahão Koogan, Pedro Lorsch e
Fotos: divulgação

dos irmãos Simão e Sérgio Waissman, que


objetivava uma publicação que apresentasse
um conteúdo formador, distinguindo-se pela
qualidade do projeto gráfico. “Do ponto de
vista do interesse editorial, deveria ser uma
revista que se portasse como obra de arte,
portanto, cartão de visitas da qualidade do
que a editora publicava. Dessa forma depre-
ende-se a ideia de que estaria menos subme-
tida à intenção do lucro e mais ao prestígio”
(Basso, 2008). Nesse ponto, pode-se notar
semelhanças editoriais e comerciais com
piauí – a revista de João Moreira Salles tam-
bém não visa necessariamente ao lucro, mas
sim a um prestígio jornalístico e cultural.
O outro ponto basilar para Senhor era o
próprio momento pelo qual o Brasil passa-
va, em um contexto de profundas mudanças Exemplos de capas da "mítica"
estruturais nos campos político, econômico, revista Senhor: pequena
revolução gráfica e editorial
cultural e da própria imprensa brasileira. “A
revista Senhor veio no bojo do projeto moder-
nista que acontecia no país” (Niemeyer, 2002, Inaugurava-se uma nova fase na valorização da
p. 189). Para pavimentar esse “modernismo”, linguagem gráfica, em que cada elemento es-
a revista se valeu inicialmente de um projeto tava comprometido com a informação estética
gráfico arrojado. Seu primeiro editor, o jor- – como podemos observar também em piauí.
nalista Nahun Sirotsky, escolheu para editor
de arte o artista plástico gaúcho Carlos Scliar. “Do ponto de vista gráfico, nós fizemos uma
Ele seria o responsável – ao lado de nomes coisa que eu vinha observando em certas pu-
como Jaguar e o também artista plástico Glau- blicações culturais europeias: o texto é o mais
co Rodrigues – por dar a identidade visual da importante, você tem que chamar a atenção
revista, criar suas capas que ficaram célebres e do público através de ilustrações, organizar
por torná-la elegante, bem paginada e editada. o espaço de maneira que a planificação grá-

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fica seja estimulante para o leitor, nunca uma to ser encontrado nas reportagens da revista
coisa fria, mas o texto é o elemento princi- quanto nos textos de ficção que ela publicava.
pal. Quando a matéria era séria, a decorá- Lançava-se também mão de ironia, metáfo-
vamos o menos possível, para não estimular ras e até de um certo ar zombeteiro em seus
uma ideia que não correspondesse ao con- textos. Essa proposta, num primeiro momen-
teúdo principal” (Scliar apud Basso, 2008). to, corresponde àquilo que Morin (1999) cha-
ma de “cultura ilustrada”, e vai encontrar eco
Se em seu projeto gráfico Senhor se em uma das revistas mais paradigmáticas
destacava, era, no entanto, em sua moder- desse estilo: a New Yorker americana, fonte
nidade textual que residia o condão maior cultural e jornalística onde também beberam
para atrair seus leitores sofisticados ou em os editores e criadores de piauí, reforçando e
busca de uma determinada sofisticação. Se- chancelando o mapeamento de seu DNA. “A
nhor se mostrou desde o início como uma New Yorker era muito bem escrita e aquele
revista de caráter formador de opinião, sem era o tom que a gente queria” (Lobo apud
a preocupação com a notícia da atualidade, Basso, 2008).
procurando apresentar densidade editorial Para chegar a esse tom e à excelência em
centrada no jornalismo formativo, baseada seus textos, Sirotsky se valeu de uma equipe
nas premissas do jornalismo cultural – um de jornalistas e colaboradores que podería-
projeto editorial com o qual o de piauí guar- mos conceituar como estelar. Paulo Francis
da enormes semelhanças. e Luiz Lobo foram seus primeiros editores.
Publicaram na revista nomes como Clari-
“Editorialmente, a revista se traduziu no ce Lispector, Fernando Sabino, Guimarães
quadrinômio cultura, política, economia Rosa, Rubem Braga, Vinícius de Moraes,
e entretenimento. Embora apresente uma Marques Rebelo, Jorge Amado, Otto Maria
multiplicidade temática, o que pode levar à Carpeaux, Ferreira Gullar e Antonio Calla-
definição de que se trata de uma revista de do, entre tantos outros que ajudaram e ainda
variedades ou de interesse geral, sua maior ajudariam a formar a argamassa em que se
contribuição está no campo do jornalismo sedimentou a cultura brasileira. Segundo
cultural com a predominância do material Francis (1978), a intenção era “criar uma
publicado” (Basso, 2005). revista de cultura viva, no Brasil, de contra-
cultura, quer dizer, contra a cultura oficial,
Ainda segundo Basso (2008), algumas acadêmica, autocongratulatória”.
marcas textuais caracterizam o estilo de Nas páginas de Senhor se procurou apre-
Senhor: texto autoral e analítico com ampla sentar um vasto material dialético na forma-
pesquisa de dados e utilização de citações, ção de um quadro de referência para o leitor.
indicações e comparações que deixam claro Foram debatidos na revista temas como o so-
estarem narrando para leitores cultos, conhe- cialismo soviético, a situação da África após
cedores de autores e obras consagradas. Po- a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria
de-se dizer, portanto, que a revista era voltada e a Revolução Cubana. Foram apresentados
para um público leitor formado por iniciados, perfis de personalidades como Fidel Castro
e não por iniciantes – assim como piauí. (escrito por Rubem Braga) e Martin Luther
Nesse sentido, Senhor inaugura no Bra- King. Na edição de setembro de 1959, por
sil um viés do new journalism que já vinha exemplo, Fernando Sabino assina a reporta-
sendo praticado nos Estados Unidos, fazen- gem intitulada “Tudo de Novo no Front”, no
do a interface dos recursos literários para qual relata numa narrativa ao mesmo tempo
proporcionar formas criativas de descrição, informativa e personalíssima sua viagem à
transformando o jornalista, o escritor, o inte- Alemanha Ocidental. Mas a revista não se
lectual e o poeta em contadores de histórias, prestava apenas ao texto high-brow – um
ampliando o tom narrativo – que poderia tan- exemplo disso é que poderia ser encontrada

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em suas páginas uma reportagem sobre o acontecendo. Foi nesse contexto que surgiu

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cultivo de rosas, assinada por um talvez im- Realidade – para tentar (e muitas vezes con-
provável Carlos Lacerda, posto que o jorna- seguir) explicar ao leitor comum as transfor-
lista e político sempre se notabilizou por seus mações de uma década inquieta.
textos e discursos eivados de virulência. Nes- Lançada em abril de 1966, Realidade
sa mesma edição de 1959, pode-se encontrar foi, no entender de Lima (1995), “a mais sig-
matérias sobre como preparar um perfeito nificativa experiência estilística vivida pelo
gim-tônica e qual era a última moda em sa- jornalismo impresso brasileiro”. A revista era
patos. Além de uma ousada, para os padrões o resultado da intensa atividade cultural ex-

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da época – crônica de Luiz Lobo chamada perenciada pelo país no período pós-64, um
“Quem Não Arrisca Não Petisca – Roteiro melting pot que propiciava experimentações
para um Estudo da ‘Virgindade Carioca’”. e renovações. Sua editora, a Abril, já estava
A experiência e ousadia de Senhor teve no mercado de revistas desde a década de
três fases – a principal delas, os três primei- 50, mas seus títulos mais vistosos ou eram
ros anos, sob a direção de Nahun Sirotsky – por demais segmentados – casos de Cláudia
e terminou em janeiro de 1964, depois de (feminina) e Quatro Rodas (masculina) – ou
uma sucessiva troca de donos e uma crise voltados para o público infantil, com seu car-
A Realidade
financeira pré-golpe militar causada pela sua ro-chefe sendo o Pato Donald. A Abril ain-
dos anos 60:
vocação de ir na contramão do mercado e da não possuía uma publicação que pudesse formando
não visar ao lucro. A coleção completa de Se- competir com as mais antigas Cruzeiro (dos e informando a
nhor, ou mesmo alguns poucos exemplares, Diários Associados de Assis Chateaubriand) partir das grandes
tornou-se objeto de cobiça de colecionado- e Manchete (de Adolpho Bloch). reportagens
res, proporcionando um valor de gozo a seus Mas o cenário era propício para tal em-
possuidores. Mas a publicação pavimentou preitada. Os Diários Associados viviam crise
um caminho seguido por diversas outras ao financeira, e sua revista sentia as consequên-
longo das décadas seguintes. cias. Já a publicação da Bloch dava mais ên-
fase aos recursos ilustrativos do que ao texto
REALIDADE de profundidade. Ambas eram revistas de
E OS ANOS 60 interesse geral, e não de informação geral,
como Realidade se pretendia, “deixando
Em 1966, o Brasil e o mundo estavam insatisfeito o novo público que passa a des-
em um turbilhão social, cultural e político pontar no cenário brasileiro: a classe média
que ainda iria alvoroçar e cativar corações e urbana em formação, constituída principal-
mentes até o final da década. O país vivia o mente de jovens de nível escolar superior ou
segundo ano de uma ditadura militar que du- pelo menos equivalente ao segundo grau de
raria mais quase vinte anos e iria recrudescer hoje” (Lima, 1995, p. 168).
muito. Costumes e tradições caminhavam Havia, dessa forma, espaço mercadológi-
em lenta e firme mutação – uma velocidade co para uma nova publicação. E havia tam-
que iria se acelerar à medida que a própria bém, segundo Faro (1999), “espaço para uma
década começasse a perder os freios. Se no concepção intelectualmente mais refinada de
Brasil o redemoinho ainda se formava, pelo uma revista mensal que pretendia ampliar o
mundo ele tomava contornos de tornado. Re- nível do trabalho que os grandes nomes da
volução sexual – acarretada pelo advento da reportagem produziam nas publicações então
pílula anticoncepcional –, rebeldia jovem (à existentes”. E foi justamente com essa pers-
espera de maio de 68 e de Paris), hippies e pectiva que Realidade chegou às bancas, já
contracultura, Guerra do Vietnã, Guerra Fria, denunciando ao que vinha em seu editorial
beatlemania, rock, corrida espacial. O Brasil de lançamento, assinado pelo publisher Vic-
e o mundo estavam mudando com extrema tor Civita: “Será uma revista dos homens e
rapidez, e muitos não entendiam o que estava das mulheres inteligentes que querem saber

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mais a respeito de tudo. Pretendemos infor-

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mar, divertir, estimular e servir nossos lei-
tores. Com seriedade, honestidade, entusias-
mo”. Pelo menos em seus três primeiros anos
de circulação, nada disso faltou à revista.
E já nesse primeiro número – que trazia
na capa um sorridente Pelé usando um busby
dos guardas da rainha da Inglaterra, numa
alusão à Copa do Mundo de Futebol, que se
realizaria naquele ano em terras inglesas –
parecia que o amálgama entre publicação e
público leitor seria de fácil concepção. De-
monstrando que, de fato, o mercado carecia
de uma revista como Realidade e que a ti-
midez da mídia da época não agradava mais
a um leitorado cada vez mais exigente, seu
número inaugural esgotou 250 mil exempla-
res em apenas três dias, surpreendendo até
mesmo seus editores. Um ano mais tarde, a

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tiragem da revista havia dobrado. Para que
isso pudesse ter acontecido, houve o somató-
rio de alguns fatores, além da já mencionada
carência de mercado: uma ousadia editorial
em tocar em temas considerados tabu ou ain-
da não suficientemente compreendidos, uma
equipe de jornalistas de primeira linha e a
aposta na grande reportagem, na narrativa –
um estilo que piauí viria a utilizar quatro
décadas mais tarde, quando já parecia impro-
vável diante das perspectivas editoriais hoje
em voga. Segundo Woile Guimarães (apud
Sato, 2002), integrante da primeira equipe de
Realidade, “contavam-se os acontecimentos
através de histórias. Era um ‘romance real’”.
Ou seja: praticava-se o jornalismo literário,
ou new journalism, da primeira à última pá-
Piauí: semiótica nas capas
gina. E no auxílio a essa nova forma de fazer
e o anônimo nas páginas
jornalístico no Brasil, um personagem essen-
cial: o editor de texto, figura até então inexis-
tente nas redações do país, responsável pelo pelo new journalism” (Faro, 1999). A apu-
padrão de qualidade que Realidade exigia. ração demorada e a narrativa densa propor-
Para oferecer uma dimensão essencial cionavam aos jornalistas de Realidade uma
das indagações de seus leitores, Realidade possibilidade mais ampla de elaboração tex-
lançou mão de um código discursivo inova- tual – com experimentação estética e estilo
dor, calcado na experiência vivida por seus pessoal – ao mesmo tempo em que ofereciam
repórteres ao realizarem suas grandes re- a seus leitores uma gama maior de aquisi-
portagens e na elaboração da produção de ção de informação a partir de uma visada de
sentido a partir de um texto personalíssimo mundo diferente daquela ofertada por outras
“tenha ou não esse código sido influenciado publicações. Jornalistas passavam mais de

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um mês apurando uma matéria, “submergin- valor maior, alusivo, permitiam tratar de for-
do” no tema o suficiente para voltar à tona ma atraente e envolvente um sem-número de
com uma história única a ser contada. Essa assuntos. Como elementos alegóricos, reme-
postura editorial, de valorização da gran- tem o leitor para um problema de ordem mais
de reportagem e da apuração sistemática e geral. A alegoria, expressa no fragmento, tem
aprofundada, foi resgatada por piauí, o que a vantagem de representar a denunciada falsa
nos levou a identificar profundas raízes em aparência de totalidade”.
comum entre as duas publicações.
Em sua edição de setembro de 1967, in- Levando-se em consideração a afirma-
tegralmente dedicada à “juventude brasileira tiva acima, podemos aludir mais uma vez
hoje”, como assinalava a chamada de capa, a piauí – na busca de referendarmos nossa
o editorial de Realidade afirma: “Neste nú- hipótese – no que diz respeito à mediação
mero tentamos mostrar como é, o que pen- e à grande reportagem tendo como foco a
sa e o que quer a juventude brasileira. Para pessoa comum, anônima, a não celebridade
isso, nossos repórteres foram ao encontro dos nesta época de celebridades instantâneas e
jovens em todos os campos de atividade: a midiáticas. Em seu primeiro número, piauí
fábrica, o campo, a universidade, a admi- apresenta como uma de suas matérias de fun-
nistração de empresas”. Para tal, jornalistas do a reportagem intitulada “Bom-dia, Meu
moraram em pensões e trabalharam em fá- Nome É Sheila”, sobre a vida de moças que
bricas, viveram em república de estudantes, trabalham em telemarketing. Tivesse sido es-
andaram mais de um mês com jovens de crita há quarenta anos, ela bem poderia estar
cidades do interior e foram trabalhar com nas páginas de Realidade. Tanto numa pu-
camponeses numa fazenda da Bahia. blicação quanto em outra, ocorre aquilo que
Essa força expressiva de vivência na re- afirma Capelato (1988, p. 21): “A categoria
portagem talvez tenha chegado a um paroxis- abstrata imprensa se desmitifica quando se
mo quando José Hamilton Ribeiro, um dos faz emergir a figura de seus produtores como
principais repórteres da revista, foi ferido sujeitos dotados de consciência determinada
gravemente ao pisar numa mina terrestre na prática social”.
enquanto cobria a Guerra do Vietnã: a foto Nas duas publicações podemos enxergar
que o mostrava ensanguentado e prostrado aquilo que teóricos e estudiosos do jornalis-
em algum ponto ermo do território vietnami- mo consideram como componente literário
ta acabou ilustrando uma das mais famosas da reportagem: aspectos de conteúdo, como
capas de Realidade. Talvez aí esteja a pedra humanização do relato, captação cálida do
de toque da publicação: a valorização do hu- real; cuidados com a forma – força, clare-
mano em suas matérias ou, melhor dizendo, za, condensação, tensão; e posição face ao
a humanização de seus textos jornalísticos, real, evocando uma tensa coexistência entre
transformando-os em narrativas, em gran- a subjetividade permitida e a objetividade
des reportagens, muitas vezes – a maioria pretendida. “Literários são, principalmente,
delas – com o foco no homem comum como os recursos expressivos mobilizados pela
ator social, num duplo papel de receptor e narrativa jornalística com vistas a seduzir o
de agente auxiliar na produção de sentido. leitor, a captar sua atenção” (Sato, 2002). Tais
Nesse contexto, Sato (2002) afirma que recursos – nos quais a narração está a serviço
da (in)formação – fizeram a fama e deram re-
“A narrativização permitia desenvolver os conhecimento a Realidade, assim como hoje
temas com foco na figura, na vida e na ação chama a atenção de leitores para nosso objeto
de cidadãos brasileiros anônimos: pescador, de estudo. A reportagem, como afirma Me-
pusher de plataforma da Petrobras, mãe-de- dina (1988), seria uma “narração noticiosa”.
-santo, investigador de polícia, viciado em Podemos situar – assim como também o
drogas – personagens que, conferidos de um faz Faro (1999) – a época mais marcante de

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Realidade entre os anos de 1966 e 1968. Foi menos de cinquenta páginas beiravam o risí-
nesse período que a publicação realizou suas vel. De “mais sofisticada”, a The New Yorker
mais instigantes reportagens e cumpriu seu já estava sendo considerada “o maior fiasco”
papel tanto de formador quanto de informa- editorial da América. Mas a publicação não
dor de uma sociedade em mutação. Ao abrir fechou as portas como muitos pensavam que
suas páginas para debater temas que nenhu- iria acontecer. Ross conseguiu financiamen-
ma outra publicação brasileira se dispunha tos para salvar sua revista, contratou uma
a encarar – e fazê-lo numa estilística até en- equipe de colaboradores de extrema quali-
tão inédita para uma revista de seu porte –, dade e conseguiu reverter o quadro inicial-
Realidade demarcou seu território de ação mente sombrio. “The New Yorker aprumou e
social. Essa ação, no entanto, teve seu ritmo começou a crescer. No fim da década [de 20],
desacelerado a partir de 1968. E não cabe aí já era um sucesso editorial e comercial, e não
o simplismo de apontar o AI-5 – e a censura seria abalada nem pela Depressão pós-estou-
prévia à imprensa e a hipertrofia do Estado ro da Bolsa, em 1929” (Castro, 2009, p. 292).
que advieram dele – como único responsável. O sucesso editorial no qual The New
O ato do general-presidente que ocupava o Yorker se transformou dura até hoje – a re-
Planalto naquele momento foi determinante, vista continua circulando semanalmente, 85
mas de várias formas Realidade foi vítima anos depois de seu lançamento, com uma
da própria sociedade mutante que permitiu tiragem de cerca de 500 mil exemplares se-
sua concepção: o público leitor desejava mais manais. E mesmo tendo perdido muito de seu
agilidade na propagação da informação, e charme das primeiras décadas devido a mu-
para tal o surgimento da semanal Veja, da danças administrativas e editoriais, continua
mesma Abril e no mesmo 1968, ajudou a sendo referência de classe, humor e excelen-
preencher uma lacuna e passou a dificultar te jornalismo. E muito copiada, mas nunca
a recepção de Realidade. A revista passou igualada. Para chegar a esse patamar, pri-
a se dedicar a edições especiais, temáticas, meiro Ross e, depois, seu sucessor, William
procurando um novo nicho no mercado edi- Shawn – este último o editor paradigmático
torial. Mas a decadência já havia começado da revista, responsável durante quatro dé-
e iria se acentuar, a partir de 1972, com a cadas por ler todos os textos da publicação
saída dos últimos jornalistas da primeira e garantir sua qualidade editorial, além de
fase da publicação. A Abril parou de in- inocular um tom mais incisivo de seriedade
vestir nela, e em 1976 Realidade saiu das jornalística –, contaram com nomes que vi-
bancas para entrar definitivamente no ima- riam a contribuir para a cultura e o jornalis-
ginário e na história da imprensa brasileira. mo americanos.
Muitos deles foram arregimentados num
THE NEW YORKER, primeiro momento na round table do hotel
UMA QUESTÃO nova-iorquino Algonquin, onde o criador
DE ESTILO da New Yorker e seus futuros colaborado-
res passavam horas conversando e bebendo.
Quando foi lançada, em fevereiro de Entre eles estavam Herman J. Manckiewicz
1925, The New Yorker já chegou às bancas (que em 1940 se celebrizaria como coautor
com uma fama – publicitária – que a prece- de Cidadão Kane, ao lado de Orson Welles),
dia: a de ser a “mais sofisticada revista que George S. Kaufman, Dorothy Parker e Ro-
os Estados Unidos veriam”. Seu idealizador bert Benchley. Seu principal crítico de litera-
e fundador, o jornalista Harold Ross, sonha- tura era Edmund Wilson – que também fazia
va alto. Mas em poucos meses após o lan- as vezes de repórter e publicaria na revista,
çamento quase caiu das nuvens: sua revista nos anos 50, uma grande reportagem sobre a
não vendia, não tinha anunciantes, seus tex- descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.
tos estavam longe de ser interessantes e suas Entre seus articulistas estavam E. B. White

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Criada em 1929,
The New Yorker
logo se traduziu
como texto elegante
e capas estilosas,
sem perder de
vista a densidade
jornalística
Fotos: divulgação

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textos

e A. J. Liebling, “que são considerados até rizados ao máximo. Tudo para ele era pauta,
hoje dois dos maiores jornalistas da história tudo poderia render boas matérias, mas eram
americana” (Piza, 2003, p. 23). principalmente os personagens anônimos,
O que talhou The New Yorker como prosaicos, que o atraíam. Bares decadentes,
exemplo de excelência editorial não foi ape- artistas de circo bizarros, mendigos, gen-
nas o fato de Harold Ross e Shawn sabe- te comum e pequena. Enfim, personagens
rem se cercar de profissionais de qualidade, de uma Nova York que vivia nas sombras.
mas principalmente uma visão muito clara Como aquele boêmio alucinado que desejava
para Ross do que deveria ser uma revista e escrever a “história oral da humanidade em
de como ela deveria ser editada para agra- 10 mil páginas” e que dizia falar a língua das
dar a um receptor cada vez mais exigente. gaivotas, sobre quem Mitchell escreveu dois
Apesar de lançar mão do humor e ironia em perfis seminais na New Yorker entre os anos
seus textos e ter nos cartuns uma de suas 40 e 50: “Professor Gaivota” e “O Segredo
marcas registradas, não se pode dizer que de Joe Gould”, que saíram reunidos em livro
a New Yorker seja uma revista “humorísti- no Brasil pela Companhia das Letras.
ca”. A revista sabia dosar o humor de suas Já John Hersey produziu para a New
páginas com reportagens de fôlego e sérias, Yorker, em 1946, aquela que foi considerada
além de abrir espaço para a ficção de nomes por estudiosos de vários países “a reportagem
como Hemingway, H. L. Mencken e Rebec- do século”: “Hiroshima”. Hersey havia sido
ca West. Isso fez sua justa fama e são os enviado por Ross para cobrir a porção da Se-
pontos de tangência que encontramos entre gunda Guerra Mundial que se desenrolava no
The New Yorker e piauí – a valorização do Pacífico. Quando os Estados Unidos lançaram
texto refinado, trafegando ao mesmo tem- a bomba atômica sobre Hiroshima, Ross pe-
po entre a objetividade da informação e a diu um relato ao seu repórter, não importando
subjetividade autoral, a ironia bem dosada e o espaço que precisasse para sua reportagem.
recursos de persuasão editorial para seduzir O editor queria um texto pormenorizando so-
determinado tipo de receptor, como textos bre o que era uma cidade ser devastada por
de ficção e cartuns. Não é coincidência que, uma bomba atômica. E Hersey a fez. “A ma-
todo mês, piauí publique pelo menos um tex- téria, intitulada ‘Hiroshima’, tomou a edição
to original da New Yorker. inteira do dia 31 de agosto de 1946 e mar-
Essa renovação e inquietação constan- cou a virada decisiva da New Yorker como
tes – assim como o comprometimento da uma revista ‘séria’” (Castro, 2009, p. 296).
revista com a grande reportagem – são per- Outra característica marcante da publi-
cebidas no trabalho desenvolvido por pelo cação, além de suas reportagens e seus arti-
menos dois jornalistas que marcaram época gos, era e continua sendo a qualidade de suas
na New Yorker: Joseph Mitchell e John Her- capas. Parafraseando o editor Caio Graco
sey, que sabiam como poucos trabalhar com Prado, que dirigiu a Editora Brasiliense nos
recursos do que viria a ser conhecido como anos 80, uma capa de revista deve funcionar
jornalismo literário. Ambos trabalharam na como um outdoor, atraindo a atenção do pú-
revista entre os anos 40 e 50 – dessa forma, blico mesmo em meio a um sem número de
antes do new journalism ser fundamentado outras publicações expostas numa banca de
por Truman Capote, Tom Wolfe e outros –, jornal. Foi exatamente essa ideia que levou
mas já tinham a percepção do que seria ne- à concepção das particularíssimas capas da
cessário para transformar uma reportagem New Yorker, elaboradas por artistas plásticos
em a reportagem. e designers como Peter Arno, Saul Steinberg
Tanto Mitchell quanto Hersey desponta- e Charles Addams – este último o criador da
ram na New Yorker graças a suas reportagens “Família Addams”. As capas da New Yorker
aprofundadas, nas quais a humanização e o sempre procuraram manter um tom – e com
olhar atento a todos os detalhes eram valo- isso conquistar a aceitação visual por par-

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te do receptor – de obras de arte, chegando cidadão urbano ao extremo, com classe, de
muitas delas a serem pirateadas para estam- centro-direita e interessado em boa leitura.
par camisetas e pôsteres. Piauí se apropriou de parte dessa con-
O que chama a atenção nelas é a com- cepção para elaborar suas capas que, se
pleta ausência de informação – seja visual apresentam chamadas para os textos inter-
ou textual – relativa às reportagens e artigos nos – diferentemente de sua fonte original –,
que compõem seu corpus editorial. Semioti- guardam a intenção explícita de manter a
camente, as capas da publicação não contêm ilustração de capa dissociada de qualquer
nenhuma informação, nem conotativa nem elemento editorial. Trata-se, então, de uma
denotativa – ela deve ser “lida” à parte. Por estética dialógica distinta com seu leitor/re-
determinação de Harold Ross desde seu pri- ceptor, em que a linguagem imagética emite
meiro número, elas não devem se referir a uma mensagem própria e independente do
nenhuma das matérias que a revista está pu- conteúdo interno da revista, reforçando a in-
blicando nem devem trazer chamadas desta- tenção de (re)conhecimento da capa – seu
cando este ou aquele texto. Deve-se observar invólucro atrativo – não pelas informações
apenas que elas contenham ilações referentes jornalísticas ali contidas, mas sim pela não
ao hipotético universo de seus leitores – um notícia e por seu valor icônico.

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