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Artigo Original

O LIXO COMO UM FATOR DE RISCO À SAÚDE PÚBLICA NA CIDADE


DE FORTALEZA, CEARÁ
GARBAGE AS A RISK FACTOR TO PUBLIC HEALTH IN THE CITY OF FORTALEZA, CEARÁ

LA BASURA COMO FACTOR DE RIESGO PARA LA SALUD PÚBLICA EN LA CIUDAD DE FORTALEZA, CEARÁ

Andressa Olivia da Silveira Gomes 1

Mônica de Oliveira Belém 2

Como Cit ar : RE SUMO


Gomes AOS, Belém MO. O lixo como O presente estudo objet ivou carac ter izar casos conf irmados de doenças
um fator de risco à saúde pública na relac ionadas ao lixo, e seu manejo, no munic ípio de For taleza, entre 2017 e
cidade de Fortaleza, Ceará. Sanare. 2018. Trata-se de um estudo ecológico, em que foi realizada busca nas bases
2022; 21(1):21-28. de dados do Sistema Nac ional de Agravos e Not if icações, da Prefeitura de
For taleza, Secretar ia Munic ipal de Urbanismo e Meio Ambiente, Secretar ia
Desc r itores :
Munic ipal de Saúde de For taleza e Marquise Ambiental. Por meio desses dados
De scargas a Céu Aber to ; Re síduos
Sólidos ; Doenças Transmissíveis ; Meio foram registradas prevalênc ias de doenças v inculadas, de forma direta ou
Ambiente ; Saúde Pública. indireta, quanto ao manejo de lixo. No estado do Ceará, são prevalentes as
doenças: leptospirose, dengue, tétano, Doença Transmit ida por Alimentos,
Desc r iptors :
Open Air Discharge s ; Solid Waste ;
Doença Diar reica Aguda e leishmaniose. A inc idênc ia média semanal dessas
Communicable Disease s ; Env ironment; doenças, referente às semanas epidemiológicas 52/2017 a 52/2018, mostrou
Public Health. aumento no número de casos, da ordem de 120 % para Leptospirose, 50 % para
Tétano, 200 % para Doença Transmit ida por Alimento e 5,2% para Leishmaniose.
Desc r iptores :
De scargas a Cielo Abier to ; Re siduos Em contrapar t ida, ver if icou-se diminuição de 99,9 % e de 21,3% para Dengue
Sólidos ; Enfer medade s Transmisible s ; e Doença Diar reica Aguda, respec t ivamente. Diante desses dados, é possível
Medio Ambiente ; Salud Pública. concluir que doenças transmissíveis relac ionadas direta ou indiretamente ao
lixo ainda são um grave problema de saúde pública na capital do Ceará.
Submet ido :
07/08/2021

Aprovado :
24/ 05/2022

Autor(a) par a Cor respondênc ia :


Mônica de Oliveira Belém
Centro Univer sitár io Chr istus
(UNICHRISTUS)
R. João Adolfo Gurgel, 133 - Cocó,
For tale za - CE 1. Biomédica. Pós-graduanda em Biomedicina Estética pela IAMP, participa de projetos de pesquisa na área de
CEP: 60190 -180 saúde pública. E-mail: andressasilveira.biomedicina@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6018-5455
e-mail : monica.belem @ unichr istus. 2. Biomédica. Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Foi analista de biologia
edu.br molecular da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ/CE), na Central de Diagnóstico de covid-19. Atua como docente de
nível superior na graduação e mestrado do Centro Universitário Christus. É Gestora de Pesquisa dos Programas de
Residência da Área Profissional e Multiprofissional da Escola de Saúde Pública do Ceará. E-mail: monica.belem@
unichristus.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2304-0748

Cer t . de Redação Cient íf ica : Central das Rev isõe s. Edição de te x to : Kar ina Mar ia M. Machado. Rev isão de provas : Te x to def init ivo validado pelos (as) autore s (as).

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ABS T R AC T
The present study aimed to charac ter ize conf irmed cases of garbage-related diseases, and their management, in
the c it y of For taleza, between 2017 and 2018. This is an ecological study, in which a search was car r ied out in the
databases of the Nat ional System of Injur ies and Not if icat ions (Sistema Nac ional de Agravos e Not if icações) of
the Cit y Hall of For taleza, Munic ipal Depar tment of Urbanism and Env ironment (Secretar ia Munic ipal de Urbanismo
e Meio Ambiente), Munic ipal Health Depar tment (Secretar ia Munic ipal de Saúde) of For taleza, and Marquise
Ambiental (Env ironmental Marquise). Through these data, the prevalence of diseases linked, direc tly or indirec tly,
to waste management were recorded. In the state of Ceará, the follow ing diseases are prevalent: Leptospirosis,
Dengue, Tetanus, Foodborne Disease, Acute Diar rheal Disease, and Leishmaniasis. The average weekly inc idence of
these diseases, refer r ing to epidemiological week s 52/2017 to 52/2018, showed an increase in the number of cases,
in the order of 120 % for Leptospirosis, 50 % for Tetanus, 200 % for Foodborne Disease, and 5.2 % for Leishmaniasis.
On the other hand, there was a decrease of 99.9 % and 21.3% for Dengue and Acute Diar rheal Disease, respec t ively.
Given these data, it was possible for us to conclude that communicable diseases related direc tly or indirec tly to
garbage are st ill a ser ious public health problem in the capital of Ceará.

RE SUMEN
El presente estudio objet ivó carac ter izar casos conf irmados de enfermedades relac ionadas a la basura, y su manejo,
en el munic ipio de For taleza, entre 2017 y 2018. Se trata de un estudio ecológico, en lo cual fue realizada búsqueda
en las bases de datos del Sistema Nac ional de Agrav ios y Not if icac iones, de la Alcaldía de For taleza, Depar tamento
Munic ipal de Urbanismo y Medio Ambiente, Depar tamento Munic ipal de Salud de For taleza y Marquesina Ambiental.
Por medio de esos datos fueron registrados prevalenc ias de enfermedades relac ionadas, de forma direc ta o indirec ta,
cuanto al manejo de basura. En el estado de Ceará, son predominantes las enfermedades: Leptospirosis, Dengue,
Tétano, Enfermedad Transmit ida por Alimentos, Enfermedad Diar reica Aguda y Leishmaniosis. La inc idenc ia media
semanal de esas enfermedades, referente a las semanas epidemiológicas 52/2017 a 52/2018, mostró aumento en
el número de casos, del orden de 120 % para Leptospirosis, 50 % para Tétano, 200 % para Enfermedad Transmit ida
por Alimento y 5,2% para Leishmaniosis. En contrapar t ida, se ver if icó disminuc ión de 99,9 % y de 21,3% para
Dengue y Enfermedad Diar reica Aguda, respec t ivamente. Frente a esos datos, es posible concluir que enfermedades
transmisibles relac ionadas direc ta o indirec tamente a la basura son todav ía un grave problema de salud pública
en la capital de Ceará.

INTRODUÇÃO O chor ume é um resíduo líquido for mado a par t ir da


decomposição de matér ia orgânica presente no lixo,
Os resíduos sólidos const ituem-se de todo cont amina a água e, consequentemente, a saúde de
mater ial der ivado das f unções diár ias da soc iedade. organismos v ivos, além de causar mau cheiro. E sses
Eles podem ser encont r ados nos est ados sólido, lixões causam sér ios danos ao meio ambiente e à
líquido e gasoso . Atualmente, os resíduos sólidos
1 saúde pública 3 .
conf igur am um dos maiores problemas ambient ais A produção desenf reada de resíduos sólidos
em todo o mundo. A cr iação de novas c idades e o nas c idades tor na-se um gr ande t r ans tor no par a
desenvolv imento das áreas urbanas vêm col abor ando a soc iedade urbana. O consumo de produtos e o
par a o aumento dos impac tos negat ivos ao meio inadequado descar te de resíduo sólido incor por a
ambiente . 2 uma lis t a de efeitos indesejáveis 4 . No Br asil ,
De acordo com uma pesquisa feit a pelo Ins t ituto espec ialmente nas áreas de baixa renda, o descar te
Br asileiro de Geogr af ia e E st at íst ica (IBGE) , em inapropr iado de lixo, a ir regul ar idade na colet a e
65% dos munic ípios br asileiros o lixo é descar t ado t r anspor te dos resíduos e a baixa qualidade das
de for ma indev ida, em locais sem nenhum cont role mor adias f azem par te de um mesmo cenár io 5 .
ambient al ou sanit ár io, conhec idos como lixões A f im de enf rent ar esses problemas, o Br asil
ou vaz adouros. Nesses ter renos, os resíduos implementou, em 2010, a Lei de Polít ica Nac ional
são deposit ados a céu aber to, sem qualquer de Resíduos Sólidos Br asileiros, que tem o objet ivo
cr itér io espec íf ico ou t r at amento dev ido do solo, de combater a poluição, buscando inovações
cor robor ando ainda com a modif icação da paisagem. tecnológicas e desenvolv imento sus tent ável . Deve

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ocor rer com base nos gerenc iamentos dos resíduos, ideais par a a sua reprodução. Alguns vetores como
com menor produção, bem como reut iliz ação, moscas, bar at as, mosquitos e r atos podem t r ansmit ir
rec icl agem, t r at amento e est r utur a ambient al doenças como a febre t ifoide, cóler a, amebíase,
compat ível par a os rejeitos ger ados . Em busca 6
disenter ia, giardíase, ascar idíase, leishmaniose,
de minimiz ar os impac tos causados pelos resíduos febre amarel a, dengue, mal ár ia, leptospirose, pes te
sólidos, é f undament al que a popul ação se envolva bubônica e tét ano 8 . Ref le xo disso é o regis t ro de
e inter aja, por meio de progr amas educat ivos que mais de 37 mil casos de leptospirose no Br asil , no
enf at izem os bons hábitos e a prevenção de danos ao per íodo de 2010 a 2019, com predomínio em adultos
meio ambiente. Visando enf rent ar esse problema, a de baixa escol ar idade das áreas urbanas das regiões
popul ação deve paut ar-se no consumo com base nos sul e sudes te do país 9 . Situação decor rente das
3R s (Reduz ir, Reut iliz ar, Rec icl ar) , ou seja, reduz ir o condições da saúde das colet iv idades popul ac ionais,
necessár io, reut iliz ar o má x imo possível e est imul ar como acesso ao saneamento básico, colet a de lixo,
a rec icl agem. Todas essas at itudes buscando v igil ânc ia epidemiológica bem es t r utur ada, educação
minimiz ar a produção desordenada de lixo . 7
em saúde e acesso aos ser v iços de saúde. Sendo, por
Dent re as for mas de dest ino do lixo, pode -se isso, urgente o cor reto manejo do lixo, sobretudo
c it ar a colet a selet iva, ater ro sanit ár io, reúso ou nos cent ros urbanos.
rec icl agem, compost agem, inc iner ação e unidades Dev ido às consequênc ias ger adas pelo lixo e
de segregação . A colet a selet iva, por separ ação
3
ao cresc imento popul ac ional desordenado nos
dos resíduos de acordo com sua const ituição ou gr andes cent ros urbanos, o aumento dos níveis de
composição, div ide resíduos rec icl áveis, secos consumo e a despreocupação com os resíduos sólidos
ou rejeitos, com car ac ter ís t icas semel hantes, vem causando caos ao meio ambiente e um gr ave
que podem ser separ ados pelo c idadão, empresa problema à saúde pública 3 . A c idade de For t alez a,
ou out r a inst ituição, e designados par a a colet a capit al do es t ado do Cear á, é a 5º maior do país,
separ adamente . A dist r ibuição desses resíduos deve
8
com 2.452.185 habit antes, de acordo com o IBGE
ser avaliada quant it at ivamente e qualit at ivamente, (2010) . For t alez a es t á div idida em sete Secret ar ias
a f im de est r utur ar mel hor o processo dessa colet a. E xecut ivas Regionais, que vão de I a V I, mais a
E sse processamento aceler a a própr ia rec icl agem. regional do cent ro (CerceFor) , compreendendo 199
Nesse sent ido, const ituem-se rec icl áveis secos os bair ros 10 .
met ais, papel , papel ão e diferentes t ipos de pl ás t icos No munic ípio de For t alez a, de acordo com os
e v idros. Já os rejeitos são aqueles elementos não últ imos dados atualiz ados do IBGE (2010) , a colet a dos
rec icl áveis, const ituídos pr inc ipalmente por resíduos resíduos sólidos vem crescendo, uma vez que 98,75%
de banheiros e out ros resíduos de limpez a . 9
dos domic ílios da c idade são atendidos pel a colet a
Rec icl ar tem o objet ivo de t r ansfor mar mater iais de lixo 11 . Porém, ainda assim, e x is tem problemas
usados em novos. E sse processo, além de preser var o rel ac ionados aos resíduos sólidos. Dest acam-se,
meio ambiente, t ambém ger a r iquez as. Dent re esses aqui, o cresc imento da popul ação urbana, o aumento
mater iais, os mais comumente rec icl ados são : v idro, da ger ação de resíduos produz idos diar iamente, a
alumínio, papel e pl ást ico. At r avés da rec icl agem cultur a dos descar t áveis e a pequena par t ic ipação
ocor re a diminuição da poluição do solo, da água e da popul ação na colet a selet iva e rec icl agem.
do ar. Muit as indúst r ias est ão rec icl ando matér ias, Por cont a desses problemas rel ac ionados aos
reduz indo, com isso, o custo de produção. Out ro resíduos sólidos em For t alez a, for am cr iadas vár ias
benef íc io da rec icl agem é a ger ação de emprego diret r izes de ações de combate ao lixo, como : mel hor ia
e o complemento da renda f amiliar. A rec icl agem da limpez a urbana, f iscal c idadão, Ecopontos,
é e x t remamente impor t ante não só par a reduz ir a rec icl agem, colet a selet iva, at iv idades de educação
e x t r ação de recur sos natur ais par a matér ias-pr imas ambient al , ent re out ros 12 . Todas essas diret r izes são
das indúst r ias, como t ambém ajuda a ameniz ar um e xecut adas pel a Prefeitur a de For t alez a, Secret ar ia
dos maiores problemas da atualidade : o lixo . 1
Munic ipal de Meio Ambiente e Cont role Urbano,
O lixo não só inter fere no meio ambiente, Secret ar ia Munic ipal de Finanças, Secret ar ias
mas t ambém na qualidade de v ida e na saúde das E xecut ivas Regionais, e out ros ser v iços prest ados
comunidades. O seu acúmulo tor na-se cr iadouro par a por empresas terceir iz adas, como Marquise, Cocace
vetores t r ansmissores de doenças, como roedores, e a Coopser v. A união dessas diret r izes e empresas
insetos e mosquitos, oferecendo ainda condições ajudam no gerenc iamento dos resíduos sólidos 13 .

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D iante dessa problemát ica, objet ivou-se analisar ao Sis tema Nac ional de Agr avos e Not if icações,
a prevalênc ia das doenças v incul adas ao lixo e o seu ident if icou-se que até a últ ima semana
manejo, no munic ípio de For t alez a, em um per íodo epidemiológica de dezembro de 2017 (52/2017) , e
ent re 2017 e 2018. mesmo per íodo de 2018 (57/2018) , a prevalênc ia de
doenças v incul adas diret a ou indiret amente pelo lixo
METODOLOGIA apresentou aumento de 120 % no número de casos de
leptospirose ; 50 % par a Tét ano ; 200 % par a Doença
Tr at a-se de um estudo ecológico, realiz ado por Tr ansmit ida por Alimento ; e 5,2% par a leishmaniose.
meio de busca de dados no Sistema Nac ional de Agr avos Em cont r apar t ida, houve diminuição de 99,9 % e
e Not if icações (SINAN) , nos dados da Prefeitur a de de 21,3% par a dengue e Doença D iar reica Aguda,
For t alez a, da Secret ar ia Munic ipal de Urbanismo e respec t ivamente. O Zika V ír us teve uma diminuição
Meio Ambiente (SEUMA) , da Secret ar ia Munic ipal de de 90 % , compar ada com o ano de 2018. Já par a a
Saúde de For t alez a e Marquise Ambient al . Chikungunya, a redução foi de 99 % , compar ando -se
No SINAN, for am analisadas as prevalênc ias de os dois per íodos.
doenças v incul adas, diret a ou indiret amente, ao lixo
no munic ípio de For t alez a, no per íodo ent re 2017 Tabel a 1. Doenças rel ac ionadas ao descar te indev ido
e 2018, sendo consider ado um ano epidemiológico do lixo, e sua prevalênc ia nos anos de 2017 e 2018,
completo (semana epidemiológica 52/2017 – semana na c idade de For t alez a, Cear á.
epidemiológica 52/2018) . For am incluídas apenas as Prevalênc ia ( /100.000 hab)
doenças com, pelo menos, um regis t ro de caso par a
o per íodo def inido. For am e xcluídas aquel as doenças Doenças Semana Epidemiológ ica
que, apesar de rel atos na liter atur a demons t r arem 52/2017 52/2018
ter rel ação diret a ou indiret a com o lixo, não
Leptospirose 15 33
apresent ar am regist ros dur ante o per íodo da busca.
Dengue 13.532 1.232
Os dados for am t abul ados no Microsof t Of f ice Excel ® ,
Zika V ír us 21 11
sendo apresent ada a prevalênc ia par a cada 100.000
Chikungunya 57.435 536
habit antes par a cada uma das doenças de interesse.
Nas páginas of ic iais da Prefeitur a de For t alez a, Tét ano 8 12

Secret ar ia Munic ipal de Urbanismo e Meio Ambiente DTA *


1 3
(SEUMA) , Secret ar ia Munic ipal de Saúde de For t alez a DDA ⸸ 37.405 29.419
e Marquise Ambient al , a f im de obter dados rel at ivos Leishmaniose 58 61
ao t ipo da colet a de lixo, for am analisadas a *
DTA : Doença Tr ansmit ida por alimentos. DDA :
f requênc ia de colet a de lixo no munic ípio, por Doença D iar reica Aguda.
regional de saúde, e a e x istênc ia e dist r ibuição dos Popul ação es t imada : 2.609.716 habit antes.
pontos de deposição e descar te de lixo rec icl ável em Fonte : Doenças de Not if icação Compul sór ia -
todo o ter r itór io da c idade. Not if icação referente às Semanas Epidemiológicas
For am, ainda, feitos regist ros fotogr áf icos, 52/2017 e 52/2018 14 .
valendo -se de câmer a digit al , de locais de deposição
ir regul ar de lixo em todas as regionais de saúde do Já no que diz respeito à colet a de lixo no munic ípio
ter r itór io de saúde, a f im de t r iangul ar a e x is tênc ia de For t alez a, foi possível ver if icar que essa ocor re
dos pontos de descar te de lixo rec icl ável , a colet a com f requênc ia em todos os bair ros. De acordo com
regul ar de lixo e a manutenção da pr át ica de cada regional de saúde, o caminhão do lixo tem
descar te ir regul ar de lixo no ter r itór io de For t alez a. o dia e o hor ár io prev is tos par a a passagem. A s
De todos esses regist ros, foi escol hida uma imagem infor mações dos bair ros e seus respec t ivos hor ár ios
represent at iva par a demonst r ar a situação do de colet a podem ser encont r adas em jor nais locais,
descar te de lixo em cada regional de saúde do bem como no site da própr ia empresa responsável
munic ípio de For t alez a. pelo ser v iço. Em média, são realiz adas t rês colet as
semanais em cada um dos bair ros.
RESULTADOS Além disso, For t alez a t ambém cont a com os
Ecopontos, locais des t inados ao descar te volunt ár io
A Tabel a 1 most r a que, por meio da busca de mater iais rec icl áveis. E sses pontos es t ão

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localiz ados em todas as regionais de saúde de For t alez a, com hor ár io de f unc ionamento de segunda a sábado,
ent re 8 e 12 hor as, e de 14 às 17 hor as 9 . A Tabel a 2 apresent a as infor mações sobre a dis t r ibuição semanal e
hor ár io est imado par a a colet a de lixo e o quant it at ivo de Ecopontos cadas t r ados nas regionais de saúde.

Tabel a 2. Colet a de lixo por dia, hor ár ios e Ecopontos com as suas respec t ivas regionais. For t alez a, Cear á.
Reg ional D ias Horár ios Ecopontos
I Terça, Quint a e Se x t a 19 : 00 hor as 11

II Segunda, Quar t a e Se x t a 19 : 00 hor as 9

III Segunda, Quar t a e se x t a 19 : 00 hor as 7

IV Terça, Quint a e Se x t a 19 : 00 hor as 6

V Terça, Quint a e Sábado 6 :20 hor as 12

VI Terça, Quint a e Sábado 6 :20 hor as 14


CENTROFOR Terça, Quint a e Sábado 19 : 00 hor as 2
Fonte : Marquise Ambient al 15 .

Apesar de na c idade de For t alez a haver 61 Ecopontos dis t r ibuídos em todas as regionais de saúde, e todas
essas regionais serem atendidas pel a colet a de lixo, ver if ica-se que ainda e x is te a pr át ica de descar te ir regul ar
de lixo, sobretudo em calçadas. A Figur a 1 apresent a regis t ro fotogr áf ico que ev idenc ia o descar te ir regul ar
de lixo em todas as regionais de saúde de For t alez a. C ada regional foi represent ada por um bair ro espec íf ico.

Figur a 1. Fotos represent at ivas de descar te ir regul ar de lixo nas regionais de saúde de For t alez a, Cear á.

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(A) Regional I: Avenida Tenente Lisboa – Próx imo ao 2) , par a 90 Ecopontos até o momento da publicação
número 1960, Bair ro C ar lito Pamplona. (B) Regional des te ar t igo 18 . Com isso pos to, é possível ev idenc iar
II: Avenida Sor iano Al buquerque – Próx imo ao Número a f alt a de infor mação e consc ient iz ação da popul ação
230, Bair ro Joaquim Távor a. (C) Regional III: Rua em rel ação ao descar te regul ar de lixo, bem como da
Gust avo Br aga, esquina com a Rua Gonçalves D ias, Colet a Munic ipal Urbana, e os Ecopontos 6 . O cuidado
Bair ro Rodolfo Teóf ilo. (D) Regional I V: Avenida com o meio ambiente depende de toda a popul ação 18 .
Jose Basto – Número 5285, Bair ro Demócr ito Rocha. O incent ivo às ações de educação ambient al é
(E) Regional V: Avenida G, próx imo à Avenida I – processo f undament al par a o enf rent amento desse
Conjunto José Walter. (F ) Regional V I: Rua Manuel problema, pois, por meio de ser v iços educat ivos, é
C astelo Br anco – Número 619, Messejana. possível incent ivar a popul ação a conhecer e f azer
Fonte : Acer vo pessoal . adequadamente a par te del a 19 .
Com es te t r abal ho, almejamos ev idenc iar
DISCUSSÃO a necessidade de mais ações que es t imulem a
consc ient iz ação da popul ação e o sent imento de
No estudo da prevalênc ia das doenças v incul adas per tenc imento ao espaço da c idade como um espaço
ao lixo no est ado do Cear á, for am pr ior iz ados os dados colet ivo de v ivênc ia, ao mesmo tempo que se esper a
das doenças : leptospirose, dengue, tét ano, Doença maior engajamento do poder público, na busca por
Tr ansmit ida por Alimentos, Doença D iar reica Aguda soluções mais e xequíveis e que v isem à solução dos
e leishmaniose, pois apenas essas são prevalentes problemas ambient ais e o lixo. Por inter médio de
no est ado. É impor t ante ressalt ar que t ais doenças projetos educac ionais es t imul ando a mudança de
ainda ger am prejuízos econômicos. Em pesquisa hábitos, demos t r ando for mas pr át icas par a o descar te
divulgada pelo Inst ituto Tr at a Br asil , obser va-se de lixo cor ret amente, como separ ar os lixos seco
que os dias de af ast amento do t r abal ho de pessoas e úmido, a ut iliz ação dos 3R s (rec icl ar-reut iliz ar-
com diar reia ger am, anualmente, um prejuízo de reduz ir) , colet a selet iva, dias e hor ár ios cer tos par a
17,5 mil hões de reais. Enquanto o número médio de descar te dev ido de lixo e uso e impor t ânc ia dos
inter nações anuais por infecções gast r intes t inais Ecopontos. Tais at itudes col abor ar iam na redução da
f ica na casa de 340.000 por ano, ger ando um cus to quant idade de lixo acumul ado e menor inc idênc ia de
com hospit aliz ações e inter nações, apenas par a o doenças veicul adas a esses resíduos.
Sistema Único de Saúde, em tor no dos 125 mil hões
de reais 16 . CONCLUSÃO
Os descar tes ir regul ares de lixo realiz ados pelos
mor adores prejudicam t anto o meio ambiente como Pode -se concluir, assim, que e x is tem diver sos
a saúde pública. A Prefeitur a de For t alez a, ainda na recur sos par a o manejo dos resíduos sólidos, como
tent at iva de coibir t al pr át ica, est abelece uma mult a a colet a selet iva, ater ros sanit ár ios, a ut iliz ação
mínima diár ia no valor de R $ 389,39 àqueles que dos 3R s, compost agem, inc iner ação, ester iliz ação,
forem f l agr ados realiz ando algum t ipo de descar te .17
ater ro cont rol ado e lixões. Porém a f alt a de
Porém a f alt a de f iscaliz ação dif icult a t al ação. É infor mação da popul ação sobre o descar te de lixo
impor t ante ressalt ar que a Prefeitur a de For t alez a em locais inadequados ainda é um gr ande problema,
adotou um progr ama de incent ivo ao descar te de lixo t anto ambient al como de saúde pública, uma vez
rec icl ado nos Ecopontos. Por meio desse progr ama, que col abor a par a a alt a prevalênc ia de doenças
as pessoas recebem desconto na cont a de energia, v incul adas ao lixo 20 .
pel a t roca de resíduos rec icl áveis. Par a conseguir Além disso, apesar de a ges t ão munic ipal de
esse desconto, bast a o c idadão ir ao Ecoponto mais For t alez a ter inves t ido, ao longo dos últ imos anos,
próx imo e receber o Car tão Rec icla For taleza. Feito em es t r atégias de contenção do descar te ir regul ar
isso, bast a separ ar os resíduos rec icl áveis e levá-los de lixo com a ins t al ação de Ecopontos em todas as
até o Ecoponto par a a pesagem . 17
regionais de saúde, o incent ivo f inanceiro par a a
É mister ainda salient ar que o ter r itór io de ut iliz ação desses espaços, e de oferecer, mediante
For t alez a impl antou, ent re os anos de 2019 e maio de pagamento de impos tos públicos, a colet a regul ar
2022, mais 29 espaços de descar te de lixo rec icl ável , de lixo t rês vezes na semana em todo o ter r itór io
contempl ando todas as regionais de saúde. A ssim, o munic ipal segundo calendár io público public iz ado,
munic ípio passou de 61 Ecopontos, em 2019 ( Tabel a ainda é carente o inves t imento em ações de

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educação em manejo do lixo, que opor tunizem 4. Ar aújo KK, P imentel AK. A problemát ica do
o mel hor uso desses recur sos, e assim coíbam a descar te ir regul ar dos resíduos sólidos urbanos nos
bair ros Vergel do L ago e Jat iúca em Maceió, Al agoas.
pr át ica recor rente do descar te ir regul ar de lixo.
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Soma-se a isso a impor t ânc ia da consc ient iz ação
da popul ação par a compreender a necessidade da 5. Gouveia N. Resíduos sólidos urbanos : impac tos
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for ma recor rente com os prejuízos e desdobr amentos sc ielo.br/sc ielo.php ?sc r ipt = sc i _%20ar t te x t & pid
negat ivos do descar te ir regul ar de lixo nas c idades. = S1413- 812320120 0 0 6 0 0 014 & l n g = e n & nr m = is o & t l n
g = pt
É impor t ante ainda pontuar que este estudo teve
como limit ação apenas most r ar um recor te tempor al
6. C ardoso FC I, C ardoso JC. O problema do lixo e
diminuto das consequênc ias sanit ár ias do lixo, bem algumas per spec t ivas par a redução de impac tos.
como limitou-se a dados públicos já public iz ados que Ciênc Cultur a [Inter net] . 2016 Dec 1 [c ited 2021
podem não revel ar a realidade atual do munic ípio e Aug 20]; 68 (4) :25-9. Avail able f rom : ht tp ://
c ienc iaecultura.bvs.br/sc ielo.php?pid = S0009-
indiv idual dos gr upos popul ac ionais do ter r itór io,
67252016000400010 & scr ipt= sci_%20ar t te
dev ido à f al ác ia ecológica, inerente a todo es tudo x t & tlng = en
do t ipo ecológico. A f im de mit igar esses aspec tos,
sugere -se que novos es tudos sejam realiz ados, 7. Fundação Nac ional de Saúde. Lixo e saúde :
com uma abordagem indiv idual , opor tuniz ando a aprenda a cuidar cor ret amente do lixo e descubr a
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Andressa Oliv ia da Silveira Gomes cont r ibuiu cat adores-de-mater iais-rec icl aveis/rec icl agem-e-
com o delineamento e a realiz ação da pesquisa e a reaproveit amento
redação do manuscr ito. Mônica de Oliveira Belém
cont r ibuiu com o delineamento da pesquisa e a 9. Oliveir a EH, Hol anda EC, Andr ade SM, Cos t a
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rev isão cr ít ica do manuscr ito.
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20. Silva CHC, Mesquit a IB. Análise da implement ação


da Lei n.º 12.305/2010 pel a Prefeitur a de
For t alez a como inst r umento de inclusão soc ial
e reconhec imento prof issional dos cat adores de
resíduos rec icl áveis. C ader nos do Obser vatór io :
Polít icas Públicas par a Cidades [Inter net] .
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d-f il e/documentById? id = 74 4191df-535c- 458b -8366 -
f fde7462645b

28 - SANARE (Sobral, Online). 2022 Jan- Jun; 21(1):21-28

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