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Artigo Original ISSN : 1676 - 8019 - ISSNe : 2317-7748

EPIDEMIOLOGIA E POSSÍVEIS INTERVENÇÕES PARA AS HEPATITES


VIRAIS EM JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS
EPIDEMIOLOGY AND POSSIBLE INTERVENTIONS FOR VIRAL HEPATITIS IN JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS
EPIDEMIOLOGÍA Y POSIBLES INTERVENCIONES PARA LAS HEPATITIS VIRALES EN JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS

Laura Paranhos Couto da Costa 1

João Paulo Moreira Fernandes 2

Nikolas Lisboa Coda Dias 3

Letícia Martins Okada 4

Stefan Vilges de Oliveira 5

Como Cit ar :
Costa LPC , Fer nande s JPM, Dias NLC , Okada RE SUMO
LM, Oliveira SV. Epidemiolog ia e possíveis Delinear o per f il epidemiológico das hepat ites A, B e C, em Juiz de
inter vençõe s para as hepat ite s v irais Fora, Minas Gerais, no per íodo de 2011 a 2020, e propor inter venções
em Juiz de Fora, Minas Gerais. Sanare.
para prevenir e reduzir os casos. Trata-se de um estudo epidemiológico
2022; 21(2): 42-52.
transversal descr it ivo, com análise quant itat iva de casos de hepat ites
Desc r itores : v irais de Juiz de Fora, obt idos no Sistema de Informação de Agravos
Hepat ite Viral Humana ; Estudos
de Not if icação. Poster iormente, realizou-se uma rev isão integrat iva
Epidemiológ icos ; Prevenção de Doenças ;
Estudos de Inter venção ; Controle de Doenças
para subsidiar o desenvolv imento das propostas de inter venção. Após
Transmissíveis. o levantamento, obser vou-se predominânc ia do se xo masculino em
todas as hepat ites e da hepat ite C, com 78,8 % dos casos. Ev idenc iou-
Desc r iptors :
se predominânc ia de transmissão v ia alimentos contaminados para a
Human Viral Hepat it is ; Epidemiolog ical
Studie s ; Disease Prevent ion ; Inter vent ion hepat ite A, com 74,29 % dos casos, e das v ias brancas e ignoradas para as
Studie s ; Communicable Disease Control. hepat ites B e C, seguidas pela v ia se xual, com 21,38 % , e transfusional,
com 20,75% , respec t ivamente. Após rev isão integrat iva, foram obt idos
Desc r iptores :
sete ar t igos sobre vac inação e abordagens educac ionais. Ev idenc iando -
Hepat it is Viral Humana ; Estudios
Epidemiológ icos ; Prevenc ión de se a alta inc idênc ia de hepat ites v irais em Juiz de Fora, é relevante
Enfer medade s ; Estudios de Inter venc ión ; aplicar inter venções envolvendo vac inação, ações educat ivas em saúde
Control de Enfer medade s Transmisible s
e a capac itação de prof issionais da Saúde, com o intuito de prevenir e

Submet ido :
reduzir os casos dessas doenças no munic ípio.
09/08/2022

Aprovado :
06/12/2022

Autor(a) par a Cor respondênc ia : 1. Discente do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas
Stefan Vilge s de Oliveira Gerais, Brasil. E-mail: lauraparanhos30@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1154-6781
Depar t. de Saúde Colet iva da Faculd. 2. Discente do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas

de Medic ina, Univer sidade Federal de Gerais, Brasil. E-mail: joaopaulomoreira2012@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6284-9358
3. Discente do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas
Uberlândia. Campus Umuarama,
Gerais, Brasil. E-mail: nikolaslisboa@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0848-0195
Bloco 2U, Sala 8, Av. Pará, 1720, Bair ro
4. Docente do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina, Universidade Federal de
Umuarama,Uberlândia – MG, CEP: 38400 -902.
Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. E-mail: leticia_okada@yahoo.com.br. ORCID: https://orcid.
Telefone :(34)3225 - 8604,Ramal : 8273.
org/0000-0001-7947-2112
E-mail : stefan @ ufu.br 5. Docente do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. E-mail: stefan@ufu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5493-2765

Cer t . de Redação Cient íf ica : Central das Rev isõe s. Edição de te x to : Kar ina Mar ia M. Machado. Rev isão de provas : Te x to def init ivo validado pelos (as) autore s (as).

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ABS T R AC T
To outline the epidemiological prof ile of hepat it is A, B, and C in Juiz de Fora, Minas Gerais, f rom 2011 to 2020,
and propose inter vent ions to prevent and reduce cases. This is a descr ipt ive cross-sec t ional epidemiological study,
w ith a quant itat ive analysis of cases of v iral hepat it is in Juiz de Fora, obtained f rom the Not if iable Diseases
Informat ion System (Sistema de Informação de Agravos de Not if icação, SINAN). Subsequently, an integrat ive
rev iew was car r ied out to suppor t the development of inter vent ion proposal s. Af ter the sur vey, there was a
predominance of males in all t ypes of hepat it is and of hepat it is C w ith 78.8 % of cases. There was a predominance
of transmission v ia contaminated food for hepat it is A, represent ing 74.29 % of cases, and of white and ignored
routes for hepat it is B and C, followed by se xual transmission represent ing 21.38 % and transmission through
transfusion represent ing 20.75% . Af ter the integrat ive rev iew, seven ar t icles on vacc inat ion and educat ional
approaches were obtained. Before ev idences of the high inc idence of v iral hepat it is in Juiz de Fora, it is relevant
to apply inter vent ions involv ing vacc inat ion, educat ional health ac t ions and the training for health professional s,
aiming to prevente and reduce cases of these diseases in the munic ipalit y.

RE SUMEN
Delinear el per f il epidemiológico de las hepat it is A, B y C en Juiz de Fora, Minas Gerais, en el per iodo de 2011 a
2020, y proponer inter venc iones para prevenir y reduc ir los casos. Se trata de un estudio epidemiológico transversal
descr ipt ivo, con análisis cuant itat ivo de casos de hepat it is v irales de Juiz de Fora, obtenidos en el SINAN.
Poster iormente, se realizó una rev isión integrat iva para subsidiar el desar rollo de las propuestas de inter venc ión.
Después del levantamiento, se obser vó la predominanc ia del se xo masculino en todas las hepat it is y de la hepat it is
C con 78,8 % de los casos. Se ev idenc ió predominanc ia de transmisión a través de alimentos contaminados para
la hepat it is A, con 74,29 % de los casos, y de las v ías blancas e ignoradas para las hepat it is B y C, seguidas por
la v ía se xual con 21,38 % y transfusional con 20, 75% . Después de la rev isión integrat iva, fueron obtenidos siete
ar t ículos sobre vacunac ión y abordajes educac ionales. Ev idenc iándose la alta inc idenc ia de hepat it is v irales em
Juiz de Fora, es relevante aplicar inter venc iones involucrando vacunac ión, acc iones educat ivas en salud y la
capac itac ión de profesionales de salud con el objet ivo de prevenir y reduc ir los casos de esas enfermedades en el
munic ipio.

INTRODUÇÃO Nac ional de Vac inação 3 . A hepat ite B é uma doença


que pode ser aguda ou crônica e se apresent a de
Infecções inf l amatór ias hepát icas v ir ais que var iadas for mas clínicas, desde assintomát ica até a
afet am o f ígado possuem gr ande impor t ânc ia par a for ma ic tér ica e a hepat ite f ulminante 1 e t ambém
a humanidade, uma vez que podem levar a alt as possui vac ina 3 . A sua cronif icação pode levar ao
t a xas de mor t alidade e morbidade em indiv íduos aparec imento da c ir rose hepát ica e do carc inoma
com infecções agudas ou cronicamente infec t ados 1 . hepatocelul ar 4 e suas for mas de t r ansmissão mais
Atualmente, sabe -se que os v ír us A, B, C, D e E são os prevalentes são : v ia se xual , t r ansmissão ver t ical e
mais prevalentes rel ac ionados às hepat ites v ir ais 1 . v ia t r ansf usional 5 . Já a hepat ite C é t r ansmit ida,
Apesar de muitos casos serem assintomát icos, pr inc ipalmente, por meio do uso de drogas injet áveis
a f r aquez a, náusea, vômitos, dor no hipocôndr io e t r ansf usões sanguíneas. A s infecções por hepat ite
direito, ic ter íc ia, colúr ia e acolia fecal são sinais B e C podem ser crônicas e assintomát icas por muitos
e sintomas que podem se manifest ar 2 . Os achados anos.
l abor ator iais mais prevalentes são o aumento Segundo o bolet im epidemiológico de hepat ites
das enz imas t r ansaminases (ALT e AST) e a v ir ais do Minis tér io da Saúde, no per íodo ent re 2000
hiperbilir r ubinemia diret a 1 . e 2021, no es t ado de Minas Ger ais, nesse mesmo
A hepat ite A possui v ia de t r ansmissão per íodo, respec t ivamente, houve 11.606, 14.588
predominantemente or al-fecal , a par t ir de água e 14.429 casos e 106, 1.412 e 3.119 óbitos pel as
e alimentos cont aminados 2 , é uma doença aguda hepat ites A, B e C 5 . Logo, tor nam-se necessár ias
autolimit ada que r ar amente leva a complicações medidas de prevenção, detecção precoce e inter venção
sever as 2 e possui vac inação prev ist a no C alendár io par a as hepat ites v ir ais. Desse modo, o objet ivo do

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presente estudo foi delinear o per f il epidemiológico anuais dos casos de hepat ites, os casos conf ir mados
das hepat ites v ir ais A, B e C no munic ípio de Juiz for am div ididos pel as popul ações residentes,
de For a, Minas Ger ais, no per íodo de 2011 a 2020, e que for am for nec idas pel as es t imat ivas do IBGE,
ev idenc iar potenc iais propost as de inter venção na e mult iplicados por 100 mil habit antes. Já as
liter atur a par a prevenir a t r ansmissão e diminuir os f requênc ias rel at ivas for am es t imadas pel a div isão
casos da doença. do número de casos pelo tot al de casos do per íodo
analisado e for am t r ansfor madas em unidades
MATERIAL E MÉTODOS percentuais.
Pelo Microsof t E xcel , ut iliz ar am-se somas,
E ste é um estudo epidemiológico t r ansver sal médias e var iações percentuais par a análise dos
descr it ivo, que avaliou os casos de hepat ites v ir ais dados ; e, par a mel hor apresent ação dos dados, for am
no munic ípio mineiro de Juiz de For a, no per íodo cons t r uídos uma t abel a e um gr áf ico. O gr áf ico foi
de 1º de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2020. ut iliz ado par a represent ar os casos e as inc idênc ias
Confor me o Ins t ituto Br asileiro de Geogr af ia e munic ipais. A t abel a foi ut iliz ada par a apresent ar
E st at íst ica (IBGE) , possui uma área ter r itor ial de as f requênc ias rel at ivas dos valores rel ac ionados às
1.435.749 km e uma popul ação est imada de 577.532
2
infor mações sobre demogr af ia, for ma et iológica e
habit antes 6 . per f il clínico da doença.
Par a analisar os casos, foi realiz ada uma colet a Poster ior mente, par a responder à pergunt a
de dados secundár ios no Sistema de Infor mação “Quais são as medidas de inter venção que podem ser
de Agr avos de Not if icação (SINAN) , por meio da aplicadas par a reduz ir a inc idênc ia e a t r ansmissão
pl at afor ma TABNE T do Depar t amento de Infor mát ica de hepat ites v ir ais A, B e C em Juiz de For a? ”,
do Sistema Único de Saúde (DATA SUS) , em jul ho de realizou-se uma rev isão integr at iva da liter atur a.
2022. A es t r atégia de busca foi a ut iliz ação de sint a xes
For am selec ionados todos os 866 casos de buscas nas bases Sc ient if ic Elec t ronic Libr ar y
conf ir mados de hepat ites v ir ais ocor r idas por Online (Sc iELO) e Liter atur a L at ino -Amer icana e do
munic ípio de not if icação e de residênc ia no per íodo C ar ibe em Ciênc ias da Saúde (L IL AC S) , consult adas
analisado. Desse tot al , for am e xcluídos 21 casos pel a últ ima vez em 22 de agos to de 2022. Recur sos
de hepat ites que es t avam cl assif icadas como “A + de pesquisa avançada e f ilt ros presentes nessas
B”, “A + C”, “B + C”, “B + D”, “E”, ignor ado ou em pl at afor mas for am ut iliz ados par a marcar os ar t igos
br anco, dev ido à insuf ic iênc ia dos dados for nec idos. escr itos em língua por tuguesa e inglesa, publicados
Por t anto, apenas for am analisados os casos que dur ante 2012 a 2022. Não foi ut iliz ada fer r ament a
for am cl assif icados nas for mas et iológicas A, B e C. de apoio na t r iagem do ar t igo. A s sint a xes de busca
Na f icha de not if icação do SINAN, os casos for am descr itores no DEC S e no ME SH, t anto simples
conf ir mados são def inidos pelos indiv íduos que e compos tos, e digit ados sem aspas e parênteses
apresentem marcadores de ant icor pos e ant ígenos (Quadro 1) .
reagentes, mater ial genét ico v ir al detec t ado por Out rossim, aplicar am-se f atores de inclusão
e xames de biologia molecul ar e que possuam menções e e xclusão que for am ut iliz ados par a a seleção de
de hepat ites v ir ais nas decl ar ações de óbitos ou após ar t igos que abordassem medidas inter venc ionist as
invest igação do óbito por hepat ite sem et iologia par a a redução da t r ansmissão e dos casos de
espec íf ica. hepat ites v ir ais, usados na el abor ação das propos t as
Colet ar am-se os seguintes dados do munic ípio : de inter venção. Os cr itér ios de inclusão dos ar t igos
1. Números tot ais de casos conf ir mados e for am os es tudos que abordassem a temát ica de
cl assif icados nas for mas et iológicas A, B e C; hepat ites v ir ais, de modo indiv idual ou assoc iado a
2. Se xo dos casos conf ir mados ; out r as doenças, aqueles que cont inham os descr itores
3. Faixa et ár ia dos casos conf ir mados ; apresent ados no Quadro 1 e es tudos que descrevessem
4. Raça dos casos conf ir mados ; propos t as de inter venção ou análise de result ados
5. For ma ou mecanismo de t r ansmissão dos casos de inter venção realiz ados anter ior mente. Por sua
conf ir mados ; vez, os cr itér ios de e xclusão dos ar t igos for am os
6. For ma clínica dos casos conf ir mados ; ar t igos com duplic idade na mesma ou em diferentes
Realizou-se uma análise e xplor atór ia quant it at iva bases de dados, os es tudos de rev isão sis temát ica
dos dados. Par a calcul ar as inc idênc ias munic ipais ou nar r at iva da liter atur a, rel atos de caso, met a-

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análises e duplicat as, os ar t igos que não abordassem hepat ites e ar t igos de pesquisas que não apresent ar am ou
aplicar am medidas inter venc ionist as par a as hepat ites. A Figur a 1 apresent a as et apas do processo de seleção
dos ar t igos, inic iado pel a ident if icação do número tot al de ar t igos nas bases de dados. Poster ior mente, for am
aplicados os f atores de e xclusão nas f ases de t r iagem e elegibilidade par a ret ir ar os ar t igos inadequados que
não cont inham as infor mações essenc iais par a a el abor ação das propos t as de inter venção.

Quadro 1 – Bases de dados e sint a xes de busca ut iliz adas par a el abor ação da propos t a de inter venção.
Bases de dados Sinta xes de busca
Hepat it is, Viral, Human AND Disease Prevent ion
Hepat it is, Viral, Human AND Inter vent ion Studies
L IL AC S
Hepat it is, Viral, Human AND Inter vent ion
Studies AND Disease Prevent ion
Hepat ites v irais AND prevenção AND inter venção;
Sc iELO Hepat it is AND Inter vent ion; Hepat it is AND
Prevent ion
Fonte : El abor ação própr ia.

Figura 1 – Bases de dados e o f lu xogr ama do processo de seleção, elegibilidade e inclusão de ar t igos ut iliz ados
na el abor ação da propost a de inter venção.

Fonte : El abor ação própr ia.

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E ste estudo dispensa a submissão ao Comitê de Ét ica em Pesquisa, v is to que ut iliz a dados secundár ios, não
possibilit ando a ident if icação nominal dos sujeitos da pesquisa e respeit ando as nor mas de ét ica do Br asil .

RESULTADOS
Dur ante o per íodo de 2011 a 2020, no munic ípio de Juiz de For a, foi regis t r ado um valor tot al de 8 45
casos conf ir mados de hepat ites v ir ais, dos quais 4,14% , 17,16% e 78,70 % for am, respec t ivamente, das for mas
et iológicas A, B e C.
A s hepat ites A, B e C apresent ar am, nest a ordem, inc idênc ias anuais médias de 0,63, 2,62 e 12,01 casos
a cada 100 mil habit antes. Na Figur a 2, not a-se que a hepat ite v ir al acomet ida pelo v ír us C apresentou os
maiores números de casos e as maiores t a xas de inc idênc ia em todo o per íodo analisado, pr inc ipalmente no
ano de 2016, que apresentou um tot al de 104 casos e uma inc idênc ia de 18,74 casos por 100.000 habit antes,
sendo que esse últ imo valor represent a um aumento de 56,03% em rel ação à média anual .
Já a hepat ite A, em 2018, e a hepat ite B, em 2015, apresent ar am os maiores números, que for am, nes t a
ordem, de 13 e 20 casos, e as maiores inc idênc ias : 2,30 e 3,63 casos por 100.000 habit antes (Figur a 2) ,
que est ão represent ando, respec t ivamente, aumentos de 265% e 38,54% em compar ação às médias de suas
inc idênc ias. Ademais, percebeu-se que as hepat ites A, B e C apresent ar am, respec t ivamente, inc idênc ias de
0,17, 0,87 e 5,58 casos a cada 100.000 habit antes em 2020, os quais represent am diminuição de 72,38 % ,
66,72% e 53,52% em compar ação às suas inc idênc ias médias.

Figura 2 – Número de casos e t a xas de inc idênc ia anuais de hepat ites v ir ais, cl assif icados pel a for ma et iológica
A, B e C, ocor r idos no munic ípio mineiro de Juiz de For a, MG, Br asil , dur ante o per íodo de 2011 a 2020.

Fonte : El abor ação própr ia.

A Tabel a 1 mos t r a o tot al de casos par a cada for ma et iológica dis t r ibuída segundo o se xo, a f aixa et ár ia, a
r aça, a fonte de t r ansmissão e a for ma clínica. A par t ir dessa t abel a, par a todas as for mas et iológicas, not a-se
que há maior f requênc ia de casos de indiv íduos do se xo masculino e da r aça br anca. Par a as for mas et iológicas
A e B, a maior f requênc ia dos casos ocor reu nas f aixas et ár ias de 20 a 39 anos, enquanto na hepat ite C a
maior ia dos casos ocor reu na f aixa et ár ia de 40 a 59 anos. A for ma clínica de hepat ite aguda predominou par a

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a hepat ite A, enquanto a for ma clínica de hepat ite


Tr ansf usional 0,00 5,52 20,75
crônica ou por t ador de hepat ite for am as mais
Uso de drogas
f requentes nas demais for mas v ir ais. 0,00 6,21 18,20
injet áveis
Além disso, ev idenc ia-se que na hepat ite A houve
Ver t ical 0,00 0,69 0,45
predominânc ia da t r ansmissão por água e alimentos
Ac idente de t r abal ho 0,00 0,000 0,60
cont aminados (Tabel a 1) . Nas demais hepat ites,
obser vou-se f requênc ia maior de casos que for am Hemodiálise 0,00 0,69 0,00
categor iz ados como ignor ados ou deixados em Domic iliar 0,00 0,00 0,15
br anco na f icha de not if icação do SINAN. Após essa Tr at amento c ir úrgico 0,00 7,59 6,77
categor ia, ev idenc ia-se que as segundas maiores Tr at amento dent ár io 0,00 6,21 3,01
f requênc ias de casos for am t r ansmit idas por v ia Pessoa/pessoa 0,00 0,00 0,15
se xual , na hepat ite B, e por v ia t r ansf usional , na
Alimento/água 74,29 0,00 0,00
hepat ite C (Tabel a 1) .
Out ros 0,00 0,69 1,50

Tabela 1 – Per f il epidemiológico dos casos de For ma Clínica


hepat ites v ir ais, cl assif icados pel a for ma et iológica Ignor ado 0,00 1,38 0,60
A, B e C, ocor r idos no munic ípio mineiro de Juiz de Hepat ite Aguda 94,29 17,93 1,80
For a, Br asil , consider ando o se xo, a f aixa et ár ia, a Hepat ite Crônica/
5,71 78,62 97,14
r aça e a for ma de t r ansmissão da hepat ite e a for ma Por t ador
clínica, dur ante o per íodo de 2011 a 2020. Hepat ite Fulminante 0,00 0,69 0,30
Frequênc ia relat iva (%) Inconclusivo 0,00 1,38 0,15
For ma Et iológ ica Vírus A Vírus B Vír us C Tot al 35 145 665
Sexo Fonte : El abor ação própr ia.
Masculino 65,71 59,31 53,98
Feminino 34,29 40,69 46,02 Após a realiz ação da rev isão integr at iva da
liter atur a, for am selec ionados sete ar t igos que se
Faixa et ár ia
adequar am à temát ica analisada, os quais for am
Menor que 1 Ano 0.00 0,00 0,45
ut iliz ados par a a cons t r ução das propos t as de
1 a 4 5,71 0,00 0,15 inter venção (Quadro 2) . Nessas propos t as, obser vou-
5 a 9 5,71 0,00 0,00 se predominânc ia de realiz ação de vac inação, tes tes
10 a 14 8,57 0,00 0,15 sorológicos par a detecção de e xposição v ir al e
15 a 19 5,71 2,07 0,75 aplicação de abordagens educac ionais v isando à
20 a 39 51,43 40,00 14,89 prevenção e redução da t r ansmissão de hepat ites
v ir ais.
40 a 59 17,14 39,31 58,2
60 a 64 2,86 6,9 10,53
65 a 69 0,00 7,59 7,22
70 a 79 2,86 3,45 6,02
80 ou mais 0,00 0,69 1,65
Raça
Ignor ado/Br anco 14,29 7,59 6,92
Br anca 42,86 46,21 60,9
Pret a 11,43 18,62 11,28
Amarel a 0,00 3,45 0,60
Parda 31,43 23,45 20,3
Indígena 0,00 0,69 0,00
Mecanismos de t ransmissão
Ignor ado 22,86 51,03 33,98
Se xual 2,86 21,38 14,4 4

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Quadro 2 – Det al hamento das inter venções ev idenc iadas na liter atur a par a a redução de casos das hepat ites
A, B e C. Juiz de For a, Br asil , 2022.

Propos t a de Local da Referênc ia


Recursos necessár ios Result ados esperados
inter venção inter venção bibliográf ica
Vac inação cont r a Aumento da
Recur sos humanos
a hepat ite A e imunidade, ampliação
capac it ados, vac inas,
realiz ação de do r as t reamento Pr imaver a do
testes r ápidos,
tes tes sorológicos sorológico, prevenção Leste, Mato Br ito et al .
equipamentos par a
par a avaliação da e redução dos casos Grosso
colet a de sangue e
respost a imune de hepat ite A na
testes sorológicos.
cont r a o v ír us. popul ação.
Vac inação cont r a Recur sos humanos Aumento da Munic ípios do Pudelco et al .
a hepat ite B e capac it ados, vac inas, imunidade, ampliação es t ado do Par aná, Soares et al .
realiz ação de testes r ápidos, do r as t reamento na c idade de Moghadami
tes tes sorológicos equipamentos par a sorológico, prevenção Montes Cl aros, et al .
par a avaliação da colet a de sangue e e redução dos casos Minas Ger ais e
respost a imune testes sorológicos. de hepat ite B na c idades do Ir ã
cont r a o v ír us. popul ação.
Palest r as e rodas Recur sos humanos Ampliação do uso Munic ípio (nome P iment a et
de conver sa e capac it ados. de preser vat ivos não infor mado) al .
dis t r ibuição de D isponibilidade de se xuais. Ev it ar do Recôncavo Silva et al .
mater ial sobre locais apropr iados par a compar t il hamento Baiano, Bahia,
preser vat ivos realiz ar at iv idades de objetos per f uro - e munic ípios de
se xuais, de objetos e confecc ionar os cor t antes prevenindo a Per nambuco
per f uro -cor t antes e mater iais educac ionais t r ansmissão e reduz indo
higiene pessoal . e recur sos didát icos. os casos.
Pales t r as sobre Recur sos humanos Aument ar o Munic ípios Borchardt et
vac inas, for mas capac it ados conhec imento e do es t ado do al .
de t r ansmissão par a aplicação es t imul ar a pr át ica de E spír ito Santo
e prevenção de inter venções medidas prevent ivas
das hepat ites educac ionais. cont r a hepat ites por
par a capac it ar D isponibilidade de par te dos prof issionais
prof issionais da equipamentos e de saúde.
saúde. confecção de mater iais
par a realiz ação
de pales t r as
educac ionais.
Fonte : El abor ação própr ia.

DISCUSSÃO
A par t ir dos dados e x t r aídos no presente es tudo, ev idenc iou-se que, em Juiz de For a, os casos de hepat ites
v ir ais predominar am nos indiv íduos do se xo masculino e de r aça br anca, e que a t a xa de inc idênc ia dessas
doenças reduz iu em 2020. Além disso, percebeu-se que a maior par te dos meios de t r ansmissão da doença for am
cl assif icados como “ignor ados ou br ancos” pelo SINAN.
A predominânc ia do se xo masculino nos casos de hepat ites pode es t ar rel ac ionada à manutenção do
estereót ipo que consider a a masculinidade como se xo for te, no qual o indiv íduo não pode demons t r ar suas
vulner abilidades par a a soc iedade, o que implica em procur ar menos os ser v iços de saúde e realiz ar de modo
inef ic iente medidas de prevenção e autocuidado com as doenças em compar ação ao se xo feminino 7.
Em rel ação à r aça, diferentemente dos achados do presente es tudo, na liter atur a não foi encont r ada

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diferença no acomet imento das hepat ites ent re as at r avés de drogas injet áveis foi a mais not if icada,
r aças. seguida da v ia t r ansf usional e da se xual , par a os
A queda, ev idenc iada pelos dados, nas casos de hepat ites C 10 . A dif iculdade par a detec t ar
not if icações de casos de hepat ites v ir ais em Juiz de os mecanismos de t r ansmissão, por consequênc ia
For a, em 2020 (72,38 %% par a hepat ite A, 66,72%% do tempo prolongando par a diagnos t icar as
par a hepat ite B, e 53,52% par a hepat ite C) , converge hepat ites e a realiz ação de maneir a inadequada dos
com os achados do estudo realiz ado em out r as preenchimentos das f ichas de not if icação do SINAN,
regiões do país, Tocant ins e Amapá, em que for am pode es t ar cor rel ac ionada às quant idades elevadas
obser vadas reduções de 72% e 61% , respec t ivamente, de casos car ac ter iz ados como br anco ou ignor ado 12 .
nos casos ocor r idos de hepat ite B, enquanto par a as Consider ando a alt a f requênc ia de casos, são
demais hepat ites ev idenc iar am-se reduções de 76% necessár ias medidas de inter venções que possam
e 70 % , nessa ordem, em Tocant ins e no Par á 8 , em ser aplicadas par a reduz ir o número de casos das
2020. E ssas ev idênc ias podem est ar cor rel ac ionadas hepat ites em Juiz de For a. Par a t anto, a liter atur a
às subnot if icações e à redução dos diagnóst icos e c ient íf ica ev idenc ia a impor t ânc ia da aplicação de
acesso aos ser v iços de saúde dur ante a pandemia de abordagens educac ionais par a prof issionais da saúde,
cov id-19 .
8
ser v idores e usuár ios das unidades básicas de saúde,
O presente estudo most rou que a for ma de por meio da divulgação de car t il has infor mac ionais
t r ansmissão mais prevalente da hepat ite A foi sobre as doenças e sobre o uso de equipamentos de
at r avés de água e alimentos cont aminados (74,9 %) . proteção indiv idual par a prevenção de cont ágio e
E ssa est at íst ica é cor robor ada por out ros rel atos na t r ansmissão 14 .
liter atur a c ient íf ica. No munic ípio de Belém, PA, Out rossim, a realiz ação de tes tes sorológicos
essa v ia de t r ansmissão foi responsável por 88,79 % par a atest ar a proteção ou a suscept ibilidade em
dos casos de hepat ite A na c idade ent re os anos rel ação aos v ír us das hepat ites é uma es t r atégia
de 2007 e 2016 . Além disso, no presente es tudo
9
de incent ivar a imuniz ação, a prevenção das
houve uma predominânc ia mais consider ável do se xo t r ansmissões e a adoção de medidas ter apêut icas 15 .
masculino, de 65,71% . Tanto no estudo que analisou É impor t ante que as medidas de promoção da saúde
a inc idênc ia de hepat ites ent re 2010 e 2017 em Minas f avoreçam a potenc ializ ação do público -alvo, como
Ger ais quanto no t r abal ho atual , a f aixa et ár ia mais agente at ivo na realiz ação de ações protet ivas par a
acomet ida pel a hepat ite A foi ent re 20 e 39 anos 10 . a saúde.
Na região Met ropolit ana do Vale do Par aíba, a Ev idênc ias c ient íf icas demons t r am o
maior ia dos casos de hepat ite B (58,5%) acometer am desconhec imento de agentes comunit ár ios da saúde,
o se xo masculino e a f aixa et ár ia de 20 a 39 anos após a aplicação de ques t ionár ios sobre infor mações
(4 4.03%) 11 ; e, em rel ação aos mecanismos de da t r ansmissão, prevenção, prof il a x ia e t r at amento
infecção, a maior par te (57,08 %) constou como das hepat ites A, B e C 15 . No ent anto, medidas
ignor ados ou em br anco ; dos que espec if icar am a de promoção da saúde, por meio de pales t r as
for ma de t r ansmissão, predominou a v ia se xual , em educac ionais, mos t r ar am-se como ações es t r atégicas
24,85% dos casos 11 , semel hantemente ao obser vado par a es t imul ar e for t alecer os conhec imentos dos
no presente es tudo. prof issionais sobre as hepat ites 15 . E sses prof issionais
A maior inc idênc ia de hepat ites C t ambém foi da saúde são impor t antes na busca at iva da
obser vada em 50 % dos casos ocor r idos em Minas imuniz ação, por terem maior acesso aos domic ílios e
Ger ais, no per íodo de 2010 e 2017 10 , e 73% em São cont ato com a realidade da comunidade 16 , por t anto,
José dos C ampos, no per íodo de 2007 a 2018 , com 12
promover o conhec imento é essenc ial par a reduz ir o
base em dados colet ados no SINAN. Além disso, no r isco dos própr ios prof issionais e da comunidade de
est ado do Amazonas, a hepat ite C t ambém predominou se cont aminarem com as doenças.
na f aixa et ár ia de 40 a 59 anos e no se xo masculino, A rev isão realiz ada apontou que a vac inação é a
acometendo, respec t ivamente, 1.655 e 1.714 casos . 13
pr inc ipal medida a ser tomada em rel ação à hepat ite
No presente estudo, a t r ansmissão t r ansf usional A. O es tudo selec ionado par a avaliar as inter venções
foi a segunda mais f requente, seguida do uso de drogas rel at ivas à hepat ite A analisou os níveis sorológicos
injet áveis e, por últ imo, a v ia se xual , nas hepat ites de ant i-HAV (ant icor pos cont r a o v ír us da hepat ite
C. Contudo, em dados anter ior mente levant ados A) em 252 cr ianças após a imuniz ação pel a vac ina
referentes ao est ado de Minas Ger ais, a t r ansmissão da hepat ite A 17. Dessas, 236 tes t ar am posit ivamente

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par a ant i-HAV, signif icando um tot al de 93,6% de como reiter ar a ef icác ia da vac inação, v isando à
imuniz ados cont r a a hepat ite A . 17
redução da t r ansmissão e de novos casos 21 .
Ademais, a inc idênc ia da infecção por hepat ite Em rel ação à hepat ite C, detec t ar am-se
A caiu de 3,29 a cada 100.000 habit antes, em 2014, inter venções realiz adas em conjunto par a a
ano em que a vac ina começou a ser disponibiliz ada hepat ite B, aplicadas par a t r abal hadores da saúde
pelo SUS, par a 0,80 a cada 100.000, em 2018 19 . E ssa e manicures, at r avés de mesas redondas e ensino de
queda foi mais e xpressiva ainda em cr ianças menores nor mas de biossegur ança, com o objet ivo de reduz ir
de 5 anos, com uma redução de 96,8 % na infecção a infecção de hepat ite C, dur ante o t r abal ho, ao
pel a doença. A ssim, o invest imento em campanhas de serem e xpos tos ao sangue cont aminado 14 . Além disso,
vac inação cont r a a hepat ite A na c idade de Juiz de algumas medidas prevent ivas podem ser tomadas.
For a é uma impor t ante est r atégia de consc ient iz ação Nas medidas pr imár ias, têm-se a t r iagem em bancos
da popul ação sobre a impor t ânc ia da imuniz ação, de sangue e f iscaliz ação de cumpr imento de pr át icas
pr inc ipalmente em cr ianças, confor me o Progr ama de cont role de infecção em hospit ais, l abor atór ios
Nac ional de Imuniz ações. e ser v iços de hemodiálise ; e, nas secundár ias, o
A epidemiologia da hepat ite A ev idenc ia que a t r at amento de indiv íduos infec t ados nas situações
pr inc ipal v ia de t r ansmissão é a v ia or al-fecal a par t ir indicadas 22 . Ademais, recomenda-se pr ior iz ar o
do consumo de água e alimentos cont aminados pelo diagnós t ico precoce, a par t ir de tes tes sorológicos,
v ír us. Desse modo, tor na-se f undament al a pr át ica com foco nos gr upos mais vulner áveis, como
de medidas de higieniz ação de alimentos antes do usuár ios de drogas injet áveis ou inal adas, pessoas
consumo e a ampliação de saneamento básico par a que ut iliz am de ins t r umentos per f uro -cor t antes
popul ações mais vulner áveis. Logo, propõem-se es ter iliz ados de for ma inadequada ou que sof rer am
medidas educat ivas sobre a t r ansmissão da hepat ite ac identes com t ais objetos 22 . Por f im, recomenda-se
A e os cuidados necessár ios par a ev it á-l a. incluir usuár ios de drogas injet áveis em progr amas
Em rel ação à hepat ite B, const atou-se que a par a redução de danos, at r avés do recebimento de
vac inação é a medida de prevenção de impor t ante equipamentos par a uso indiv idual e or ient ações
relevânc ia e que implica na redução de casos. Avaliou- sobre o não compar t il hamento de objetos per f uro -
se que houve gr ande impac to na redução da inc idênc ia cor t antes 22 .
de casos e suas respec t ivas complicações, bem como
no cont role da doença, rel ac ionados à inst ituição e CONCLUSÃO
à efet ivação de progr amas com enfoque na promoção
da vac inação de cr ianças e adolescentes 18 -20 . A ssim, O munic ípio de Juiz de For a, MG, apresentou
tor na-se indispensável invest ir em recur sos na predominânc ia da hepat ite C ent re indiv íduos do
cober tur a vac inal da popul ação, prez ando pel a se xo masculino e da r aça br anca, e maior número
aplicação do esquema vac inal completo, com de not if icações consider adas em br anco e ignor adas.
impor t ante papel dos prof issionais da saúde 19,20 , no Par a as hepat ites A, predominou a t r ansmissão v ia
sent ido de atuarem na or ient ação sobre a vac inação, água e alimentos, enquanto par a B e C predominar am,
pr inc ipalmente em ambientes de mater nidade e respec t ivamente, as t r ansmissões se xual e
puer icultur a. t r ansf usional . Percebeu-se redução na not if icação
E ste estudo demonst r a maior acomet imento dos casos de hepat ites apenas em 2020, dev ido à
da popul ação de homens da f aixa et ár ia de 20 a pandemia por cov id-19.
39 anos e por t r ansmissão se xual , pel a infecção D iante desse panor ama, fez-se um levant amento
por v ír us B. Por t anto, propõe -se a aplicação de medidas, por rev isão integr at iva da liter atur a,
de fer r ament as educat ivas que alcancem essa par a o enf rent amento das for mas de t r ansmissão da
popul ação, pr inc ipalmente no conte x to da Atenção doença e diminuição de novos casos. Par a a hepat ite
Pr imár ia. Podem-se ut iliz ar car t azes, folder s e rodas A, ev idenc iar am-se as medidas de higieniz ação de
de conver sas volt adas par a temát icas que atuem alimentos e saneamento básico ; par a a hepat ite B,
nas diferentes e xposições e vulner abilidades dessa foi ident if icado o incent ivo ao uso de preser vat ivos
popul ação, como : promoção de compor t amentos se xuais ; e, par a a hepat ite C, v isualizou-se o
se xuais mais seguros, o uso de preser vat ivos e aler t a inves t imento em t r iagem sorológica na doação de
par a os malef íc ios do compar t il hamento de utensílios sangue e tes tes r ápidos ant i-HC V par a t r abal hadores
de higiene pessoal de car áter per f urocor t ante, bem e xpos tos. A ssim, essas propos t as possuem potenc ial

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