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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CRIMINAIS

Tema: O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana


Icajuma, em 2018

Autor: António Maria Dala do Nascimento


Orientador: Dr.C. Carlos Rafael Figueredo Verdecia

Luanda – 2019
Termo de Aprovação

Eu António Maria Dala do Nascimento, certifico que este trabalho é original_______________.

Tema: O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana


Icajuma, em 2018

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Instituto Superior de Ciências e
Tecnologia como parte dos requisitos para
obtenção do grau académico de Licenciado em
Ciências Criminais.

Esta Monografia foi avaliada e aprovada para obtenção do grau de Licenciado no curso de
Ciências Criminais.
Membros do júri

______________________________________
Prof. Dr.C. Carlos Rafael Figueredo Verdecia.
Orientador.

______________________________________
Prof ª MsC. Irene Garbey Monier.
Presidente do Júri.

______________________________________
Prof ª MsC. Albertina José António.
Arguente.

Luanda – 2019
DEDICATÓRIA

À Deus, por ser essencial em minha vida, por ter me dado saúde, bênçãos e iluminação
para compreender os fenómenos criminais.

Aos meus pais, Francisco Miguel António do Nascimento e Julieta Baptista Dala, pela
vida, amor, teto, comida e, por todos ensinamentos, exemplos e luz que direcionaram para a
minha vida.

Às minhas irmãs, Carlota do Nascimento, Rita do Nascimento, Lucrécia Do


Nascimento, Maria do Nascimento, Solange do Nascimento, Emiliana do Nascimento, sábias
mulheres que conduziram, incentivaram e financiaram a minha educação formal.

I
AGRADECIMENTOS

À Digníssima Dr.ª Maria Emanuela do Nascimento, por contribuir, emocionalmente e


financeiramente para que eu atingisse o término da minha formação superior, tornando-me
assim num homem instruído, muitíssimo obrigado.

Ao prezado Dr.C. Carlos Rafael Figueredo Verdecia, que com muita paciência e
dedicação ensinou-me métodos de investigação cientifica, agradeço por ser um excelente
professor e profissional corrigindo os meus erros e, principalmente pela sábia orientação na
feitura desta pesquisa, muito obrigado.

Aos amigos, Edivaldo Dissidi, Eliandro Dembos, João Sunda, Salomão Malenga,
Eudalena Lianeth, Joel da Silva, André Dissidi, Arieth Silva, Adalgisa Paz, Nasser da
Conceição, Correia Neto, Francisco Paulino e a todos colegas de turma do Curso de Ciências
Criminais que, directa ou indirectamente participaram na minha formação, contribuindo de
forma valiosa e qualitativa durante toda jornada, muito obrigado.

Ao Instituto Superior Politécnico de Ciências e Tecnologias, por ter oferecido um


ambiente amigável e criativo que proporcionaram o melhor para a minha formação e, o melhor
para que este trabalho fosse realizado, muito obrigado.

Ao prezado quadro de docentes do Instituto Superior Politécnico de Ciências e


Tecnologias, em especial à Dr.ª Mirtha Verdecia que também contribuiu para a elaboração desta
pesquisa e aos docentes de Ciências Criminais, pelos ensinamentos teórico-práticos que
transmitiram ao longo do processo de formação, vocês foram a ferramenta fundamental para se
atingir o processo de “ensino-aprendizagem” descrito pela pedagogia moderna, muito obrigado.

II
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

Problematização ...................................................................................................................... 2

Justificativa ............................................................................................................................. 2

Objectivos da pesquisa............................................................................................................ 3

Metodologia da pesquisa ........................................................................................................ 3

Estrutura da pesquisa .............................................................................................................. 5

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 6

1.1. Conceito de bullying ........................................................................................................ 6

1.1.1. Bullying e adolescência ............................................................................................. 7

1.2. Um breve histórico sobre o bullying ................................................................................ 8

1.3. Tipologias de bullying ................................................................................................... 10

1.3.1. Bullying directo e físico........................................................................................... 10

1.3.2. Bullying directo e verbal ......................................................................................... 11

1.3.3. Bullying indirecto e psicológico .............................................................................. 11

1.3.4. Cyberbullying ou Bullying virtual ........................................................................... 11

1.4. Os participantes no bullying .......................................................................................... 12

1.4.1. Os agressores (Bullies) ............................................................................................ 12

1.4.2. Diferença entre rapazes e raparigas agressores ....................................................... 14

1.4.3. As vítimas (Bullied) ................................................................................................ 14

1.4.4. As testemunhas ou observadores ............................................................................ 17

1.5. Conclusão parcial ........................................................................................................... 18

CAPÍTULO II – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ............................ 19

2.1. Caracterização da população e amostra ......................................................................... 19

2.2. Apresentação e interpretação dos resultados ................................................................. 19

2.2.1. Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma ................................ 24

III
2.2.2. Locais e horários onde ocorrem o bullying no colégio Ruana Icajuma .................. 28

2.2.3. Caracterização do perfil das vítimas de bullying do colégio Ruana Icajuma.......... 35

2.3. Conclusão parcial ........................................................................................................... 45

CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 46

Recomendações .................................................................................................................... 46

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 47

APÊNDICES ............................................................................................................................ 50

IV
RESUMO

O bullying é um fenómeno frequente na actualidade e negligenciado por parte da


sociedade angolana. Os casos de bullying acontecem essencialmente na adolescência e
principalmente nas instituições escolares, sejam elas de carácter público ou privado. O presente
trabalho é um estudo de caso realizado no colégio Ruana Icajuma e, teve como objectivo
principal descrever como ocorre o bullying nos adolescestes do Iº ciclo do ensino secundário
no colégio Ruana Icajuma em 2018. O estudo classifica-se como exploratório-descritivo e
permitiu determinar as particularidades do fenómeno no colégio, sendo que, o tipo de bullying
mais praticado pelos agressores é o bullying verbal, as agressões ocorrem maioritariamente
dentro do colégio, concretamente no pátio de recreio, durante o horário de aulas em que as
vítimas frequentam e, as mesmas, apresentam um perfil físico e emocional peculiar que as
destinge dos demais colegas de colégio. Para recolha de dados, foram utilizadas técnicas como
a observação do tipo não participante, o inquérito por questionário e uma entrevista do tipo
estruturada em uma amostra não probabilística, constituída por 18 elementos. Os dados foram
processados por intermédio da estatística descritiva com auxílio do programa Microsoft Excel,
as respostas da entrevista foram interpretadas e ajudaram a compreender melhor o fenómeno
desde o ponto de vista da caracterização do perfil das vítimas, utilizando assim uma abordagem
qualitativa e quantitativa dos dados. Os métodos teóricos utilizados durante todo o estudo foram
dedutivo-indutivo, dialéctico e análise-síntese.

Palavras-Chaves: Adolescência, bullying, escola, vítimas, Iº ciclo do ensino


secundário.

V
ABSTRACT

Bullying is a frequent phenomenon that is neglected by Angolan Society. The cases of


bullying happen mainly in the adolescence and mainly in the educational institutions, be they
of public character or private. The present work is a case study carried out at the Ruana Icajuma
college, whose main objective was to describe how bullying occurs in adolescents in the first
cycle of secondary education at Ruana Icajuma in 2018. The study is classified as descriptive-
exploratory and allowed to determine the peculiarities of the phenomenon in the school, being
that, the type of bullying most practiced by the aggressors is the verbal bullying, the aggressions
occur mainly inside the college, concretely in the playground, during the classes where the
victims attend, and they have a physical and emotional profile that distinguishes them from
other schoolmates. To collect data, we used techniques such as observation of the non-
participant type, the questionnaire survey and a structured interview where used in a non-
probabilistic sample consisting of 18 elements. The data were processed through a descriptive
statistic with the help of Microsoft Excel program, the interview responses were interpreted and
helped to better understand the phenomenon from the point of view of the characterization of
the victim’s profile, thus using a qualitative and quantitative data approach. The theoretical
method used throughout the study was deductive-inductive, dialectical and analysis-synthesis.

Keyword: Adolescence, bullying, school, victims, 1st cycle of secondary education.

VI
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sexo das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma.

Figura 2: Faixa Etária das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma.

Figura 3: Nível de escolaridade das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma.

Figura 4: Relação entre o sexo das vítimas de bullying e a classe em que frequentam.

Figura 5: Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma.

Figura 6: Tipos de bullying sofridos pelas vítimas de acordo ao sexo no colégio Ruana Icajuma.

Figura 7: Frequência em que ocorre o bullying no colégio Ruana Icajuma.

Figura 8: Número de agressores que praticam bullying contra as vítimas no colégio Ruana
Icajuma.

Figura 9: Locais onde ocorrem bullying no colégio Ruana Icajuma.

Figura 10: Locais dentro do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying.

Figura 11: Locais fora do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying.

Figura 12: Horários em que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana Icajuma.

Figura 13: Relação entre o sexo das vítimas de bullying e os horários em que frequentam as
aulas.

Figura 14: Horários em que as vítimas sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma.

Figura 15: Relação entre o sexo das vítimas e os horários em que sofrem bullying no colégio
Ruana Icajuma.

Figura 16: Tem conhecimento sobre a existência de bullying no colégio Ruana Icajuma?

VII
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sexo das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma ......................................... 21

Tabela 2: Faixa etária das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma............................... 22

Tabela 3: Nível de escolaridade das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma ............... 23

Tabela 4: Relação entre o sexo das vítimas de bullying e a classe em que frequentam ........... 24

Tabela 5: Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma ................................. 25

Tabela 6: Tipos de bullying sofridos pelas vítimas de acordo ao sexo no colégio Ruana Icajuma
.................................................................................................................................................. 26

Tabela 7: Frequência em que ocorre o bullying no colégio Ruana Icajuma............................. 27

Tabela 8: Número de agressores que praticam bullying contra as vítimas no colégio Ruana
Icajuma ..................................................................................................................................... 28

Tabela 9: Locais onde ocorrem bullying no colégio Ruana Icajuma ....................................... 29

Tabela 10: Locais dentro do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying .......................... 30

Tabela 11: Locais fora do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying .............................. 31

Tabela 12: Horários em que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana Icajuma ......... 32

Tabela 13: Relação entre o sexo das vítimas de bullying e os horários em que frequentam as
aulas .......................................................................................................................................... 33

Tabela 14: Horários em que as vítimas sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma ............... 34

Tabela 15: Relação entre o sexo das vítimas e os horários em que sofrem bullying no colégio
Ruana Icajuma .......................................................................................................................... 35

Tabela 16: Tem conhecimento sobre a existência de bullying no colégio Ruana Icajuma? .... 36

VIII
LISTA DE APÊNDICES

Apêndice nº1: Questionário para vítimas de bullying.

Apêndice nº2: Entrevista para professores e vigilantes escolares.

Apêndice nº3: Sexo das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº4: Faixa etária das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº5: Nível de escolaridade das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº6: Relação entre o sexo das vítimas de bullying e a classe em que frequentam.

Apêndice nº7: Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº8: Tipos de bullying sofridos pelas vítimas de acordo ao sexo no colégio Ruana
Icajuma.

Apêndice nº9: Frequência em que ocorre o bullying no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº10: Números de agressores que praticam bullying contra as vítimas.

Apêndice nº11: Locais onde ocorrem bullying no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº12: Locais dentro do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying.

Apêndice nº13: Locais fora do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying.

Apêndice nº14: Horários em que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº15: Relação entre os sexos das vítimas e os horários em que frequentam as aulas.

Apêndice nº16: Horários em que as vítimas sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº17: Relação entre o sexo das vítimas e os horários em que sofrem bullying no
colégio Ruana Icajuma.

Apêndice nº18: Tem conhecimento sobre a existência de bullying no colégio Ruana Icajuma?

IX
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

DSM-IV - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

IP – Internet Protocol address (Endereço de Protocolo da Internet).

OMS – Organização Mundial da Saúde.

ONU – Organização das Nações Unidas.

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação.

X
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

INTRODUÇÃO

A violência nas relações pessoais acaba mais do que nunca tomando proporções
incontroláveis. Comumente, verificam-se actos e cenas de violência presencial, a violência é
tamanha que não mais se limita a um único campo, atingindo também o âmbito escolar. As
escolas deixaram de ser um ambiente seguro, regulado pela disciplina e aprendizado, e se
transformaram em espaços onde impera a violência, o sofrimento e o medo.

A escola é um espaço social privilegiado e propício ao inter-relacionamento e


desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, com forte influência na construção das suas
identidades (Gomes & Vale-Dias, 2017). As escolas têm um papel importante na construção do
futuro do ser humano, são instituições indispensáveis para o desenvolvimento e bem-estar dos
indivíduos, das organizações e das sociedades. “É nas escolas que maior parte das crianças,
adolescentes e jovens aprendem uma pluralidade de competências e saberes que dificilmente
aprenderão em outro contexto, por isso é necessário que o ambiente escolar seja saudável, e que
não haja nenhuma forma de violência, para que estes processos de aprendizagem e
desenvolvimento humano sejam bem consolidados, e que, à posterior, possam contribuir para
o desenvolvimento da sociedade” (Fernandes, 2009).

A manifestação de violência nas escolas influência claramente na coesão escolar, na


saúde físico-mental, bem como no aproveitamento escolar dos estudantes, propiciando um
ambiente de insegurança. Um ambiente escolar saudável é o alicerce para uma coesão escolar
contribuindo assim para uma boa qualidade no processo de ensino-aprendizagem, respeito às
normas institucionais, e respeito aos direitos de cada um dos membros participativos das
escolas.

A questão da infância, adolescência, é um ponto importante para compreender alguns


dos inúmeros elementos que propiciam o cometimento de crimes, pois o que acontece durante
nossa infância e adolescência vai se repercutir na vida adulta. O fenómeno do bullying está
presente em praticamente todas as escolas do mundo, e acontece com maior incidência na fase
da adolescência (Tomás, 2015).

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Problematização

O bullying não se trata apenas de um fenómeno que atinge indivíduos de classe social
baixa, mas indivíduos de todas as classes, tanto no ensino público como no ensino privado.
Também, vem se ganhado o interesse em se identificar o aumento do número de estudantes
envolvidos em situações de violência verbal, física e psicológica nas escolas.

Deixar de parte este fenómeno pode contribuir para o seu crescimento com
consequências graves, a nível pessoal e social. Logo, existe a importante necessidade de se
reflectir sobre esta problemática, de forma a compreender a ocorrência desse fenómeno nas
escolas, para que a posterior se crie uma socialização harmoniosa entre os estudantes.

Pelas reflexões acima citadas o pesquisador decidiu caminhar pela seguinte pergunta
de partida: Que traços caracterizam o bullying nos adolescentes do Iº ciclo do ensino
secundário no colégio Ruana Icajuma?

Após um estudo leviano sobre o fenómeno de bullying desde a perspectiva de outros


autores insurgem outras perguntas de investigação.

Que tipos de bullying são mais praticados pelos agressores no colégio Ruana Icajuma?

Quais os locais e horários mais propícios para o bullying acontecer no colégio Ruana
Icajuma?

Qual é o perfil dos adolescentes do colégio Ruana Icajuma que são vítimas de bullying?

Justificativa

O fenómeno bullying é o desejo consciente e intencional de maltratar reiteradamente


uma pessoa ou deixá-la sob tensão, manifestando-se sobretudo no ambiente escolar, entretanto,
o bullying é uma realidade inegável nas instituições de ensino angolanas, fruto disso, nota-se a
incontestável pertinência do estudo deste fenómeno, pois cada vez mais se tem verificado casos
de violência, agressão física ou verbal entre os adolescentes nas escolas a nível nacional, factor
este, que deixa marcas profundas nas vítimas, reduz o rendimento escolar do aluno e, em
acréscimo pode ainda, comprometer e influenciar na desestruturação pessoal e social da vítima.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Compreender a forma de como a violência se apresenta no âmbito escolar é um grande


desafio, ainda mais, quando o fenómeno bullying é pouco estudado em Angola, e quase
desconhecido por parte da sociedade angolana. Entretanto, justifica-se a elaboração deste
estudo, já que uma vez identificado e admitido a existência deste fenómeno no colégio Ruana
Icajuma, as autoridades competentes poderão tomar medidas adequadas para o combate e
erradicação, uma vez que, quando ignorado, o bullying danifica seriamente a auto-estima da
vítima. Portanto, esta pesquisa poderá ainda servir de base para estudos posteriores mais
profundos, que permitam generalizar os resultados.

Objectivos da pesquisa

Em concordância, com a construção temática, tendo em vista a definir o propósito do


trabalho, propõe-se como objectivo geral da pesquisa:

Descrever como ocorre o bullying nos adolescestes do Iº ciclo do ensino secundário no


colégio Ruana Icajuma em 2018.

Portanto, de forma a detalhar os processos necessários para a compreensão e realização


do objectivo geral do trabalho, define-se como objectivos específicos da pesquisa:

• Estudar o bullying como fenómeno social complexo.

• Apresentar os tipos de bullying mais praticados pelos agressores.

• Identificar os locais e horários onde ocorrem o bullying.

• Caracterizar o perfil dos adolescentes vítimas de bullying.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa em tela se baseia em um estudo de caso realizado no colégio Ruana Icajuma.


Para o desenvolvimento da mesma empregou-se uma amostra não probabilística constituída por
dez estudantes adolescentes vítimas de bullying, com idades que variam entre os 13 e 17 anos
pertencentes ao Iº ciclo do ensino secundário, nível compreendido por 7ª, 8ª e 9ª classe, a mesma
é ainda constituída por cinco professores e três vigilantes.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

A pesquisa tendo em conta os objectivos é classificada como exploratória-descritiva;


segunda a forma de abordagem do problema é quali-quantitativa e de acordo com os
procedimentos técnicos apresenta-se como um estudo de caso.

A pesquisa é guiada segundo os seguintes métodos:

Método de abordagem:

• Dedutivo-indutivo: empregados em toda a pesquisa para a partir de teorias gerais sobre


o bullying particularizar no contexto do colégio Ruana Icajuma e, após esta
particularidade obter uma visão aprofundada deste fenómeno de maneira geral.

• Dialético: aplicado como método reitor da pesquisa para estudar o bullying desde a sua
natureza interna como sistema complexo desenvolvido a partir de relações humanas,
bem como, para estudar o bullying mediante a contraposição dos conceitos abordados
na literatura.

• Análise-síntese: empregado em todo o processo de pesquisa, para a partir da análise dos


traços gerais do fenómeno bullying, identificar, comparar e contrastar ideias e, a
posterior, numa união mental das partes estudadas, sintetizar, organizar e comunicar as
ideias em relação ao bullying no colégio Ruana Icajuma.

Métodos de procedimento:

• Observação: do tipo não participante, utilizada de forma consciente, ordenada e


planificada para tomar contacto com as vítimas de bullying e seu meio de convivência,
sem interferir no mesmo.

• Entrevista: do tipo estruturada, como técnica, aplicada aos professores e vigilantes para
obter o critério geral sobre as mesmas questões relacionadas ao fenómeno, isto por
intermédio da comparação dos critérios individuais.

• Questionário: como técnica, aplicado aos estudantes adolescentes vítimas de bullying


para obter informações directas sobre as suas percepções do fenómeno no que tange os
locais, horários, número de agressores e os tipos de bullying que ocorrem no colégio.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Estrutura da pesquisa

Estruturalmente o trabalho apresenta-se da seguinte forma:

• Introdução ao trabalho desenvolvido, onde evidencia-se a contextualização, a


problemática e os respectivos objectivos da pesquisa.

• Capítulo I, destinado a fundamentação teórica, onde abordar-se-á os conceitos e teorias


desenvolvidas por outros autores sobre o assunto em estudo, tais como, o conceito de
bullying, a relação entre bullying e adolescência, as tipologias de bullying, o historial
sobre o bullying, os participantes e locais onde ocorrem o bullying.

• Capítulo II, destinado a interpretação e discussão dos resultados, ou seja, é reservado


ao estudo prático do tema. Neste capítulo é apresentado as técnicas, métodos, a
caracterização da amostra e os resultados obtidos por intermédio da colecta de dados.

O presente documento termina com conclusões e uma listagem das bibliografias


utilizadas que serviram para a elaboração do trabalho.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo abordar-se-á os conceitos e teorias desenvolvidas por outros autores


sobre o assunto em estudo, a fim de conformar os marcos teóricos que serviram de base à
pesquisa.

1.1. Conceito de bullying

O Bullying é um fenómeno social complexo constituído por características próprias, que


se distinguem de outros comportamentos não desejáveis que envolvem crianças e adolescentes
(Calhau, 2012).

O termo “bullying” é de origem inglesa, não apresenta uma tradução literal para o
português por ser um termo abrangente que engloba várias condutas desviantes, desta feita
adoptou-se a terminologia em inglês. É um termo utilizado para especificar ou descrever actos
de violência física ou psicológica, de forma repetitiva e intencional. Porém, existe o termo
“Bully”, terminologia que qualifica o indivíduo praticante desses actos desviantes, já este, pode
ser traduzido como “valentão, tirano ou rufia”. Estes valentões da escola elegem como alvos
colegas que apresentam dificuldades de defesa, colocam apelidos constrangedores, isolam,
humilham, batem, perseguem, difamam, rejeitam e chantageiam (Calhau, 2012).

Define-se então o bullying, como todo comportamento consciente reiterado de práticas


e actos agressivos verbais ou físicos, que visam humilhar, agredir, intimidar, dominar, difamar
e excluir a vítima da vida social, que podem ser praticados por um ou mais indivíduos contra
um ou mais sujeitos (Gamboa, 2011). Alguns estudiosos associam esta prática exclusivamente
ao ambiente escolar, entretanto a sua abrangência é bem mais ampla, podendo o comportamento
ser manifestado em vários outros ambientes além da escola, como no trabalho e, até mesmo
entre vizinhos (Filho, 2014).

O bullying não é um crime, mas sim um comportamento antissocial considerado um


subgrupo do comportamento agressivo ou uma perturbação do comportamento psicológico. A
existência do bullying verifica-se nas escolas quando o estudante é sujeito a comportamentos
violentos, em maior parte dos casos sem motivação, de forma agressiva e prolongada no tempo
(Fante, 2015).

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Dan Olweus (1993), percursor em âmbito global desta área de estudo, conceitua o
bullying da seguinte maneira: “uma pessoa está a ser vítima de bullying, quando ele ou ela se
encontra exposto, repetidamente ao longo do tempo, à acções negativas da parte de uma ou
mais pessoas”.

Segundo o mesmo autor, para que se caracterize o bullying é necessário ter em


observância três importantes critérios: a) “intencionalidade do comportamento”, este tem um
objectivo que é provocar mal-estar e ganhar controlo sobre outra pessoa, b) “o comportamento
é conduzindo repetidamente ao longo do tempo”, sendo que este comportamento não ocorre
ocasional ou isoladamente, mas passa a ser crônico e regular, c) “desequilíbrio de poder”,
normalmente, os agressores veem as suas vítimas como alvos fáceis.

Basicamente, a prática do bullying concentra-se na combinação entre a intimidação e


humilhação de pessoas geralmente mais acomodadas, passivas ou que não possuem condições
de exercer poder sobre alguém ou sobre um grupo (Gamboa, 2011).

Importa-se salientar que as agressões decorrentes do bullying no ambiente escolar, não


são meras brincadeiras próprias da adolescência, mas de verdadeiros casos de violência, em
muitos casos de forma velada praticada por agressores contra as vítimas. Essa prática pode
decorrer em vários ambientes como: dentro da sala de aula, nos corredores, no pátio e até
mesmo no exterior da instituição de ensino. Essas agressões morais e físicas podem provocar
danos psicológicos para a criança e ao adolescente, facilitando posteriormente a entrada dos
mesmos no mundo do crime (Calhau, 2012).

1.1.1. Bullying e adolescência

A adolescência é uma fase caracterizada essencialmente pela transição entre a infância


e a fase adulta. Nela se verificam as alterações em diversificados níveis, sejam elas físico-
biológicas (crescimento do corpo e outros membros do indivíduo, amadurecimento sexual,
mudanças hormonais), mentais (aumento das operações mentais, melhoria na qualidade do
processamento das informações e modificações dos processos que geram a consciência) e
sociais (desenvolvimento da identidade), sendo que, representa para o indivíduo um processo
de distanciamento das formas de comportamentos e privilégios típicos da infância, para à

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

aquisição de características e competências que o capacitem a assumir responsabilidades,


deveres e os papeis sociais do adulto.

A OMS define o adolescente como o indivíduo que se encontra entre os dez e 19 anos
de idade (Vista, 2015). Os termos adolescência e juventude são algumas vezes usados como
sinônimos e, outras vezes, como duas etapas distintas. Para Steinberg (1993) a adolescência se
estende aproximadamente dos 15 aos 20 anos de vida, enquanto a ONU define juventude como
a fase entre os 15 e 24 anos de idade, sendo que, deixa aberta a possibilidade de diferentes
nações definirem o termo de outra maneira.

Nos estudos de comportamentos sobre o bullying, confirmou-se a tendência de que esses


comportamentos evoluem com o desenvolvimento da criança e do adolescente. Portanto, a
natureza dos comportamentos agressivos em contexto escolar, diversificam consoante idade e
o desenvolvimento do adolescente (Steinberg, 1993).

As condutas de bullying decaem com o aumento da idade do agressor, ao mesmo tempo


que aumenta a ocorrência de outras condutas agressivas. Evidencia-se que o bullying é
socialmente reprovável, adolescentes praticam-no em lugares onde há pouca supervisão escolar
ou de adultos. Sucintamente, os estudantes adolescentes de diferentes anos de escolaridade, têm
a incidência dessa conduta desde o início da escolaridade formal, a partir daí, estão propícios a
diminuir os níveis desta prática até ao final da escolaridade obrigatória (Whitney & Smith,
1993).

1.2. Um breve histórico sobre o bullying

A sociedade humana desde o início dos tempos tem convivido com as variadas formas
de violência. A maioria dos acontecimentos registrados pela história contam episódios do uso
da violência praticados pelos grupos sociais, como lutas pela sobrevivência, pela expansão
territorial ou apenas por vaidade e sede de poder dos reis ou governantes (Ramos & Rodrigues,
2013).

Na necessidade de conservar o desenvolvimento cultural dos povos, criou-se a escola,


instituição destinada de modo formal a preparar crianças e jovens para a realização das
actividades exigidas pela sociedade. Entretanto, as diversas formas de violência observadas nos
grupos sociais em detrimento das suas relações, entrou nas instituições de ensino. A medida

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

que os anos passavam, a violência ganhou força no ambiente escolar, atingindo níveis
assustadores a nível mundial (Beane, 2000).

Pode-se assim enunciar que os estudos do bullying tiveram início na década de 1970, na
Suécia e na Dinamarca. Na mesma década, a Noruega desenvolveu grande pesquisa sobre o
tema, expandindo os estudos para inúmeros países europeus. Mesmo sendo um fenómeno
antigo e já tendo sido objecto de preocupação e investigação por ter prejudicado a vida dos
estudantes, nada se sabe concretamente sobre o bullying antes da década de 1970. Foi somente
com pesquisas realizadas em 1972 e 1973 na Escandinávia, que as famílias perceberam a
seriedade dos problemas que decorrem da violência escolar (Chalita, 2008).

O primeiro pesquisador que percebeu o fenómeno bullying foi o professor Dan Olweus
(1993). Seus estudos realizados na Universidade de Bergan, Noruega em 1978 a 1993, tiveram
um grande e impacto e logo se repercutiu pela Noruega. Olweus efectuou um estudo onde
reuniu 84 mil estudantes, cerca de 400 professores e aproximadamente 1000 pais. Olweus
verificou que, um em cada sete estudantes se encontrava envolvido em casos de bullying como
agressor ou vítima. Deste trabalho, Dan Olweus (1993) publicou a obra “Bullying at school:
what we know and what we can do”, em 1993 (Bullying nas escolas: o que conhecemos e o que
poderemos fazer).

Entretanto, o governo norueguês apenas direcionou o seu olhar para a violência no


ambiente escolar depois do suicídio de três crianças entre dez e 14 anos, decorrentes dos actos
de maus tratos dos colegas. Após tal sucedido, as autoridades norueguesas, pressionada pela
opinião pública, realizaram a nível nacional a campanha “anti-bullying” nas escolas em 1993.
A campanha nacional norueguesa anti-bullying reduziu significativamente índices desse
fenómeno, contribuindo para o aumento do aproveitamento escolar dos estudantes (Chalita,
2008).

O professor Dan Olweus (1993), foi o responsável por elaborar os primeiros critérios
para identificar o fenómeno bullying de maneira concreta, diferenciando-o de outras
interpretações ou relações, como incidentes e brincadeiras (Fante, 2005). Dentro dos estudos
que ele efectuou, elaborou um questionário para ser respondido pelas crianças, num total de 25
perguntas com respostas de diversas escolhas, onde se verificava os tipos de agressão, a
frequência e os lugares em que ocorriam, e as percepções individuais quanto ao número de

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

agressores. A pesquisa baseou-se na perspectiva da criança, sendo que o questionário foi


adaptado por diversos países, facilitando uma análise do bullying nas diferentes culturas
mundiais (Quintanilha, 2011).

1.3. Tipologias de bullying

Actualmente, observam-se casos de agressões escolar que muitas das vezes passam
despercebidos, entretanto, é necessário que se faça uma análise a estes tipos de violência para
que se possa compreender quando se está diante do fenómeno bullying. Os critérios de
diferenciação criados para tentar evidenciar esta problemática, partem da obra de Olweus, o
qual estabelece os seguintes critérios: a) intencionalidade, b) o comportamento ou a prática é
repetida no tempo, c) desiquilíbrio nas relações de poder (Olweus, 1993).

O bullying pode suceder de várias formas, e todas geram marcas profundas nas vítimas.
Há certos tipos de bullying que nem sempre são evidentes, e um dos factores preponderantes
que se deve ter em observância é como diferenciá-lo de outras tipologias de violência e de
brincadeiras ou incidentes próprios da idade. Outro factor que também se deve ter em conta, é
entender que a agressão não é só corporal, mas também verbal ou psicológica, embora o
agressor não toque a vítima, mas a machuca de uma outra forma (Beane, 2011).

Segundo o professor Dan Olweus (1993) a classificação do bullying efectiva-se da


seguinte forma: bullying directo e físico, bullying directo e verbal e, o bullying indirecto e
psicológico.

Fante & Pedra (2006), referenciam que em função da massificação da internet e dos seus
diferenciados meios de comunicação, surgiu uma nova modalidade de violência que transpassa
o ambiente escolar e atinge o meio social da vítima fora da escola. Este fenómeno é
caracterizado como “cyberbullying ou bullying virtual”, visto que os adolescestes estão cada
vez mais a desenvolver métodos criativos de usar as TIC para violentar outras pessoas.

1.3.1. Bullying directo e físico

Manifesta-se por meio de agressões físicas, ou seja, a violência é directa quanto atinge
de imediato o corpo da vítima, ou quando é praticada por meio de actos de humilhação. Aqui
verifica-se o contacto físico directo entre a vítima e o agressor, como por exemplo, empurrar,

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

bater, beliscar, roubar ou estragar objetos dos colegas, extorsão de dinheiro, forçar a vítima a
comportamentos servis (Beane, 2011).

1.3.2. Bullying directo e verbal

Manifesta-se por meio de agressões verbais directas, onde não existe um contacto físico
entre a vítima e o agressor, como por exemplo, gozar, insultar, provocação repetida, apelidar
nomes pejorativos, fazer comentários racistas ou que digam respeito a qualquer diferença na
vítima (Martins, 2005).

1.3.3. Bullying indirecto e psicológico

Este sucede através da exclusão social da vítima do grupo de pares, envolvendo atitudes
de indiferença, isolamento e perseguição. É praticado através de difamação, boatos,
intimidação, ameaças, discriminar, calunias, manipular a vida do colega, e ameaçar com
frequência a perda de amizade ou exclusão do grupo social. Esta forma de violência é mais
difícil de ser notada, pois é invisível, e produz efeitos mais graves e duradouros na vida da
vítima, ele é comumente praticado por adolescentes do sexo feminino. É comum que a vítima
se mantenha silenciada, pois na maior parte dos casos as agressões são verbais e não deixam
marcas visíveis (Martins, 2005).

1.3.4. Cyberbullying ou Bullying virtual

Bullying virtual ou cyberbullying é uma forma de bullying actualizada, é praticada


através da internet ou ocorre por meio de ferramentas tecnológicas como, tablets, telefones,
computadores. Exemplos de cyberbullying: o uso da internet para espalhar fofoca, humilhar,
ameaçar, criar boatos e mentiras, criar contas falsas nas redes sociais, fazendo-se passar pela
vítima, publicar na internet fotos ou vídeos constrangedores, e criar páginas com o propósito de
humilhar a vítima, procurando ridiculariza-la perante a sociedade virtual. Portanto, é uma forma
de violência muito perversa que extrapola a instituição de ensino, adquirindo, dimensões
inimagináveis (Cabral, 2008).

Os meios virtuais comumente utilizados para se proliferar as difamações e calúnias são


as redes sociais, blogs, e-mails. Muitas das ameaças feitas no mundo virtual podem vir a se
concretizar no mundo real.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

O cyberbullying é uma das formas de bullying mais difícil de se identificar o agressor,


pois ele pode-se beneficiar do anonimato. A grande problemática que surge em se combater
este tipo de bullying é a demora na descoberta do agressor, porque, o mesmo pode utilizar
nomes e contas falsas na internet. Entretanto, a principal forma de se chegar ao agressor é por
meio do IP do computador ou o endereço eletrônico do dispositivo utilizado. Portanto, é
necessário que se efectue um esforço policial tecnológico redobrado no sentido de rastrear o
autor dessa prática violenta e constrangedora (Carvalhosa, 2011).

1.4. Os participantes no bullying

O bullying pode ser praticado em qualquer faixa etária e em qualquer nível acadêmico,
geralmente nele existe sempre um indivíduo que suscita a violência, denominado agressor
(Bully) ou agressores (Bullies) se for mais de um praticante. Existe também alguém alvo dessa
prática violenta, denominado vítima ou vítimas (Bullied) quando for mais de um indivíduo alvo.
Verifica-se ainda outras figuras que directa ou indirectamente podem ou não participar, elas
chamam-se testemunhas ou observadores. Estes últimos, são aqueles que podem estar presentes
ou ter conhecimento sobre a existência dessas práticas, tomando ou não partido, em relação ao
fenómeno. Estes participantes nomeadamente a vítima e o agressor, apresentam diversas
características que facilitam a efectivação do fenómeno (Olweus, 1993).

O bullying costuma ocorrer em locais de maior socialização entre os estudantes. São


vários os locais específicos onde podem ocorrem as agressões na escola, nomeadamente, nos
pátios de recreio, banheiros, corredores, salas de aula, biblioteca, campos de educação física,
porém, as agressões também se sucedem em outros locais fora do recinto escolar, que são de
convivência comum entre os estudantes, como residências perto a escola, lojas, cybers cafés, e
outros locais onde se reúnem os estudantes (Fante & Prudente, 2015).

1.4.1. Os agressores (Bullies)

Os agressores típicos de bullying apresentam um perfil variado, geralmente, têm atitudes


inclinadas a violência e recorrem ao uso da força com mais frequência em relação aos demais
colegas. Em frequência os agressores identificados como fortes, são aqueles que batem, e
cometem actos desagradáveis sem razão ou em alguns poucos casos com um objectivo,
assumindo uma posição de líderes (Smith & Sharp, 1998).

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

A não manifestação de empatia e solidariedade com os colegas são aspectos particulares


dos agressores e, é típico deles, inicialmente assumirem papeis de liderança, caracterizados por
possuírem uma estrutura física mais forte do que as vítimas. Os agressores para além de
gostarem de dominar os outros, ou seja, gostarem de sentirem-se poderosos, eles possuem
também a debilidade em cumprir as normas e relacionar-se com os adultos, em acréscimo, têm
a dificuldade de fazer amigos, sendo que a prática do bullying para eles é divertida e dá-lhes a
satisfação ao humilhar e fazer sofrer as vítimas (Olweus, 1993).

A sua ideia de competência acadêmica e social é construída com base no protagonismo


e no domínio agressivo sobre os demais colegas, construído uma imagem de superioridade em
relação aos seus colegas mais fracos. É denegrindo e manipulando os colegas através de
intimidações e superioridade física que os agressores mantêm o seu poder e conseguem fazer a
aquisição de objectos pertencentes a vítima (Fante, 2005).

De forma geral, os estudantes envolvidos em bullying, são agressores extrovertidos e


socialmente confiantes, são prepotentes e impulsivos, arrogantes, não sabem respeitar as
diferenças e demostram uma posição dominante e poderosa no seio dos colegas, não aceitam
ser contrariados, beneficiam-se das suas artimanhas na hora de avaliação durante as aulas, e
sentem-se atraídos por más companhias (Olweus & Limber, 2010).

A agressividade serve como um modo de expressar a sua posição no ambiente escolar,


referenciando que revelam pouca culpa ou não sentem nenhum remorso pelas práticas por eles
efectuadas. Muitas vezes os agressores são pessoas pertencentes a famílias violentas ou famílias
em que não lhes dão atenção, onde lhes é permitido fazer tudo o que lhes apetece em ordem a
compensar a ausência e indiferença dos pais. O indivíduo que cresce praticando actos violentos
e não é repreendido, tem grandes chances de se tornar um futuro criminoso (Stefano, 2014).

Quanto à escola, os agressores não se sentem pertencentes a aquele ambiente educativo


e apresentam um baixo rendimento escolar, possuído maior tendência em apresentar
comportamentos desviantes como o uso de álcool e drogas (Olweus, 1993).

Importa também apontar que existe a figura do “agressor passivo”, aquele ou aqueles
que eventualmente participam na prática dos actos violentos, mas não tomam a iniciativa da
mesma, estando muitas vezes submetidos ao domínio dos agressores típicos acima citados.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Muitas vezes são membros do grupo dos agressores, mas em certos episódios não compactuam
com práticas tomadas pelos demais membros do grupo (Fante & Prudente, 2015).

1.4.2. Diferença entre rapazes e raparigas agressores

É importante que se evidencie a diferença dos actos de bullying entre os rapazes e


raparigas, pois, a forma em que se pratica violência pode ser diferente consoante o gênero
(Silva, 2010).

As acções dos rapazes são mais alargadas, mais fáceis de se conotar e eles passam tempo
em grupos maiores, apresentam níveis mais altos de agressão, competitividade e costumam
humilhar as vítimas em frente ao seu grupo de amigos, no sentido de fazer sentir o seu poder
sobre as vítimas, e têm o predomínio para a agressão física. Ao contrário, as raparigas
manifestam as agressões de diferentes formas, elas interagem com um número menor de colegas
e cometem práticas de forma mais velada. Elas usam com mais frequência o estado emocional
da agressividade, como ataques verbais, fofocas, boatos, acabando por excluir a vítima do grupo
de pares, utilizando assim a agressão indirecta, enquanto os meninos utilizam a directa (Fante,
2005).

Há ainda autores que defendem que a diferença do tipo de violência praticada entre os
rapazes e as raparigas, se deve a uma sensibilidade cerebral, onde, cada um recorre a áreas e
circuitos diferentes para resolver os mesmos conflitos (Brizendine, 2007).

1.4.3. As vítimas (Bullied)

Segundo o professor Dan Olweus (1993), vítima é toda e qualquer criança ou


adolescente exposto à violência, de uma forma reiterada e prolongada no tempo, sendo alvo de
actos agressivos. Mediante este conceito, todo bem-estar da vítima no ambiente escolar, será
afectado. A vítima sente-se sem proteção perante a actitude violenta dos agressores, vivendo
num ambiente de mal-estar e de medo. Estes motivos, levam a vítima a não desenvolver
confiança na relação entre os colegas, pouca habilidade em se afirmar enquanto estudante e
muita dificuldade em gerir os actos violentos dos agressores.

O facto do bullying efectivar-se em actos reiterados no tempo, contribui ainda mais para
o agravamento do sofrimento da vítima. No contexto escolar as vítimas exibem sintomas de

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

afastamento e evitamento, muitas delas acabam cometendo suicídio, induzidas por seus algozes
ou na maior parte dos casos para fugirem do sofrimento que lhes é imposto. A sua baixa auto-
estima, fraco rendimento escolar e o aspecto físico diferenciado dos pares, os faz pensar que
são merecedores dos maus-tratos sofridos, fruto disso, rejeitam a escola e o convívio social
(Olweus, 1993).

Neste tipo de violência pode-se evidenciar quatro tipos de vítimas, que são descritas nos
estudos de Orpinas e Horne (2006) e, também os subsidiar com os escritos de outros autores:

a) Vítima passiva ou genuína: São aquelas que apresentam características que as


tornam alvos fáceis de actos agressivos, em consequência de terem um reduzido número de
amigos ou mesmo nenhum, de possuírem amizades que não perduram, não responderem aos
insultos proferidos pelos agressores, e ainda serem tímidas, retraídas, ansiosas e mais
deprimidas que os outros estudantes, tendo dificuldade de socialização. Em casos extremos
essas vítimas podem chegar ao suicídio.

Hayden (2002) aponta fortes sinais identificadores destas vítimas que conduzem a
violência, como, vestirem-se de forma diferente em relação à maioria, apresentarem sotaque e
pertencerem a grupos minoritários, podem possuir um físico diferente, bem como credo ou etnia
diversa e baixo aproveitamento escolar.

As características previamente apresentadas aumentam a probabilidade de o estudante


ser alvo de bullying, sendo que por vezes, são estudantes com necessidades educativas
especiais. As vítimas genuínas ou passivas caracterizam-se pela baixa autoestima, sintomas
depressivos, ansiedade, insegurança, medo dos agressores e vulnerabilidade. Mostram-se
incapacitados de se defender das agressões e geralmente respondem aos ataques chorando
(Orpinas & Horne, 2006). Carvalhosa (2011), explica que estas vítimas tendem a pertencer a
famílias muito protectoras, tendo uma educação de restrição, o que faz com que o adolescente
não desenvolva mecanismos de defesa social.

b) Vítima provocativa: Estas vítimas têm comportamentos inadequados, que são


interpretados como provocativos e irritantes aos olhos dos agressores. As vítimas aqui
provocam actos agressivos sem conseguir lidar com as consequências, têm mantido o seu
comportamento irritante com o objectivo de alguém os atacar para poderem queixar-se como

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

vítimas. É geralmente negligente e impulsiva, de costumes irritantes e quase sempre é a


responsável por causar tenção no ambiente em que se encontra.

c) Vítima agressora: Nesta situação os estudantes são, simultaneamente vítimas e


agressores, ou seja, também apresentam uma variedade de reações agressivas e ansiosas. Estas
vítimas apresentam um padrão de reação muito excessivo e são desreguladas emocionalmente.
O risco de possuírem depressão apresenta-se mais acentuado nestas vítimas, pois estes são
sempre mais frágeis psicologicamente. O padrão de desregulação emocional que caracteriza as
vítimas agressoras, pode ser resultado de abusos e violência em casa, levando posteriormente a
uma elevada prática de actos violentos em contexto escolar.

Fante e Pedra (2006), contribuem neste pensamento explanando que, estas pessoas
aprenderam o comportamento do bullying e, por algum motivo passaram a reproduzir o
comportamento e a atacar outras pessoas, ou seja, reproduzem os maus-tratos sofridos. Calhau
(2012), menciona que estas vítimas-agressoras, em casos extremos, “são aquelas que se munem
de armas e explosivos e vão até a escola em busca de justiça”, matam e ferem o maior número
de pessoas possíveis e depois se suicidam.

De modo geral, estas vítimas reagem com actos violentos a qualquer provocação, são
impopulares e os mais rejeitados. Alguns apresentam distúrbios de conduta, ou outros, de foro
psiquiátrico, segundo DSM-IV e, possivelmente foram vítimas de maus tratos familiares.

d) Vítima relacional: As vítimas neste tipo de bullying na maior parte dos casos são as
raparigas, ao serem excluídas dos grupos de pares e sujeitas a brincadeiras humilhantes. As
vítimas podem responder as agressões de diferenciadas maneiras, ou então sofrerem em
silêncio, perdendo a autoestima e a confiança em si, podendo ainda se transformar em
agressoras em detrimento da revolta pelo sofrimento.

A maior problemática que se verifica nos casos de bullying, é o silêncio, pois as vítimas
dessa prática geralmente não denunciam os maus-tratos, sendo que, não querem expor-se e não
querem ser consideradas “queixinhas”, por alguns professores e funcionários da escola, que
mostram pouco interesse sobre essas práticas. (Beane, 2011).

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

1.4.4. As testemunhas ou observadores

A testemunha ou observador é a terceira figura no bullying, podendo ela evidenciar-se


por determinadas funções durante a prática. A testemunha actua com estratégias tais como:
incentivar o agressor à prática dos actos, observar somente a prática e depois retirar-se do local,
ou pode ainda, actuar em defesa da vítima intervindo ou chamando um adulto para resolução
da agressão. Geralmente, as testemunhas são todas aquelas que se apercebem do que se passa
ou tomam conhecimento do facto, mas não se querem envolver (Charlot, 2002).

Salmivalli (2005), aponta quatro papéis de actuação das testemunhas, que podem ser
desempenhados pelos estudantes, enquanto observadores do bullying:

• A testemunha que se envolve activamente na agressão, ou seja, apoia o agressor.

• A testemunha que funciona como instigador e reforça o comportamento violento dos


agressores, num episódio de bullying.

• A testemunha que defende, que mostra apoio e solidariedade à vítima, e intervém para
pôr fim a agressão.

• A testemunha que se afasta do local da agressão, por indiferença ou por medo.

Outros autores desta temática como Orpinas e Horne (2006) identificam as testemunhas
em dois grupos: a) Testemunhas que fazem parte do problema; b) Testemunhas que fazem parte
da solução.

As testemunhas que fazem parte do problema, são aquelas que incentivam os agressores
a continuar a agredir e a humilhar, reforçando ainda, os actos violentos por parte do agressor.
Eles apoiam passivamente os agressores líderes, são as que se riem e agitam a prática violenta,
criando uma audiência para o agressor. Deste modo apresentam características similares às do
agressor, mas menos atenuadas.

As testemunhas que fazem parte da solução, tentam defender as vítimas e dissuadir os


agressores. Neste papel de testemunha apaziguadora, destacam-se testemunhas do sexo
feminino, bem como estudantes com grande popularidade escolar. Esses estudantes podem até
convidar a vítima no seu grupo de amigos. Entretanto, pode existir também algum sentimento

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

de culpabilidade por parte de algumas testemunhas, por não serem capazes de parar as
agressões, pois, também temem o facto de possivelmente serem as próximas vítimas de
agressão, pelo que então, preferem não interferir no acto violento (Orpinas & Horne, 2006).

Então, a participação ou não das testemunhas no acto do bullying, tem a ver com a
influência dos elementos dos grupos da instituição escolar com quem convive. Maior parte dos
estudantes da escola desempenham o papel de testemunha, mas de forma indirecta, pois, o olhar
que têm sobre esta prática, acaba por reforçar ou não as acções desencadeada pelos agressores.
As testemunhas também têm o maior potencial para prevenir o bullying, pois, possuem as
competências para não tolerar a agressão ou relatar as situações que conhece (Carvalhosa,
2011).

1.5. Conclusão parcial

Segundo os critérios gerais dos autores se pode concluir que o bullying é um fenómeno
extremamente danoso que evoluiu ao longo da história das sociedades humanas, é um tipo de
violência que se apresenta de variadas formas em cada situação existente no contexto escolar,
é praticado principalmente na adolescência, onde cada participante apresenta um papel peculiar
no desenrolar da violência.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

CAPÍTULO II – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, abordar-se-á sobre a constituição da amostra selecionada, assim como a


sua caracterização para a feitura da pesquisa. Apresentar-se-á os resultados dos questionários
em tabelas, assim como uma descrição qualitativa dos resultados das entrevistas e observações
feitas pelo pesquisador. Os dados foram analisados por intermédio de uma triangulação de
fontes de dados, nomeadamente, a observação não participante do pesquisador, o inquérito por
questionário, e uma entrevista estruturada.

2.1. Caracterização da população e amostra

O colégio Ruana Icajuma é uma instituição escolar localizada em Angola, na província


de Luanda, munícipio de Belas, concretamente no bairro Benfica – Zona Verde. O colégio
funciona em três turnos, manhã, tarde e noite, comporta estudos do Iº ciclo do ensino secundário
(7ª, 8ª e 9ª classe), contendo uma população de 91 estudantes adolescentes, dentre os quais 61
são do sexo masculino e 30 do sexo feminino.

O referido colégio é comparticipado, ou seja, é dirigido por duas entidades sendo uma
pública e outra privada. Esta comparticipação permite que as taxas escolares como propinas e
emolumentos não sejam muito altas como nos colégios privados propriamente ditos, facilitando
assim a inserção de estudantes das diferentes classes sociais.

O pesquisador selecionou uma amostra não probabilística do tipo intencional, tendo em


conta a característica do estudo que tem como finalidade, a partir de um caso particular, fazer
uma interpretação do fenómeno bullying.

A amostra é constituída por 18 participantes, a mesma divide-se por dez estudantes


adolescentes vítimas de bullying do Iº ciclo do ensino secundário, cinco professores e três
vigilantes do mesmo colégio. Aos dois últimos, aplicaram-se entrevistas com a finalidade de se
obter a caracterização perfil dos adolescentes vítimas de bullying.

2.2. Apresentação e interpretação dos resultados

Como já mencionado anteriormente, para a elaboração da pesquisa foi utilizado o


método de observação não participante no lugar de aplicação da mesma. As observações foram

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

feitas no campo de educação física, pátio de recreio e na rua da instituição, durante os três
respectivos horários de aulas.

O objectivo da observação, foi para acrescentar dados se possível, aos resultados obtidos
através das entrevistas aplicadas aos professores e vigilantes que participaram da pesquisa.
Portanto, permitiram conhecer um pouco melhor o perfil dos adolescentes vítimas de bullying
pertencentes ao colégio em estudo.

Posteriormente apresenta-se a interpretação dos resultados obtidos, após o tratamento


dos dados mediante o uso do método estatístico. O questionário (apêndice nº1) foi preenchido
por dez estudantes adolescentes vítimas de bullying, pertencentes ao Iº ciclo do ensino
secundário (7ª, 8 e 9ª classe). O questionário apresenta um predomínio de perguntas fechadas
de múltiplas escolhas.

Observar-se-á seguidamente a análise das respostas obtidas após a aplicação da


entrevista. A entrevista (apêndice nº2) foi aplicada a cinco professores pertencentes ao colégio
em estudo que lecionam no Iº ciclo do ensino secundário (7ª, 8ª e 9ª classe) e, a três vigilantes
do colégio. Os vigilantes, têm a competência de manter o controlo e fazer a vigilância dos
estudantes dentro do colégio. A entrevista apresenta um predomínio de perguntas abertas com
apenas uma pergunta fechada de escolha múltipla onde os entrevistados foram livres de dar a
sua opinião acerca do tema em pesquisa segundo a sua experiência profissional no ramo escolar.

Os dados da Tabela 1 (apêndice nº3), mostra a distribuição dos estudantes adolescentes


vítimas de bullying em função do sexo. Participaram na pesquisa um total de dez estudantes,
dentre os quais, sete vítimas do sexo masculino e três vítimas do sexo feminino. Portanto, pode-
se verificar uma superioridade numérica por parte dos adolescentes vítimas do sexo masculino
(70%) em relação as adolescentes vítimas do sexo feminino (30%).

Segundo a interpretação do pesquisador a razão desta disparidade numérica no que tange


o sexo das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma reside no facto de que o número de
estudantes adolescentes do sexo masculino inscritos no colégio é superior em relação aos
estudantes adolescentes do sexo feminino. Portanto, a existência de mais vítimas do sexo
masculino consiste em uma questão numérica e não propriamente em uma questão do gênero
em si.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 1:
Sexo das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma

Resultados - Sexo das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma

Sexo Frequência absoluta Frequência relativa

Masculino 7 70%

Feminino 3 30%

Total 10 100%

Nota. Fonte: Criação do autor.

A Tabela 2 (apêndice nº4) realça a disposição dos estudantes adolescentes vítimas de


bullying tendo em conta as respectivas faixas etárias, estas que variam entre os 13 aos 17 anos
de idade. Nota-se que é mais frequente sofrerem agressões os estudantes adolescentes com 13
anos de idade, o que representa a moda com a percentagem de 40%. Percebe-se que não existe
uma diferença entre os estudantes adolescentes com 14 e 15 anos de idade, pois, os mesmos
sofrem agressões com a mesma frequência representando uma percentagem de 20%, enquanto
que os estudantes adolescentes vítimas com 16 e 17 anos de idade possuem o menor índice de
agressões sofridas, representando cada um, 10% da percentagem total.

Tendo em conta os resultados da Tabela 2 o autor totaliza que quanto menor for a idade
do adolescente maior é a susceptibilidade de ele sofrer agressões. Isto sucede-se porque os
estudantes adolescentes que têm idades inferiores aos demais colegas possuem um aspecto
fundamental que é a incapacidade de se defenderem das agressões, decorrente da própria
menoridade e da reduzida força física que possuem em relação ao demais.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 2:
Faixa etária das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma
Resultados – Faixa etária das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma

Idades Frequência absoluta Frequência relativa

13 4 40%

14 2 20%

15 2 20%

16 1 10%

17 1 10%

Total 10 100%

Nota. Fonte: Criação do autor.

Na Tabela 3 (apêndice nº5), apresenta-se as classes correspondentes ao Iº ciclo do ensino


secundário dos estudantes vítimas de bullying. Dentre as dez vítimas que participaram deste
estudo, verifica-se que maior parte delas frequentam a 7ª classe representando 50% do valor
total. Em seguida nota-se que 30% dos estudantes vítimas de bullying frequentam a 8ª classe e,
por último, o menor índice de vítimas é representado pelos estudantes que frequentam a 9ª
classe com 20% do valor da percentagem total.

Estes dados permitem o pesquisador deduzir que as agressões são mais frequentes no
primeiro ano (7ª classe) do Iº ciclo do ensino secundário, pelo facto de os estudantes serem
novos no colégio, não estarem familiarizados com o ambiente escolar e, desconhecerem maior
parte ou mesmo nenhum colega. Estes factores referidos são facilitadores para que estes
estudantes se tornem alvos de violência e submissos aos demais colegas que já frequentam e
conhecem o colégio há mais tempo.

Pode-se também determinar, de acordo com os dados da Tabela 3 que, quanto maior for
o nível da classe, menor é o número de vítimas existentes. Portanto, a medida em que a vítima
vai transitando ou passando de classe a violência vai diminuindo, corroborando com alguns

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

autores que dizem que os níveis de conduta de bullying decaem com o aumento da idade do
agressor e tendem a diminuir até ao fim da escolaridade da vítima.

Tabela 3:
Nível de escolaridade das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma
Resultados – Nível de escolaridade das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma

Iº ciclo do ensino secundário Frequência absoluta Frequência relativa

7ª classe 5 50%

8ª classe 3 30%

9ª classe 2 20%

Total 10 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

A relação existente entre o sexo das vítimas de bullying e o respectivo nível de


escolaridade em que frequentam é abordada pela Tabela 4 (apêndice nº6). Vê-se que dentre as
cinco vítimas que frequentam a 7ª classe, três delas são do sexo masculino (60%) e duas delas
são do sexo feminino (40%). As três vítimas que frequentam a 8ª classe estão repartidas em
duas do sexo masculino (66,7%) e uma do sexo feminino (33,3%). No final, respectivamente a
9ª classe, nota-se apenas duas vítimas do sexo masculino (100%), não constando nenhuma do
sexo feminino.

Nesta Tabela 4, a inferência anterior do pesquisador continua evidente de que a questão


numérica é o principal motivo da maior frequência de vítimas do sexo masculino em cada uma
das classes do Iº ciclo do ensino secundário.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 4:
Relação entre o sexo das vítimas de bullying e a classe em que frequentam
Resultados – Relação entre o sexo das vítimas de bullying e a classe em que frequentam
7ª classe
Sexo Frequência absoluta Frequência relativa
Masculino 3 60%
Feminino 2 40%
Total 5 100%
8ª classe
Masculino 2 66,7%
Feminino 1 33,3%
Total 3 100%
9ª Classe
Masculino 2 100%
Feminino 0 0%
Total 2 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

2.2.1. Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma

A Tabela 5 (apêndice nº7) é atinente as formas de bullying mais frequentemente


praticadas no colégio, e por intermédio dos dados obtidos, denota-se que o bullying verbal
representa a maior percentagem do tipo de bullying que é praticado, correspondendo a 50%,
sucessivamente, o segundo tipo de bullying mais praticado no colégio com uma percentagem
de 30% é o bullying psicológico, restando o bullying físico particularizando 20% do valor total.

A experiência e as observações do pesquisador complementam que o bullying do tipo


verbal no colégio é o mais frequente porque, é muito comum na realidade angolana os
estudantes adolescentes tratarem os insultos, provocações e a atribuição de nomes pejorativos
como meras brincadeiras que acontecem na escola. Porém, a forte ocorrência do bullying do
tipo verbal também se desencadeia pelo facto do mesmo ser dificilmente controlado pela
vigilância do colégio, pois, é quase que impossível os vigilantes e professores prestarem atenção
a tudo o que os estudantes dizem, principalmente nos sítios onde mais se congregam estudantes.

24
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

A presença do bullying do tipo psicológico (30%) no colégio está relacionada com a


circunstância de que as vítimas não apresentam marcas físicas depois das agressões, o que
facilita os agressores à silencia-las, manipula-las e às tornar submissas as suas vontades.

Tabela 5:
Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma
Resultados - Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma

Tipo de bullying Frequência absoluta Frequência relativa

Bullying físico 2 20%

Bullying verbal 5 50%

Bullying psicológico 3 30%

Cyberbullying 0 0%

Total 10 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

Continuando com os tipos de bullying, salienta-se em seguida a distinção entre as


agressões sofridas pelos adolescentes vítimas do sexo masculino e as vítimas do sexo feminino,
para que se perceba quais tipos de bullying atentam mais contra as mesmas de acordo ao seu
respectivo sexo conforme mostra a Tabela 6 (apêndice nº8).

Os adolescentes vítimas do sexo masculino apresentam uma predominância absoluta


(100%) concernente ao bullying do tipo físico. Quanto ao bullying do tipo verbal, 60% das
agressões são contra os adolescentes vítimas do sexo masculino enquanto que 40% são contra
as vítimas do sexo feminino. Terminando, o bullying do tipo psicológico, atenta 33,3% nos
adolescentes vítimas do sexo masculino e 66,7% nas vítimas do sexo feminino.

Colocando de lado a discrepância numérica entre o sexo das vítimas de bullying, o


pesquisador infere que os adolescentes vítimas do sexo masculino sofrem mais bullying do tipo
verbal e físico, porque, é uma prática constante em angola os estudantes adolescentes
atribuírem-se nomes pejorativos, fazerem zombaria uns dos outros e quererem obter respeito
mediante o uso da força. Já as vítimas do sexo feminino têm maior predominância no bullying
psicológico, visto que, commumente na realidade angolana as mulheres são excluídas e
rejeitadas com maior facilidade em relação aos homens, seja a nível social ou profissional.

25
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 6:
Tipos de bullying sofridos pelas vítimas de acordo ao sexo no colégio Ruana Icajuma
Resultados - Tipos de bullying sofridos pelas vítimas de acordo ao sexo no colégio Ruana
Icajuma

Bullying físico

Sexo Frequência absoluta Frequência relativa

Masculino 2 100%

Feminino 0 0%

Total 2 100%

Bullying verbal

Masculino 3 60%

Feminino 2 40%

Total 5 100%

Bullying psicológico

Masculino 1 33,3%

Feminino 2 66,7%

Total 3 100%

Cyberbullying

Masculino 0 0%

Feminino 0 0%

Total 0 0%

Nota. Fonte: Criação do autor.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apresenta-se na Tabela 7 (apêndice nº9) a distribuição da frequência em que ocorre o


bullying no colégio Ruana Icajuma. Aponta-se que 70% das vítimas estudadas sofrem agressões
sempre, ao passo que, 20% das vítimas sofrem agressões às vezes, todavia, poucas vezes (10%)
se tem verificado a ocorrência de bullying no colégio.

A convivência ou o encontro diário entre os estudantes é o factor predominante para que


os agressores tenham sempre (70%) a oportunidade para perturbar as vítimas. Tal situação
conduz as vítimas a episódios indesejados como o declínio do aproveitamento escolar,
ferimentos graves, depressão e outras perturbações do fórum mental.

Tabela 7:
Frequência em que ocorre o bullying no colégio Ruana Icajuma
Resultados – Frequência em que ocorre o bullying no colégio Ruana Icajuma

Frequência das agressões Frequência absoluta Frequência relativa

Sempre 7 70%

Às vezes 2 20%

Poucas vezes 1 10%

Total 10 100%

Nota. Fonte: Criação do autor.

Os valores intrínsecos a Tabela 8 (apêndice nº10) indicam que 50% das agressões são
praticadas por dois colegas. Percebe-se que não existe uma diferença percentual entre o bullying
praticado por um colega e três colegas, equivalendo a uma percentagem igualitária de 20%. E,
por fim, com menor índice de ocorrências, estão as vítimas que sofreram bullying por mais de
três colegas, correspondendo a 10% do valor total.

As apurações do pesquisador conduzem ao seguinte entendimento: as agressões


praticadas por dois colegas são as que mais ocorrem porque facilmente se podem manter
encobridas pela razão de o grupo de agressores ser diminuto. Portanto, o facto de o grupo de
agressores ser pequeno chamaria menos atenção dos restantes colegas (observadores) na hora

27
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

em que o bullying acontece, evitando assim com que os mesmos denunciem as agressões aos
professores, vigilantes ou ainda a direcção do colégio.

Tabela 8:
Número de agressores que praticam bullying contra as vítimas no colégio Ruana Icajuma
Resultados- Número de agressores que praticam bullying contra as vítimas no colégio
Ruana Icajuma
Nº de agressores Frequência absoluta Frequência relativa
Um colega 2 20%
Dois colegas 5 50%
Três colegas 2 20%
Mais de três 1 10%
Total 10 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

2.2.2. Locais e horários onde ocorrem o bullying no colégio Ruana Icajuma

Relativamente aos locais onde ocorrem os actos de bullying, as dez vítimas que
participaram na pesquisa assinalaram que as agressões acontecem dentro da instituição, o que
indica a moda com 52,6%, as mesmas, com a excepção de uma delas, assinalaram que essas
mesmas agressões também acontecem fora do colégio, o que diz respeito a 47,4% do valor total
da Tabela 9 (apêndice nº11).

Dentro do colégio é o espaço ideal para o acontecimento de bullying pelo simples facto
de ser o local comum de convivência entre os estudantes, porém, avista-se que não existe uma
grande diferença percentual em relação a frequência das agressões que ocorrem fora do colégio
(47%). Isto dá-se, uma vez que fora do colégio, o estudante já não beneficia da protecção que
o próprio oferece, dado que, os privilégios dos regulamentos, normas e vigilância do colégio
cingem-se apenas dentro do espaço escolar, ou seja, dentro da instituição.

28
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 9:
Locais onde ocorrem bullying no colégio Ruana Icajuma

Resultados – Locais onde ocorrem bullying no colégio Ruana Icajuma

Locais onde ocorrem Frequência absoluta Frequência relativa


bullying

Dentro do colégio 10 52,6%

Fora do colégio 9 47,4%

Total 19 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

Respectivamente aos locais onde acontecem as agressões, concretamente dentro do


colégio, pode-se captar na Tabela 10 (apêndice nº12) que 30,3% das agressões sofridas pelas
vítimas dentro do colégio ocorrem com maior frequência no pátio de recreio. Não se encontra
diferença na frequência das agressões ocorridas em lugares como, as salas de aula e os
corredores do colégio, ambas dispondo de 27,3%. Os dois locais dentro do colégio onde
acontecem as agressões com menor taxa de frequência são as casas de banho com 12,1% e o
campo de educação física com 3,0% do valor total.

Combinando estes resultados com as observações do pesquisador, finda-se que as


agressões acontecem com maior frequência no pátio de recreio por ser o local onde se
congregam maioritariamente os estudantes das variadas classes escolares existentes no colégio.
Deste modo, mesmo com a existência de vigilância no colégio, o número de estudantes
existentes é significativamente maior em relação ao número de vigilantes que o colégio possui
para manter o controlo dos mesmos, factor facilitador à que os agressores dispõem para praticar
bullying.

29
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 10:
Locais dentro do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying

Resultados – Locais dentro do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying

Locais dentro do colégio Frequência absoluta Frequência relativa

Sala de aula 9 27,3%

Nos corredores 9 27,3%

Refeitório / Cantina 0 0%

Biblioteca 0 0%

Na casa de banho 4 12,1%

Pátio de Recreio 10 30,3%

Campo de educação física 1 3,0%

Outro local 0 0%

Total 33 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

Acha-se na Tabela 11 (apêndice nº13) os resultados dos locais fora do colégio onde
ocorrem as agressões. A mesma, demostra que as práticas de bullying fora do colégio só
ocorrem na rua do colégio e nos cybers cafés junto ao colégio, representando cada uma, 50%
da percentagem total.

Ambas situações se verificam com tamanha frequência, posto que, quando as vítimas
estão a caminho do colégio ou quando vão para casa depois das aulas, elas são obrigadas a
passar pela rua onde se encontra o colégio e, como já referido anteriormente, os estudantes não
beneficiam da protecção do colégio em um local ou espaço que não seja pertencente ao mesmo.

30
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Portanto, a rua onde se encontra o colégio é um local onde os agressores encontram a facilidade
para perturbar as vítimas, pois aí, é comum não ter alguém que as defenda. Quanto aos cybers
cafés juntos a instituição, estes têm a particularidade de serem locais fora do colégio onde os
estudantes frequentam para fazer trabalhos escolares emanados pelos professores e entreterem-
se com vídeo jogos durante os intervalos entre as aulas.

Tabela 11:
Locais fora do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying

Resultados – Locais fora do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying

Locais fora do colégio Frequência absoluta Frequência relativa

Na rua do colégio 10 50%

Nas lojas junto ao colégio 0 0%

Numa residência perto do 0 0%


colégio

Nos cybers cafés junto ao 10 50%


colégio

Outro local 0 0%

Total 20 100%

Nota. Fonte: Criação do autor.

Em relação aos horários em que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana


Icajuma, de acordo com os resultados da Tabela 12 (apêndice nº14), identifica-se que 40% das
vítimas frequentam o horário da manhã, entretanto, a frequência das vítimas que frequentam o

31
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

horário da tarde e noite é a mesma caracterizando cada uma delas com a 30% de acordo com o
valor total percentual.

Tabela 12:
Horários em que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana Icajuma

Resultados - Horários em que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana Icajuma

Horários Frequência absoluta Frequência relativa

Manhã 4 40%

Tarde 3 30%

Noite 3 30%

Total 10 100%

Nota. Fonte: Criação do autor.

Continuando na senda dos horários, a Tabela 13 (apêndice nº15), estabelece a correlação


entre o sexo das vítimas de bullying e os horários em que frequentam as aulas. Quanto ao horário
da manhã existe uma frequência igualitária no que tange os dois sexos, correspondendo cada à
50%. No horário da tarde verifica-se que 66,7% dos adolescentes vítimas de bullying são do
sexo masculino e 33,3% são do sexo feminino. Por último, respectivamente ao horário da noite,
pode-se observar uma predominância das vítimas do sexo masculino com 100% do valor total.

Portanto, segundo a experiência do pesquisador, importa mencionar que os horários em


que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana Icajuma e a sua relação com os respectivos
sexos não são factores que desencadeiam bullying, ou seja, um estudante adolescente não se
torna vítima de bullying por frequentar o período da manhã, tarde ou noite.

32
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 13:
Relação entre o sexo das vítimas de bullying e os horários em que frequentam as aulas

Resultados – Relação entre o sexo das vítimas de bullying e os horários em que frequentam
as aulas

Manhã

Sexo Frequência absoluta Frequência relativa

Masculino 2 50%

Feminino 2 50%

Total 4 100%

Tarde

Masculino 2 66,7%

Feminino 1 33,3%

Total 3 100%

Noite

Masculino 3 100%

Feminino 0 0%

Total 3 100%

Nota. Fonte: Criação do autor.

33
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Prosseguindo com a averiguação dos horários, a Tabela 14 (apêndice nº16) enfatiza que
70% das vítimas estudadas sofrem bullying durante o horário de aulas em que frequentam, ao
passo que 30% sofrem bullying fora do horário de aulas em que frequentam.

Desta maneira, atendendo as observações, o pesquisador complementa que estas


agressões acontecem com maior frequência durante o horário de aulas em que as vítimas
frequentam, visto que, é neste período, onde elas estão mais presentes em termos de horas, ou
seja, quando vítimas vão para o colégio, ainda que não tenham a intenção de entrar para a sala
de aulas, é comum elas ficarem mais tempo no colégio durante o horário em que têm aulas e só
depois retomam para casa.

Tabela 14:
Horários em que as vítimas sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma
Resultados – Horários em que as vítimas sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma
Horário Frequência absoluta Frequência relativa
Durante o horário de aulas 7 70%
Fora do horário de aulas 3 30%
Total 10 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

A Tabela 15 (apêndice nº17), evidencia o vínculo entre o sexo e o horário em que as


vítimas sofrem bullying. As agressões ocorridas durante o horário de aulas estão distribuídas
em 71,4% para os adolescentes vítimas do sexo masculino e 28,6% para as vítimas do sexo
feminino. Já as agressões que ocorrem fora do horário de aulas, repartem-se em 66,7% para as
vítimas do sexo masculino e 33,3% para as vítimas do sexo feminino.

Reitera-se que o motivo que desencadeia a existência de mais adolescentes vítimas do


sexo masculino que sofrem bullying durante os horários de aulas, é numérico, e não do gênero
em si.

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 15:
Relação entre o sexo das vítimas e os horários em que sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma
Resultados – Relação entre o sexo das vítimas e os horários em que sofrem bullying no
colégio Ruana Icajuma
Durante o horário de aulas
Sexo Frequência absoluta Frequência relativa
Masculino 5 71,4%
Feminino 2 28,6%
Total 7 100%
Fora do horário de aulas
Masculino 2 66,7%
Feminino 1 33,3%
Total 3 100%
Nota. Fonte: Criação do autor.

2.2.3. Caracterização do perfil das vítimas de bullying do colégio Ruana Icajuma

As respostas das perguntas dadas pelos professores e vigilantes foram transcritas sem
nenhuma intervenção ou correcção do pesquisador, garantido assim uma completa
fidedignidade das falas e opiniões dos participantes. A informação no que tange a identificação
dos participantes não foi requerida aos mesmos por questões de ética.

Para se perceber com clareza e distinção as respostas dos oito entrevistados (cinco
professores e três vigilantes), os mesmos serão referidos da seguinte forma: Professor (1),
Professor (2), Professor (3), Professor (4), Professor (5), Vigilante (A), Vigilante (B) e Vigilante
(C).

A primeira questão da entrevista (apêndice nº2 e nº18) feita aos professores e vigilantes
foi: Tem conhecimento sobre a existência de bullying (violência física, verbal, psicológica,
praticada de forma intencional, repetida, onde existe um desequilíbrio de forças entre a vítima
e o agressor) no colégio?

35
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Tabela 16:
Tem conhecimento sobre a existência de bullying no colégio Ruana Icajuma?
Resposta dos entrevistados Frequência absoluta Frequência relativa

Sim 8 100%

Não 0 0%

Total 8 100%

Nota. Fonte: Criação do autor.

O facto de todos entrevistados (100%) possuírem conhecimento sobre a existência do


fenómeno bullying no colégio favorece à uma apreensão de respostas que serviram para traçar
o perfil da vítima de forma objectiva.

A segunda questão da entrevista (ver apêndice nº2) foi: De acordo com a sua experiência
profissional, faça uma descrição das vítimas. (tendo em conta traços tais como: características
físicas, orientação sexual, condição econômica, forma de vestir, rendimento escolar, etc.).
Observam-se abaixo as respostas:

Professor (1): As vítimas normalmente têm características peculiares, eu tenho um aluno


que sofre bullying e fisicamente tem as bochechas salientas, condições econômicas muito baixa
em relação a muitos colegas, por isso apresenta-se mal vestido, mas tem um bom
aproveitamento escolar.

Professor (2): As vítimas apresentam características físicas diferenciadas em relação aos


demais colega. A vítima de que tenho conhecimento por exemplo, fisicamente é muito gorda
na parte superior do corpo e as pernas são relativamente pequenas. Ela tem boas condições
econômicas, motorista que a vinha buscar ao colégio, apresenta-se bem vestida, com a roupa
limpa e, tinha um rendimento escolar bom.

Professor (3): Só consigo fazer a discrição de apenas uma vítima, porque é a única que
acompanho de próximo. Esta vítima tem uma deficiência física, um braço mais curto em relação
ao outro, possui condições econômicas boas, apresenta-se bem vestido, mas não tem um bom
rendimento ou boas notas.

36
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Professor (4): Os que sofrem bullying podem ter condições econômicas boas ou más,
mas, geralmente apresentam características físicas muito próprias do tipo, estão acima do peso
ou são muito magrinhos e é costume se dedicarem aos estudos e obtêm um bom rendimento.

Professor (5): A descrição desses estudantes vítimas pode variar, mas sei que, alguns
deles são muito baixinhos e muito gordos, o rendimento na escola pode ser bom como mau de
igual modo a sua condição econômica também o pode ser.

Vigilante (A): Os estudantes que sofrem essa violência são gordos, as roupas as vezes
não estão limpas, também não têm boas notas ou bom rendimento escolar, mas alguns deles
têm um bom nível de vida econômica.

Vigilante (B): Essas vítimas muitas vezes são aqueles estudantes que têm um bom
rendimento escolar, economicamente estão bem e em algumas vezes são aqueles também que
têm características diferentes dos colegas. Conheço um caso em que a vítima de bullying é
zombada por ser albina, mas apresentava-se bem vestida.

Vigilante (C): Esses estudantes que passam por bullying têm nível de vida boa, as notas
que alcançam também são boas, apresenta-se bem vestida, mas fisicamente têm características
que chamam muita atenção, como cabeça grande, ou são gordos ou são muito baixinhos.

Muitas das respostas apresentadas pelos entrevistados sobre a descrição das vítimas
tendo em conta os traços fundamentais, convergem, ou seja, pode-se observar pontos comuns
nas diferentes repostas que permitem, particularmente, findar a descrição das vítimas de
bullying do colégio Ruana Icajuma.

Os adolescentes vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma apresentam


características físicas peculiares, as quais distinguem-se dos demais colegas do colégio.
Características físicas tais como: peso a cima do normal, magreza, baixa estatura. Por fim, pode-
se constatar alguns casos de vítimas que tenham deficiência física ou a tonalidade da pele
diferente dos demais estudantes.

Tendo em conta as respostas dos entrevistados, complementado com as observações do


pesquisador, pode-se ultimar que na sua maioria as condições econômicas dos estudantes
adolescentes vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma são boas, de igual modo também é

37
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

o seu rendimento escolar. Entretanto, se pode inferir que o modo em que as vítimas se
apresentam no colégio, no que diz respeito a forma de vestir, está ligado as condições
econômicas que elas apresentam, por isso, maior parte delas apresentam-se bem vestidas e com
roupas limpas. Todavia, a componente pública do colégio também exerce políticas que facilitam
a inserção de estudantes que não possuem boas condições econômicas, e nestes, também se
observam vítimas de bullying, segundo as respostas do Professores (1, 4 e 5).

Os estudos contemporâneos e a literatura sobre o bullying explanam que geralmente as


vítimas deste fenómeno estão ligadas a um mau rendimento escolar e a condições econômicas
baixas. Contudo, mediante a colheita de dados, o presente estudo demostra uma tese contrária,
evidenciando que as vítimas de bullying, particularmente neste colégio, são caracterizadas por
um bom rendimento escolar e por boas condições econômicas.

A terceira questão (ver apêndice nº2) foi: Dê acordo com a sua experiência no ramo da
educação diga o porquê de esses estudantes tornarem-se vítimas de bullying? Observam-se
abaixo as respostas:

Professor (1): Normalmente neste colégio o que predomina são estudantes que têm um
bom nível de vida, portanto muitos daqueles que não têm as mesmas condições que estes ou
apresentam-se de forma diferenciada quanto a vestimenta, sofrem bullying.

Professor (2): Dos casos que tenho conhecimento, os motivos fundamentais que fazem
os estudantes se tornarem vítimas de bullying, são as características físicas das vítimas como o
excesso de peso e a baixa altura.

Professor (3): Quando um estudante não tem boas notas e erra demasiadas vezes as
perguntas feitas pelo professor em sala de aula, ou ainda no caso de ter uma deficiência física,
ele torna-se alvo de zombaria e vexames.

Professor (4): Alguns estudantes do colégio gostam de impor o respeito por meio da
força física, gostam de sentir-se poderosos no meio dos colegas, então aproveitam maltratar os
outros que possuem menor força física ou características diferentes em relação a eles.

Professor (5): Eu entendo que o real motivo que conduz as vítimas ao bullying não está
propriamente nas vítimas mas sim nos agressores, porque, muitos deles possuem falta de

38
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

confiança em si mesmo, não têm bom rendimento escolar e mediante a isso, para aliviar os seus
problemas, aproveitam-se de alguns aspectos físicos das vítimas para cometerem agressões.

Vigilante (A): Muitas dessas vítimas sofrem bullying pelas fragilidades físicas que
apresentam. Estas fragilidades motivam essas agressões, porque, se a vítima tiver alguma
deficiência ou característica física diferente dos demais, os agressores aproveitam-se para gozar
e zombar.

Vigilante (B): Esses estudantes tornam-se vítimas de bullying por apresentarem algumas
características físicas e até raciais diferentes em relação aos restantes colegas. Algumas vítimas
são atacadas verbalmente com nomes pejorativos como “laton e esquebra do colono” em
detrimento de serem mestiças, e outras são zombadas com termos como “russo” por serem
albinas.

Vigilante (C): De acordo com a minha experiência no colégio, um estudante torna-se


vítima de bullying quando possui características físicas diferenciadas que chamam muita
atenção em relação aos demais. Por exemplo se a vítima for muito baixinha os agressores
atribuem nomes pejorativos como “cambuta”.

Pode-se extrair o seguinte entendimento das respostas dos entrevistados: o principal


factor que leva aos adolescentes a se tornarem vítimas de bullying no colégio são as
características físicas diferenciadas que eles apresentam em relação aos demais colegas.

As características físicas são aspectos que chamam muita atenção às pessoas e, quando
elas são evidentemente diferentes do grupo de pares em que o indivíduo está inserido, podem
suscitar actos violentos repetidos como a zombaria, vexames, ofensas verbais, rejeição e
exclusão por parte daqueles que não conseguem respeitar as diferenças de outrem.

Entretanto, há outros factores menos frequentes que também estão por detrás dessas
agressões. Em concordância com os Professores (4 e 5), deduz-se, que em alguns casos os reais
motivos da existência das agressões podem não estar propriamente relacionados com factores
inerentes as vítimas, mas sim com os agressores. A falta de confiança em si mesmo, as notas
baixas e a necessidade de se afirmar ou se impor no seio dos outros colegas por meio da força,
são factores que levam os agressores a descarregar as suas frustrações nas vítimas aproveitando-
se assim de qualquer fragilidade que elas apresentam.

39
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

A quarta questão da entrevista (ver apêndice nº2) foi: Segundo a sua experiência, que
marcas ou sinais identificadores geralmente apresentam essas vítimas? Observam-se abaixo as
respostas:

Professor (1): As vítimas apresentam sinais de baixa auto-estima, são tímidas, retraídas,
distraídas na sala de aulas e as notas decaem ao longo do ano lectivo.

Professor (2): Nos períodos em que acontecem as agressões as vítimas mostram-se


silenciosas, dificilmente falam com alguém e estão constantemente tristes.

Professor (3): Eu consigo identificar as vítimas porque elas mostram sinais de exclusão
do grupo de convívio entre colegas, baixa auto-estima, muitas vezes em sala de aula não aceitam
participar em actividades que envolvem a composição de grupos.

Professor (4): Os sinais que me permitem dar conta desses estudantes são a introversão,
ansiedade, o número reduzido de amigos e a inibição que possuem para participar nas aulas.

Professor (5): Os sinais para identificar uma vítima de bullying são bem visíveis, elas
estão sempre tristes no colégio, quase que nunca interagem com algum colega e ficam são
tímidas.

Vigilante (A): Os estudantes vítimas dessa violência são muito desconfiados, ou seja,
dificilmente conseguem confiar em outros colegas, são introvertidos e é comum ficarem algum
tempo sós em algum canto do pátio.

Vigilante (B): De acordo com a minha experiência, as vítimas do bullying, normalmente


isolam-se dos outros colegas do colégio, tem baixa auto-estima e ocasionalmente exteriorizam
ataques de raiva.

Vigilante (C): Quando um estudante está angustiado e as notas começam a baixar ou


apresenta mudanças súbitas de comportamento e as vezes isolam-se dos outros colegas, são
claros sinais que identifico como sendo vítima de bullying.

Consuma-se, segundo as respostas, que as marcas ou sinais mais frequentes que permitem
identificar os adolescentes vítimas de bullying no colégio distribuem-se da seguinte forma:

40
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

• As que representam incapacidade de a vítima expressar e discursar o que sente ou o que


pensa e ainda isolar-se do convívio social, como a timidez, a introversão, retracção e a
inibição.

• As que representam falta de confiança e ausência de tranquilidade como a baixa auto-


estima, a angústia e a ansiedade.

Estes sinais desencadeiam-se pelo motivo de as vítimas frequentarem os mesmos locais


no colégio que os seus agressores, como as salas de aulas, corredores, pátio de recreio, pois, é
evidente que a presença do agressor levaria a vítima à introversão, retracção, inibição, ausência
de tranquilidade, angústia e ansiedade, pela razão de o agressor representar perigo ou ameaça à
vítima.

A quinta questão da entrevista (ver apêndice nº2) foi: Como é a socialização das vítimas
com os outros colegas do colégio? Observam-se abaixo as respostas:

Professor (1): As vítimas socialmente são de poucos amigos visto que elas são excluídas
ou as vezes elas mesmas excluem-se dos grupos de colegas, elas preferem ficar em cantos
isolados no pátio.

Professor (2): Dos casos que conheço, as vítimas têm poucos problemas de socialização
porque elas só não interagem com outros quando passam por bullying.

Professor (3): Quanto a socialização, essas vítimas apresentam muito pouca, ou seja,
praticamente evitam socializar-se, porque acham que os outros podem aproveitar-se disso para
zombar delas.

Professor (4): A socialização das vítimas de bullying com outros estudantes do colégio
é reduzida. Por exemplo, eu conheço um caso de uma vítima de bullying que no intervalo das
aulas preferia ficar dentro da sala a ouvir música do que se juntar aos outros estudantes.

Professor (5): As vítimas de bullying socializam muito pouco, têm dificuldades em


desenvolver confiança pelos outros colegas. Quando elas são obrigadas a socializar com outros
colegas em detrimento dos trabalhos conjuntos em sala de aula, quase que não participam da
elaboração do mesmo.

41
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Vigilante (A): Commumente as vítimas de bullying apenas socializam com um grupo


selectivo de colegas em que as mesmas conseguem interagir sem se sentirem ameaçadas.

Vigilante (B): Essas vítimas de violência socializam com os outros colegas poucas
vezes. Eu tenho reparado que uma dessas vítimas, poucas vezes, tem falado com colegas no
pátio de recreio, sendo que maioritariamente fica num canto do pátio sozinha.

Vigilante (C): As vítimas de bullying tem um grupo limitado de colegas para interagir,
porque não têm a certeza se os outros colegas possam vir a ter as mesmas intenções que os seus
agressores.

Enxerga-se uma clara consequência desencadeada pelo bullying no que concerne a


socialização das vítimas, à qual, de acordo com as respostas dos entrevistados, é reduzida ou
mesmo inexistente. Ainda assim, ocasionalmente, pode-se dar o caso em que as vítimas
interajam com um grupo reduzido de colegas, os quais, as vítimas não se sintam ameaçadas,
como mencionam os Vigilante (A e C). Tal situação pode advir do medo e da desconfiança que
as vítimas sentem em relação aos agressores e os demais colegas do colégio.

O pesquisador afirma que o colégio deve trabalhar em uma intervenção psico-


pedagógica com o objectivo de dar o devido apoio as vítimas evitando assim situações mais
gravosas, já que, a inexistência de socialização pode conduzir as vítimas a estados emocionais
como a depressão e, por conseguinte levar a extremos como o suicídio e o desenvolvimento de
comportamentos violentos.

A sexta questão da entrevista (ver apêndice nº2) foi: Acha que a prática de bullying
influencia no aproveitamento escolar das vítimas? Observam-se abaixo as respostas:

Professor (1): Sim influencia. As vítimas que conheço noto que são esforçadas e
dedicam-se nas aulas, mas, algumas delas vão descendo de notas ao longo do ano fruto da
violência que sofrem.

Professor (2): Claro que sim. É comum esses estudantes terem um rendimento bom,
principalmente no início do ano lectivo, mas assim que são violentados com frequência,
começam a mostrar falta de interesse nas aulas e participam pouco, motivos que fazem baixar
as notas.

42
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Professor (3): Embora as vítimas não tenham um bom rendimento escolar a princípio,
com a existência da violência, também não conseguiriam obter boas notas, porque mesmo que
elas se esforcem, o bullying é um factor que impossibilita elas alcançarem o rendimento escolar
esperado.

Professor (4): Penso que não. As vítimas têm um bom rendimento e elas o mantêm
mesmo depois de sofrerem a violência.

Professor (5): Sim influencia muito, porque, independentemente das notas que têm a
violência dificulta a aprendizagem desses estudantes. A violência faz esses estudantes faltarem
ao colégio e não participarem das aulas.

Vigilante (A): Sim eu acredito que influencia. Esses estudantes não têm bom
aproveitamento escolar, mas é evidente que sofrendo bullying eles não têm como melhorar essa
situação, pois, contribui para que as mesmas não assistam as aulas e não venham colégio.

Vigilante (B): Sim, porque o bullying perturba a aprendizagem do estudante,


independentemente do rendimento que ele alcança.

Vigilante (C): Sim influencia, porque o rendimento do estudante muitas vezes decai em
função das vezes em que a violência ocorre.

Anteriormente já se verificou que é uma particularidade os adolescentes vítimas de


bullying no colégio Ruana Icajuma possuírem um bom rendimento escolar, contudo, segundo
o critério dos professores e vigilantes pode-se constatar que o rendimento diminui em função
do decorrer do ano lectivo. Tal situação, não foi verificada em detrimento da etapa em que a
pesquisa foi realizada, mas, o pesquisador corrobora com as respostas dos entrevistados,
alegando que o bullying produz uma influência psicológica negativa na vítima que perturba a
sua aprendizagem.

A sétima e última questão da entrevista (ver apêndice nº2) foi: Conhece algum caso em
que os pais têm o conhecimento que os seus filhos são vítimas de bullying no colégio?
Observam-se abaixo as respostas:

Professor (1): Não conheço nenhum caso de bullying no colégio em que os pais das
vítimas tenham conhecimento sobre a violência.

43
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Professor (2): Não tenho conhecimento de nenhum caso em que os pais das vítimas
sabem que o filho passa por bullying no colégio.

Professor (3): Sim, conheço o caso de uma vítima em que os pais sabem da violência,
inclusive, falaram com os pais dos respectivos estudantes que praticam essa violência para que
os inibissem à tais práticas. Conversaram ainda com a direcção geral do colégio para
submetesse suspenções aos agressores.

Professor (4): Desconheço algum caso em que os pais das vítimas têm conhecimento
sobre as agressões. Eu realmente acho que os pais não sabem, senão viriam ao colégio para
discutir tal situação com a direcção.

Professor (5): Sim, conheço um caso em que os pais têm conhecimento sobre a violência
repedida sofrida pelo filho e colocaram a vítima em acompanhamento psicológico. Os pais
mudaram a vítima de colégio porque os agressores não foram sancionados pela direcção da
forma à que achavam conveniente.

Vigilante (A): Não conheço nenhum caso em que os pais sabem sobre a violência sofrida
pelo filho. Mas sei que muitas brigas verbais ou físicas entre os estudantes a direcção consegue
tratar sem a intervenção dos pais.

Vigilante (B): Sim tenho. Certa vez acudi uma briga no pátio do colégio durante o
intervalo envolvendo quatro estudantes, eram três agressores contra uma vítima. Depois de
levar os quatro estudantes a direção do colégio para dar o devido tratamento, acompanhei a
vítima à casa e falei como os pais dela sobre o incidente no colégio. No final da conversa a
vítima acrescentou dizendo aos pais que esta não era a primeira vez em que acontecia algo do
gênero. Somente a partir desse dia os pais ficaram a saber que o filho era vítima de bullying.

Vigilante (C): Não conheço nenhum caso em que os pais do lesado têm conhecimento
sobre o bullying. Quando verifico casos de violência ou agressões durante a minha vigilância,
a minha tarefa é reportar e levar os envolvidos à direcção geral do colégio, depois disso, já não
tenho qualquer envolvimento no caso, porém, procuro sempre saber qual foi o desfecho da
situação, e noto que maior parte dos casos são resolvidos com sanções e muitas vezes sem a
intervenção dos pais.

44
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

De acordo com as respostas dos entrevistados vê-se que a maioria dos pais dos
adolescentes vítimas de bullying não têm conhecimento sobre a violência constante a que o
filho é submetido. Esta constatação conduz o pesquisador as seguintes conclusões:

• Os membros do colégio como a direcção geral e os professores não tem envolvido os


pais das vítimas e os agressores nas resoluções dos conflitos.

• As vítimas não têm falado com os pais acerca do bullying.

Portanto, a experiência do pesquisador finda que as vítimas não têm falado sobre o
bullying com os pais pelos seguintes aspectos: a) medo de voltarem a ser agredidas, b) por
vergonha, c) medo de que os pais não acreditem nelas ou não lhes deem o devido apoio, d)
medo de que os pais as culpem pelas agressões ou exijam que elas reajam com a mesma
proporção.

2.3. Conclusão parcial

Terminada a análise e interpretação dos dados através dos métodos de investigação,


verificou-se que no colégio Ruana Icajuma existem casos particulares que convergem com os
pressupostos da literatura universal estudada e outros que divergem. O mau rendimento escolar
e as más condições económicas são factores muitas vezes apontados na literatura como sendo
característicos das vítimas de bullying, no entanto, nesta pesquisa, ultima-se que estes factores
não são desencadeadores da violência, visto que, é uma particularidade das vítimas de bullying
neste colégio possuírem um bom rendimento escolar e boas condições econômicas.

45
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

CONCLUSÕES

O bullying é uma “patologia” que se encontra em contexto escolar, desencadeando


danos que podem perturbar para sempre a vida das vítimas.

O estudo de caso feito, além de estar baseado nas particularidades do fenómeno bullying
no colégio Ruana Icajuma, é portador de dados e relações que permitem obter uma visão geral
para compreender a realidade do mesmo na sociedade angolana.

A literatura estudada evidenciou diversidades de critérios, similitudes e diferenças, que


permitiram determinar as particularidades do fenómeno no colégio Ruana Icajuma. Estas
particularidades, possibilitaram atingir o objectivo geral da pesquisa, concluindo-se que:

• No colégio Ruana Icajuma os agressores praticam com maior frequência o tipo


de bullying verbal.

• No colégio Ruana Icajuma o bullying ocorre maioritariamente dentro do colégio,


concretamente no pátio de recreio, durante os horários de aulas em que as vítimas
frequentam.

• Os adolescentes vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma apresentam um


perfil com características físicas muito próprias que os distingue dos demais
colegas, como: peso acima do normal, magreza, baixa estatura. Também, é
característico eles possuírem boas condições econômicas, apresentarem um bom
rendimento escolar e não se socializarem. Por último, as marcas ou sinais que
identificam essas vítimas são: a timidez, introversão, retracção, inibição, baixa
auto-estima, angústia e a ansiedade.

Recomendações

A partir dos resultados obtidos recomenda-se:

a) Socializar os resultados da pesquisa no colégio Ruana Icajuma.

b) Compartilhar os resultados da pesquisa com as famílias dos estudantes nas reuniões


escolares e, implementar códigos de conduta “anti-bullying” no colégio.

46
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

BIBLIOGRAFIA

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O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

APÊNDICES
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº1

QUESTIONÁRIO PARA VÍTIMAS DE BULLYING

Este questionário enquadra-se numa investigação no âmbito de uma monografia de


Licenciatura em Ciências Criminais, realizada no Instituto Superior de Ciências e Tecnologias,
tendo como objectivo determinar as particularidades do fenómeno bullying neste colégio. Os
resultados obtidos serão utilizados apenas para fins académicos. O questionário é anónimo, não
devendo por isso colocar o seu nome em nenhuma das folhas. Não existem respostas certas ou
erradas. Por isso lhe solicitamos que responda de forma sincera a todas as questões. Na maioria
das questões terá apenas de assinalar com uma cruz a sua opção de resposta.
Obrigado pela sua colaboração.

Inquérito Nº _______.

1. Idade: ________. Sexo: F ( ) M ( )

2. Ano escolar actual e horário em que frequenta as aulas

7ª Classe Manhã Tarde Noite


8ª Classe Manhã Tarde Noite
9ª Classe Manhã Tarde Noite

RELATIVO ÀS FORMAS DE VIOLÊNCIA

3. Das agressões que se enunciam a seguir selecione todas as quais já foi vítima e a
frequência com que acontecem.

Bullying físico: Agridem fisicamente e ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Poucas vezes ( )


humilham. Roubam, quebram os seus
objetos ou materiais escolares
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Bullying verbal: Ofendem verbalmente. ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Poucas vezes ( )


Gozam, insultam, provocam ou apelidam
nomes

Bullying psicológico: Rejeitam ou ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Poucas vezes ( )


ignoram. Metem medo ou perseguem.
Espalham fofocas pelo colégio

Cyberbullying: Insultam, ameaçam, ( ) Sempre ( ) Às vezes ( ) Poucas vezes ( )


fofocam, gozam pela internet ou telefone

4. Se seleccionou alguma das anteriores indique se a agressão foi feita por um único
indivíduo ou por vários colegas.

Um colega ( ), Dois colegas ( ), três colegas ( ), mais de três ( ).

RELATIVO AOS LOCAIS E HORÁRIOS ONDE OCORRERAM A VIOLÊNCIA

5. Dos locais que se enunciam a seguir selecione todos os quais já sofreu a agressão:

Dentro do colégio ( )
Sala de Aula ( )
Nos corredores ( )

Refeitório / Cantina ( )

Biblioteca ( )

Na casa de banho ( )

Pátio de Recreio ( )
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Campo de educação física ( )

Outro local ( )

Se outro qual? __________________________________________.

Fora do colégio ( )
Na rua do colégio ( )
Nas lojas junto ao colégio ( )

Numa residência perto do colégio ( )

Nos cybers cafés junto ao colégio ( )

Outro local ( )

Se outro qual? __________________________________________.

6. Indique o horário em que os teu(s) colega(s) te perturbam

Durante o horário de aulas Fora do horário de aulas


( ) ( )
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº2

ENTREVISTA PARA PROFESSORES E VIGILANTES ESCOLARES

Esta entrevista enquadra-se numa investigação no âmbito de uma monografia de


Licenciatura em Ciências Criminais, realizada no Instituto Superior de Ciências e Tecnologias,
e tem como objectivo a partir do criterio dos professores e vigilantes aprofundar o conhecimento
sobre as vítimas para a sua caracterização. Os resultados obtidos serão utilizados apenas para
fins académicos. A entrevista é anónima, não devendo por isso colocar nenhuma informação
relativa a sua identidade em nenhuma das folhas. Em apenas uma das questões terá de assinalar
com uma cruz a sua opção de resposta. Solicitamos que responda de forma clara e sincera a
todas as questões.
Obrigado pela sua colaboração.

Entrevista Nº___________.

1. Tem conhecimento sobre a existência de bullying (violência física, verbal, psicológica,


praticada de forma intencional, repetida, onde existe um desequilíbrio de forças entre a vítima
e o agressor) no colégio?

Sim ____( )_____. Não ___( )____.

2. De acordo com a sua experiência profissional, faça uma descrição das vítimas. (tendo em
conta traços tais como: características físicas, orientação sexual, condição econômica, forma de
vestir, rendimento escolar, etc.).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.

3. Dê acordo com a sua experiência no ramo da educação diga o porquê de esses estudantes
tornarem-se vítimas de bullying?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

4. Segundo a sua experiência, que marcas ou sinais identificadores geralmente apresentam essas
vítimas?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.

5. Como é a socialização das vítimas com os outros colegas do colégio?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.

6. Acha que a pratica de bullying influencia no aproveitamento escolar das vítimas?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.

7. Conhece algum caso em que os pais têm conhecimento que os seus filhos são vítimas de
bullying no colégio?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº3

Resultados - Sexo da vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma

Feminino
30%

Masculino
Feminino
Masculino
70%

Figura 1. Sexo das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma


Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº4

Resultados - Faixa etária das vítimas de bullying no colégio Ruana


Icajuma
45%
40%
40%
35%
30%
25%
20% 20%
20%
15%
10% 10%
10%
5%
0%

Idades 13 14 15 16 17

Figura 2. Faixa Etária das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma


Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº5

Resultados - Nível de escolaridade das vítimas de bullying no colégio


Ruana Icajuma
60%
50%
50%

40%
30%
30%
20%
20%

10%

0%

7ª classe 8ª classe 9ª classe

Figura 3. Nível de escolaridade das vítimas de bullying no colégio Ruana Icajuma


Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº6

Resultados – Relação entre o sexo das vítimas de bullying e a classe em


que frequentam
120%

100%
100%

80%
66,7%
60%
60%

40%
40% 33,3%

20%

0%
0%
Masculino Feminino
7ª Classe 8ª Classe 9ª Classe

Figura 4. Relação entre o sexo das vítimas de bullying e a classe em que frequentam
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº7

Resultados - Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana


Icajuma

CyberBullying
0% Bullying Físico
Bullying 20%
Psicológico
30%
Bullying Físico
Bullying Verbal
Bullying Psicológico
CyberBullying

Bullying Verbal
50%

Figura 5. Tipos de bullying mais praticados no colégio Ruana Icajuma


Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº8

Resultados – Tipos de bullying sofridos pelas vítimas de acordo ao sexo


no colégio Ruana Icajuma
120%

100%
100%

80%
66,7%
60%
60%

40%
40% 33,3%

20%

0% 0% 0%
0%
Masculino Feminino

Bullying físico Bullying verbal Bullying psicológico Cyberbullying

Figura 6. Tipos de bullying sofridos pelas vítimas de acordo ao sexo no colégio Ruana Icajuma
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº9

Resultados - Frequência em que ocorre o bullying no colégio Ruana


Icajuma
80%
70%
70%

60%

50%

40%

30%
20%
20%
10%
10%

0%

Sempre Às vezes Poucas vezes

Figura 7. Frequência em que ocorre o bullying no colégio Ruana Icajuma


Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº10

Resultados – Número de agressores que praticam bullying contra as


vítimas no colégio Ruana Icajuma
60%

50%
50%

40%

30%

20% 20%
20%

10%
10%

0%

Um colega Dois colegas Três Colegas Mais de três colegas

Figura 8. Número de agressores que praticam bullying contra as vítimas no colégio Ruana Icajuma
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº11

Resultados - Locais onde ocorrem bullying no colégio Ruana Icajuma


70%

60%
52,6%
50% 47,4%

40%

30%

20%

10%

0%
Dentro do colégio Fora do colégio

Figura 9. Locais onde ocorrem bullying no colégio Ruana Icajuma


Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº12

Resultados - Locais dentro do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem


bullying

30,3%
27,3% 27,3%

12,1%

3,0%
0% 0% 0%

Sala de aula Nos corredores Refeitório / Cantina


Biblioteca Na casa de banho Pátio de recreio
Campo de educação física Outro local

Figura 10. Locais dentro do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº13

Resultados - Locais fora do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem


bullying
60%

50% 50%
50%

40%

30%

20%

10%

0% 0% 0%
0%

Na rua do colégio Nas lojas junto ao colégio


Numa residência perto do colégio Nos cybers café junto ao colégio
Outro local

Figura 11. Locais fora do colégio Ruana Icajuma onde ocorrem bullying
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº14

Resultados - Horários em que as vítimas frequentam as aulas no


colégio Ruana Icajuma

30%
40%

30%

Manhã Tarde Noite

Figura 12. Horários em que as vítimas frequentam as aulas no colégio Ruana Icajuma
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº15

Resultados - Relação entre o sexo das vítimas de bullying e os


horários em que frequentam as aulas

120%
100%
100%

80%
66,7%
60% 50% 50%

40% 33,3%

20%
0%
0%
Manhã Tarde Noite

Masculino Feminino

Figura 13. Relação entre o sexo das vítimas de bullying e os horários em que frequentam as aulas

Nota. Fonte: Criação do autor.


O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº16

Resultados - Horários em que as vítimas sofrem bullying no colegio


Ruana Icajuma

30%

70%

Durante o horário de aulas Fora do horário de aulas

Figura 14. Horários em que as vítimas sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº17

Resultados – Relação entre o sexo das vítimas e os horários em que


sofrem bullying no colégio Ruana Icajuma
80%
71,4%
70% 66,7%

60%

50%

40%
33,3%
28,6%
30%

20%

10%

0%
Masculino Feminino

Durante o horário de aulas Fora do horário de aulas

Figura 15. Relação entre o sexo das vítimas e os horários em que sofrem bullying no colégio Ruana
Icajuma
Nota. Fonte: Criação do autor.
O Bullying na Adolescência: Estudo de Caso no Colégio Ruana Icajuma, em 2018

Apêndice nº18

Resultados - Tem conhecimento sobre a existência de bullying no


colégio Ruana Icajuma?
0%

100%

Sim Não

Figura 16. Tem conhecimento sobre a existência de bullying no colégio Ruana Icajuma?
Nota. Fonte: Criação do autor.

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